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Sustentabilidade

e Ética nas Organizações

RESPONSABILIDADE SOCIAL
ÉTICA PESSOAL E CORPORATIVA
DEVERES ÉTICOS EM EMPRESAS
PÚBLICAS E PRIVADAS

ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES


ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
Prof. Andrei Bosco Freire

Caro aluno(a), chegamos ao nosso


último módulo! Parabéns! Faremos
uma reflexão mais profunda sobre
a presença e o papel da ética e da
moral no ambiente organizacional.

Vamos falar sobre os fatores motivadores


da ética organizacional, ética em projetos, no
serviço público e nas organizações particulares.
Faremos também uma reflexão final sobre
ética no ambiente corporativo. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, estudaremos os fatores motivadores da ética organizacional, a responsa-
bilidade social corporativa, a ética no serviço público e nas organizações particulares e o
que é ética de qualidade.

A ética nas organizações é uma preocupação constante. E, mesmo quando não há um


código específico ou uma conduta objetivamente definida a ser seguida em determinada
empresa ou profissão, em geral, o senso comum é empregado para tentar identificar quais
os comportamentos aceitáveis e quais os que ferem princípios ou são antiéticos.

A ética de uma companhia pressupõe transparência em seus contatos profissionais, sejam


eles com empregados, fornecedores ou clientes. Uma empresa que deseja demonstrar sua
postura ética também não pode se furtar de seu dever perante a comunidade em que está
instalada. É obrigação das empresas zelar pelo impacto que sua atividade traz ao meio em
que opera e, além disso, se engajar no desenvolvimento de trabalhos sociais, extrapolando
seu objetivo básico de simplesmente gerar lucro.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Relacionar a ética pessoal com a ética corporativa;
• Identificar os principais deveres éticos em empresas públicas e privadas;
• Entender o que é responsabilidade social corporativa e o que é ética de qualidade.

Sustentabilidade e Ética nas Organizações 1 Ética nas Organizações


FATORES MOTIVADORES QUANTO
À ÉTICA ORGANIZACIONAL

Você já observou que, em alguns anúncios de vagas, as empresas vêm buscando funcio-
nários éticos? Ultimamente, o interesse ou a preocupação com a ética empresarial e de
seus dirigentes e empregados tem crescido, sendo alvo da mídia e da literatura sobre
Administração. Isso é um sinal de que essas empresas estão incluindo a preocupação com
a ética formalmente em sua estrutura organizacional. Por isso, é muito importante que
vejamos quais são os fatores motivadores quanto à ética organizacional.

Urgência em recuperar a credibilidade na empresa

Você já ouviu dizer que uma determinada empresa busca somente os resultados ou as
vantagens imediatas? Esse comportamento hoje é suicida. Sabe por quê? A responsa-
bilidade em longo prazo é uma necessidade de sobrevivência e, nesse aspecto, a ética
constitui um fator importante para os ganhos.

Percebemos uma mudança na concepção de empresa, de um terreno de homens sem


escrúpulos, movidos pela ganância e lucro, em direção a uma instituição socioeconômica
que tem responsabilidade ética para com a sociedade (os consumidores, os acionistas, os
empregados e os provedores).

Construção de uma sociedade mais inclusiva

As organizações, nos países pós-capitalistas, são a célula do tecido social. Sua transfor-
mação está sendo considerada essencial no processo de construção de uma sociedade
mais inclusiva.

Novo papel do executivo

Na ética das empresas, vai se mostrando indispensável a capacidade gerencial e, conse-


quentemente, a figura do executivo que, pouco a pouco, vai se tornando um personagem
central do mundo social atual. Quais são as características desse novo gestor? Veja a
resposta a essa pergunta a seguir.

O gestor deve ser uma pessoa com objetivos claros, que se propõe a alcançá-los pelo
desenvolvimento de grande habilidade para imaginar e criar meios que permitam isso.
Deve apresentar comportamento proativo e criativo e com capacidade inovadora. Além
disso, esse novo executivo não se prende a soluções já conhecidas, mas, com instinto de
adaptação, imagina possibilidades e estratégias novas. Esse gestor deve evitar conflitos
e, em vez disso, realizar negociações que sejam boas para todas as partes envolvidas,
incluindo o ambiente no qual a negociação está inserida.

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Nova cultura corporativa

Vimos no item anterior que o perfil do gestor


mudou. E a cultura corporativa? Certamente
essa também foi modificada. A partir deste
momento, vamos considerar como ela era
e no que ela se transformou. Fique atento!

