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TRANSTORNOS de

Segredos da Mente Especial - Ano 6, nº 13 - 2019

PeRSONALIdAde
Tudo sobre os quadros que
afetam a mente humana

Narcisismo, EspEcial
borderline,
paraNóide
e outras
psicopatias
Tudo o que
você precisa
saber sobre a
bipolaridade

Você é bipolar?
Faça o teste, desenvolvido com a
ajuda de especialistas em saúde
mental, e descubra
editorial

Compreensão necessária
Virou costume para muitos tratar a bipolaridade como uma simples mudança de opinião sobre
alguma coisa, ou passar por fases de mudança de humor pouco intensas. No entanto, o transtorno
bipolar possui complexidade bem maior do que isso, atingindo de forma drástica a vida de quem
o desenvolve. Identificá-lo e entendê-lo é uma necessidade da pessoa diagnosticada e também
daqueles que convivem no dia a dia com ela.
Esta edição de SeGredoS da MeNte eSPeCial chega com o objetivo de esclarecer pontos
importantes sobre a bipolaridade. Como ela pode ser diferenciada de outros transtornos mentais?
Você possui características do distúrbio? Perguntas a serem respondidas. Nas páginas seguintes,
também abordamos detalhes sobre as 10 categorias de psicopatia, da mesma forma que será possível
saber a importância do convívio para pessoas com transtorno de humor (no caso, a bipolaridade),
personalidade ou psicótico (no caso, a esquizofrenia) e como fazê-lo de uma boa forma para dar
vivência mais positivas a elas.

Boa leitura!
a redação

ÍNdiCe

3
transtorno bipolar
10
transtornos de
Os detalhes deste distúrbio personalidade

CAPA – Design: Wilson Luiz Monaco Junior – Imagens: Shutterstock Images


que flerta com extremos de Os 10 tipos de psicopatia
humor e suicídio categorizados pela Associação
Americana de Psiquiatria

7
Convivência
14
teste
As dificuldades e Descubra se há indícios em
a importância do seu cotidiano que apontem
relacionamento no cotidiano para a existência da
dos transtornos mentais bipolaridade
Entre a melancolia
e a euforia
Muitas vezes confundido com a depressão “pura”,
bipolaridade flerta com extremos de humor e suicídio

