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Esta aula apresenta o princípio de funcionamento dos motores elétricos de indução, suas
características e relações básicas, bem como suas principais aplicações práticas e forma de
controle da velocidade.
Introdução
Todo motor elétrico converte energia elétrica em energia mecânica. O processo de
conversão de energia dos motores de indução baseia-se na lei de indução de Faraday e na
lei de Lenz, daí derivando seu nome. Um motor de indução é um motor elétrico que
funciona somente em corrente alternada - assim como os transformadores - o que ficará
claro quando se estudar o seu princípio de funcionamento.
O motor de indução é o tipo de motor elétrico mais utilizado em geral, sendo largamente
usado em instalações industriais devido à sua simplicidade, robustez, durabilidade e
pequena necessidade de manutenção. Normalmente, cerca de 60 % da carga de uma
instalação industrial é constituída por motores de indução, enquanto que, considerando a
carga total em regiões industrializadas, os motores de indução são responsáveis por cerca
de 40 % dessa carga. Por essa razão, os motores de indução são também chamados motores
industriais.
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Capítulo 10 – Motores Elétricos de Indução
Note que esse fato será verdadeiro seja a corrente da forma contínua ou alternada. Se a
Observe que o fluxo magnético pode ser produzido por um imã permanente, como na
figura, ou um eletroímã. Note ainda que o sentido da força pode mudar se o sentido do
fluxo ou o sentido da corrente também mudar. O mais importante, porém, é perceber que as
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direções do fluxo, da corrente e da força eletromagnética são sempre ortogonais entre si,
ou seja, formam sempre ângulos de .
Dados os sentidos do fluxo e da corrente, o sentido da força pode ser obtido usando-se a
regra da mão esquerda:
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Tanto o fato de o campo magnético resultante ser girante, quanto ter intensidade
constante podem ser entendidos com a ajuda da figura abaixo.
A figura mostra, em corte transversal, as três bobinas aa', bb', cc', cujos eixos magnéticos
distam entre si, em cinco situações diferentes ao longo do tempo. Observe que, em
cada situação, as correntes alternadas senoidais ia(t), ib(t) e ic(t) que circulam em cada
bobina possuem amplitudes e sentidos diferentes. Por convenção, em cada bobina, o
símbolo significa que a corrente está saindo do plano da figura, enquanto que o símbolo
Analisando a situação 1, por exemplo, percebe-se que a corrente na bobina aa' está no
instante de amplitude máxima positiva, enquanto que as correntes nas bobinas bb' e cc'
estão com metade da amplitude máxima negativa. Por essa razão, as correntes saem dos
terminais a, b' e c' e entram nos terminais a', b e c. O sentido do campo (e portanto do
fluxo magnético) é dado pela regra da mão direita, ja' que se trata de eletroímãs. Note ainda
que a amplitude do campo (e do fluxo) é diretamente proporcional à magnitude da corrente
(quanto maior a corrente, maior o campo criado), e por isso o tamanho do campo criado
pela bobina aa' é o dobro dos campos criados pelas bobinas bb' e cc'. O campo magnético
resultante é dado pela soma vetorial dos três campos componentes, indicado na figura em
vermelho. Estude as cinco situações e observe que o campo (e o fluxo) resultante tem
intensidade constante e gira no sentido anti-horário à medida que o tempo passa. Por
último, note que as situações se repetem quando a forma de onda da corrente ia(t) completar
um período, ou seja, a velocidade de rotação do campo girante depende exclusivamente
A propósito, verifique que, procedendo da mesma maneira como indicado na figura acima,
é possível criar um campo girante a partir de duas bobinas colocadas a uma da outra
e alimentadas com tensões alternadas senoidais de mesma amplitude e defasadas de
no tempo. Incorpore o espírito de Nikola Tesla e tente.