A cultura do individualismo, característica da modernidade, é geradora de insatisfações.


Como consequência, os indivíduos buscam se integrar a uma comunidade ou corporação
para recuperar seu “eu concreto”.

Os seres humanos tornam-se pessoas dentro de comunidades concretas, nas quais apren-
dem os valores éticos que vão seguir defendendo. A empresa pode ser entendida como
uma comunidade que propõe a seus membros uma identidade.

As organizações sociais hoje reclamam por uma atuação ética, mas não querem que as
pessoas sejam heróis. No entanto, na empresa cujo desenho e funcionamento põem os
resultados econômicos a curto prazo adiante do respeito dos direitos das pessoas ou da
satisfação da necessidade dos consumidores, tomar decisões eticamente corretas pode
se tornar um ato heroico, no qual o trabalhador arrisca seu posto de trabalho.

Imagem da Empresa e Rentabilidade

A insistência na qualidade ética leva, por extensão, à qualidade em sentido mais amplo,
resultando em maior rentabilidade. A ética contribui para a boa imagem da empresa,
pois nenhuma das grandes e excelentes companhias distingue-se pela falta de princípios
éticos, mas pela qualidade do produto que colocam à disposição do mercado.

As empresas têm uma imagem a resguardar, patrimônio essencial para a continuidade do


próprio negócio. A imagem da empresa não pode ser reduzida à simples peça publicitá-
ria, uma vez que ela representa um ativo econômico sensível à credibilidade que inspira.
A dimensão ética é uma parte decisiva dentro do conceito de qualidade que a empresa
apresenta à sociedade.

Modismo

Dentre as motivações para a preocupação com a ética nas empresas, falta levantar a
questão do modismo. A ética empresarial não consiste nem em uma moda passageira,
nem em justificar relações injustificáveis. A ética empresarial é uma nova forma de orien-
tar a atividade e o desenho das organizações.

Mais que um modismo, a ética nas atividades empresariais e de qualquer organização


é uma necessidade mais exigida à medida que se aprofunda a complexidade do tecido
social.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

A impressão que as pessoas têm da empresa está vinculada ao conceito de responsabili-


dade social. Ou seja, a empresa, paralelamente à busca do lucro, tem que exercer o seu
papel social.

As flutuações e reviravoltas do mercado e da sociedade causam sempre inquietação nos


que interagem com a organização. Por isso, governos, empresas e indivíduos procuram
cercar-se de direitos, garantias e proteções. Esses dispositivos, que intentam preservar
o equilíbrio social, têm forte sentido ético, pois conferem à responsabilidade social um
papel relevante na consciência coletiva.

A responsabilidade social é manifestada nas condutas da organização que supera a visão


imediatista de “lucro a qualquer custo e já”, em proveito da de assegurar a longevidade pela
conquista e manutenção da confiabilidade em relação a todos os atores. Isso inclui ações de:
• preservação/recuperação ambiental;
• qualificação/recolocação de funcionários que saem da empresa;
• combate à miséria;
• promoção da escolarização/educação profissionalizante;
• fornecimento de produtos que não ponham em risco a integridade do usuário;
• combate ao trabalho infantil e semiescravo.

IMPORTANTE
Não há incompatibilidade entre lucratividade e sustentabilidade. A conciliação da ética com
o lucro envolve o cumprimento das leis trabalhistas, a transparência na administração, a
prevenção de acidentes de trabalho, a inserção na comunidade, a sustentabilidade e outras
condutas que fortaleçam a moral, a coesão interna e a imagem da empresa.

A responsabilidade social compreende ações como:


• Desenvolvimento profissional e co-participação dos funcionários;
• Não-discriminação e tratamento equânime;
• Parceria efetiva entre clientes e fornecedores para gerar produtos e serviços de
qualidade, com relacionamentos duráveis e pautados pela confiança;
• Contribuição para o desenvolvimento da comunidade local;
• Investimentos em tecnologia, inovação de processos e/ou produtos;
• Preservação do meio ambiente, sustentabilidade.

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O público interno das organizações é o responsável pelo clima organizacional e pela
produtividade. As estratégias de responsabilidade social corporativa devem dar aten-
ção ao clima organizacional, qualidade de vida e imagem institucional em seus próprios
quadros. A preservação do capital intelectual, mais que dos recursos físicos, é fator de
sobrevivência para qualquer empreendimento. Materiais esgotam-se ou tornam-se obso-
letos; o conhecimento e a capacidade de aplicá-lo não. Daí a importância de identificar,
estimular, desenvolver, manter, proteger e compartilhar o capital intelectual.