N
a escola, Cristina era uma
aluna bastante participativa,
até demais. Porém, em deter-
minados momentos, sentia-
-se deprimida. Já Alexandre
tinha problemas com depressão durante a
adolescência, mas se recuperava muito bem,
“dando a volta por cima” com certa euforia.
Por sua vez, Julia lembra de ter sentido sin-
tomas de depressão desde os cinco anos, teve
pensamentos suicidas na adolescência, mas
de repente surgiu a vontade de mudar essa
situação e passou a ter muita energia para
fazer o que quisesse.
Estes são três casos reais de pessoas somente após essa crise eufórica
que possuem o transtorno bipolar foi diagnosticada com o transtorno
e mostram a complexidade deste bipolar, aos 25 anos.
quadro clínico, presente na vida de
três por cento da população mundial. Correndo mundos
Afinal de contas, as fases depressi- Já Cristina Oliveira, professora,
vas podem ser confundidas com os descobriu sua bipolaridade aos 44,
sintomas da depressão e as fases de embora já sentisse inquietação desde
euforia – quando em grau leve – vistas criança. “Eu não conseguia entender
como uma recuperação do quadro como as pessoas não percebiam as
que a pessoa estaria se encontran- coisas que aconteciam com a inten-
do, e não como uma sequência das sidade da minha percepção. Ou era
características do humor em crises tudo muito intenso, forte, impactante,
de bipolaridade. ou era muito triste, desalentador”,
descreve em vídeo.
“Ladeira abaixo” Chegando à juventude, essa agi-
No processo passado por Julia tação tomou rumos mais adversos.
Jolie, youtuber, as crises depressivas “Daquela boa menina, de escola de
foram tratadas inicialmente como freiras, estudiosa, passei a ser uma
uma aspecto da depressão. Medicada jovem desafiante, correndo mundos.
com antidepressivos específicos Fui mãe, hoje sou avó, e essa trajetória
para este transtorno psiquiátrico, me fez desenvolver essa procura pelo
sua situação pouco se alterava. “Eu que acontecia comigo. Foi só aos 44
tomei todos os tipos de antidepres- anos que tive conta de que alguma
sivos possíveis, porque nenhum outra coisa estava acontecendo e tive
funcionava. Mas óbvio que não iam o diagnóstico: eu tenho transtorno
funcionar, eu não tinha depressão. bipolar”, narra Cristina.
Tinha outra coisa, que precisava de A partir do conhecimento do
outro tratamento. Fui em vários que passava com sua mente e de
médicos, mas nenhum conseguiu que aquilo fazia parte de si, mas não
descobrir”, conta ela em um vídeo lhe dominava, Cristina foi atrás de
de seu canal. informações para superar os desa-
As crises depressivas seguiram fios que a bipolaridade apresenta,
com Julia indo “ladeira abaixo”, encontrando espaço também no
expressão que ela mesmo utiliza. trabalho social. “Foi aí que eu entendi
Contudo, em determinado momento, que o que tinha passado lá atrás, de
aconteceu a virada para a fase eufó- desassossego, foi a falta do olhar e
rica – ou maníaca – do transtorno do diagnóstico”. Atualmente, ela se
bipolar. Para piorar, foi a categoria dedica a produção de livros infantis
mais grave desta fase, onde também no projeto Estórias Diferentes, com
ocorrem alucinações. “No primeiro a ideia de dar voz às crianças que
dia, eu estava deprimida, aí comecei passam por situações parecidas às
a ter pensamentos acelerados, via quais ela vivenciou.
várias imagens e foi como se uma
explosão tivesse acontecido na mi- Frequência anormal
nha cabeça. Eu sabia que não estava Com Alexandre Fiuza, aposen-
mais deprimida, mas tinha outra tado, as crises depressivas apare-
coisa acontecendo. No começo, eu ceram na adolescência. “Também
fiquei muito feliz, eufórica, só que vivia fases de euforia, mas achava
depois eu olhei pro mundo e percebi que era normal. Você não vai ao
que estava tudo alterado. Achava médico quando está bem, certo?
que alguém tinha me drogado ou Demorei a ir a um psiquiatra. Nas
me hipnotizado”, relata Julia, que crises, ia ao psicólogo. Não queria
ser rotulado como doente mental”, virada, detectar a bipolaridade é fácil.
conta, em depoimento ao jornal Folha “Entre a maior parte dos transtornos
de S.Paulo. Aos 38 anos, tentou o psiquiátricos, o bipolar é um dos
suicídio em meio à melancolia. Foi mais claros em seu diagnóstico, pela
ao médico e acabou diagnosticado apresentação clínica e evolução. Às
com depressão, sendo internado. vezes ele é de difícil manejo, mas o
“Saí 15 dias depois, medicado, sem diagnóstico é simples de ser feito”,
desejo de morte e com a sensação observa Beny Lafer, professor do
que se abria nova oportunidade em Departamento de Psiquiatria da
minha vida. Estava dominado pelo Faculdade de Medicina da USP.
falso bem-estar proporcionado pelos Em comparação aos sintomas da
antidepressivos”, comenta. depressão “pura”, Beny comenta que
O lado depressivo até foi contro- o grande diferencial é justamente a
lado. Porém, quando aconteceu a variação de períodos de depressão
fase eufórica do transtorno bipolar, com fases de euforia – também
ele perdeu o controle. “Chutei o chamada de mania. “As pessoas
balde, acabei deixando a família e também têm fases de muita euforia
o emprego. Passei a gastar demais. e energia, irritabilidade e diversos
Fui internado de novo. No hospital, outro sintomas chamados de manias
tive a convicção de que era o Ram- (mais graves) ou hipomanias (mais
bo. Minha mente girava em uma leves). Nos quais, as pessoas dormem
frequência totalmente anormal, o muito pouco, ficam muito impulsivas,
que me dava prazer. Cheguei a fazer aceleradas, desinibidas e também
2.000 abdominais em menos de uma pode ter aumento da libido”, ressalta.
hora, corri à exaustão, tentei pular É o grau da euforia que define o
o muro do hospital. Eu acreditava tipo de transtorno bipolar que uma
mesmo que era feito de aço”. pessoa pode possuir. Em casos onde
Alexandre relata que foi a seis ocorrem as fases de mania, contan-
psiquiatras até o veredito ser tomado. do, inclusive, com alucinações, é
Diagnosticado com a bipolaridade, determinado o transtorno bipolar
iniciou o tratamento adequado. tipo um, mais grave. Em situações
“Quando soube, pensei ‘ah que de hipomania, com menor gravidade
bom, não é falha de caráter’. Foi um e menor incapacitação do indivíduo,
grande alívio”, relembra. Ao atingir denomina-se o transtorno bipolar
a estabilidade, se dedicou à produção tipo dois. “Quando a gente fala que
do livro Digerindo a Bipolaridade, onde de dois a três por cento da população
conta sua vivência com o transtorno. tem um transtorno bipolar, quer
dizer que um por cento da população
Grau de euforia tem o transtorno bipolar tipo um e
Para compreender os aspectos da de um a dois por cento tem fases de
bipolaridade e suas diferenças em euforia mais breves ou mais leves”,
relação a outros transtornos, espe- acrescenta o especialista.
cialmente a depressão, a principal
maneira de se fazer é acompanhar o Herança genética
desenvolvimento do quadro clínico. Mas qual seria o fator que leva a
O diagnóstico pode demorar algum uma pessoa ter o transtorno bipolar?
tempo para ser realizado, devido De acordo com as pesquisa até aqui
ao fato dos sinais de melhora do realizadas, o fator herança genética
comportamento depressivo poderem atua entre 60% e 70% na causa da
ser resultado da virada para a fase doença. “Juntamente com o autismo
eufórica leve ou de uma legítima infantil, o transtorno bipolar é o
melhora da depressão unipolar. transtorno psiquiátrico onde a carga
Porém, quando se é identificada tal genética é a mais forte na determi-
S.Paulo. “Com 38 anos tive uma crise profunda. Melancólico,
sem força, tentei suicídio”, também conta Alexandre. “Com
cinco anos de idade, eu já tinha esse pensamento suicida. São
pensamentos invasivos, que de repente tomam a cabeça da pessoa”,
diz Julia. Não é por menos que o risco de morte por suicídio
para um bipolar pode chegar a ser 30 vezes maior do que para
a população em geral (entre 15% e 17% dos indivíduos com
bipolaridade se matam, contra 0,5% da população em geral).