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Imagine que o imã permanente começa a girar em torno de seu eixo, por exemplo torcendo-
se o fio, enquanto o disco está parado. O fluxo magnético NS produzido pelo imã começa a
varrer a superfície do disco, caracterizando um fluxo variável ao longo do tempo. Essa
variação produz a indução de uma tensão no disco, pela lei de Faraday, e conseqüentemente
a circulação de correntes, pois o disco é metálico. Essas correntes induzidas têm sentido de
circulação determinados pela lei de Lenz (o fluxo criado por elas deve se opor à variação do
fluxo), de tal modo que criam no disco polaridades magnéticas opostas aos pólos do imã
permanente. Sob o pólo norte do imã cria-se um pólo sul no disco, que se atraem. No outro
pólo acontece a mesma coisa. Em conseqüência, o disco gira no mesmo sentido do
movimento do imã. Se o sentido de rotação do imã permanente for invertido, também
inverte-se o sentido de giro do disco.
A figura abaixo mostra um motor de indução trifásico cuja carcaça externa foi recortada
revelando seu interior. Note as bobinas do estator em corte e o núcleo ferromagnético na
qual ficam enroladas (em amarelo). Em primeiro plano estão os terminais de ligação da
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alimentação. Observe que as varetas condutoras do rotor tipo gaiola são de fato incrustadas
em um núcleo de material ferromagnético usado para potencializar o fluxo magnético,
formando um conjunto integrado. Por sua construção, percebe-se claramente porque um
motor de indução é um equipamento robusto e de baixa manutenção.
A propósito, você notou que as varetas da gaiola são inclinadas e não longitudinais ? Você
saberia dizer a razão desse procedimento ? Pense nisso.
Nem todo motor de indução possui rotor do tipo gaiola. Existem motores cujo rotor é
constituído por um enrolamento tradicional com várias espiras, sendo chamado rotor tipo
bobinado. Nesse caso, o enrolamento do rotor deve ser curto-circuitado para permitir a
circulação das correntes induzidas. Esse tipo de rotor viabiliza algumas técnicas de
limitação da corrente de partido do motor, mas é bem menos utilizado que os rotores tipo
gaiola.
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Velocidade do rotor
Em qualquer motor de indução, a velocidade do rotor (que é a mesma do eixo) é sempre
menor que a velocidade síncrona (do campo girante). Se, por hipótese, o rotor conseguisse
alcançar a velocidade síncrona, então o campo girante e o rotor gaiola estariam
efetivamente parados (um em relação ao outro), não haveria variação relativa de fluxo e
portanto indução. Em regime permanente, a velocidade do rotor depende da diferença
relativa das freqüências da tensão de alimentação e da tensão induzida no rotor, da seguinte
forma:
Escorregamento
A diferença relativa entre a velocidade do rotor e a velocidade síncrona em um motor de
indução é expressa através de um parâmetro chamado escorregamento, símbolo s, definido
da seguinte maneira:
Por ser uma grandeza adimensional e menor que um, o escorregamento é expresso
normalmente em porcentagem.
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Por outro lado, se a velocidade do motor quando em plena carga (nominal) é 1200 rpm,
então o escorregamento será:
Curva torque-escorregamento
A curva torque versus escorregamento, em regime permanente, de um motor de indução
típico é mostrada na figura abaixo:
Note, antes de mais nada, que o escorregamento s é plotado do maior valor (100 %) para o
menor valor (0 %), correspondendo aos valores de velocidade do rotor nula (motor parado)
e igual à velocidade síncrona (impossível), respectivamente. O valor de torque nominal, Tn
corresponde ao ponto de operação normal para o qual o motor foi projetado, sendo que o
respectivo escorregamento é o escorregamento nominal, . Geralmente, os motores de
indução operam em velocidades próximas à velocidade síncrona, vale dizer, com
escorregamentos bem pequenos. Outros pontos notáveis na curva são: Tp - torque de partida
(deve ser maior que o torque de carga nominal, senão o motor não parte; Tmax e Tmin - torque
máximo e mínimo, respectivamente.
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Uma característica importante de motores de indução é que sua velocidade (do rotor) varia
relativamente pouco, mesmo submetido a significativas variações do torque de carga. A
razão desse comportamento pode ser facilmente entendido através da figura abaixo:
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Categorias e aplicações
Os motores de indução são classificados em categorias de acordo com suas características
torque-escorregamento e corrente de partida. Somente a título de exemplo, a figura abaixo
mostra a curva torque-escorregamento de algumas categorias mais comuns.
As características mais marcantes e principais aplicações das categorias são listadas abaixo:
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A interpretação do significado dos principais dados (os demais podem ser encontrados no
manual dos fabricantes) é descrita em seguida.
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