Você está na página 1de 310

® Editora Fortes, 2017

Textos: Fellipe Guerra


Capa e Diagramação: CQueiroz
Revisão: Ana Luzia e Marcos Lima
Impressão: Tecnograf

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio,
salvo com autorização por escrito do autor. A violação dos direitos do autor (Lei nº
9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal

Catalogação na Fonte: Bibliotecária Jacquelline Campelo Jucá CRB 3/677

D485 Descomplicando o SPED: aspectos operacionais do Sistema Público de


Escrituração Digital / Fellipe Guerra (organizador). – Fortaleza: Fortes, 2017.
284 páginas.

ISBN 978-85-5541-006-2

1. Contabilidade. 2. SPED. 3. Documentos fiscais. 4. Tecnologia da informação.


5. Escrituração contábil I. Fellipe Guerra (Professor). III. Título.

CDD 657

Editora Fortes Ltda


Rua Antônio Fortes, nº 340, Luciano Cavalcante, Fortaleza-Ce - CEP 60.813-460.
Contato: (85) 4005-1111
E-mail: editorafortes@grupofortes.com.br
Home Page: www.editorafortes.com.br
Agradecimento
A realização deste projeto foi possível graças, primeiramente,
a Deus, que está presente em toda a minha jornada, além de
decidir o rumo dela, e consequentemente me tornando um ser
humano capaz de acreditar veementemente na vida. A produ-
ção dessa obra, além de todas as minhas conquistas, não se-
riam sem sua divina permissão e benção.

Na sequência de agradecimentos destaco aqui o amor, parce-


ria e força incentivadora de minha companheira de vida, Vitó-
ria Guerra e as minhas amadas filhas, Alice e Letícia Guerra.

Agradeço também aos meus familiares, especialmente aos


meus pais, João Guerra e Luzia Matos, que são minhas maio-
res referências de vida e educação. Meus pilares de existência.

Registro também agradecimentos ao meu sócio, Marcos Lima,


que tecnicamente ajudou muito como revisor dessa obra, além
de ter sido um grande motivador dela. Foi fundamental contar
com crivo dele, que é um dos grandes especialistas da área con-
tábil de nosso Estado.

Por fim, agradeço ao apoio prestado pela empresa cearense,


Fortes Tecnologia.

Professor Fellipe Guerra


Prefácio
É com muita honra e gratidão que prefacio o primeiro livro do
professor Fellipe Guerra, um especialista do universo tributá-
rio brasileiro e em especial dos impactos das novas tecnologias
fiscais no dia a dia contábil.

No ano de 2013 fui convidado a coordenar cientificamente um


fórum de SPED na linda cidade de Fortaleza, Ceará. Durante o
evento tive a honra de conhece-lo pessoalmente e ver o quanto
o mesmo era alguém especial.

Firme e com uma grande capacidade técnica e de comunica-


ção, ficou ali o início de um relacionamento fraterno que per-
dura até hoje. Confesso que sou suspeito a elogiar o seu tra-
balho mas suas realizações corroboram com a minha opinião.

Sem relatar sob pena da prolixidade, seus inúmeros eventos


que abrilhantou em todo o Brasil, gostaria de ressaltar sua par-
ticipação como professor em uns dos melhores MBA na área
da Contabilidade e do Direito Tributário brasileiro no qual tive
a honra de coordenar seu trabalho.

Professor Fellipe Guerra tornou-se uma referência nacional,


um dos maiores especialistas brasileiros em minha opinião
do universo SPED, compartilhando conhecimento com muita
maestria usando uma linguagem leve, bem-humorada e prá-
tica. Seus alunos amam suas aulas e sua linda missão de com-
partilhar conhecimento.

A despeito da sua jovialidade, possui um currículo invejável:


Professor Fellipe Guerra é contador e consultor empresarial,
Pós graduado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tribu-
tário – IBPT. Mestre em Administração e Controladoria pela
Universidade Federal do Ceará - UFC. Doutorando em Ciên-
cias da Informação com ênfase em Sistemas de Informações
Tributárias pela Universidade Fernando Pessoa em Portugal,
além de possuir uma virtuosa carreira classista no sistema
CFC – CRC.

Seu primeiro livro é uma oportunidade de beberem desse co-


nhecimento acumulado e observarem seus insights sobre este
universo. Vivam na pratica as palavras da poetisa goiana Cora
Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o
que ensina”

Deus abençoe a todos nós.

Professor Edgar Madruga


APOIADORes
Confira as organizações que foram essenciais para que a publi-
cação do livro Descomplicando o SPED se tornasse realidade.
A todos estes, que acreditaram nesse projeto, deixo aqui meu
agradecimento especial pela confiança e oportunidade.

Fortes Tecnologia

Participar da construção deste projeto, junto com um grande


parceiro nosso, é saber que estamos contribuindo com a difu-
são do conhecimento para os contadores de todo Brasil. O pro-
fessor Fellipe Guerra traz neste livro os aspectos operacionais
das obrigações contábeis de forma atual, didática, descompli-
cada e com uma condução dinâmica para tratar de um assunto
tão importante nas rotinas contábeis e fiscais das empresas
brasileiras. Assim, ficamos honrados em participar e contri-
buir com a disseminação do conhecimento, sobretudo junto a
classe contábil do nosso país.

José Carlos Fortes, presidente da FORTES TECNOLOGIA EM


SISTEMAS

A Fortes Tecnologia em Sistemas atua há mais de 25 anos em


âmbito nacional na área de tecnologia da informação, desen-
volvendo soluções para empresas contábeis e de gestão empre-
sarial.
Busca Legal Tecnologia

Transformar informações em conhecimento é a principal ca-


raterística desta obra do professor Fellipe Guerra. É o que tam-
bém nos move na Busca Legal e por isso ficamos muito hon-
rados em apoiar e recomendar o livro DESCOMPLICANDO O
SPED, que preenche uma grande lacuna literária, ao simpli-
ficar os desafios do SPED, que tantas dúvidas ainda traz aos
profissionais da área contábil e tributária.

Paschoal Naddeo de Souza Filho, Co-Founder da BUSCA LE-


GAL TECNOLOGIA

A Busca.Legal contempla um conjunto de soluções baseadas


em inteligência cognitiva. Unindo conhecimento tributário e
tecnologia, nosso objetivo é permitir o acesso de forma sim-
ples e eficiente a bases legais e conteúdos, transformando in-
formações em conhecimento para a tomada de decisões!
Systax Sistemas Fiscais

Ficamos muito orgulhosos com a possibilidade de apoiar a ini-


ciativa dessa obra, já que o tema acaba por envolver também a
nossa atividade: descomplicar os desafios tributários de nos-
sos clientes.

Tornar o cumprimento das obrigações tributárias mais sim-


ples, assunto abordado na obra DESCOMPLICANDO O SPED,
é também o desafio diário que enfrentamos em cada solução
que lançamos, em cada projeto e até em cada ato normativo
que interpretamos a partir das publicações diárias dos gover-
nos. Assim, ficamos honrados em colaborar com essa emprei-
tada conduzida pelo professor Fellipe Guerra.

Jerson A. Prochnow, CEO na SYSTAX SISTEMAS FISCAIS

A Systax é a única empresa a ter conseguido sistematizar a tri-


butação de mercadorias em todos os segmentos e todas as 27
UFs. Com um trabalho que começou em 2008, a legislação tri-
butária que incide na indústria e no comércio foi “traduzida”
em regras lógicas, em uma base que hoje atinge mais de 3,4
milhões de regras.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................14
1 EVOLUÇÃO DO SISTEMA CONTÁBIL ........................................................................20
2 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL ......................................................42
3 DOCUMENTOS FISCAIS ELETRÔNICOS ....................................................................60
4 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) ICMS/IPI ...................................................84
5 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) CONTRIBUIÇÕES ......................................114

%
3 78
5 4 %
6 SPED CONTÁBIL (ECD) ........................................................................................154
7 SPED ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL (ECF).....................................................122
8 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DAS RETENÇÕES E INFORMAÇÕES DA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUÍDA (EFD REINF) ..............................222
9 E-FINANCEIRA.....................................................................................................236
10 SISTEMA DE ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DAS OBRIGAÇÕES FISCAIS
PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTAS (ESOCIAL) ..................................................250
11 CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES FISCAIS ...........................................................278

4 % 6
1

1 9 % 2
Introdução
Entre sistemas
informatizados
e a gestão de
conhecimento
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Atualmente, flexibilidade e celeridade são características fun-


damentais e almejadas cada vez mais pelas organizações pú-
blicas e privadas. Com base nessa premissa, é notório observar
que, diversas instituições buscam acompanhar as mudanças
tecnológicas no sentido de expandir o sistema de gestão. O
objetivo é alcançar melhores resultados. Nas companhias, o
impacto dessas mudanças tem sido materializado por meio de
processos de racionalização organizacional e técnicas que in-
corporam ao ambiente empresarial novas tecnologias e novos
modelos de gerenciamento, assegurando significáveis níveis
de desempenho.

Nessa perspectiva, o mundo vive conectado mediante a in-


ternet, rede de comunicação com informações disponíveis e
acessíveis em qualquer momento à população mundial. O con-
junto de redes mundiais, ou simplesmente a web (rede), passa
a fazer parte da rotina de pessoas e segmentos. Todas as in-

15
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

formações são geradas e armazenadas em um banco de dados,


podendo ser analisadas, inclusive adaptadas no futuro. Dessa
forma, gestores institucionais se sentem motivados em inves-
tir na área de Tecnologia da Informação (TI), que facilitará o
controle de informações imprescindíveis na administração e
execução de negócios.

Estrategicamente, a adequação e o desenvolvimento da escri-


turação contábil dependem de fatores imprescindíveis tais
como: treinamento de pessoal; adaptação de sistemas infor-
matizados, além da correta gestão de conhecimento. Na con-
cepção de Ferreira e Ralha (2014), no mundo globalizado, a
informação e a tecnologia, que representam os mais valiosos
recursos organizacionais, asseguram um ambiente de negó-
cios altamente competitivo e com excelente habilidade ge-
rencial. Dentre os stakeholders da Contabilidade, o governo
assume amplo destaque pela capacidade de exigir das organi-
zações, por meio de normativos aplicados pelos órgãos regu-
lamentadores, informações específicas cujo objetivo consiste
em atender a seus interesses.

Em face disso, se destaca no Brasil a ferramenta intitulada


Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), componente
do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) constituído
pelo Decreto 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Trata-se de um
dos maiores avanços tecnológicos de sistemas já praticados, de
forma a integrar os dados de contribuintes acoplados aos fis-
cos municipal, estadual e federal, provocando o compartilha-
mento das informações de cunho contábil e fiscal (DUARTE,
2011). O Sped representa a principal ferramenta do governo no
combate à sonegação, com a finalidade de tornar a identifica-
ção de ilícitos tributários mais céleres, mediante acesso com-
pleto e detalhado às operações fiscais e comerciais praticadas
pelos contribuintes.

16
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Pode-se afirmar que, nos dias atuais, o Sped é um recurso con-


siderado revolucionário e inovador para o segmento contábil.
Antigamente muitos procedimentos contábeis e fiscais de en-
vio de informações ao fisco eram realizados manualmente, por
meio do uso de máquinas de escrever ou à mão. No entanto, a
prática passou a ser substituída pelo envio e armazenamento
de informações em meio eletrônico. A nova modalidade foi in-
serida no cotidiano das organizações gradualmente, com a in-
trodução das principais obrigações acessórias em meio digital
pela União, estados e municípios.

O sucesso da relação fisco-contribuinte está diretamente asso-


ciado ao correto cumprimento do fornecimento de informa-
ções por parte da contabilidade. Um dos principais requisitos
para a eficaz adaptação e implantação do projeto Sped nas or-
ganizações é que o profissional do segmento tenha o domínio
dos aspectos conceituais e operacionais relacionados com esse
plano. Para o atingimento dessa adequação e do desenvolvi-
mento tecnológico da escrituração contábil são necessários
diversos processos para o treinamento de pessoal, a adaptação
de sistemas informatizados e a gestão de conhecimento.

A maior parte das empresas que entregou os livros fiscais e


contábeis em formato digital cumpriu o prazo determinado
pelo governo, mas sem terem certeza da consistência dos da-
dos apresentados, segundo uma pesquisa da consultoria de
Informações Objetivas e Publicações Jurídicas (IOB), em 2009,
abrangendo 348 companhias de diversos ramos de atividades
(AZEVEDO; MARIANO, 2009). Outro levantamento realiza-
do pela IOB (2009) com mais de 200 companhias de diferen-
tes portes e segmentos mostrou que apenas a metade dessas
possui alta ou plena confiança na qualidade das informações
contidas nas notas ficais eletrônicas emitidas sob sua respon-
sabilidade. Além disso, a pesquisa detectou que a maioria das

17
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

empresas comete algum tipo de erro fiscal que, muitas vezes,


resultam da complexidade do sistema tributário brasileiro.

Com precisão, a tecnologia tem auxiliado empresas e orga-


nizações a tornarem seus serviços e processos cada vez mais
ágeis e dinâmicos. Analogamente as empresas que inserem a
tecnologia da informação em seus processos administrativos e
produtivos, o governo tende a se adequar às inovações tecno-
lógicas a fim de conseguir modernizar documentos, procedi-
mentos e fiscalizações.

Neste sentido, a implantação do Sped se estabelece de forma


conceitual, desmistificando e readaptando modelos de gestão.
O recurso exige das organizações prestadoras de serviços con-
tábeis diversas adaptações em suas rotinas, incluindo ajustes
em seus processos internos, com uso de novas tecnologias, ca-
pacitação dos envolvidos, além de estratégias de conscientiza-
ção da alta gestão das companhias.

No âmbito desse conceito, esta obra visa desmistificar aos


leitores questões acerca do Sped, apresentando o sistema de
maneira macro, como uma importante ferramenta da moder-
nização das áreas contábeis e tributárias. O livro contribuirá
para o conhecimento dos diversos subprojetos do Sped e dos
principais pontos de atenção para os profissionais e as orga-
nizações.

18
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

19
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Capítulo 1
Evolução do
sistema contábil

20
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Em um passado recente, a contabilidade era uma profissão


que realizava suas atividades através do uso constante e de-
masiado de papel. Era comum a utilização de documentações
em papel diante de uma função que sempre foi considerada
burocrática. Trata-se de um período em que organizações acu-
mulavam diversos e robustos livros, além de pastas e extensos
empilhamentos de papeis, que por vezes, corriam o risco de se
perderem em decorrência de inúmeros fatores.

Nesse contexto, o segmento contábil ficou marcado por um


sistema obsoleto para os tempos atuais, tendo que se reinven-
tar para buscar atender sua demanda.

Com o advento das novas tecnologias, as empresas de contabi-


lidade, bem como os profissionais da área voltam-se, cada vez
mais, a usufruir de softwares e de sistemas que possam apri-
morar e melhorar performances. Nessa premissa, é importan-

21
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

te destacar que a contabilidade evoluiu significantemente ao


ponto de se tornar 100% digital.

Hoje, a cadeia produtiva possui diversas informações gera-


doras de dados para a contabilidade que são por meio digital
tais como: a folha de pagamento, a escrituração fiscal, os docu-
mentos fiscais eletrônicos, dentre outros. Essas ferramentas
são compreendidas por aperfeiçoar procedimentos no âmbito
contábil, destacando veementemente a eficácia do cumpri-
mento das obrigações exigidas.

Contudo, torna-se fundamental investir em capacitações vol-


tadas para o avanço das novas tecnologias em função da conta-
bilidade. Aprofundar conhecimentos das ferramentas digitais
é garantir o sucesso na rotina dos procedimentos, bem como
das organizações. Nessa perspectiva é viável fazer uma com-
preensão fundamentada em torno da dialética da tecnologia
em prol da contabilidade.

A era da tecnologia da informação


Em um mundo direcionado para o virtual, bem como a moder-
nização de processos e máquinas, as organizações se voltam
para programar e gerenciar sistemas informatizados através
das novas tecnologias. Com essa vertente, o setor contábil pas-
sou a ganhar força para administrar a rotina operacional das
organizações. O uso crescente das tecnologias da informação
na contabilidade, no início das últimas décadas do século XX,
provocaram fortes mudanças no modo de produção e organi-
zação (gerir, produzir, e comunicar), configurando a chamada
“Era da Informação” ou “Sociedade do Conhecimento”. (MA-
CHADO; ALMEIDA, 2014).

Na Era do Conhecimento, o Sistema Público de Escrituração


Digital (Sped) veio para desenvolver uma nova visão da escri-

22
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

turação contábil e a relação entre o fisco e o contribuinte: “[...]


é um conjunto de ações das autoridades fiscais brasileiras no
sentido de obter informações sobre todas as operações das em-
presas em formato eletrônico, ou seja, a vigilância em tempo
real por parte do fisco”. (DUARTE, 2011). A informação é trata-
da como fonte de riqueza a partir de sua criação, manipulação
e distribuição, sendo um bem ativo nas organizações e fator
decisivo no contexto econômico e empresarial.

Em uma linguagem mais simplificada, o Sped trata-se de um


grande sistema do governo Federal, que foi desenvolvido com
o objetivo de receber as informações das empresas. Porém sa-
be-se que empresas possuem diversos tipos de informações,
porque existem vários segmentos, atividades, projetos e con-
sequentemente, muitos softwares e sistemas que gerenciam
tudo ao mesmo tempo.

Mas voltando a falar do passado, até para entender melhor so-


bre as transformações implícitas no processo do Sped, é fun-
damental entender que o início da década de 80 foi determi-
nante com o avanço dos microcomputadores, proporcionando
uma mudança de paradigma na computação empresarial. Os
dados, antes centralizados nos mainframes, passaram a ser
colocados nas mesas dos usuários e gerentes. É viável dizer
que a década foi considerada um marco revolucionário e deci-
sivo para o momento. Muitos sistemas de informação desen-
volvidos em empresas foram reconhecidos como estratégicos
devido ao grande impacto na competitividade e desempenho
das empresas.

É compreensivo e justo questionar essa dialética implicando


questionar que “os fins justificam os meios”? Esse paradigma
é devidamente solucionado quando se compreende que algu-
mas teorias relacionadas à Era da Informação podem ser es-
clarecedoras nesse sentido. Ainda nesse contexto, vale ressal-
tar que, a Tecnologia da Informação não abrange somente os

23
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

equipamentos de hardware, programas de software e comu-


nicação de dados, uma vez que interfere fundamentalmente
em todos os departamentos e processos de uma organização.
Novamente trazendo a análise de compreensão dessa premis-
sa para o contexto atual e do Sped, é de fundamental impor-
tância destacar que a tecnologia abrange documentos fiscais
eletrônicos tais como a Nota Fiscal Eletrônica, Cupom Fiscal
Eletrônico, Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica, Conheci-
mento de Transporte Eletrônico, Manifesto Fiscal Eletrônico,
dentre outros que serão estudados nessa obra.

Mas o que seria do Sped sem os meandros inovadores do


segmento tecnológico? Segundo definição teórica de Foina
(2001), a Tecnologia da Informação é como o conjunto de
tecnologias, metodologias e procedimentos que atuam em
coleta, tratamento e disseminação das informações na orga-
nização. Nesse entendimento torna-se relevante observação
feita por Cruz (2008), que acrescenta: a TI abrange todo e
qualquer dispositivo com capacidade para armazenar dados
e informações aplicadas ao produto e aos processos como
um todo. Essas definições ratificam a plena associação que o
Sped tem em relação à TI.

24
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Segundo os autores Szafir-Goldstein e Souza (2014, p. 2), no


início dos anos 90, ocorreram mudanças consideráveis concer-
nentes à tecnologia da informação nas organizações, uma vez
que se tornou um elemento imprescindível tanto para as ativi-
dades da empresa como para os serviços e produtos do negó-
cio. Vale salientar que tal premissa se aplica diante da atual re-
alidade da área contábil, bem como de toda a cadeia produtiva.
Após essa grande manifestação tecnológica enfatizada pelos
autores, ocorrida nos anos 90, é possível dizer que a informáti-
ca significa mais do que um conjunto de micros, é uma realida-
de concreta na vida das pessoas. Contudo, foi no século XX que
as tecnologias proposicionais ganharam corpo, isto é, saíram
de projetos, protótipos ou simples algoritmos e evoluíram para
a utilização da máquina.

Com base nessa percepção é que se materializa o avanço tecno-


lógico, fundamentalmente marcado pela evolução dos micro-
processadores e pela digitalização da informação, processos
ocorridos na segunda metade do século passado. Cordeiro e
Ribeiro (2014, p.4) destacam que:

A mudança ocorrida na sociedade do início do século XX até o


momento atual, graças principalmente aos avanços tecnológicos
e científicos, ampliaram as áreas do conhecimento, tornando o
homem moderno mais informado e exigente. Este processo teve
como principal consequência o deslocamento do poder que an-
tes era concentrado, tanto na sociedade como nas organizações,
e hoje é instável e dinâmico, movendo-se por todas as camadas,
adquirindo novas formas de acordo com a situação.

Como um relevante exemplo, no âmbito da esfera contábil, é


possível destacar sobre o uso demasiado de impressoras ma-
triciais. Hoje, esse tipo de equipamento anacrônico, que não
oferecia rapidez, precisão e segurança para as organizações,
foi substituído pelo uso de novas tecnologias proporcionadas
pelo avanço tecnológico. Em relação a essa observação, Cardo-

25
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

so (2004) admite em sua obra que a sociedade dos dias atuais


encontra-se significativamente apoiada nos modernos recur-
sos tecnológicos. De todas as tecnologias, o computador é um
dos mais presentes, uma vez que representa a base principal
das novas tecnologias.

De acordo com Drucker (2004, p. 34), “a estrutura organizacio-


nal tornou-se insuficiente para dotar as organizações de agilida-
de, mobilidade, inovação e mudanças necessárias para suportar
as novas ameaças e oportunidades dentro de um ambiente de
intensa turbulência”. Portanto, as mudanças tecnológicas estão
cada vez mais rápidas e voltadas para o destino das organiza-
ções. Trata-se de uma realidade assertiva e promissora para as
instituições, bem como de uma sociedade. É como enfatiza Fer-
retti et al. (2010), o homem está vivendo a Segunda Revolução
Industrial, Revolução da Informática ou Revolução da Automa-
ção, ou seja, a era das máquinas inteligentes.

Compreende-se então que, é notório que a introdução de


uma nova tecnologia veio causar grandes transformações no
contexto social e que esse novo contexto veio desencadear o
aparecimento de outras tecnologias semelhantes. No campo
de trabalho das empresas prestadoras de serviços contábeis,
o uso de uma nova tecnologia por parte dos órgãos fiscaliza-
dores trouxe como consequências a necessidade imediata de
adaptação e utilização de novos e modernos recursos. Contu-
do, gestores e demais técnicos que atuam nesse segmento bem
sabem da significância de substituir procedimentos manuais
por digitais. Nesse ponto de vista, a nota fiscal eletrônica, que é
um subprojeto do Sped, e que veio antes mesmo da instituição
do sistema, é um exemplo de modernização tecnológica a ser
considerado pelas organizações.

Segundo Ferretti et al. (2010, p. 173), com as novas tecnologias,


aumenta-se a relação entre meios de produção e número de
trabalhadores empregados na produção, alterando-se a com-

26
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

posição técnica do capital e a relação entre capital constante


e capital variável. Desta forma, apresenta-se um conjunto de
procedimentos que definem uma maior eficácia na obtenção,
transmissão e processamento das informações. Sobre a ques-
tão, Rummert (2000, p. 166) menciona:

as novas tecnologias não são educadoras. Elas exigem um apren-


dizado anterior: o aprender fazendo na fábrica vai sendo subs-
tituído radicalmente. As novas tecnologias transferem, ainda,
a qualificação do trabalhador para o posto de trabalho; muitas
ocupações são substituídas por máquinas. Por serem as tecnolo-
gias muito vulneráveis e rapidamente superadas, o empresariado
volta-se para o trabalhador.

Atualmente, a tecnologia influi em todo o processamento da


atividade de uma empresa tornando-a apta quanto a sua efi-
ciência e eficácia. Essas organizações também entendem e
gerenciam os riscos associados, tais como as crescentes de-
mandas regulatórias e a dependência crítica de muitos proces-
sos de negócios relacionados ao segmento. Na realidade, a TI
representa uma solução organizacional e administrativa para
os desafios e problemas advindos de um ambiente de geren-
ciamento de negócios.

Segundo Raeder (2014), a evolução da TI contribui para o de-


senvolvimento de organizações inteligentes que se caracteri-
zam pela disponibilidade de sistemas informacionais de apoio
aos processos operacionais, estratégicos e gerenciais refletin-
do diretamente nos resultados da empresa. Já a argumentação
de Turban (2004) em relação a essa questão complementa que,
um sistema de informação estratégica ajuda a organização a
obter maior vantagem competitiva e capacidade de melhorar
significativamente o desempenho e a produtividade.

Nesse contexto, a área da TI mostra-se fundamental para a so-


brevivência das empresas modernas, uma vez que organiza-

27
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ções bem posicionadas visam ao devido alinhamento de seus


negócios mediante os benefícios da tecnologia. Em uma lin-
guagem popular, é como se fosse o coração de um corpo huma-
no. Sem ele, não há vida. Em um raciocínio lógico sobre essa
perspectiva, Silva (2009) acrescenta que a TI não é vista apenas
como um mecanismo de suporte, mas como um setor atuante
da alta gerência provendo decisões e conquistando cada vez
mais um espaço de integração ativa. Já Porter e Millar (2014, p.
152) destacam que:

a TI não somente afeta a maneira como cada atividade individu-


al é realizada, pois, através de novos fluxos de informação, está
aumentando a habilidade das empresas para explorar o elo entre
as atividades internas e externas à empresa. A tecnologia está
criando novas ligações entre essas atividades e agora as empresas
podem coordenar suas atividades em conjunto com seus clientes
e fornecedores.

Com a utilização comercial da internet, a cadeia de forneci-


mento como um todo tem ocupado um lugar de destaque no
planejamento da TI das organizações. Na opinião de Szafir-
-Goldstein e Souza (2014), “a redução de custos, a melhoria no

28
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

controle dos processos e a utilização de sistemas estratégicos


estão diretamente ligadas à busca pela melhoria da competi-
tividade da empresa”. Hoje, quando a interligação de clientes
e fornecedores em cadeias de suprimento é preponderante, a
utilização de TI de informação pode ser considerada como um
fator de sobrevivência.

É dentro desse contexto que o Sped entra como uma ferra-


menta fundamental para a contabilidade. O projeto atua com
subprojetos interligados à eficiência tecnológica, garantindo
celeridade e segurança diante das obrigações previstas pela
legislação vigente. Em sua apresentação disponível no sítio
eletrônico sped.rfb.gov.br, a definição do Sped se resume à
modernização sistémica atual do cumprimento de obrigações
acessórias geradas por contribuintes aos órgãos responsáveis.
Ou seja, isso implica em um substancial melhoramento das
atividades contábeis e segmentos afins ou organizações que
lidam com a tecnologia ou que necessitam lidar. Até porque se
sabe que a conformidade tributária é um termo atual de tama-
nha relevância para a contabilidade e que está diretamente in-
serida nesse contexto da modernização através da ferramenta
Sped.

A TI melhora o desempenho dos negócios utilizando o modelo


das quatro fontes: otimização, reformulação, informações in-
ternas e informações externas, segundo percepção de Hunter
(2011). As oportunidades de aperfeiçoamento giram em torno
do uso de TI para dinamizar os processos por meio da auto-
mação ou consolidação. Essa reformulação inclui a redução de
custos e a possibilidade de autosserviço. Ou seja, as oportuni-
dades de informações internas surgem quando a TI fornece
informações que os funcionários da empresa podem usar para
melhorar seu próprio desempenho. Já as informações externas
são uma fonte poderosa de valor que poucas empresas encon-
traram maneiras de aproveitar.

29
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A relação custo-benefício em instituições é fator determinante


na tomada de decisão. No âmbito do setor contábil, essa pers-
pectiva também é legítima. Segundo Albertin e Moura (2007),
o uso de TI oferece benefícios para o negócio que incluem cus-
to, produtividade, qualidade, flexibilidade e inovação, sendo
que cada uso tem uma composição própria desses benefícios.
O desafio das organizações é determinar, mais precisamente
possível qual dos proveitos é realmente ofertado e desejado,
uma vez que essa identificação será a base para a confirmação
dessas vantagens.

No contexto das empresas prestadoras de serviços contábeis,


são muitos os softwares que permitem o compartilhamento
de informações, aplicativos e periféricos entre vários equipa-
mentos. E nessa premissa, é fundamental considerar o Sped
como grande alicerce tecnológico (software de tributos) para
o desenvolvimento e eficiência das atividades que envolvem
a contabilidade, especialmente pelo sistema aprimorar atra-
vés de seu formato digital, mecanismos ligados às obrigações
acessórias exigidas pela legislação tributária.

História e evolução do sistema contábil


Diante da perspectiva que contempla empresas de serviços
contábeis, faz-se necessário ressaltar que a contabilidade de-
sempenha o papel de controlar os fatos, mediante registros
contábeis, ocorridos em patrimônios das instituições. É sabido
que a função tem como finalidade executar e administrar as
informações patrimoniais. Mas antes de entrar num contexto
mais aprofundado sobre o Sped em relação à evolução do siste-
ma contábil, é fundamental enfatizar que empresas precisam
gerenciar seus riscos no que diz respeito às atividades econô-
micas e sem se descuidar de riscos fiscais. É preciso considerar
que o risco fiscal pode fechar a porta de uma empresa.

30
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A contabilidade é uma ciência social que abrange os conheci-


mentos necessários para o estudo, controle e avaliação do pa-
trimônio de pessoas físicas e jurídicas, nos aspectos quantita-
tivos e qualitativos, segundo Coelho e Lins (2010). Diante disso
vale destacar que para fazer gestão tributária ou estar confor-
midade tributária é necessária a aplicação de três princípios
básicos: conformidade tributária, planejamento tributário e
auditorias preventivas.

É possível pensar em uma relação de intimidade com a con-


tabilidade, sendo ela personagem principal ou secundário em
nossas vidas? Franco (1996, p. 22) desmitifica isso afirmando
que “a contabilidade desempenha, em qualquer organismo
econômico, o mesmo papel que a história na vida da humani-
dade”, pois, sem a contabilidade, não se conheceria o passado
nem o presente econômico das empresas, além de não ser pos-
sível a elaboração de projetos e planos para o futuro.

Alguns historiadores relatam que os primeiros sinais da exis-


tência de contas surgiram há aproximadamente 4.000 A. C..
Entretanto, antes disso, o homem primitivo, ao inventariar o
número de instrumentos de caça e a pesca disponível, ao con-
tar seus rebanhos, já estava praticando uma forma rudimentar
de contabilidade.

Alguns pesquisadores afirmam que o início das práticas rela-


cionadas com o controle das contas data mais de mil anos antes
de Cristo. Para outros, tais preocupações são tão velhas quanto
à humanidade. Para mensurar, avaliar, e controlar seus bens
pessoais desde os tempos remotos, os reis, faraós, comerciantes,
agricultores, etc., utilizavam técnicas de registros, o que pode ser
entendido como o início da Contabilidade como hoje é conhecida.
(OLIVEIRA; NAGATSUKA, 2000 p. 19).

Em face disso, de acordo com os autores Oliveira, Silva e Feital

31
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

(2014, p. 2), a contabilidade se originou com a necessidade de


registros do comércio. Indícios apontam que as primeiras ci-
dades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não
era exclusiva deles, já sendo praticadas nas principais cidades
da antiguidade. A dialética sobre o assunto também pode ser
compreendida no trecho a seguir:

Na República Romana (200 A.C.), nos registros governamentais,


já eram utilizadas as receitas de caixa, que eram classificadas
como rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salá-
rios, perdas e diversões. No mundo antigo, a Contabilidade sur-
ge com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã. A
Contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha
como objeto o patrimônio, representado pelos rebanhos e outros
bens nos seus aspectos quantitativos. A Contabilidade do mundo
medieval, período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, foi um
período importante tanto na história do mundo, quanto na his-
tória da Contabilidade. Foi quando a indústria artesanal prolife-
rou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração
e metalurgia. A Contabilidade do mundo moderno, período que
vai de 1494 até 1840, é considerada a fase da pré-ciência. Para se
estabelecer um controle das inúmeras riquezas, que o novo mun-
do representava, a Contabilidade tornou-se uma necessidade.
(COTRIN et al., 2014, p.47).

República Romana

32
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Ainda sobre a história da contabilidade, Sá (1997) descreve que


a ela nasceu junto com a civilização e que seus progressos qua-
se sempre coincidiram com as características da própria evo-
lução humana. A contabilidade jamais deixará de existir em
decorrência das civilizações, uma vez que existe grande liga-
ção entre a ela e a história dos seres humanos. Os primeiros
registros surgiram com a necessidade de um simples controle
de identificação e quantidade dos objetos.

A data de origem da Contabilidade não se pode definir, uma vez


que existem informações muito antigas de séculos A.C que já
comprovam o uso de métodos para contagem e controle de situa-
ções do cotidiano, como, por exemplo, os desenhos realizados nas
paredes das cavernas pelos primeiros homens, para monitorar
a quantidade de alimento e de animais que eles possuíam. Essa
contagem era realizada com os materiais que eles dispunham na
época e de acordo com o seu grau de conhecimento, ou seja, de
maneira muito remota. A Contabilidade foi se aperfeiçoando e
se desenvolvendo com o passar dos anos, pois os métodos eram
muito arcaicos, então se viu a necessidade de se aprimorar para
resultados mais rápidos e com um maior número de informações,
para explicitar ao máximo todos os dados solicitados (RODRI-
GUES et al., 2011 , p.16).

Portanto, a contabilidade não surgiu de acordo com leis ou


parâmetros estipulados por alguém ou alguma constituição.
Desde muito antes das grandes civilizações e de qualquer ou-
tro tipo de organização das massas, já existiam métodos con-
tábeis. Compreende-se, consequentemente, que ela surgiu
pela própria necessidade humana no sentido de buscar um
controle das situações. Segundo Sá (1999, p. 17), antes que o
homem soubesse escrever e antes que soubesse calcular, criou
ele a mais primitiva forma de inscrição que foi a artística, da
qual se vale para também evidenciar seus feitos e o que havia
conquistado para seu uso.

33
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

No entanto, com a evolução tecnológica e as necessidades so-


ciais, houve um grande aumento dos usuários da contabilida-
de, criando assim a necessidade de demonstrar as realizações
para a sociedade, ao contrário do que era feito antigamente,
em que somente o proprietário tinha acesso a essas informa-
ções. De acordo com Johem (2008), com o passar dos tempos e
a humanidade com a necessidade de se preservar, foram aper-
feiçoando-se as técnicas de registros e controles. Com o surgi-
mento das partidas dobradas, Sá (1997, p. 35) ressalta que:

as partidas dobradas, no seu registro mais antigo, foram em


1292, embora reconheça que existem provas esparsas, oriundas
da cidade de Siena na Toscana, Itália. No entanto, o mais com-
pleto documento, em partida dobrada, é um Diário, iniciado em
1403, descoberto por Melis, que se encontra nos arquivos Datini,
da cidade de Prato, na Toscana, Itália. Este foi o sustentáculo
para que esse ilustre historiador da Contabilidade apresentasse
sua tese que derrubaria a anterior sobre o nascimento da partida
dobrada; ou seja, com seus esforços provou que a Toscana é a terra
onde com maior probabilidade nasceu a partida dobrada.

Com esse raciocínio, é possível afirmar que o Sped veio para


aperfeiçoar técnicas operacionais de registros, mantendo o
controle de todas as operações (ou tipos de informações) atra-
vés de seu monitoramento em relação ao recebimento de in-
formações das empresas. Já os subprojetos (projetos menores),
braços do projeto Sped, aprimoram as atividades com a utili-
zação de tipos, que são conjuntos de informações.

Para Schmidt (1996, p. 37), posteriormente ao aparecimento


das partidas dobradas foram surgindo os primeiros métodos
para a sua transcrição em papel, em sistemas ou em impressão
de livros:

1º - desenvolvimento econômico na área abrangida entre as cida-

34
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

des de Veneza, Gênova e Florença, criando um ambiente de ne-


gócios e um nível comercial bem mais sofisticado que o conhecido
até então, dando origem a uma demanda de sistemas contábeis
sofisticados;

2º - a aprendizagem da tecnologia de impressão de livros na Ale-


manha e sua rápida disseminação para os grandes centros co-
merciais da Europa, principalmente no norte a Itália.

É reflexivo pensar que a grande revolu-


ção de uma sociedade sempre teve
ligação com a contabilidade. Se-
gundo Iudicibus (2000a), que
também enfatiza sobre o
surgimento da contabili-
dade, a função existe desde
os primórdios da civilização e,
durante um longo período, foi tida
como a arte da escrituração mercantil. O homem enriquecia,
e isso impunha o estabelecimento de técnicas para controlar
e preservar os seus bens. Através dessa contextualização, se
inicia a história da contabilidade, que se divide em quatro pe-
ríodos. São eles:

CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - período que se ini-


cia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã;

CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai


de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de
Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas)
de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que a te-
oria contábil do débito e do crédito corresponde à Teoria dos
Números Positivos e Negativos, obra que contribuiu para inse-
rir a Contabilidade entre os ramos do conhecimento humano;

CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai

35
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra “La Contabilità


Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche”, da auto-
ria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria;

CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se


inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. Com todo o avan-
ço da ciência verificado nos últimos anos, a área contábil igual-
mente vem seguindo o ritmo da evolução da informática e está
trilhando os caminhos do desenvolvimento, visando a atingir
os padrões de agilidade e qualidade exigidos pela sociedade.

Na opinião de Souza (2012, p. 16), a Contabilidade de manei-


ra manuscrita exigia além de grandes controles das anotações
das operações da empresa, um tempo muito elevado para fazer
os balancetes, e a atualização desses resultados era algo extre-
mamente difícil.

Doravante, Thompson (1991, p. 22) também contribui sobre a


história da contabilidade. Ele acrescenta:

Compare estas duas cenas. Um atarefado empregado, com a gra-


vata afrouxada, maneja uma pesada máquina. Faz lançamentos
contábeis em uma ficha, atrás de qual há uma folha com carbo-
no. Depois transcreve essas informações no Diário. Ou, então, um
operador faz os mesmos lançamentos em um microcomputador,
com velocidade cinco vezes maior, deixando para o programa a
elaboração de relatórios, que depois serão emitidos pela impresso-
ra. É a diferença entre usar ou não a informática como ferramen-
ta no dia-a-dia do profissional da Contabilidade.

A contabilidade desenvolveu-se em resposta a mudanças no


ambiente, novas descobertas e progressos tecnológicos, segun-
do os autores Hendriksen e Breda (1999, p. 38). Não há motivo
para crer que o segmento não continue a evoluir em resposta
às mudanças que estamos observando em nossos tempos. De
acordo com os estudos de Oliveira (2003, p. 12):

36
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

a Contabilidade seguiu três procedimentos em sua evolução,


são eles: procedimento manuscrito; procedimento mecanizado e
procedimento informatizado. Hoje, a Contabilidade tornou-se
financeira, gerencial e de controle, o que a deixa mais complexa
e vital para as organizações no que se refere a produzir informa-
ções mais precisas aprimorando as tomadas de decisões. Dando
um destaque maior para o contabilista, como auditor e controller.

A história da contabilidade no Brasil é recente comparando-se


com os países europeus. Gelatti e Meneghetti (2010) mencio-
nam que o primeiro contato da contabilidade com o país ocor-
reu devido à necessidade de controle das transações mercan-
tis. Desde então, a contabilidade evoluiu significativamente,
tornando-se uma ferramenta indispensável à gestão das em-
presas.

Segundo Moscove, Simkin e Bagrannoff (2002, p. 408), a con-


tabilidade é um campo em que existe a necessidade de siste-
mas de informação especializados, devido a tantos problemas
que exigem especialização em auditoria, contabilidade de
custos, contabilidade tributária e contabilidade gerencial. Já
Souza e Ilarino (2010, p. 3) afirmam que a contabilidade não
trabalha isolada das outras áreas e muito menos visando aten-
der somente o fisco, ela tem grande relevância dentro de uma
organização fornecendo informações que traçam a continui-
dade e o desenvolvimento da empresa frente às exigências do
mercado atual.

Mas as transformações que destacariam mais ainda a ativida-


de de contabilidade foram determinantes no desenvolvimento
da área. Os autores Sasso e Rosa (2011) ressaltam que, nas úl-
timas décadas, ocorreram mudanças significativas nos proce-
dimentos contábeis, passando da escrituração manual para a
mecânica e atualmente para a eletrônica. Houve uma evolução
da escrita manual para a utilização de máquina de escrever

37
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

(datilografia), e hoje são utilizados os computadores, que co-


meçaram a ser difundidos por volta de 1980, juntamente com
sistemas informatizados que unem as diversas áreas de uma
empresa. A internet influenciou, de tal maneira, as pessoas e
as empresas que criou um novo mercado de atuação para os
profissionais das mais diversas áreas, incluindo a contábil. Os
softwares oferecidos facilitam os trabalhos contábeis propor-
cionando rapidez e segurança aos processos, evitando falhas e
gerando maior eficácia das informações.

Entretanto, para atingir esse grau de automação da conta-


bilidade, foi preciso romper as barreiras de implementação
provenientes da mudança de tecnologia e, até mesmo, do
comportamento do contador. Todavia, a informática repre-
senta grandes benefícios de um lado com a centralização das
informações, que antes eram controladas por várias áreas, e de
outro, com o nível gerencial das informações que auxiliam no
processo decisório.

38
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

“Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se da


contabilidade para arrecadar impostos e a torna obrigatória
para a maioria das empresas”, explanou Marion (1995, p. 24).
Baseado nesse conceito, as novas tecnologias, cada vez mais
avançadas, permitem os profissionais da contabilidade fazer
um melhor uso dessas ferramentas, tornando-as verdadeiras
estratégias de mercado, no que diz respeito à agilidade com
que são geradas, assim como à credibilidade delas, pois se ba-
seiam em dados do passado e presente permitindo traçar es-
tratégias para o futuro.

Já Souza (2012, p. 16) destaca que é evidente que, com a globa-


lização e o avanço do mercado mundial, as empresas passaram
a ter a obrigação de se modernizar, e, com ela, a contabilidade
passou da fase manuscrita para a mecânica. Os profissionais,
com o auxílio de máquinas, preenchiam as fichas de maneira
mais automática, tendo um significado avanço na praticidade
das informações.

Nesse contexto da história e evolução do sistema contábil, o


Sped representa uma evolução no conjunto de obrigações de
natureza acessória, primando pela modernização da adminis-
tração tributária que prioriza agilidade, segurança e eficiência
na prestação de informações e no cumprimento das obriga-
ções dos contribuintes. Ou seja, esse efeito modernizador se
estabelece após todo histórico da contabilidade, facilitando a
vida do contribuinte, melhorando a relação fisco-contribuinte,
além da contabilidade.

Como premissa básica, o Sped não tem


como objetivo alterar a forma como a
obrigação principal é apurada e paga.
Sabe-se que pelo tributário nacional,
os contribuintes dois tipos de obriga-
ção tributária, são elas: principal (pa-

39
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

gamento do tributo ou pagamento de penalidade pecuniária)


e acessória (escriturações de documentos, livros prestação de
informações ao fisco, o envio ou esclarecimento de qualquer
informação vinculada).

Ou seja, primando à modernização da administração tribu-


tária, com aspectos de agilidade, conforto e eficiência, o Sped
veio representando uma evolução no conjunto das obrigações
de natureza acessória além de facilitar a vida do contribuinte.

40
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

41
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 2
Sistema Público de
Escrituração Digital

42
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Contextualização

Antigamente, os livros de natureza fiscal ou contábil eram es-


criturados manualmente. Era nada mais que, um modelo con-
siderado anacrônico e obsoleto em relação aos tempos atuais.
Com o passar do tempo, essa escrituração se tornou informati-
zada, contexto esse em que esses tipos de livros de papel agora
são escriturados utilizando a tecnologia digital.

Com o surgimento do Sistema Público de Escrituração Digi-


tal (Sped), essas escriturações tornaram-se 100% digitais. Ou
seja, pequenas e grandes empresas passaram por processo de
adaptação ao Sped e com isso tiveram que informatizar proce-
dimentos, implicando utilizar métodos de sistemas de gestão
como medida proativa.

A padronização do Sistema proporcionou às empresas dimi-


nuição de custos através da eliminação da demasiada quanti-

43
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

dade de papel que era consumido no dia a dia. Além disso, o


projeto veio para simplificar as obrigações acessórias, redu-
zindo a necessidade de empresas receberem auditores fiscais
em suas instalações.

Em um cenário de riscos, onde fatores tais como tempo e pre-


venção são primordiais para o atingimento de metas das em-
presas, o uso Sped hoje gera celeridade na produtividade, se-
gurança na aplicação de seus subprojetos, e ainda promove o
fortalecimento do controle da fiscalização, bem como do com-
bate à sonegação fiscal.

Apresentação

A prática de uma função é diferente da teoria que ela apresen-


ta, e essa constatação não pode ser diferente. Imagine digitar
manualmente milhares de informações de bobinas de cupons
fiscais, para ao final desse procedimento se fazer o Sped. Num
passado recente, em meados de 2009, empresas do segmento
contábil perdiam muito tempo realizando esse tipo de proce-
dimento, utilizando impressoras matriciais, extintas nos tem-
pos atuais.

Para contextualizar melhor e entender o objetivo da escritu-


ração digital, faz-se interessante, antes, distinguir o papel de
impressoras fiscais térmicas e matriciais. Como impressora
“do bem”, a térmica imprime cupons fiscais em duas vias; uma
destinada ao cliente e a outra fica salva (de forma digital) na
memória da fita detalhe, constando dentro do equipamento.
Consequentemente, a impressora importa esse arquivo digita-
lizado para dentro do Sistema de Informações Contábeis, fer-
ramenta de extrema praticidade e relevância. Já a impressora
matricial podia ser considerada como a grande vilã da história
do setor fiscal, porque apresentava uma diferença crucial. O
equipamento também imprimia o cupom em duas vias, uma
ficava com o cliente, porém a outra ficava na bobina manual.

44
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Resumindo, o contador, para lançar todas as bobinas, que


apresentavam cerca de 10 metros, teria que digitar manual-
mente cupom a cupom para fazer o Sped delas. Por sorte do
destino, profissionais que atuam com o Sped hoje em dia, não
passam por isso.

Costumo dizer em treinamentos e palestras que o Sped pode


ser entendido de maneira simples, como um sistema que foi
criado para receber os mais diversos tipos de informações das
empresas. Ou seja, os documentos fiscais eletrônicos têm pa-
pel fundamental no contexto do sistema: as informações que
nascem dos documentos fiscais eletrônicos transitam pelas
escriturações fiscais e desaguam na contabilidade. O Sped tra-
ta-se de um sistema que une atividades de armazenamento de
dados de notas fiscais eletrônicas, e recepção, validando livros
e documentos que integram escrituração comercial e fiscal das
organizações. O fisco, por sua vez, definiu previamente o for-
mato que gostaria de receber cada tipo de informação, sejam
informações das operações comerciais acobertadas por notas
fiscais eletrônicas ou até mesmo dados complexos de natureza
fiscal e contábil.

É muito comum que nas organizações, a pessoa responsável


pela emissão do documento fiscal ou pela entrada da escritura-
ção desse documento no sistema gerencial da empresa, seja al-
guém com pouco conhecimento técnico, tanto do projeto Sped,
como da legislação da Nota Fiscal Eletrônica, e, principalmen-
te, dos tributos. Criado pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janei-
ro de 2007, conforme mencionado na introdução, o Sped faz
parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo
Federal (PAC 2007-2010) com objetivo de melhorar a relação
entre o fisco e os contribuintes por meio da informatização.
Por ser uma ferramenta do Governo, o Sistema é monitorado
pela Receita Federal. O processo de modernização do sistema
é compreendido em cumprimento das obrigações acessórias,
transmitidas pelos contribuintes às administrações tributá-

45
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

rias e aos órgãos fiscalizadores e, por isso, adota a certificação


digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos e,
dessa forma, assegura a validade jurídica destes. O Sped repre-
senta uma iniciativa integrada das administrações tributárias
nos âmbitos federal, estadual e municipal e, portanto, mantém
uma parceria bem-sucedida com vinte instituições, entre ór-
gãos públicos, conselho de classe, associações e entidades civis
na sua estruturação tendo iniciado com os seguintes projetos:
Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal Digital e a
NF-e - Ambiente Nacional.

Nesse sentido, a Nota Fiscal Ele-


trônica (NF-e) trata-se de uma
obrigação acessória que carre-
ga uma série de informações a
respeito da obrigação principal.
Como exemplo, na NF-e se preen-
che, em cada item, qual é o CST e
a tributação do PIS, Cofins, ICMS
e IPI. Além disso, a NF-e carrega
uma séria de informações de natureza gerencial da empresa
tais como: descrição do produto, código interno utilizado pela
empresa, NCM, unidade de medida, e todos vão compor a es-
crituração fiscal. Vale ressaltar que a nota fiscal surgiu em 2005
trazendo uma grande revolução como modelo operacional das
organizações. Ou seja, evoluiu-se de um contexto de papel, em
que notas eram produzidas de maneira manual, como já dito
no início deste capítulo, para um contexto que utilizava siste-
mas de impressão em formulários contínuos, e aderindo a um
modelo digital que traz impactos nas rotinas operacionais das
empresas.

Dentre sua ampla área de atuação, firma protocolos de coo-


peração com 27 empresas do setor privado, participantes do
projeto-piloto, visando tanto o desenvolvimento, como o dis-
ciplinamento dos trabalhos agrupados. Em conjunto com

46
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

as parcerias fisco-empresas, proporciona o planejamento e a


identificação de soluções antecipadas no cumprimento das
obrigações acessórias devido às exigências das administrações
tributárias. Por outro lado, cria como benefício para sociedade
um relacionamento de mútua transparência em que há a par-
ticipação efetiva dos contribuintes, contribuindo fortemente
para aprimorar mecanismos tributários e com alto grau de le-
gitimidade social.

Como já ressaltado, no portal do Sped é possível verificar a


definição que diz que o sistema consiste na modernização da
sistemática das obrigações acessórias, transmitidas por con-
tribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscaliza-
dores. Mas que tal simplificar melhor essa definição com um
olhar mais operacional e prático, com intuito de aprimorar a
prestação de serviço contábil? Ao pensar o Sped numa maneira
mais simples, pode-se dizer que ele é um grande sistema que
foi desenvolvido com o objetivo de receber as informações das
empresas.

Contudo, é sabido que existem vários segmentos que são ex-


plorados nas atividades econômicas do país, que empresas re-
cebem muitos tipos de informações, e consequentemente, que
diversos softwares controlam a gestão dessas empresas. Ou
seja, as informações são diferentes.

Para que o fisco possa usar essas informações de forma asser-


tiva nas fiscalizações e no gerenciamento de políticas públicas,
o mesmo desenvolveu um grande sistema que é divido em pro-
jetos menores, que se pode entender como subprojetos, mais
precisamente, “braços” de apoio do projeto Sped, e que divi-
dem esses conjuntos de informações por tipos.

Em suma, foi criado um layout detalhado intitulado Sped fis-


cal ou EFD ICMS IPI, para que contribuintes possam enviar,
em meio digital, informações a respeito desses tributos. A fer-

47
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ramenta faz a explicação de todas as informações de interesse


do fisco.

Nesse mesmo raciocínio, pode-se observar a EFD Contribui-


ções como um layout que foi desenvolvido para que os contri-
buintes possam enviar informações relacionadas ao PIS, Co-
fins, e a contribuição previdenciária sobre a receita bruta.

Desta forma, também consta o Sped Contábil, aonde os contri-


buintes enviam informações da contabilidade.

Já o Sped ECF tem a finalidade de receber as informações da


apuração do imposto de renda e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL).

Esses subprojetos são considerados de natureza acessória e


servem de subsídio para os interesses tributários que anseiam
por informações geradas pelos mesmos.