LítIo E AFInS
A melhor maneira de controlar os pensamentos suicidas,
bem como muitos aspectos da bipolaridade, é por meio de um
tratamento adequado. Este tem como base medicações para as
fases mais intensas de depressão e euforia, além de prevenção
de recaídas, embora ainda não haja cura. “O lítio é a principal
nação da doença. Nas famílias dos portadores delas, associado a tratamentos psicoterápicos específicos que
têm muito mais casos de transtorno bipolar. melhoram a evolução da doença”, indica Benny.
Em gêmeos monozigóticos, a concordância de Enquanto isso, pesquisas recentes começam a apontar novos
ambos terem a doença é alta, ao contrário de aliados para o tratamento, entre as quais estão o uso de
dizigóticos. Tudo mostra para um componente antiiflamatórios ou ômega 3 e a prática de exercícios físicos
genético muito importante”, aponta Beny Lafer. que, adicionados às terapias tradicionais, parecem auxiliar na
Apesar das condições genéticas favoráveis, melhora do indivíduo bipolar.
fatores externos costumam ajudar a desencadear Mesmo assim, o professor comenta que faltam formas de
o transtorno. Estresse excessivo, perdas muito garantir o bem-estar da pessoa não somente nas fases agudas,
grandes, uso de drogas na adolescência, uso de mas também quando se encontra em perfeito estado de humor –
álcool, privação de sono muito intensa e mudanças chamado de eutimia. “A gente precisa tratar a pessoa e fazer com
de vida muito importantes podem se relacionar que ela restabeleça o funcionamento que ela tinha nas relações,
ao surgimento dos primeiros episódios de bipo- nos estudos e toda a vida da pessoa antes de a doença começar”.
laridade. Contudo, a partir de um determinado Ele complementa. “Ajudamos as pessoas na mania, na depressão
número de ocorrências, não se consegue mais e na prevenção de recaídas, mas mesmo com os melhores
determinar um fator que provoque uma crise. tratamentos atuais, cerca de 50% dos pacientes tem um novo
“Depois de um tempo, a doença entra como se episódio a cada dois ou três anos, mesmo sob tratamento”.
fosse um relógio da recorrência dos episódios,
sem que se possa determinar um fator ambiental
na causalidade, como se a doença entrasse em
um ‘automático’ para os episódios recorrentes”,
elucida o professor.