A primeira e fundamental responsabilidade social da organização é ser bem-sucedida, pois


manterá pessoas em atividade economicamente produtiva, que com sua remuneração
podem consumir e estimular a produção de bens e serviços de outras empresas, e contri-
buirá para a melhoria da qualidade de vida. A responsabilidade social corporativa deve
levar em conta, de forma integrada: o processo produtivo; as relações com a comunidade;
a ética e a cidadania; a remuneração e os benefícios; o desenvolvimento profissional; e o
equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal.

Várias organizações já adotaram Códigos de Ética. Para estabelecer diretrizes, as formas


positivas (afirmativas) são mais ou menos iguais em número às negativas (proibitivas).
Entretanto, umas e outras são incompletas para cumprir essa tarefa. Se proibimos tudo,
mas não indicamos as formas de agir desejáveis, subjulgamos as pessoas.

REFLITA
Você deve estar pensando: O que deve ser inserido no código de ética? Observe a resposta
a seguir.

Os Códigos de Ética podem apresentar princípios gerais ou descer ao detalhamento de


recomendar ou proibir determinadas condutas específicas à categoria considerada. São
as expressões dos valores e das crenças inerentes à cultura da organização, uma mani-
festação da sua identidade e uma referência para colaboradores, clientes e fornecedores
quanto ao que esperar em sua interação com a instituição.

ATENÇÃO
Acesse o link 1
e conheça também a Norma SA 8.000 – Responsabilidade Social 8000
- um padrão que estabelece requisitos voluntários a serem atendidos por empregadores no
ambiente de trabalho, incluindo-se os direitos dos trabalhadores, as condições no local de
trabalho e os sistemas de gestão, com base na legislação nacional e normas internacionais
de direitos humanos.
1 http://www.sa-intl.org/_data/n_0001/resources/live/2008StdPortugese.pdf

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Você já ouviu falar de Clientelismo? Saberia explicar o significado desse termo? É essen-
cial que você o compreenda para entender a ética no serviço público.

O Clientelismo estende sua rede de transações aos vínculos de parentesco, amizade,


patronagem ou camaradagem, além da administração das concessões públicas àqueles
de sua adesão partidária ou ideológica, ou mesmo de simples convergência política. No
Clientelismo se reedita uma relação análoga àquela entre suserano e vassalo do Sistema
Feudal, com uma pessoa recebendo de outra a proteção em troca do apoio político.
Chamamos de Clientelismo quando o político acomete algum favorecimento (por exem-
plo, a cesta básica), atrelando o cidadão àquele que o favorece, em troca de voto e fideli-
dade política (prática comum no Brasil chamada de “voto de cabresto”).

Com o advento das práticas voltadas para Gestão da Qualidade Total, o cliente passou a
designar toda aquela pessoa com quem se tem qualquer relacionamento funcional, quer
de natureza interna (dentro da organização) ou externa. É assim que vemos surgir a teoria
de que o Estado deve servir àqueles que pagam impostos. Identificamos assim a não-
-existência de clientela nas relações do Estado com seus contribuintes e sim a incidência,
ou não, do pleno Estado de Direito, em que todos os contribuintes, grandes ou pequenos,
ascendem à categoria de cidadãos.

Uma vez considerado o processo evolutivo dos valores, manifestos pela moral, podemos
idealizar que a política possa ascender ao seu verdadeiro papel de ciência do governo
dos povos, atingindo a habilidade imprescindível na obtenção do consenso. O cenário
reles e mesquinho de interesses pessoais, no qual se pratica a baixa política, denominado
politicagem, só pode encontrar expressão em níveis inferiores de moral, não podendo ser
enquadrado na mais elementar escala de valores éticos.

Não é raro assistirmos, no trato político da coisa pública, ao uso da mentira, ou das
chamadas “meia-verdades”, expressão politicamente mais correta. Para que possamos
discernir o tênue limite entre a mentira e a diminuição da verdade, em política, precisamos
entender, antes de tudo, do jogo e dos agentes do poder que interagem na discussão e
na constituição das questões coletivas.

