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INTRODUÇÃO GERAL AS SAGRADAS ESCRITURAS – AULA IV

Professor: Francisco Évison Isaías Lopes

Versões das Escrituras

Gregas:

 LXX – Septuaginta

Trata-se de uma tradução do hebraico para o grego a partir do século III em


Alexandria, quando os judeus se espalharam e fundaram comunidades. A
conclusão se deu ao final do século II a.C.

 Versão de Áquila

Surge para confrontar a septuaginta. Áquila foi um judeu que levou a cabo
uma nova tradução grega do Antigo Testamento (130 - 135)

 Versão de Teodocião

Teodocião foi um pagão convertido ao judaísmo de Éfeso, de tendência


ebionita1 que compôs uma nova versão grega do Antigo Testamento por volta
do ano 180. Essa versão não se trata de uma tradução propriamente dita, mas
uma espécie de revisão dos textos da septuaginta

 Versão de Símaco

Símaco era um samaritano que se converteu ao judaísmo. Foi o que melhor


traduziu os textos bíblicos, contudo, mais tarde passou para a seita dos
ebionitas. Sua composição se deu por volta do ano 200, durante o reinado de
Sétimo Severo (193-211). Sua maior preocupação foi com a fidelidade
conceitual, mais até do que a verbal. São Jerônimo constantemente recorria a
esse texto quando tinha alguma dúvida de tradução. Dessa versão apenas
alguns fragmentos chegaram até os dias de hoje.

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O Ebionismo foi, por assim dizer, uma espécie de ramificação do cristianismo primitivo cuja
doutrina compreendia a afirmação de que tanto os judeus como os gentios convertidos
deveriam seguir os mandamentos da Torah a qual não teria sido abolida por Jesus, que era
tido por eles como bom judeu. Além disso, para eles Paulo de Tarso era um apóstata.
 Hexapla de Origenes

A difusão das LXX deu origem a erro e diferenças entre as diversas cópias
que circulavam. É justamente nesse sentido que Orígenes, com desejo de
ajudar a sanar esses problemas, resolveu fazer um texto grego uniforme,
suprimindo as variantes.

 Versões Aramaicas:

Durante e depois do exílio o hebraico foi deixando de ser falado, advindo


assim a necessidade da difusão do aramaico na forma escrita. No início essa
tradução foi chamada de “Targum”. Os mais famosos são: O Targum Onkelos
(versão aramaica do Pentateuco, século I); Targum Yerushalmi I (outra
paráfrase do Pentateuco, linguagem misturada com termos gregos, latinos e
persas, século VII); Targum Jonatan bem-Uzziel: é o targum dos profetas
anteriores e posteriores, exceto Dn, Esd e Ne.

 Versão siríaca

Peshitta: começou a ser composta a partir do hebraico, e, por isso, abarcava


apenas os protocanônicos, exceto: 1-2Cr, Esd, Ne e Est, que foram
acrescentados no século IV. Depois foram acrescentados os deuterocanônicos,
traduzidos a partir do grego. Teve grande propagação entre os cristãos.

 Versões latinas:

1- Vetus Latina: todas as traduções latinas anteriores à vulgata desde o século


II até São Jerônimo.

2- Vulgata: o termo vulgata designa a versão latina de toda a Escritura, Antigo


e Nono Testamentos, usada pela Igreja e, em sua maior parte é obra de São
Jerônimo.

Cânon Bíblico

 Processo que culminou na formulação dos livros os quais a Igreja


considerou inspirados.

 Cânon= regra, medida, norma. Ez 40, 3-5.


 Ocorrência de cânon nas LXX: 4Mc 7,21, Gl 6, 16; 2Co10, 13

Livros canônicos

• Coleções de livros do AT e do NT escritos sob a inspiração do Espírito


Santo, tem Deus como autor, e, como tais foram entregues a Igreja, é
ela a responsável por propor esses livros como norma de fé e de
conduta.

Livros:

 Canônicos – atestados pela Igreja como palavra de Deus

 Protocanônicos – sempre foram aceitos pela Igreja como inspirados

 Deuterocanônicos – livros que em alguma ocasião foram postos em


dúvida quanto a canonicidade. Temos:

Antigo Testamento: Tb, Jt, Eclo, 1)2Mc, Br, Est 10,4-16,24 e Dn 3, 24 – 90;
13.14 (São 7);

Novo Testamento: Hb, Tg, Jd, 2Pd 2)3 Jo, Ap (Além de Mc 16, 9-20, Lc 2243-
44 e Jo 7,53 – 8,11);

 Apócrifos- obras meramente humanas, não essencial a fé.

 Pseudoepígrafos – nomenclatura protestante para designar aqueles


livros que conhecemos como deuterocanônicos.

Até o século III o cânon neotestamentário ainda não estava definido. Isso é um
fato histórico. Havia muitas listas, muitas discussões acerca de quais livros
deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras, dentre esses, a Didaché e o
Pastor de Hermas. Não há argumento que justifique a postura arbitrária dos
protestantes de aderir aos judeus em detrimento da fé da Igreja.