Suicídio
Em comum para boa parte dos casos de trans-
torno bipolar está a existência do pensamento
suicida. Mais que isso, em muitas situações, a
pessoa acaba de fato cometendo suicídio. “Essas
fases de depressão e mania, além das dificuldades
que essas pessoas enfrentam entre os episódios,
mesmo estando bem, não conseguem voltar às
ConSULtoRIA Beny Lafer, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina
suas vidas habituais, ao seu funcionamento e às da USP e coordenador do Programa de Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria do Hospital
suas relações interpessoais, por diversos fatores, das Clínicas (em entrevista à Rádio USP)
a bipolaridade é o transtorno psiquiátrico com FontES Depoimentos de Julia Jolie, youtuber (depoimento feito em seu canal – www.
maior associação ao suicídio”, explana Beny. youtube.com/JuliaJolie); Cristina Oliveira, professora e escritora, criadora do projeto “Estórias
Diferentes” (depoimento feito em seu site – www.estoriasdiferentes.com.br); Alexandre Fiuza,
“Meu pensamento era melhorar para poder me autor do livro Digerindo a Bipolaridade (depoimento feito à repórter Juliana Vines para a Folha
matar”, revela Cristina, em depoimento à Folha de de S.Paulo e publicado em 4 de dezembro de 2012)
Lado a lado,
dia e noite
O relacionamento cotidiano com quem desenvolve algum
transtorno mental pode ser exaustivo, mas é de grande valia
para uma melhora na vida dessas pessoas

P
ossuir um transtorno que mexe com a personalidade ou com a
área dos afetos – dividida em humor, sentimentos e emoções –
ocasiona dificuldades não apenas para quem desenvolve esses
quadros, mas também para quem faz parte da convivência diária
dessa pessoa. Porém, ao mesmo tempo em que existem problemas,
aquele que acompanha e vivencia o caso pode desempenhar um papel de
grande importância, tanto para atenuar as crises, quanto para garantir uma
vida melhor ao indivíduo que apresenta determinado distúrbio.
Para lidar com a situação, a principal reco-
mendação é a manutenção do tratamento ao
paciente. Por exigir uma consciência sobre o
quadro que a pessoa muitas vezes não consegue
ter, o acompanhamento de um amigo ou parente
se torna de grande valia. “Vai depender do grau
de disfuncionalidade da pessoa e do tipo de trans-
torno, se ela se trata ou não, isto é, se faz terapia,
se faz uso de medicação. Lidar com uma pessoa
diagnosticada com algum transtorno mental exige
paciência, compreensão e conhecimento sobre
o transtorno”, aponta Renata Bento, psicóloga • Seja firme e tenha paciência, pois o rela-
e psicanalista. cionamento com o paciente em euforia pode
Supervisão e acompanhamento constante é causar desgaste;
algo necessário para tratar qualquer transtorno • Detecte com o paciente os primeiros sinais de
mental, a fim de saber sobre o andamento do uma recaída; se ele considerar como intromissão,
tratamento, se a pessoa segue a terapia propos- afirme que seu papel é auxiliá-lo;
ta. Da mesma forma, é importante conhecer o • Fale com o médico em caso de suspeita de
diagnóstico, o transtorno desencadeado e ter a ideias de suicídio e desesperança;
noção de que aquele indivíduo está mais vulne- • Estabeleça regras de proteção durante fases
rável psiquicamente. de normalidade do humor, como retenção de
No entanto, conviver com alguém que pos- cheques e cartões de crédito em fase de mania;
sui um distúrbio mental é uma tarefa difícil e • Auxilie a manter boa higiene de sono e
complexa, como conta Renata Bento. “A base de programe atividades antecipadamente;
uma relação é a confiança. Uma pessoa instável • Não exija demais do paciente e não o super
emocionalmente provoca um clima de insegurança proteja; auxilie-o a fazer algumas atividades,
contínua e exige muita atenção, o que pode acabar quando necessário;
prejudicando a convivência. Os atos impulsivos, • Evite demonstrar sinais de preconceito que
a instabilidade emocional, a dependência, tudo favoreçam ao abandono do tratamento;
isso terá impacto no ambiente e na convivência”. • Aproveite períodos de equilíbrio para di-
ferenciar depressão e euforia de sentimentos
Bipolaridade: como agir? normais de tristeza e alegria;
A Associação Brasileira de Familiares, Amigos • Participe de terapias familiares em grupo,
e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), conjugal e orientações psicoeducacionais.
organização voltada ao auxílio de familiares e
pacientes com bipolaridade, depressão e outros Transtornos de personalidade
transtornos afetivos, apresenta 10 instruções para Por possuir dez tipos catalogados, cada um
auxiliar quem convive com pessoas bipolares: com suas especificidades – mais detalhes a partir
da página 10 –, a convivência com transtornos
• Apoie o paciente em momentos difíceis. de personalidade possuem maneiras diferentes
Mantenha os medicamentos na dose certa e no de serem abordadas. Porém, existem caracte-
horário prescrito; rísticas que dividem esses transtornos em três
Por fim, Katia Mecler ressalta que, antes de mais nada, é importante
que a pessoa que convive com alguém possuidor de um transtorno de
personalidade não tente forçar uma mudança deste. “Quem convive com
algum psicopata do cotidiano precisa entender que criar falsas esperanças
sobre a mudança do outro pode ser uma armadilha. A primeira modifi-
cação para a melhor convivência, evitando experiências traumáticas, terá
que acontecer em você”.