O Sped representa um conjunto de obrigações acessórias, mas


que como premissa básica, não tem como objetivo alterar a
forma como a obrigação principal é apurada e paga. Como se

48
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

sabe pelo código tributário nacional os contribuintes possuem


dois tipos de obrigação tributária: principal, referente ao pa-
gamento do tributo ou de qualquer penalidade pecuniária; e
acessórias: emissão de documento fiscal, escrituração (de do-
cumentos ou de livro) contábil e fiscal, além da entrega de de-
clarações.

A modernização da administração tributária tem como objeti-


vo dar mais agilidade, conforto e eficiência na prestação de in-
formações, no cumprimento das obrigações pelos contribuin-
tes, facilitando a vida do contribuinte, melhorando a relação
fisco-contribuinte, e, por conseguinte, da contabilidade.

Mesmo num cenário que aponta perspectivas não favoráveis


para o uso do Sped, é preciso desmitificar paradigmas e obje-
ções por parte de profissionais que atuam com o mesmo. Em
relação a essa realidade, é viável ter uma mentalidade aberta e
ressaltar que o projeto se trata de um novo modelo de apresen-
tação das informações, com nível de detalhamento, e que pro-
porciona um conhecimento muito maior que o modelo antigo
a respeito das operações praticadas pelos contribuintes.

Legislação

O Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 institui o Sistema


Público de Escrituração Digital (Sped). O que é interessante
observar é que, apesar do decreto que institui no ambiente ju-
rídico brasileiro o projeto Sped ser do ano de 2007 o primeiro
subprojeto desse grande sistema nasceu em 2005, a Nota Fis-
cal Eletrônica, por meio do Ajuste Sinief 07 daquele ano, fato
que estudaremos em capítulos à diante.

Por vezes, a legislação tributária no país é vista como comple-


xa e ao mesmo tempo esparsa. Em algumas situações torna-se
grande obstáculo para empresários.

49
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Para exemplificar sobre esse assunto, costumo sempre falar


em sala de aula, de um exemplo citado pelo professor Fábio
Rodrigues, que argumenta em torno da Lei nº 10.925 de 2004,
que determina, em seu 1º Art., que ficam reduzidas a zero as
alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição
para o financiamento da Seguridade Social (Cofins). Ou seja, a
regulamentação reduz a zero as alíquotas do PIS e Cofins leite
fluido pasteurizado, industrializado ou ultra de forma ultra-
pasteurizado.

Posteriormente o raciocínio segue com o questionamento


“mas e se questionássemos a Receita Federal se esse benefício
consegue alcançar o leite da cabra?”, em suma, de uma per-
gunta óbvia, já que se trata do mesmo leite. No entanto, com a
reflexão, faz-se necessário compreender o posicionamento da
Receita Federal.

Numa solução de consulta do ano de 2013, nº 114/13 / 8ª Região


Fiscal, a Receita Federal fez referência ao Decreto nº 30.691/52,
que cita em seu Art. 475, revogado pelo Decreto n° 9.013/2017
em seu Art. 245, que se entende por leite o produto oriundo da
ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de
vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Trazendo para
uma linguagem mais simplificada, para o decreto, na visão do
fisco, leite é apenas uma das vacas sadias e bem alimentadas.

Em suma, como mensurar isso para a prática? Se a vaca foi


bem alimentada ou se estava bem descansada, no intuito de
definir se o produto daquela ordenha da vaca, o leite, será tri-
butado ou terá o benefício da alíquota zero?

O entendimento da Receita Federal ficou expresso na resposta


da solução de Consulta nº 114, mencionada anteriormente. O
mesmo diz que “a redução a zero das alíquotas da Contribui-
ção para o PIS/Pasep (...) na redação que lhe foi dada pela Lei nº
11.488/07, no que tange ao leite é aplicável às receitas de venda

50
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

apenas do leite derivado de vaca, conforme se depreende do


Art. 475 de Decreto nº 30.691/52”.

Com isso, fica subentendida uma discussão pertinente, que


mostra que o cumprimento da obrigação tributária principal,
que é pagar o PIS ou a Cofins, passa pelo entendimento correto
de como se deve proceder no momento desse calculo. Na prá-
tica, a tributação é baseada na classificação da Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM). Ou seja, seria necessário ter que
classificar o NCM do leite da vaca de uma forma, e do leite da
cabra de outra. Ademais, no caso da utilização da mesma clas-
sificação de NCM, os produtos têm momentos distintos, em
que em um passa a ser tributado para fins de PIS/Cofins, e no
outro, de alíquota zero.

De acordo com a legislação que trata dos documentos fiscais,


ressalta-se o Convênio S/N de 1970, que determina que os con-
tribuintes do ICMS emitirão conforme as operações que reali-
zarem, os documentos: Nota Fiscal, modelo 1 ou 1-A; Nota Fis-
cal de Venda a Consumidor, modelo 2; Cupom Fiscal emitido
por Equipamento Emissor de Cupom Fiscal (ECF); Nota Fiscal
de Produtor, modelo 4. Nessa perspectiva, é imprescindível
entender sobre a obrigação principal do cálculo do tributo do
ICMS, que incide sobre a circulação das mercadorias.

O ICMS como um instrumento normativo muito forte no país


é um dos principais meios de arrecadação dos estados, e que
possui sua matriz constitucional definida conforme o Art. 155
da Constituição Federal de 1988.

Além disso, pode-se ressaltar também que diversos convênios


e protocolos que disciplinam em torno do ICMS, além das leis
complementares, se destaca a Lei Complementar nº 87 de 1996,
conhecida como Lei Kandir. Os regulamentos estaduais tam-
bém se inserem nesse contexto.

51
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Faz-se necessário entender também que a consulta aos regu-


lamentos estaduais é de extrema importância. Ela permite
verificar a instituição dos documentos fiscais eletrônicos, que
são constituídos por meio de ajustes de NFe, protocolos ou até
mesmo convênios.

No entanto, para exercer o cumprimento das obrigações do


Sped, é fundamental buscar entender também sobre a legisla-
ção estadual, particularidades como cronogramas, prazos, re-
gras no que diz respeito à implantação e excussão de projetos.

Benefícios

O Sped possibilita diversos benefícios, dentre os quais a redu-


ção não só do tempo despendido com a presença de auditores
fiscais nas instalações do contribuinte bem como do envolvi-
mento involuntário em práticas fraudulentas. O sistema faci-
lita também o aprimoramento do combate à sonegação fiscal.
As informações são acessadas de forma mais rápida, e são uni-
formizadas as que o contribuinte presta a qualquer uma das
unidades da federação gerando um controle mais eficiente e
robusto. Há uma simplificação dos procedimentos controla-

52
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

dos pela administração tributária e a redução de custos com


a racionalização das obrigações acessórias e de custos admi-
nistrativos.

Além disso, o projeto gera aumento da produtividade do au-


ditor com a melhoria da qualidade de informação visto que há
possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fis-
cais. Entre os próprios contribuintes há possibilidade de troca
de informações a partir de um leiaute padrão. Em tempos de
conscientização ecológica, a atuação com o Sped promove re-
dução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento
de documentos em papel.

O Sistema também proporciona benefícios na gestão tributa-


ria das empresas, uma vez que para seu atendimento as orga-
nizações necessitam investir na modernização dos processos
que geram informações para as áreas fiscais. Neste sentido, as
empresas passam a contar com dados estratégicos de custos,
rotatividade de itens, margem de contribuição dos produtos
de maneira analítica e completa.

São muitos os ganhos na adequação ao projeto Sped poden-


do destacar também a profissionalização de atividades que no
passado eram apenas operacionais, como o da escrituração de
documentos e que hoje ganham um ar moderno e de suma im-
portância para eficaz gestão tributária das organizações.

Os empresários, na sua grande maioria, são os principais gera-


dores de informações para os speds. Isso é algo visto também
como um paradigma. É perceptível uma abrangência (não ge-
neralizada) deles que acreditam veementemente que conse-
guem trabalhar num formato e modelo que trabalharam no
passado. Na ocasião, quando empresários praticavam atos de
qualquer interferência tributária, o contador contratado iden-
tificava tendo que corrigir equívocos no momento de fazer a
escrituração fiscal.

53
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Hoje, essa perspectiva é completamente diferente. Isso por-


que as informações são transmitidas e prestadas ao fisco de
maneira automática, eletrônica, o que implica dizer, numa lin-
guagem metafórica, que os contribuintes desse patamar estão
inseridos numa corda bamba. Ou seja, de um lado, eles preci-
sam se preocupar com a atividade empresarial e o sucesso dos
negócios. Por outro, não podem perder de vista a necessidade
de se fazer um gerenciamento eficaz dos aspectos tributários.
Ressalte-se que este último pressupõe um conhecimento casa-
do da legislação das obrigações principais e do cumprimento
das obrigações acessórias.

Histórico

Como todo surgimento de uma nova tecnologia, o Sped conta


com um breve histórico fundamental para ampliar o conheci-
mento sobre o sistema.

A Emenda Constitucional nº 42, aprovada em 19 de dezembro


de 2003, introduziu o inciso XXII ao artigo 37 da Constitui-
ção Federal que determina às Administrações Tributárias da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios atua-
rem de forma integrada, compartilhando cadastros e informa-
ções fiscais. Com o intuito de tratar acerca da referida emen-
da, promoveu-se em julho de 2004, em Salvador, o I Encontro
Nacional de Administradores Tributários (Enat) que contou
com a presença do secretário da Receita Federal, os secretários
de Fazenda dos estados e do Distrito Federal e o representante
das secretarias de finanças dos municípios das capitais.

O Enat teve como objetivo buscar soluções conjuntas com as


três esferas governamentais a fim de obter a maior integra-
ção administrativa com intercâmbio entre estas; diminuição
de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento;
melhoria da fiscalização com ações coordenadas e integradas,
entre outros. Em face disso, dois protocolos de Cooperação Téc-

54
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

nica foram aprovados, cuja finalidade era a construção de um


cadastro sincronizado para atender aos interesses das Adminis-
trações Tributárias da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios e, outro, de caráter geral, voltado ao desenvolvi-
mento de métodos e instrumentos para as referidas entidades
públicas. No ano seguinte, em São Paulo, ocorreu o II Enat, com
a presença dos mesmos representantes do encontro anterior a
fim de efetivar o intercâmbio quando foram assinados os Proto-
colos de Cooperação nos 2 e 3 para implantar o Sistema Público
de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica.

No âmbito da Receita Federal, o Sped faz parte do Projeto de


Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (Pma-
ta) que reside na implantação de novos processos apoiados por
sistemas de informação integrados, tecnologia da informação
e infraestrutura logística adequada. Dentre as medidas anun-
ciadas pelo Governo Federal, em 22 de janeiro de 2007, para o
Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010 (PAC) que
tem por objetivo promover a aceleração do crescimento econô-
mico no país, o aumento de emprego e a melhoria das condi-
ções de vida da população brasileira consta a implantação do
Sped e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), no prazo de dois anos,
no item referente ao Aperfeiçoamento do Sistema Tributário.

Objetivos

É importante destacar que não é obje-


tivo do Sped acabar com a sonegação
fiscal, pois se este fosse seu objetivo o
projeto já poderia ter sido dado como
um grandioso fracasso. O Sped obje-
tiva verdadeiramente dar rastreabi-
lidade às operações, permitindo que
ilícitos tributários sejam rapidamente
identificados em um processo de fis-
calização.

55
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Portanto, o Sped pretende agilizar a identificação de ilícitos


tributários tendo em vista a melhoria do controle dos proces-
sos, a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamen-
to de dados e auditoria eletrônica e acesso às informações.
Conforme adiantado, o sistema visa estabelecer o intercâmbio
entre os fiscos com a padronização e compartilhamento das
informações contábeis e fiscais, respeitadas às restrições le-
gais.

Outro foco do Sistema é racionalizar e uniformizar as obriga-


ções acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento
de transmissão única de distintas obrigações acessórias de di-
ferentes órgãos fiscalizadores.

Premissas

Dentre suas premissas destacam-se a eliminação da concor-


rência desleal no aumento da competitividade entre as empre-
sas; proporcionar melhor ambiente de negócios para as em-
presas no país e a manutenção da responsabilidade legal pela
guarda dos arquivos eletrônicos da Escrituração Digital pelo
contribuinte e por extensão reduzir os custos para este e dis-
ponibilizar aplicativos para emissão e transmissão da Escritu-
ração Digital e da NF-e para uso opcional pelo contribuinte.

Acrescente-se ainda que o documento oficial é o documento


eletrônico com validade jurídica para todos os fins. Pretende
utilizar a Certificação Digital padrão ICP Brasil, criar na legis-
lação comercial e fiscal a figura jurídica da Escrituração Digi-
tal e da Nota Fiscal Eletrônica.

Universo de atuação

A maioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de infor-


mática para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil.
As imagens em papel simplesmente reproduzem as informa-

56
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ções oriundas do meio eletrônico. A facilidade de acesso à es-


crituração, ainda que não disponível em tempo real, amplia as
possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da reali-
zação de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua
execução.

Na prática, diante de cruzamentos de dados do Sped, é possí-


vel elencar entre os principais erros mais encontrados no sis-
tema. São eles:

• Utilização de alíquotas incorretas de tributos


• Aproveitamento indevido de benefícios fiscais e/ou paga-
mento maior
• Falhas em parâmetros de software que geram divergências
entre obrigações acessórias
• Operações com contribuintes inativos ou inidôneos
• Ausências e omissões de informações

No âmbito do universo de atuação do Sped, vale enfatizar que


o sistema visa receber as diversas informações das empresas,
atuando através de subprojetos que são as segmentações des-
sas informações, sendo de natureza fiscal ou contábil.

57
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Destaca-se, ademais, que as principais dificuldades do projeto


são de ordem tecnológica, processuais (de processos), gestão
da informação, e por vezes, de capital humano.

Os riscos fiscais na operação do Sped podem ser gerenciados


conciliando o conhecimento da legislação tributária principal
com o conhecimento da legislação tributária acessória. Desta
forma evitam-se os principais erros cometidos, dentre eles: a
utilização erradas de alíquotas; pagamento indevido a maior;
omissões de informações.

58
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

59
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 3
documentos
fiscais
eletrônicos

60
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Preâmbulo

Sem dúvida, os documentos fiscais eletrônicos representaram


o maior impacto do projeto Sped para a sociedade, visto que
a substituição de notas fiscais em papel pelos seus equivalen-
tes eletrônicos atingiu um enorme número de empresas em
todo país. Como autor dessa obra, abro parêntese a respeito
disso, para lembrar estórias consideradas cômicas como o en-
vio de Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (Danfe)
por fax, ou até mesmo utilizando os correios, em meados de
2006-2007. Porém, nos tempos atuais, os documentos fiscais
eletrônicos são uma realidade em quase todas as organizações.
No que tange aos módulos de documentos fiscais eletrônicos
do Sped, todos os anos são quebrados recordes de utilização
destes modelos e em 2015 mais recordes foram alcançados,
tanto na Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) quanto no Conhecimen-
to de Transporte Eletrônico (CT-e). A NF-e – um dos grandes

61
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

projetos do Sped – conta atualmente com mais de 13 bilhões de


documentos autorizados. O projeto é desenvolvido, de forma
integrada, pelas secretarias de Fazenda dos estados e Recei-
ta Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo Enat
03/2005, de 27/08/2005, que atribui ao Encontro Nacional de
Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (En-
cat) a coordenação e a responsabilidade pelo desenvolvimento
e implantação do Projeto NF-e.

Ademais, a Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), do-


cumento digital para o varejo, tornou-se realidade em quase
todos os estados da Federação com imenso potencial de sim-
plificação das relações de consumo.

O Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) também é


projeto desenvolvido, de forma integrada, pelas secretarias de
Fazenda dos estados e Receita Federal do Brasil. O número de
documentos autorizados alcançou 1,3 bilhão em 2015.

Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)

Primeiramente, a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) pode ser en-


tendida como um documento de existência de viés apenas
digital, em formato XML. Esse mesmo documento, que tem
como principal objetivo documentar uma operação de circu-
lação de mercadorias (geralmente entre pessoas jurídicas) é
emitido e armazenado eletronicamente. Sua validade jurídica
será garantida pela assinatura digital do remetente, utilizando
certificado digital. A recepção pelo fisco em relação ao arquivo
eletrônico, antes da ocorrência do fato gerador, garantirá a au-
torização do almejado documento fiscal.

Já o Danfe, que será abordado mais adiante, neste mesmo ca-


pítulo, parece nota fiscal, porque carrega informações seme-
lhantes, mas não é, e nem a substitui.

62
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

As secretarias de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Bra-


sil desenvolveram em conjunto o projeto Nota Fiscal Eletrônica
(NF-e)¹ a partir da assinatura do Protocolo Enat 03/2005, de 27
de agosto de 2005, que atribuiu ao Encat a coordenação e a res-
ponsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto
NF-e. O projeto justificou-se pela necessidade de investimento
público voltado para integração do processo de controle fiscal
por permitir não somente o melhor intercâmbio e comparti-
lhamento de informações entre os fiscos, redução de custos e
entraves burocráticos, facilitando o cumprimento das obriga-
ções tributárias e o pagamento de impostos e contribuições,
como também o aumento de controle e fiscalização.

Como já ressaltado, a nota fiscal eletrônica trouxe uma revolu-


ção no modelo operacional das organizações, evoluímos de um
contexto de papel, no qual as notas eram emitidas de maneira
manual, ou utilizando sistemas de impressão e formulários
contínuos, para um modelo completamente digital.

Convém enfatizar que o projeto possibilitou os seguintes be-


nefícios e vantagens às partes envolvidas, tais como:

• Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação;


• Redução de custos no processo de controle das notas fiscais
capturadas pela fiscalização de mercadorias em trânsito;
• Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal;
• Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um
melhor intercâmbio e compartilhamento de informações en-
tre os fiscos;
• Possibilidade do cruzamento eletrônico de informações;
• Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fis-
cal da Receita Federal e demais Secretarias de Fazendas Esta-
duais;

¹ Para obter mais informações sobre o NF-e, acesse o seguinte endereço:


www.nfe.fazenda.gov.br

63
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

• Fortalecimento da integração entre os fiscos, facilitando a


fiscalização realizada pelas Administrações Tributárias devido
ao compartilhamento das informações das NF-e;
• Aumento da produtividade da auditoria através da elimina-
ção dos passos para coleta dos arquivos;
• Rapidez no acesso às informações;
• Eliminação do papel.

Para que seja emitida uma fiscal eletrônica, é preciso realizar


alguns procedimentos. Dentre eles:

• Possuir certificado digital credenciado ao ICP-Brasil (infra-


estrutura de chaves públicas);
• Solicitar credenciamento junta à Secretaria de Fazenda do
seu estado;
• Preparar um sistema de faturamento ou que utilize um emis-
sor gratuito;
• Testar por diversas vezes, em ambiente de homologação, to-
das as situações comerciais da operação que se irá praticar, an-
tes de ir para o ambiente de produção;
• Emitir em ambiente de produção.

Contudo, para finalizarmos o estudo deste item, vale frisar que


a NF-e é um documento de existência apenas digital, emitida
e armazenada eletronicamente, que tem validade jurídica ga-
rantida pela assinatura digital e pela autorização do fisco antes

64
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

mesmo da ocorrência do fato gerador. Em regra, a nota é uti-


lizada para acobertar operações comerciais entre pessoas jurí-
dicas. Não para o consumidor final ou pessoa física, pois para
essas operações os documentos hábeis são outros modelos a
serem estudados, mais adiante, nessa obra.

Porém, existem circunstâncias em que a nota passa a ser um


documento hábil mesmo para pessoa física. Um exemplo disso
é quando ocorre uma operação interestadual. Se o contribuin-
te está vendendo para outro estado, nessa hipótese, a NF-e mo-
delo 55 passa a ser o documento hábil.

Nesse contexto, é fundamental lembrar que o arquivo XML é


o arquivo da própria NF-e, é o leiaute que nota a existe, e esta
precisa ser necessariamente arquivado no intuito de se ter um
gerenciamento eletrônico dos documentos gerados. De nada
adianta arquivar o Danfe, que é um documento auxiliar, e não
ter o arquivo XML.

O Danfe, como um documento auxiliar da NF-e, existe com al-


gumas finalidades, dentre elas, de acompanhar o trânsito da
mercadoria e para facilitar o processo de escrituração dos do-
cumentos fiscais.

É importante também lembrar que, não se pode utilizar uma


carta de correção para alterar valores de tributos, data de emis-
são e saída da mercadoria, ou informações do destinatário do
emitente. Todavia, para todas as demais informações como
NCM, endereço, descrição de um produto ou informação com-
plementar, tudo isso poderá ser corrigido em um documento
por meio da utilização da carta de correção.

Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e)

O Projeto Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) é de-


senvolvido pelas secretarias de Fazenda dos estados e Receita

65
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo ENAT


03/2006, de 10 de novembro de 2006, e cuja coordenação e res-
ponsabilidade são atribuídas ao Encat.

Conhecido pelo modelo 57, o Conhecimento de Transporte


Eletrônico trata-se de um novo modelo de documento fiscal
eletrônico que foi instituído pelo Ajuste Sinief 09/07, de 25 de
outubro de 2007, que poderá ser utilizado para substituir um
dos seguintes documentos fiscais:

• Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo


8;
• Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas, modelo
9;
• Conhecimento Aéreo, modelo 10;
• Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas, modelo
11;
• Nota Fiscal de Serviço de Transporte Ferroviário de Cargas,
modelo 27;
• Nota Fiscal de Serviço de Transporte, modelo 7, quando utili-
zada em transporte de cargas.
• E como documento fiscal eletrônico no transporte dutoviário
e, atualmente, nos transportes Multimodais, modelo 26.

O CT-e pode ser conceituado como um documento de existên-


cia exclusivamente digital, em formato XML, emitido e arma-
zenado eletronicamente, cujo objetivo é documentar a presta-
ção de serviços de transportes, a validade jurídica é garantida
pela assinatura digital do emitente e a Autorização de Uso for-
necida pela administração tributária do domicílio do contri-
buinte. Como subproduto do Sped, o CT-e é o que melhor cum-
pre a premissa do sistema, em termos de substituir modelos
em papel e eliminar a redundância de obrigações acessórias.

Para explanar melhor sobre o CT-e, é possível elencar suas


principais vantagens em relação a três vertentes, dentre elas:

66
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

1) Economia:
• Custo de impressão dos documentos fiscais
• Aquisição de papel
• Simplificação de obrigações acessórias
• Armazenamento de documentos – GED

2) Agilidade:
• Redução do tempo de parada de caminhões em postos fiscais
• Incentivo ao B2B, diante da utilização de padrões abertos de
comunicação.

3) Fisco:
• Aumento da confiabilidade e controle fiscal
• Diminuição de sonegação e aumento da arrecadação

Mas vale destacar que existem procedimentos para emissão do


CT-e:

• Solicitar credenciamento na Sefaz


• Possuir certificação digital (modelo A1 ou A3)
• Ter acesso à internet
• Adaptar seus sistemas de faturamento ou usar o “Emissor de
CT-e” gratuito (modais: rodoviário e aquaviário)
• Testar seus sistemas em ambiente de homologação

Ressalte-se que o Documento Auxiliar do Conhecimento de


Transporte Eletrônico (Dacte) é um documento auxiliar do
CT-e que possui como funções: conter a chave numérica de 44
posições (a mesma que poderá ser encontrada nos demais do-
cumentos fiscais eletrônicos), acompanhar a mercadoria em
trânsito, além de auxiliar no processo de escrituração. O sis-
tema apresenta as seguintes características: a possibilidade de
ser impresso em qualquer tipo de papel (exceto papel de jornal)
e deve ser sempre impresso antes da circulação da mercadoria.
É importante que esse documento permita a legibilidade do
conteúdo, no prazo mínimo de meses.

67
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Existem três formas de contingências do Conhecimento de


Transporte Eletrônico, que também se aplicam à NF-e modelo
55. São elas: FS-DA – Formulário de segurança documento au-
xiliar, EPEC – Evento prévio de emissão em contingência, SVC
– Sefaz virtual de contingência (método mais convencional).

Por vezes, o técnico da área contábil, que opera com o Sped, se


questiona por que tais contingências não foram trabalhadas
na nota. A resposta se deve ao fato de que como se aplica ao
mesmo modelo de documento, fica mais pertinente se traba-
lhar no Conhecimento de Transporte, onde as demais possibi-
lidades de contingências são mais comuns.

Para fechar o tópico, vale destacar que prazo para o cancela-


mento do Conhecimento de Transporte Eletrônico é de sete
dias.

Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos (MDF-e)

Manifesto Eletrônico de Docu-


mentos Fiscais (MDF-e) é o do-
cumento digital, logo, emitido e
armazenado eletronicamente e
serve para vincular os documentos
fiscais transportados na unidade
de carga utilizada, cuja validade
jurídica é garantida pela assinatu-
ra digital do emitente e autoriza-
ção de uso pelo Ambiente Autorizador. A legislação aprovada
que institui o MDF-e é o Ajuste Sistema Nacional de Informa-
ções Econômicas e Fiscais (Sinief) 21/2010. Todavia também
é possível consultar o Convêncio ICMS 92/2012, o Ato Cotepe
38/2012 (layout), além dos ajustes Sinief 24/2010 e 14/2014.

O projeto do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais


(MDF-e) tem como objetivo a utilização de um modelo nacio-

68
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

nal de documento eletrônico que substitua o convencional e


em papel manifesto de carga. O novo documento foi desenvol-
vido de maneira integrada pela Receita Federal do Brasil (RFB),
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e re-
presentantes das transportadoras e Agências Reguladoras do
segmento de transporte, a partir da assinatura do protocolo
Enat, que atribuiu ao Encat a coordenação e a responsabilida-
de pelo desenvolvimento e implantação do projeto. O MDF-e
veio para substituir o antigo modelo 25 de cargas, mais conhe-
cimento como protocolo fiscal. Nesse manifesto de carga eram
especificadas as notas fiscais que estavam sendo transporta-
das em uma unidade de cargas. Em seu equivalente eletrônico,
observa-se a substituição do papel pelo modelo digital.

O sistema deverá ser emitido pelos contribuintes emitentes de


CT-e, no transporte de cargas fracionadas, assim entendida a
que corresponda a mais de um conhecimento de transporte ou
pelos contribuintes emitentes de NF-e no transporte de bens
ou mercadorias acobertadas por mais de uma NF-e, realizado
em veículos próprios ou arrendados, ou mediante contratação
de transportador autônomo de cargas.

Dentre as finalidades do MDF-e destacam-se:

1. Permitir o rastreamento da circulação física da carga;


2. Identificar o responsável pelo transporte a cada trecho do
percurso;
3. Consolidar as informações da carga acobertadas por vários
CT-e ou NF-e;
4. Agilizar o registro em lote de documentos fiscais em trân-
sito;
5. Registrar as alterações/substituições das unidades de trans-
porte ou de
carga e seus condutores;
6. Registrar o momento do início e do fim da operação.

69
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O modelo do documento fiscal eletrônico, MDF-e, é reconheci-


do como hábil para declarar a carga transportada em qualquer
dos modais de transporte, por todo o território nacional, ten-
do sua validade jurídica garantida pela assinatura digital do
emitente e autorização de uso concedida pela administração
tributária. Ademais, todos os estados da Federação aprovaram
o documento pelo Ajuste Sinief 21/2010.

Quem deve emitir o MDF-e:

1. Contribuinte emitente de CT-e, no transporte de carga fra-


cionada (mais de um CT-E)
2. Contribuinte emitente de NF-e, no transporte de bens em
veículos próprios acobertados por mais de uma NF-e.
Obs: Sugere-se pesquisa à legislação do estado onde será feito
o MDF-e.

Ressalte-se que, a obrigação será do destinatário quando ele


for responsável pelo transporte. Como exemplo disso, imagine
que você vendeu a mercadoria e levará a mesma até o desti-
natário, logo, a responsabilidade pela emissão do manifesto é
sua. De outra forma, se você está fazendo a mercadoria, mas o
próprio destinatário é responsável pelo transporte, a respon-
sabilidade pela emissão do manifesto passa a ser dele.

O cancelamento do manifesto, para autorizados e sem ocor-


rência do fato gerador, poderá ser feito no prazo de 24h, utili-
zando o uso de web service de eventos. Contudo, é importante
destacar que existe uma diferença entre cancelamento e en-
cerramento de manifesto. O encerramento deve ser informado
ao fisco o fim da vigência (término do trajeto ou alteração nas
informações), devendo ser registrado sempre no fim do per-
curso. Com isso, não será autorizado outro manifesto para o
mesmo veículo caso não haja o encerramento anterior. Se hou-
ver pendência, fica inviável emitir novo manifesto para a uni-
dade transportadora de cargas.

70
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Como um protocolo fiscal, o MDF-e não irá constar na escritu-


ração fiscal visto que o mesmo possui campos e registros para
ser preenchido.

De acordo com a legislação Ajuste Sinief 21/2010, emitentes de


CT-e ou de NF-e estão automaticamente credenciados a não
emissão do manifesto, que poderá ocasionar a aplicação de
multas. No Ceará esse tipo de multa é de 200 UFIR, por do-
cumento não emitido, ou seja, R$ 667,80. O mesmo dever ser
emitido por unidade federada de descarregamento. Na práti-
ca, em um envio a uma unidade de transportes de cargas que
precisa descarregar mercadorias em três estados, logo deverão
ser feito três manifestos de carga.

O portal do MDF-e, mdfe-portal.sefaz.rs.gov.br, possui algu-


mas informações adicionais a respeito do projeto, onde é pos-
sível conhecer mais sobre a ferramenta e de sua implantação
nacional, além de objetivos, legislação, e possibilidades de ser-
viços. Como parâmetro, em 4 de maio de 2017, o portal apre-
senta o total de 72 milhões de MDF-e autorizados, e 3milhões
de emissores.

Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e)

A Nota Fiscal de Consumidor


Eletrônica (NFC-e) se apresen-
ta como uma alternativa total-
mente eletrônica para os atuais
documentos fiscais em papel
utilizados no varejo (cupom fis-
cal emitido por ECF e nota fiscal
de venda a consumidor, modelo
2), reduzindo custos de obrigações acessórias aos contribuin-
tes, ao mesmo tempo em que possibilita o aprimoramento do
controle fiscal pelas administrações tributárias. Com a NFC-e,
também o consumidor é beneficiado, ao possibilitar a confe-

71
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

rência da validade e autenticidade do documento fiscal rece-


bido via internet.

Neste sentido, a NFC-e propõe o estabelecimento de um pa-


drão nacional de documento fiscal eletrônico, baseado nos
padrões técnicos de sucesso da Nota Fiscal Eletrônica modelo
55, todavia adequado às particularidades do varejo e das ope-
rações com o consumidor final. Ou seja, sabe-se que os mo-
delos que existem hoje são manuais, em papel, tratando-se do
cupom fiscal eletrônico e da nota fiscal de venda/consumidor.
Ambos os modelos representam para o fisco um grande gar-
galo no momento das fiscalizações. A exemplo disso imagina-
-se um comércio varejista que emite um volume muito grande
de cupons fiscais por dia. Para que o fisco consiga fazer uma
eficaz validação das informações fornecidas nesses cupons, o
mesmo precisaria fazer uma análise aprofundada sobre esses
documentos. Nesse âmbito, entendem-se as diversas dificul-
dades que ocorrem diante de uma fiscalização, dentre elas,
quando o cupom fiscal se apaga, contém informações incorre-
tas, além das informações imprecisas muitas vezes ocorridas,
inclusive de origem de escrita ilegível, nas notas fiscal de ven-
da/consumidor série D (pequeno bloco de papel).

A Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e) consiste em


um documento de existência digital, pois, emitido e armaze-
nado eletronicamente, de operações comerciais de venda pre-
sencial ou venda para entrega em domicílio a consumidor final
(pessoa física ou jurídica) em operação interna e sem geração
de crédito de ICMS ao adquirente.

Dentre as principais vantagens do uso da NFC-e destacam-se:

• Dispensa de homologação do software pelo Fisco;


• Uso de Impressora não fiscal, térmica ou a laser;
• Simplificação de obrigações acessórias (dispensa de impres-
são de Redução Z e Leitura X, Mapa Resumo, Lacres, Revalida-

72
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ção, Comunicação de ocorrências, Cessação, etc.);


• Dispensa da figura do interventor técnico;
• Uso de papel não certificado, com menor requisito de tempo
de guarda;
• Transmissão em tempo real ou on-line da NFC-e;
• Redução significativa dos gastos com papel;
• Não há necessidade de autorização prévia do equipamento a
ser utilizado;
• Uso de novas tecnologias de mobilidade;
• Flexibilidade de expansão de PDV;
• Apelo ecológico;
• Integração de plataformas de vendas físicas e virtuais.

A NFC-e deve ser utilizada nas operações comerciais de ven-


da presencial ou venda para entrega em domicílio, dentro do
território sergipano, a não contribuintes. Para as demais ope-
rações, o contribuinte deverá utilizar a nota fiscal eletrônica
modelo 55 (NF-e). Com a NFC-e, pode-se, também, elencar
benefícios de inovação. São eles: a possibilidade de uso de no-
vas tecnologias de mobilidade, como o uso de tablets e smar-
tphones, além da possibilidade da integração de plataformas
de vendas físicas e virtuais. É muito comum observar, em
plataformas não integradas, usuários consultando produtos
virtuais que não estejam em loja. A partir do momento que se
passa a utilizar documentos fiscais eletrônicos, permite-se o

73
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

controle gerencial dos estoques por meio de uma plataforma


única, desta forma, também é possível controlar as operações
comerciais por meio de uma integrada.

Em um breve resumo, para o consumidor final existem dois


modelos de documento fiscal eletrônico possível: Cupom Fis-
cal Eletrônico e a Nota Fiscal de Consumidor Eletrônico, este
último trata-se de um modelo mais geral e mais usado no Bra-
sil. Já o Cupom Fiscal Eletrônico tem implantação no país, po-
rém em escala menor.

Dentre as diferenças mais operacionais entre os dois modelos,


o Cupom Fiscal Eletrônico possui equipamento de hadware,
enquanto a NFC-e, obtém um modelo operacional semelhante
com o da Nota Fiscal Eletrônica.

Contudo, é viável detalhar desafios do fisco em relação à NFC-


-e como um balizador no seu surgimento e implantação, den-
tre eles se destacam:

- Mínima interferência no ambiente de negócios do contri-


buinte;
- Redução de custo Brasil;
- Participação da iniciativa privada;

Por meio dessa premissa e com a legislação aprovada, passou


a existir o:

• Ajuste Sinief nº 01 de 2013 – alterou o ajuste abaixo


• Ajuste Sinief nº 07 de 2005 – que instituiu a NFe
• Nota Técnica 05 de 2013 – alterou o Ajuste nº 07 e incluiu a
NFC-e (Modelo 65) de documento fiscal. A mesma Nota Técni-
ca previa que o Ambiente de Homologação da NFC-e seria até
o dia 2/12/2013, e o Ambiente de Produção, até o dia 6/1/2014.
Como se sabe, os prazos não se concretizaram na maioria dos
estados, em virtude de que a própria nota técnica já trazia a

74
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

possibilidade de que esses fossem postergados na maioria dos


estados.

Para fechar esse tópico, nada mais sensato que relatar sobre
duas ações operacionais e rotineiras: a venda presencial ou em
domicílio. Como se sabe, a primeira é mais comum. A exemplo
disso é possível imaginar a ida até uma farmácia, com o intui-
to de pedir um produto direto do balcão, e consequentemente
efetuar a compra.

Porém, a NFC-e é utilizada bastante por pequenos varejos


que trabalham com entrega a domicílio. Ressalte-se que, essa
entrega a domicílio deverá ser operação interna, não em ope-
ração interestadual. Sendo este último, a NFC-e deixa de ser
documento hábil e passa a ser a NF-e, Modelo 55. Mas para as
operações internas, com consumidor final, seja este pessoa fí-
sica ou jurídica, o Modelo a ser utilizado é o 65, da NFC-e.

Nota Fiscal de Serviço Eletrônica (NFS-e)

A Nota Fiscal de Serviços Ele-


trônica (NFS-e) é um sonho an-
tigo do fisco e de quase todos
os prestadores de serviços. É
muito comum nos dias atuais
encontrar problemas na emis-
são de uma Nota Fiscal de Ser-
viço, uma vez que a ausência de
um modelo padrão faz com que
existem centenas de tipos de documentos diferentes, com re-
gras e contingências especificas. A NFS-e é um documento de
existência digital, gerado e armazenado eletronicamente em
Ambiente Nacional pela RFB, pela prefeitura ou por outra en-
tidade conveniada para documentar as operações de prestação
de serviços.

75
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O projeto Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) tem sido


desenvolvido pela Receita Federal do Brasil (RFB) e Associação
Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf),
atendendo o Protocolo de Cooperação Enat nº 2, de 7 de de-
zembro de 2007, ao qual se atribuiu a coordenação e a respon-
sabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto da
NFS-e. Esse projeto visa o benefício das administrações tribu-
tárias com a padronização e a melhora das informações, redu-
ção de custos, bem como o aumento da competitividade das
empresas brasileiras pela racionalização das obrigações aces-
sórias (redução do custo-Brasil), com a consequente dispensa
da emissão e guarda de documentos em papel.

Recibo Provisório de Serviços (RPS)

O Recibo Provisório de Serviços (RPS) foi criado para atender


a uma solução de contingência para o contribuinte, trata-se de
um documento de posse e responsabilidade do contribuinte,
gerado manualmente ou por alguma aplicação local, com nu-
meração sequencial crescente e deve ser convertido em NFS-e
dentro do prazo estipulado pela legislação tributária munici-
pal. Além disso, o RPS serve para os contribuintes que não dis-

76
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

põem de infraestrutura de conectividade com a secretaria em


tempo integral, podendo gerar os documentos e enviá-los, em
lote,² para processamento e geração das respectivas NFS-e. O
serviço de Recepção de Lote de RPS é definido como Assíncro-
no³. O contribuinte recebe um número de protocolo de rece-
bimento como comprovante de envio de lote de RPS, o qual,
por sua vez, é recebido pela secretaria e colocado em uma fila
de processamento para ser executado em momento oportuno.
Depois de processado, gera um resultado que estará disponível
ao contribuinte que tanto pode ser as NFS-e correspondentes
como uma lista de erros encontrados no lote. Cabe salientar
que a numeração dos lotes de RPS4 é de responsabilidade do
contribuinte, devendo ser única e distinta para cada lote.

Geração de NFS-e

Na Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) deve aparecer a


identificação dos serviços em conformidade com os itens da
Lista de Serviços, anexa à Lei Complementar n°116, de 2003,
com os que foram vetados e de um item “9999” para “outros
serviços”. Em uma NFS-e podem ser descritos diferentes ser-
viços desde que relacionados a um único item da Lista, de mes-
ma alíquota e para o mesmo tomador de serviço. No caso da
atividade de construção civil, as NFS-e deverão ser emitidas
por obra, se a legislação do município assim dispuser. A identi-
ficação do prestador de serviços será feita pelo CNPJ, que pode
ser conjugado com a Inscrição Municipal, embora não seja de
uso obrigatório.

² O envio de RPS à secretaria para geração da NFS-e é feito em lotes, ou seja, vários
RPS agrupados para gerar uma NFS-e para cada um deles. Para que os RPS façam
parte de um lote a ser enviado para a geração das NFS-e correspondentes, para isso, o
contribuinte deve ter uma aplicação instalada em seu computador.
³ Assíncrono é quando ocorre uma chamada a este com envio de determinadas infor-
mações, no caso em questão, o lote de RPS, e o retorno ocorrem em outro momento.
4
Um RPS pode ser enviado com o status de cancelado gerando uma NFS-e cancelada.
Um RPS já convertido em NFS-e não pode ser reenviado. Caso haja necessidade de
cancelamento do documento, deve ser cancelada a respectiva NFS-e.

77
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A competência de uma NFS-e é o mês da ocorrência do fato


gerador. O sistema assumirá automaticamente o mês/ano da
emissão do RPS ou da NFS-e, o que for inferior, podendo ain-
da o contribuinte informar uma competência anterior. A base
de cálculo da NFS-e é o Valor Total de Serviços, subtraído do
Valor de Deduções previstas em lei. É obrigatória para pessoa
jurídica a informação do CNPJ do tomador do serviço, exceto
quando se tratar de tomador do exterior.

De acordo com a Natureza da Operação, a Opção pelo Simples


Nacional, o Regime Especial de Tributação e o ISS retido de-
fine-se o valor do ISS e será sempre calculado, salvo quando:
a natureza da operação for tributação no município; a exigibi-
lidade for suspensa por decisão judicial ou por procedimento
administrativo e o Regime Especial de Tributação for Micro-
empresa Municipal; Estimativa ou Sociedade de profissionais.

• A natureza da operação for tributação fora do município,


nesse caso os campos Alíquota de Serviço e Valor do ISS fica-
rão abertos para o prestador indicar os valores.
• A natureza da operação for imune ou isenta, nesses casos o
ISS será calculado com alíquota zero.
• O contribuinte for optante pelo Simples Nacional e não tiver
o ISS retido na fonte.
• A alíquota do ISS é definida pela legislação municipal. Quan-
do a NFS-e é tributada fora do município de emissão, a alíquo-
ta será informada pelo contribuinte.

A NFS-e contém informações enviadas pelo contribuinte e


outros de responsabilidade do Fisco. Além disso, não pode ser
alterada uma vez gerada, admitindo-se, unicamente por ini-
ciativa do contribuinte, ser cancelada ou substituída, hipótese
esta em que deverá ser mantido o vínculo entre a nota substi-
tuída e a nova.

78
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Cupom Fiscal Eletrônico (CF-e)

O projeto Sistema Au-


tenticador e Transmis-
sor de Cupons Fiscais
Eletrônicos (SAT-CF-
-e) documenta, de forma eletrônica, as operações comerciais
do varejo, em substituição aos equipamentos ECF (Emissor
de Cupom Fiscal). Para isso criou: Um novo modelo de docu-
mento fiscal eletrônico, o Cupom Fiscal Eletrônico – SAT (CF-
-e-SAT), aderente ao modelo da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e);
Um novo padrão de equipamento de baixo custo, o SAT, para
gerar, autenticar com validade jurídica e transmitir, via Inter-
net, os CF-e-SAT emitidos pelos estabelecimentos comerciais.
A ferramenta simplifica as obrigações acessórias dos estabele-
cimentos varejistas. A página do SAT-CF-e está disponível no
site da Sefaz-SP, através do sítio eletrônico: https://portal.fa-
zenda.sp.gov.br/servicos/sat/Paginas/Sobre.aspx.

O CF-e-SAT, modelo 59, é um documento fiscal eletrônico,


emitido, armazenado e transmitido automaticamente pelo
equipamento SAT, de existência apenas digital, documenta
operações de circulação de mercadorias no varejo. Ou seja,
como o documento tem seu armazenamento 100% digital (ele-
tronicamente), não há mais necessidade da manutenção de
documentos de papel, de arquivos de documentos físicos. Sua
validade jurídica é garantida pela assinatura digital feita pelo
equipamento SAT por meio do seu Certificado Digital, como o
CF-e-SAT só existe na forma eletrônica, o consumidor recebe-
rá como comprovante de sua aquisição o chamado Extrato do
CF-e-SAT.

Com o Cupom, procura-se estabelecer um novo padrão para o


varejo: documento fiscal válido é o Documento Fiscal Eletrôni-
co existente na base de dados do Fisco. Este padrão é similar

79
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ao atualmente utilizado pela NF-e. Dentre os principais bene-


fícios para o contribuinte ao usar o equipamento SAT estão a
redução de custos e a simplificação de obrigações acessórias.
Além disso, o contribuinte conta com um documento dotado
de validade jurídica pela Medida Provisória 2.200-2/01, tendo
garantia de autenticidade e integridade nos documentos ele-
trônicos emitidos pelo equipamento SAT. Em relação a isso é
interessante destacar que em alguns estados o SAT sofreu al-
gumas modificações.

Ressalte-se que, o varejo pratica operações fiscais de vendas de


mercadorias para o consumidor final, geralmente não contri-
buinte do ICMS. A respeito disso é interessante lembrar o que
já foi estudado, em relação à NF-e, que ela servia para substi-
tuir o Modelo 1 ou 1A.

Já o CF-e servirá para substituir o cupom fiscal emitido por


equipamento ECF ou a nota fiscal de venda consumidor, um
pequeno bloco de notas da série D. Ou seja, esses documentos
são destinados às pessoas físicas.

Como um modelo prático, imagina-se o caso de uma pessoa


física que se direciona a uma empresa varejista com o objetivo
de adquirir uma mercadoria. Se esta pessoa já é credenciada
para a emissão de cupom fiscal eletrônico, o documento hábil
para acobertar essa operação é o CF-e e não a NF-e.

O equipamento SAT gera e autentica, por meio de Certificado


Digital próprio, o Cupom Fiscal Eletrônico – SAT (CF-e-SAT) e
transmite periódica e automaticamente à Secretaria da Fazen-
da (Sefaz), via Internet. O SAT não possui impressora a ele inte-
grado. O sistema é exclusivo para emissão do CF-e-SAT. Como
o CF-e-SAT é um documento fiscal eletrônico, o SAT não possui
mecanismo impressor. Entretanto, para emissão do Extrato do
CF-e-SAT, deve-se utilizar uma impressora comum (não fiscal),
acionada pelo programa Aplicativo Comercial (AC).

80
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O extrato do CF-e-SAT é uma cópia simplificada do documento


eletrônico, servindo basicamente para controle das aquisições
pelo consumidor. Nele existe a chave de acesso que possibilita
a consulta do respectivo documento eletrônico no site da Se-
cretaria da Fazenda, bem como um código do tipo QR CODE
que possibilitará a checagem da autenticidade do extrato por
meio de telefones celulares compatíveis com a tecnologia.
Logo, o contribuinte deverá, imediatamente após a emissão do
CF-e-SAT, providenciar a impressão do seu extrato conforme
leiaute estabelecido em Ato Cotepe.

O Ajuste Sinief nº 11 de 24 de setembro de 2010 autoriza os Es-


tados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraná e São Paulo a
instituírem o Cupom Fiscal Eletrônico (CF-e-SAT) em substi-
tuição ao Cupom Fiscal emitido por equipamento Emissor de
Cupom Fiscal (ECF). A adoção do CF-e-SAT e do equipamento
SAT em cada um destes Estados depende da legislação estadu-
al específica. Com isso, vale ressaltar a importância de sempre
consultar a Administração Tributária do seu Estado.

São considerados benefícios do CF-e:

• O custo operacional da loja é reduzido;


• Não é preciso adquirir o ECF;
• A emissão pode ser feita por celulares e tablets;
• Não existe leitura X e Redução Z, o que permite abertura e
fechamento do caixa sempre que for necessário;
• Mais espaço livre, pois o armazenamento é digital;
• Redução da possibilidade de erros.

A respeito do primeiro benefício citado, sabe-se que o equipa-


mento emissor de cupons fiscais, o ECF, eles custa em torno
de R$ 3.000 e R$ 2.5000 reais. No SAT, ele terá valor bem redu-
zido, ainda assim, ele necessitando de menos equipamentos.
Como exemplo, imagina-se um supermercado que têm 10 cai-
xas. Este precisará de um emissor de cupons fiscais para cada

81
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

um desses pontos de venda. Quando se fala em CF-e, ele pode


ter um único equipamento SAT ligado ou conectado ao seu ser-
vidor que alimente essas 10 pontos de venda.

Já em relação ao benefício que destaca sobre a não existência


da leitura X, como exemplo, no momento de abrir um caixa
para emissão de cupons ficais, e por um erro dentro do dia,
ainda pela manhã, esse caixa emite uma redução Z, o mesmo
ficará fechado, só podendo ser reaberto por meio de uma in-
tervenção técnica. Ou seja, isso, no equipamento emissor de
cupom fiscal representa custo e uma burocracia que poderá
implicar diretamente na atividade comercial. Isso fica signifi-
cantemente simplificado quando é voltado para o equipamen-
to SAT e a emissão do cupom fiscal eletrônico. Resumindo,
com a utilização do SAT, o contribuinte poderá abrir e fechar o
caixa quantas vezes desejar ao longo do dia.

Com o intuito de Vale ressaltar, novamente, que o SAT é um


modelo fiscal eletrônico, de número 59, que deve ser utilizado
para acobertar operações do varejista com o consumidor final
não contribuinte, não com o contribuinte do ICMS. A partir do
momento que o varejista passa a usar o SAT no seu estabeleci-
mento comercial, deverá passar a emitir CF-e, e não terá mais
a necessidade de fazer a impressão de Leitura X e Redução Z.

O extrato do Cupom Fiscal Eletrônico é um documento auxi-


liar que deverá ser impresso e entregue ao consumidor no mo-
mento de uma venda, utilizando o CF-e, com o objetivo de for-
necer informações básicas a respeito da operação comercial.
Além disso, deverá permitir que esse documento acompanhe o
trânsito da mercadoria, que por meio da chave de acesso ou do
QR Code online que constam no extrato do cupom eletrônico,
seja feita a consulta da veracidade das informações e da auten-
ticidade do referido cupom fiscal.

82
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

83
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 4
escrituração fiscal
digital (efd)
icms/ipi

84
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Saga da Escrituração Fiscal

A Escrituração Fiscal existe há quase 50 anos, conforme prevê


o ajuste Sinief S/N de 1970, que determina que o contribuinte
do ICMS deva manter para cada um dos seus estabelecimen-
tos os livros que compõem a escrituração fiscal tais como: Re-
gistro de Entrada, Registro de Saída, Registro de Controle da
Produção e do Estoque, Registro de Utilização de Documen-
tos Fiscais e Termos de Ocorrências, Registro de Inventário e
Registro de Apuração do ICMS. No entanto, os tempos atuais
apontam uma deficiência conceitual a respeito do que são es-
criturações fiscais.

Na década de 70, a Escrituração Fiscal nada mais era do que o


registro das operações fiscais, em que se tinham obrigações de
natureza principal, apuração do PIS, Cofins, ICMS, IPI, além

85
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

das obrigações de natureza acessória, dentre elas, a de emissão


dos documentos fiscais e o registro deles, bem como seus res-
pectivos livros. Naquele período, era preciso obedecer, exclusi-
vamente, para fins de informações fiscais, as informações que
eram necessárias para apuração do tributo. Especificamente,
no caso das notas fiscais, eram prioritárias as informações
relacionadas ao ICMS, que é o imposto sobre a circulação de
mercadorias e serviços.

Lembrando que, nessa época, a escrituração fiscal nada mais


era o registro das operações fiscais. Isso implica afirmar que,
num recente passado não existia nota fiscal eletrônica. O que
existia era a nota fiscal de bloco, que era emitida à mão. Ao
final do mês as empresas acumulavam volumes de notas fis-
cais emitidas manualmente que eram registradas em livros
pré-impressos que pediam registros tais como o valor da nota,
data, valor da operação, a base de cálculo, alíquota do imposto
e o valor dele.

Em um segundo momento, marcado pela inserção dos com-


putadores nas empresas, essas escriturações deixaram de ser
manuais, transgredindo para um modelo informatizado. Na
ocasião começou-se a utilizar sistemas para fazer o procedi-
mento de escrituração, substituindo o registro manual de li-
vros. Ademais, esse modelo ainda previa a impressão de livros
em papel para que fossem entregues aos fiscais no momento
de uma fiscalização.

Com o advento do Sped e a criação das escriturações fiscais


digitais, as escriturações manuais passaram a ser eletrônicas,
significando dizer que, não existem mais no modelo em papel.
Hoje, para uma empresa que envia Sped Fiscal, é incoerente
solicitar à mesma, por exemplo, livros em papel de entrada ou
saída ou apuração de ICMS. Em suma, hoje, essas informações
encontram-se contidas dentro do arquivo do Sped Fiscal.

86
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Escrituração Fiscal Digital (EFD) ICMS/IPI

O projeto do Sped Fiscal faz parte do projeto macro Sped. A


partir dessa premissa é fundamental entender que a escritura-
ção fiscal digital nada mais é que do que a substituição da es-
crituração fiscal em papel ou modelo informatizado, em que se
utilizava do sistema, mas tinha que imprimir o livro, por, ago-
ra, um modelo digital. Neste modelo, o contribuinte irá usar
seu sistema de escrituração fiscal, mas ao invés de imprimir
livros, ele irá gerar arquivos eletrônicos.

