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Evangelho na Periferia – Princípio 7: Plante ou

Revitalize Igrejas
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June 8, 2016

A igreja local e o pobre

Mark Dever publicou o seguinte no blog The Gospel Coalition:

Desde a Queda, a trajetória da história humana não redimida – a cidade do homem – está
sempre na Bíblia ligada a julgamento (o Dilúvio, Babel, Canaã, Egito, Jerusalém, Babilônia,
Roma e então Apocalipse 19). (Não tão universal quanto a gravidade, mas aparentemente
tão inevitável quanto em sua tendência geral.)

Muitas igrejas, da mesma forma, acreditam que o mundo está indo para o inferno a passos
largos e, por esta razão, é nosso papel pregar Cristo, salvar alguns e deixar os outros a sua
própria sorte. Outros, acreditam que nós teremos um papel a desempenhar quando Deus
consumar a renovação de todas as coisas no fim dos tempos. O resultado para o primeiro
grupo é cair em uma abordagem separatista de evangelismo. Para o último, é cair em uma
acomodação cultural.

Agora, eu consigo ver como certas posições escatológicas podem nos levar por um destes
dois caminhos quanto a relação entre a igreja e sua cultura imediata. Na verdade, eu vejo o
legado deles em periferias de norte a sul do país. Aparece de duas formas principais.

1. Aqueles que historicamente lutaram por pureza doutrinária e teológica às custas do


engajamento cultural (temendo diluir o evangelho) se encontram à margem da periferia,
com congregações envelhecidas e morrendo. Eles têm um evangelho sem ninguém para
quem pregar. Isto se enquadra em sua cosmovisão de “eles contra o mundo” e está
deixando gerações sem nenhuma noção sobre as boas notícias de Jesus. Do outro lado,
aqueles que escolherem se adaptar e se engajar culturalmente às custas de verdades
bíblicas tendem a estar atentos a necessidades sociais, mas têm as mesmas congregações
envelhecidas e morrendo. Eles são vistos como um pouco mais do que uma agência de
trabalho social e as pessoas não se chegam quando evangelismo não é praticado. Ambos os
lados estão sofrendo com os verdadeiros perdedores sendo exatamente as pessoas que
deveriam estar sendo alcançadas com a boa notícia de Jesus Cristo. Enquanto o mundo
cristão tem desenhado fronteiras teológicas, almas reais têm perecido por falta de
testemunho. Nas palavras de alguém velho e já morto: “Uma praga em ambas ascasas”.

2. Devido a esta situação, muito do trabalho de evangelismo desenvolvido está sendo


conduzido nas periferias por uma combinação de agências governamentais e organizações
para-eclesiásticas. Grupos têm visitado escolas e conduzido aulas de Educação Religiosa,
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dirigido clubes e tentado alcançar jovens para Cristo, mas em sua maioria desassociados
de uma congregação local e sem nenhuma meta real de longo prazo e objetivos para
combater a “crise congregacional” que nós enfrentamos. Por um lado, como podemos
culpá-los quando a igreja local está (a) morta ou (b) inoperante quanto a sua tarefa (seja
por falta de coração ou porque é simplesmente incapaz)?

A única maneira de reverter essa tendência é plantar igrejas novas e/ou revitalizar igrejas
que já existem. Revitalização espiritual da comunidade e desenvolvimento não acontecerão
de forma radical se a igreja local não for central em nossos planos. No Brasil, quando
fundamos nosso projeto com crianças de rua, fizemos com uma plantação de igreja como
fundamento. Por que? Por uma série de razões:

1. Uma congregação local serve de impulso sólido e consistente para esforços


evangelísticos.

2. Oferece um lugar para prestação de contas em termos espirituais para aqueles


trabalhando no campo. Muitos que servem em organizações para-eclesiástica que
encontrei (especialmente jovens) têm pouco ou nenhuma prestação de contas e estão
exaustos ou em perigo de ficarem exaustos por tentarem lidar com as dificuldades de estar
na linha de frente de um ministério como o nosso.

3. Oferece um ambiente no qual novos convertidos e outros cristãos podem crescer juntos
em discipulado e em comunidade. Então, evita o problema de pessoas caindo de
paraquedas na comunidade, tentando alcançar alguém e então deixando as pessoas à
deriva até que outros de fora da comunidade venham novamente.

A igreja local tem a responsabilidade de evangelizar, discipular, cuidar e preparar as


pessoas para louvar e servir o Deus Vivo em suas respectivas comunidades. Obviamente, a
tarefa de amar nossos vizinhos não deveria ser deixada para aqueles de fora da
comunidade, certo? Estamos amando nossas comunidades? Estamos servindo nossas
comunidades? Se amamos uma comunidade e buscamos conhecê-la, então ideias para
evangelismo, missões e desenvolvimento fluirão naturalmente. Eu acredito que muitas
igrejas têm dificuldades de causar impacto na periferia porque elas não amam suas
comunidades o suficiente para realmente conhecê-las em um nível profundo e íntimo. Nós
não podemos amar o Senhor e o evangelho se nós não amamos as pessoas. O evangelho
precisa de um meio condutor para que possa realizar sua obra poderosa e transformadora.
Muitas igrejas estão enterrando seu tesouro no campo, esperando até que o Senhor volte.

Nós recentemente recebemos notícias de nossa plantação de uma igreja no Brasil – a Igreja
Boas Novas – que é uma comunidade que funciona na região mais pobre no estado mais
pobre do Brasil. São bem pobres! A igreja é pequena (umas 50 pessoas) e mesmo assim
recentemente eles se uniram para construir 6 casas na comunidade para famílias

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desabrigadas! Isto é desenvolvimento comunitário guiado pelo evangelho em ação. Apesar
do receio de alguns, a Palavra não é diluída, mas, ao contrário, é oferecido um exemplo
vivo da realidade da mensagem que a congregação está tentando trazer para a comunidade.

Eu aprecio as nuanças deste debate, realmente aprecio. Cristo acima de tudo, evangelho
antes de tudo, mas quando o discipulado não pode ser distinguido de ajudar pessoas a
lidarem com alguns de seus problemas pessoais, então temos o dever de cuidar. Não vamos
proteger o evangelho até matá-lo. Isto seria um crime.

Eu tenho certeza que revisitaremos este tema em algum momento.

Por: Mez McConnel. © 2013 20Schemes. Original: The Keys to Breakthrough in the
Housing Scheme (1)

Tradução: Fabio Luciano. Revisão: Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os
direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Evangelho na Periferia –
Princípio 7: Plante ou Revitalize Igrejas

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conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Veja mais artigos desta série

Série: Igreja na Periferia: Princípios Fundamentais


Veja as outras publicações da série:

• Evangelho na Periferia – Princípio 1: Viva na Comunidade


• Evangelho na Periferia- Princípio 2: Priorize o Ministério de Reconciliação
• Evangelho na Periferia – Princípio 3: Desenvolva Habilidades
• Evangelho na Periferia – Princípio 4: Desenvolva Líderes
• Evangelho na Periferia – Princípio 5: Ouça a Comunidade
• Evangelho na Periferia – Princípio 6: Desenvolva a Comunidade
• Evangelho na Periferia – Princípio 7: Plante ou Revitalize Igrejas
• Evangelho na Periferia – Princípio 8: Evite o Paternalismo (15/06)

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