Lidando com a esquizofrenia


grupos, de acordo com o Manual Diagnóstico e O programa Entrelaços, do Setor de Família do Instituto de Psi-
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da quiatria da UFRJ-IPUB, trabalha em educar familiares que convivem
Associação Americana de Psiquiatria. São eles com pessoas possuidoras dos chamados transtornos mentais severos
o grupo dos chamados “excêntricos-esquisitos”, – esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno bipolar, entre
dos “dramáticos-emocionais-volúveis” e dos outros – para lidarem melhor com os determinados quadros e permitir,
“ansiosos-temerosos”. assim, uma evolução positiva e a recuperação pessoal desses indivídu-
A partir do que conta a psiquiatra Katia os. Por meio de seu site, editado pelo psiquiatra Leonardo Palmeira, o
Mecler em seu livro Psicopatas do cotidiano. Como programa faz importantes esclarecimentos sobre a esquizofrenia, entre
reconhecer, como conviver, como se proteger, é possível eles, o papel da família neste transtorno.
notar semelhanças no trato do dia a dia com De acordo com um artigo do site, quem possui esquizofrenia passa a
pessoas que se enquadram em um desses três maior parte do tempo com familiares. Em meio às adversidades que surgem
grupos de transtornos de personalidade. no desenvolvimento da doença, o parente também necessita de tempo para
Entre os “excêntricos-esquisitos”, que engloba compreender aquilo que seu ente querido passa. A partir da aprendizagem
pessoas com as psicopatias esquizóide, esquizotípica cotidiana, a pessoa pode aperfeiçoar abordagens que permitam ajudar o
e paranóide, é importante aceitar, ser tolerante e familiar em sua evolução pessoal.
respeitar a situação do indivíduo. Já com relação Portanto, conhecer o transtorno e a sua importância para tratar o familiar
aos “dramáticos-emocionais-volúveis” (antisso- é algo que a pessoa que convive com quem possui esquizofrenia necessita
ciais, borderlines, histriônicos e narcisísticos), fazer. “Os familiares e pessoas próximas precisam dedicar um tempo ao
existe a necessidade em não ser manipulado, conhecimento dos aspectos da doença, como forma de compreender melhor
mostrar serenidade nos sentimentos, dar atenção, seu familiar e amigo, refletir sobre suas atitudes, mudar padrões errados
mas também estabelecer limites. Por fim, aos de comportamento e reduzir o grau de estresse, buscando solucionar da
“ansiosos-temerosos” (dependentes, evitantes e melhor forma os conflitos do dia a dia”. O texto finaliza com uma garantia:
obsessivos-compulsivos), as recomendações são “essa nova maneira de encarar a esquizofrenia vai se reverter em benefícios
aceitar as situações, permitindo que a pessoa aja para si, aliviando o sofrimento e o impacto causados pelo adoecimento e,
à sua maneira, mas não se aproveitar do quadro sobretudo, melhorando a convivência e o ambiente familiar”.
dela. Também é interessante fazer com que o
indivíduo exercite funções que o transtorno o CONSULTORIAS Renata Bento, psicóloga e psicanalista
FONTES Sites: www.abrata.org.br; entendendoaesquizofrenia.com.br
atrapalha em realizar, sempre, claro, de acordo Livro: Psicopatas do cotidiano. Como reconhecer, como conviver, como se proteger, de Katia
com suas limitações. Mecler (Editora Leya, 2015)
Psicopatias e suas
características
Entre os quadros relativos a alterações
de personalidade, 10 tipos foram
categorizados pela Associação
Americana de Psiquatria

N
o começo desta revista, abordamos muito da bipolaridade
e sua característica alteração de comportamento, osci-
lações entre a euforia e o estado depressivo. Mas você
já deve saber que ela não é o único quadro vinculado à
possíveis alterações da mente. No Código Internacional
de Doenças (CID-10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Trans-
tornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria, existe
um espaço destinado às especificidades conhecidas como transtornos de
personalidade.
Enquanto a CID-10 identifica oito transtornos específicos de perso-
nalidade, a DSM-5 apresenta 10 categorias. É a partir da divisão desta
segunda classificação que a psiquiatra Katia Mecler desenvolve as carac-
terísticas de cada um em seu livro Psicopatas do Cotidiano. Como conhecer,
como conviver e como se proteger. Baseado na obra de Mecler, apresentamos
um pouco desses quadros vinculados à personalidade.