O grande gargalo dessa questão é que esse modelo digital,


como já explicado na introdução desta obra, oferece também
uma séria de informações que são não fiscais, que por vezes
acabam fazendo com que o contribuinte não tenha um eficaz
controle a respeito dessas informações, e que acabam inserin-
do nos documentos fiscais eletrônicos informações incorretas,
inexatas ou imprecisas. Com isso a qualidade de escrituração
fiscal fica comprometida.

Ressalte-se que, no que diz respeito ao Sped Fiscal, a escritu-


ração fiscal brasileira tem grande foco em seus inventários e
estoques. Mas por quê? A escrituração fiscal digital, ou seja, o
Sped Fiscal tem como principal objetivo apresentar as infor-
mações relacionadas à apuração do ICMS e do IPI.

Vale salientar que, o ICMS é um tributo de extrema importân-


cia para o país, e em decorrência disso e do grande percentual
da parcela de arrecadação dos estados, foram criadas diversas
técnicas para garantir a arrecadação do tributo. São técnicas
de arrecadação: o antecipado, o diferencial de alíquotas, a
substituição tributária. Com isso o fisco garante que a obriga-
ção principal será cumprida, o valor do tributo será pago. Este
passa a ter um olhar ainda mais rigoroso em relação às obriga-
ções acessórias, porque essas vão denunciar se o contribuinte
está sonegando.

87
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Como o fisco constata uma sonegação? No que diz respeito à


escrituração fiscal e a arrecadação do ICMS, um dos principais
fatores que evidenciam que está havendo sonegação são os es-
toques. Porque, por exemplo, se uma pessoa física vende uma
mercadoria sem possuir uma nota de compra, significa que
esta omitiu uma enreda, e essa omissão pode gerar uma sone-
gação. Outro exemplo é que, se uma mercadoria desaparece do
estoque significa que a mesma foi vendida sem nota, e isso se
caracteriza uma omissão de saída e de receita.

Diante disso, hoje, existem alguns cuidados considerados ex-


tremamente necessários em informações não fiscais, no ge-
renciamento delas, para evitar que o contribuinte seja acusado
de omissões de entrada ou de saída.

No capítulo 2 desta obra, o projeto Sped foi conceituado como


um grande sistema que tem a função de receber informações
das empresas. Para cada tipo de informação fiscal de interes-
se do fisco foi desenvolvido um leiaute específico contendo o
conjunto de dados e a forma que deveriam ser apresentados.

Visando orientar a geração dessas informações em meio digi-


tal foi disponibilizado aos contribuintes do ICMS e do IPI um
Guia Prático, contendo os dados referentes à EFD ICMS/IPI e

88
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

esclarecendo aspectos da apresentação dos registros e conte-


údos de alguns campos, estrutura e apresentação do arquivo
digital para entrega ao fisco, na forma do Ato Cotepe/ICMS nº
9, de 18 de abril de 2008 e suas atualizações.

O documento abdica de contemplar todas as orientações técni-


cas a respeito da elaboração do arquivo digital, cuja orientação
integral sobre sua estrutura e apresentação deve ser buscada
no Manual de Orientação anexo ao Ato Cotepe/ICMS nº 09/08,
bem como na legislação de cada uma das unidades federadas.

Legislação

Como parte do projeto Sped, a Escrituração Fiscal Digital (EFD


ICMS/IPI) foi estabelecida pelo Decreto nº 6.022, de 22 de ja-
neiro de 2007, que busca promover a integração dos fiscos fe-
deral, estaduais, Distrito Federal e, futuramente, municipais,
e dos Órgãos de Controle. A base do documento é mediante
a padronização, racionalização e compartilhamento das in-
formações fiscais digitais, bem como integrar todo o processo
relativo à escrituração fiscal, com a substituição do atual do-
cumentário em meio físico (papel) por documento eletrônico
com validade jurídica para todos os fins.

O Convênio ICMS nº 143, de 15 de dezembro de 2006 e, poste-


riormente, Ajuste Sinief 2, de 3 de abril de 2009, dispõe acer-
ca da instituição da EFD ICMS/IPI em arquivo digital, de uso
obrigatório para os contribuintes do Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) e/ou do Imposto sobre Produtos Indus-
trializados (IPI), que se constitui de um conjunto de registros
de apuração de impostos, referentes às operações e prestações
praticadas pelo contribuinte, assim como de documentos fis-
cais e de outras informações de interesse dos fiscos das unida-
des federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil.

89
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Cabe ao contribuinte gerar e manter não só uma EFD ICMS/


IPI para cada estabelecimento com todas as informações refe-
rentes aos períodos de apuração do(s) imposto(s), bem como
todos os documentos fiscais que deram origem à escrituração,
na forma e prazos estabelecidos para a guarda de documentos
fiscais na legislação tributária, observados os requisitos de au-
tenticidade e segurança nela previstos.

O Ato Cotepe/ICMS nº 9, de 18 de abril de 2008, e suas atu-


alizações definiram os documentos fiscais, as especificações
técnicas do leiaute do arquivo digital da EFD ICMS/IPI, que
contém informações fiscais, contábeis, e outras informações
que venham a repercutir na apuração, pagamento ou cobrança
de tributos de competência dos entes conveniados. A partir de
1º de janeiro de 2009, os contribuintes obrigados à EFD ICMS/
IPI devem escriturá-la e transmiti-la via internet. A obrigato-
riedade encontra-se na legislação estadual.

O Protocolo ICMS 03, de 1º de abril de 2011, fixou o prazo má-


ximo de 1º de janeiro de 2014 para a obrigatoriedade da EFD
ICMS/IPI dos contribuintes ainda não obrigados, excetuan-
do-se contribuintes do Simples Nacional, cujo prazo máximo
para obrigatoriedade foi estabelecido para 1º de janeiro de
2016 e poderia ser antecipado a critério de cada estado. Entre-
tanto, devido à mudança da publicação da Lei Complementar
147/2014 e do Protocolo ICMS 49/2015, que dispôs:

Cláusula primeira O parágrafo único da cláusula segunda do


Protocolo ICMS 3/11, de 1º de abril de 2011, passa a vigorar com a
seguinte redação: “Parágrafo único. A dispensa prevista no caput
não se aplica para os estabelecimentos mencionados no inciso II
cuja Unidade Federada tenha estabelecido a obrigatoriedade até
o primeiro trimestre de 2014, conforme § 4ºC do art. 26 da Lei
Complementar nº 123/2006”.

90
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Assim, nos estados que obrigaram os contribuintes optantes


pelo Simples Nacional até o primeiro trimestre de 2014, estes
continuam obrigados a enviar a EFD ICMS/IPI. No entanto, é
comum que ainda hoje alguns estados disciplinem a obriga-
toriedade da EFD ICMS-IPI pelos contribuintes optantes pelo
Simples Nacional como é o caso, por exemplo, do Ceará que,
por meio da Instrução Normativa 54 de 2016 posteriormente
alterada pela 14 de 2017, dispôs sobre a matéria em tela.

Perfil

O Sped fiscal trabalha com três tipos de perfis. De maneira


simplificada, é possível considerar que os perfis são relativos
ao nível de detalhamento da informação que será preenchida
do sistema. Os perfis são sempre definidos a critério das uni-
dades federadas. Portanto, faz-se necessário consultar a legis-
lação vigente do estado onde se presta a obrigação, para saber
qual é o perfil das empresas contribuintes do ICMS e do IPI.

Se, por exemplo, o leiaute do Sped Fiscal oferece a possibilida-


de do preenchimento de 200 registros, o Perfil A, seria mais
detalhado, analítico, onde o contribuinte teria que informar
sobre os referidos 200 registros.

91
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Já o Perfil B, seria mais resumido, sintético (totalizando por


dia ou mês), no qual o contribuinte precisaria informar apenas
150 registros.

O Perfil C seria ainda mais resumido e sintético, com escritu-


rações mais simplificadas, onde o contribuinte informaria so-
mente 100 registros. Ademais, é muito importante que, caso a
atividade seja muita específica e a legislação local não preveja
qual é o perfil para a atividade fim, sempre nesses casos deve-
-se utilizar o perfil A, que é o mais detalhado.

Apresentação do arquivo EFD ICMS/IPI

O arquivo digital deve ser submetido a um programa valida-


dor, fornecido pelo Sped por meio de download, que verifica a
consistência das informações prestadas no arquivo. Após essas
verificações, o arquivo digital é assinado por meio de certifica-
do digital, tipo A1 ou A3, emitido por autoridade certificadora
credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
(ICP-Brasil) e transmitido.

O contribuinte está obrigado a prestar informação, pois a


omissão ou inexatidão de informações poderá acarretar pe-
nalidades e a obrigatoriedade de reapresentação do arquivo
integral, de acordo com as regras estabelecidas pela Adminis-
tração Tributária.

92
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Periodicidade de informações

Os arquivos da EFD ICMS/IPI têm periodicidade mensal e de-


vem apresentar informações relativas a um mês civil ou fração,
ainda que as apurações dos impostos (ICMS e IPI) sejam efetu-
adas em períodos inferiores a um mês, segundo a legislação de
cada imposto. Desse modo, a data inicial constante do registro
0000 deve ser sempre o primeiro dia do mês ou outro, se for
início das atividades, ou de qualquer outro evento que altere
a forma e período de escrituração fiscal do estabelecimento.

A data final constante do mesmo registro deve ser o último dia


do mesmo mês informado na data inicial ou a data de encerra-
mento das atividades ou de qualquer outro fato determinante
para paralisação das atividades daquele estabelecimento. Os
prazos para a transmissão dos arquivos são definidos por le-
gislação estadual.

Assinatura com Certificado Digital

No âmbito contábil, é de extrema necessidade entender que a


assinatura digital é nada mais que o processo de assinar um
documento com o certificado digital, e que garantirá, conse-
quentemente, a autenticidade do documento. Desta forma, o
certificado digital é uma espécie de documento que identifi-
cará um estabelecimento ou pessoa, podendo ser verificado
junto a autoridade certificadora que o emitiu.

Com essa premissa poderão assinar a EFD ICMS/IPI, com cer-


tificados digitais do tipo A1 ou A3:

1. e-PJ ou e-CNPJ que contenha a mesma base do CNPJ (os oito


primeiros caracteres) do estabelecimento;
2. e-PF ou e-CPF do produtor rural ou do representante legal
da empresa no cadastro CNPJ;
3. No caso de sucessão, a EFD ICMS/IPI pode ser assinada com

93
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

certificado digital da sucessora se o CNPJ da sucedida estiver


extinto no cadastro CNPJ da RFB por um dos seguintes even-
tos: incorporação, fusão ou cisão total e se a EFD ICMS/IPI re-
ferir-se a período de apuração anterior ao da data da sucessão.
4. A pessoa jurídica ou a pessoa física com procuração eletrôni-
ca cadastrada no sítio eletrônico da RFB, por estabelecimento.
5. Inventariante com procuração eletrônica cadastrada no sítio
eletrônico da RFB. Cadastramento de Procuração Eletrônica,
conforme o sítio eletrônico da RFB.5

Obs.: No caso de estabelecer Procuração Eletrônica em nome de


filial para terceiros: a) https://cav.receita.fazenda.gov.br/scripts/
CAV/login/login.asp b) Login com certificado digital de pessoa
jurídica; c) Na opção “Alterar perfil de acesso”, selecionar “CNPJ
matriz atuando como CNPJ filial” e alterar; d) Preencher os da-
dos do formulário apresentado e selecionar a opção “Assinatura
da Escrituração Fiscal Digital (EFD-ICMS/IPI) do Sistema Pú-
blico de Escrituração Digital”, constante do quadro “Destinados
tanto a Pessoa Física quanto a Pessoa Jurídica”. e) Para finalizar,
clicar em “Cadastrar procuração” ou “Limpar” ou “Voltar”. O ca-
dastro de procuração eletrônica para inventariante está regula-
mentado no Siscac (sistema de atendimento da RFB) na opção
de concessão de “Procuração RFB” (procuração de uso eletrônico
para realização de serviço disponível pela internet) para inven-
tariante. Inclusive, é possível que o inventariante, caso não seja
ele a executar as ações referente ao cumprimento de obrigações

5
http://receita.fazenda.gov.br, na aba Empresa, clicar em “Todos os serviços”, selecio-
nar “Procuração Eletrônica e Senha para pesquisa via Internet”, “procuração eletrô-
nica” e “continuar” ou opcionalmente https://cav.receita.fazenda.gov.br/scripts/CAV/
login/login.asp. Login com certificado digital de pessoa jurídica ou pessoa física (pro-
dutor rural);selecionar “Procuração eletrônica”; a) Selecionar “Cadastrar Procuração”
ou outra opção, se for o caso; b) Selecionar “Solicitação de procuração para a Receita
Federal do Brasil”; c) Preencher os dados do formulário apresentado e selecionar a op-
ção “Assinatura da Escrituração Fiscal Digital (EFD-ICMS/IPI) do Sistema Público de
Escrituração Digital”, constante do quadro “Destinados tanto a Pessoa Física quanto
a Pessoa Jurídica”. d) Para finalizar, clicar em “Cadastrar procuração” ou “Limpar” ou
“Voltar”.

94
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tributárias, fazer uma procuração para que um terceiro possa ser


o outorgante da “Procuração RFB”. Para que se resolva a ques-
tão do CPF cancelado e se registre a procuração, deve-se adotar
o seguinte procedimento: a) O inventariante deverá solicitar à
Unidade de atendimento da RFB de sua jurisdição a alteração da
situação do CPF do contribuinte falecido, de cancelado para regu-
lar. A justificativa para o pedido é que o cancelamento do CPF é
indevido, visto que ainda há obrigação tributária a ser cumprida
e, portanto, o CPF não poderia ter sido cancelado. b) Após o CPF
retornar à situação “regular”, caso o inventariante tenha certifi-
cado digital válido e, portanto, possa assinar os arquivos da EFD,
ele deverá solicitar a “Procuração RFB”. Se o inventariante não
possuir o certificado digital, ele deverá conceder uma procuração
para que um terceiro (Ex.: escritório de contabilidade/advoga-
do) possa solicitar a procuração. c) A solicitação da “Procuração
RFB” depende de preenchimento prévio do Formulário disponível
na página da RFB na Internet (endereço abaixo). Ao acessar o
formulário e após o preenchimento dos dados cadastrais, deve-
rá ser selecionada a opção específica para a EFD ICMS IPI, que
é “Assinatura de Escrituração Fiscal Digital (EFD) do Sistema
Público de Escrituração Digital (SPED) “http://www.receita.
fazenda.gov.br/Aplicacoes/ATSDR/procuracoesrfb/controlador/
controlePrincipal.asp?acao=telaInicial” d) Após o preenchimen-
to, o formulário impresso deverá ser entregue em uma Unidade
de atendimento da jurisdição do contribuinte, para que seja efeti-
vado o cadastro. Obs.: É importante que o inventariante apresen-
te um documento (cópia do despacho no processo de inventário)
onde é nomeado inventariante. Sem um documento que compro-
ve sua condição de inventariante, a procuração não será aceita
pela rede de atendimento. Após esse procedimento, o titular da
procuração (seja o inventariante ou o terceiro por ele nomeado)
estará apto à transmissão da EFD ICMS IPI”. 6

6
Informações obtidas no sítio eletrônico: sped.rfb.gov.br

95
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A partir da versão 2.3.0, o PVA passou a permitir a seleção múl-


tipla de arquivos para assinatura.

Prestação e guarda de informações

É fundamental entender que, de acordo com o Art. 173 CTN, o


contribuinte deverá guardar a EFD ICMS/IPI transmitida jun-
tamente com o recibo de transmissão pelo prazo previsto na
legislação, que conforme o artigo é de cinco anos. O arquivo
transmitido e os documentos fiscais que deram origem à es-
crituração devem ser mantidos pelo prazo decadencial. Ressal-
te-se que a responsabilidade pela guarda da informação é do
contribuinte, e não do contador. O contribuinte deve manter
a escrituração fiscal transmitida, o recibo de transmissão, e
toda documentação que dá base à escrituração. Para uma me-
lhor compreensão disso, sugere-se pesquisa no portal do Sped,
através do Guia Prático da EFD ICMS/IPI e do Programa Vali-
dador (PVA) do Sped Fiscal.

O arquivo digital da EFD-ICMS/IPI gerado pelo contribuinte


seguirá as especificações do leiaute definidas pelo Ato Cotepe
e deverá apresentar todas as informações econômico-fiscais
e contábeis referentes ao período compreendido entre o pri-
meiro e o último dia do mês civil, inclusive. Conforme consta
no Ajuste Sinief 02/09, fica dispensada a impressão dos livros
fiscais. Considera-se totalidade das informações:

96
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

• Relativas às entradas e saídas de mercadorias e aos serviços


prestados e tomados, incluindo a descrição dos itens de mercado-
rias, produtos e serviços.
• Relativas à quantidade, descrição e valores de mercadorias,
matérias-primas, produtos intermediários, materiais de embala-
gem, produtos manufaturados e produtos em fabricação, em pos-
se ou pertencentes ao estabelecimento do contribuinte declarante,
ou fora do estabelecimento e em poder de terceiros e de terceiros de
posse do informante;
• Relativas à produção de produtos em processo e produtos acaba-
dos e respectivos consumos de insumos, tanto no estabelecimento
do contribuinte quanto em estabelecimento de terceiro, bem como
o estoque escriturado;
• Qualquer informação que afete o inventário físico e contábil, no
processo produtivo, na apuração, no pagamento ou na cobrança
de tributos de competência dos entes conveniados ou outras de in-
teresse das administrações tributárias.
• Qualquer situação de exceção na tributação do ICMS ou IPI,
tais como: isenção, imunidade, não incidência, diferimento ou
suspensão do recolhimento, também deverá ser informada no
arquivo digital, indicando-se o respectivo dispositivo legal. As
informações deverão ser prestadas sob o enfoque do declarante.

Vale enfatizar que, é obrigatoriedade do contribuinte armaze-


nar o arquivo digital da EFD ICMS/IPI transmitido, dentro dos
requisitos de segurança, autenticidade, integridade e valida-
de jurídica, no prazo fixado pela legislação para a guarda dos
documentos fiscais. A geração, o armazenamento e o envio do
arquivo digital não o dispensam da guarda dos documentos
que deram origem às informações, na forma e prazos determi-
nados pela legislação.

O arquivo deve ser mantido no formato txt, gerado e trans-


mitido (localizado em diretório definido pelo usuário), não se
tratando de cópia de segurança. Os contribuintes obrigados
à EFD ICMS/IPI, inclusive no caso de atividades paralisadas,

97
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

devem apresentar os registros obrigatórios (notação = “O”),


informando, portanto, a identificação do estabelecimento, pe-
ríodo a que se refere à escrituração e declarando, nos demais
blocos, valores zerados, isto significa que não efetuou qual-
quer atividade.

Cópia de Segurança, Exportação de txt e Arquivo Original da


EFDICMS/IPI

O contribuinte deve guardar a EFD ICMS/IPI transmitida jun-


tamente com o recibo da transmissão, pelo prazo previsto na
legislação. Não é o arquivo gerado utilizando a funcionalidade
cópia de segurança nem pela funcionalidade Exportação do
Arquivo txt, ambas do PVA. O recibo de entrega é gerado pelo
ReceitaNet, com o mesmo nome do arquivo para entrega, com
a extensão rec e será gravado sempre no mesmo diretório do
arquivo transmitido. 7

Cadastro de Produtos

O Cadastro de Produtos é um dos principais fatores de gera-


ção de problemas dentro do Sped fiscal. Esse item tem como

7
No arquivo do recibo, consta a identificação e também o hash code do arquivo trans-
mitido. Para visualização do recibo, com prévia importação da EFD-ICMS/IPI no PVA,
os arquivos txt: enviado e recibo que devem estar no mesmo diretório. O arquivo txt
exportado (opção Exportar do menu Escrituração Fiscal) leva os dados apenas daquela
EFDICMS/IPI a qual ele se refere, sem assinatura nem dados das demais tabelas cons-
tantes do banco de dados do PVA. O arquivo de Cópia de Segurança gera uma cópia de
todos os dados constantes na base do PVA, incluindo as tabelas auxiliares atualizadas,
se assim estiverem no PVA, na data da cópia. A partir da versão 2.3.0 , o PVA passou a
permitir a seleção múltipla de arquivos para geração, restauração e exportação de có-
pia segurança. Se o recibo for extraviado, basta certificar-se de que a EFD se encontra
na base do Sped. Instalar o ReceitanetBX, disponível em: http://www.receita.fazen-
da.gov.br/PessoaFisica/ReceitanetBx/default.htm. Necessária certificação digital. Se
você consegue visualizar a EFD, é prova suficiente que referida EFD foi transmitida e,
portanto, encontra-se na base do SPED. A tela de consulta informa o CNPJ, IE, perío-
do, finalidade, identificador do arquivo e data de transmissão. Se você ainda possuir
o arquivo transmitido, basta tentar transmiti-lo novamente que o recibo será gravado
(tem que ser exatamente o arquivo transmitido originalmente). Se você não possui o
arquivo, você pode baixar o arquivo por meio do ReceitanetBX.

98
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

objetivo municiar o leitor de condições de entender como é


que esse cadastro deve ser feito dentro da escrituração fiscal e
desta forma possa orientar possíveis clientes e empresas, com
intuito de evitar retrabalhos e principalmente, erros que cons-
tituam passivos tributários ocultos. Portanto faz-se necessária
uma análise em relação aos itens elencados abaixo:

a) Classificação de Tipo de Item – Desde que o Sped Fiscal


surgiu, com ele existe o cadastro dos produtos e com essa in-
formação sendo transmitida para o fisco, existe uma série de
classificações de itens possíveis. A respeito disso, as empresas
comerciais trabalham com três tipos de itens:

TIPO 00

• Mercadoria p/ Revenda: Produto adquirido para comerciali-


zação e outros dois tipos: Material de uso e consumo e Ativos
Mobilizados.

TIPO 01

• Matéria Prima: Mercadoria que componha, física e/ou qui-


micamente, um produto em processo ou produto acabado e
que não seja oriunda do processo produtivo. A exemplo dis-
so, o consumidor já compra a matéria prima para ser usada
na fabricação do seu produto acabado ou na fabricação de um
produto em processo. É por isso que ela não é oriunda do seu
processo produtivo.

TIPO 03

• Produto em Processo: Produto oriundo do processo produti-


vo e, preponderantemente, consumido no processo produtivo.
Ressalte-se que é comum existir, geralmente, equívocos em
relação ao Produto em Processo ou Produção em Elaboração,
aquela que foi iniciada, porém não foi finalizada. Em explica-

99
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ções para alunos, costumo falar no exemplo da sola de sapato a


respeito de Produto em Processo. De uma possível indústria de
calçados que tem um processo produtivo voltado para fabrica-
ção de solas de sapatos. Ao finalizar esse processo, ela terá um
produto em processo, porque apesar de este ser oriundo de um
Processo Produtivo, será utilizado, ainda, na produção de um
produto acabado.

TIPO 04

• Produto Acabado: Produto oriundo do processo produtivo;


Produto final resultante do objeto da atividade econômica do
contribuinte e pronto para ser comercializado. No caso, ain-
da, da indústria de calçados, o Produto Acabado será o próprio
calçado.

TIPO 05

• Subproduto: Oriundo do processo produtivo e não é objeto da


produção principal do estabelecimento. Um exemplo é o apro-
veitamento de sobras de retalhos de uma indústria de con-
fecção, que compra tecidos com o objetivo principal de fazer
o corte deles, mas que acaba utilizando as sobras de retalhos
para a transformação de outros acessórios ou para a venda dos
mesmos.

100
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

TIPO 06

• Produto Intermediário: Produto que embora não se integran-


do ao novo produto, for consumido no processo de industria-
lização. Em minhas aulas costumo citar o exemplo da compra
de uma lixa para ser usada na produção de móveis. O produto,
que foi consumido durante o processo de produção de cadeiras
ou mesas, não irá compor o produto acabado.

Ainda sobre os tipos, é fundamental entender que, essas in-


formações, que são de natureza não fiscal, e, portanto, de na-
tureza gerencial. Quem deve promover essas classificações é a
própria empresa. Elas vão compor o Cadastro de Produtos, e
essas informações serão utilizadas, em alguns momentos, tan-
to no documento fiscal eletrônico como, com toda certeza, será
utilizada na escrituração fiscal digital.

b) Ficha Técnica dos Produtos - Além disso, é necessário tam-


bém buscar a compreensão em torno da Ficha Técnica dos
Produtos. Sempre que for mencionado que o tipo do item é,
por exemplo, Produto Acabado, ou Tipo em Processo e de In-
dústria, terá que preencher a ficha técnica dos mesmos. Ela é
informada no registro 0210, onde deverá ser anunciada uma
previsão dos materiais que serão consumidos no processo pro-
dutivo.

c) Itens com descrição repetida - Problemas no cadastro do


produto fazem com que muitas vezes o mesmo produto pos-
sua vários códigos no sistema gerencial da empresa.

d) Itens com códigos similares - Problemas de parametrização


na codificação dos produtos contribuem diretamente para que
sejam detectadas omissões de entradas e saídas nos estoques
fiscais.

101
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

e) Fator de conversão - Sempre que a entidade utilizar uma


unidade de medida para controlar o inventário que seja dife-
rente da usada na comercialização, deve ser informado o fator
de conversão.

f) Unidades de medidas - É importante destacar o código da


unidade de medida usada na comercialização e controle de
estoque de determinado produto bem como a descrição que
identifique a unidade.

g) Análise horizontal dos itens - Variável de análise do compor-


tamento do preço dos produtos em determinado período de
tempo, em muitos casos evidência casos de subfaturamento.

h) Classificação das NCMs e impactos tributários - A classifica-


ção da NCM do produto representa nos dias atuais um enorme
gargalo para correta parametrização tributária dos itens, uma
vez que para a correta identificação de qual código deverá ser
utilizado requer uma série aprofundada de estudos a respeito
de várias características do item que está sendo classificado.

Nesse contexto, é sabido que quem deve promover essas clas-


sificações é a própria empresa, ou seja, todos esses problemas
são de natureza gerencial, em informações que compõe a es-
crituração fiscal. É de extrema importância entender que an-
tes de se saber sobre o leiaute e a geração das informações no
Sped Fiscal, é importante entender que esse trabalho se inicia
na empresa, na gestão das informações e dos processos que
chagam até a contabilidade.

Blocos e registros

A EFD ICMS-IPI está dividida em blocos, registros e campos.


Cada bloco contém uma quantidade de registro e cada regis-
tro compõe diversos campos que devem ser preenchidos. A
respeito disso, observa-se que, ao selecionar o menu do siste-

102
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ma de informações contábeis, é possível verificar uma aba de


cadastros voltado para empresas, estabelecimentos, contador,
operações fiscais etc.

Nesse mesmo trâmite, é possível observar o Sped através da


aba de cadastro que corresponde a um bloco de informações,
e que cada um desses cadastros possíveis corresponde a um
registro. Ao selecionar, por exemplo, o cadastro da empresa o
seu sistema de informações contábeis pedirá que sejam pre-
enchidas diversas informações, tais como: endereço, telefone,
e-mail, CNPJ etc. Estes são os campos desse registro.

Entre o registro inicial (registro 0000) e o registro final (9999),


o arquivo digital é constituído de blocos, cada qual com um re-
gistro de abertura, com registros de dados e com um registro
de encerramento, referindo-se cada um deles a um agrupa-
mento de documentos e de outras informações econômico-fis-
cais. A apresentação de todos os blocos, na sequência, confor-
me Tabela Blocos (item 2.5.1 do Ato COTEPE/ICMS nº 09, de 18
de abril de 2008), é obrigatória, sendo que o registro de abertu-
ra do bloco indicará se haverá ou não informação.

Como já adiantado, o Sped Fiscal é dividido em vários blocos.


São eles:

103
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Bloco 0 - Abertura, Identificação e Referências


Bloco C - Documentos Fiscais I – Mercadorias (ICMS/IPI)
Bloco D - Documentos Fiscais II – Serviços (ICMS)
Bloco E - Apuração do ICMS e do IPI G* Controle do Crédito de
ICMS do Ativo Permanente – CIAP
Bloco H - Inventário Físico – enviado, em regra, anualmente.
Bloco K - Controle da Produção e do Estoque 1 Outras Informa-
ções 9 Controle e Encerramento do Arquivo Digital
Bloco G* - incluído para vigorar a partir do período de apura-
ção de janeiro de 2011.
Bloco 1 – Outras informações
Bloco 9 - Controle e Encerramento do Arquivo Digital

Os blocos devem ser organizados e dispostos na sequência es-


tabelecida no item 2.5 do Ato COTEPE/ICMS nº 09, de 18 de
abril de 2008 e alterações, ou seja, inicia-se com o bloco 0 e
seus registros, na sequência o bloco C e registros correspon-
dentes, depois o bloco D e os outros, e, ao final, o bloco 9, que
encerra o arquivo da EFD ICMS/IPI. Quando uma EFD ICMS/
IPI for digitada diretamente no PVA, os registros de abertura
e fechamento de blocos serão gerados automaticamente e não
serão visualizados.

Os registros são compostos de campos que devem ser apresen-


tados de forma sequencial e conforme estabelecido no leiaute
do respectivo registro com todos os campos previstos indepen-
dentemente de haver ver ou não informação a ser prestada na-
quele campo (a exclusão de campos ocasiona erro na estrutura
do registro). Dentro da hierarquia, a ordem de apresentação
dos registros é sequencial e ascendente. Todos os registros
com a observação de “registro obrigatório” devem constar do
arquivo. Essas observações podem ser analisadas nas informa-
ções do Guia Prático:

• Os registros que contêm a indicação “Ocorrência - um (por ar-


quivo)” devem figurar uma única vez no arquivo digital; • Os

104
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

registros que contêm itens de tabelas, totalizações, documentos


(dentre outros) podem ocorrer uma ou mais vezes no arquivo por
determinado tipo de situação. Estes registros trazem a indicação
“Ocorrência - vários (por arquivo)”, “Ocorrência - um (por perí-
odo)”, “Ocorrência - vários (por período), etc.”. • Um “Registro
Pai” pode ocorrer mais de uma vez no arquivo e traz a indica-
ção “Ocorrência - vários por arquivo”; • Um registro dependente
(“Registro Filho”) detalha o registro principal e traz a indicação:
“Ocorrência - 1:1” significa que somente deve haver um único
registro Filho para o respectivo registro Pai; “Ocorrência - 1:N”
significa que pode haver vários registros Filhos para o respectivo
registro Pai. • A geração do arquivo requer a existência de um
“Registro Pai”, quando houver um “Registro Filho”. • São mu-
tuamente excludentes os registros referentes à representação do
documento, na íntegra (e os respectivos registros dependentes), e
os registros referentes a resumos do mesmo documento. Ou seja,
somente uma das ocorrências será aceita, de acordo com o perfil
de apresentação da EFD-ICMS/IPI.

Conforme consta no guia, estabelecimentos que possuem obri-


gatoriedade com a EFD ICMS/IP, mesmo com atividades para-
lisadas, sem movimento, são obrigados a apresentar arquivo
informando, no mínimo, os registros obrigatórios. Imagina-
-se, como exemplo, uma empresa comercial, de regime nor-
mal, tributada pelo ICMS, e que ela está parada de movimenta-
ção, mas não está inativa e nem foi baixada. Por mais que esta
não esteja comprando nem vendendo mercadoria, ainda sim
se estiver dentro do campo da obrigatoriedade do Sped Fiscal,
terá que enviar o arquivo sem movimento, contendo apenas as
informações que são obrigatórias como: o nome da empresa,
contador responsável, inscrição estadual, perfil, dentre outros.
O primeiro registro do Bloco 0, de abertura do arquivo digital,
identificação da entidade e referências, é o 0000, que se trate
de uma ocorrência obrigatória dentro do Sped. Ele correspon-
de ao primeiro registro do arquivo. Nele, o contribuinte deve-
rá informar, por exemplo, qual é o código da versão do leiaute

105
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

informado, se trata de um arquivo original ou de uma substi-


tuição, ou seja, se está enviando um arquivo retificador, data
inicial e final das informações, o nome empresarial, perfil do
arquivo etc. Também serão encontrados neste bloco os dados
do contabilista, mesmo que esta seja funcionário da empresa
ou prestador de serviços.

O Sped Fiscal define que as tabelas e os lançamentos constan-


tes no arquivo serão identificados através de códigos associa-
dos às tabelas externas. O leiaute do sistema é composto de
tabelas internas e externas. As externas são as que existem in-
dependentes do Sped Fiscal, como as tabelas abaixo:

• Tabela de CFOP
• Tabela de NCM
• Tabela de Municípios – IBGE

Se estas existem independentemente do referido sistema, não


tem porque o contribuinte trazer informações da tabela para
dentro do Sped antes de utilizar um desses códigos. Logo, ele
poderá utilizar um NCM ou um CFOP, sem ter que criar uma
tabela dos mesmos.

As tabelas internas são particulares para cada contribuinte.


Ou seja, cada empresa terá particularmente suas informações
a respeito do envio do Sped Fiscal. É o caso da:

• Tabela de Cadastro de Participante (Informações de clientes


e fornecedores a serem localizadas no Registro 0150 do Sped
Fiscal)
• Tabela de Identificação do Item (Cadastro de Produtos da
empresa a ser localizado no Registro 0200)
• Tabela de Natureza da Operação (Muito utilizada na NFe)
• Tabela de Unidade de Medidas (Registro 0190)
• Tabela de Fatores de Conversão (Registro 0220)

106
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A respeito do Registro 0150, referente à Tabela de Cadastro do


Participante, o Guia Prático define que se trata de uma ins-
crição utilizada para informações cadastrais de pessoas físi-
cas e jurídicas, participantes dos documentos fiscais. Ou seja,
clientes ou fornecedores. Já o Cadastro de Produto, o Registro
0200, o guia determina como um registro que tem como obje-
tivo informar a mercadorias, serviços, produtos ou qualquer
outro item usado em transações fiscais. É importante ressaltar
que, problemas nos cadastros de produtos acabam acarretan-
do em omissões de entradas e saídas, conforme foi estudado
incialmente.

Contudo recomenda-se que sejam feitas revisões dos cadas-


tros dos produtos e se estes estão atualizados. É aconselhável
que, cadastros de empresas industriais ou comerciais sejam
atualizados, pelo menos, duas vezes por ano, ou seja, de seis
em seis meses. Afinal existe um risco fiscal associado ao geren-
ciamento das informações, principalmente das relacionadas
ao cadastro de identificação do item, do Cadastro de Produto.

O guia também estabelece que, as informações referentes aos


documentos deverão ser prestadas sob o enfoque do infor-
mante do arquivo, tanto no que se refere às operações de en-

107
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tradas ou aquisições quanto no que se refere às operações de


saída ou prestações:

• Código do Item
• CST
• CFOP

Ou seja, não irá interessar qual é o Código do Item ou CST ou


CFOP que o fornecedor usou, mas sim o que essas informações
são para o contribuinte. Como exemplo é possível citar sobre
a compra de um mesmo produto de três fornecedores diferen-
tes: cada um desses utiliza um código diferente, descrição de
produto diferente, apesar de, na mesma essência, se tratar da
mesma mercadoria. Então se faz necessário dar entrada no
sistema, no mesmo código de produto, no intuito de evitar que
se crie cadastro de produtos que pode sujar o sistema e fazer
com que o utilize de maneira indevida acarretando em omis-
sões de entrada ou de saída.

No Bloco C serão escriturados os documentos fiscais de mer-


cadorias tributadas pelo ICMS/IPI. É importante perceber que
existe blocos de informações cadastrais, que é o Bloco 0, e blo-
cos de movimentações, onde serão informadas as transações
comerciais praticadas pelo contribuinte, que são os blocos C
e D.

Ainda sobre o “C”, no Registro C100 fica claro que se trata da


Nota Fiscal (Código 1), Nota Fiscal Avulsa (Código 1B), Nota
Fiscal de Produtor (Código 04), NF-e (Código 55) e NFC-e (Có-
digo 65). O guia aponta que este registro deverá ser gerado
para cada um desses modelos de documento fiscal, registran-
do a entrada ou a saída de produtos ou outras situações que
envolvam a emissão dos referidos documentos fiscais.

Nessa premissa é interessante destacar que o Sped oferece no-


vos conceitos a exemplo das informações serem orientadas a

108
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

processos. Antes dele, as escriturações de documentos fiscais


eram feitas podendo fazer o cadastro de informações na hora,
podendo, também, referenciar produtos, clientes e fornecedo-
res sem que anteriormente precisasse fazer um cadastro pré-
vio destes.

Com o Sped, isso não é possível. Este sendo orientado a proces-


so significa que só se poderá utilizar um documento fiscal com
um produto que estiver anteriormente cadastrado no Cadastro
de Identificação do Item. Só se poderá utilizar uma venda para
um cliente, se este estiver devidamente cadastrado no Registro
0150, de Participantes. Ou seja, o Sped usa as informações das
suas tabelas cadastrais com as suas movimentações.

No Bloco D as escriturações serão voltadas para documentos


fiscais de serviços tributados pelo ICMS, sendo estes de trans-
porte e de comunicação: Nota Fiscal de Serviço de Transpor-
te (Código 07) e Conhecimentos de Transporte Rodoviário de
Cargas (Código 08), Conhecimentos de Transporte de Cargas
Avulso (Código 8B), Aquaviário de Cargas (Código 09), Aéreo
(Código 10), Ferroviário de Cargas (Código 11) e Multimodal de
Cargas (Código 26), Nota Fiscal de Transporte Ferroviário de
Carga (Código 27) e Conhecimento de Transporte Eletrônico –
CT-e (Código 57). O registro, segundo o guia, deve ser apresen-
tado por todos os contribuintes adquirentes ou prestadores
dos serviços que utilizem os documentos citados acima.

O bloco é composto pelo o Registro D500, Nota Fiscal de Servi-


ço de Comunicação (Código 21) e Nota Fiscal de Serviço de Te-
lecomunicação (Código 22), que tem como objetivo apresentar
as notas fiscais de serviços de comunicações. A escrituração
alerta que, para os documentos de entrada, os campos de va-
lor/contribuição, base de cálculo e alíquota só devem ser infor-
mados se o adquirente tiver direito à apropriação do crédito,
que irá de maneira automática para a apuração.

109
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O Bloco E, de Apuração do ICMS e IPI, é referente aos regis-


tros dos dados relativos à apuração do ICMS e do IPI, de acor-
do com o Guia Prático. Pode-se afirma que se trata de um dos
principais blocos. Ele é resultante das informações que já fo-
ram preenchidas nos blocos C e D. A exemplo disso, se houver
um interesse em apurar créditos de ICMS, é importante que no
Bloco C, onde foram escrituradas as notas de entrada, tenham
sido destacados corretamente os créditos de ICMS, porque es-
ses serão transportados automaticamente para apuração. Da
mesma forma, os débitos de ICMS chegam diretamente dos
blocos C e D, que são de movimentação. Logo, as vendas vão
informar os débitos tributários que constarão na apuração.

O Bloco G, de Controle de Crédito do Ativo Permanente (CIAP)


é onde haverá o controle permanente o ICMS incidente sobre
o ativo permanente. Como principal exemplo, é possível des-
tacar o Registro G110: ICMS, que tem como objetivo prestar
informações a respeito do saldo de ICMS do CIAP. Para que
se possa fazer um Sped Fiscal de maneira segura, é importan-
te que se tenha um bom conhecimento sobre a legislação do
ICMS e do IPI.

O Bloco H, referente a inventário, apresenta dois registros


considerados relevantes a serem estudados: H005 e o H010.
O H005, que se refere aos totais de inventário, e servem para
descriminar os valores totais dos itens/produtos do inventário

110
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

realizado em 31 de dezembro em cada exercício ou nas demais


datas estabelecidas pela legislação fiscal ou comercial. Ressal-
te-se que existe uma legislação desde 1970, que prevê a escritu-
ração do grupo de registro de inventário. Quando o inventário
vai para o Sped Fiscal, faz-se apenas a substituição do modelo
de papel, pelo seu equivalente digital. O Art. 76 do Convênio
ICMS S/N de 1970 apresenta detalhes de como deve ser preen-
chido o inventário.

O registro H005 informa a data do inventário, 31 de dezembro


do ano anterior, além do valor total do documento. Observa-se
que este deve ser enviado anualmente, e em regra, é enviado
no Sped de fevereiro, que é mandado em março. Nesse Sped
de fevereiro, é viável anexar todo o inventário físico, informar
o código e descrição dos produtos, valor unitário, quantida-
de, valor total, e os códigos das contas analíticas que mostram
onde o produto deve estar debitado na contabilidade.

O Bloco K é um livro de controle da produção de estoque, que


é enviado mensalmente dentro do arquivo do Sped Fiscal, da
EFD ICMS IPI. Essa obrigatoriedade se aplica às indústrias
e aos comércios atacadistas. São pontos de atenção do Bloco
K: controle mensal dos estoques; monitoramento do estoque
fiscal das indústrias; informações de movimentações físicas x
fiscais; escrituração fiscal terceirizada, e adequação dos siste-
mas.

Sobre esse aspecto, um dos pontos que costumo comentar em


minhas aulas, que discorre sobre a dificuldade de implantação
do Bloco K nas indústrias, é por exemplo a exigência que existe
no registro K235, do campo 5, onde se deve informar uma subs-
tituição de insumos que tenha acontecido no momento da pro-
dução. Imagine que foi criada uma ficha técnica da fabricação
de uma mesa e foi informado que iria usar a tinta X, porém,
no momento da fabricação foi percebido que a tinta X está em
falta, logo, o insumo foi substituído. O Bloco K prevê que esse

111
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tipo de substituição de insumo seja apresentado dentro da es-


crituração digital.

Ressalte-se que, as escriturações fiscais contém uma série de


informações que são não fiscais. Além disso, se não houver o
envolvimento de toda empresa, principalmente no que diz res-
peito ao gerenciamento dos recursos, sejam estes humanos,
capitais, software, processos, é impossível realizar uma pres-
tação de informações seguras e sustentável dentro do Bloco K.
Para uma melhor compreensão e uso de todos os blocos e re-
gistros é importante frisar que, o Sped Fiscal é o novo modelo
de apresentação das escriturações fiscais, que substitui o mo-
delo de papel pelo seu equivalente digital. Estão obrigados ao
envio da EFD ICMS/IPI os contribuintes do ICMS e do IPI no
regime normal de tributação, ficando, na maioria dos estados
do Brasil, dispensados os contribuintes optantes pelo Simples
Nacional. Para garantir esse dispensa, é importante ressaltar
também seja verificada a legislação local.

O Sped Fiscal é enviado mensalmente. Algumas informações


tem natureza anual que é o caso do Bloco H, do Livro de Re-
gistro de Inventário. Porém, as demais informações que com-
põem a escrituração fiscal são enviadas mensalmente.

Ademais, não é preciso imprimir os livros fiscais. Para todos os


contribuintes do ICMS e IPI que estiveram obrigados ao envio
do Sped Fiscal, o envio do arquivo substitui a impressão de li-
vros de entrada, saída, apuração do ICMS e do IPI, de Controle
do Inventário, CIAP.

E por fim é relevante saber que o Bloco K é o livro da produção


de controle do estoque dentro do Sped Fiscal.

112
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

113
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 5
Escrituração Fiscal
Digital (EFD)
Contribuições

114
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Contextualização

Antes de iniciar este capítulo, que tem como objetivo aprofun-


dar os aspectos da EFD Contribuições se faz necessário voltar
a repensar sobre a legislação das obrigações principais, já cita-
da nesta obra, tendo em vista que muitas das dificuldades no
comprimento das obrigações acessórias, no modelo do Sped,
se dá pelo desconhecimento da legislação das obrigações prin-
cipais. Portanto, é muito importante ter o domínio da aplica-
ção e da legislação da obrigação principal. Então, para que se
possa fazer de maneira segura e eficaz a obrigação acessória
é fundamental dominar ou pelo menos ter um bom entendi-
mento da aplicação da legislação da obrigação principal.

No caso da EFD Contribuições, é imprescindível entender e


apurar de maneira segura e correta as contribuições para PIS,
Cofins, e a Previdenciária sobre a Receita Bruta. É preciso en-
tender bem sobre a hierarquia normativa relacionada a essas

115
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

contribuições, e que a matriz constitucional é a principal fon-


te normativa de direito tributário. Depois disso, é necessário
compreender que vêm, em seguida, as leis complementares
que instituem os tributos na maioria dos casos, as leis ordi-
nárias e medidas provisórias, além dos decretos e instruções
normativas.

O estudo aprofundado dessas contribuições vale, principal-


mente, para Pis e Confins, uma vez que estão entre os tribu-
tos mais onerosos para as empresas. Ambos representam mais
de 30% de arrecadação da Receita Federal, segundo o órgão.
Ademais ambos possuem uma legislação complexa, instável e
esparsa. A exemplo disso pontua-se a ausência de um regula-
mento dos tributos citados, assim como existem regulamentos
do imposto de renda e do ICMS, acabam dificultando seu es-
tudo e sua aplicação. O PIS e a Cofins também possuem regras
de não cumulatividade bem diferentes das não cumulativida-
des do ICMS e IPI.

É importante também salientar, dentro da área do tributário,


saber encontrar respostas para a maioria das perguntas. Em
treinamentos que realizo costumo sempre dizer para os alunos
que a área tributária, por ser considerada bem extensa, não é
viável alguém se achar detentor máximo do conhecimento a
respeito de tributos. É um risco subestimá-los. E se por um
acaso seja identificado alguém que o faça, desconfie. Isso por-
que se o usuário se basear apenas pelo regulamento do ICMS,
é preciso atentar para o fato de que existem estados que pos-
suem mais de 1.600 artigos. O que se observa aqui é sobre o
regulamento de um único estado, e não da hipótese de se fazer
a junção dos demais.

E no que se refere a PIS e Cofins e antes de aprofundar sobre


a EFD Contribuições é importante salientar que, por exemplo,
uma pessoa que se aprofunda na parte da legislação, e deco-
ra todas elas, ainda não seria suficiente para resolver algumas

116
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

questões que até hoje geram dúvidas tais como: definição


e conceito de receitas e de insumos. Ou seja, em matéria de
tributário se faz fundamental encontrar respostas para esses
questionamentos. Dentro dessa linha de raciocínio é viável
pontuar sobre as principais legislações relacionadas aos refe-
ridos tributos.

Em um breve resumo em relação às legislações que definem


os referidos tributos faz-se necessário entender a sequência
abaixo:

1) Lei Complementar n° 07/1970 – institui o PIS;


2) Lei Complementar n° 70/1991 – institui a Cofins;
(Obs: apesar dessas (PIS e Cofins) duas contribuições terem
direcionamentos associados, existe um extenso lapso tempo-
ral diante a criação delas.
3) Lei n° 9.718/1998 – que regulamenta o Regime Cumulativo de
contribuições para PIS e Cofins;
4) Lei n° 10.637/2002 – que trouxe o Regime Não Cumulativo
para PIS;
5) Lei n° 10.833/2003 – que trouxe o Regime Não Cumulativo
para Cofins;
6) Lei n° 10.865/2004 – que fala sobre a incidência do PIS/Co-
fins para as importações.

É importante ressaltar que existem diferenças básicas entre os


regimes cumulativos e não cumulativos no que se refere a Al-
cance, Base de Cálculo, Alíquotas Básicas, Créditos, Reconhe-
cimento e Devoluções.

EFD Contribuições

A EFD Contribuições traz uma diferença de ser completamen-


te digital, como já diz o nome. Ou seja, com a escrituração o
contribuinte não tem mais demonstrativos, preenchimentos
de fichas que poderiam ser impressas e arquivadas para a se-

117
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

gurança da empresa. Hoje o modelo de apresentação das escri-


turações é 100% digital. A EFD Contribuições foi estabelecida
com o objetivo de simplificar os processos e reduzir as obri-
gações acessórias impostas aos contribuintes, apresentado em
forma digital, com transmissão via internet.

Logo, a escrituração trata-se de um arquivo digital instituído


no Sped para ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito
privado na escrituração da contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins, nos regimes de apuração não-cumulativo e/ou cumula-
tivo, com base no conjunto de documentos e operações repre-
sentativos das receitas auferidas, custos, despesas, encargos e
aquisições geradores de créditos da não cumulatividade.

Com o advento da Lei nº 12.546 de 2011, a EFD Contribuições


considerou também a escrituração digital da Contribuição
Previdenciária sobre a Receita Bruta, incidente nos setores
de comércio, serviços e indústrias, no auferimento de receitas
referentes aos CNAE, atividades, serviços e produtos (NCM)
nesta relacionados.

Os documentos e operações da escrituração representativos de


receitas auferidas e de aquisições, custos, despesas e encargos
incorridos serão relacionadas no arquivo da EFD Contribui-

118
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ções em relação a cada estabelecimento da pessoa jurídica. A


escrituração das contribuições sociais e dos créditos e da Con-
tribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta será efetuada de
forma centralizada, em arquivo único mensal, pelo estabele-
cimento da matriz da pessoa jurídica. Exceção à regra do ar-
quivo único recai em relação às SCP, cujos arquivos devem ser
gerados de forma individualizada e separadamente das opera-
ções próprias da pessoa jurídica sócia ostensiva.

O arquivo da EFD Contribuições deverá ser validado, assina-


do digitalmente e transmitido, via internet, ao ambiente Sped.
Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1º
de março de 2012, estão obrigadas à escrituração fiscal digital
em referência:

I - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, refe-


rentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2012, as pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre
a Renda com base no Lucro Real;
II - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, re-
ferentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2013, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Impos-
to sobre a Renda com base no Lucro Presumido ou Arbitrado;
III - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, re-
ferentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2014, as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da
Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20
de junho de 1983;
IV - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março de
2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades relacio-
nadas nos arts. 7º e 8º da Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto
de 2011, convertida na Lei nº 12.546, de 2011;
V - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de
2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades relacio-

119
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

nadas nos §§ 3º e 4º do art. 7º e nos incisos III a V do caput do art.


8º da Lei nº 12.546, de 2011.

A pessoa jurídica poderá retificar os arquivos originais da EFD


Contribuições em cinco anos contados do primeiro dia do
exercício seguinte àquele a que se refere à escrituração, sem
penalidade. No entanto, a retificação não será validada pela
Receita Federal caso seja para reduzir débitos que já tenham
sido encaminhados à PFN, que tenham sido objeto de audito-
ria interna ou de procedimento de fiscalização; para alterar dé-
bitos em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intima-
da de início de procedimento fiscal; e, finalmente, para alterar
créditos já objeto de exame em procedimento de fiscalização
ou objeto de análise de PERDComp.

A partir de sua base de dados, a pessoa jurídica deverá gerar


um arquivo digital de acordo com leiaute estabelecido pela
Secretaria da RFB informando todos os documentos fiscais e
operações com repercussão no campo de incidência das con-
tribuições sociais e dos créditos da não-cumulatividade, além
da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta referen-
te a cada período de apuração das respectivas contribuições.
Este arquivo deverá ser submetido à importação e validação
pelo Programa Validador e Assinador (PVA da EFD Contribui-
ções) fornecido no sítio eletrônico do Sped e da RFB. 8

Como pré-requisito para a instalação do PVA EFD Contribui-


ções é necessária à instalação da máquina virtual do Java. Após
a importação ou criação da escrituração, esta poderá ser visu-
alizada pelo próprio Programa Validador, com possibilidades

8
A PJ poderá também, a partir da versão 2.0.1A do PVA da EFD-Contribuições, criar
uma escrituração mediante a digitação de todos os dados necessários no próprio PVA,
ou seja, sem a necessidade de importar arquivos. Este PVA também permite editar/
excluir/adicionar as informações necessárias à escrituração de qualquer operação su-
jeita a incidência das referidas contribuições.