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IMPORTANTE
Os políticos são humanos, seres à mercê de suas grandezas e perversões, relacionando-se
na dinâmica de convergências e frustrações de demandas explicitadas com maior ou menor
veemência, de um somatório de interesses, muitos deles gerados no âmbito do privado, mas
integrando o interesse público, valorizado pela importância do somatório de suas partes.

A mentira configura-se cada vez mais como um problema político, que suscita dilemas
éticos, pois põe em risco princípios e compromete resultados. O mundo moderno, susten-
tado pelo acesso inesgotável à informação, exige a transparência – manifestação de boa
gestão pública – e o exercício das verdades plenas, como condição indispensável para o
exercício de uma justiça mínima.

As mudanças ocorridas nos últimos anos, como a queda do muro de Berlim e o esfacela-
mento da União Soviética, encerrando um ciclo do ideal comunista e a política de privati-
zação capitaneada pela gestão de Margaret Thatcher à frente do Reino Unido, trouxeram
novos valores da administração pública. Tais transformações não poderiam evitar reflexos
sobre os colaboradores do poder público.

Nos últimos anos, o funcionário público foi desprestigiado pelos severos cortes nos gastos
de seu aprimoramento ou simples melhoria salarial. O papel do servidor foi e sempre será
de fiel depositário das esperanças confiadas pelos contribuintes aos cofres do Estado.
Como seu código de Ética preceitua: “Não lhe basta distinguir entre o bem e o mal, mas
acrescer a isso a ideia de que o fim sempre é o bem comum”.

Uma vez identificado o seu papel na sociedade, incluindo a si próprio como contribuinte,
ajudando a custear com o pagamento de seus tributos a sua remuneração mensal, todos
os seus atos deverão ser pautados na moralidade administrativa, integrada no Direito. Se
a função pública é tida como exercício profissional, está ela vinculada à sua vida particu-
lar. Fatos e atos de sua vida poderão acrescer ou diminuir seu bom conceito.

ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES PARTICULARES

O PAPEL DA ORGANIZAÇÃO

Até bem pouco tempo, seríamos ingênuos se fôssemos creditar à organização um


compromisso de idoneidade. Arraigado estava no meio empresarial – e nos executivos
não-proprietários – o mito de que se pode fazer qualquer coisa, desde que seja para
sobreviver. A competitividade contemporânea só exacerbava ainda mais esse conceito.

É importante apreciarmos a formação das organizações pelas pessoas, o que leva as


primeiras a absorver os atributos humanos. Assim, podemos vislumbrar que as organiza-
ções também apresentam fenômenos humanos: nascem, crescem, têm momentos bons
e maus, tomam empréstimos, agem correta ou incorretamente, e até morrem.

A organização moderna já compreendeu que seu principal capital são seus recursos huma-
nos, principalmente quando os recursos de capital e de tecnologia são alcançados com
oportunidades quase que homogeneizadas. Com a evolução crítica dos mercados, todos
os polos de produção e distribuição têm buscado atingir o que hoje já é considerado um
pressuposto de natureza elementar: a qualidade. É impensável, de maneira genérica pelo
menos, que o consumidor moderno e mais bem informado consumirá produtos que não
atendam às suas demandas. Amplia-se, assim, o nível de consciência crítica, atingindo-se
um novo patamar da era da pós-qualidade: a ética.

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A exigência agora não é apenas por produtos ou serviços de qualidade, mas também de
natureza ética. Ou seja, se há compra de um carro, um sabonete, uma vasilha de refrige-
rante ou um serviço financeiro, já se quer saber se aquela empresa recolhe seus impostos,
remunera dentro do padrão de mercado seus empregados, polui o meio ambiente, interage
com lealdade com a concorrência, atende aos eventuais reclamos da sua clientela, parti-
cipa da sua comunidade, dentre outros aspectos.

Os fatores organizacionais podem ser claramente apresentados em manuais de políticas,


de regras e de procedimentos, ou ainda por meio da cultura, expressa por valores explícita
ou implicitamente adotados.

Temos presenciado a existência de Manuais e Políticas de procedimentos, Códigos de


Ética, Credos etc. Na maioria das vezes, elaborados com a maior das boas intenções e até
mesmo disseminados – casos há em que o funcionário é obrigado a assinar que o conhe-
ce e o seguirá. Infelizmente, poucos são compromissados, recebendo esses manuais com
forte dose de ceticismo. É a mesma distorção verificada nos programas de qualidade: as
pessoas são envolvidas, mas não se comprometem.