Esquizóide
• Características principais: não aprecia relações íntimas;
prefere atividades solitárias; pouco se interessa por sexo; não
sente prazer com quase nada; não tem amigos próximos; é
indiferente a elogios ou críticas e frio emocionalmente.
• Comportamento no dia a dia: tende a se isolar, buscando o
quarto ou algum local onde possa ficar sozinho. Também pode
desenvolver um apego demasiado a animais de estimação, é
frio, distante e indiferente em todas as relações interpessoais.
• Maior incidência em: homens, com os traços aparecendo já
durante a infância, quando a criança tem poucos amigos, brinca
sozinha no recreio e tem rendimento escolar abaixo da média.
• Tratamento: o indivíduo não percebe o problema e, portanto,
não busca apoio. Quem costuma procurar ajuda é aquele que
o acompanha. Para ele, o importante é a aceitação, dando o
espaço que necessita para ser como é.
Esquizotípico
• Características principais: crenças ou pensamentos estranhos; relatos de experiências perceptivas
incomuns; pensamento e discurso peculiares; desconfiança ou ideação paranóide; afeto indevido;
extravagância no comportamento e na aparência; não tem amigos próximos; ansiedade social em excesso.
• Comportamento no dia a dia: costuma se vestir de forma extravagante. Embora se interesse em fazer
amigos, sua condição de se irritar facilmente, aliada a uma agressividade advinda da desconfiança no
outro, o torna solitário. Também é bastante supersticioso.
• Maior incidência em: crianças e adolescentes, independentemente do gênero. No geral, são jovens solitários,
com fraco rendimento escolar e sensibilidade excessiva, linguagem incomum e que descrevem fantasias
anticonvencionais. O diagnóstico adequado deve ser feito após a pessoa completar os 18 anos de idade.
• Tratamento: é preciso ser tolerante e paciente para lidar com um esquizotípico, respeitando suas
excentricidades e demonstrando interesses em suas ideias. Em casos de muita ansiedade, depressão ou
algum sintoma psicótico forte, é necessária a ajuda de um especialista.

Paranóide
• Características principais: suspeita, sem justificativa, de estar sendo explorado,
maltratado ou enganado; preocupação exagerada com a lealdade de amigos e sócios;
incapacidade de confiar nas pessoas; impressão de significados ocultos em qualquer
situação; guarda rancores; acredita sofrer ataques a seu caráter ou a sua reputação não
são percebidos pelos outros; duvida constantemente da fidelidade do parceiro.
• Comportamento no dia a dia: sua desconfiança, rancor, agressividade e ciúme
acarretam em uma conduta hostil. Por acreditar estar sendo constantemente
perseguido, é ele quem pode assumir o papel de perseguidor. Julgando por traição outra
pessoa, também pode ser vingativo.
• Maior incidência em: homens, com os traços surgindo durante a infância. Baixa
sociabilidade, ansiedade social e rendimento escolar ruim são os primeiros indícios.
• Tratamento: por psicoterapia. No entanto, pela desconfiança exacerbada do paranóide,
os tratamentos não costumam durar muito. É preciso que não se tente modificar a natureza
da pessoa, não contestando suas desconfianças, mesmo que sejam descabidas. Também é
necessário provar respeito e lealdade sempre.