120
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

de pesquisas de registros ou relatórios do sistema. Outras fun-


cionalidades do programa: digitação, alteração, assinatura di-
gital da EFD Contribuições, transmissão do arquivo, exclusão
de arquivos, geração de cópia de segurança e sua restauração.
De acordo com o Guia Prático, o programa gerador de escritu-
ração possibilitará:

1. Importar o arquivo com o leiaute da EFD Contribuições de-


finido pela RFB;
2. Criar uma nova escrituração, mediante digitação completa
dos dados;
3. Validar o conteúdo da escrituração e indicar dos erros e avi-
sos;
4. Editar via digitação os registros criados ou importados;
5. Emissão de relatórios da escrituração;
6. Geração do arquivo digital, para assinatura e transmissão
ao Sped;
7. Assinar do arquivo gerado por certificado digital;
8. Efetuar a transmissão do arquivo ao Sped.

A periodicidade de apresentação do arquivo da EFD Contribui-


ções é mensal, devendo ser transmitido, após a sua validação e
assinatura digital, até o décimo dia útil do segundo mês subse-
quente ao de referência da escrituração.

A EFD Contribuições integra o projeto Sped, em consonância


com o Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, que preten-
de a integração dos fiscos federal, estaduais, Distrito Federal
e, futuramente, municipais, e dos Órgãos de Controle com a
padronização, racionalização e compartilhamento de infor-
mações fiscais digitais. Ademais, procura integrar todo o pro-
cesso relativo à escrituração fiscal, com a substituição do pa-
pel por um documento eletrônico com validade jurídica para
todos os fins. Portanto, todos os documentos eletrônicos são
assinados digitalmente por meio de certificados digitais váli-
dos expedidos segundo as regras estipuladas pelo ICP-Brasil,

121
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

representantes legais ou seus procuradores, tendo este arqui-


vo validade jurídica para todos os fins, nos termos dispostos na
Medida Provisória nº 2200-2, de 24 de agosto de 2001.

Basicamente, a EFD Contribuições objetiva apresentar a escri-


turação dos documentos fiscais e os demonstrativos de apu-
ração do PIS da Cofins e da CPRB. Todavia, ela também apre-
senta, em muitos momentos: Créditos decorrentes de fusão,
cisão ou incorporação; valores retidos na fonte; informações
de processos administrativos e/ou judiciais; demonstrações de
operações extemporâneas e controle de créditos apurados tan-
to no período como em períodos anteriores.

É preciso apresentar todos os documentos fiscais da EFD Con-


tribuições? Só devem ser escriturados aqueles geradores de
créditos que estiverem no CST 50 a 56, que se referem aos cré-
ditos básicos, ou de 60 a 66, no caso de créditos presumidos.
No caso de documentos fiscais de saídas, faz-se necessário
apenas relacionar os documentos referentes às receitas. Com
isso é importante destacar que existem duas formas de enviar
a EDF Contribuições: a maneira detalhada, que se aplica, em
regra, às empresas do regime não-cumulativo, ou a maneira
consolidada ou resumida, que se aplica às empresas do regime
cumulativo.

122
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Como principal exemplo disso pontua-se as empresas tributa-


das pelo Lucro Presumido, que podem optar por manter uma
declaração resumida. Por vezes é comum notar muitas pesso-
as que fazem o preenchimento da EDF Resumida dentro do
próprio PVA. O Ato Declaratório Executivo (ADE) Cofis 24 de
2011 se refere ao leiaute específico de preenchimento da EDF
Resumida, e que especifica alguns registros específicos para
o Regime de Caixa (F500/F510/F525) e outros registros para o
Regime de Competência (F550/F560), sempre utilizando o re-
gistro 1900 para consolidar os documentos emitidos no perío-
do. Na prática é possível perceber que a EFD Contribuições, no
Regime Cumulativo, acaba sendo bem simplificada em com-
paração ao Regime Não-Cumulativo.

Ao falar sobre escriturações fiscais digitais, principalmente no


Sped Fiscal e na EDF Contribuições, é sempre importante lem-
brar que as informações que nascem nos documentos fiscais,
agora eletrônicos conforme estudado no capítulo 1, transitam
pelas escriturações fiscais, que são referentes ao capítulo 2, e
desaguam nas escriturações contábeis, que se refere ao capí-
tulo 3 desta obra.

Ou seja, para que se faça uma apuração correta e essa é de-


monstrada tanto no Sped Fiscal como na EDF Contribuições, é
preciso ter um Cadastro do Produto bem feito, pois cadastros
estando corretos ocasionam a emissão correta dos documen-
tos fiscais, e com a informação correta no documento, a apura-
ção ficará correta. É uma estratégia lógica e exata.

Porém, a obrigação tributária brasileira não se encerra na apu-


ração correta do tributo. Depois de se apurar corretamente o
tributo, é preciso gerar o arquivo da obrigação acessória, ana-
lisa-lo detalhadamente, verificar se existem possíveis erros ou
contingências, promover a correção dos mesmos na origem
da base de dados. Ou seja, evitar se possível, jamais fazer cor-
reções manualmente dentro do PVA, ou dentro do arquivo de

123
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

texto, e sim fazer dentro da base de dados do sistema de ori-


gem, prioritariamente até no próprio cliente. Isso evitará re-
dundâncias e retrabalhos.

Um exemplo é o caso de uma importação de um arquivo da


EDF Contribuições para dentro do PVA, sendo que este mos-
trou a informação da existência de 10 fornecedores que se
encontram com problemas cadastrais. É possível acessar rapi-
damente o PVA e corrigir as informações cadastrais desses 10
fornecedores, o problema é que, no mês seguinte, ao importar
novamente o arquivo, vão constar, repetidamente, os 10 erros
dos 10 fornecedores.

Legislação

A aplicação de procedimentos de um sistema requer o máxi-


mo de cuidado e atenção por parte de seus usuários. No que
diz respeito à legislação voltada para EFD Contribuições não
poderia ser diferente para os usuários do Sped. Em virtude
dessa premissa básica é necessário entender que, conforme
instituído pela Instrução Normativa RFB nº 1.052, de 5 de julho
de 2010, sujeitam à obrigatoriedade de geração de arquivo da
Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins) - EFD PIS/Cofins, as pessoas jurídicas de direito pri-
vado em geral e as equiparadas pela legislação do Imposto de
Renda, que apuram a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins
com base no faturamento mensal.

Com o surgimento da Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1


de março de 2012, tornou-se obrigatória à geração de arquivo
da Escrituração Fiscal Digital das Contribuições, a partir de
2012, para as pessoas jurídicas contribuintes do PIS/Pasep e
da Cofins e para os contribuintes da Contribuição Previdenci-
ária sobre a Receita Bruta (MP nº 540/2011, convertida na Lei nº
12.546/2011), nos períodos a seguir:

124
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

I - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, refe-


rentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2012, as pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre
a Renda com base no Lucro Real;
II - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, re-
ferentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2013, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Impos-
to sobre a Renda com base no Lucro Presumido ou Arbitrado;
III - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, re-
ferentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2014, as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da
Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20
de junho de 1983 – Bloco I da EFD-Contribuições;
IV - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março de
2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades relacio-
nadas nos arts. 7º e 8º da Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto
de 2011, convertida na Lei n º 12.546, de 2011;
V - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 º de abril de
2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades relacio-
nadas nos arts. 7 º e 8 º e anexos da Lei nº 12.546, de 2011 (grifos
originais).

125
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 65, de 2012, aprovou o


Leiaute da Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins aplicável às pessoas jurídicas referidas
nos parágrafos 6º, 8º e 9º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (Ins-
tituições financeiras e demais pessoas jurídica de tributação
equiparada), em relação aos fatos geradores ocorridos a partir
de 1º de julho de 2013. O leiaute em referência foi atualizado
pelo ADE Cofis nº 91, de 2013. A escrituração do Bloco I, pelas
pessoas jurídicas referidas no item III, só é de natureza obriga-
tória em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de
janeiro de 2014, conforme disposto na IN RFB nº 1.387, de 2013.
Em relação ao primeiro mês de obrigatoriedade, correspon-
dente ao período de apuração de janeiro de 2014, a transmitir
até o dia 18 de março de 2014, a pessoa jurídica poderá utilizar
tanto a versão 2.05, disponível desde o mês de agosto de 2013,
como as versões 2.06 e posteriores do PVA, conforme é possível
observar no quadro 1 abaixo:

Quadro 1 - título
BLOCO I - REGIS-
VERSÃO PVA DISPONIBILIZAÇÃO
TROS A ESCRITURAR
Registro I100
2.05 Agosto/2013
Registro I200
Registro I100
2.06 Fevereiro/2014 9
Registro I200
Registro I300
Registro I100
2.07 Março/2014 Registro I200
Registro I300

9
A partir do período de apuração referente a fevereiro de 2014, deve a pessoa jurídica
utilizar as versões atualizadas, do PVA.

126
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A Instrução Normativa RFB nº 1.387, de 2013, prorrogou para


o décimo dia útil de setembro de 2013, a entrega da EFD Con-
tribuições, relativa a fatos geradores ocorridos nos meses de
outubro de 2012 a fevereiro de 2013, para os importadores e
para as pessoas jurídicas que procedam à industrialização de
cervejas de malte e cervejas sem álcool, em embalagem de lata,
classificadas nos códigos 2203.00.00 e 2202.90.00, ex. 3, da Ta-
bela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializa-
dos (Tipi), aprovada pelo Decreto nº 7.660/2011.

Convém ressaltar que as pessoas jurídicas sujeitas à tributação


do Imposto de Renda na sistemática do Lucro Presumido têm
como regra de obrigatoriedade da escrituração do PIS/Pasep e
da Cofins, em relação aos fatos geradores a ocorrer a partir de
janeiro de 2013, conforme dispõe a Instrução Normativa RFB
nº 1.280/2012. Entretanto, caso se enquadre nas hipóteses de
incidência da contribuição previdenciária incidente sobre a
receita bruta, conforme Lei nº 12.546, de 2011, deve:

apresentar a EFD Contribuições apenas com as informações da


contribuição previdenciária sobre Receita Bruta, em relação aos
fatos geradores ocorridos de março (ou abril, conforme o caso –
Ver Tabela 5.1.1) a dezembro de 2012; e apresentar a EFD Con-
tribuições com as informações das três contribuições (da contri-
buição previdenciária sobre Receita Bruta, do PIS/Pasep e da
Cofins) a partir dos fatos geradores ocorridos em janeiro de 2013.

Escrituração da Contribuição Previdenciária sobre a Receita

As pessoas jurídicas devem escriturar e prestar as informações


referentes às suas operações, de natureza fiscal e/ou contábil,
representativas de seu faturamento mensal, ou seja, o total
das receitas auferidas, independente de sua denominação ou
classificação contábil, correspondente à receita bruta da venda
de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e
todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica, segun-

127
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

do disposto nas Leis nº 9.718, de 1998; nº 10.637, de 2002, e nº


10.833, de 2003.

Além disso, a pessoa jurídica deve proceder à escrituração de


suas operações, de natureza fiscal e/ou contábil, representati-
vas de aquisições de bens para revenda, bens e serviços utiliza-
dos como insumos e demais custos, despesas e encargos, su-
jeitas à incidência e apuração de créditos próprios do regime
não cumulativo, de créditos presumidos da agroindústria e de
outros créditos previstos na legislação da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, apurando e discriminando os créditos
em função da natureza, conforme disposto na Lei nº 12.058,
de 2009.

O Ato Declaratório Executivo Cofis


nº 34, de 28 de outubro de 2010
(D.O.U. de 1º de novembro
de 2010) aprovou o Manual
de Orientação do Leiaute da Es-
crituração Fiscal Digital da Contri-
buição para o PIS/Pasep e da Cofins,
nos termos de seu anexo único, tendo sido
atualizado pelo Ato Declaratório Executivo
Cofis nº 37, de 21 de dezembro de 2010 (D.O.U.
de 22.12.2010). O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 24,
de 22 de agosto de 2011 (D.O.U. de 24 de novembro de 2010)
aprovou os registros da escrituração simplificada da Contri-
buição para o PIS/Pasep e da Cofins, pelo regime de caixa ou
de competência (Bloco F da escrituração), aplicáveis exclusiva-
mente às pessoas jurídicas tributadas pelo Imposto de Renda
com base no Lucro Presumido, em relação aos fatos geradores
ocorridos a partir de 1º de julho de 2012, nos termos das Instru-
ções Normativas RFB nos. 1.218/2011 e 1.252/2012.

O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 20, de 14 de março de


2012 (D.O.U. de 16 de fevereiro de 2012) aprovou o atual Manu-

128
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

al de Orientação do Leiaute da Escrituração Fiscal Digital da


Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins e da Contribuição
Previdenciária sobre a Receita Bruta, nos termos de seu Anexo
Único.

O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 65, de 20 de dezembro


de 2012 (D.O.U. de 21 de dezembro de 2012) aprovou o Leiau-
te da Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/
Pasep e da Cofins, aplicável às pessoas jurídicas referidas nos
parágrafos 6º, 8º e 9º do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em
relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de julho de
2013, prorrogado o período inicial para janeiro de 2014, confor-
me disposto na IN RFB nº 1.387/2013.

O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 91, de 9 de dezembro de


2013 (D.O.U. de 11.09.2013) alterou o Ato Declaratório Execu-
tivo Cofis nº 20, de 14 de março de 2012, acrescentando novos
registros ao Leiaute da Escrituração Fiscal Digital da Contri-
buição para o PIS/Pasep e da Cofins.

Periodicidade, forma e prazo de entrega

O arquivo digital de escrituração da Contribuição para o PIS/


Pasep, da Cofins e da Contribuição Previdenciária sobre a Re-
ceita Bruta será gerado de forma centralizada pelo estabeleci-
mento matriz da pessoa jurídica, conforme artigo 15, da Lei nº
9.779, de 19 de janeiro de 1999, e submetido ao programa dis-
ponibilizado para validação de conteúdo, assinatura digital,
transmissão e visualização. Todas as pessoas jurídicas sujeitas
à apuração das referidas contribuições sociais, incidentes so-
bre o faturamento e a receita devem adotar a EFD Contribui-
ções, nos termos do artigo 2° do Decreto nº 6.022, de 2007, nos
regimes não cumulativo e cumulativo, com base nos seguintes
prazos de obrigatoriedade, definidos na Instrução Normativa
RFB nº 1.252/2012.

129
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A Instrução Normativa RFB nº 1.252/2012 dispensa da obriga-


toriedade da apresentação da EFD Contribuições, no caso de
pessoa jurídica sujeita à tributação do Imposto sobre a Renda
com base no Lucro Real ou Presumido em relação aos corres-
pondentes meses do ano-calendário, em que:

I - não tenha auferido ou recebido receita bruta da venda de bens


e serviços, ou de outra natureza, sujeita ou não ao pagamento das
contribuições, inclusive no caso de isenção, não incidência, sus-
pensão ou alíquota zero;
II - não tenha realizado ou praticado operações sujeitas a apura-
ção de créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins,
inclusive referentes a operações de importação.

Isso significa que a empresa do lucro Real ou Presumido, que


não tenha nenhuma receita para apresentar para a EFD Con-
tribuições e não tenha nenhuma operação que dê direito a cré-
dito, não precisa mandar EDF Contribuições num determina-
do mês. Imagine que a empresa não teve movimento fiscal no
período, ou seja, não teve receita, e nem mesmo nenhum cré-
dito apurado, a mesma não precisa enviar EFD Contribuições.
Porém, ela deve mandar no mês de dezembro, mesmo que este
esteja sem movimento, e no registro 0120 vai especificar quais
competências não enviou por estar sem movimento.

A dispensa de entrega da EFD Contribuições não alcança o


mês de dezembro do ano-calendário correspondente, devendo
a pessoa jurídica, em relação a esse mês, proceder a entrega
regular da escrituração digital, na qual deverá indicar os meses
do ano-calendário em que não auferiu receitas nem realizou
operações geradoras de crédito. A referida identificação na es-
crituração do mês de dezembro de cada ano-calendário, dos
meses dispensados da apresentação, será efetuada no Registro
“0120 - Identificação de Períodos Dispensados da Escrituração
Digital”, o qual será criado mediante a publicação de Ato De-

130
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

claratório Executivo, atualizando o leiaute da EFD Contribui-


ções. Estão dispensados de apresentação da escrituração:

I - as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte


(EPP) enquadradas no Regime Especial Unificado de Arrecada-
ção de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), instituído pela
Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, relativa-
mente aos períodos abrangidos por esse Regime;
II - as pessoas jurídicas imunes e isentas do Imposto sobre a Ren-
da da Pessoa Jurídica (IRPJ), cuja soma dos valores mensais da
Contribuição para o PIS/Pasep (sobre a receita), da Cofins e da
CPRB seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). As
pessoas jurídicas imunes ou isentas do IRPJ ficarão obrigadas à
apresentação da EFD-Contribuições a partir do mês em que o li-
mite fixado no inciso II do caput for ultrapassado, permanecendo
sujeitas a essa obrigação em relação ao(s) mês(es) seguinte(s) do
ano-calendário em curso;
Importante ressaltar que não deve ser considerado no cálculo do
limite de R$ 10.000,00 mensais, acima referido, nenhum valor
referente ao PIS sobre a Folha. Ou seja, só devem ser considerados
no limite de R$ 10.000,00 mensais, as contribuições que incidem
sobre as receitas, quais sejam: O PIS/Pasep e a Cofins, nos regi-
mes cumulativos e/ou não cumulativos, e a CPRB.

131
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Quadro 2 - PJ Imunes e Isentas - situações de dispensa de es-


crituração digital

PIS/COFINS/
Mês PIS FOLHA EFD-CONT ECD
CPRB
Janeiro 0 0 Não
Fevereiro 0 1.000.000 Não
Março 8.000 1.000.000 Não
Abril 9.000 0 Não
Maio 0 0 Não
Junho 10.000 1.000.000 Não
Não
Julho 10.000 0 Não
Agosto 5.000 980.000 Não
Setembro 1.000 950.000 Não
Outubro 1.000 1.100.000 Não
Novembro 1.000 1.000.000 Não
Dezembro 1.000 1.000.000 Não

132
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Quadro 3 - PJ Imunes e Isentas - situações de obrigatoriedade


de escrituração digital

PIS/COFINS/ PIS
Mês EFD-CONT ECD ECF
CPRB FOLHA
Janeiro 0 0 Não
Fevereiro 0 1.000.000 Não
Março 8.000 1.000.000 Não
Abril 9.000 0 Não
Maio 0 0 Não
Junho 10.000 1.000.000 Não
Sim Sim
Julho 10.500 0 Sim
Agosto 5.000 980.000 Sim
Setembro 1.000 950.000 Sim
Outubro 1.000 1.100.000 Sim
Novembro 1.000 1.000.000 Sim
Dezembro 1.000 1.000.000 Sim

III - as pessoas jurídicas que se mantiveram inativas desde o


início do ano-calendário ou desde a data de início de atividades,
relativamente às escriturações correspondentes aos meses em que
se encontravam nessa condição;
IV - os órgãos públicos;
V - as autarquias e as fundações públicas; e
VI - as pessoas jurídicas ainda não inscritas no Cadastro Nacio-
nal da Pessoa Jurídica (CNPJ), desde o mês em que foram regis-
trados seus atos constitutivos até o mês anterior àquele em que foi
efetivada a inscrição.
São também dispensados de apresentação da EFDPIS/Cofins,
ainda que se encontrem inscritos no CNPJ ou que tenham seus

133
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

atos constitutivos registrados em Cartório ou Juntas Comerciais:


I - os condomínios edilícios;
II - os consórcios e grupos de sociedades, constituídos na forma
dos arts. 265, 278 e 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
III - os consórcios de empregadores;
IV - os clubes de investimento registrados em Bolsa de Valores,
segundo as normas fixadas pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) ou pelo Banco Central do Brasil (Bacen);
V - os fundos de investimento imobiliário, que não se enquadrem
no disposto no art. 2º da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999;
VI - os fundos mútuos de investimento mobiliário, sujeitos às nor-
mas do Bacen ou da CVM;
VII - as embaixadas, missões, delegações permanentes, consula-
dos-gerais, consulados, vice-consulados, consulados honorários e
as unidades específicas do governo brasileiro no exterior;
VIII - as representações permanentes de organizações internacio-
nais;
IX - os serviços notariais e registrais (cartórios), de que trata a Lei
nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973;
X - os fundos especiais de natureza contábil ou financeira, não
dotados de personalidade jurídica, criados no âmbito de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, bem como dos Ministérios Públicos e dos Tribunais de
Contas;
XI - os candidatos a cargos políticos eletivos e os comitês finan-
ceiros dos partidos políticos, nos termos da legislação específica;
XII - as incorporações imobiliárias sujeitas ao pagamento uni-
ficado de tributos de que trata a Lei nº 10.931, de 2 de agosto de
2004, recaindo a obrigatoriedade da apresentação da EFD-Con-
tribuições à pessoa jurídica incorporadora, em relação a cada in-
corporação submetida ao regime especial de tributação;
XIII - as empresas, fundações ou associações domiciliadas no
exterior que possuam no Brasil bens e direitos sujeitos a registro
de propriedade ou posse perante órgãos públicos, localizados ou
utilizados no Brasil;
XIV - as comissões, sem personalidade jurídica, criadas por ato

134
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

internacional celebrado pela República Federativa do Brasil e um


ou mais países, para fins diversos; e
XV - as comissões de conciliação prévia de que trata o art. 1º da
Lei nº 9.958, de 12 de janeiro de 2000.

Resumindo, estão fora da obrigatoriedade: órgãos públicos,


autarquias e fundações públicas; pessoa jurídica ainda não
inscritas no CNPJ; relação de atividades constantes no Guia
Prático* (p.08 e 09). Em relação a este último, colocando como
exemplo, é possível citar os condomínios residenciais, identi-
ficado na página 8, como uma das atividades que está fora da
obrigatoriedade do envio da EFD Contribuições.

Em relação ao quadro 2, se o contribuinte não paga nenhuma


contribuição sobre as receitas acima de R$ 10.000, o mesmo
não está na obrigatoriedade do envio da EFD Contribuições.
Em relação a isso é possível imaginar uma entidade religiosa
que, por exemplo, paga o PIS sobre uma folha de R$ 50.000 por
mês. Mesmo que esta pague em cima desse valor, não estará
obrigada ao envio da EFD Contribuições.

Ressalte-se que, é de responsabilidade do titular da escritura-


ção a guarda do arquivo transmitido e de toda a documentação
que deu base para a apuração. O recibo de entrega é gerado
pelo ReceitaNET, com a extensão “REC”. Nesse sentido, suge-
re-se que a ferramenta seja baixada no computador de opera-
ção, que irá permitir fazer o dowload das informações que já
foram transmitidas à Receita Federal.

As pessoas jurídicas que passarem à condição de inativas no


curso do ano-calendário somente estarão dispensadas da EFD
Contribuições a partir do primeiro mês do ano-calendário sub-
sequente. Sendo considerada inativa a partir do mês em que
não realizar qualquer atividade operacional, não operacional,
patrimonial ou financeira, inclusive aplicação no mercado fi-
nanceiro ou de capitais, observado o disposto no parágrafo

135
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

seguinte. De acordo com a legislação vigente, o pagamento de


tributo relativo a anos-calendário anteriores e de multa pelo
descumprimento de obrigação acessória não descaracteriza a
pessoa jurídica como inativa no ano-calendário.

Os consórcios que realizarem negócios jurídicos em nome pró-


prio, inclusive na contratação de pessoas jurídicas ou físicas,
com ou sem vínculo empregatício, poderão apresentar a EFD
Contribuições, ficando as empresas consorciadas solidaria-
mente responsáveis. No caso da pessoa jurídica encontrar-se
na condição de ativa no início do ano-calendário ou da data
de início de suas atividades no ano-calendário, deverá apre-
sentar a EFD Contribuições em relação a todos os meses do
ano-calendário, com base nas hipóteses de obrigatoriedade es-
pecificadas no artigo 5º da IN RFB nº 1.252, de 2012, mesmo se
inativa no curso do ano-calendário. Em relação aos meses do
ano-calendário que esteja na condição de inativa, deve a pes-
soa jurídica informar nos registros de abertura dos blocos “A”,
“C”, “D” e “F” da EFD Contribuições, o indicador “1 - Bloco sem
dados informados”.

Multas de atraso na entrega da escrituração

Para evitar sanções, faz-se necessário averiguar profunda-


mente o que estabelece a legislação. O próprio Guia Prático e a

136
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

legislação aplicável à EFD Contribuições traz a previsão de al-


gumas multas pelo atraso da entrega. Para muitas dessas mul-
tas já existe a previsão, até mesmo, sem haver a obrigatorie-
dade do envio da EFD Contribuições, que é o caso das pessoas
físicas. A não entrega de arquivos digitais do Sped, pelo atraso
na entrega ou por sua inexatidão sofre penalidades conforme
estabelecido pela Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013, com a
seguinte redação do artigo 57 da Medida Provisória nº 2.158-35,
de 2001, determina que:

O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias


exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de
1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intima-
do para cumpri-las ou para prestar esclarecimentos relativos a
elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil e sujeitar-se-á às seguintes multas:

I - por apresentação extemporânea:


a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração,
relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de
atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última de-
claração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo
Simples Nacional;
b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês-calendário ou
fração, relativamente às demais pessoas jurídicas;
c) R$ 100,00 (cem reais) por mês-calendário ou fração, relativa-
mente às pessoas físicas.
II - por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita
Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para pres-
tar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal:
R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário;
III - por cumprimento de obrigação acessória com informações
inexatas, incompletas ou omitidas:
a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do va-
lor das transações comerciais ou das operações financeiras, pró-
prias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja

137
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata


ou incompleta;
b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$
50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou
das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de tercei-
ros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de
informação omitida, inexata ou incompleta.
§ 1º ....
§ 2º Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurí-
dicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma
forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento
de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que
trata a alínea b do inciso I do caput.
§ 3º A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à meta-
de, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer
procedimento de ofício.

Resumindo o que diz a legislação: existe uma multa de R$


500,00 para o início de atividade, para as empresas que sejam
imunes ou isentas do IR, ou que na última declaração, como
pessoa jurídica, eram do Lucro Presumido ou optante pelo
Simples Nacional. Além disso, existe uma multa de R$ 1.500,00
por mês ou fração para as demais pessoas jurídicas. Multa de
R$ 100,00 para as pessoas físicas e de R$ 500,00 por não cum-
primento de intimidação. Como exemplo disso é possível ima-
ginar o caso de uma pessoa jurídica do Lucro Real que não en-
viou a EDF Contribuições dentro no prazo estabelecido.

Ou o caso quando se recebe uma intimação da Receita Federal


para enviar no prazo de 10 dias, se a mesma não for cumprida
aquela multa de R$ 1.500,00 será acrescentada mais R$ 500,00
por não cumprimento da intimação fiscal. Lembrando que, es-
sas penalidades são apenas por atraso na entrega das obriga-
ções acessórias. Ademais ainda existe a previsão da multa de
3% não inferior a R$ 100,00 em caso de incorreções, erros ou
omissões. É importante ressaltar que, existe a redução de 50%

138
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

em cima do valor no caso de pagamento de multas de maneira


espontânea.

No intuito de refletir melhor sobre o assunto, colocando um as-


pecto mais prático, costumo indagar, em minhas aulas, se so-
mente a matriz entrega a EFD Contribuições. Mas antes, é im-
portante lembrar que no Sped Fiscal, a Ajuste Sinief S/N de 1970,
prevê que cada estabelecimento precisa manter a escrituração
dos livros fiscais. Com isso, a obrigatoriedade do Sped Fiscal será
por estabelecimento, ou seja, se houver matriz em cinco filiais,
o contribuinte terá que mandar seis arquivos do Sped Fiscal. No
que se refere à EFD Contribuições, essa realidade é diferente. Lá
se deve centralizar o movimento na matriz, onde se importará
do PVA da EDF Contribuições um único arquivo por empresa, e,
no mesmo deverá ser levado todas as informações relacionadas
às receitas, custos, despesas e aquisições com direito a crédito,
estruturados por estabelecimento.

Lembrando que, essas informações relacionadas a créditos, a


informação de despesas e de custos são somente para empre-
sas que tiverem no regime não cumulativo das contribuições.
No 0140 serão informados os diversos estabelecimentos da
Pessoa Jurídica. Ou seja, o arquivo deverá ser feito dizendo que
se refere à informação da matriz, mas no registro 0150 deverão
ser detalhados todos os estabelecimentos e filiais. O arquivo
vai ser submetido a um PVA. Em regra geral, se a informação
existe o contribuinte está obrigado a prestá-la.

Retificação de escrituração já transmitida

É possível retificar escriturações já emitidas? Esse item tem


como objetivo orientar sobre procedimentos em relação ao as-
sunto questionado.

Na IN RFB nº 1.252/2012 em seu artigo 11 com a nova redação


dada pela IN RFB nº 1.387/2013, a pessoa jurídica pode substi-

139
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tuir arquivo de escrituração digital já transmitido, mediante:


transmissão de novo arquivo digital validado e assinado para
inclusão, alteração ou exclusão de documentos ou operações
da escrituração fiscal, ou para efetivação de alteração nos re-
gistros representativos de créditos e contribuições e outros
valores apurados.

No novo prazo para retificação, ampliado, a pessoa jurídica po-


derá proceder à retificação da EFD Contribuições em até cinco
anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele a
que se refere à escrituração a ser substituída. O arquivo retifi-
cador da EFD Contribuições não produzirá efeitos quanto aos
elementos da escrituração, quando tiver por objeto:

I - reduzir débitos de Contribuição:


a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida
Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses
saldos;
b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna,
relativos às informações indevidas ou não comprovadas presta-
das na escrituração retificada, já tenham sido enviados à PGFN
para inscrição em DAU; ou

140
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

c) cujos valores já tenham sido objeto de exame em procedimento


de fiscalização;
II - alterar débitos de Contribuição em relação aos quais a pessoa
jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal; e
III - alterar créditos de Contribuição objeto de exame em procedi-
mento de fiscalização ou de reconhecimento de direito creditório
de valores objeto de Pedido de Ressarcimento ou de Declaração de
Compensação.
Todavia, a pessoa jurídica poderá apresentar arquivo retificador
da escrituração, em atendimento a intimação fiscal e nos termos
desta, para sanar erro de fato:
a) na hipótese prevista no item II acima, havendo recolhimento
anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao
escriturado no arquivo original, desde que o débito tenha sido
também declarado em DCTF; e
b) na hipótese prevista no item III acima, decorrente da não escri-
turação de operações com direito a crédito, ou da escrituração de
operações geradoras de crédito em desconformidade com o leiaute
e regras da EFD-Contribuições.
A pessoa jurídica que transmitir arquivo retificador da EFD-Con-
tribuições, alterando valores que tenham sido informados na De-
claração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá
apresentar, também, DCTF retificadora, observadas as disposições
normativas quanto à retificação desta (grifos originais).

Trazendo para a prática, como exemplo, a viabilidade de re-


tificação de informações referentes aos meses de janeiro ou
fevereiro de 2017. Qual seria o prazo nesse caso? Sobre isso é
preciso saber que deverá ser contado a partir do primeiro dia
do exercício de 2018, ou seja, contando-se, consequentemtne,
cinco anos para frente.

Vale lembrar que, essas retificações não produzirão efeitos no


caso de se reduzir débitos de contribuições que já tenham sido
enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, conforme
pontuado na citação acima.

141
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Mas vale ressaltar também sobre as operações extemporâneas,


conforme instruções da legislação:

Neste sentido, a partir do período de apuração referente a agosto


de 2013, a apuração e escrituração de créditos vinculados a ser-
viços contratados ou a produtos adquiridos com direito a crédi-
to, referentes a períodos anteriores, serão prestadas em arquivo
retificador, nos registros A100 (serviços) e/ou C100 (bens para
revenda e insumos adquiridos), por exemplo, do período de com-
petência a que se referem, e não mais, nos antigos registros de cré-
ditos extemporâneos 1101/1102 (PIS/Pasep) e 1501/1502 (Cofins),
ou de contribuições extemporâneas 1200/1210/1220 (PIS/Pasep)
e 1600/1610/1620 (Cofins).
Ressalte-se que os registros para a escrituração das operações
geradoras de crédito e de receitas auferidas, dos blocos “A”, “C”,
“D” e “F”, validam a escrituração de documentos correspondentes
aos períodos de apuração da escrituração, mesmo que a data de
emissão do documento fiscal seja diferente (anterior ou posterior)
à data a que se refere à escrituração, descrita no registro “0000”.
A interrupção na validação dos registros extemporâneos é deter-
minada em função do período de apuração da escrituração, ou
seja, para as escriturações com período de apuração a partir de
agosto de 2013, inclusive. 10

Tendo em vista a possibilidade da pessoa jurídica de proceder


à retificação da escrituração em até cinco anos, a partir da vi-
gência da IN RFB nº 1.387/2013, a inclusão de novas operações
representativas de créditos ou de contribuições, ainda não in-
cluídos em escrituração digital já transmitida, deve ser forma-
lizada mediante a retificação do arquivo digital do período de
apuração a que se referem às citadas operações.

10
O PVA na versão 2.05 e posteriores continua validando eventual registro extempo-
râneo, se o arquivo txt importado se referir a PA igual ou anterior a julho de 2013. Para
as escriturações com período de apuração a partir de agosto de 2013, o PVA não valida
nem permite a geração de registros de operação extemporânea, gerando ocorrência
de erro de escrituração.

142
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Geração de arquivos

Antes de aprofundar as explicações em torno dos documentos


que fazem os arquivos da EFD Contribuições, é muito impor-
tante entender que todos os speds que possuem PVAs offlines,
trabalham dentro dessa linha de raciocínio. Desta forma, eles
possuem leiautes que se dividem em vários blocos que são
conjuntos macros de informações, e, dentro desses blocos os
Speds estão subdivididos em diversos registros sendo estes de
informações mais detalhadas, e por fim, os campos, que são as
informações que compõem os registros.

Com essa pequena contextualização é possível verificar mais


sobre o assunto no item seguinte, que inclusive mostrará a Ta-
bela de Blocos obrigatória.

Blocos e registros

Entre o registro inicial (registro 0000) e o registro final (9999),


o arquivo digital é constituído de blocos, cada qual com um re-
gistro de abertura, com registros de dados e com um registro de
encerramento, referindo-se cada um deles a um agrupamento
de documentos e de outras informações econômico-fiscais ou

143
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

contábeis. A apresentação de todos os blocos, na sequência,


conforme a Tabela Blocos é obrigatória, sendo que o registro
de abertura do bloco indicará se haverá ou não informação.

Tabela de Blocos

Bloco Descrição
0 Abertura, Identificação e Referências
A Documentos Fiscais - Serviços (ISS)
C Documentos Fiscais I – Mercadorias (ICMS/IPI)
D Documentos Fiscais II – Serviços (ICMS)
F Demais Documentos e Operações
I Operações das Instituições Financeiras e Asseme-
lhadas, Seguradoras, Entidades de Previdência Pri-
vada e Operadoras de Planos de Assistência à Saúde
(*)
M Apuração da Contribuição e Crédito de PIS/PASEP
e da COFINS
P Apuração da Contribuição Previdenciária sobre a
Receita Bruta
1 Complemento da Escrituração – Controle de Saldos
de Créditos e de Retenções, Operações Extemporâ-
neas e Outras Informações
9 Controle e Encerramento do Arquivo Digital

(*) O leiaute do Bloco “I”, objeto de publicação pelo Ato Declaratório Execu-
tivo nº 65/2012, expedido pela Coordenação-Geral de Fiscalização da Secre-
taria da Receita Federal.

A estrutura do arquivo se apresenta quando a obrigatorieda-


de ou não de escrituração de cada bloco é determinada através

144
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

de acordo com: a qualificação da pessoa jurídica em geral, do


sistema financeiro etc; e do regime de tributação do IR (Lucro
real, presumido/arbitrado). Como exemplo, o Bloco I se refe-
re exatamente às instituições financeiras. Ou seja, em caso de
ser uma pessoa jurídica que não se trata de uma instituição
financeira, não há a necessidade de se fazer o preenchimento
do Bloco I.

Para um melhor aproveitamento dessas informações e enten-


der sobre registros no intuito de aplicar cada um deles ao Sped,
faz-se imprescindível um detalhamento dos blocos e seus prin-
cipais registros, conforme elencados na sequência abaixo:

1) Bloco 0 – Abertura, Identificação e Referências. O bloco é


referente às informações cadastrais da Pessoa Jurídica. Prin-
cipais registros:

0000 – Identificação da Pessoa Jurídica, que corresponde ao


primeiro registro da escrituração. Nele constarão as informa-
ções de uma escrituração Original ou Retificadora, data, CNPJ,
além da atividade que será operacionalizada pela empresa.

0100 – Dados do Contabilista, onde é feito a identificação do


responsável pela escrituração fiscal da empresa. Também pode
ser escriturados por estabelecimento. 0110 – Regime de Apu-
ração, que apresenta sobre o regime cumulativo, não cumula-
tivo ou ambos de uma empresa.

0120 – Identificação de Períodos Dispensados da EFD, local


onde se devem informar os meses em que não tenha realizado
operações de receitas auferidas ou créditos das contribuições.

0500 – Plano de Contas Contábeis, espaço o qual será comu-


nicado onde contas contábeis que representam receitas e os
créditos.

145
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

2) Bloco A – Documentos fiscais de serviços tributados pelo


ISS. Ou seja, notas fiscais de serviços, eletrônica ou até mesmo
o modelo que seja em papel. Principais registros:

A100 – NF de Serviço, ou seja, um registro para cada NFS ele-


trônica ou em papel.

A120 – Informação Complementar (Importação), onde se de-


talha as informações das operações de importações de serviços
com direito a crédito, além de pagamentos de PIS/Cofins refe-
rentes aos serviços contratados.

3) Bloco C – Documentos fiscais de mercadorias (ICMS/IPI).


Assim como na EFD ICMS, deverão ser apresentados na EFD
Contribuições os documentos fiscais de mercadorias tributa-
dos pelo ICMS. Principais registros:

C010 – Identificador da Apuração, que identifica o estabeleci-


mento da pessoa jurídica a que se refere à movimentação. Em
seguida, é possível identificar a aquisição, venda ou devolução
de mercadorias.

C100 – Nota Fiscal Eletrônica, que informa sobre os documen-


tos fiscais: NF, NF Avulsa, NF de Produtor, NF-e e NFC-e.

146
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

C180 – Consolidação da NF-e (operações de vendas), onde é


apresentada a consolidação das notas fiscais de operações de
vendas realizadas pela pessoa jurídica, por item vendido (0200
– Cadastro de Produtos), mediante emissão de NF-e e NFC-e.

C400 – Equipamento ECF, nele se identifica os equipamentos


ECF. As operações de vendas podem ser escriturados de forma
consolidada (C490) ou por ECF (C400) a critério do contribuin-
te.

4) Bloco D – Documentos Fiscais de Serviços (ICMS). Basica-


mente refere-se aos serviços de transporte e comunicação. É
importante esclarecer que as informações dos blocos A, C e D,
serão prestadas apenas para as empresas que estiverem no Re-
gime Não-Cumulativo. Ou seja, pessoas jurídicas que estive-
rem mandando a EFD de maneira detalhada mesmo estando
no Regime Cumulativo, para o caso de mandarem a EDF Resu-
mida, consolidada, não precisarão escriturar os documentos
fiscais um a um, em suma, as notas fiscais de serviços, de mer-
cadorias e conhecimentos de transportes. Principais registros
do bloco D:

D200 – Prestação de Serviço de Transporte, local onde deverá


se escriturar a consolidação diária dos documentos fiscais, re-
ferentes à prestação de serviços de transportes.

D300 – Consolidação Diária do Bilhete de Passagem, já es-


critura sobre a consolidação diária dos documentos fiscais,
referentes à prestação de serviços de transportes: rodoviário,
aquiviário, de bagagem, ferroviário.

D350 – Resumo Diário para Cupom Fiscal de Serviço, onde


deve ser a consolidação diária das operações referentes servi-
ços de transportes, objeto de registro em CF de serviço.

147
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

D600 – Consolidação de NF de Serviço de Comunicação e


Telecomunicação, que se trata da consolidação das receitas
auferidas pelas empresas de comunicação e de telecomunica-
ção.

5) Bloco F – Demais Documentos e Operações. Principais


registros:

F100 – Demais Documentos Geradores de Contribuições

- Receitas Financeiras auferidas no período;


- Receitas auferidas de Juros sobre o Capital Próprio;
- Receitas de Aluguéis auferidas no período.

F200 – Operações da Atividade Imobiliária, que se refere ao


espaço para a escrituração da receita da atividade imobiliária
de cada imóvel vendido em registro individualizado.

F600 – Contribuições Retidas na Fonte, onde a pessoa jurídica


é beneficiária da retenção/recolhimento de PIS/COFINS.

F700 – Deduções Diversas, local onde se apresenta créditos


presumidos (medicamentos); ST não ocorrência do FG; Crédi-
tos s/ bebidas frias.

F800 – Créditos Decorrentes de Eventos de Incorporação, Fu-


são e Cisão.

6) Bloco I - Operações das Instituições financeiras e asseme-


lhados.

7) Bloco M – Apuração das Contribuições e Créditos PIS/Co-


fins. Trata-se de um dos principais blocos da EFD Contribui-
ções. Local onde é apresentado a apuração do PIS e da Cofins.
No que se refere à EFD Contribuições, é importante entender
que o fisco tem um olhar muito especial para as informações

148
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

de créditos. Porque o crédito abate o valor do tributo a pagar.


Com isso é viável pensar sempre que as contribuições rescin-
dem sobre as receitas. Então fica fácil identificar as receitas
que são tributadas. Ou seja, aquilo que vai abater o valor do
devido tributo são os créditos. São principais registros do Blo-
co M:

M100 – Crédito de PIS/Pasep do Período, onde são consolida-


dos os tipos crédito de PIS/Pasep por tipo de crédito. O mes-
mo ocorrerá para uma nota de serviço ou um conhecimento
de transporte ou uma compra de mercadoria que oferecem
crédito. Ou seja, os tipos de créditos e valor deles serão conso-
lidados.

M200 – Contribuição para PIS/Pasep no Período, local da apu-


ração do PIS/Pasep e demonstração do valor a pagar.

M300 – Contribuição Diferida de Períodos Anteriores, para o


caso de contribuições diferidas em períodos anteriores, que
deverão ser pagas no atual período da escrituração. M350 –
PIS/Pasep sobre Folha de Salários, para entidades imunes ou
isentas do IRPJ que recolhem o PIS sobre a Folha de salários.

149
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

M400 – Receitas Isentas ou Não Incidentes PIS/Pasep, onde as


receitas não sujeitas ao pagamento do PIS/Pasep. M500 – Cré-
dito de Cofins, relativo ao Período Consolidação do crédito de
Cofins por tipo de crédito.

M600 – Cofins no Período, traz os créditos que estavam deta-


lhados no M500 para o M600, ou seja, a apuração do Cofins e
demonstração do valor a pagar (débitos provenientes das re-
ceitas.

M700 – Cofins Diferida em Períodos Anteriores Diferida em


períodos anteriores, que deverão ser pagos no atual período da
escrituração.

8) Bloco P – Apuração da CPRB, onde serão detalhadas as in-


formações sobre a Contribuição Previdenciária sobre a Receita
Bruta. Ressalte-se que, essa obra visará o estudo da Reinf – que
se trata da escrituração fiscal digital de outras informações e
retenções e que traz também informações acerca da contri-
buição previdenciária – e com o advento dela, o que se plane-
ja futuramente é que o Bloco P seja extinto. Afinal, não existe
necessidade de se ter informações a respeito da contribuição
previdenciária no Sped Contribuições e também na Reinf.

São principais registros do bloco P:

P100 – Receitas Sujeitas a CPRB, onde deverá ser apresenta-


do um registro para cada estabelecimento da pessoa jurídica
que tenha auferido receita decorrente da venda de produtos
fabricados e serviços sujeitos à contribuição previdenciária in-
cidente sobre a receita bruta.

P200 – Consolidação da CPRB, local para se fazer um somató-


rio da contribuição sobre a receita bruta mensal de cada esta-
belecimento.

150
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

9) Bloco 1 – Complemento da Escrituração e o Controle de sal-


dos, créditos e retenções. Principais registros:

1100 – Controle de Créditos Fiscais PIS/Pasep, períodos ante-


riores à escrituração ou apurado no período. Identificação do
tipo de crédito, constituição e utilização.

1300 – Controle de Valores Retidos na Fonte PIS/Pasep, perío-


dos anteriores à escrituração ou apurado no período. Poderão
ser usados para deduzir a contribuição no M200. Consolida-
ção por natureza de retenção.

1500 – Controle de Créditos Fiscais Cofins, períodos anteriores


à escrituração ou apurado no período. Identificação do tipo de
crédito, constituição e utilização.

1700 – Controle de Valores Retidos na Fonte Cofins, tanto de


períodos anteriores a escrituração ou apurado no período. Po-
derão ser usados para deduzir a contribuição no M600. Conso-
lidação por natureza de retenção.

Ressalte-se que, para uma execução eficaz do Sped em relação


aos itens explanados aqui, é de fundamental importância lem-

151
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

brar que a EFD Contribuições é uma escrituração fiscal digi-


tal que visa apresentar as informações digitais relacionadas à
apuração do PIS, Cofins ou da Contribuição Previdenciária so-
bre a Receita Bruta, obrigando, em regra, que pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro real, presumido e arbitrado, em algumas
situações específicas, aquelas pessoas imunes ou isentas do
imposto de renda.

Ademais, não se faz necessário enviar um arquivo para cada


estabelecimento, as informações da EFD Contribuições, assim
como o cálculo dos tributos federais é feito centralizados na
matriz. Por fim, outra informação importante é que o prazo
para envio da escrituração é até o décimo dia útil do segundo
mês subsequente a que se refere à competência.

152
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

153
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 6
SPED contábil
(ecd)

154
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Sped Contábil (ECD)

Antes de aprofundar o trabalho sobre o Sped Contábil espe-


cificamente, é muito importante diferenciar o significado do
Sepd Contábil (ECD) e do Sped Contábil Fiscal (EFC). Ambos
se destacam pela denominação de escrituração contábil. O
Sped Contábil nada mais é que a substituição da escrituração
contábil convencional em papel, apenas mudou sua forma de
ser apresentada, no caso, de papel para digital.

A ECD tem como objetivo a escrituração contábil independen-


te de norma fiscal ou critério de apuração de tributos. É onde
se apresenta a societária, em regra, sem precisar se preocupar
com os aspectos tributários. Já ECF trata-se do novo formato
de apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (PJ) e da
Contribuição Social do Lucro Líquido e se baseia nos dados da
ECD para as apurações. Ela veio para substituir a tradicional
Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurí-

155
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

dica (DIPJ). Nela se fará toda a composição da apuração do IR


e Contribuição Social, que são os tributos que incidem sobe o
lucro, e em alguns momentos esses têm como base a contabili-
dade para fazer a geração dessas informações.

Ressalte-se que, para falar do surgimento do Sped Contábil é


imprescindível destacar sobre a convergência do padrão con-
tábil brasileiro ao padrão internacional, o padrão europeu de
contabilidade, identificado pela sigla IFRS (International Fi-
nancial Reporting Standards).

A Lei nº 6.404 de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por


Ações (ou Anônimas), e que trouxe as principais regras con-
tábeis brasileiras, foi atualizada pela Lei Nº 11.638 de 2007. Em
seu Art. 3º, ela esclarece que se aplicam às sociedades de gran-
de porte, ainda que não constituídas sob forma de sociedades
por ações, as disposições da Lei 6.404/76. Em outras palavras,
as disposições da Lei, apesar de serem mais conhecidas como
“S.A´s”, se aplicam em empresas de grande porte. A lei também
as dividiu como aquelas que possuem Ativo Total superior a R$
240 milhões ou Receita Bruta Anual superior a R$ 300 milhões.
Já as pequenas e médias empresas são aquelas que possuem
Ativo Total menor ou igual a R$ 240 milhões e Receita Bruta
Anual menor ou igual a R$ 300 milhões. Essas empresas estão
sujeitas à Resolução do CFC 1.255 de 2009 – NBC TG 1000 –
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (CPC PME).
Essa nova contabilidade trouxe conceitos inovadores tais como
Valor Presente, Valor Justo e Ajuste de Avaliação Patrimonial,
que por vezes são complexos de entendimento. A exemplo dis-
so, o Valor Presente trata da estimativa do valor descontado
de fluxos de caixas líquidos no curso normal dos negócios. É
natural que se faça uma leitura fria dos termos dessa norma e
desta forma fica complicado de entender o que significa trazer
um valor de um Ativo ou Passivo de um Valor Presente. Ima-
gine que você venda um celular à vista, a R$ 1.000. Porém, se
você vende o aparelho parcelado em 60 prestações, ele ficará

156
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

com o valor de R$ 1.500. Trazer esse valor ao Valor Presente


seria considerar quanto é o valor devido pelo cliente no dia de
hoje, na moeda atual.

Já o Valor Justo pode ser entendido como o valor pelo qual um


Ativo pode ser trocado, um Passivo liquidado, um instrumento
patrimonial concedido entre partes conhecedoras e dispostos
a isso, em uma transação em que não haja privilégio entre os
mesmos.

De maneira simples e objetiva, o Valor Justo é o mais próximo


no que seja ideal numa transação comercial, em que nenhuma
das partes esteja sendo privilegiada em uma negociação. Nes-
se contexto, é importante compreender que esses conceitos
surgiram com o objetivo de trazer a subjetividade pra dentro
da contabilidade, que anteriormente, mostrava-se de forma
normativa, com forte influência da legislação tributária.

As novas disposições da Lei nº 11.638 e o modelo de conver-


gência da contabilidade brasileira, ambos comparados a um
padrão internacional pressupõem que a contabilidade não
sofra mais interferências tributárias. A contabilidade precisa
fornecer informações que sejam úteis às tomadas de decisões.
Quando esta se revela com interferências da norma tributária,
obedecendo regras de disposições que objetivam garantir uma
correta apuração no tributo, fica de maneira que não expõe a
realidade patrimonial das entidades, que não traz de maneira
objetiva, clara, segura as informações patrimoniais, e de resul-
tado e desempenho que permitem que gestores tomem deci-
sões assertivas.

A ECD integra o projeto Sped objetivando a substituição da


escrituração em papel pela transmitida via arquivo, ou seja,
corresponde à obrigação de transmitir, em versão digital, os
seguintes livros: Livro Diário e seus auxiliares se houver; Livro
Razão e seus auxiliares se houver; Livro Balancetes Diários,

157
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assenta-


mentos neles transcritos. Esses livros eram impressos em pa-
pel ou capa dura, hoje são feitos por meio digital.

De acordo com o artigo 3º da Instrução Normativa RFB nº


1.420/2013, estão obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fa-
tos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014:

I - as pessoas jurídicas sujeitas à tributação do Imposto sobre a


Renda com base no lucro real;
II - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido,
que distribuírem, a título de lucros, sem incidência do Imposto
sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou di-
videndos superior ao valor da base de cálculo do Imposto, dimi-
nuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita; e
III - As pessoas jurídicas imunes e isentas que, em relação aos
fatos ocorridos no ano calendário, tenham sido obrigadas à apre-
sentação da Escrituração Fiscal Digital das Contribuições, nos
termos da Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1º de março de
2012.
IV – As Sociedades em Conta de Participação (SCP), como livros
auxiliares do sócio ostensivo.
§ 1º Fica facultada a entrega da ECD às demais pessoas jurídicas.
§ 2º As declarações relativas a tributos administrados pela Se-
cretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) exigidas das pessoas

158
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

jurídicas que tenham apresentado a ECD, em relação ao mesmo


período, serão simplificadas, com vistas a eliminar eventuais re-
dundâncias de informação.
§ 3º A obrigatoriedade a que se refere este artigo e o art. 3º- A não
se aplica:
I - às pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado
de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Micro-
empresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), de
que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
II - aos órgãos públicos, às autarquias e às fundações públicas; e
III - às pessoas jurídicas inativas de que trata a Instrução Nor-
mativa RFB nº 1.536, de 22 de dezembro de 2014.
§ 4º Em relação aos fatos contábeis ocorridos no ano de 2013, fi-
cam obrigadas a adotar a ECD as sociedades empresárias sujei-
tas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real.
§ 5º As pessoas jurídicas do segmento de construção civil dispen-
sadas de apresentar a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e obri-
gadas a escriturar o livro Registro de Inventário, devem apresen-
tá-lo na ECD, como um livro auxiliar.
§ 6º A obrigatoriedade prevista nos incisos III e IV do caput apli-
ca-se em relação aos fatos contábeis ocorridos até 31 de dezembro
de 2015.