Principalmente em dias como os atuais, a dependência do emprego é um outro fator de


forte pressão sobre as pessoas, que podem ser coagidas a tomar atitudes contrárias a
seus princípios. O interesse pelo trabalho será pautado pelas preferências e aversões,
essencialmente quando dirigidas a atividades profissionais não desejadas, ou mesmo a
situações, colegas ou chefias com os quais não exista qualquer tipo de identificação,
gerando posições preconceituosas, contribuindo para a não-adoção ética.

A POLÊMICA DO LUCRO (SEM PECADO)

Transpondo o debate para as organizações públicas, sustentadas pela coletividade e sem


o necessário imperativo do lucro financeiro, vemos a ausência desse lucro ser uma das
condições predisponentes para a ausência de rendimento, aqui compreendido não como
ganho pecuniário, mas como o atingimento e alargamento dos resultados obtidos pelos
desempenhos individuais e coletivos.

Uma sociedade refratária ao lucro não tem fatores de desempenho satisfatórios, na medi-
da em que são frágeis ou simplesmente inexistem políticas de acompanhamento e contro-
le. Sem cobranças, sem saber o quê, ou como exigir, uma sociedade dita cristã atribui ao
criador a origem de suas mazelas ou a fonte inesgotável de suprimento de suas deman-
das. Vê-se então à espera da providência divina, que não raro, ante a impossibilidade da
real interferência superior, migra do “Deus dará” para o “ao Deus dará”.

Aqueles que aceitam o desafio da vocação empresarial implicitamente decidiram satisfa-


zer as necessidades dos outros pela geração de bens ou serviços. Como a economia de
mercado não privilegia os egocêntricos, reconhece-se no lucro – que esteja em confor-
midade com os valores da sociedade em que se insere – uma recompensa do sucesso. A
ética não é, portanto, indissociável do lucro. Pode sim servir de alicerce para a construção
de uma sociedade firme e rigorosa com seus ideais.

A honestidade continua sendo a melhor política. O lucro honesto, em qualquer ideologia,


não pode ser condenado, pelo contrário, deve ser visto como recompensa pelo sucesso e
um sinal da sociedade para que a empresa continue a fazer o que vem fazendo.

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CONFLITO DE INTERESSES

Um exemplo de conflito de interesses pode surgir quando um empregado ou um membro


de sua família possui um interesse pessoal ou financeiro – direto ou indireto – com
qualquer fornecedor, sócio, concorrente ou cliente, de tal forma que possa influenciar as
negociações entre tal fornecedor, sócio concorrente ou cliente com a empresa.

Outro exemplo, a Organização poderá permitir a contratação de parente de um de seus


empregados, desde que tal pessoa não trabalhe no mesmo setor de seu parente. A movi-
mentação interna de pessoal deverá levar tal condição em consideração, de forma que as
transferências de pessoal não coloquem parentes para trabalhar no mesmo setor. Caso
haja um relacionamento entre dois funcionários, um deles deverá ser transferido.

INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS

O uso de informações privilegiadas ou de caráter restrito sobre a empresa para seu próprio
benefício financeiro não é apenas contra a ética, mas pode constituir-se em uma infração à lei.

PRESENTES

Os brindes oferecidos ou trocados por empregados de diferentes empresas variam larga-


mente. Eles podem ser desde artigos de publicidade de ampla distribuição, de valor simbóli-
co, os quais você pode dar ou receber, até o suborno que, sem dúvida, não pode ser aceito
ou dado por você. Pode-se pagar ou aceitar certas gentilezas comerciais, tais como refei-
ções, contanto que as despesas envolvidas se mantenham dentro de um limite razoável.

FUMO, ÁLCOOL E DROGAS

Fumar é um direito que lhe assiste e, como tal, deve ser respeitado. Da mesma forma,
considere o direito de quem não gosta da fumaça do cigarro. É cada vez maior o número
de pessoas que não fumam, porque se preocupam com sua saúde. Portanto, tenha a
gentileza de não fumar em locais públicos, auditórios, reuniões, transportes coletivos,
ambientes fechados ou perto de quem não fuma. Desfrute o seu prazer, mas não polua o
ar alheio. Isso é uma verdadeira questão de civilidade.

O uso, distribuição, venda ou posse de álcool e derivados, assim como o de drogas, no


horário de trabalho, torna o empregado temporariamente inapto para desempenhar a ativi-
dade. Os empregados não devem permanecer nas instalações da empresa se estiverem
sob efeito de tais substâncias. Além dos riscos impostos à sua saúde, coloca em risco a
vida de seus colegas de trabalho e o patrimônio da empresa.