Antissocial
• Características principais: desajuste às normas sociais; falsidade no
comportamento; incapacidade de planejar o futuro; irritabilidade ou
agressividade; descaso com a própria segurança ou com a segurança alheia;
irresponsabilidade reiterada; Inexistência de remorso.
• Comportamento no dia a dia: costuma ter bastante charme e eloquência, com
grande habilidade para burlar regras, seduzir, manipular ou mentir para alguém.
Não sente culpa, muito menos empatia pelo outro.
• Maior incidência em: homens, com estudos recentes apontando que
pessoas com parentes de primeiro grau com esse tipo de transtorno possuem
predisposição para desenvolvê-lo. O diagnóstico é feito antes dos 18 anos,
a partir de alterações de conduta na adolescência, como agressões, roubos,
vandalismo etc.
• Tratamento: não há tratamentos ou remédios para o auxílio dessas pessoas,
porém, os traços podem se suavizar com o tempo. Na convivência é preciso ficar
alerta para não ser manipulado ou se envolver em atividades imorais ou ilegais,
relatando a situação para alguém de confiança ou um especialista.
Borderline
• Características principais: desespero para evitar um abandono real ou imaginado; relacionamentos
interpessoais intensos e instáveis; problemas de identidade; impulsividade (consumismo, abuso de
álcool e drogas, sexo sem proteção); conduta suicida ou automutilante recorrente; fragilidade afetiva;
sentimento crônico de vazio; raiva intensa e difícil de ser controlada; ideação paranóide em momentos
de estresse.
• Comportamento no dia a dia: é ciumento, possessivo, chantagista, dramático e instável nas relações
interpessoais. Odeia monotonia e, por ser intenso, exige o mesmo do outro, mas quando isso não ocorre,
costuma reagir mal.
• Maior incidência em: mulheres, a partir do início da vida adulta. Em alguns casos, vem associado à
bipolaridade, depressão, uso de substâncias ou quadros de bulimia.
• Tratamento: medicamentos para estabilizar o humor e psicoterapias podem atenuar
significativamente as características do transtorno. Embora não haja cura, com o passar do tempo, os
traços se suavizam.

Histriônico
• Características principais: busca por ser o centro das atenções sempre;
comportamento sexualmente sedutor e exagerado; alterações emocionais rápidas;
discurso pomposo, mas carente de detalhes; dramatização das emoções; uso
excessivo da aparência física para atrair atenção; personalidade vulnerável; crença
de maior intimidade do que a existente em relações pessoais.
• Comportamento no dia a dia: a pessoa é intensa e extrovertida, na busca de atrair
os holofotes para si, seja para o bem ou para o mal. Tenta seduzir o outro por meio de
sua atitude ou aparência. Pela imagem vendida, pode decepcionar na “hora H”.
• Maior incidência em: pessoas no início da vida adulta, com um equilíbrio na
proporção de homens e mulheres.
• Tratamento: o indivíduo histriônico precisa de um acompanhamento psicológico,
principalmente por conta da possibilidade de desenvolver depressão, em decorrência
à sua vulnerabilidade a críticas e abandonos.

narcisista
• Características principais: sensação grandiosa quanto à
própria importância; fantasias de sucesso ilimitado; crença
de ser alguém único e especial; busca excessiva por atenção;
falta de empatia; costume de ser explorador nas relações
interpessoais; arrogância e insolência; propensão a ter inveja
e se sentir alvo de inveja.
• Comportamento no dia a dia: seu egocentrismo e sentimento
de grandiosidade sobre sua vida acarreta em irritação para
qualquer situação na qual não ganha o destaque que julga
merecer, desenvolvendo também a inveja. É arrogante,
desdenhoso, dominador e frio perante o sofrimento alheio.
• Maior incidência em: homens, com os traços dessa patologia
podendo piorar com a idade.
• Tratamento: por se sentir superior, não reconhece a
necessidade de ser tratado, muito menos a capacidade de
uma pessoa o tratar. Já quem convive com um narcisista FonTE Livro Psicopatas do
cotidiano. Como reconhecer,
necessita exercitar a autoestima diariamente e proteger-se
como conviver, como se
das desqualificações que possa sofrer da pessoa. proteger, de Katia Mecler
(Editora Leya, 2015)
Dependente
• Características principais: dificuldade para tomar decisões sem ajuda;
terceirização das responsabilidades da vida a outras pessoas; raras mostras
de desacordo, para não perder apoio ou aprovação; falta de iniciativa; ida a
extremos para obter carinho e amparo; sensação de desconforto quando sozinho;
medo do abandono à própria sorte.
• Comportamento no dia a dia: introspectivo, carente e inseguro, é bastante
dependente de outras pessoas. Tal passividade é reforçada no medo excessivo de
ser abandonado, fazendo a pessoa se desvalorizar diante do outro.
• Maior incidência em: mulheres, mas o diagnóstico pode ser difícil de ser feito,
ainda mais em grupos sociais e culturas que valorizam a passividade.
• Tratamento: terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia psicodinâmica,
além de as pessoas que convivem com um dependente nunca se aproveitar do
comportamento submisso.