Atualmente pode-se dizer que é possível contar com duas re-


gras no que se refere a obrigatoriedade de pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro presumido. A mesma pode estar obri-
gada em decorrência da distribuição de lucros e poderá estar
obrigada por não se utilizar da prerrogativa de manter apenas
a escrituração do livro caixa. Como exemplo dessa parte de
distribuição de lucro presumido, que é aplicação da alíquota
de presunção sobre o faturamento da PJ. Desse lucro, dimi-
nuem-se os tributos para PIS, Cofins, IRPJ e CSLL, que por fim
é igual ao Lucro Líquido Comparativo (LLC).

Ressalte-se que os valores dos dividendos pagos pela PJ exce-


derem ao LLC, o contribuinte está obrigado ao Sped Contábil.

159
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Porém, mesmo que este não exceda, e caso não utilize da pror-
rogativa prevista do parágrafo único do Art. 5 da Lei nº 8981,
também estará obrigado ao Sped Contábil.

Segundo o artigo 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2015,


estão obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fatos contábeis
ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2016:

I - as pessoas jurídicas imunes e isentas obrigadas a manter escri-


turação contábil, nos termos da alínea “c” do § 2º do art. 12 e do
§ 3º do art. 15, ambos da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997,
que no ano-calendário, ou proporcional ao período a que se refere:
a) apurarem Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins, Contri-
buição Previdenciária incidente sobre a Receita de que tratam
os arts. 7º a 9º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, e a
Contribuição incidente sobre a Folha de Salários, cuja soma seja
superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais); ou
b) auferirem receitas, doações, incentivos, subvenções, contribui-
ções, auxílios, convênios e ingressos assemelhados, cuja soma seja
superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).
II - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido
que não se utilizem da prerrogativa prevista no parágrafo único
do art. 45 da Lei nº 8.981, de 1995.
Parágrafo Único. As Sociedades em Conta de Participação (SCP),
enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a II do caput do
art. 3º e do caput do art. 3º-A devem apresentar a ECD como li-
vros próprios ou livros auxiliares do sócio ostensivo.

O prazo de entrega foi fixado pelo artigo 5º da Instrução Nor-


mativa RFB nº 1.420/2013, reproduzido a seguir:

Art. 5º A ECD será transmitida anualmente ao SPED até o últi-


mo dia útil do mês de maio do ano seguinte ao ano-calendário a
que se refira a escrituração.
§ 1º Nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou in-
corporação, a ECD deverá ser entregue pelas pessoas jurídicas ex-

160
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tintas, cindidas, fusionadas, incorporadas e incorporadoras até o


último dia útil do mês subsequente ao do evento.
§ 2º O prazo para entrega da ECD será encerrado às 23h59min59s
(vinte e três horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta e nove
segundos), horário de Brasília, do dia fixado para entrega da es-
crituração.
§ 3º A obrigatoriedade de entrega da ECD, na forma prevista no
§ 1º, não se aplica à incorporadora, nos casos em que as pesso-
as jurídicas, incorporadora e incorporada, estejam sob o mesmo
controle societário desde o ano-calendário anterior ao do evento.
§ 4º Nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou
incorporação, ocorridos de janeiro a abril do ano da entrega da
ECD para situações normais, o prazo de que trata o § 1º será até
o último dia útil do mês de maio do referido ano.
§ 5º Nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou in-
corporação, ocorridos de janeiro a dezembro de 2014, o prazo de
que trata o § 1º será até o último dia útil do mês de junho de 2015.

Ou seja, a obrigatoriedade do Sped Contábil se aplica às pes-


soas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que
distribuírem, a título de lucros, sem incidência do Imposto
sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou
dividendos superior ao valor da base de cálculo do Imposto,
diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver
sujeita. Destaca-se que essa obrigatoriedade foi até o ano de
2015, e muitas dúvidas surgiram nessa época, pois a mesma
não esclarecia muito bem sobre a definição de impostos para
fins de cálculo, fator em que fez a Receita Federal divulgar em
seu sítio eletrônico uma nota de esclarecimento no dia 15 do
mesmo ano. Lembrando que o exercício de 2015 foi o primeiro
ano em que pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido
passaram a enviar o Sped Fiscal.

Do projeto, o Sped Contábil é o que menos se constitui como


uma obrigação tributária de natureza fiscal. Em sua essência,
ele é apenas a substituição da escrituração contábil convencio-

161
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

nal em papel pelo seu equivalente digital. Porém, esta passa a


ser uma obrigação de natureza tributária. Muitas das regras
da escrituração contábil estão prevista no Código Civil, no re-
gulamento do Imposto de Renda, e em resoluções do Conselho
Regional e Federal de Contabilidade. Nesse sentido, é de extre-
ma relevância verificar as normas contábeis e societárias no
intuito de entender os percalços da escrituração contábil.

A substituição do Sped Contábil atualmente é concedida atra-


vés de alguns procedimentos que envolvem rotinas de retifi-
cação e substituição da escrituração contábil. Primeiramente,
a entidade deverá preencher o Registro J801, que é o termo de
verificação para fins de substituição da ECD. O documento
(termo) deverá integrar a escrituração substituta, além disso,
será contido dos seguintes tópicos: identificação da escritura-
ção substituída; descrição pormenorizada dos erros; identifi-
cação clara e precisa dos registros que contém os erros, exceto
quando o erro for em decorrência necessária de outro erro já
discriminado; a declaração de que os signatários de termo de
verificação não são responsáveis pela escrituração substituta
ou substituída, exceto quando eles forem também signatários
de uma delas.

162
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Esse termo de verificação deverá ser assinado pelo próprio pro-


fissional contábil que assina a escrituração substituta quando
a correção dos erros não dependa de alterações de lançamen-
tos contábeis, saldos ou demonstrativos.

Legislação

Para entender o Sped é uma ferramenta que para compreen-


der sua extensão é necessário entender sobre sua sistemática
legislativa. A Receita Federal, que dispõem na Lei nº 9.779 de
1999, em seu Art. 16, esclarece sobre a prerrogativa de instituir
obrigações acessórias. A partir do Decreto nº 6.022 de 2007,
essas obrigações entraram no projeto Sped, e o Sped Contá-
bil, apesar de ter surgido pela Instrução Normativa da Recei-
ta Federal do Brasil nº 787 de 2007, na sua primeira vertente
de obrigatoriedade, teve o Conselho Federal de Contabilidade
como primeiro órgão de contabilidade a destacar sobre a ECD,
e tendo como parâmetro a Resolução nº 2020 de 2005. No ano
de 2007, estabeleceu-se a Instrução Normativa da Receita Fe-
deral do Brasil (IN RFB) nº 787/07, que criou a ECD a partir do
ano calendário de 2008.

No final do ano de 2013, surgiu a IN RFB nº 1.420, que criou


uma nova ECD, tendo como principal mudança a inclusão no
seu âmbito de obrigatoriedade das empresas do lucro presu-
mido com regras próprias. Consequentemente, a IN RFB nº
1.594 de 2015 ampliou a legalidade dessa obrigatoriedade.

Com o intuito de entender melhor sobre a legislação do Sped


Contábil, é conveniente detalhar o passo-a-passo de seu fun-
cionamento. Mas antes é preciso fazer um paralelo de como
ele operava anteriormente com o Decreto nº 8683 de 2016, e
posteriormente.

Para iniciar esse estudo vale frisar que, o Sped Contábil é a


substituição da escrituração contábil convencional em papel,

163
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

pelo seu equivalente digital. Ou seja, a contabilidade que tem


como responsabilidade receber as informações da empresa,
promovia os registros contábeis por meio dos lançamentos
contábeis utilizando sistemas e ao final do ano calendário, ge-
rava um arquivo em formato de texto, submetendo o mesmo
em um programa validador, logo, fazia a assinatura do arqui-
vo pelo representante legal da pessoa jurídica e contador, e ao
conclui-la, enviava a escrituração para o ambiente Sped. A Re-
ceita Federal recepcionava essas informações, porém a Junta
Comercial precisaria promover autenticação do livro. Para isso
o contribuinte precisava pagar uma taxa para a Junta Comer-
cial, que iria buscar as informações no portal do Sped, verifi-
cando o número do livro, dados da empresa, do contador, se o
representante legal da PJ era o mesmo pra fins de assinatura
de documento no órgão, por fim, desta forma promovia-se a
autenticação da escrituração contábil.

Posteriormente, surgiram algumas modificações provenien-


tes do Decreto nº 8683 de 2016. Porém essa determinação é
presidencial, mas que não altera a norma contábil. Ela altera
a possibilidade de registro da escrituração contábil. Com isso,
o Conselho Federal de Contabilidade fez e publicou a segunda
revisão do Comunicado Técnico Geral – CTG 2001 (R2). Essa
CTG estabelece que, o livro diário deve ser autenticado no re-
gistro público ou entidade competente, apenas quando for exi-
gida legislação específica.

Na transmissão para o Sped devem constar apenas as contas


que tenham saldo ou que tiveram movimento no período. Ou
seja, se você tem um plano de contas com 10.000 mil contas,
mas naquele período só foram usadas 500, só deverá ser infor-
mado no Sped Contábil as 500 contas.

O Decreto nº 8683 de 2016 estabelece que a autenticação dos


livros contábeis das empresas poderá ser feita por meio do
Sped, mediante a apresentação, ou seja, com a transmissão

164
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

da Escrituração Contábil Digital (ECD). Além disso, prevê que


o termo de autenticação da ECD transmitida via Sped será o
próprio recibo de entrega que o programa gera no momento
da transmissão. Em suma, a partir do momento que envia o
Sped Contábil para o Sped, o próprio termo de transmissão
passa a ser o recibo de autenticação, e com isso a ECD será au-
tomaticamente autenticada.

A Resolução nº 1299 de 2010, assim como o comunicado CTG


2001, estabelece quais são os preceitos que devem obedecer à
escrituração contábil em forma digital, de acordo com precei-
tos da NBC TG 2000.

Determina também que esse tipo de escrituração deve ser em


idioma e moedas correntes nacionais. Ou seja, mesmo que se
refira a uma multinacional, que precisa elaborar demonstra-
ções contábeis para sua matriz ou alguma subsidiaria no ex-
terior, para fins de escrituração contábil e de Sped Contábil,
essa escrituração deverá ser idioma em moedas correntes na-
cionais. A mesma deverá ser em forma contábil, implicando
destacar que deverá obedecer os lançamentos contábeis, com
seus cinco elementos: data, conta-crédito, conta-débito, histó-
rico e valor.

165
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A partir do momento que esse lançamento contábil vem para o


ambiente digital, passa a ganhar mais um elemento. Imagine
que quando se fazia um processo de auditoria em livros manu-
ais, um lançamento era referenciado pela numeração de um
determinado livro e sua página de número qualquer. No meio
digital não há mais página de livros e sim um arquivo digital
em formato de texto que identifica lançamentos de maneira
assertiva. Por esse motivo foi criada a figura do número do lan-
çamento. Ressalte-se que toda escrituração contábil deverá ter
uma documentação que evidencie todos os fatos contábeis.

Já a Resolução 1.299 de 2010, Comunicado Técnico CTG 2001,


estabelece que o Livro Diário e Razão em formato digital cons-
tituem um único conjunto de informações e que não há a ne-
cessidade de impressão e encadernação em forma de livro em
papel, conforme a Resolução CFC 1.330/2011. Em relação a isso,
é comum observar situações de dificuldade operacional em
que empresas necessitam autenticar escriturações em papel,
na Junta Comercial, para participar de um processo licitatório.
Destaca-se que não podem coexistir dois tipos de escrituração
(uma em papel e outra digital) para o mesmo ano-calendário.
Recomenda-se verificar se a empresa enviou o Sped.

Obrigações acessórias dispensadas

No caso de transmissão da escrituração via Sped Contábil,


há uma dispensa implícita: a impressão dos livros, o artigo
6º da Instrução Normativa da Receita Federal Brasileira no
1.420/2013 dispõe:

Art. 6º A apresentação dos livros digitais, nos termos desta Ins-


trução Normativa e em relação aos períodos posteriores a 31 de
dezembro de 2007, supre:

I - Em relação às mesmas informações, a exigência contida na


Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de outubro de 2001, e na
Instrução Normativa MPS/SRP nº 12, de 20 de junho de 2006.

166
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

II - A obrigatoriedade de escriturar o Livro Razão ou fichas


utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os
lançamentos efetuados no Diário, prevista no art. 14 da Lei nº
8.218, de 29 de agosto de 1991.

III - A obrigatoriedade de transcrever no Livro Diário o Balan-


cete ou Balanço de Suspensão ou Redução do Imposto, de que
trata o art. 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, discipli-
nada na alínea “b” do § 5º do art. 12 da Instrução Normativa
SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997.

Parágrafo único. A adoção da Escrituração Fiscal Digital, nos


termos do Ajuste Sinief no 02, de 3 de abril de 2009, supre:

I - A elaboração, registro e autenticação de livros para regis-


tro de inventário e registro de entradas, em relação ao mesmo
período. (Lei nº 154, de 1947, arts. 2º, caput e § 7º, e 3º, e Lei nº
3.470, de 1958, art. 71 e Lei nº 8.383, de 1991, art. 48), desde que
informados na Escrituração Fiscal Digital, nos termos do arts.
261 e 292 a 298 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto
nº 3.000, de 26 de março de 1999.

II - Em relação às mesmas informações, da exigência contida na


Instrução Normativa SRF nº 86, de 22 de outubro de 2001, e na
Instrução Normativa MPS/SRP nº 12, de 20 de junho de 2006.

Prazos para apresentação dos livros digitais

É sabido que algumas empresas estão sujeitas à penalidade


quando não enviam o ECD JP fora do prazo. O que por vezes
acontece é que muitas empresas recorrem junto à Receita
Federal para explicar sobre o envio da escrituração, não para
cumprir com a obrigação fiscal porque não são obrigadas, mas
sim para obter a escrituração contábil em formato digital, que
é substituída pela escrituração convencional, de papel, e con-
sequentemente, para obter a anulação das penalidades. Vale
frisar que esta é uma alternativa viável.

167
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Conforme já mencionado coube ao artigo 5º da Instrução Nor-


mativa no 1.420/2013 fixar o prazo.

Quadro 3 - Título

Período da Escrituração Prazo de Entrega


Situação normal Último dia útil do mês de maio
do ano seguinte ao ano-calen-
dário a que se refere à escritu-
ração.
Situação especial ocorrida de ja- Último dia útil do mês de maio
neiro a abril do ano da entrega do ano seguinte ao ano-calen-
da ECD para situações normais dário a que se refere à escritu-
(extinção, cisão parcial, cisão to- ração.
tal, fusão ou incorporação)
Situação especial de maio a de- Último dia útil do mês seguinte
zembro do ano da entrega da ao do evento.
ECD para situações normais
(extinção, cisão parcial, cisão to-
tal, fusão ou incorporação)
Situação especial ocorrida de Último dia útil do mês de junho
janeiro a dezembro de 2014 (ex- de 2015.
tinção, cisão parcial, cisão total,
fusão ou incorporação)

Contudo, em um resumo geral dos aspectos técnicos da ECD,


a regra aponta que o prazo para enviar os livros digitais é até
o último dia útil do mês de maio. Mas para efeito maior desse
procedimento, é preciso saber também qual o significado do
Hash do livro. Por vezes, quando há necessidade de consultar a
situação do livro é imprescindível conhecer sobre a ferramenta
que se trata de uma numeração calculada pelo PVA, represen-
tando um código de barras do livro digital. Ressalte-se que na
ECD não é mais necessário fazer a impressão de livros, como
prevê nas resoluções nº 1.299 e CTC 2001.

168
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Penalidades

As penalidades por apresentação fora do prazo do Sped Contá-


bil variam de acordo com informações abaixo:

a) Empresas do Lucro Presumido: R$ 500,00.


b) Empresas do Lucro Real e Arbitrado: R$ 1.500,00 por mês
ou fração.

Obs: O código da Receita 1438 permite calcular o Darf de mul-


tas da ECD.

Composição dos livros

Todos os livros da escrituração contábil podem ser incluídos


no Sped Contábil, em suas diversas modalidades. São previs-
tas as seguintes formas de escrituração:

1) G - Diário Geral;
2) R - Diário com Escrituração Resumida (vinculado a livro au-
xiliar);

169
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

3) A - Diário Auxiliar;
4) Z - Razão Auxiliar;
5) B - Livro de Balancetes Diários e Balanços

O livro do G, Diário Geral, deve ser utilizado quando a empresa


contempla todos os fatos contábeis com um lançamento con-
tábil. Ou seja, para cada fato contábil, se faz um lançamento
contábil, e o livro sendo do tipo G. No entanto, admite-se um
livro diário com uma Escrituração Resumida (R). Essa previ-
são encontra-se no inciso 1º do Art. 1.184 do Código Civil, que
permite a escrituração resumida do Diário com totais que não
excedam o período de 30 dias.

Essa aplicação deverá ser em relação às contas que suas ope-


rações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabe-
lecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente
autenticados, para registro individualizado, e conservados os
documentos que permitam a sua perfeita verificação.

O livro do tipo A, Diário Auxiliar, previsto no Art. 1.184 do Códi-


go Civil, contendo os lançamentos individualizados das opera-
ções lançadas no Diário com Escrituração Resumida.

O livro Razão Auxiliar (Z) que pode se dizer um coringa den-


tro da Escrituração Contábil, é um livro auxiliar a ser utilizado
quando o leiaute do livro Diário Auxiliar não se mostrar ade-
quado para enviar as informações necessitadas.

Somente o Banco Central regulamentou o livro de Balancetes e


Diários e Balanços (B). A utilização dele é praticamente encon-
trada em instituição financeira.

O livro “S” foi extinto, que era o mesmo da SCP, foi extinto.
Hoje, ou a SCP envia em um livro do tipo G ou enviará como
um livro auxiliar a escrituração do Sócio Ostensivo.

170
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O modelo de livro do tipo Z, especificado pela Receita Federal,


pode ser localizado em pesquisa na internet. O leiaute desse
livro pode ser construído pelo próprio contribuinte, como no
registro I510, o mesmo fará a definição de campos do livro au-
xiliar com leiaute parametrizável, já no registro I550, fará os
detalhes do livro auxiliar.

Regras de convivência entre os livros

A escrituração G (Diário Geral) não pode conviver com nenhu-


ma outra escrituração principal no mesmo período, ou seja, as
escriturações principais (G, R ou B) não podem coexistir. Não
possui livros auxiliares A ou Z, e, consequentemente, não pode
conviver com esses tipos de escrituração.

A escrituração resumida R pode conviver com os livros auxilia-


res (A ou Z) enquanto o livro de balancetes e balanços diários B
pode conviver com os livros auxiliares (A ou Z). Ou seja, a partir
do momento em que se faz lançamentos totalizadores seja por
uma decisão técnica ou questão sistêmica

O Hash do Livro

Ao ler o arquivo para a validação, o PVA do Sped Contábil cal-


cula o hash do arquivo que não tem letra “O” (é sempre o núme-
ro zero), pois é formado por um código hexadecimal (números
de 0 a 9 e letras de A a F).11 Como já adiantado, a ferramenta se
trata de uma numeração calculada pelo PVA, que representa
um código de barras do livro digital.

Impressão dos livros

11
Se o livro digital estiver validado, o hash do arquivo pode ser obtido utilizando o
menu “Escrituração > Dados da Escrituração”. Despreze os separadores e o dígito ve-
rificador para transcrever o hash em quaisquer campos do arquivo.

171
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Em relação aos livros são formas alternativas de escrituração:


em papel, em fichas ou digital. Portanto, não podem coexistir
em relação ao mesmo período, ou seja, não podem existir, ao
mesmo tempo, dois livros diários em relação ao mesmo perío-
do, sendo um digital e outro impresso. 12

Quantidades: de livros por arquivo e de arquivos por ano-ca-


lendário

O arquivo da ECD sempre corresponde a um livro, portanto


escrituração será entregue em apenas um arquivo correspon-
dente a todo o ano-calendário. Contudo, há algumas exceções,
como, por exemplo, a escrituração resumida com livros auxi-
liares. Nessa situação, a escrituração poderá conter mais de
um livro por ano-calendário e, consequentemente, mais de um
arquivo, tendo em vista que haverá o livro principal (escritura-
ção resumida) e um ou mais livros auxiliares.

Em regra, é preciso enviar um livro por arquivo e um arqui-


vo por ano. No entanto, no caso de 12 arquivos para o mesmo
ano, como exemplo, é preciso que a movimentação justifique
tal processo. E caso aconteça mudança de contador durante o
período, faz-se necessário uma maior atenção. Citando outro
exemplo, é possível que o contador responsável, de uma em-
presa, no período de janeiro a junho, e que um novo contador
assumiu de julho até dezembro, cada um deverá gerar um ar-
quivo do Sped Contábil, conforme suas responsabilidades. E,
além disso, um representante da Pessoa Jurídica também de-
verá assinar.

12
De acordo com o ITG 2000 – Escrituração Contábil –, em caso de escrituração con-
tábil em forma digital, não há necessidade de impressão e encadernação em forma de
livro, porém o arquivo magnético autenticado pelo sistema/registro público compe-
tente deve ser mantido pela entidade.

172
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O contador substituto vai gerar um novo arquivo referente ao


período de julho a dezembro, contendo sua parcela, e o mesmo
assinando em diante como responsável técnico. Isso será abor-
dado no item seguinte.

Limite de tamanho e período dos livros

Como regra geral, o livro é anual, mas pode conter mais de


um arquivo, desde que não ultrapasse um gigabyte (GB) cada
arquivo. Os períodos de escrituração do livro principal e dos
livros auxiliares devem coincidir. Portanto, se a escrituração
possui um livro principal e um livro auxiliar e, em virtude do
tamanho, o livro principal é fracionado em doze livros men-
sais, o livro auxiliar também deverá ser dividido em igual nú-
mero, seguindo os períodos adotados no livro principal. Exis-
tem outros limites:

- Todos os meses devem estar contidos no mesmo ano.


- Não deve conter fração de mês (exceto nos casos de início de
atividade, cisão parcial ou total, fusão, incorporação ou extin-
ção).

Para as situações especiais de cisão parcial ou incorporação (se


incorporadora) serão geradas duas escriturações: Escrituração
1: do início do ano-calendário (ou data posterior, caso o contri-

173
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

buinte tenha iniciado suas atividades do próprio ano-calendá-


rio) até a data da situação especial. Escrituração 2: da data da
situação especial até o final do ano-calendário.
Exemplo 1: Uma empresa iniciou atividades em 15 de março
de 2015. Ocorreu um evento de cisão em 28/06/2015 e a em-
presa prosseguiu as atividades (cisão parcial). Duas escritu-
rações devem ser entregues. Escrituração 1: De 15/03/2015
até 28/06/2015 (A data limite para a entrega será o último dia
útil do mês de julho de 2015). Escrituração 2: De 29/06/2015 a
31/12/2015 (A data limite para a entrega será o último dia útil do
mês de maio de 2016). A exceção, para esses casos (cisão parcial
ou incorporação, quando é incorporadora), ocorre se a data da
situação especial ocorrer no último dia do ano. Nesse caso,
será gerada apenas uma escrituração.

Exemplo 2: Uma empresa iniciou atividades em 15/03/2015.


Ocorreu um evento de cisão em 31/12/2015 e a empresa pros-
seguiu as atividades (cisão parcial). Uma escrituração deve ser
entregue: de 15/03/2015 até 31/12/2015 (A data limite para a en-
trega será o último dia útil do mês de janeiro de 2016). Caso a
situação especial ocasione a extinção da pessoa jurídica (incor-
poração, no caso de incorporada, ou cisão total ou fusão) só
haverá escrituração do início do ano-calendário (ou data pos-
terior, caso o contribuinte tenha iniciado suas atividades do
próprio ano-calendário) até a data da situação especial.

Exemplo 3: Uma empresa iniciou atividades em 15/03/2015.


Ocorreu um evento de fusão em 28/06/2015. Uma escrituração
deve ser entregue: de 15/03/2015 até 28/06/2015 (A data limite
para a entrega será o último dia útil do mês de julho de 2015).

Contendo mais de um mês, não pode haver descontinuidade


na sequência de meses.

Exemplo 4: Uma escrituração de janeiro a maio, não pode dei-


xar de informar o mês de fevereiro.

174
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Algumas observações segundo a Receita Federal do Brasil:

Apuração Trimestral do IRPJ: Respeitados os limites acima des-


critos, ainda que a apuração do IRPJ seja trimestral, o livro pode
ser anual. A legislação do IRPJ obriga a elaboração e transcrição
das demonstrações na data do fato gerador do tributo. Nada im-
pede que, no mesmo livro, existam quatro conjuntos de demons-
trações trimestrais e a anual.

Mudança de contador no meio do período: Respeitados os limites


acima, o período da escrituração pode ser fracionado para que
cada contabilista assine o período pelo qual é responsável técnico.
Mudança de plano de contas da empresa no meio do período: Res-
peitados os limites acima, o período da escrituração pode ser fra-
cionado para que cada plano contas corresponda a um período.
Mudança da sede da empresa para outra unidade federação: Nes-
sa situação, a escrituração contábil do período que ainda não foi
transmitido deve ser enviada considerando o NIRE da nova sede
da empresa (grifo original).

Substituição do livro digital transmitido

Conforme o Decreto no 8.683, de 25 de fevereiro de 2016, todas


as ECD de empresas estarão automaticamente autenticadas
no momento da transmissão e o recibo de transmissão servirá
como comprovante de autenticação. Estabelece também que
as ECD transmitidas até a sua data de publicação, cujos status
estejam diferentes de “sob exigência” ou “indeferidas”, serão
automaticamente consideradas autenticadas. Neste sentido:

1 - ECD de empresas transmitidas após 25 de fevereiro de 2016:


Autenticadas no momento da transmissão.
2 - ECD de empresas transmitidas até 25 de fevereiro de 2016:
Autenticadas no momento da transmissão, exceto se estiverem

175
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

“sob exigência” ou “indeferidas”. No caso de estarem “sob exigên-


cia”, devem ser sanadas as exigências e deve ser transmitida a
ECD substituta.
3 - O recibo de transmissão é o comprovante da autenticação.
Somente poderão ser substituídos os livros que contenham erros
que não possam ser corrigidos por meio de lançamentos extempo-
râneos, nos termos das Normas Brasileiras de Contabilidade. A
entidade deverá preencher o registro J801 – Termo de Verificação
Para Fins de Substituição da ECD – detalhando os erros que de-
ram motivo à substituição. Este termo deverá integrar a escritu-
ração substituta e conterá:
I - Identificação da escrituração substituída;
II - Descrição pormenorizada dos erros;
III - Identificação clara e precisa dos registros que contêm os er-
ros, exceto quando o erro for decorrência necessária de outro erro
já discriminado;
IV - Declaração de que o(s) signatário(s) do Termo de Verifica-
ção não é(são) responsável(is) pelas escriturações, substituta ou
substituída, exceto quando ele(s) for(em), também, signatário(s)
de uma delas.

O Termo de Verificação será assinado:

i) Pelo próprio profissional contábil que assina a escrituração


substituta, quando a correção dos erros não dependa de altera-
ções de lançamentos contábeis, saldos, ou demonstrações contá-

176
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

beis, tais como, correções em termo de abertura, de encerramento,


identificação dos signatários, etc.; ii) Por dois (2) profissionais
contábeis, sendo um deles contador, quando a correção do erro
gere alterações de lançamentos contábeis, saldos ou demonstra-
ções não auditadas por auditor independente; iii) Por dois (2)
contadores, sendo um deles Auditor Independente, quando a
correção do erro gere alterações de lançamentos contábeis, saldos
ou demonstrações e tenham sido auditadas por auditor indepen-
dente. Somente profissionais contábeis regularmente habilitados
poderão assinar o Termo de Verificação. São nulas as alterações
que não decorram do Termo de Verificação.

Roteiro prático para substituição do livro digital (Para ECD


com NIRE ou sem NIRE):

1. Se o arquivo é o que foi assinado, remova a assinatura. A as-


sinatura é um conjunto de caracteres “estranhos” que fica após o
registro 9999. Basta apagar tudo que fica após tal registro. Para
fazer isso, edite a escrituração com algum editor de texto do tipo
“Bloco de Notas”.
2. No registro 0000, campo IND_FIN_ESC, defina que a ECD
é “Substituta”.
3. No registro 0000, campo COD_HASH_SUB, identifique
o HASH (código de 40 caracteres hexadecimais) da ECD a ser
substituída.
4. Corrija as demais informações no próprio editor de texto do
tipo “Bloco de Notas” ou no PVA do SPED Contábil. Se for utili-
zar o PVA do SPED Contábil, importe o arquivo sem assinatura
para o PVA.
5. Valide o livro no PVA do SPED Contábil utilizando a funcio-
nalidade Arquivo/Escrituração Contábil/Validar Escrituração
Contábil.
6. Assine.
7. Transmita.

177
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Assinatura do livro digital

O livro digital13 deve ser assinado por, no mínimo, duas pes-


soas: A pessoa física que tiver poderes para a prática de tal ato
e o contabilista. Não existe limite para a quantidade de signa-
tários e as assinaturas podem ser feitas em qualquer ordem.
Além disso, deve ser assinado com certificado digital do tipo
A3 (obrigatório para qualificação do assinante 900, 910, 920 e
para o responsável legal da ECD) ou A1 (para as demais quali-
ficações dos assinantes, que não são responsáveis legais), emi-
tido por entidade credenciada pela Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira (ICP-Brasil). Devem ser utilizados somente
certificados digitais e-PF ou e-CPF, com segurança mínima
tipo A3 (obrigatório para qualificação do assinante 900, 910,
920 e para o responsável legal da ECD) ou A1 (para as demais
qualificações dos assinantes, que não são responsáveis legais),
emitido por entidade credenciada pela Infraestrutura de Cha-
ves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). Os certificados de pessoa
jurídica (e-CNPJ ou e-PJ) não podem ser utilizados. 14

Utilização do Receitanet e ReceitanetBX

O programa Receitanet é utilizado para transmissão da es-


crituração contábil digital, enquanto que o programa Recei-

13
O livro pode ser assinado por procuração eletrônica da RFB, no caso de a qualifica-
ção do assinante ser “procurador” (J930.IDENT_QUALIF = “309”) e o campo respon-
sável legal do registro J930 (J930.IND_RESP_LEGAL) estiver com a opção “S” (Sim).
É necessário que a procuração eletrônica da RFB seja feita com a opção específica
“SPED Contábil”.
14
Caso o sistema não esteja reconhecendo o certificado digital, siga o seguinte proce-
dimento: Delete os certificados expirados do computador, se houver e tente assinar
novamente. Caso não funcione: 1. Exporte a chave pública do certificado utilizando
o Internet Explorer e envie para RFB via “Fale Conosco” do SPED. 2. Em caso de erro
persistente, envie o print screen da tela de leitura dos certificados para análise via
“Fale Conosco” do SPED (enquanto o PVA do SPED Contábil tenta ler o certificado).3.
Espere, pelo menos 10 minutos, se o PVA do SPED Contábil estiver demorando a ler
um certificado.

178
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tanetBX é utilizado para fazer o download15 da escrituração


contábil digital e dos dados agregados gerados pelo sistema
já transmitida pela pessoa jurídica. Na transmissão, o Recei-
tanet utiliza a porta 3456 e o endereço IP 200.198.239.21. Para
verificar se a conexão está sem problemas, execute o comando
“telnet 200.198.239.21 3456”. Os dados agregados consistem na
consolidação mensal de informações de saldos contábeis e nas
demonstrações contábeis. O sistema gera automaticamente os
arquivos de dados agregados, assim que recebe a escrituração
contábil digital.

Lançamentos de quarta fórmula e planos de contas com qua-


tro níveis

O Sped Contábil faz validações para que o CTG 2001 (R2) seja
cumprido, conforme destacado a seguir:

- Os lançamentos de quarta fórmula podem ser utilizados des-


de que se refiram a um único fato contábil.
- O plano de contas da empresa deve ter, no mínimo, quatro
níveis.

Exemplo:
Nível 1: Ativo
Nível 2: Ativo Circulante
Nível 3: Disponibilidades
Nível 4: Caixa

Plano de contas referencial

O mapeamento para os planos de contas referenciais é faculta-


15
O download, via ReceitanetBX, segue as seguintes regras: Pessoa Jurídica: acessa
apenas as escriturações contábeis digitais e os dados agregados do seu CNPJ; Repre-
sentante Legal: acessa apenas as escriturações contábeis digitais e os dados agregados
do CNPJ do qual ele representa; Procuração Eletrônica: acessa apenas as escriturações
contábeis digitais e os dados agregados do CNPJ do qual ele é procurador.

179
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tivo. O PVA do Sped Contábil adota, a partir do ano calendário


2014, os mesmos planos de contas referenciais constantes no
Manual de Orientação do Leiaute da Escrituração Contábil Fis-
cal (ECF), nos registros L100, L300, P100, P150, U100 e U150. 16

Para consultar a situação, o PVA utiliza o IP 200.198.239.22 e a


porta 80. 17

Livro digital extraviado ou corrompido

O PVA do Sped Contábil, às vezes, alerta sobre a alteração da


escrituração ou que não pode ser localizada na pasta original,
pois o Sped Contábil guarda a pasta na qual a escrituração está
gravada. Esta pasta foi indicada na realização da validação.
Pode-se observar que a pasta visualizando a escrituração em
“Resumo da Escrituração”. Geralmente, o PVA do Sped Con-
tábil procura a escrituração nesta pasta quando efetua alguma
operação sobre a escrituração.

Caso a escrituração não esteja mais acessível (por exemplo,


tiver sido removida da pasta, tiver o nome modificado, ou
mudança de posição da pasta), ou foi alterada ou corrompida
(editada, por exemplo), o PVA do Sped Contábil emite uma
mensagem de erro. Diante disso, pode-se tentar:

16
Todos os planos de contas referenciais estão disponíveis no Manual Orientação do
Leiaute da ECF e no próprio diretório do programa do SPED Contábil em C:\Arqui-
vos de Programas RFB\Programas SPED\SpedContabil\recursos\tabelas. Exemplo:
Arquivo do plano referencial L100A (Balanço Patrimonial de PJ em Geral) - 2016: SPE-
DCONTABIL_DINAMICO_2016$SPEDECF_DINAMICA_L100.
17
Caso apareça a mensagem de erro “Erro ao consultar situação. Falha na conexão com
o servidor”, deve ser adotado o seguinte procedimento: 1) No Windows, selecionar:
Iniciar  Executar; 2) Digitar “cmd” (para abrir o prompt de comando) e clicar “ok”; 3)
Na janela aberta, digitar: “telnet 200.198.239.22 80”; 4) Se a tela ficar toda preta é por-
que existe conectividade; 5) Se aparecer a mensagem “Conectando-se a 200.198.239.22.
Não foi possível abrir conexão com host na porta 80: conexão falhou”, a rede utilizada
pelo usuário para acesso está sem conectividade com a internet ou algum ativo de rede
(firewall) está bloqueando o acesso

180
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

i) Restaurar a pasta com a escrituração original. Isso é possível


fazer se a pasta foi movida para outro lugar ou teve o nome al-
terado. Se a escrituração transmitida foi editada, isso não será
possível. ii) Restaurar uma cópia de segurança previamente feita.
É recomendável efetuar uma cópia de segurança da escrituração
após o envio. iii) Utilizar o aplicativo ReceitanetBX para fazer o
download da escrituração. Enquanto o livro estiver no ambiente
do SPED, o contribuinte poderá fazer o download. Para baixar o
arquivo, é exigido certificado digital da pessoa jurídica, do repre-
sentante legal ou do procurador.

Roteiro para baixar a escrituração contábil utilizando o Recei-


tanetBX e importá-la no PVA Contábil:

1. Instale o aplicativo ReceitanetBX no computador. O instala-


dor do ReceitanetBX pode ser baixado do site do Sped, na área
de download.
Nota: Escolha o perfil correto (Contribuinte, Procurador ou Re-
presentante Legal). Em caso de procuração, garanta que a auto-
rização de efetuar o download da ECD esteja marcada no e-CAC.
2. Após o download, importe (valide) o livro digital no PVA
Contábil utilizando a funcionalidade “Arquivo/Escrituração
Contábil/Importar”. Como o livro já foi assinado, o programa
pergunta se existe termo de autenticação. A indicação do termo
de autenticação torna a validação mais rápida.

181
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A partir deste momento, pode-se, no programa do Sped Contá-


bil, visualizar e imprimir a escrituração, inclusive os termos, e,
manter-se informado sobre o estado da escrituração, utilizando a
funcionalidade “Consulta Situação”.
Observação: O recibo que comprova a transmissão da escritu-
ração não é importado via ReceitanetBX. Caso a empresa per-
ca o recibo de transmissão da escrituração digital, deverá tentar
transmitir a escrituração novamente via PVA do Sped Contábil.
Nessa situação o Receitanet (e não o ReceitanetBX) identificará
que a escrituração digital já foi transmitida e fará o download do
recibo novamente para a pasta estabelecida no PVA.

Para consultar a situação da ECD, siga o roteiro a seguir:

1 - Abra o programa do Sped Contábil (Versão atualizada);


2 - Importe e valide a escrituração;
3 - Clique na escrituração (Menu lateral direito);
4 - Clique em Escrituração - Dados da Escrituração; e
3 - Clique em “Consultar Situação”. ou
1 – Acesse o link: http://www.sped.fazenda.gov.br/appConsul-
taSituacaoContabil/
2 – Preencha os campos solicitados; e
3 – Clique em “Consultar”

Pessoas jurídicas registradas em cartório

As empresas registradas em cartórios estão dispensadas da


autenticação para fins fiscais, exclusivamente em relação aos
tributos administrados pela Receita Federal do Brasil segundo
a Instrução Normativa no 1.420, de 19 de dezembro de 2013.
18
Em relação à autenticação pelos cartórios, deve ser utiliza-

18
Portanto, para cumprir a obrigação acessória com a Receita Federal do Brasil, trans-
mita a escrituração via SPED Contábil. Não há taxa a pagar para a Receita Federal do
Brasil.

182
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

do o Módulo de Registro de Livros Fiscais para os Cartórios


de Títulos e Documentos e Pessoa Jurídica, para autenticação
de arquivos da ECD, exclusivo dos cartórios e sem interface
com os sistemas da Receita Federal. Para isso, é necessário que
a empresa registrada em cartório transmita o mesmo arquivo
da ECD transmitido ao Sped para os cartórios por meio do re-
ferido módulo. 19

Período societário diferente do período fiscal

As pessoas jurídicas com período societário diferente do pe-


ríodo fiscal podem entregar a ECD de acordo com o período
societário e, caso seja necessário, fazer os ajustes relativos ao
período fiscal na Escrituração Contábil Fiscal (ECF), após a re-
cuperação dos dados da ECD.

Exemplo: Uma empresa possui período societário com encer-


ramento em março/2014 (de abril/2013 a março/2014). Nessa
situação, a empresa poderá entregar:

- Arquivo 1 da ECD: De janeiro/2014 a março/2014, com encer-


ramento do exercício em março/2014;
- Arquivo 2 da ECD: De abril/2014 a dezembro/2014, informan-
do no campo 12 do registro I030 (I030.DT_EX_SOCIAL) que o
encerramento do exercício ocorreu em março/2014.

Blocos, registros e campos

O Sped Contábil é um dos subprojetos que possuem a menor


quantidade de blocos e registros. Ele faz um detalhamento dos
registros dividindo-os três categorias: obrigatórios (O), facul-

19
O software referente ao módulo pode ser acessado no site www.rtdbrasil.org.br.

183
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tativo (F), não se aplicam (N). Ressalte-se que a divisão será


feita por tipo de livro. Além disso, compreende-se que o Sped
possui erros e advertências. Os erros impedem a transmissão
do arquivo para o portal do Sped, as advertências não.

No manual do Sped Contábil é possível averiguar que a obri-


gatoriedade dos registros deve ser realizada por tipo de livro.
Dentro dos blocos do Sped Contábil encontram-se o registro
de cada um, sendo possível também detalhar. A sequência
abaixo elenca a apresentação dos principais registros:

1) Bloco 0 – Abertura, Identificação e Referências

- Registro 0000 – Abertura do Arquivo Digital e Identificação


do Empresário ou Sociedade Empresária

Principais campos:

Período do Arquivo - Dados da PJ


NIRE – Finalidade da Escrituração
Indicador de Tipo de Escrituração
0 – PJ em Geral, 1 – Sócio Ostensivo e 2 – SCP

184
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

2) Bloco I – Lançamentos Contábeis

- Registro I010 – Identificação da Escrituração Contábil


Qual o tipo de livro está sendo apresentado no arquivo

- Registro I012 – Livros Auxiliares ao Diário

Quando o campo 02 do I010 foi igual a |R| ou |B| deverão


ser escriturados os Livros A (diário auxiliar) ou Z (razão
auxiliar)

- Registro I030 – Termo de Abertura

N° do Livro – Data do Arquivamento dos Atos Constitutivos

- Registro I050 – Plano de Contas

Plano de Contas da Empresa para Escrituração Habitual


Natureza: Ativo, Passivo, Resultado, PL e Compensação
Tipo de Conta: S / A – Nível e Código
Nome da Conta

- Registro I051 – Plano de Contas Referencial (Facultativo)


DE-PARA entre o Plano de Contas da Empresa e o Padrão
Código do Centro de Custos

Código da Instituição Responsável pelo Plano de Contas

Obs: Apesar de ser facultativo, é recomendável principalmente


para pessoas jurídicas que vão recuperar a ECD na ECF.

- Registro I052 – Identificação dos Códigos de Aglutinação


Serão utilizados para elaboração das demonstrações contábeis
nos registros do Bloco J

185
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Registro I053 – Subcontas Correlatas (Ver Lei nº 12973 de 2014)


Demonstrar os grupos de Conta Pai e as subcontas correlatas
Código da Subconta – Configuração do Plano de Contas

- Registro I075 – Tabela de Histórico Padronizado

É possível fazer a criação de uma única tabela de histórico e


importar aqueles que foram utilizados na escrituração contá-
bil para dentro do Sped Contábil

- Registro I100 – Centro de Custos

Obrigatório para quem utilizar Centro de Custos no sistema


contábil

Código do Centro de Custos


Nome do Centro de Custos

- Registro I150 – Saldos Periódicos


Data Inicial e Final – Obrigatório para os Livros G, R ou B.

- Registro I155 – Detalhes dos Saldos Periódicos

Informa os saldos das contas contábeis trazendo o total dos


débitos e créditos mensais

Para cada conta analítica: Valor do Saldo Inicial


Saldo devedor ou credor – Débitos e Créditos

- Registro I200 – Lançamento Contábil


Número - Data - Valor
Tipo de Lançamento: Normal ou Encerramento

- Registro I250 – Partidas do Lançamento


Identifica as contrapartidas do lançamento a crédito e débito o
somatório deve ser igual ao valor do lançamento.

186
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Registro I300 – Saldo das Contas de Resultado


Data da Apuração do Resultado

- Registro I350 – Detalhes dos Saldos das Contas de Resultado


Código da Conta Analítica – Valor do Saldo Final

Indicador da Situação D/C

Obs: Esses registros se referem aos balancetes das contas de


resultado. No Sped Contábil é possível fornecer balancetes das
contas patrimoniais mensalmente e balancetes das contas de
resultados mensalmente. A partir disso, o fisco pode utilizar
essas informações para montar suas demonstrações contábeis
em vários períodos.

3) Bloco J – Demonstrações contábeis

- Registro J001 – Abertura do Bloco J

Abre o bloco J e identifica se há dados informados

Os Registros de Balanço Patrimonial e DRE são facultativos,


porém o Código Civil determina que o Balanço e a DRE devem
ser elaborados no fim do exercício. Pelo Registro I052 é feita

187
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

uma correlação das demonstrações J100 com o Plano de Con-


tas I050.

- Registro J005 – Demonstrações Contábeis

Data Inicial e Final das Demonstrações Contábeis


Identificação das Demonstrações – Consolidadas ou não

- Registro J100 – Balanço Patrimonial

A partir dos códigos de aglutinação I052

O nível de detalhamento é de responsabilidade da PJ


Código de Aglutinação das Contas – Grupo do Balanço

- Registro J150 – Demonstração do Resultado do Exercício


A partir dos códigos de aglutinação informados no I052

Receita ou Despesa
Confronto com os Registros I350 e I355

- Registro J200 – Tabela de Histórico de Fatos Contábeis que


modificam a Conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados

- Registro J800 – Outras informações - Notas explicativas

Outras demonstrações contábeis. Exemplo: DFC, DVA ou no-


tas explicativas, pareceres e relatórios que sejam importantes
para serem apresentados juntamente com as demonstrações
e escriturações contábeis. Documento do word salvo no for-
mato .rtf.

- Registro J900 – Termo de Encerramento

Número do Livro
Natureza do Livro

188
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Nome Empresarial
Quantidade de Linhas do Arquivo
Data Inicial e Final da Escrituração

Com intuito de aperfeiçoar a utilização desses blocos e regis-


tros, vale destacar que a ECD será recuperada na ECF. A partir
disso, a Receita Federal poderá fazer diversos cruzamentos e
verificações, até mesmo confrontos de saldos das informações.

Portanto, é imprescindível que mesmo que a ECF feita não


obedeça aos aspectos tributários, esta tenha cuidados que não
denunciem ou que não tragam para a Pessoa Jurídica um pas-
sivo tributário no momento em que ela será utilizada para fa-
zer a apuração do imposto de renda e a da contribuição social.
Ademais, faz-se necessário ressaltar novamente que o Sped
Contábil é a substituição de escrituração contábil convencio-
nal em papel pelo seu equivalente digital. Existem quatro tipos
de obrigatoriedade para o Sped Contábil, dentre eles: pesso-
as jurídicas tributadas pelo Lucro Real e pelo Lucro Presumi-
do (este último se dividindo em duas possibilidades; ou está
obrigado porque distribuiu lucro acima da presunção ou está
obrigado porque não se utiliza a prerrogativa prevista no pará-
grafo único do Art. nº 45 da Lei nº 8981 de 1995).

189
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Outro fator a ser considerado dentro da obrigatoriedade se de-


verá quando uma entidade se apresentar imune ou isenta ao
IR desde que pague qualquer contribuição acima de R$ 10.000
em pelo menos um mês do ano calendário de 2016 (exemplo)
ou que receba receitas doações, rendimentos ou assemelhados
acima de R$ 1.200.000 durante o ano calendário. Além disso,
as SCP`s estando dentro da obrigatoriedade devem enviar
como livro próprio ou como auxiliar à escrituração do sócio
extensivo.

190
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

191
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 7
Sped Escrituração Contábil
Fiscal (ECF)

192
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Sped ECF

A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) surgiu no final do ano de


2013, com a Instrução Normativa nº 1.422, e a sua obrigatorie-
dade iniciava para o ano-calendário de 2014 e envio em 2015. Já
em 2015 foi registrado pela Receita Federal mais de 1.200.000
envios de ECF´s. No ano de 2016, o órgão atingiu o total de
1.218.088 de ECF´s referente ao ano-calendário de 2015. Nesse
cenário, a ECF ficou marcada pela quebra de paradigmas den-
tro do ambiente tributário brasileiro, onde passou a substituir
totalmente a Declaração de Informações Econômico-Fiscais
da Pessoa Jurídica (DIPJ), considerada tradicional, desconti-
nuada.

Como subprojeto do Sped, a ECF trouxe novos conceitos para


as obrigações tributárias acessórias. Como exemplo, a ferra-
menta oferece um modelo para recuperar dados de outras
obrigações acessórias distintas. A ECF substitui a DIPJ a partir

193
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

do ano-calendário 2014, com entrega prevista para o último dia


útil do mês de junho do ano posterior ao do período da escri-
turação no ambiente do SPED. Portanto, a DIPJ está extinta
a partir do ano-calendário 2014. São obrigadas ao preenchi-
mento da ECF todas as pessoas jurídicas, inclusive imunes e
isentas, sejam tributadas pelo Lucro Real, Lucro Arbitrado ou
Lucro Presumido, exceto:

I - As pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado


de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Micro-
empresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), de
que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
II - Os órgãos públicos, às autarquias e às fundações públicas;
III - As pessoas jurídicas inativas de que trata a Instrução Nor-
mativa RFB nº 1.536, de 22 de dezembro de 2014; e nos termos da
Instrução Normativa RFB nº 1536, de 22 de dezembro de 2014,
considera-se pessoa jurídica inativa aquela que não tenha efetua-
do qualquer atividade operacional, não operacional, patrimonial
ou financeira, inclusive aplicação no mercado financeiro ou de
capitais, durante todo o ano-calendário. Estas deverão apresen-
tar a Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica (DSPJ) - Ina-
tiva.

A Lei 6.404 de 1976, das S.A`s, que traz as disposições contábeis


e as demonstrações contábeis obrigatórias, entrou em vigor
no ano de 1978, dividindo os conceitos relacionados a título,
passivo, além da conceituação da contabilidade. É importante
ressaltar que essa legislação trata-se de uma norma de natu-
reza contábil, societária, sem interferências tributárias. A lei
permitia o desvio de preocupação da contabilidade em relação
a aspectos tais como: se a empresa era do Lucro Presumido,
ou do Simples Nacional, ou se seria tributada pelo Lucro Real.
No ano de 1977, com o surgimento do Decreto-Lei nº 1.598,
representando o alicerce do regulamento do Imposto de Ren-
da no Brasil. Muitas das disposições que se encontram hoje
no Decreto nº 3.000 de 1999, referente ao regulamento do IR,

194
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

vieram do Decreto-Lei nº 1.598/77. De acordo com o professor


Paulo Henrique Pegas, esse Decreto-lei se vinculou a nossa le-
gislação contábil de uma forma em que a legislação tributária
passou a intervir em determinados parâmetros e procedimen-
tos contábeis.

Contudo, essa intervenção ocasionou um desfavor para a con-


tabilidade, que na sua essência, tem como principal função
fornecer informações para a tomada de decisões. Para que
essas informações sejam utilizadas no processo decisório, as
mesmas devem representar a realidade do patrimônio das
organizações. Caso contrário, o risco das informações serem
distorcida pode ser considerado. Em suma, com a interferên-
cia do Decreto-Lei, diversas normas de natureza tributária e
de instruções normativas da Receita Federal passaram a fazer
parte da realidade do contexto tributário das organizações.
Nesse âmbito, a contabilidade foi significantemente prejudi-
cada.

Já citada na introdução ao Sped Contábil, a Lei nº 11.638 de


2007 entrou em vigor a partir de janeiro de 2008 com o intuito
de promover uma modernização para a contabilidade socie-
tária brasileira. A regulamentação dá início a um processo de
convergência da norma contábil brasileira como um modelo
internacional, europeu, conhecido pela sigla IFRS, que traz a
subjetividade como uma questão significativa para a conta-
bilidade. Ou seja, a contabilidade substitui baseamentos por
meio de normas para diagnósticos de princípios. Isso permite
uma qualidade para a informação contábil. Na hora de fazer
uma depreciação, o contribuinte não levará em consideração
somente uma tabela que já possui ou um valor pré-determina-
do de tempo de vida útil e de taxa de depreciação. Os aspectos
a serem levados em consideração serão o tempo de vida útil de
um bem para uma determinada entidade e o valor a ser consi-
derado residual (que vai sobrar).