Critérios de Canonicidade: hipóteses

 Leitura litúrgica;

 Concordância com a doutrina dos Apóstolos


 Origem apostólica

• Assim, segue-se que o verdadeiro critério de canonicidade consiste na


atestação da Igreja. Esse testemunho se dá de diversas maneiras:
testemunhos explícitos, de escritores eclesiásticos, decisões sinodais,
proposições solenes, leitura litúrgica, dentre outros.

Formação de uma consciência canônica no Antigo Testamento

A Escritura hebraica surge em um contexto típico com motivações religiosas e


estruturas burocráticas, e é nesse sentido que os santuários foram
fundamentais para a conservação desses escritos. Dessa forma, o cânon do
Antigo Testamento está associado ao Templo.

• O Templo de Salomão

Em 722 a.C. o reino do Norte foi invadido pela Assíria e teve o território da
Samaria incorporado por eles. Algumas pessoas conseguiram migrar para o
reino do Sul apesar do contraste, levando a sua cultura, os seus costumes.

Em 622 ocorre a reforma de Josias com a destruição dos outros altares. Com a
descoberta do livro do Deuteronômio, Josias acaba colocando-o como
normativo para a vida civil de Israel. Havia outros livros que ficam de fora como
o livro dos justos, profecia de Ido, profecia de Ado.

Josué (Século XII a.C) acrescentou novas leis àquelas que Moisés havia
deixado; Samuel escreveu o direito real em um livro ; Ezequias colecionava
sentenças de Salomão e mostra esta estrutura burocrática que havia na corte,
denotando que não havia diferenciação entre santuário e corte.

Em 586 o templo é destruído por Nabucodonosor e o povo é mandado


para o exílio. Com esse evento o povo de Israel parou para repensar a sua
história

O exílio durou de 586 até 538 a.C. Durante esse período houve literatura
sagrada. Exemplo disso são os escritos de Isaías. Assim, apesar de não haver
santuário, há vida religiosa. Em 538 ocorre o Edito de Ciro, e, com isso, Israel
teve a permissão para retornar a sua terra.
• Cânon do segundo templo

Com o Edito de Ciro ocorre a obra de reconstrução do Santuário, com duração


de cinco anos. Em 615 houve a dedicação. Zorobabel 31 foi o grande
responsável por essa reconstrução. Ageu e Zacarias foram figuras de suma
importância para a reconstrução do templo, já que foram grandes motivadores
desta ação

• Esdras (398) figura muito importante, escriba, precisava dar uma


configuração jurídica a Israel no pós-exílio e, com isso, conhecendo as
Escrituras, fez uma divisão desse bloco em duas partes, pegando a
Torah, a qual apresentou como lei a ser seguida. Esse fato foi de grande
importância e fundamental par o seu reconhecimento como fundador do
judaísmo

• Cânon do terceiro templo: época Macabaica

 333 a.C. – Império grego: liberdade de culto assegurada por Alexandre


Magno

 Posteriormente, os Assírios dominam a Palestina e Antíoco IV proíbe as


práticas religiosas e impõe o paganismo

 Judas Macabeu acaba se apropriando novamente do santuário, após


muita luta, realiza uma festa de purificação, restaura o templo e amplia o
espaço sagrado criando fortificações ao redor, além de tentar preservar
as tradições. A sua dinastia durará até o ano 63 d.C com a venda dos
romanos.

Estruturação da época:

A Torah; os Profetas, relativamente bem amarrado; e os Escritos, os quais


estavam ainda flutuantes quanto a sua forma. O prólogo de Eclo (Séc II a.C)
chama a atenção para essa tripatição da Bíblia hebraica. O autor faz referência
a Torah, aos Profetas e aos Escritos.

Em 2Mc 2,13, Neemias também coleciona as Escrituras Civis e Sagradas e


recolheu os livros dispersos com a guerra, e Judas agrupa-os no santuário. Os
livros proféticos eram usados como segunda leitura do culto sinagogal, estava
em função da Torah.

• Quarto templo – época de Herodes

 40 a.C – Herodes (mesmo indumeu) consegue ser nomeado rei dos


judeus, e começou a fazer um grande esforço para embelezar o templo,
fortificá-lo;

 O judaísmo do primeiro século é totalmente diverso por causa dos


grupos que havia (saduceus, essênios, fariseus...) pessoas que tinham
valores e cânones distintos.

 No ano 68 a comunidade a comunidade de Cunhan é destruída e os


livros sagrados foram escondidos. No ano 70 ocorre a guerra dos judeus
contra Roma, instigada pelos zelotas, apesar dos fariseus terem se
colocado contra. Apenas esses sobreviveram.

 Ao final dos anos 40 d.C já começa a surgir literatura cristã. Em primeiro


momento, judeus e cristãos conviviam na sinagoga.

 Em Jâmnia, por volta do ano 80 foi delimitada a estrutura canônica e os


cristãos foram expulsos da sinagoga.

Cânon entre os judeus, protestantes e ortodoxos

 Os judeus veneram a TaNak (Torah – Pentateuco), Nebiim (Profetas


anteriores e posteriores), e Ketubîm (livros históricos, profetas
escritores).
 Da parte das Igrejas Ortodoxas não há nenhuma decisão oficial. A
maioria aceita os deuterocanônicos.
 As denominações protestantes aceitam o cânon do judaísmo no Antigo
Testamento, e o da Igreja Católica no Novo Testamento.

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