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Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito.

Carta de uma velha.

Ainda não estou escrevendo esta carta do asilo, mas do jeito que as coisas
vão estão tentando me levar a isto.

Tenho sofrido diversas injustiças (ao meu ver) quanto as pequenas


propriedades que comprei ao longo de uma vida de trabalho e privações e
que eu esperava ser a garantia de uma velhice materialmente digna.

Sou Ré neste processo de usucapião, o que me foi explicado em palavras


simples, é a tentativa de tomar posse de um imóvel de minha propriedade.oio

Até agora não tive oportunidade de mostrar e provar os fatos tais como
ocorreram.

Se há alguma culpa é da minha caridade que não medi esforço para ajudar
em uma questão de doença familiar.

Comprei este imóvel, junto com meu marido José Ferreira da Silva, no qual
eduquei e criei 11 filhos no ano de 1967.

O qual utilizamos totalmente até o ano de 1997, quando emprestei


temporariamente uma das casas do imóvel em questão para o meu irmão
mais velho, José Figueiredo da Silva, porque ele adquiriu uma moléstia grave
(ela esclerose lateral amiotrófica) a qual tem como sintoma a paralisação
progressiva dos órgãos tornando meu irmão inapto para o trabalho.

Durante oito anos de doença, apareceu a senhora Jovelina Oliveira Araújo, e


se juntou a ele, tive que arcar com os custos de uma enfermeira remédios e
da senhora Jovelina a qual dizia não possuir família.

Após o falecimento de meu irmão que ocorreu em 2007, tolerei por mais oito
anos que a senhora Jovelina continuasse residindo nesta casinha por mera
questão de gratidão aos cuidados que ela teve com meu irmão.

A senhora Jovelina faleceu em 2020 logo após, apareceu em minha casa dois
homens que se dizem filho da Dona Jovelina de outro casamento e que
alegam ter direito a herança desta propriedade.
Esta propriedade encontra-se penhorada pelo Banco Bradesco em outro
processo referente a uma dívida, a qual fiz um parcelamento e estou
honrando graças a minha aposentadoria.

Neste momento cheguei a conclusão que estão tentando apropriar-se do que


consegui utilizando-se de artifícios "dentro da lei".
Como fazem isso? Mostram alguns fatos no processo, e omitem outros.

Por esse motivo, resolvi, com muito respeito a Vossa Excelência, escrever
esta carta para expor os fatos e explicar que tenho provas documentais e
testemunhas dos fatos que escrevi.

Contando com a verdade e acreditando na justiça assino abaixo.

São Paulo, 03 de Março de 2021

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Maria do Carmo da Silva

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