195
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Respaldadas pela Lei nº 11.638, essas subjetividades implica-


riam que definições de uma despesa pudessem ficar a cargo do
contribuinte. Com o intuito de impedir que isso gerasse im-
pacto na apuração do tributo, a Receita Federal criou a lei 11.941
de 2009, intitulada por Regime Tributário Transitório (RTT),
que dava neutralidade tributária às novas disposições con-
tábeis. Porém, a Receita Federal, reconhecendo uma insegu-
rança jurídica no âmbito de apurações de tributos, criou a Lei
12.973 de 2014, que disciplina as normas contábeis, intervindo
de forma em que a legislação tributária entendesse os novos
procedimentos contábeis, respeitando-os e conseguindo cal-
cular o tributo. A Lei 12.973 foi a conversão da MP nº 627 de
2013, que trouxe uma grande mudança na legislação tributária
brasileira, propondo a criação de subcontas que se aplicariam
em casos de lançamento na conta de ajuste, garantindo a visu-
alização na escrituração contábil ao invés de lançar o valor do
ajuste contábil diretamente na conta de terreno ou diretamen-
te na conta de veículo.

Como já explanado, a Lei 12.973 atualiza diversas disposições


da legislação brasileira, principalmente no que se refere à apu-
ração do imposto de renda da PJ, bem como da contribuição
social sobre o Lucro Líquido. Consequentemente, no mesmo
ano em que a legislação vigorou, surgia o Sped ECF.

196
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Doravante, o contexto da criação do Sped ECF é muito mais


abrangente em relação à substituição da DIPJ. Trata-se de uma
motivação nascida em apresentar quais os impactos tributá-
rios dos novos procedimentos contábeis.

No intuito de concluir essa introdução a respeito do Sped ECF,


faz-se necessário detalhar sobre o prazo em relação ao seu en-
vio. A Instrução Normativa nº 1.422 de 2013, que criou a ECF,
estabelecia que o prazo para envio dessa obrigação seria o mês
de julho. Porém, ainda no primeiro ano de envio, que foi no
exercício de 2015, com relação às informações do ano de 2014,
esse prazo foi prorrogado por meio da IN n º 1.524, e o prazo
para o mês de setembro. No final de 2015, a IN nº 1.595 trouxe o
prazo da ECF para o mês de junho. No entanto, durante o ano
de 2016, a EFC foi prorrogada para o mês de julho, por meio da
IN nº 1.633. Em suma, a norma determina que o prazo para en-
vio do Sped ECF deverá ser no último dia útil do mês de julho.

Ressalte-se que, mesmo que uma entidade não tenha movi-


mento no período, e que a mesma esteja dentro das regras de
obrigatoriedade, essa deverá enviar seu Sped ECF. É impor-
tante salientar que sem movimento não significa que não haja
fato contábil. Como um exemplo de rotina, é viável que uma
instituição religiosa qualquer, que está dentro da obrigatorie-
dade e que se baseia no fato de não ter faturamento como doa-
ções ou rendimentos, se convença de não ter que enviar o Sped
ECF. Em suma, uma concepção sistêmica a ser imediatamente
atualizada.

Blocos, registros e campos

Ao contrário do Sped Contábil, que conta com cinco blocos, o


Sped ECF possui um total de 16 blocos. Para uma melhor com-
preensão de cada um deles, torna-se fundamental destacar so-
bre algumas peculiaridades além dos principais registros.

197
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O bloco O, de Abertura e Identificação ou Referência, é onde


será informado os dados iniciais do contribuinte tais como
nome, nome empresarial, nome fantasia, CNPJ, o período que
se refere a escrituração, a modalidade tributação da empresa
(Lucro Presumido, Arbitrário, Imune ou Isenta do IR). Nesse
mesmo bloco serão preenchidas informações do signatário da
escrituração. Ou seja, quem deverá assinar a referida escritu-
ração. Ao observar na tela, o registro 10 mostra diversas infor-
mações semelhantes com as da ficha “1” da DIPJ, perguntando
qual a forma de tributação, lucro presumido e real, perído de
apuração do IR, a qualificação da PJ, e o tipo de escrituração.

No bloco C, onde constam Informações Recuperadas da ECD,


na ocasião de uma obrigatoriedade, do envio do Sped Contábil,
faz-se necessário, obrigatoriamente, recuperar o Sped Contá-
bil na ECF. Destaca-se que essa recuperação não irá permitir
edições de informações da contabilidade dentro do programa
da ECF. O Bloco tem como informações recuperadas da ECD:
a) Registro C040 – Identificação da ECD, podendo verificar o
NIRE, Hash, CNPJ, natureza do livro, período;

b) Registro C050 – Plano de Contas da ECD, com base no que


foi recuperado no Sped Contábil;
c) Registro C150 (Patrimoniais);
d) Regsitro C350 (Resultado), referentes a saldos.

Obs: No Bloco C não é preenchido dentro do PVA. É obrigatório


para todas as entidades que tiveram envio do Sped Contábil.

Já no bloco E, de Informações Recuperadas, da ECF Anterior,


além do contribuinte recuperar a ECD, terá que recuperar a
ECF do ano anterior, obviamente, se o mesmo tiver transmi-
tido a ECF do ano anterior. Sobre esse bloco, o manual aponta
que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que tiveram ECF
no ano anterior. Todavia, na prática, só será impedida a trans-
missão sem a recuperação de pessoas jurídicas tributadas pelo

198
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Lucro Real, e que não tenham início de atividade no ano que


está sendo enviada a informação. São principais registros do
Bloco E:

a) E010 – Saldos do Balanço Anterior;


b) E020 – Contas da Parte B do e-LALUR;
c) E155 – Balanço Patrimonial com base nos saldos calculados
a partir da ECD;
d) E355 – Demonstração do resultado com base nos saldos cal-
culados a partir da ECD;
e) Contábeis calculados a partir da ECD

Obs: Ressalte-se que o Bloco E não permite edição dentro do


PVA.

O bloco J, de Plano de Contas e Mapeamento, é onde é feito


uma vinculação entre o plano de contas utilizado pela empresa
e que foi feito no Sped Contábil, utilizado para apresentar toda
sua contabilidade, com um plano de contas referencial. Como
no Sped ECF o foco é na apuração da contribuição social, o
contribuinte deverá usar um plano de conta referencial, que
foi construído pela Receita Federal com o objetivo de apresen-
tar a sua contabilidade sobre uma ótica tributária.

199
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Trazendo para a prática, o contribuinte deverá ir ao Sped


Contábil para fazer o “de/para” do seu plano de contas para o
plano de contas referencial ou utilizar uma das três possibili-
dades que existem, de informar diretamente à ECF sobre esse
mapeamento. Dentre as possiblidades, destacam-se: Inserir
manualmente o mapeamento no bloco J; gerar um arquivo de
ECF somente com informações do bloco J, a partir do sistema
contábil, importando as mesmas (informações) pra dentro da
ECF; utilizar o mapeamento realizado na ECF do ano passado.
Registros principais:

a) J050 – Contas Contábeis;


b) J100 – Centro de Custos

Depois que a ECF recebe informações da contabilidade, do


mapeamento, obviamente, para aquelas empresas que tiverem
obrigadas ao envio do Sped Contábil, a mesma conseguirá cal-
cular no Bloco K o Saldo das Contas Contábeis e Referenciais.
Isso, dentro de uma ótica de utilização do plano de contas re-
ferencial. São registro desse bloco:

a) K155 – Balanço;
b) K156 – Mapeamento Referencial de Saldo;
c) K355 - DRE

Com isso, ela também conseguirá montar as demonstrações


contábeis no Bloco L, para as empresas do Lucro Real. Nesse
espaço, a empresa apresentará um balanço patrimonial, mon-
tado com base nas contas do plano de contas referencial e uma
demonstração do resultado também construído a partir da
contabilidade. Os registros principais do Bloco L:

a) L100 – Balanço Patrimonial Referencial;


b) L300 – DRE Fiscal (L200 e L210*)

O Bloco Q, de Demonstrativo de Livro de Caixa, tem sua re-

200
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

gra de obrigatoriedade consideravelmente específica. Em seu


manual, a regra estabelece que, deverá ser enviado pelas PJ tri-
butadas pelo Lucro Presumido que se utilizam da prerrogativa
prevista no parágrafo único do art. 45 da lei n° 8.981 de 1995 e
cuja receita bruta no ano seja superior a R$ 1.200.000 ou pro-
porcionalmente ao período a que se refere.
Voltado para as empresas do Lucro Real, o Bloco M, onde é fei-
ta a apuração do lucro real, preenchendo o e-LALUR (digital)
e o e-LACS, que é o livro de apuração da contribuição social
sobre o lucro líquido, um livro semelhante ao e-LALUR, com
partes “a” e “b”. Na parte “a” se faz lançamentos de adições, ex-
clusões e compensações pra ajustar o lucro líquido da empresa
ao lucro tributado (real), e na parte “b”, é onde se controla va-
lores que podem influenciar futuramente na apuração do tri-
buto. Essa regra de ambas as partes citadas se aplica tanto no o
e-LALUR, como no e-LACS. Os registros do Bloco M são:

a) M300 – Lançamentos do e-LALUR;


b) 88 Adições (tipos) – 77 Exclusões - Compensações
c) M350 – Lançamentos do e-LACS

Em relação ao bloco N, a ECF recuperou informações da con-


tabilidade, trabalhou diante dessas informações para trans-
formá-las em demonstrações contábeis, utilizando o Plano de
Contas Referencial, solicitando os ajustes no Lucro Líquido
para apurar o Lucro Real, para ao final calcular o Lucro Real.
Tem como registros:

a) N500 – Base de Cálculo do IRPJ Lucro Real;


b) N630 – Cálculo do IRPJ Lucro Real;
c) N650 – Base de Cálculo da CSLL;
d) N670 – Cálculo da CSLL Lucro Real

No Bloco P (IRPJ e CSLL – Lucro Presumido), é onde será


apresentada a composição da base de cálculo da apuração do
IR e da contribuição social para empresas tributadas pelo Lu-

201
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

cro Presumido. Já o Bloco T (IRPJ e CSLL – Lucro Arbitrado),


é onde será apresentada para empresas do Lucro Arbitrado a
apuração do IR e da CSLL. Destacam-se como registros prin-
cipais:

a) P100 – Balanço Patrimonial;


b) P150 – Demonstração do Resultado;
c) P200 – Apuração da Base de Cálculo;
d) P300 – Cálculo do IRPJ;
e) P400 – Apuração da Base de Cálculo da CSLL;
f) P500 – Cálculo da CSLL

Obs: No caso do tipo de escrituração ser Livro Caixa deve-se


desconsiderar os registros P100 e P150. A ECF não habilita esse
registro.

O Bloco T, do Lucro Arbitrado, tem como ênfase os principais


registros:

a) T120 – Apuração da Base do IRPJ;


b) T150 – Cálculo do IRPJ

No Bloco U (Imunes e Isentas) serão demonstradas as infor-


mações das entidades imunes ou isentas do IR. São registros
principais dele:

a) U100 – Balanço Patrimonial;


b) U150 – Demonstração do Resultado

O Bloco X (Informações Econômicas) é o campo onde serão


preenchidas informações econômicas do contribuinte como:
operações internacionais e parcelamentos, por exemplo.

O Bloco Y é reservado para o preenchimento de informações


gerais tais como a composição do quadro societário, informa-
ções dos rendimentos dos sócios. São principais registros:

202
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

a) Y600 – Identificação de Sócios ou Titular;


b) Y611 – Rendimentos de Dirigentes, Conselheiros, Sócios ou
Titular;
c) Y672 – Outras informações;
d) Ano Anterior x Ano da Escrituração;
e) Capital Social;
f) Saldo de Caixa
Por fim, o Bloco 9 indica o Encerramento do Arquivo Digital.

Importação e recuperação da ECF e recuperação da ECF an-


terior

Entender os parâmetros de importação e recuperação da ECF


é algo de extrema relevância para o ciclo de pessoas jurídicas,
além disso proporciona segurança na geração de informações.
Para tanto, é preciso compreender que, o arquivo da ECD não
é importado para a ECF, mas recuperado. Em primeiro lugar,
deve ser criada uma ECF no próprio programa ou ser impor-
tado um arquivo da ECF e, então, recuperar o arquivo da ECD
(recuperação de contas, saldos e mapeamento, caso tenha sido
realizado na ECD). A ECD recuperada deve estar validada, as-
sinada e transmitida.

203
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Para as pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Presumido e


imunes ou isentas obrigadas a entregar a ECD, a recuperação
da ECD na ECF é obrigatória. Nesse caso, o 0010.TIP_ESC_
PRE deve ser preenchido com “C”.

Para as pessoas jurídicas não obrigadas a entregar a ECD, o


0010.TIP_ESC_PRE deve ser preenchido com “L”. Nessa situ-
ação, os blocos C, E, J e K não serão preenchidos. O programa
da ECF consegue recuperar mais de um arquivo da ECD, desde
que o períodos dos arquivos da ECD seja equivalente ao perío-
do do arquivo da ECF. Confira abaixo um exemplo:

Arquivo da ECF - de 01/01/2015 a 31/12/2015


Arquivos da ECD:
Arquivo 1 da ECD: de 01/01/2015 a 31/03/2015
Arquivo 2 da ECD: de 01/04/2015 a 31/08/2015
Arquivo 3 da ECD: de 01/09/2015 a 31/12/2015

Portanto, o programa da ECF conseguirá recuperar os três ar-


quivos da ECD, visto corresponderem ao mesmo período da
ECF (de 01/01/2015 a 31/12/2015). O programa da ECF também
permite a recuperação da ECF de período imediatamente an-
terior transmitida. A recuperação da ECF do período imediata-
mente anterior é obrigatória quando: 1 – A data inicial da ECF
(0000.DT_INI) do período atual for diferente de 01/01/2014; e
2 – O indicador de situação de início de período (0000.IND_
SIT_INI_PER) for igual a “0” (Regular – Início no primeiro dia
do ano) ou “2” (Resultante de cisão/fusão ou remanescente de
cisão ou realizou incorporação). No momento da transmissão,
o erro de não recuperação da ECF anterior ocorrerá de acordo
com as seguintes regras:

- Verifica, quando a forma de tributação for lucro real (0010.


FORMA_TRIB = 1), se existe ECF transmitida para a base do
SPED de período imediatamente anterior e com o hashcode
igual ao que foi informado no campo 0010.HASH_ECF_ANTE-
RIOR.

204
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Verifica, quando a forma de tributação for lucro real (0010.


FORMA_TRIB = 1) e não existe ECF transmitida para a base do
SPED de período imediatamente anterior, se o campo 0010.
HASH_ECF_ANTERIOR não está preenchido.

Pessoas jurídicas imunes e isentas

Como pontuado anteriormente, o primeiro ano de envio do


Sped ECF foi o ano-calendário de 2014, sendo enviado no exer-
cício de 2015. Naquele período, as entidades imunes ou isentas
do imposto de renda tais como igrejas, demais entidades reli-
giosas, associações, sindicatos, só estariam obrigados ao envio
do Sped ECF se também estivessem obrigados ao envio da EFD
Contribuições. Para esse primeiro ano de obrigatoriedade, o nú-
mero de entidades imunes e isentas que enviaram o Sped ECF
foi consideravelmente reduzido, segundo a Receita Federal.

No entanto, para o ano de 2015, exercício de 2016, essa regra foi


modificada. A partir do ano-calendário 2015, todas as pessoas
jurídicas imunes ou isentas estão obrigadas a entregar a ECF.
As imunes ou isentas (desobrigadas do IRPJ e da CSLL) e que
não estejam obrigadas a entregar a ECD deverão preencher os
seguintes registros:

Registro 0000: Abertura do Arquivo Digital e Identificação da


Pessoa Jurídica
Registro 0010: Parâmetros de Tributação
Registro 0020: Parâmetros Complementares
Registro 0030: Dados Cadastrais
Registro 0930: Identificação dos Signatários da ECF
Registro X390: Origem e Aplicações de Recursos - Imunes e
Isentas
Registro Y612: Identificação e Rendimentos de Dirigentes,
Conselheiros, Sócios ou Titular.

205
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

No caso do registro 0930, para as empresas imunes/isentas


que não estejam obrigadas a entregar a ECD, só será exigida a
assinatura do representante legal. Não será obrigatória a assi-
natura do contador nesse caso. As imunes ou isentas (desobri-
gadas do IRPJ e da CSLL) e que estejam obrigadas a entregar a
ECD, além dos registros mencionados, também preencherão
os blocos C, E, J, K e U, que serão preenchidos pelo sistema por
meio da recuperação dos dados da ECD, caso em que é obriga-
tória a assinatura do contador.

Para gerar um arquivo da ECF, crie a ECF no programa (Ar-


quivo/Criar), preencha os dados principais e clique em “Ferra-
mentas/Exportar Escrituração”.

É muito importante que, para a entidade imune/isenta que


não esteja obrigada à ECD, terá que preencher informações no
Registro X390, relacionadas às origens e aplicações de recursos
e vão apurar se houve superávit ou déficit. É relevante ressaltar
também que o material de apoio tem uma planilha com infor-
mações para que o contribuinte faça o preenchimento prático,
bem como a validação de um Sped ECF de uma entidade imu-
ne no IR, preenchendo na prática o Registro X390.

206
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Recuperação de ECD sem mapeamento para o plano referencial

A recuperação de ECD sem mapeamento para o plano referen-


cial requer procedimentos viáveis para sua ascensão. Para que
não seja necessário digitar todo o mapeamento para o plano re-
ferencial na ECF, no caso de recuperação de dados da ECD sem
o respectivo mapeamento, pode-se seguir este procedimento:

1) Importar a ECF.
2) Recuperar ECD, marcando a opção “Utilizar os dados recu-
perados da ECD para preenchimento do balanço e/ou DRE”.
Com essa opção marcada, o programa da ECF copiará as in-
formações para o bloco J e K, mas não calculará o balanço pa-
trimonial e a DRE, pois não existe mapeamento. Os dados dos
registros K155 e K355 estarão de acordo com a ECD.
3) Importar somente o bloco J da ECF com o mapeamento cor-
reto. O programa da ECF incluirá o mapeamento nos registros
K155/K156 e K355/K356 e, consequentemente, calculará o balan-
ço patrimonial e a DRE utilizando os saldos da ECD e o mape-
amento da ECF.

Recuperação de ECD com encerramento do exercício diferen-


te dos encerramentos da ECF

Os encerramentos do exercício na ECF seguem o período de


apuração do tributo, por exemplo, se a empresa for de Lucro
Presumido, os encerramentos do exercício da ECF serão tri-
mestrais. Caso a ECD recuperada tenha encerramento dife-
rente, por exemplo, a ECD recuperada tenha apenas um en-
cerramento anual, pode surgir uma mensagem com o valor
da diferença entre os saldos finais credores e os saldos ini-
ciais credores no momento da validação no programa da ECF.
Diante disso, é possível a PJ ajustar os saldos com a alteração
nos registros K155 e K355, alteração de saldo de uma ou mais
contas. Além disso, existe a opção de criar uma nova conta do
plano de contas da PJ (J050) para fazer o ajuste, contudo será

207
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

necessário fazer o mapeamento dessa conta para o plano de


contas referencial (J051).

Desta forma é possível imaginar, como exemplo, uma empre-


sa do Lucro Presumido, que vai fazer a recuperação da ECF e
também da ECD anterior na ECF. Esta terá que enviar ante-
riormente o Sped Contábil e no momento de fazer a ECF terá
que recuperar a ECD do mesmo ano-calendário da ECF. Poste-
riormente deverá recuperar a ECF do ano anterior.

Para as PJ do Lucro Presumido obrigadas a entregar a ECD, a


recuperação da ECD na ECF é obrigatória. Para as pessoas ju-
rídicas não obrigadas a entregar a ECD, o tipo de escrituração
0010.TIP_ESC_PRE deve ser preenchido com “L”, de Livro Cai-
xa. Nessa situação, os blocos C, E, J e K não serão preenchidos.
Ou seja, os blocos de recuperação da ECD, da ECF anterior, os
blocos de mapeamentos, e de saldo das contas contábeis, serão
preenchidos pelas empresas do Lucro Presumido.

Uma das perguntas mais abordadas por aprendizes gera em


torno da obrigação do envio do Livro Caixa. Sobre esse aspec-
to, é importante saber que no Sped ECF, para empresas tri-
butadas pelo Lucro Presumido, essas podem ter dois tipos de
escrituração: contábil e do Livro Caixa. Ressalte-se que uma
empresa irá preencher uma escrituração contábil quando es-
tiver obrigada ao envio do Sped Contábil. A empresa também
pode ter o tipo de escrituração Livro Caixa, que é quando não
está obrigada a manter a escrituração contábil. As possiblida-
des de Livro Caixa e obrigatoriedade podem ser esclarecidas
através do manual previsto pelo Bloco Q do Sped ECF, citado
anteriormente.

Como exemplo, o Sped ECF ficará com a criação da Escritura-


ção Contábil Fiscal, preenchendo as informações: do Bloco 0,
informações econômicas do contribuinte caso haja, informa-
ções gerais, apuração e cálculo do IRPJ e da apuração da CSLL.

208
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Esse é modelo mais simplificado de ECF, porque oferece me-


nos dificuldades.

Registro do prejuízo fiscal do período na parte B do e-Lalur

Prejuízo fiscal é algo que nenhum contribuinte pretende cor-


rer o risco, não é mesmo? Sem contar que esse tipo de gargalo
não faz parte do planejamento de entidades que trabalham sob
esquema de PJ. Nessa perspectiva, caso venha ocorrer um pre-
juízo fiscal no período (Registro M300), o procedimento é criar
uma conta de Prejuízos Fiscais de Períodos Anteriores no re-
gistro M010; registrar o saldo do prejuízo fiscal do período no
registro M410, colocar o indicador de lançamento como “PF”
– Prejuízo do Período. Se houver compensação de prejuízos
fiscais em períodos posteriores, deve ser utilizada a conta cria-
da na parte B para compensação no registro M300 (Linhas de
código 173, 174, 347 e 348 do M300), com tipo de relacionamento
“1” (com conta da parte B).

Registro da base de cálculo negativa da CSLL do período da
parte B do e-Lacs

Para caso de ocorrências de uma base de cálculo negativa no


período (Registro M350), o procedimento é criar uma conta de

209
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Base de Cálculo Negativa de Períodos Anteriores no registro


M010; registrar o saldo do prejuízo fiscal do período no regis-
tro M410, colocar o indicador de lançamento como “BC” – Base
de Cálculo Negativa da CSLL.

Caso haja compensação de base de cálculo negativa da CSLL


em períodos posteriores, deve ser utilizada a conta criada na
parte B para compensação no registro M350 (Linhas de códi-
go 173, 174, 347 e 348 do M350), com tipo de relacionamento “1”
(com conta da parte B).

Mudança de contador no período ou mudança de planos de


contas no período

Por vezes é natural surgir diversos contratempos durante os


processos de contabilidade, assim como em qualquer área
ou atividade. Com isso, gestores passam a enfrentar desafios
diante de metas estabelecidas para o alcance do sucesso. Se
trouxermos essa reflexão para o âmbito da contabilidade, vale
ressaltar que é inviável transmitir duas ou mais ECF caso haja
a mudança de contador no período ou mudança de plano de
contas no período.

A ECF deve ser transmitida em arquivo único, a menos que


ocorra uma das situações especiais previstas no registro 0000.
Caso a entidade tenha de recuperar os dados da ECD, devem
ser recuperados os dois arquivos da ECD transmitidos (um
para cada contador ou um para cada plano de contas).

No entanto, para que a ECF faça a correta recuperação de da-


dos é imprescindível que os saldos finais das contas existentes
no primeiro arquivo (primeiro contador ou primeiro plano de
contas) sejam iguais aos saldos iniciais das contas existentes
no segundo arquivo (segundo contador ou segundo plano de
contas). Na ECD, isso pode ser feito por meio do preenchimen-
to do registro I157 (transferência de plano de contas) no segun-

210
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

do arquivo da ECD, de acordo com as instruções presentes no


Manual de Orientação do Leiaute da ECD. Se isso não ocorrer,
a ECF recuperará somente os dados do segundo arquivo e os
ajustes necessários deverão ser realizados, por meio de substi-
tuição, na própria ECF ou na ECD.

Plano de contas e mapeamento

A ECF recupera o plano de contas do último período existente


na ECD, o qual deve retratar o conjunto e a estrutura de todas
as contas passíveis de utilização na contabilidade da entidade.
No entanto, o mapeamento das contas contábeis da entidade
para as contas referenciais é realizado apenas em relação às
contas analíticas, pois as contas sintéticas não devem ser ma-
peadas.

Registros de planos de contas referenciais (L100, L300, P100,


P150, U100 e U150)

Para as pessoas jurídicas que possuem ECD para recuperar e


geram o arquivo da ECF para importação: os registros L100 e
L300, no caso de pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Real;
P100 e P150, no caso de pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro
Presumido; U100 e U150, no caso de imunes ou isentas, que
não devem constar no arquivo da ECF para importação, pois,
caso sejam importados, os valores não serão calculados pelo
programa da ECF.

Conta “Resultado do Exercício”

No plano referencial, a conta “Resultado do Exercício” é sin-


tética, visto que representa o resultado da diferença entre as
receitas e despesas do período. Caso a entidade utilize uma
conta transitória analítica “Resultado do Exercício” ou “Apu-
ração do Resultado Exercício” para realizar os lançamentos de
transferência dos saldos das receitas e despesas do período,

211
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

essa conta deverá ter J050.COD_NAT = “09” (Outras) e não de-


verá ser mapeada, tendo em vista que o sistema não permite o
mapeamento de contas com código de natureza “09”.

Retificação da ECF

A retificação da ECF poderá ser realizada em até cinco anos. Se


a ECF de um ano anterior for retificada, poderá ser necessário
retificar as ECF dos anos posteriores, em virtude do controle
de saldos da ECF.

Exemplo:
Em 01/01/2018, a empresa retificou a ECF do ano-calendário
2014. Nesse caso, a empresa pode ter que retificar as ECF dos
anos-calendário 2015 e 2016. Para retificação da ECF, é neces-
sário que o campo 12 do registro 0000 (0000.RETIFICADORA)
deve estar preenchido com “S” (ECF Retificadora). O procedi-
mento para retificação é:

1 – Exporte o arquivo da ECF original;


2 – Abra o arquivo da ECF exportado em um programa tipo
“Bloco de Notas”;
3 – Se o arquivo é o que foi assinado, remova a assinatura. A as-
sinatura é um conjunto de caracteres “estranhos” que fica após
o registro 9999. Basta apagar tudo que fica após tal registro.
Para fazer isso, edite a escrituração com algum editor de texto
do tipo “Bloco de Notas”.
4 – Altere com campo 12 do registro 0000 para “S” (ECF retifi-
cadora) – também é possível fazer as correções neste momen-
to, mas caso prefira fazer no próprio programa da ECF, salve
o arquivo;
5 – Importe o arquivo da ECF retificadora;
6 – Faça a correção dos dados no programa da ECF;
7 – Valide;
8 – Assine; e
9 – Transmita a ECF retificadora.

212
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Significado da mensagem “Dados atualizados na linha de


acordo com a tabela da RFB”

A entidade precisa informar apenas o código da linha e o va-


lor, além da identificação do registro, no caso de registros com
tabelas dinâmicas, pois a descrição é preenchida pelo próprio
programa da ECF. Se a entidade preencher o campo descrição
e não estiver exatamente igual à descrição da respectiva tabela
do registro no programa, o sistema fará a atualização da des-
crição e emitirá a mensagem (advertência) no momento da
importação do arquivo da ECF: “Dados atualizados na linha de
acordo com a tabela da RFB”.

“Transformação”

A transformação não se trata de um evento que represente


interrupção do período para cálculo dos tributos. Portanto,
as opções “Resultante de Transformação” (Código 3 do 0000.
IND_SIT_INI_PER) e “Transformação” (Código 7 do 0000.
SIT_ESPECIAL) foram excluídas do registro 0000. No caso de
transformação no período (Exemplo: a empresa de LTDA. tor-
na-se S.A.), a ECF deve ser transmitida em arquivo único para

213
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

todo o período. Portanto, se não houve situação especial nem


abertura ou início de obrigatoriedade no período, os campos
0000.IND_SIT_INI_PER e 0000.SIT_ESPECIAL serão preen-
chidos da seguinte forma:

0000.IND_SIT_INI_PER: 0 – Regular (Início no primeiro dia


do ano).
0000.SIT_ESPECIAL: 0 – Normal (Sem ocorrência de situação
especial ou evento).

Prejuízos fiscais acumulados de períodos anteriores

O registro de prejuízos fiscais acumulados de períodos ante-


riores deve ser feito da seguinte forma no registro M010:
1 – Código da Conta: código da conta de prejuízos fiscais acu-
mulados de períodos anteriores, definido pela própria pessoa
jurídica.
2 – Descrição: descrição da conta, definida pela própria pessoa
jurídica.
3 – Data da Criação: como a ECF inicia em 01/01/2014, pode ser
utilizada 31/12/2013, como data da criação de contas da parte B
com saldos antes do ano-calendário 2014.
4 – Código de lançamento de origem da conta: não há (deixar
em branco).
5 – Data limite para uso do saldo da conta: não há (deixar em
branco).
6 – Tipo de tributo: I (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)
7 – Saldo inicial: informar o saldo dos prejuízos acumulados de
períodos anteriores.
8 – Indicador do saldo inicial: D (Para prejuízos ou valores que
reduzam o lucro real ou a base de cálculo da contribuição social
em períodos subsequentes).
9 – CNPJ: preencher somente no caso da conta Prejuízos Fis-
cais Acumulados de Períodos Anteriores estarem relacionados
a outra pessoa jurídica.

214
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Bases de cálculo negativas acumuladas de períodos anterio-


res

O registro de bases de cálculos negativas acumuladas de pe-


ríodos anteriores deve ser feito da seguinte forma no registro
M010:
1 – Código da conta: código da conta de bases de cálculo ne-
gativas de períodos anteriores, definido pela própria pessoa
jurídica.
2 – Descrição: descrição da conta, definida pela própria pessoa
jurídica.
3 – Data da criação: como a ECF inicia em 01/01/2014, pode ser
utilizada 31/12/2013, como data da criação de contas da parte B
com saldos antes do ano-calendário 2014.
4 – Código de lançamento de origem da conta: não há (deixar
em branco).
5 – Data limite para uso do saldo da conta: não há (deixar em
branco).
6 – Tipo de tributo: C (Contribuição Social Sobre o Lucro Lí-
quido)
7 – Saldo inicial: informar o saldo de base de cálculo negativa
de períodos anteriores.
8 – Indicado do saldo inicial: D (Para prejuízos ou valores que
reduzam o lucro real ou a base de cálculo da contribuição social
em períodos subsequentes).
9 – CNPJ: preencher no caso da conta Base de Cálculo Negativa
Acumulada de Períodos Anteriores estar relacionada a outra
pessoa jurídica.

As situações especiais de 2014 e Sociedades em Conta de Par-


ticipação (SCP)

As situações especiais (cisão, fusão, incorporação etc.) ocorri-


das em 2014 devem ser entregues por meio da Declaração de
Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) somente seria utilizada

215
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

para a transmissão de situações especiais de 2015 em diante.


Cabe frisar que, no caso de Sociedades em Conta de Participa-
ção (SCP) extintas ao longo do 2014, não havia obrigatoriedade
de entrega da DIPJ por SCP nem de entrega da ECF. Somente
as SCP existentes em 31 de dezembro de 2014 deveriam entre-
gar a ECF relativa ao ano-calendário 2014. A partir do ano-ca-
lendário 2015, todas as SCP entregam a ECF, inclusive as que
forem extintas ao longo do ano da escrituração.

Diante da possibilidade de envio da ECF pelas empresas SP-


C´s, a ECP possui um sócio ostensivo. Então o contribuinte de-
verá enviar primeiramente a ECF do sócio ostensivo, dizendo
que o tipo é o “1” – ECF de empresa participante de SCP como
sócio ostensivo, e ainda na criação da Escrituração informar a
quantidade de SCP da PJ. No Registro 0035 ele deverá identifi-
car as SCP´s que foram informadas como tal. Essa identifica-
ção é feita por 14 dígitos. Se a SCP possuir CNPJ, sugere-se que
se preencha os dados do CNPJ. No momento de fazer ECF da
SCP, o contribuinte deverá preencher como do tipo “2” – ECF
de SCP, informando a identificação da SPC conforme o Regis-
tro 0035 da Sócia Ostensiva.

Contas contábeis mapeadas para mais de uma conta referen-


cial

Quando uma conta contábil é mapeada para mais de uma


conta referencial, esse mapeamento é relativo ao saldo final
(que deve ser preenchido nos registros K156 e K356), ou seja,
o programa da ECF não pode preencher automaticamente o
saldo inicial das contas referenciais nos balanços patrimoniais
(L100: Lucro Real, P100: Lucro Presumido, U100: Imunes e
isentas), pois não há como saber a proporção do saldo inicial
da conta contábil mapeado para cada uma das contas referen-
ciais.

Nas contas contábeis de resultado não há problema, pois o sal-

216
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

do inicial no período de apuração é zero. Contudo, no caso das


contas contábeis patrimoniais, o programa da ECF recupera o
mapeamento da ECD, embora deixe o saldo inicial das contas
referenciais em branco nos registros L100, P100 ou U100 para
que a pessoa jurídica preencha com a proporcionalidade cor-
reta.

Exemplo:
Empresa tributada pelo Lucro Real.
Conta Contábil Patrimonial (CC1) = R$ 100.000,00
Foi mapeada, na ECD, para as contas referenciais patrimo-
niais CR1 e CR2. O mapeamento do saldo final foi:
CC1  CR1 = R$ 40.000,00 (Saldo Final)
CC1  CR2 = R$ 100.000,00 (Saldo Final)
No registro L100, a pessoa jurídica deverá definir os saldos ini-
ciais no primeiro período de apuração, visto que, nos períodos
de apuração seguintes, o próprio programa faz o transporte
(saldo final do período anterior = saldo inicial do período se-
guinte).

Arquivos da ECF ou da ECD corrompidos ou extraviados

É imprescindível a compreensão em torno do procedimento


correto para lidar com arquivos da ECF ou da ECD corrom-
pidos ou extraviados. Uma contabilidade eficiente não pode
simplesmente permitir esse tipo de ocorrência sem aplicar
métodos de ajustes. Se o arquivo da ECF ou da ECD estiver
corrompido ou extraviado, o procedimento para download é:

1. Instale o aplicativo ReceitanetBX no computador. O instala-


dor do ReceitanetBX pode ser baixado do site do SPED, na área
de download.

Escolha o perfil correto (Contribuinte, Procurador ou Repre-


sentante Legal). Em caso de procuração, garanta que a autori-
zação de efetuar o download da ECF ou da ECD esteja marcada

217
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

no e-CAC.
2. Após o download do arquivo da ECF, importe o arquivo uti-
lizando a funcionalidade “Arquivo/Importar” do programa da
ECF. No caso do arquivo da ECD, ele poderá ser recuperado
dentro do programa da ECF.

O recibo que comprova a transmissão da escrituração não é


importado via ReceitanetBX. Caso a empresa perca o recibo
de transmissão da escrituração digital, deverá utilizar a fun-
cionalidade de recuperação no menu “Escrituração/Recuperar
Recibo de Transmissão”. Nessa situação o Receitanet (e não
o ReceitanetBX) identificará que a escrituração digital já foi
transmitida e fará o download do recibo novamente para a
pasta estabelecida no programa da ECF.

Multa por atraso na entrega da ECF ou por incorreções

De acordo com o artigo 6º da Instrução Normativa RFB nº


1.422, de 19 de dezembro de 2013, a não apresentação da ECF
pelos contribuintes que apuram o Imposto sobre a Renda da
Pessoa Jurídica pela sistemática do Lucro Real, nos prazos fi-
xados no artigo 3º, ou a sua apresentação com incorreções ou
omissões, acarretará a aplicação, ao infrator, das multas pre-

218
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

vistas no artigo 8º do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro


de 1977, com redação dada pela Lei nº 12.973, de 13 de maio de
2014.

Quando não houver lucro líquido, antes do Imposto de Renda e


da Contribuição Social, no período de apuração a que se refere
à escrituração, deverá ser utilizado o último lucro líquido, an-
tes do Imposto de Renda e da Contribuição Social informado,
atualizado pela taxa referencial do Sistema Especial de Liqui-
dação e de Custódia - Selic, até o termo final de encerramento
do período a que se refere à escrituração.

A não apresentação da ECF pelos contribuintes que apuram o


Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, por qualquer siste-
mática que não o Lucro Real, nos prazos fixados no artigo 3º,
ou a sua apresentação com incorreções ou omissões, acarreta-
rá a aplicação, ao infrator, das multas previstas no artigo 57 da
Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. 20

Pessoas jurídicas resultantes de cisão/fusão ou remanescen-


tes de cisão ou que realizaram incorporação

No caso de pessoas jurídicas resultantes de cisão/fusão ou re-


manescentes de cisão ou que realizaram incorporação, o pre-
enchimento dos campos 6, 7, 8 e 9 do registro 0000 deve ser o
seguinte, caso não ocorra outra situação especial no período:

- Campo 6 (Indicador do Início do Período): 2 = Resultante de


cisão/fusão ou remanescente de cisão, ou realizou incorpora-
ção (para que o sistema aceite uma data de início diferente de
01/01).

20
Os códigos de receita das multas são: 3624/2 – Multa por Atraso na Entrega da ECF –
Demais PJ E 3624/3 – Multa por Atraso na Entrega da ECF – PJ Lucro Real

219
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Campo 7 (Indicador de Situação Especial): 0 = Normal – sem


ocorrência de situação especial ou evento (para que o sistema
aceita a data final em 31/12).

- Campo 8 (Patrimônio remanescente em caso de cisão): <Em


branco>, pois essa informação iria no primeiro arquivo envia-
do (até a data da cisão).

- Campo 9 (Data da situação especial): <Em branco>, pois não


há situação especial no período (a situação especial ocorreu no
período anterior).

220
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

221
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 8
Escrituração Fiscal
Digital das Retenções
e Informações da
Contribuição Previdenciária
Substituída (EFD Reinf)

222
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

EFD Reinf

A Escrituração Fiscal Digital das Retenções e Informações da


Contribuição Previdenciária Substituída (EFD Reinf) é um
projeto novo, mas basicamente, é preciso entender, inicial-
mente, que se trata de um subprojeto do Sped que tem como
objetivo prestar informações a respeito das retenções e outras
informações da contribuição previdenciária substituída. É um
complemento ao Sistema de Escrituração Digital das Obriga-
ções Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). A EFD
Reinf tem característica de ser uma escrituração fiscal digital

223
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

um pouco diferente das demais estudadas nesta obra, como


Sped Fiscal e Contribuições. Contudo, é também uma escritu-
ração fiscal digital, que entra no mesmo entendimento de que
os documentos fiscais eletrônicos que foram emitidos tran-
sitam pelas escriturações, neste caso, com as informações de
retenções e previdenciárias substituídas, sendo essas desem-
bocadas na contabilidade, nos speds Contábil e ECF.

Com essa premissa, torna coerente questionar qual a diferen-


ça entre EFD Reinf e eSocial. A EFD Reinf abrange todas as
retenções do contribuinte sem relação com o trabalho, e as
informações relacionadas à receita bruta para a apuração das
contribuições previdenciárias substituídas. A nova escritura-
ção substituirá as informações contidas em outras obrigações
acessórias, tais como o módulo da EFD Contribuições que apu-
ra a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB).
A liberação antecipada do Leiaute EFD Reinf em versão beta,
associada a regular liberação de versões melhoradas, cumpre
dois grandes desideratos: fomenta a construção coletiva que
caracteriza o Sped e oferece a oportunidade das empresas gra-
dualmente se prepararem para adaptação de seus sistemas à
nova obrigação acessória. A Reinf pode ser enviada mensal-
mente.

A escrituração está modularizada por eventos de informações,


contemplando a possibilidade de múltiplas transmissões em
períodos distintos, de acordo com a obrigatoriedade legal.
Dentre as informações prestadas através da EFD Reinf, desta-
cam-se aquelas associadas:

• aos serviços tomados/prestados mediante cessão de mão de obra


ou empreitada;
• às retenções na fonte (IR, CSLL, Cofins, PIS/Pasep) incidentes
sobre os pagamentos diversos efetuados a pessoas físicas e jurí-
dicas;

224
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

• aos recursos recebidos por / repassados para associação despor-


tiva que mantenha equipe de futebol profissional;
• à comercialização da produção e à apuração da contribuição
previdenciária substituída pelas agroindústrias e demais produ-
tores rurais pessoa jurídica;
• às empresas que se sujeitam à CPRB (cf. Lei 12.546/2011);
• às entidades promotoras de evento que envolva associação des-
portiva que mantenha clube de futebol profissional.

Já o eSocial irá informar sobre as relações fiscais, previdenci-


árias e trabalhistas que tenham vínculo com a relação de tra-
balho. A Reinf, por enquanto, tem disponível: 12 eventos, nove
tabelas, 587 campos e 24 regras de validações, apenas em sua
versão beta. Tanto o eSocial como a Reinf têm leiautes seme-
lhantes.

Principais eventos

Como já informado antes, a Reinf poderá ser enviada mensal-


mente. Atualmente na GFIP, é possível verificar as informa-
ções das retenções no Prestador e Retenções de Times de Fu-

225
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tebol. Já na DIRF, informações de IRRF retidas na fonte sem


relação com o trabalho e Contribuições Sociais Retidas na Fon-
te (CSRF). Ou seja, o eSocial, estando sozinho, levará uma série
de informações que hoje estão na GFIP, porém, a GFIP mais a
DIRF vão levar informações que irão compor a Reinf. São prin-
cipais eventos da Reinf:

1) R-1000 Informações do Contribuinte


2) R-1010 Tabela de Processos Administrativos e Judiciais
3) R-2010 Retenção Serviços Tomados com Cessão de Mão de
Obra
4) R-2020 Retenção Serviços Prestados com Cessão de Mão de
Obra
5) R-2030 Retenções – Recursos Recebidos por Times de Fute-
bol
6) R-2040 Retenções – Recursos Repassados aos Times de Fu-
tebol

Obs: Quem repassa patrocínios terá que informar na Reinf, as-


sim como o clube de futebol que recebeu o recurso.

7) R-2060 Informações da CPRB


8) R-2070 Retenções na Fonte (CSLL, PIS,Cofins), em cima de
pagamentos.
9) R-2098 Reabertura dos Eventos Periódicos
10) R-2099 Fechamento dos Eventos Periódicos
11) R-3010 Receita de Espetáculo Desportivo
12) R-2050 Informações – Comercialização de Produtos
Agroindústria/PJ

Esses leiautes são bem semelhantes aos que são trabalhados no


eSocial. Ressalte-se que a Reinf não tem um PVA offline como
é possível perceber no fluxo das informações. Ela irá trabalhar
com eventos por meio de web service assim como é hoje uma
emissão de nota fiscal eletrônica, local onde o sistema emissor
se comunica automaticamente com o portal e transmite com

226
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

mesma dinâmica as informações, gerando os protocolos de ar-


quivos XML.

Contudo, é preciso entender também sobre os registros, saber


suas funcionalidades. São eles:

1) R – 1000 Identificação de Contribuinte

- Cadastro semelhante ao do eSocial


- Vínculo com a Tabela de Classificação Tributária:
01 – Empresa enquadrada no SN com contribuição previden-
ciária substituída
02 – Empresa enquadrada no SN com contribuição previden-
ciária não substituída
99 – Pessoas jurídicas em geral

É interessante observar que esse registro já oferece a indicação


de que se a pessoa jurídica está obrigada ao envio do Sped Con-
tábil. Logo, a Refin começa a conciliar informações com a ECD
e a indicação dessa PJ passa a ter contribuição previdenciária
incidente sobre a receita bruta.
- Indicação de obrigatoriedade da ECD
- Indicação de CPRB

2) R – 1010 Processos Administrativos e Judiciais


- Igual a utilizada no eSocial.
- As informação de processos que afetam as retenções e/ou re-
colhimentos do contribuinte e de terceiros (afeta diretamente
a retenção de terceiros se não for informado feito o registro do
processo judicial).
- Se houver processo enviar imediatamente após o cadastro do
contribuinte.

3) R – 2010 Serviços Tomados – Cessão de Mão de Obra


- Pode ser informado até 9.999 cadastros de obras (CNO) ou
tomadores (CNPJ)

227
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Utiliza a tabela 6 (Serviços Prestados Sujeitos à Retenção Pre-


videnciária pelo Tomador) – conforme o Art. 117 da IN 971/09,
exemplos:
01 – Limpeza, Conservação ou Zeladoria
02 – Vigilância ou Segurança
03 – Construção Civil
- Informações do Prestador

4) R – 2020 Serviços Prestados – Cessão de Mão de Obra


- Mesmas informações dos Serviços Tomados
- Cruzamento das Informações (tomador x prestador)
- Escrituração no mês de emissão da NF

Sugestão: É importante que fornecer envie ao tomador o ar-


quivo XML. Desta forma terá a informação casada, sem que
haja diferenças de dados.

5) R – 2030 Retenções - Recurso Recebido por Associação Des-


portiva que mantém Time de Futebol Profissional
- Contribuições Substituídas (20% CPP + RAT) por retenção de
5% na fonte pagadora
- Patrocínio, Licenciamento, Publicidade e Propaganda.

228
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

- Identificação da entidade que recebeu o recurso e o CNPJ de


quem repassou
- Código da conta analítica (ECD)

6) R – 2040 Retenções – Recurso Repassado para Associação


Desportiva que mantém Time de Futebol Profissional
- Mesmas informações do R – 2030
- Cruzamento das informações (Recebimento x Repasse)

Como é hoje: A entidade que paga o recurso informa na GFIP o


valor total, o Sefip gera a GPS dos 5%. A preocupação da Reinf
gira em torno de dívidas previdenciárias consequentes da má
gestão e passividade governamental. Ou seja, com a Reinf ha-
verá o detalhamento para quem estar sendo feito o repasse e
de quanto é. Isso permitirá que a Reinf gere uma fiscalização
mais ostensiva para aqueles que desenvolvem tais atividades.

7) R – 3010 Espetáculo Desportivo (Futebol profissional)


- Data do Espetáculo (Retenção de 5%)
- CNPJ da Entidade Promotora
- Nome da Competição
- CNPJ do mandante e CNPJ do Visitante
- Receita de Venda x Número de Pagantes
- Despesas necessárias
Ressalte-se que essas informações são essencialmente de na-
tureza contábil. Dessa forma, a EFD Reinf tem uma relação e
conexão com as informações da contabilidade. Portanto, o que
foi informado na Reinf terá que ser igual ao que foi colocado
no Sped Fiscal.

8) R – 2060 Informações da CPRB


- Extinção do Bloco P da EFD Contribuições
- Identificação dos Estabelecimentos e Receita
- Composição da Base de Cálculo da CPRB
- Código da Conta Analítica (ECD)

229
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Lembrando, mais uma vez, que esse valor terá que bater com o
que está provisionado na contabilidade.

9) R – 2070 Eventos Periódicos - Retenções na Fonte (IR, CSLL,


PIS e Cofins)
- Identificação do contribuinte (que reteve), inclusive órgãos
públicos.
- Identificação do beneficiário e do rendimento (CNPJ ou CPF)
- Informações do pagamento e das deduções

Ressalte-se que os rendimentos isentos e não tributáveis tam-


bém deverão ser informados nesse registro. A exemplo disso:
04 – Abono pecuniário, 06 – Lucros ou dividendos pagos a par-
tir de 1996, 10 – Bolsa de estudos recebida por médico residen-
te.

10) R – 2099 Fechamento dos Eventos Periódicos


- Identificação do responsável pelo preenchimento das infor-
mações na EFD Reinf
- Sem movimento mensal?
- Em janeiro: Houve repasse financeiro a sócios no ano ante-
rior?
Situações comuns a todos os eventos:
- Ambiente web de contingência e acesso via e-CAC
- Permitida a retificação, com identificação do evento anterior.
- Não há programa previsto, assim como no e-Social.
- Envio de lotes de eventos
- EFD Reinf é centralizada na matriz, assim como a EFD Con-
tribuições.

Legislação

Neófita, a legislação que estabelece a EFD Reinf foi instituída


pela Instrução Normativa (IN) nº 1701 de março de 2017, sen-
do publicado no Diário Oficial da União no dia 16 de março do
mesmo ano. Em seu Art. 1º, a lei diz que fica instituída a escri-

230
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

turação fiscal retenções e outras informações.

De acordo com o documento da Receita Federal do Brasil, o Pa-


rágrafo Único aponta que a EFD Reinf deverá ser transmitida
ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e será consi-
derada válida após a confirmação de recebimento e validação
do conteúdo dos arquivos. Segundo a legislação, das principais
obrigações é importante destacar que ficam obrigados a ado-
tar a EFD Reinf:

I - pessoas jurídicas que prestam e que contratam serviços reali-


zados mediante cessão de mão de obra nos termos do art. 31 da Lei
nº 8.212, de 24 de julho de 1991;
II - pessoas jurídicas responsáveis pela retenção da Contribuição
para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Se-
guridade Social (Cofins) e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL);
III - pessoas jurídicas optantes pelo recolhimento da Contribui-
ção Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB);
IV - produtor rural pessoa jurídica e agroindústria quando sujei-
tos a contribuição previdenciária substitutiva sobre a receita bru-
ta proveniente da comercialização da produção rural nos termos
do art. 25 da Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994, na redação dada
pela Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001 e do art. 22A da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991, inserido pela Lei nº 10.256, de 9 de
julho de 2001, respectivamente;
V - associações desportivas que mantenham equipe de futebol
profissional que tenham recebido valores a título de patrocínio,
licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propa-
ganda e transmissão de espetáculos desportivos;
VI - empresa ou entidade patrocinadora que tenha destinado re-
cursos a associação desportiva que mantenha equipe de futebol
profissional a título de patrocínio, licenciamento de uso de mar-
cas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espe-
táculos desportivos;
VII - entidades promotoras de eventos desportivos realizados

231
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

em território nacional, em qualquer modalidade desportiva, dos


quais participe ao menos 1 (uma) associação desportiva que man-
tenha equipe de futebol profissional; e
VIII - pessoas jurídicas e físicas que pagaram ou creditaram ren-
dimentos sobre os quais haja retenção do Imposto sobre a Renda
Retido na Fonte (IRRF), por si ou como representantes de tercei-
ros.

Ressalte-se que a obrigatoriedade deverá cumprida a partir do
dia 1º de 2018, caso o faturamento da pessoa jurídica, no ano
de 2016, superior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), e a partir de julho de 2018, caso o faturamento da PJ, no
ano de 2016, tenha sido de até R$ 78.000.000,00.

Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais da


Web (DCTFWEB)

A DCTFWEB é um módulo que tem uma relação direta com
a EFD Reinf, que é a Declaração de Créditos e Débitos Tri-
butários Federais, da Contribuição Previdenciária, de outras

232
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

entidades de fundos e do Imposto de Renda Retido na Fonte


(IRRF). A Reinf junto com a DCTFWEB e o e-Social promove-
rão a substituição da GIFP. A exemplo disso, a parte dos dé-
bitos serão trazidas automaticamente além dos créditos por
meio de informações via Reinf/e-Social e sistema eletrônico de
regularização de obras.

Com isso, é possível trazer dessas informações débitos prove-


nientes das Contribuições Previdenciárias, Contribuições para
Outras Entidades e Fundos, além de IRRF. Ademais, existem
os créditos de Salário-Família, de Maternidade e de Retenções
sobre notas fiscais.

Após fazer uma apuração de débito e crédito será possível ge-


rar um Darf único a pagar após fechamento da DCTFWEB.
Nesse procedimento, não será permitida a inclusão manual de
débitos.

São funcionalidades DCTFWEB: Integração com EFD Reinf,


eSocial e SERO, onde fará a captação automática dos débitos
e créditos; importação pelo PERD/COMP; emissão eletrônica
do Darf único; acesso via portal e-CAC e portal próprio (dis-
ponibilizado pela Secretaria da Receita Federal); retificação de
forma completa.

Para uma eficiente assimilação do que foi estudado neste ca-


pítulo, é preciso entender que EFD Reinf é uma escrituração
fiscal digital, também subprojeto do Sped, que visa fornecer
informações a respeito das retenções e das informações da
contribuição previdenciária substituída. Logo, estão obri-
gados a informar a EFD Reinf todas as pessoas jurídicas que
promovem retenções ou que são passivas de retenção. Serão
informados: os valores retidos tanto de contribuições federais
como imposto de renda retido na fonte, como as contribuições
previdenciárias.