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GREVES

A permanente disposição da empresa em dialogar deve tornar a greve, que é um direito


constitucional, o último e extremo recurso, após serem tentadas todas as formas possí-
veis para o encontro das soluções. Entretanto, atos incompatíveis com a liberdade dos
demais indivíduos e com os princípios de uma sociedade organizada não deixarão de ser
devidamente apurados e punidos pela empresa, em respeito à segurança de seus empre-
gados e de seu patrimônio.

ÉTICA DE QUALIDADE
A implantação de uma cultura ética depende essencialmente dee
uma política de ação, ou filosofia empresarial, ou, melhor ainda, dee
uma ideologia de negócios. É de fundamental importância o estabe- be-
lecimento de uma ideologia, de um ponto de referência comum a
todos os integrantes da organização, com o qual se complemen-
tem e se comprometam. Por outro lado, há que se ter em mente
que tais princípios devem ter consenso entre todos os envolvidos.

Muitos dirigentes caem no erro de priorizar seus ideais particulares,


es,
por vezes díspares daqueles dos seus subordinados. Como na qualida-
da-
de, a ética deve ocorrer de cima para baixo. Porém, a força do exemplo
mplo ainda é
o mais eficaz mecanismo de persuasão (as palavras voam, os exemplos arrastam).

A constituição de uma Comissão Ética é um importante suporte para o programa. Ela


deve ser vocacionada não apenas para exercer funções de um tribunal de julgamentos,
mas principalmente como organismo normatizador das posturas individuais e coletivas,
tendo sempre consciência de que ninguém há de me obrigar a ser feliz à sua maneira.
As Comissões de Ética terão assim um papel mais preventivo do que curativo. Exercem a
função de consultoria permanente, respondendo a dúvidas suscitadas no exercício profis-
sional dos empregados da organização.

Como você pôde perceber, a organi- Esses elementos devem estar presentes
zação – quer tenha fins lucrativos, em toda atividade que desenvolvemos,
quer não – tem objetivos a alcançar, tanto individualmente quanto em grupo;
uma responsabilidade social e um essa é a ideia que podemos considerar
fundamento ético a embasar sua central neste módulo.
existência e funcionamento.

Assim, finalizamos o quinto e último módulo do nosso curso. Espero que tenham tido um
bom entretenimento com a leitura desse material e que, dessa forma, tenham aprendido
um pouco mais sobre Sustentabilidade e Ética, seja no contexto do indivíduo ou do cole-
tivo; da pessoa, da comunidade, da sociedade ou da organização.

Que tal começarmos agora a fazer desse mundo um lugar mais sustentável, mais ético e,
consequentemente, melhor de se viver? Vamos lá?!!

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Síntese
Você pôde ver, neste módulo, diversas considerações envolvendo sustentabilidade e ética,
ligando-as a diversas situações que podem fazer parte do seu cotidiano. Viu também que
as diretrizes morais refletem as características do grupo social, sua história, seus valores,
a forma como se dão suas interações.

Pôde compreender a explicitação dessas normas nos códigos de ética, que, conquanto
não tenham a força coercitiva da lei, dizem aos membros do grupo como se portar de
modo a não serem postos à margem da lei.

Desejamos que você possa, com essa compreensão, pautar-se pela boa conduta e ser
uma força positiva na implementação de valores sólidos em seu grupo social. Boa sorte!

Referências
GONÇALVES de Souza, Márcia Cristina. Ética no Ambiente de Trabalho. 1.ed. Rio de
Janeiro: Campus / Elsevier Ltda., 2009, 136p.

AMOÊDO, Sebastião. Ética do Trabalho – Na Era da Pós Qualidade. 2.Ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark Editora Ltda., 2007, 122p.

Vários Autores. Coordenação: Whitaker, Maria do Carmo. Ética na Vida das Empresas –
Depoimentos e Experiências. 1.ed. São Paulo: DVS Editora, 2007, 284p.

LAZLO, Chris. Valor Sustentável – Como as empresas mais expressivas do mundo estão
obtendo bons resultados pelo empenho em iniciativas de cunho social. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Qualitymark Editora Ltda., 2010, 240p.

MELO NETO, Francisco Paulo e BRENNAND, Jorgiana Melo. Empresas Socialmente


Sustentáveis. 1.ed. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda., 2011, 184p.

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