Evitante
• Características principais: aversão a atividades de contato
interpessoal significativo; não envolvimento com outras pessoas
sem a certeza de ser bem recebido; relacionamento íntimo reservado;
preocupação com críticas e rejeições; inibição para conhecer gente
nova; sensação de inferioridade aos demais; resistência exagerada em
assumir riscos ou fazer coisas novas.
• Comportamento no dia a dia: a ansiedade e a autocrítica excessiva
levam a convivência complicada com pessoas evitantes. Além das
fobias e medos, existe a extrema aversão em ser o centro das atenções.
• Maior incidência em: adultos, com números semelhantes para
homens e mulheres. Ainda assim, os primeiros indícios surgem na
infância, uma vez que crianças tímidas, isoladas e com medo de
desconhecidos podem desenvolver o transtorno na vida adulta.
• Tratamento: terapia cognitivo-comportamental, envolvendo
treinamento social e desenvolvimento de aptidões, como iniciar e
manter uma conversa, falar em público, fazer e aceitar elogios e
críticas, expressar sentimentos, entre outras.

obsessivo-compulsivo
• Características principais: preocupação excessiva com regras, organização
e horários; perfeccionismo que atrapalha a conclusão de tarefas; tendência a
preferir o trabalho ao lazer; Inflexível e escrupuloso em relação à moral, ética e
valores; acumulador de objetos; relutância em delegar tarefas ou trabalhar em
equipe; conduta rígida e teimosa.
• Comportamento do dia a dia: o perfeccionismo exagerado gera indecisão, relutância
em agir e medo de errar. Por outro lado, é implacável com o erro do outro.
• Maior incidência em: homens, com o dobro de casos neles do que nas mulheres.
Ainda assim, é preciso ter cuidado em avaliar as situações, pois algumas
sociedades valorizam o trabalho excessivo e essa situação pode ser confundida
com o transtorno.
• Tratamento: terapia psicodinâmica e terapia cognitivo-comportamental podem
ajudar, mas os traços presentes neste transtorno, como a rigidez e necessidade
de estar no controle, dificultam o tratamento. Com isso, o melhor a se fazer é ser
tolerante e respeitar suas características.
Você é bipolar?
Faça o teste a seguir e descubra se há indícios em seu
cotidiano que apontem para a existência do transtorno

ATENÇÃO! – O teste é uma adaptação do


Centro Brasileiro de Estimulação Magnética
Transcraniana (CBrEMT) e serve somente como
orientação, não como diagnóstico. Não há um
teste que define se você realmente possui o
transtorno bipolar. A única forma de se ter um
diagnóstico correto é por meio da consulta a
um profissional qualificado (psiquiatra).
1. Você é uma pessoa com altos e 6. Tem dons artísticos, espirituosidade 11. Já ficou muito alegre e radiante ou
baixos de humor? ou criatividade? irritável sem motivos aparentes?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não

2. Apresenta temperamento forte? 7. Já teve fases em que bastavam 6 12. Já teve fases com muitos planos,
( ) Sim ( ) Não horas ou menos de sono por noite? falando mais rápido, alto e bastante?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
3. Precisa sempre estar fazendo
alguma coisa ou buscando novidades? 8. É uma pessoa de extremos, do tipo 13. Já teve impulsos exagerados em
( ) Sim ( ) Não tudo ou nada, sem meio-termo? relação a comida, drogas, sexo ou
( ) Sim ( ) Não compras?
4. Em alguns momentos pensa muito ( ) Sim ( ) Não
rápido ou não consegue desligar o 9. Já teve momentos de apatia ou
pensamento? tristeza sem motivo aparente? 14. Tem mais dificuldade em manter
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não as coisas em ordem ou tende à
dispersão?
5. Dirige rápido, de modo agressivo 10. Tem mais sono do que o habitual ( ) Sim ( ) Não
(buzina muito, queima o sinal, corre quando fica com humor deprimido?
com o carro)? ( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não

RESuLTAdOS
Se você respondeu “sim”...
1 a 4 vezes – Você aparentemente não possui transtorno bipolar
5 a 6 vezes – Você não tem transtorno bipolar, mas apresenta alguns sintomas
suspeitos. É interessante ficar atento.
7 a 8 vezes – Você tem alguns sintomas que podem ser sugestivos de transtorno
bipolar, mas não necessariamente significa que você tem a doença. Busque um
profissional qualificado (psiquiatra) para uma melhor avaliação.
9 a 14 vezes – Seu resultado sugere transtorno bipolar. É necessário consultar um
profissional da saúde mental qualificado (psiquiatra) para uma melhor avaliação
e assim confirmar ou descartar o quadro.

FONTE Site: www.emtr.com.br

ANO 6, Nº 13 - 2019
SEgREDOS DA MENTE
ESPECIAL PUbLICAÇÃO PRODUzIDA POR : MIX CONTEÚDO
COLABORADORES: Wilson Luiz Monaco Junior (arte), Fabio Toledo (redação)

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