233
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

A escrituração opera com transmissão de registros via web


service. Por fim, a DCTFWEB é uma ferramenta que estará
integrada com a EDF Reinf, e-Social e Sistema Social de Re-
gularização de Obras, local onde as informações de débitos
e créditos, de naturezas previdenciárias e tributárias serão
consolidadas, permitindo que seja gerada uma única guia de
pagamento, único Darf. Para a operação, não será necessário
baixar ou instalar o PVA.

234
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

235
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 9
e-financeira

236
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

CApítulo 9
e-Financeira

e-Financeira

A e-Financeira é um subprojeto do Sped e alguns pontos de


atenção bem como de informações chaves definem a ferra-
menta que faz parte integrante do que está posto a nível de
cruzamento fiscais de informações. Em uma definição mais
precisa, a e-Financeira é o mecanismo de cruzamento fiscal
onde instituições financeiras realizam as transmissões das
movimentações contábeis de contribuintes à Receita Federal
do Brasil.

De maneira geral, os contribuintes não precisam se preocu-


par em gerar arquivos e transmiti-los para o ambiente Sped.
Essa obrigação é feita por bancos, seguradoras, distribuidora
de títulos, planos de saúde, entidades que trabalham com pre-
vidência complementar, dentre outras instituições voltadas
para o segmento financeiro.

237
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

É interessante lembrar que, num passado recente essas insti-


tuições tinham suas preocupações em torno da Contribuição
Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), que se
tratava de um tributo cobrado sobre as operações financeiras.
Nela, para que o fisco tivesse uma detalhada informação a res-
peito da contribuição paga pelos contribuintes, o mesmo rece-
bia também neste momento informações financeiras sobre as
suas movimentações bancárias.

Logo após a extinção da CPMF foi criada a Declaração de In-


formações sobre Movimentação Financeira (Dimof), que tam-
bém objetivava receber informações financeiras.

Vale ressaltar que o grande diferencial em torno da e-Finan-


ceira é que a sua projeção está associada dentro do ambiente
Sped. Antes, diversas informações transmitidas pelas institui-
ções financeiras a um ambiente da Receita Federal não chega-
vam, e quando chegavam ao órgão, que contava com perspecti-
va precária de infraestrutura, eram analisadas manualmente.

Ou seja, existia o risco de cruzar movimentações de pesso-


as físicas dentro das declarações do imposto de renda ou até
mesmo de cruzar informações com outras declarações como
de cartão de crédito, por exemplo. Estabelecia-se, portanto,
uma espécie de trabalho braçal. Dentro de um novo contexto, a
partir do momento em que essa obrigação vem para o ambien-
te Sped, torna-se mais fácil que o fisco promova cruzamentos
de informações ou verificações nas informações bancárias e
financeiras.

A e-Financeira foi estabelecida pela Instrução Normativa da


Receita Federal do Brasil nº 1.571 de 2 de julho de 2015, com
base no artigo 5º da Lei Complementar nº 105 de 10 de janeiro
de 2001, no artigo 57 da Medida Provisória nº 2.158-35 de 24 de

238
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

agosto de 2001. Além disso, o subprojeto do Sped também tem


como base o Decreto nº 4.489 de 28 de novembro de 2002, no
artigo 16 da Lei nº 9.779 de 19 de janeiro de 1999, no artigo 30 da
Lei nº 10.637 de 30 de dezembro de 2002 e na IN RFB nº 802 de
27 de dezembro de 2007.

A declaração disciplina a obrigatoriedade de prestação de in-


formações relativas às operações financeiras de interesse da
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Trata-se, portan-
to, de um conjunto de arquivos digitais referentes a cadastro,
à abertura, ao fechamento e auxiliares, e pelo módulo de ope-
rações financeiras. Deve ser transmitida ao Sped pelos obriga-
dos a adotá-la:

I - as pessoas jurídicas:

a) autorizadas a estruturar e comercializar planos de benefí-


cios de previdência complementar;
b) autorizadas a instituir e administrar Fundos de Aposenta-
doria Programada Individual (Fapi); ou
c) que tenham como atividade principal ou acessória a capta-
ção, intermediação ou aplicação de recursos financeiros pró-
prios ou de terceiros, incluídas as operações de consórcio, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia de valor de pro-
priedade de terceiros; e

II - as sociedades seguradoras autorizadas a estruturar e co-


mercializar planos de seguros de pessoas.

A e-Financeira consiste em uma obrigação acessória que reúne


as informações relativas às operações financeiras de interesse
da RFB. A obrigação é constituída por um conjunto de arquivos
a serem entregues em leiautes específicos, por meio do am-
biente Sped, utilizando certificado digital válido, emitido por

239
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

entidade credenciada pela ICP-Brasil. Os arquivos devem estar


assinados digitalmente pelo representante legal da entidade
declarante ou procurador constituído nos termos da Instrução
Normativa RFB nº 944, de 29 de maio de 2009. 21

Cabe ressaltar que, não é necessário enviar os arquivos da


e-Financeira em períodos que a entidade declarante não teve
movimentações de operações financeiras a serem entregues.
Entretanto, nos casos em que a entidade declarante seja con-
siderada “patrocinadora” nos termos do Foreign Account Tax
Compliance Act (FATCA), devem ser enviados os Cadastros de
Patrocinado para todos os fundos dos quais seja considerada
como a patrocinadora, independente de ter havido movimen-
tação nestes.

O módulo de operações financeiras deve ser entregue pelas pesso-


as jurídicas: autorizadas a estruturar e comercializar planos de
benefícios de previdência complementar (incluindo as entidades
fechadas de previdência complementar); autorizadas a instituir
e administrar Fundos de Aposentadoria Programada Individu-
al (Fapi); ou que tenham como atividade principal ou acessória
a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, incluídas as operações de consórcio, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia de valor de proprie-
dade de terceiros; O módulo de operações financeiras também
deverá ser entregue pelas sociedades seguradoras autorizadas a
estruturar e comercializar planos de seguros de pessoas. A obriga-
toriedade de entregar o módulo de operações financeiras alcança
as entidades supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Ba-
cen), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pela Superin-
tendência de Seguros Privados (Susep) e pela Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (Previc). As informações

Nos casos de procuração eletrônica, o declarante deverá habilitar poderes específi-


21

cos para esta obrigação acessória, no portal do e-CAC.

240
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

referentes às aquisições de moeda estrangeira, conversões de mo-


eda estrangeira em moeda nacional e transferências de moeda
estrangeira e de outros valores para o exterior, realizadas pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), também de-
vem ser entregues pela ECT.

De acordo com o Artigo 10 da IN, a e-Financeira será transmi-


tida semestralmente: a) até o último dia útil do mês de feverei-
ro, contendo as informações relativas ao segundo semestre do
ano anterior; b) até o último dia útil do mês de agosto, conten-
do as informações relativas ao primeiro semestre do ano em
curso. Correspondentes ao prazo limite para o envio das infor-
mações, entretanto, é possível efetuar entregas parciais dos ar-
quivos de movimento de operações financeiras, referentes aos
meses do semestre em curso, à medida que for sendo encer-
rado o movimento mensal. Exemplo: O arquivo de movimen-
to de operações financeiras do contribuinte “X”, referente ao
mês de janeiro de 2015, pode ser entregue em fevereiro, março,
abril, maio, junho, julho ou agosto do mesmo ano, desde que já
tenha sido transmitido previamente o arquivo de abertura da
e-Financeira para o primeiro semestre de 2015.

Dessa forma, evita-se o acúmulo de grande volume de infor-


mações concentradas nos dois meses que sucedem o fecha-

241
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

mento do semestre, possibilitando eventuais correções nos


arquivos mensais individuais, não necessitando a correção de
toda a obrigação acessória, de maneira mais tempestiva.

Nos casos de reorganização societária (extinção, cisão parcial,


cisão total, fusão ou incorporação), a e-Financeira deverá ser
entregue pelas pessoas jurídicas extintas, cindidas, fusiona-
das, incorporadas e incorporadoras, obedecendo ao prazo es-
tabelecido no Artigo 10 da IN RFB nº 1.571 de 2015. Assim, se
a reorganização societária acontecer no primeiro semestre, a
e-Financeira deverá ser entregue até o último dia útil do mês
de agosto do ano em que ocorreu a reorganização. Se aconte-
cer no segundo semestre, a e-Financeira deverá ser entregue
até o último dia útil do mês de fevereiro do ano seguinte à re-
organização.

Excepcionalmente, em relação a dados de dezembro de 2015,


as informações deverão ser entregues até o último dia útil de
maio de 2016. Somente será considerada cumprida a obrigação
acessória após o envio do evento válido de fechamento semes-
tral. 22

Para o envio de informações, as instituições declarantes de-


verão gerar os eventos em arquivos eletrônicos com as infor-
mações referentes às entidades declarantes, aos declarados,
às movimentações financeiras, aos eventos de abertura e de
fechamentos dos períodos e aos cadastros de patrocinados e
de intermediários, a depender do caso. O processamento de
eventos deve ser feito simultaneamente por intermédio de um
web service, na mesma conexão com o retorno de um arquivo

22
As informações serão fornecidas pela instituição declarante por meio do envio de
arquivos de eventos, através de web services. Os arquivos gerados deverão ser assina-
dos digitalmente e transformados em documento eletrônico, nos termos da legislação
brasileira, de modo a garantir a integridade dos dados e a autoria do emissor.

242
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

XML contendo o resultado do processamento do lote. De acor-


do com a norma, os arquivos enviados serão validados em três
etapas simultaneamente:

- Validação do lote: será executada no momento da recepção


do lote de eventos, quando serão verificados, inicialmente,
o certificado da conexão e a estrutura e versão do lote. Caso
ocorra erro na validação do lote, o lote não será recebido e não
serão realizadas as demais validações, descritas abaixo.

- Validação dos eventos contidos no lote: para cada evento con-


tido no lote, serão feitas as seguintes validações:

Validação de estrutura: validação do evento em relação à estru-


tura do arquivo, de acordo com o tipo de evento. Caso ocorra
erro na validação de estrutura, o evento não será recebido e
não serão realizadas as demais validações do evento.

Validação de conteúdo: validações dos valores informados no


evento. Caso seja detectada alguma inconsistência, o evento
não será recebido.

No entanto, como um exemplo de rotina, ao passar para as


escriturações de natureza fiscal ou contábil, essas possuem,
em sua grande maioria, um modelo de apresentação das in-
formações que se utiliza de PVA`s offlines, onde são gerados
arquivos em formatos de textos, e são submetidos a programas
validadores para depois se transmitir informações ao fisco.
Contudo, como outro exemplo, sabe-se da existência de mode-
los de escriturações fiscais tais como a Reinf, que não se utiliza
de PVA´s. Trata-se de uma nova tendência do projeto Sped.

É possível afirmar que, PVA´s offlines como do Sped Fiscal,


Sped Contribuições, Sped Contábil e do Sped ECF sejam, ao
longo do tempo, substituídos pelo referido modelo, o qual é
possível praticar operações em que automaticamente sejam

243
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

inseridas no banco de dados do fisco, sendo autorizadas em


acompanhamento diário, em tempo real e até mesmo online
em alguns casos.

Destaca-se, mais uma vez que, a e-Financeira reúne diversas


informações relativas às operações financeiras que sejam de
interesse da Receita Federal do Brasil. Mas mesmo com essa
premissa é pertinente o questionamento em torno da legali-
zação do envio e informações financeiras de contribuintes ao
fisco sem autorização judicial.

A respeito disso é interessante observar uma notícia divulga-


da no site do Supremo Tribunal Federal (STF), que destaca o
título “STF garante ao Fisco acesso a dados bancários dos con-
tribuintes sem necessidade de autorização judicial”, conforme
consta no link http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDe-
talhe.asp?idConteudo=310670 (Acesso em 27/06/2017). No ano
de 2016, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) con-
cluiu julgamentos de alguns processos que questionavam a Lei
Complementar nº 105 de 201, que dá à Receita Federal o poder
de receber dados bancários dos contribuintes sendo forneci-
dos diretamente pelas instituições financeiras e sem a prévia
autorização judicial.

A decisão foi tomada por maioria, de nove a dois votos pre-


valeceu o entendimento de que a norma não resulta em que-
bra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da
órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra acesso
de terceiros. Ou seja, para o STF, não significa que está haven-
do uma quebra de sigilo bancário, mas sim uma transferência
de competência desse sigilo, que sai de um sigilo meramente
bancário, passando a ser um sigilo do âmbito fiscal. Ambos são
protegidos.

Nesse contexto é importante destacar que existem regras para


a prestação dessas informações, que são feitas de maneira to-

244
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

talizada por tipo de operação. Sabe-se que, na internet existem


muitas informações incorretas e imprecisas a respeito da e-Fi-
nanceira. Com isso, não se aplica afirmar que, os bancos estão
enviando para a Receita Federal cópias de extratos bancários
dos contribuintes. Na verdade, eles enviam, dentro da regra de
obrigatoriedade, da prestação das informações, saldos totali-
zadores por tipos de operações.

É importante ressaltar que o envio de informações financeiras


ao fisco não é novidade. No entanto, ao ingressar ao ambiente
Sped aumenta de maneira considerável a possibilidade de cru-
zamentos dessas informações tanto de pessoas físicas, como
jurídicas. Consequentemente, observa-se uma série de impac-
to fiscal no cruzamento com as informações financeiras. Para
expor um exemplo, imagina-se uma pessoa física qualquer
que está recebendo de seu banco vários depósitos bancários e
transferências que totalizados dariam um valor de R$ 20.000.
Posteriormente, no e-Social, que será abordado no capítulo se-
guinte, esta mesma pessoa declara o valor de R$ 1.500. Logo,
percebe-se uma informação descasada que a mesma deverá
justificar, em um futuro próximo, a que se refere essa movi-
mentação financeira. Já no exemplo no caso de uma pessoa ju-
rídica, imagina-se uma empresa qualquer que teve uma quan-
tidade de movimentação financeira no aporte de R$ 1,5 milhão,

245
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

porém o seu faturamento fiscal é na ordem de R$ 200.000.


Diante disso é viável questionar “como justificar tal movimen-
tação?”.

Nesse último contexto, salienta-se que o objetivo final de uma


e-Financeira dessa, e o objetivo final de o contribuinte em pres-
tar informações financeiras ao Fisco, seja por meio do Coaf, ou
Dimorf, ou e-Financeira, é combater a lavagem de dinheiro, o
contrabando, o financiamento do tráfico, dentre outras práti-
cas ilegais. Ressalte-se que a Dimof foi descontinuada no ano
de 2016.

Para que formas ilícitas não ocorram, é imprescindível que o


cruzamento das informações seja feito de maneira preventiva.
Com isso, faz-se necessário serem identificados imediatamen-
te possíveis incontingências ou situações que possam carac-
terizar um passivo descoberto e levar para o contribuinte um
passivo tributário que fica oculto e que só irá ser revelado no
momento de uma fiscalização. Nessa perspectiva, e com base
na legislação vigente, elencam-se algumas informações a se-
rem prestadas pela e-Financeira. São elas:

a) Rendimentos brutos, acumulados anualmente, mês a mês,


por aplicações financeiras no decorrer do ano, individualiza-
dos por tipo de rendimento;
b) Saldo, no último dia útil do ano ou no dia de encerramento,
de provisões matemáticas de benefícios a conceder referente a
cada plano de benefício de previdência complementar;
c) Transferência entre contas do mesmo titular realizadas en-
tre contas de depósito à vista, ou entre contas de poupança;
d) Aquisições de moeda estrangeira;
e) Conversões de moeda estrangeira em moeda nacional;
f) Transferências de moeda e de outros valores para o exterior

É importante destacar que a e-Financeira foi motivada em


decorrência de alguns tratados internacionais que o Brasil

246
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

celebrou com o objetivo de fornecer informações e de trocar


informações com outros países. O intuito é de verificar práti-
cas ilegais consideradas como atos ilícitos e que importam na
lavagem de dinheiro e financiamento de crimes organizados.

Existem algumas penalidades para instituições financeiras, no


caso de não apresentação dessas informações. Já para os casos
de falta de apresentação, o valor da multa é de R$ 5.000 por
mês-calendário ou fração. No caso de informações inexatas,
incompletas ou omitidas é de R$ 50,00 por grupo de informa-
ções financeiras nessa situação. Ou seja, as instituições finan-
ceiras têm algumas previsões de penalidades tanto na ausên-
cia do cumprimento da obrigação, quanto no cumprimento
incorreto, inexato ou impreciso nas obrigações da natureza
tributária e monetária, financeira, econômica como no caso
da e-Financeira.

Contudo, para estudar e ampliar um melhor conhecimento


sobre a e-Financeira recomenda-se pesquisa aprofundada da
IN RFB nº 1.571 de 2015, citada anteriormente. Como já ressal-
tado, em 2016 a Dimof passou a não existir mais, e com isso
as transmissões passaram a ser feitas pela e-Financeira, que
apresenta o montante global movimentado ou saldo em cada
mês, por tipo de operação financeira quando for superior a R$
2.000 (Pessoa Física) e R$ 6.000 (Pessoa Jurídica). Se por acaso
o limite se exceder, o contribuinte deverá informar tudo.

Ressalte-se que, não serão transmitidos extratos bancários,


muito menos a origem do valor e para onde está sendo repassa-
do. Ou seja, a partir do momento em que um tipo de operação,
no caso de pessoas físicas, qualquer que seja a movimentação
que ultrapasse o valor estipulado; uma transferência, um ren-
dimento de aplicação, um depósito, todos os saldos por tipo de
movimentação serão mensalmente enviados ao e-Financeira.

No caso de pessoas jurídicas, a medida se aplica inclusive em

247
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

transferências entre contas do mesmo titular. A exemplo dis-


so é possível destacar pessoas que têm conta em dois bancos,
e realizam transferências (faz movimentação) de uma conta
para outra. Se as mesmas ultrapassarem o valor estipulado, os
saldos delas passam mensalmente a serem transmitidos pela
e-Financeira.

248
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

249
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 10
Sistema de Escrituração
Fiscal Digital das
Obrigações Fiscais
Previdenciárias e
Trabalhistas (eSocial)

250
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

CApítulo 10
Sistema de Escrituração Fiscal Digital das
Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas
(eSocial)

eSocial

O Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fis-


cais Previdenciárias e Trabalhistas é um projeto bem antigo.
Desde 2012 fala-se sobre a escrituração fiscal digital social, de
Sped Folha, até que se tornasse o que se conhece hoje como
eSocial.

Trata-se de um projeto que já foi adiado algumas vezes e que


por ser dentro do Sped, envolve várias relações de trabalho
como formais ou sem vínculos empregatícios, transforman-
do-o em um grande projeto. Ou seja, várias entidades partici-
pam dele, e por esse motivo torna-se mais lenta a sua decisão
e implantação (infraestrutura tecnológica). Logo, o projeto

251
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

carrega consigo uma marca consideravelmente grande, mas


que perdeu credibilidade em sua implantação devido ter sido
diversas vezes adiado.

Como exemplo de rotina, em sala de aula costumo citar casos


de quando estagiários entram na empresa, e que como forma
de testá-los solicito que baixem o programa do Sistema Em-
presa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social (Sefip), instalem e atualizem as tabelas. Geralmente,
nesse teste, o estagiário permanece uma manhã completa,
por vezes o dia todo, e consequentemente não consegue obter
êxito sem que haja orientação de alguma pessoa com conheci-
mento técnico específico do programa.

É comum ouvir a incoerente afirmação de que o eSocial não


está dentro do Sped. Essa compreensão, no meu ponto de vis-
ta, pode estar inserida em uma linha de entendimento técnico
equivocada, ao mesmo tempo completamente inadequada ao
contexto da técnica do Sistema.

O Sped é um grande projeto que recebe vários tipos de infor-


mações das empresas, sendo essas de natureza trabalhista ou
previdenciária, e que são trabalhadas por meio do eSocial, que
é um subprojeto do Sped. Desta forma, essa obrigação tem di-
versas premissas já abordadas em capítulos anteriores.

O eSocial consiste em um projeto do governo federal e serve


como um instrumento de unificação da prestação das infor-
mações concernentes à escrituração das obrigações previden-
ciárias, tributárias e fiscais relativas à contratação e utilização
de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício e
de produção. A finalidade é padronizar sua transmissão, va-
lidação, armazenamento e distribuição. Portanto, pretende:
viabilizar a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
simplificar o cumprimento de obrigações; aprimorar a quali-

252
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

dade de informações das relações de trabalho, previdenciárias


e fiscais; conferir tratamento diferenciado às microempresas.
Assim como a NF-e, o ECD, ECF e demais subprojetos do Sped
já estudados nessa obra, o eSocial faz parte do grande sistema
público de escrituração digital.

É natural observar o fluxo de trabalhadores que vão até a Pre-


vidência Social para fazer o uso de direitos. Por vezes, muitos
percebem que, determinadas informações que deveriam ser
prestadas pelos empregadores, não foram feitas, ou que foram
realizadas de maneira incorreta, ou que existem problemas nos
identificadores da pessoa física. Situações como essas podem
impossibilitar o acesso dos trabalhadores aos seus direitos.
Essa base de dados não está sendo integrada completamente à
plataforma da Receita Federal e assim poderá implicar na res-
trição de direito e acesso trabalhista dos trabalhadores, infor-
mações pelas quais não estão sendo sincronizadas.

Contudo, vale ressaltar que, o eSocial parte da premissa de


simplificar o cumprimento dessas obrigações acessórias e tem
o papel de eliminar a redundância das informações. O projeto
não veio como o intuito de exterminar as relações de trabalho,
mas sim para criar uma ponte entre a obrigação acessória à
obrigação principal, que nada mais é que a relação de trabalho.
Em relação às micro e pequenas empresas, como exemplo,
quando possuem o equivalente entre cinco até dez funcioná-
rios, por exemplo, elas acabam tendo que enviar uma Sefip do
mesmo modo operacional da empresa que tenha cinquenta ou
cem funcionários, ou seja, uma empresa de grande porte.

O eSocial substituirá o procedimento de envio das diversas


declarações, formulários, termos e documentos referentes à
relação de trabalho, as referentes a períodos anteriores à im-
plantação do eSocial devem ser enviadas pelos sistemas utili-
zados à época. Contudo, a recepção dos eventos pelo eSocial

253
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

não significa o reconhecimento da legalidade dos fatos neles


informados. 23 O projeto está previsto no Decreto 8373, de 2014,
que institui o Sistema de Escrituração Digital das obrigações
fiscais, previdenciárias e trabalhistas, além de estabelecer ou-
tras providências.

Ressalte-se que a relação de trabalho possui característica


como a pessoalidade, habitualidade, a subordinação e onero-
sidade. Em suma, o eSocial objetiva viabilizar a garantia dos
direitos previdenciários e trabalhistas dos trabalhadores. Nes-
sa relação de trabalho, alguns princípios são importantes e de-
vem ser assegurados na implementação do eSocial. São eles:
Princípio da Imperatividade (irrenunciável); Intangibilidade
Salarial (redução); Inalterabilidade Contratual Lesiva. Todos
eles estão fundamentados na Constituição Federal – Art. 7° e
na CLT, em diversas convenções ou Acordo Coletivo.

Uma das premissas do eSocial é garantir o recolhimento das


contribuições previdenciárias, que são dividas por modalida-
de de tributação. No caso do MEI, ele faz o recolhimento da
Contribuição Previdenciária Patronal de 3%, incidente do valor
que ele é pago. O Simples Nacional, no Anexo 4, ele vai pagar a
Contribuição Previdenciária de maneira separada, e nos ane-
xos 1, 2, 3, 5 e 6, paga no DAS. Já os lucros Presumido, Real,
Arbitrado, vão pagar 20% de INSS Patronal mais os terceiros
além de RAT e FAP. Tudo isso sendo regulamentado pela Lei
nº 8.292 de 1991.

Baseado no que regulamenta o Decreto-Lei n° 5.452 de 1943,


que trata da consolidação das leis trabalhistas, são erros co-
muns nas relações de trabalho:

23
Os arquivos complementares anexos a este manual, bem como o próprio manual,
estão disponíveis no sítio eletrônico: http://www.esocial.gov.br/. Para os casos de des-
membramento de municípios, até que a Tabela de Códigos de Município do IBGE seja
atualizada, utilizar o código do município desmembrado.

254
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

a) O descumprimento do Art. 29: Informa sobre o Prazo para


anotações na carteira, que é de 48 horas;

b) O descumprimento do Art. 134 que aborda sobre a Conces-


são de Férias, que deve ser de 12 meses subsequentes à data em
que o empregado adquiriu o direito;

c) O descumprimento do Art. 487, que trata do Aviso Prévio,


que deve ser dado com 30 dias (mensal ou quinzena);

d) O descumprimento do Art. 445, que fala a respeito do Con-


trato de Experiência, que não poderá exceder 90 dias.

Sobre esse último item, que trata do Art. 445, por vezes brinco
durante alguns treinamentos em sala de aula, abordando si-
tuações reais, no sentido de trazer uma conscientização para
profissionais que atuam em departamentos pessoais. Nesse
momento faço os seguintes questionamentos: “é incomum
saber que o empregado entrou de férias quando ele já está de
férias?”, “é incomum saber que deveria ter incluído o empre-
gado na folha desde o dia 1º, no momento de encerrar a folha
de pagamento daquele mês?”. Consequentemente explico que,
nenhuma dessas situações devem ser consideradas incomuns,
e que também não significaria dizer que nada disso não seria

255
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

permitido. Na ocasião abordo também um exemplo relacio-


nado ao eSocial, em que diversos treinamentos costumam in-
formar que “com o eSocial não poderá mais assinar a carteira
retroativa do trabalhador”. E nesse momento concluo questio-
nando “mas na verdade, quando é que pôde?”. Ou seja, nunca
pode ser feito.

Da mesma maneira, nessas situações, de erros citados ante-


riormente, a CLT já previa isso como práticas incorretas. No
Brasil sabe-se que aquilo que não é fiscalizado, não é feito.
Além disso, a fiscalização, no que diz respeito a uma obriga-
ção acessória em plataformas que se tornam obsoletas, se fixa
muito mais manual, burocrática, difícil.

Quando se parte para obrigações acessórias no ambiente di-


gital, integradas com o ambiente Sped, e que permite vários
cruzamentos de informações, simplifica procedimentos fisca-
lizatórios, permitindo a identificação de possíveis ilícitos tri-
butários trabalhistas e previdenciários.

Fazem parte do eSocial: Ministério do Trabalho e Emprego


(MTE), Previdência Social, Receita Federal, INSS, Caixa Eco-
nômica Federal. Umas das principais justificativas disso é que
no cenário atual existem diversas informações que são pres-
tadas a diversos órgãos, e que muitas vezes os trabalhadores,
ao irem buscar os seus direitos, não constam em nenhum dos
sistemas. Ou seja, por vezes as empresas não encontram-se em
conformidade trabalhista.

Outra justificativa para a criação do eSocial é a ausência de in-


formações para uma correta e assertiva composição da base de
cálculo das contribuições previdenciárias. Mesmo diante das
obrigações acessórias citadas, ainda é difícil para que o Fisco
consiga fazer uma composição correta da contribuição pre-
videnciária devida pelas entidades. Além disso, considera-se
também a desorganização do fluxo de geração da folha de pa-

256
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

gamento e a grande quantidade de erros do Gfip na Cfip.

Em relação a isso, é possível imaginar uma empresa que pos-


sa atuar sem um fluxo padronizado para a geração de folha.
Porém, isso dependeria de seus processos internos, daquilo
que poderia se considerar como boas práticas. Nesse sentido,
o eSocial vem para propor uma boa prática, que obedeça aquilo
que a ferramenta irá disponibilizar.

Antes do eSocial, a informações da Receita Federal eram pres-


tadas por meio da Gfip e Dirf. Com a implantação do eSocial,
as relações de trabalho vão pra dentro do subprojeto, as infor-
mações de retenção dentre outras vão para Receita Federal por
meio da Reinf, e outros sistemas como parcelamentos e PER/
DCOMP vão automaticamente alimentar a DCTF Web. Poste-
rior a esta último, dentro de DCTF Web poderá gerar um Darf
único para pagamento, conforme estudado no capítulo sobre
Reinf.

Como uma das providências eficazes na implantação do eSo-


cial é viável frisar sobre a Qualificação Cadastral. Trata-se de
uma ferramenta simples de consulta, que permite ao emprega-
dor ou trabalhador ter o conhecimento prévio do resultado das
validações cadastrais que serão aplicadas no referido subpro-
jeto. Através da Qualificação Cadastral é possível obter o Mó-
dulo de Qualificação Web, que possibilitará a aplicação web
para consultas simultâneas de até dez trabalhadores. Também
constará o Módulo Qualificação em Lote, que permitirá uma
consulta por meio de envio de arquivos com dados dos traba-
lhadores no formato .txt com retorno em até 48h. Nesse caso
deverá ser sem limite de consultas, com possibilidade de uti-
lizar certificado digital ICP-Brasil: A1 ou A3. Em breve estará
disponível no portal do eSocial.

Em relação aos dados do trabalhador, a validação na Qualifi-


cação Cadastral deverá ser com CPF, NIS (Número de Identi-

257
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ficação Social), data de nascimento e nome. A chave de iden-


tificação do trabalhador no eSocial é o CPF associado ao NIS.
É importante destacar que, a qualificação cadastral deverá ser
realizada antes do envio de qualquer evento ao eSocial. Não
sendo desta forma, o risco de não conseguir encerrar a folha de
pagamento pode ocorrer devido a não realização do cadastra-
mento de um único trabalhador, por exemplo.

São alguns retornos possíveis:


a) Inconsistências possíveis – NIS
1.NIS inexistente
2.NIS inconsistente
3.NIS sem CPF
4.NIS com CPF divergente do informado
5.NIS com data de nascimento divergente da informada

b) Inconsistências possíveis – CPF


1.CPF suspenso
2.CPF nulo ou cancelado
3.CPF inexistente
4.CPF com nome divergente do informado

258
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

5.CPF sem data de nascimento


6.CPF com data de nascimento divergente da informada

Em matéria de preparação, considera-se uma qualificação ca-


dastral dos trabalhadores. Exemplo: Sempre que houver um
processo de seleção visando admitir um trabalhador, o empre-
gador já pode fazer uma consulta cadastral preventiva, para
verificar como é que estão os dados do candidato em relação
aos entes fiscalizadores. Nesse momento também é viável que
o empregador faça uma completa verificação de seu cadastro
de trabalhadores, no intuito de atualizá-lo.

Também é muito recomendável fazer um mapeamento dos


processos trabalhistas. Para aqueles que já participaram da
implantação de outros speds, como o fiscal ou contribuições,
é muito comum observar que a maior parte das dificuldades
no que diz respeito à prestação da informação, quando elas
não moram no desconhecimento da obrigação principal, es-
tão na ausência de um eficaz mapeamento de processo para
fazer com que as informações cheguem com qualidade nos
despertamentos que vão preenchê-las para o fisco. Então, fa-
zer um mapeamento eficaz dos procedimentos de admissão,
desligamento, padrão para concessão de férias, garantirá uma
maneira preventiva que se verifique e analise os dados e com
isso evite possíveis erros.

A preparação também requer conscientização à alta gestão da


empresa. É fundamental que empresas percebam que o eSo-
cial como uma ferramenta do Sped, não deverá jamais ser vis-
to como apenas um projeto de um departamento, e principal-
mente que o eSocial seja visto como responsabilidade de toda
adaptação da infraestrutura na mão do departamento pessoal.
Desta forma envolverá os departamentos contábil, fiscal, ju-
rídico e TI. Nesta ocasião será necessário o conjunto desses
departamentos no sentido viabilizar informações corretas e
precisas.

259
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Outro forma para a preparação do eSocial é potencializar a


ferramenta de geração de folha. É muito comum perceber, so-
bretudo por meio de confirmação de pesquisas de mercado,
que confirmam que, geralmente 70% e 80% das informações
que vão ser pedidas e exigidas no eSocial, já constam hoje nos
sistemas de folha de pagamento. Por vezes esses sistemas são
subutilizados. Por saber que algum campo passa a não ser pre-
enchido, os departamentos acabam fazendo o preenchimento
de informações incompletas ou erradas. Não que isso apresen-
te algum tipo de problema, mas sabe-se que o eSocial irá apre-
sentar. Então, de maneira preventiva, é imprescindível que se
faça um trabalho de revisão e verificação de cadastros.

A preparação também é bem sucedida com a capacitação dos


envolvidos. É muito importante que todos os departamentos
que estejam envolvidos no eSocial, participem de treinamen-
tos e capacitações. Por exemplo: sabe-se que a Reinf é um com-
plemento do eSocial, ou seja, se por acaso o departamento pes-
soal ficar olhando exclusivamente pro eSocial, sem enxergar
as informações que são de natureza fiscal, e que vão vim da
escrituração fiscal da Reinf, então, desta forma existirá uma
probabilidade de que em decorrência dessa outra informação,
o contribuinte não consiga fechar sua DCTF Web.

Além disso, é importante também definir quem ficará respon-


sável pela implantação do eSocial dentro das empresas. Ex-
periências dentro do projeto Sped tem mostrado que é muito
comum que departamentos joguem responsabilidades de um
para o outro. Por esse motivo é fundamental que seja definido
e montado uma equipe de implantação, de preferência multi-
disciplinar – obviamente sabe-se que isso não se aplica a todos
os contribuintes – e que essas práticas de gestão possam ga-
rantir um cumprimento mais sustentável.

Numa linguagem metafórica é possível afirmar que o eSocial


é um trabalho a quatro mãos, destacando setores da contabili-

260
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

dade, direito tributário, gestão/administração e tecnologia da


informação, que devem estar diretamente envolvidos no cum-
primento dessa obrigação.

O portal do eSocial (https://portal.esocial.gov.br/) é uma fer-


ramenta auxiliar aos estuados e no que diz respeito à implan-
tação do projeto. Inicialmente constata-se que ele tem uma
página própria, diferente dos demais subprojetos do Sped ou
escriturações. A ferramenta disponibiliza orientações sobre o
passo a passo do eSocial, como cadastrar funcionários, guia de
FGTS, notícias, dentre outros. Ao clicar na aba “Apresentação”,
é possível fazer download da apresentação padrão do projeto.
Com intuito de esclarecer dúvidas, sugere-se fazer download
de perguntas e respostas tanto para o empregador geral, como
para o empregador doméstico.

Ambientes do eSocial

Como em todo procedimento, seja de em qualquer segmento,


é preciso ter noções básicas de conhecimento daquilo que se
está utilizando no sentido de trabalhar de forma eficaz, des-
cartando a possibilidade de erros. Nessa observação, alguns
conceitos considerados importantes no ambiente do eSocial
não podem passar despercebidos no âmbito do segmento con-
tábil. São eles:

a) Retificar: quando é preciso corrigir algo que estava errado


desde o princípio. Exemplificando sobre esse aspecto, ima-
gina-se que uma admissão foi feita e na mesma a função do
trabalhador foi colocada de forma incorreta. Nesse caso, o em-
pregador deverá fazer uma retificação;

b) Alterar: quando se pretende mudar alguma informação que


era correta em determinado período e que sofreu alteração ao
longo do tempo. Um exemplo: caso de envio de um evento ini-
cial, com a informação de que o trabalhador era um assisten-

261
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

te contábil, e após um tempo o empregador precisar mudar a


função devido este trabalhador não ser mais assistente e sim
analista. Esse é um caso de alteração;

c) Excluir: deixar sem efeito jurídico um evento enviado ante-


riormente. Como exemplo, imagina-se que foi feita uma pré-
-admissão e o funcionário não foi trabalhar, ou seja, a admissão
foi concretizada. Nesse caso necessita-se realizar a exclusão do
evento de pré-admissão, tornando sem efeito o evento que te-
ria sido recebido no Ambiente Nacional do eSocial.

De acordo com o Manual de Orientação do eSocial, a identifi-


cação do ambiente obedece aos seguintes critérios:

1- Produção – Ambiente destinado para processamento e apura-


ção das informações do empregador que produz todos os efeitos
jurídicos.
2- Pré-produção - dados reais – Ambiente de testes utilizando da-
dos reais que serão validados, inclusive com os sistemas externos,
sem efeitos jurídicos.
3- Pré-produção - dados fictícios – Ambiente de teste que não se-
rão validados com os sistemas externos. (ESOCIAL, 2016, p. 5)

É imprescindível ter a compreensão de cada determinação dos


ambientes expostos uma vez que determinarão a precisão da
validação na apuração das informações do eSocial.

Eventos do eSocial

As informações são prestadas ao eSocial por meio dos seguin-


tes grupos de eventos: iniciais, de tabelas, não periódicos e
periódicos. Cada evento possui um leiaute específico, que faz
referência às regras de negócio e pode ser encontrado no sí-
tio eletrônico do eSocial. As aludidas regras constam no docu-
mento Regras de Validação (Anexo II do leiaute).

262
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Destaca-se que se trata do mesmo formato que é utilizado nos


documentos fiscais eletrônicos, na Reinf, eFinanceira, e que
será validado e armazenado no ambiente nacional e disponi-
bilizado aos entes partícipes do eSocial.

Na prática, os eventos ocorrerão com o empregador, que irá


gerar as informações (eventos) no ambiente corporativo, ou
seja, no seu próprio sistema, e por meio do web service, ele se
conecta a um Ambiente Nacional do eScocial de maneira on-
line, ou por meio do aplicativo web, por fim transmite as in-
formações para o Ambiente Nacional do eScocial. Logo, esse
ambiente receberá esses arquivos e aplicará as regras de vali-
dação, retornando como resposta o protocolo de envio e o re-
cibo de entrega ou uma mensagem de erro no caso de haver
algum problema no leiaute do evento. Por sua vez, os entes,
depois que a informação foi recebida, poderão fazer o uso das
informações no limite de suas respectivas competências e atri-
buições.

Já a confirmação ocorrerá quando o empregador alimenta um


aplicativo próprio, gerando arquivos em leiautes preestabele-
cidos, que são em formatos XML, e transmite ao Ambiente Na-
cional do eSocial. Posteriormente, ele apenas precisará buscar
os protocolos e recibos. O Ambiente Nacional do eSocial irá re-

263
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

cepcionar os arquivos e gerar o protocolo de envio. Nas repos-


tas, o empregador poderá executar através de duas opções: um
recibo de entrega – que se trata de atestado de recebimento da
informação pelo eScocial e o respectivo cumprimento da obri-
gação acessória; ou uma mensagem de erro, que é uma rejei-
ção do arquivo inicial.

No fluxo das informações, de uma forma didática, os emprega-


dos, trabalhadores sem vínculo empregatício terão seus dados
informados por meio de registros, que são os eventos traba-
lhistas. Desta forma é possível obter uma visão integral da vida
laboral do trabalhador e da folha de pagamento. Ressalte-se
que existem também outros eventos emitidos eventualmente,
por outros contribuintes individuais.

Eventos iniciais

Por vezes eventos cadastrais acabam sendo premissa básica


em diversos procedimentos do segmento contábil. No eSo-
cial não é diferente. O manual sugere que Eventos Iniciais
são eventos cadastrais que compreende o primeiro grupo de
eventos a ser transmitido ao Ambiente Nacional do eSocial,
os quais identificam o empregador/contribuinte/órgão públi-
co, exibindo dados básicos de sua classificação fiscal e de sua
estrutura administrativa, ou seja que tenham vínculo ativo.
O cadastramento inicial dos vínculos dos empregados ativos,
servidores ativos, inclusive afastados, os militares e os benefi-
ciários dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS,) no
momento da implantação do eSocial inclui-se neste grupo. O
cadastramento inicial dos vínculos somente deve ser enviado
após o grupo de Eventos de Tabelas.

Contudo, é importante considerar os principais impactos de


cadastro inicial de empregadores, cadastro inicial de trabalha-
dores, rubricas, bem como soluções preventivas. O exemplo
abaixo mostra algumas definições disso:

264
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

1) Cadastro inicial de empregadores: Tabela de rubricas, depar-


tamentos, obras, cargos, funções, horários e turnos. Solução
preventiva: Mapeamento e delimitação de planos de cargos e
salários, observando bem todos os critérios.

2) Cadastro inicial de trabalhadores: Alto nível de detalhamen-


to. Solução preventiva: Revisão completa dos cadastros de em-
pregados.

3) Rubricas: Anotações trabalhistas. Ressalte-se a importância


de se fazer uma parametrização das rubricas da folha de paga-
mento com a tabela de rubricas do fisco, indicando a incidên-
cia tributária de cada uma delas. Solução preventiva: Mapea-
mento de incidência tributária e de/para.

Em relação aos trabalhadores sem vínculo empregatício (TSV),
a folha de pagamento deverá constar o início da relação de tra-
balho, prováveis alterações no contrato de trabalho, e o térmi-
no desse trabalhador TSV.

Eventos de tabelas

Os eventos geram otimização na geração dos arquivos e no ar-


mazenamento das informações no Ambiente Nacional do eSo-
cial, por serem utilizadas em mais de um evento do sistema
ou por se repetirem em diversas partes do leiaute. Destinados
a complementarem os eventos iniciais, os eventos possuem
responsabilidade de uma série de informações que validam os
não periódicos e periódicos.

Grande parte dos eventos utiliza as informações das tabelas


do empregador, que representam um conjunto de regras es-
pecíficas para a validação de eventos do eSocial. Desta forma,
deve-se transmiti-las logo após o envio do evento de Informa-
ções do Empregador/Contribuinte/órgão público e antes dos

265
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

eventos de cadastramento inicial, e dos eventos periódicos e


não periódicos.

A manutenção dessas tabelas é primordial para a recepção


dos eventos periódicos e não periódicos e para uma adequada
apuração das bases de cálculo e dos valores devidos. A admi-
nistração do período de validade das informações é relevante
devido ao fato de impactar diretamente os demais eventos que
as utilizam.

Quando da primeira informação dos itens que compõem uma


tabela, deve ser preenchido obrigatoriamente o campo data de
início da validade {iniValid}. Caso haja necessidade de alterar
informação específica de uma tabela enviada anteriormente po-
derá fazê-lo enviando-se novo evento da tabela, com o item que
deve ser alterado, informando a nova data de validade. Neste
caso, a data de fim de validade da informação prestada anterior-
mente passa a ser o mês/ano imediatamente anterior ao da data
de início da nova informação. Não é necessário o envio de evento
específico para informar a data de fim de validade do item envia-
do anteriormente, no entanto o seu envio terá o mesmo efeito do
procedimento anterior.

266
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

As informações dos Eventos de Tabelas permanecem no eSo-


cial como um histórico, não sendo permitidas informações
conflitantes. A transmissão deve ser efetuada, preferencial-
mente, assim que ocorrer a alteração da informação armaze-
nada naquela tabela, evitando-se inconsistências entre este e
os eventos de folha de pagamento.

Para quem já trabalha com o Sped, e fazendo uma analogia aos


demais speds como uma melhor compreensão, os Eventos de
Tabelas se tratam de tabelas internas e externas e que podem
ser utilizadas para validações de eventos, por exemplo: num
Sped Fiscal existem tabelas de produtos e de fornecedores,
como já estudado antes, e no eSocial também existem alguns
tipos de tabelas. Da mesma forma, como no Sped Fiscal não se
pode vender um produto que não esteja na tabela de produtos,
significa que não é permitido enviar um evento periódico ou
não periódico sem que a informação da tabela esteja devida-
mente preenchida, pois essas informações vão ser validadas.
Ou seja, primeiramente é necessário enviar o evento cadas-
tral com as informações básicas do empregador/contribuinte/
órgão público, e, posteriormente, as informações das tabelas.
Mas é bom atentar para essas últimas, que devem ser sempre
transmitidas antes do cadastro inicial dos empregados com
vínculos ativos e antes dos eventos periódicos e não periódicos.

Eventos iniciais e tabelas do empregador

Para o envio dos Eventos Iniciais e Tabelas do Empregador é


importante observar:

a) as informações relativas à identificação do empregador/órgão


público, de seus estabelecimentos e obras de construção civil deve-
rão ser enviadas previamente à transmissão de outras informa-
ções; b) as informações relativas às tabelas do empregador, que
representam um conjunto de regras específicas necessárias para
validação dos eventos do eSocial, como as rubricas da folha de

267
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

pagamento, informações de processos administrativos e judiciais,


lotações, relação de cargos e funções, jornada de trabalho, horá-
rio contratual, ambientes de trabalho e outras necessárias para
verificação da integridade dos eventos periódicos e não periódi-
cos deverão ser enviadas previamente à transmissão de qualquer
evento que requeira essas informações.

Ou seja, as validações dos eventos dependem de um minucioso


cuidado na administração das informações, bem como de suas
transmissões.

Validades de informações do empregador e tabelas do empre-
gador

As informações do cadastramento do empregador e de suas


tabelas são utilizadas por todos os eventos do eSocial. Em fun-
ção disso, deve-se observar o seu período de vigência. Quando
do envio do primeiro evento de informações do empregador/
contribuinte/órgão público (S-1000) ou de suas tabelas (S-1005
a S-1080), deve ser preenchida a data de início da validade,
deixando a data fim de validade em branco. Caso precise al-
terar alguma informação do empregador/órgão público e das
tabelas do empregador deve ser enviado um evento com o novo
início da validade, deixando em branco o campo data fim de
validade deste evento e do evento alterado, pois, assim, o even-
to alterado tem sua validade encerrada na competência ime-
diatamente anterior a do novo evento.

Portanto, o campo data fim da validade não deve ser utilizado


quando se tratar de alteração da informação. A informação da
data final deve ser enviada apenas no momento em que se pre-
tende encerrar de forma definitiva determinada informação
do evento, por exemplo, encerramento de empresa, fechamen-
to de filial, encerramento de obra de construção civil, desativa-
ção de rubrica, de lotação tributária, cargo etc.

268
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

No caso de encerramento de empresa, é necessário antes en-


cerrar todas as tabelas (S-1005 a S-1080) e, na sequência, enviar
o evento “S-1000 Remuneração do empregador/contribuinte/
órgão público”, com o grupo de informações relativas à altera-
ção, com a data fim de validade, do subgrupo nova validade,
preenchida.

Evento Cadastramento Inicial do Vínculo

O evento “S-2100 - Cadastramento Inicial do Vínculo” será en-


viado pelo empregador/órgão público no início da implanta-
ção do eSocial, com todos os vínculos ativos, com seus dados
cadastrais atualizados, servindo de base para construção do
“Registro de Eventos Trabalhistas - RET”, utilizado para a va-
lidação dos eventos de folha de pagamento e demais eventos
enviados posteriormente. Compreende os vínculos dos traba-
lhadores na data da implantação do eSocial com o emprega-
dor/órgão público. Em face disso, deve ser transmitido até a
data de início da obrigatoriedade do eSocial para aquele em-
pregador/órgão público e antes do envio de qualquer evento
periódico ou não periódico.

Evento Cadastramento de Benefícios Previdenciários - RPPS

O evento “S-2400 - Cadastramento de Benefícios Previdenciá-


rios – RPPS” será enviado pelo Órgão Público que tenha bene-
ficiários vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social
- RPPS ou que seja responsável pelo pagamento de comple-
mentação de benefícios previdenciários.

Eventos Não Periódicos

Os eventos não periódicos correspondem àqueles sem data


pré-fixada para ocorrer, por dependerem de acontecimentos
próprios da relação entre o empregador/órgão público e o tra-
balhador e que influenciam no reconhecimento de direitos

269
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

e no cumprimento de deveres trabalhistas, previdenciários


e fiscais, por exemplo, a alteração de salário, a exposição do
trabalhador a situações de insalubridade, o desligamento ou a
admissão de um empregado, dentre outros.

Os prazos de envio dos eventos não periódicos respeitam re-


gras do Direito do Trabalho, caso da admissão e do acidente
de trabalho, ou possibilitam recolhimentos de encargos que
tenham prazos diferenciados, no caso de desligamento. Como
estes fatos/eventos passam a ter prazo específico para sua
transmissão ao eSocial, vinculados a sua efetiva ocorrência,
um manual descreve os eventos não periódicos seu respectivo
prazo de envio. Os eventos não periódicos sem prazo diferen-
ciado devem ser enviados, quando ocorrerem, antes dos even-
tos mensais da folha de pagamento, com o objetivo de evitar
inconsistências entre a folha de pagamento e os eventos de
tabelas e os não periódicos. O momento mais adequado para
a transmissão de eventos não periódicos e os de tabela é ime-
diatamente após a sua ocorrência. O procedimento impede in-
consistências, além de evitar o represamento desnecessário de
eventos e o congestionamento de redes devido ao acúmulo de
transmissão.

Registro de Eventos Trabalhistas – RET

As informações dos eventos não periódicos alimentam a base


de dados no Ambiente Nacional do eSocial, denominada Re-
gistro de Eventos Trabalhistas – RET. Todos os arquivos de
eventos não periódicos, ao serem transmitidos ao eSocial fi-
cam sujeitos às regras de validação e só são aceitos se estive-
rem consistentes com o RET.

Exemplo 1: o evento de desligamento de empregado é aceito


caso, para aquele empregado/servidor, tenha sido enviado an-
teriormente, o evento de admissão/ingresso.

270
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Exemplo 2: um evento de reintegração é aceito se o emprega-


do/servidor já estiver desligado.

Além disso, o RET é empregado para validação da folha de


pagamento, composta pelos eventos de remuneração e paga-
mento dos trabalhadores, que fazem parte dos eventos peri-
ódicos. Além dos empregados/servidores, o RET contempla
os trabalhadores sem vínculo empregatício/estatutário pelo
envio do evento Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Esta-
tutário –Início – TSVE, os quais, por sua vez, incluem obrigato-
riamente os trabalhadores avulsos, os dirigentes sindicais, os
estagiários, os servidores cedidos em relação ao órgão público
cessionário e algumas categorias de contribuintes individuais,
como diretores não empregados e cooperados. No entanto, to-
dos os contribuintes individuais, inclusive aqueles não abran-
gidos pelas atividades específicas obrigatórias citadas, podem
ser incluídos como TSVE, de modo opcional.

O fechamento dos eventos periódicos deve informar a remu-


neração de todos os empregados/servidores relacionados no
RET como ativos, com exceção dos trabalhadores afastados
sem remuneração devida. Já para os trabalhadores cadastra-
dos por meio do evento “S-2300 – Trabalhador Sem Vínculo de
Emprego/Estatutário – Início”, não é aplicada a regra mencio-
nada. Para fins de validação na base do RET será considerado
apenas o trabalhador ativo no respectivo período de apuração.

271
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Considera-se ativo o empregado/servidor não desligado e o


trabalhador sem vínculo antes do término da prestação de ser-
viço ou cessão. Nos casos de quarentena, conforme definido
em lei, considera-se ativo até a data de término da quarentena.
É importante destacar que, para competências anteriores à
implantação do eSocial, o Sefip permanecerá como a ferra-
menta para prestar as informações. Além disso, estão sendo
estudadas formas alternativas para tratá-las.

No que diz respeito à segurança das informações no ambiente


digital, é obrigatória a utilização de certificação digital no pa-
drão ICP-Brasil, sejam através dos tipos A1 ou A3, ou procura-
ção eletrônica com Substabelecimento e Procuração Manual.
Os empregadores domésticos, micro e pequenas empresas,
pequeno produtor rural e contribuinte individual equiparado
à empresa, todos com até sete trabalhadores. Nesses casos,
esses não precisarão de certificado digital e poderão constituir
um código de acesso. Isso vale para o segurado especial e mi-
croempreendedor individual.

Eventos Periódicos

Eventos Periódicos abrangem aqueles eventos com periodi-


cidade previamente definida, compostos por informações de
folha de pagamento, de apuração de outros fatos geradores de
contribuições previdenciárias como, por exemplo, os inciden-
tes sobre pagamentos efetuados às pessoas físicas quando da
aquisição da sua produção rural, e do imposto sobre a renda
retido na fonte sobre pagamentos a pessoa física, feito pelo
contribuinte. Saliente-se que o eSocial recepciona e registra
os fatos geradores relativos aos eventos periódicos “S-1200 –
Remuneração do Trabalhador” ou “S-1202 Remuneração de
servidor vinculado a Regime Próprio de Previdência Social –
RPPS” utilizando-se do regime de competência, enquanto que
o evento periódico “S-1210 – Pagamentos de Rendimentos do
Trabalho” se submete ao regime de Caixa.

272
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O prazo dos eventos periódicos é até o dia 7 do mês seguinte,


antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior, em caso de não haver expediente bancário.
Movimento e Período ee Apuração para os Eventos Periódicos

Tendo em vista as consequências tributárias dos eventos perió-


dicos, com sua respectiva vinculação ao “período de apuração”
do tributo devido, pode-se afirmar que um conjunto de even-
tos periódicos referentes ao mesmo período de apuração cor-
responde a um “movimento”. O movimento relativo à Folha de
Pagamento presume-se aberto com o envio do primeiro evento
“S-1200 – Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime
Geral de Previdência Social” ou “S - 1202 Remuneração do Servi-
dor vinculado a Regime Próprio de Previdência Social – RPPS”.

Da mesma forma presumem-se abertos, com o primeiro envio


os eventos S-1210 a S-1280. O evento S-1299 é o Fechamento dos
Eventos Periódicos – utilizado para informar ao ambiente do
eSocial o encerramento da transmissão dos eventos periódicos
daquele movimento, em determinado período de apuração. A
aceitação do evento de fechamento pelo eSocial, após proces-
sadas as devidas validações, conclui a totalização das bases de
cálculo contempladas naquele movimento, possibilita a consti-
tuição dos créditos e os recolhimentos de contribuições previ-
denciárias. O eSocial não irá apurar as contribuições previden-
ciárias devidas ao RPPS para fins de constituição de crédito e
geração de guias de recolhimento.

No caso do FGTS, a geração da guia de recolhimento se dá com


o envio do evento de fechamento dos eventos periódicos. Nos
casos de exceção, o empregador pode solicitar à Caixa Econô-
mica Federal, por meio de web service ou a partir de serviço
online, a guia de recolhimento, inclusive sem o envio do even-
to de fechamento. Se for necessário o envio de retificações ou
novos eventos referentes a um movimento encerrado, este
deverá ser reaberto com o envio do evento “S-1298 - Reaber-

273
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

tura dos Eventos Periódicos”. Efetivada uma reabertura para


o movimento, torna-se necessário um novo envio do evento
fechamento.

Uma exceção dentre os eventos periódicos é o “S-1300 - Contri-


buição Sindical Patronal”. Embora seja um evento periódico,
não faz parte do grupo de eventos sujeitos ao fechamento. O
evento de fechamento tem como objetivo sinalizar a transmis-
são de informações que afetam o cálculo de débitos tributários.
A finalidade do evento S-1300 reside em prestar informações
periódicas da contribuição sindical devida, sem a apuração
para o recolhimento nem a geração de guias de recolhimento.

Módulo do empregador doméstico

Desde 1º de outubro de 2015 encontra-se disponível a ferra-


menta que possibilita o recolhimento unificado dos tributos e
do FGTS para os empregadores domésticos, surge para viabili-
zar a determinação dada pelo texto da Lei Complementar 150,
publicada no dia 2 de junho de 2015, que instituiu o Simples
Doméstico com as seguintes responsabilidades recolhidas em
guia única: 24

• Imposto sobre a Renda Pessoa Física, se incidente - Traba-


lhador;
• 8% a 11% de contribuição previdenciária - Trabalhador;
• 8% de contribuição patronal previdenciária - Empregador;
• 0,8% de seguro contra acidentes do trabalho - Empregador;

24
Para evitar problemas na hora de efetivar o registro do seu trabalhador, o emprega-
dor poderá utilizar a ferramenta de Consulta Qualificação Cadastral para identificar
possíveis divergências associadas ao nome, data de nascimento, Cadastro de Pessoa
Física - CPF e o Número de Identificação Social - NIS (PIS/Pasep/NIT/SUS) de seus
empregados domésticos. Ao informar os dados citados, o sistema indicará onde há di-
vergência e orientará sobre o procedimento para acerto. Atualmente todas as funcio-
nalidades essenciais do Módulo Empregador Doméstico encontram-se implementa-
das. Melhorias e outras funcionalidades serão adicionadas continua e gradualmente.

274
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

• 8% de FGTS - Empregador;
• 3,2% de indenização compensatória (Multa FGTS) - Empre-
gador.

Para evitar problemas na hora de efetivar o registro do seu


trabalhador, o empregador poderá utilizar a ferramenta de
Consulta Qualificação Cadastral para identificar possíveis di-
vergências associadas ao nome, data de nascimento, Cadastro
de Pessoa Física - CPF e o Número de Identificação Social - NIS
(PIS/Pasep/NIT/SUS) de seus empregados domésticos. Ao in-
formar os dados citados, o sistema indicará onde há divergên-
cia e orientará sobre o procedimento para acerto. Atualmente
todas as funcionalidades essenciais do Módulo Empregador
Doméstico encontram-se implementadas. Melhorias e outras
funcionalidades serão adicionadas continua e gradualmente.

Todavia, essas informações se complementam quando resu-


mido o real papel do eSocial na área contábil. Com isso, vale
destacar que a ferramenta é um subprojeto do Sped e que visa
receber informações de vínculos trabalhista e previdenciário.

275
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Ressalte-se que foi constituído um consórcio de entes partici-


pantes do eSocial, dentre esses a Caixa Econômica Federal, Re-
ceita Federal, Previdência Social, INSS, Ministério do Trabalho
e Emprego.

Dentre as diversas justificativas para a implantação do eSocial


é viável frisar sobre a constatação de um cenário atual, onde
as empresas possuem muitas obrigações redundantes, cansa-
tivas, que encontram-se em plataformas obsoletas e não inte-
gradas e que com tudo isso acabam não cumprindo o papel de
fornecer informações úteis para garantir o direito dos traba-
lhadores. Nesse contexto, é interessante destacar que se tor-
nam premissas do eSocial: eliminar redundâncias de informa-
ções; simplificar o cumprimento das obrigações acessórias;
permitir que os trabalhadores acompanhem o cumprimento
das obrigações de natureza trabalhista.

Por fim, vale lembrar também que, não se faz necessário bai-
xar ou instalar PVA para a utilização do eSocial. A ferramenta
irá utilizar um módulo web de prestações das informações.

276
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

277
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

capítulo 11
Cruzamento de
informações fiscais

278
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Cruzamento de informações fiscais

Nos dez capítulos estudados nesta obra foi possível desmitifi-


car a apresentação do Sped, onde neste se aglomeram os do-
cumentos fiscais eletrônicos, notas fiscais eletrônicas, nota de
consumidor eletrônica, cupom fiscal eletrônico, conhecimen-
to de transporte eletrônico e manifesto de documentos fiscais
eletrônicos, eSocial e eFinanceira. Também foi estudado como
algum desses documentos podem constar dentro das escritu-
rações, dentre eles, o Sped Fiscal, Contribuições, EFD Reinf,
escriturações contábeis digitais, este último tendo sido abor-
dado o Sped Contábil e ECF.

A eficiência do uso de todas essas ferramentas trará ascensão


na utilização do Sped, bem como de seus referidos subprojetos,
impactando de forma positiva os resultados de planejamentos
no âmbito das organizações. Com essa premissa, é necessário

279
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

estudar também sobre o cruzamento dessas informações ten-


do em vista que a adoção do Sped sugere um elevado grau de
exposição ao fisco de informações financeiras, fiscais e con-
tábeis das empresas. Nesse contexto é fundamental ressaltar,
novamente, quais são os objetivos do Sped:

Promover à integração dos fiscos, mediante a padronização e


compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeita-
das as restrições legais. Racionalizar e uniformizar as obrigações
acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de trans-
missão única de distintas obrigações acessórias de diferentes ór-
gãos fiscalizadores. Tornar mais célere a identificação de ilícitos
tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez
no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das ope-
rações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. (Sped,
2012b. Disponível em http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/967.
Acesso em: 29 de maio de 2017).

Conforme Duarte (2011) esse sistema desenvolve o perfil de


cada um dos contribuintes ao longo dos anos, de maneira a
acompanhar qualquer variação substancial nas suas transa-
ções, como também permite o cruzamento das informações
obtidas. As características fundamentais diferem significati-
vamente de todos os produtos previamente desenvolvidos pelo
fisco nacional, caracterizando um produto tecnológico novo.
De acordo com o autor, os fiscos aperfeiçoam os diversos sis-
temas de fiscalização. Ou seja, para ele, o aumento do combate
à evasão fiscal poderá estar associado a partir da eficiência na
administração de bancos de dados fiscais, bem como através
do cruzamento de informações. E esses pontos são cruciais
para a existência de uma organização.

Contudo, antes de aprofundar sobre cruzamento de dados,


torna-se importante entender que a Receita Federal utiliza um
sistema chamado “Contágil”, que trabalha com fluxos contá-
beis. A ferramenta atua desde o momento da “seleção de um

280
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

contribuinte”, o qual é iniciado toda uma “pesquisa e investi-


gação” deste, além de tudo o que se é comprado ou de quem,
porque vende ou pra quem vende e por quanto.

Consequentemente é feito uma “auditoria das importações e


exportações - Drawback”, sendo “automatizada toda uma pre-
paração de um dossiê” em relação às operações desse contri-
buinte com o intuito de se fazer a “auditoria digital” e garantir
o crédito tributário. Ou seja, o valor do tributo devido à Receita
Federal.

Também é relevante destacar que até aqui houve uma signifi-


cante evolução a respeito do que foi estudado no módulo in-
trodutório deste material. Na ocasião, explanou-se sobre um
modelo que analisava o cruzamento de informações que cru-
zavam a partir de uma informação inicial, como por exemplo,
o caso das pessoas físicas; a declaração do imposto de renda
da pessoa física como a declaração base, que será cruzada com
a Dmed, local onde serão confrontados os valores de serviços
médicos; o valor da Dirf que será confrontado às retenções na
Fonte de Distribuição de Lucros, com o que foi informado no
imposto de renda da pessoa física; a Decred, onde serão in-
formados pelas administradoras de cartão de crédito todas as
movimentações dos cartões que também serão confrontadas
com sua evolução ou involução, além de sua manutenção de
patrimônio; a Dmorf, já substituída pela eFinanceira, e que
irá confrontar as movimentações financeiras com as informa-
ções patrimoniais; e por fim a Dmob, local onde deverão ser
apresentadas as atividades imobiliárias tais como alugueis,
compras e vendas de imóveis com os valores apresentados na
declaração de imposto de renda da pessoa física.

Ressalte-se que, na pessoa jurídica, durante um tempo, ocor-


ria algo semelhante, com a DIPJ como uma declaração central,
além das presenças da Dacon, DCTF, que também ocorriam
cruzamentos de informações.

281
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

O atual modelo de cruzamento de informações dentro dos


Speds é algo que foi bem pontuado nessa obra, desde a intro-
dução e primeiros capítulos, os quais já se destacava a premis-
sa básica que diz: as informações que nascem dos documentos
fiscais eletrônicos transitam pelas escriturações fiscais e desa-
guam na contabilidade. Ou seja, didaticamente falando, com
esse princípio, não tem mais como uma informação de uma
nota fiscal que foi emitida chegar à escrituração de maneira
diferente ou chegar à contabilidade de maneira diferente.

Com isso, dentro de um ambiente digital de prestação de in-


formações, para que se tenha aderência segura e sustentável
de informações e formato digital, é extremamente recomen-
dável a realização de auditorias preventivas em conteúdos dos
arquivos digitais exigidos pelo Sped. Essas auditorias são divi-
didas em dentre elas destacam-se: a “Validação” - dos arquivos
individuais.

Como exemplo, imagina-se que um contribuinte inicie essa


etapa validando suas notas fiscais eletrônicas, verificando se
elas estão sendo feitas em conformidade tributária. Ou, este
também pode validar suas escriturações fiscais com o intuito
de ver se as informações contidas nos arquivos estão dentro do

282
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

que foi exigido diante dos leiautes e guardam conformidade


no que é exigido na legislação dentro da obrigação principal.

Outro exemplo, o contribuinte pode verificar, de maneira in-


dividual, fazendo uma validação em seus arquivos da conta-
bilidade, verificando se receitas ou retenções batem no que tá
no fiscal, com o que está nas notas. Após fazer essas validações
individuais de arquivos, o responsável poderá fazer o cruza-
mento dessas informações.

O próximo item irá detalhar quais os principais cruzamentos


de informações, além de alguns indicadores.

Já o “Seneamento de Dados” é o local onde será feito o trata-


mento dos dados que ocasionou inconformidade na sua ori-
gem.

Além disso, é importante que se crie “Relatórios e Indicadores”


a partir dos principais cruzamentos a serem apresentados, no
intuito de que mensalmente o responsável possa fazer a verifi-
cação dessas informações. Vale ressaltar que tudo isso implica
em prevenir e antecipar possíveis erros.

É importante destacar que, num passado recente, as audito-


rias fiscais eram 100% manuais, ocasião em que fiscais soli-
citavam e administravam arquivos em papel para realizar as
fiscalizações. Considera-se também que antes a auditoria era
feita por amostragem devido a grande totalidade de papeis, de
informações que deveriam ser analisadas manualmente e por
parte do trabalho ser feito in loco. Com isso não se permitia
verificar na íntegra todos os documentos. Essa auditoria era
voltada para informações do passado. Ou seja, era comum que
no último ano que se apresentava mais próximo de prescrever,
pudesse ser fiscalizado. Como esse tipo de fiscalização ocorria
seguindo tais trâmites, a mesma se tornava punitiva.

283
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Como exemplo disso, era comum observar que um fiscal ao


identificar que uma empresa emitiu uma nota fiscal errada há
cinco anos pedisse a mesma para retificá-la. Isso não compe-
tiria ao agente hoje. Essa correção não teria mais relevância,
porque tal atribuição seria considerada obsoleta. Com isso, o
fiscal puniria a referida empresa. Ademais, por vezes, essas fis-
calizações aconteciam de forma isolada; o fiscal estadual tinha
ênfase somente nas escriturações fiscais e o fiscal da Receita
Federal só exigia a contabilidade em algumas hipóteses.

Atualmente, o modelo de fiscalização avançou objetivando a


celeridade dos processos. A versão atual é eletrônica e pautada
sempre no presente. Nesse contexto, é comum observar a exis-
tência de empresas que atuam em monitoramento ou acom-
panhamentos diferenciados em que todas as movimentações e
tudo relacionado à apuração de tributação são acompanhadas
de maneira tempestiva por auditores.

Quase sempre as fiscalizações acontecem de maneira preventi-


va, o que significa dizer que, parte dos estados já disponibiliza
em seus portais ferramentas que apontam inconsistências pra
promover uma autorregularização por parte do contribuinte,
antecipando possíveis erros. Ou seja, de maneira preventiva,
o contribuinte pode garantir que está em conformidade tribu-
tária. Ressalte-se que essas fiscalizações acontecem cada vez
mais de maneira integrada, de forma em que os órgãos fisca-
lizadores compartilham informações no limite das suas com-
petências.

Em suma, no novo modelo de auditoria, as análises são feita na


totalidade das informações, de maneira eletrônica e a distan-
cia. Essas características facilitarão ao contribuinte submeter
um extenso arquivo a um programa de validação, que propor-
cionará um relatório de apontamentos, que deverá verificar
todas as inconsistências constantes.

284
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Principais cruzamentos de informações

Como um exemplo do que será estudado neste capítulo, que


traz a temática de tipos de cruzamentos de informações, é
interessante imaginar informações relacionadas à Receita
Bruta dos contribuintes, a partir de uma explicação relativa à
imagem ilustrativa abaixo. Dentro do raciocínio, essas infor-
mações nasceram na Nota Fiscal (NF-e) e nas informações de
vendas do contribuinte.

Desta forma, as informações das suas NF-e deverão estar apre-


sentadas nas suas escriturações fiscais, tanto no Sped Fiscal,
como na EFD Contribuições (EFDs). Essa informação da re-
ceita, que está no Sped Fiscal e Contribuições, deve ser a mes-
ma receita que está no J150, na demonstração do resultado do
exercício da contabilidade e no P150, no caso o Lucro Presu-
mido da ECF. Além de constar no L300, no caso do Lucro Real,
dentro da ECF.

Receita Bruta

Com base nessa orientação, é possível dizer que hoje empre-


sas ainda mandem para os bancos informações diferentes das
informações que mandam para a Receita Federal? Ressalte-se
que o contribuinte pode até fazer o envio da prestação dessas

285
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

informações de maneiras diversas, porém, a probabilidade de


que essa contingência seja identificada e que possíveis ilícitos
tributários sejam vistos, aumenta consideravelmente.

Na imagem seguinte, entende-se que a informação preenchi-


da de tributos a recolher para PIS, Cofins, ICMS/IPI, que nas-
cem no documento fiscal devem transitar pelas escriturações
tanto no que se refere ao ICMS/IPI no Sped Fiscal, no PIS e
Cofins na EFD Contribuições. O que estiver na EFD Contribui-
ções também tem que estar na DCTF. Lembrando que provisão
e pagamento devem estar também dentro da escrituração con-
tábil do contribuinte.

Tributos a recolher

Em relação a isso, certa vez, ao analisar o Sped Contábil de uma


empresa pude verificar que de um ano para o outro a mesma
trazia um saldo que permanecia inalterado, referente a ICMS
e substituição tributária a pagar no valor de R$ 500.000. Con-
sequentemente recorri ao proprietário para entender o por-
quê do débito junto à secretaria da Receita, pontuando que o
mesmo não deveria estar devendo nada ao órgão. Na ocasião,
o proprietário comunicou que se tratava de alguns valores de
despesas de tributos que não foram baixados na contabilidade.
Em seguida o adverti sobre a seriedade da situação e que ele
poderia sofrer possíveis problemas, principalmente por estar
enviando o Sped Contábil à Receita Federal com informações

286
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

que explanavam sobre o referido débito ao Estado. Sobre casos


como esse, faz-se necessário ressaltar que essas informações
são compartilhadas pelos entes.

Ainda sobre o que diz respeito a tributos a recolher, a figura


abaixo exemplifica bem um auto de infração em que um con-
tribuinte foi encontrado pela fiscalização de trânsito com uma
nota fiscal inidônea por conter uma declaração inexata. Na
ocasião, antes da Emenda Constitucional (EC) de 87/2015, a
empresa estava fazendo uma venda em operação interestadu-
al, e ao invés de observar que deveria destacar a alíquota in-
terna, destacou a alíquota interestadual. Ou seja, nesse caso
foi percebido que apenas um simples erro fez com que o do-
cumento fiscal fosse considerado inidôneo e que a operação
tivesse uma multa de 80% do valor da operação. A referida EC
determina aplicação de alíquota interestadual para o ICMS
em operações com mercadorias e serviços a consumidor final,
contribuinte ou não do imposto, localizado em outro estado.

Tributos a recolher

No que diz respeito à folha de pagamento e conforme já obser-


vado no capítulo que fala sobre eSocial, as informações conti-
das em folhas de pagamentos acabam tendo redundâncias até
entrar, definitivamente, em vigor o e-Social. Nessa contextu-
alização, aquilo que é enviado na Sefip, também é enviado no
Caged e na Rais. Porém é importante ter o cuidado de verificar
se essas informações estão corretamente no Sped Contábil.

287
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

É muito comum identificar empresas que utilizam sistemas


integrados que não possuem a parte de pessoal vinculado à
escrituração contábil. Nesses casos, por vezes são realizados
lançamentos totalizadores. Contudo, o capítulo que aborda o
Sped Contábil, estudado anteriormente, destaca que o código
civil, em seu Art. 1.189, permite que o contribuinte possa fazer
lançamentos totalizadores. No entanto, este terá que ter um
diário de escrituração resumida e precisará apresentar um li-
vro auxiliar, com escrituração detalhada. Por esse motivo tor-
na-se viável cautela nesse processo no sentido de verificar se
em decorrência de um lançamento resumido ou reduzido da
folha de pagamento, o contribuinte não está importando na
escrituração de um livro com uma escrituração do tipo resu-
mida. A figura abaixo sugere tal explanação.

Custos

A figura acima demonstra que, as informações de custos vão


nascer desde uma nota fiscal (NFe), aonde o contribuinte iden-
tifica o insumo, a escrituração de um crédito tributário num
Sped Fiscal, a informação de uma mão de obra direta que será
informada na Sefip, a informação de crédito de Pis/Cofins que
estará na EFD Contribuições e que vão compor custos na Es-
crituração Contábil (ECD) e que terá reflexo diretamente na
apuração do IR e da contribuição social do lucro líquido na Es-
crituração Contábil Fiscal (ECF).

288
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Em relação às informações associadas a estoques, no capítulo


que fala sobre o Sped Fiscal, a gestão fiscal de estoques foi as-
sunto bem enfatizado. Nele foi observado que o estoque fiscal
de um comércio é calculado utilizando a fórmula de acordo
com a imagem (abaixo). Ressalte-se que este estoque inicial
será apresentado com base no Sped Fiscal de fevereiro, con-
forme foi estudado anteriormente, e nele se envia o Bloco H,
que é o bloco de inventário. Todas as compras e vendas serão
acobertadas por documentos fiscais e também vão compor a
escrituração fiscal.

Todavia, também é importante ter o cuidado de que a infor-


mação de estoque que consta no fiscal bata com o que está na
contabilidade. Atualmente, em decorrência de ajustes que po-
dem ser feitos na escrituração contábil, pode existir a possibi-
lidade de o estoque contábil está ajustado, mas o estoque fiscal
está diferente. É preciso cautela no momento de fazer o ajuste
contábil, sendo este de forma correta, utilizando as subcontas
correlatas, conforme prevê a Lei nº 12.973 de 2014.

Vale lembrar que, ao preencher o Bloco H, o mesmo solicitará


o código da conta analítica dos estoques e informações relacio-
nadas a fornecedores e clientes. No âmbito da contabilidade
é possível dizer que este último se trata de um dos principais
gargalos, porque permite a rastreabilidade das informações no
Sped. Como exemplo já citado na introdução deste estudo, se o
contribuinte comprar sem nota fiscal (NFe), não poderá pagar
no boleto, ou pelo caixa, ou pelo cartão, porque essa informa-
ções possuem rastreabilidade, além disso, não poderá mandar
a mercadoria vir por transportadora, e nem poderá dar entra-
da no estoque, também não poderá vender nem no boleto ou
cartão de crédito, e o cliente não poderá dizer de quem com-
prou. Ou seja, todos os participantes de uma cadeia econômi-
ca, seja o banco, a transportadora, o cliente, o fornecedor, e até
mesmo o contador, fazem parte de um grande conjunto de in-

289
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

formações que são enviadas dentro do ambiente Sped e que irá


permitir a rastreabilidade de qualquer ilícito tributário que for
praticado durante as suas operações.

Também, como um indicador importante e interessante


exemplo de cruzamento, destaca-se o Ativo Imobilizado. Este
será adquirido por meio de um documento fiscal. Ou seja, a in-
formação de um ativo virá na nota fiscal (NFe), e ao ser escritu-
rado no Sped Fiscal, é importante informar que se trata de um
tipo de item ativo imobilizado. Ressalte-se que dependendo
do enquadramento tributário, este proporcionará um crédito
tributário que será controlado no Bloco G, do Siap. É relevan-
te frisar que esse crédito que é tomado na escrituração fiscal,
tal ativo imobilizado deve estar registrado na contabilidade
e também deve tá registrado na ECF. É comum observar que
empresas tomam créditos sobre o ativo imobilizado, porém
não fazem o preenchimento do Siap, além disso, o ativo mui-
tas vezes não está na contabilidade. Vale destacar que o Código
da conta analítica também consta no registro C170 e também
é possível fazer um cruzamento da informação de uma merca-
doria no Sped Fiscal com o que está no Sped Contábil.

Faz-se necessário também abordar sobre o cruzamento a res-


peito do capital social, que é informado, primeiramente, na
declaração do IR da pessoa física. O sócio acionista deverá in-
formar qual é o seu percentual societário, sua participação em
determinada entidade. Logo, esta participação deverá assegu-
rar as informações da contabilidade e da ECF. Observa-se que
no Bloco Y da ECF essas informações serão reforçadas.

O indicador que trata de retenções oferece: a DIRPF, que leva


algumas informações de IR retido; a DIRF, a DCTF que é infor-
mado, por exemplo, as contribuições sociais retidas na fonte,
IR retido na fonte de pessoa jurídica, e ambos tendo que ba-
ter com a informação contábil e com a informação que consta
na ECF. Vale lembrar que essas retenções também estarão em

290
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

uma nova escrituração fiscal digital, que é a EFD Reinf, já es-


tudado nessa obra.

É de extrema importância que o contribuinte lembre que a


ausência da escrituração de documento fiscal no Sped Fiscal e
no Sped Contribuições, poderá causar uma fragilidade e erro
passível de penalidade. Além disso, faz-se necessário lembrar
sempre de conferir os documentos que estão escriturados no
Sped Fiscal, se devem ou não estar escriturados na EFD Contri-
buições. Ressalte-se que se trata de duas escriturações fiscais
distintas, mas que trazem informações sobre as movimenta-
ções comerciais dos contribuintes.

Os indicadores da figura abaixo representam cruzamentos


que são muito utilizados pelas secretarias da Fazenda e dos es-
tados. Trata-se de ferramentas de apoio da prática fiscal do co-
tidiano. Isso porque vão ser cruzadas informações de fatura-
mento com as notas fiscais eletrônicas que forem autorizadas
em que o contribuinte é o emitente. Também serão cruzadas:
as informações que foram escrituradas no Sped como compras
com as notas fiscais eletrônicas que foram autorizadas em que
o contribuinte é o destinatário; as informações das formas de
pagamentos que foi preenchido no Sped Fiscal e na nota fiscal,
com as informações que a administradora de cartão de crédito
mandou informando de operações para o contribuinte; as in-
formações do inventário que foi apresentando no Sped Fiscal
com o estoque fiscal calculado pela Secretaria da Fazenda; as
informações dos tributos com o que foi evoluído ou não evo-
luiu em relação à arrecadação.

É importante fazer a revisão se está sendo feita escrituração


de notas fiscais denegadas, de numeração que foi inutilizada,
dentre outros. Além disso, é relevante também fazer uma ve-
rificação prévia, se não existem notas fiscais de entrada sem
registro de passagem de imposto fiscal, que hoje é um dos ín-
dices de maior infração para a maioria dos estados.

291
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Por fim, para a ascensão administrativa desses procedimen-


tos, é necessário destacar a importância de algumas observa-
ções, dentre elas:

Auditorias Digitais

A validação e os cruzamentos dos arquivos do Sped permitem


auditar e apurar inconsistências, permitindo corrigir possí-
veis erros de forma preventiva.

Dentre os cruzamentos mais comuns estão:

• EFD Fiscal x EFD Contribuições


• EFD Fiscal x NF-e (Mod. 55)
• EFD Fiscal x Sintegra
• EFD Fiscal x GIA (SP)
• EFD Contribuições x ECD Contábil
• EFD Contribuições x DACON
• EFD Contribuições x NF-e (Mod. 55)
• EFD Contribuições x DCTF
• ECD Contábil x DIPJ
• ECD Contábil x FCONT
• ECD Contábil x DIRF
• ECD Contábil x DCTF
• DCTF x DACON
• DCTF x e-CAC

292
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

• DCTF x DIPJ
• DCTF x DIRF
• SINTEGRA x GIA (SP)
• E-DOC x SEF II (PE)
• EFD Fiscal x E-DOC
• ECF x ECD Contábil
• ECF x DCTF
• EFD Fiscal x DIEF.

Dentre alguns dos cruzamentos apresentados, as principais


análises se dão nas seguintes informações:

a) Distribuição de Lucros:
DIRF x DIRPF x ECD x ECF

b) Estoques:
NF-e x SPED Fiscal x ECD x ECF

c) Tributos a Recolher:
NF-e x EFD ICMS-IPI x EFD Contribuições x DCTF x ECF x
ECD

d) Folha de Pagamento:
SEFIP x CAGED x RAIS x ECD x ECF x eSocial

e) Retenções de Tributos:
DIRF x DCTF x ECD x ECF

f) Custos:
NF-e x ECD x ECF x EFD ICMS-IPI x EFD Contribuições x SE-
FIP

g) Fornecedores e Clientes:
SPED Fiscal x NF-e x CT-e x EFD ICMS-IPI x EFD Contribui-
ções x eFinanceira

293
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

h) Imobilizado:
NF-e x EFD ICMS-IPI x ECD x ECF

i) Capital Social:
DIRPF x ECD x ECF

Vale salientar que, as autoridades fiscais realizam outros diver-


sos cruzamentos através dos fluxos contábeis das empresas.
Ademais, a rastreabilidade dos dados em meio digital permite
com maior facilidade e rapidez a identificação de informações
incorretas, inexatas ou imprecisas.

Resultados de fiscalizações da Receita Federal Brasileira


(RFB)

A compreensão de dados é subsídio fundamental para o apren-


dizado e este item visa mostrar exemplos reais diante de re-
sultados oficializados pela Receita Federal do Brasil. Com isso,
faz-se necessário entender que a Subsecretaria de Fiscalização
da Receita Federal do Brasil (Sufis), conforme discriminado
na Cadeia de Valor da RFB, é responsável pelos processos de
trabalho: (i) monitoraros grandes contribuintes; (ii) promover
a conformidade tributária; (iii) realizar pesquisa e seleção dos
sujeitos passivos que serão fiscalizados; e (iv) realizar a fisca-
lização, seja de natureza interna (revisão de declarações) ou
externa (auditorias).

Para atingir esses objetivos, todas as ações estão condiciona-


das ao tripé: (i) disponibilizar as melhores ferramentas tec-
nológicas; (ii) capacitar continuamente cada profissional que
atua nos respectivos processos de trabalho; e (iii) disseminar o
conhecimento produzido na organização.

A respeito desse assunto, alguns resultados são fundamentais


para a compreensão no âmbito das fiscalizações. Com base em
dados da Receita Federal do Brasil, a figura abaixo apresen-

294
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

ta gráfico que explana resultados no ano de 2015, referente ao


Crédito Tributário pela Receita Federal, no valor de R$ 125,6
bilhões:

Embora a estimativa para o total de lançamento de ofício em


2015 fosse de R$ 157,9 bilhões, como constava no Plano Anual
da Fiscalização da Receita Federal, e o efetivamente lançado
em 2014 tenha sido R$ 150,9 bilhões, neste ano o montante de
crédito tributário alcançou o valor de R$ 125,6 bilhões, isto é,
16,6% menor que o lançado no ano passado.

Ainda no mesmo período, o quadro abaixo destaca compara-


tivo em relação à quantidade de auditorias externas e revisões
de declarações:

Esse valor representa o terceiro maior resultado da fiscaliza-


ção da RFB, superado apenas pelos anos de 2013 e 2014.

Nas pessoas jurídicas, as autuações concentraram-se no seg-


mento industrial, com lançamento de R$ 39,3 bilhões. Apenas

295
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

os segmentos de comércio e serviços financeiros apresenta-


ram variações positivas em relação ao montante de crédito tri-
butário lançado, conforme quadro abaixo:

Em seguida, no segmento das pessoas físicas fiscalizadas,


conforme quadro abaixo, as autuações se concentraram nos
contribuintes cuja principal ocupação declarada foi o de pro-
prietário ou dirigentes de sociedades empresárias, com valor
de R$ 1,4 bilhão. Além disso, a principal infração cometida foi
a ausência de tributação no ganho de capital oriundo de venda
e permuta de ações.

296
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Ressalte-se que a área de seleção de contribuintes da Sufis bus-


ca o aumento da percepção de risco e da presença fiscal para
elevar o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias.
Para tanto, a subsecretaria orienta seu trabalho objetivando
indícios consistentes que permitam um número maior de pro-
cedimentos fiscais encerrados com resultado.

Fundado no princípio constitucional da impessoalidade, o


processo de trabalho de selecionar contribuintes observa ri-
gorosos critérios técnicos para identificar o contribuinte que
será fiscalizado. Essa atividade é realizada por segmento de
contribuinte, visando ganho de eficiência com especialização
dos auditores-fiscais envolvidos.

Em 2010, foram criadas as Equipes Regionais de Programa-


ção de Maiores Contribuintes (Epmac), responsáveis pela se-
leção dos maiores contribuintes em âmbito regional de cada
uma das dez superintendências regionais da Receita Federal
do Brasil, nas Delegacias Especiais de Maiores Contribuintes
(Demac) e na Delegacia Especial de Instituições Financeiras
(Deinf).

Essas equipes, formadas por auditores-fiscais altamente es-


pecializados em critérios específicos para identificar indícios
de infração tributária, permitiram à RFB identificar com mais
precisão operações com indícios de planejamento tributário
abusivo. Os procedimentos de fiscalização dessas ações são
executados pelas Equipes de Fiscalização das Maiores Contri-
buintes (Efmac), localizadas nas superintendências regionais
ou pelas Demac´s ou Deinf´s, conforme o perfil do sujeito pas-
sivo com o indício.

A partir dos significantes resultados obtidos desde 2010 em re-


lação aos grandes contribuintes, em 2015 iniciou-se o proces-
so de regionalização da seleção para os demais segmentos de
contribuintes. O objetivo dessa ação é potencializar resultados

297
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

decorrentes da especialização dos auditores-fiscais que detêm


a prerrogativa de decidirem quem serão os sujeitos passivos
que serão fiscalizados, quais os indícios de infração devem ser
objeto de verificação no procedimento de fiscalização e o valor
esperado de lançamento.

Implementada em 2010, a alteração na estratégia da atividade


de seleção de sujeitos passivos tem produzido consideráveis
resultados em relação ao ano de 2015, conforme quadro abaixo:

A elevação do grau de acerto da fiscalização em 7,1 pontos per-


centuais entre 2015 e 2009, quando os procedimentos de se-
leção de sujeitos passivos eram executados de forma local ex-
clusivamente, permitiu que em 2015 aproximadamente mais
710 auditorias externas fossem encerradas com resultado, ou
seja, não tivesse ocorrido a melhora na qualidade da seleção,
710 procedimentos de fiscalização teriam sido encerrados sem
resultado.

Sabe-se que, promover a conformidade tributária (ou elevar o


grau de compliance) é um dos processos de trabalho da cadeia
de valor da RFB, que tem como objetivo incentivar e facilitar
o cumprimento da obrigação tributária seja ela principal ou
acessória.

298
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Por fim, é imprescindível entender que a fiscalização, como


destinatária das informações prestadas pelos contribuintes e
por terceiros, desenvolve operações constantes no âmbito de
gestões de risco. As fiscalizações são voltadas para contribuin-
tes que atuam de forma intencional visando a sonegar.

Como forma preventiva, essas ações também almejam alertar


os contribuintes que apresentem indícios de erros no cumpri-
mento da obrigação tributária. Ressalte-se que, duas ações são
complementares para aumentar o grau de compliance: autor-
regularização e simplificação das obrigações acessórias.

299
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Aline França; REZENDE, Denis Alcides. Tecnologia da informação


aplicada a sistemas de informação empresariais: o papel estratégico da in-
formação e dos sistemas de informação nas empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2003.

AFUAH, A.; TUCCI, C.L. Internet business models and strategies: texts and
cases. New York:McGraw-Hill, 2001. In: ALBERTIN, Alberto Luiz; MOURA,
Rosa Maria de (Org.). Tecnologia de informação. São Paulo: Atlas, 2007.

ALBERTIN, Alberto Luiz; MOURA, Rosa Maria de (Org.). Tecnologia de in-


formação. São Paulo: Atlas, 2007.

ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O mÈtodo nas ciÍncias


naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. S„o Paulo: Pioneira,
2002.

ANDERSON, A. Una introducción a la investigación cualitativa. Revista Psi-


quiátrica Peruana, n. 6, v. 1, p. 103-112, 2000.

APPLEGATE, Lynda M.; McFARLAN, F. Warren; McKENNEY, James L.. Cor-


porate information systems mangement: The issues facing senior executi-
ves. Chicago: Irwin, 1996. Disponível em: < http://www.cyta.com.ar/ta0404/
v4n4a1.htm>. Acesso em: 10 set. 2012.

AUDY, Jorge Luiz Nicolas; ANDRADE, Gilberto Keller de; CIDRAL, Alexandre.
Fundamentos de Sistemas de Informação. Porto Alegre: Bookman, 2005.

AZEVEDO, O. R.; MARIANO, P. A. SPED: Sistema Público de Escrituração


Digital. São Paulo: IOB, 2009.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Persona, 1991.

BATISTA E. O. Sistemas de informação. São Paulo: Saraiva, 2004.

BATEMAN. Thomas S. Administração: construindo vantagem competitiva.


São Paulo: Atlas, 1998.

BERALDI, Lairce Castanhera; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. Impacto da


tecnologia de informação na gestão de pequenas empresas. Ci. Inf., v. 29, n.
1, p. 46-50, jan./abr. 2000.
BOVET, David; MARTHA, Joseph. Value nets: Reinventing the rusty supply
chain for competitive advantage. Strategy e Leadership. [S.l.]: University
Press, p. 21-26, 2000.

BRASIL. Observatório de recursos humanos em saúde no Brasil: estudo e


análise. Organizado por André Falcão et al. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007

______. O Gov.br. Governo Eletrônico. Disponível em: <http://www.governo-


eletronico. gov.br/o-gov.br>. Acesso em: 22 set. 2014a.

______. Nota fiscal eletrônica. Disponível em: <http://www.nfedobrasil.com.


br/pdf/ CARTILHA% 20SPED%20BRASIL.pdf>. Acesso em 22 set.2014b.

BRITO, Z. P. E.; BRITO, L. A. L.; MORGANTI, F.; Inovação e o desempenho


empresarial: Lucro ou crescimento? RAEEletrônica, v.8, n.1, art. 6, jan./jun.
2009.

CAMPOS, Saulo José de Barros. Competências necessárias à implementação


eficaz do SPED: percepção dos operadores da contabilidade do RN. 2012. 183
f. Dissertação (mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade de Brasília;
Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Programa Multi-Institucional e Inter Regional de Natal – RN, 2012.

CARDOSO, Paulo. Educação de jovens e adultos: a experiência da informáti-


ca. São Paulo: Instituto Paulo Freire: MEC, 2004.

CARVALHO, Jerffeson C. de. SPED – Sistema Público de Escrituração Digi-


tal – Impactos na contabilidade das empresas. Disponível em <http://www.
netlegis.com. br/indexRC. jsp?arquivo=detalhesArtigosPublicados.jsp&co-
d2=1682sped->. Acesso em: 20 set.. 2014.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia,


sociedade e cultura. Tradução Roneide Venancio Majer. 6. ed. São Paulo: Paz
e Terra, 2007.

CAVALCANTI, M.; GOMES, E.; PEREIRA NETO, A. Gestão do Conhecimento


para as empresas: um roteiro para a ação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São


Paulo: Prentice Hall, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 4. ed. São Paulo: Compacta,


2010.
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

COELHO, Cláudio Ulysses Ferreira; LINS, Luiz dos Santos. Teoria da conta-
bilidade: abordagem contextual, histórica e gerencial. São Paulo: Atlas, 2010.

COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: Um guia prático para


alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

COTRIN; SANTOS; ZOTTE. A evolução da contabilidade e o mercado de


trabalho para o contabilista. Disponível em: < http://www.conteudo.org.br/
index.php/conteudo/article/view/70/63 >. Acesso em: 27 set. 2014.

CORDEIRO, João Vicente B. de Mello; RIBEIRO, Renata Vieira. Gestão da


empresa. Coleção gestão empresarial. Disponível em: <http://www.unifae.
br/publicacoes/pdf/ empresarial/1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.

COSTA, A. J. D. da; SOARES, M. C. P.; SANTOS, C. L. dos; TANUS FILHO, E.


J.; RIBEIRO, R. S. Sistema Público de Escrituração Digital (SPED): A nova
tecnologia de informação da área contábil e fiscal. Encontro de Iniciação
Científica, v. 6, n. 6, 2010.

CRUZ, Tadeu. Sistemas de informações gerenciais: Tecnologia da informa-


ção e a empresa do século XXI. São Paulo: Atlas, 2008.

DIAS, Geisa Maria Almeida. O uso dos sistemas de informações contábeis


como apoio nas decisões gerenciais. Disponível em: <http://www.classecon-
tabil.com.br>. Acesso em: 20 set. 2014.

DOROW, Emerson. O que é governança de TI e para que existe? Disponível


em: <http://www.governancadeti.com>. Acesso em: 20 set. 2014.

DRUCKER, Peter F. Uma era da descontinuidade: administrando em tem-


pos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira, 2004.

DUARTE, Roberto Dias. Big Brother Fiscal IV: Manual de sobrevivência do


empreendedor no mundo pós-SPED. Belo Horizonte: Ideas@Work, 2011.
DUARTE, A. M. P.; FERREIRA, A. H. S. Planejamento para economia de tri-
butos. Boletim Informativo Juruá, Ano III, p. 14 -15, 2003.

ECKERT, Alex. Teoria da contabilidade para o exame de suficiência do CFC.


2. ed. São Paulo: Edipro, 2013.

ECKERT, Alex; MECCA, Marlei Salete; BIASIO, Roberto; PEZZI, Graziela


Maria. Fraudes contábeis: Caracterização e análise das publicações em peri-
ódicos e eventos nacionais de contabilidade. Revista Universo Contábil, v. 10,
n. 1, p. 84-103, jan./mar., 2014.

302
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

FERREIRA, Rafael G; RALHA, Célia G. Modelagem de processos aplicada na


gestão de um ambiente real de TI. Disponível em: <campeche.inf.furb.br/
tccs/...II/TCC2008-2-20-VFThiagoWilvert.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.

FERRETTI, Celso João et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um de-


bate multidisciplinar. 12. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

FIGUEIREDO, P. N.; Acumulação tecnológica e inovação industrial: Concei-


tos, mensuração e evidências no Brasil. São Paulo em perspectiva, v.19, n.1,
p. 54-69, jan./abr. 2005.

FLEURY, Maria Tereza. Gestão do conhecimento: integrando aprendiza-


gem, conhecimento e competências. São Paulo: Atlas, 2012.

FLEURY M. T. L; FLEURY, A. Construindo conceito de competência. Dis-


ponível em: <www.anpaqd.org.br/rac/vol.05/dwn/rac/v5-edesp-mtf.pdf>.
Acesso em: 4 mar. 2014.

FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia da informação: planejamento e gestão.


São Paulo: Atlas, 2001.

FORTES, José Carlos. Manual do contabilista: uma abordagem teórico práti-


ca da profissão contábil. Fortaleza: Editora Fortes, 2001.

FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

FRANCISCO, Suzana. Os impactos da implantação do sistema público de es-


crituração digital na gestão das micro e pequenas empresas. 2008. 48f. (Mo-
nografia em Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2008.

FRONTINI, M. A. Convergência digital: implicações aos modelos de decisões


estratégicas orientadas à inovação, 2007. Texto de qualificação de tese de
doutorado. Departamento de Engenharia de Produção. Escola Politécnica.
Universidade de São Paulo. Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/.../3/.../
tese_doutorado_MAF_20080219.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2012.

FURLAN, José Davi; IVO, Ivonildo da Motta. Megatendências da tecnologia


da informação. São Paulo: Makron Books, 1992.

GIARDELLI, Gil. Você é o que você compartilha: e-agora: como aproveitar as


oportunidades da vida e trabalho na sociedade em rede. São Paulo: Editora
Gente, 2012.

303
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

GODOY, A. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista Administração


de Empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995.

GONÇALVES, Rosana C. M. Grillo; RICCIO, Edson Luiz. Sistemas de infor-


mação: ênfase em controladoria e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.

GRAEML, A. R. Sistemas de informação: o alinhamento da estratégia de TI


com a estratégia corporativa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

GROVER, Varun; TENG, James T. C.; FIEDLER, Kirk D.. Is investment prio-
rities in contemporary organizations. Communications of the ACM, v. 41, n.
2, p. 40-48, 1998.

HENDRIKSEN, Edson S; BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. 5.


ed. São Paulo: Atlas, 1999.

IUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000b.

IUDÍCIBUS, Sérgio de & FRANCO, Hilário. A formação do contador sob o


ponto de vista do usuário dos serviços contábeis. Revista Brasileira de Con-
tabilidade. Rio de Janeiro, n. 43, 1982. IUDÍCIBUS, Sérgio de & FRANCO,
Hilário. “Classificação interdisciplinar da pesquisa tributária.” Revista de
Contabilidade da UFBA 1.1 (2008): 30-47. JOHEM, Laudelino. O contabilista e
a responsabilidade social. Curitiba: Conselho Regional de Contabilidade do
Paraná, 2008.

JOHNSTON, Robert; CLARK, Graham. Administração de operações de servi-


ços. São Paulo: Atlas, 2002.

JUNIOR, R.; and MARLY, C. “Perfil das competências em equipes de proje-


tos.” RAEeletrônica 2.1 (2003): 1-17.

KANITZ, S. C. Controladoria: teoria e estudo de casos. São Paulo: Livraria


Pioneira Editora, 1977.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informa-


ção. 7 ed. São Paulo: Papirus, 2007.

KOTLER, Philip.; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. São


Paulo: Pearson Prenice Hall, 2006.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Mariana de Andrade. Técnicas de pesqui-


sa: planejamento e execução de pesquisa, amostragem e técnica de pesquisa,
elaboração, análise e interpretação de dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

304
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

LAUDON, Kenneth C.: LAUDON, Jane P. Management Information Systems.


7. Ed..Upper Saddle River: Prentice Hall, 1999.

LINDEN, Kauê. Empreendedorismo. Revista Wide. Julho/agosto 2011.

LOVELOCK, Cristopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. São


Paulo: Saraiva , 2006.

LUCAS, H. C. Tecnologia da informação: tomada de decisão estratégica para


administradores. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

LUCAS, Douglas Ribeiro; LUCAS, Denilson da Silva; FARIA, Raissa Cipresso.


A valortização do profissional contábil e os benefícios para a contabilidade
através do avanço da tecnologia da informação. XIII Encontro Latino Ameri-
cano de Iniciação Científica. IX Encontro Latino Americano de Pós-Gradua-
ção – Universidade do Vale do Paraíba. Disponível em: <http://www.inicepg.
univap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos /RE_0079_ 0161_02.pdf>. Acesso
em: 10 set. 2014.

LUCENA, Wenner Gláucio Lopes; FERNANDES, Maria Sueli Arnoud; SILVA


José Dionísio Gomes da. A contabilidade comportamental e os efeitos cogni-
tivos no processo decisório: uma amostra com operadores da contabilidade.
Revista Universo Contábil, , v. 7, n. 3, p. 41-58, jul./set. 2011.

LUNELLI, Reinaldo Luiz. A contabilidade e o avanço da tecnologia. Dispo-


nível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/contabilida-
deetecnologia.htm>. Acesso em: 22 set. 2014.

MACHADO, N. P. D. D. Organizações inovadoras: Estudo dos principais fa-


tores que compõe um ambiente inovador. Revista Alcance – Eletrônica, v. 15,
n. 3, p. 306-321, set./dez. 2008.

MACHADO, L.P; ALMEIDA, Antonio. Inovação e novas tecnologias. Dispo-


nível em: http://web.spi.pt/turismo/Manuais/Manual_III.pdf. Acesso em 23
Set.2014

MAGALHÃES, Ivan Luízio; PINHEIRO, Walfrido Brito. Gerenciamento de TI


na prática: Uma abordagem com base na ITIL. Novatec, 2009.

MAHADEVAN, B. Business models for internet based e-commerce. Califór-


nia Management Review, v. 42, n. 4, Summer, 2000. In: ALBERTIN, Alberto
Luiz; MOURA, Rosa Maria de (Org.). Tecnologia de informação. São Paulo:

305
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

Atlas, 2007.

MARTINS, Luís de Oliveira; NAGATSUKA, Divane Alves da Silva. Introdução


à contabilidade. São Paulo: Futura, 2000.

MARTINS, G. A.; THÉOPHILO, C. R. Metodologia da investigação científica


para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2009.

MOSCOVE, Stephen A; SIMKIN, Mark. G.; BAGRANNOFF, Nancy A. Siste-


mas de informações contábeis. São Paulo: Atlas, 2002.

NASAJON, Cláudio; SANTOS, Eunice. SPED e NF-e: Vem cá, que a gente ex-
plica. Disponível em: < http://www.spedconsulta.com.br/> Acesso em: 2014.
NEGROPONTE, N. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

NEFF, Thomas J.; CITRIN, James M. Lições de sucesso: a busca pelos me-
lhores líderes empresariais dos Estados Unidos. São Paulo: Negócio Editora,
1999.

OLIVEIRA, Marcos Roberto de; SILVA, Thiago Lopes da; FEITAL, João Carlos
de Campos. A evolução da contabilidade e o mercado de trabalho. Disponível
em: <http://fgh. escoladenegocios.info/revistaalumni/artigos/edEspecial-
Maio2012/vol2_noespecial_artigo_13. pdf>. Acesso em: 22 set. 2014.
PAULA, Maurício de. O sucesso é inevitável: Coaching e Carreira. São Paulo:
Futura, 2005.

PERIN, Edson. TI para negócios: como fazer a tecnologia trabalhar pelo seu
sucesso e da sua empresa. São Paulo: Netpress Books, 2010.

PEREIRA, S. A; LOCKS, R; MATOS, D. S; COSTA, G. B; Governança Eletrô-


nica na Administração Pública: Estudo de caso sobre a nota fiscal eletrônica
– NFe. Anais do 18º Congresso Brasileiro de Contabilidade. 2008.

PONTE, J. P. Tecnologias de informação e comunicação na formação de pro-


fessores: Que desafios? Disponível em: <www.tecfa.unige.ch/tecfa/teaching/
staf17/102/ress/doc/p2>. Acesso em: 10 fev. 2014.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Portaria RFB 2.521 de 29/12/2008. Dispo-


nível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Portarias/2008/
portrfb2521.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. E-Lalur. Disponível em: <http://www1.re-


ceita.fazenda .gov.br/outros-projetos/e-lalur.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

306
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2010.

RESENDE, Vanessa. Redução de custos e maior transparência para empre-


sas. Fenacon em serviços, Ano XIII, p. 20-23. . maio/junh. 2008.

RITTO, Antonio Carlos; SILVA, Luiz Sérgio Brasil d’Arinos. Os desafios das
organizações na era do conhecimento. 1998, Rio de Janeiro. Anais do Semi-
nário Internacional Business in Knowledge.

SILVA, Larissa R. Lira Aquino da. Gerenciamento de incidentes, segundo a


ITIL. Disponível em: <http://www.profissionaisti.com.br/2009/03>. Acesso
em: 10 set. 2014.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL. Receita Federal do Bra-


sil. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sobre-o-projeto/
default.htm>. Acesso em: 20 set. 2014.

SOALHEIRO, B. CHA da competência. Disponível em: <http://www.oge-


rente.com.br/novo /colunasler.php?canallocal=488canalsub2=155&id=657>.
Acesso em: 22 set. 2014.

SOUZA, Maria Alves de; ILARINO, Samira; SPED (Sistema Público de Es-
crituração Digital): Impactos da sua implantação na empresa. Revista
Científica do Departamento de Ciências Jurídicas, Políticas e Gerenciais do
UNI-BH. Monografia em Ciências Contábeis). Curso de Ciências Contábeis.
Junho, 2010.

SOUZA Orlando; Cesar Jaime, SANCHEZ Felipe. Gerenciamento de inciden-


tes. Faculdade Infórium de Tecnologia, Belo Horizonte, MG, Brasil, Disponí-
vel em: <http://www. gerenciamentoincidentes.br>. Acesso em: 10 set. 2014.

SOUZA, Marcos Felipe Kretzer de. Mudanças operacionais na implantação


do SPED Contábil. Estudo em uma empresa de produtos para diagnósticos,
2012. 43f. (Monografia em Ciências Contábeis) Curso de Ciências Contábeis.
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.

SOUSA, T. Mapeamento de competências do profissional de sistemas de in-


formação. 2008, 111 fls. Monografia (Bacharelado em sistemas de informa-
ções). Uniminas, Uberlândia, 2008.

SPED. Apresentação. 2012a. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.


gov.br/sobre-oprojeto/apresentacao.htm>. Acesso em: 2014.

SPED. Benefícios. 2012b. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.

307
DESCOMPLICANDO O SPED • Aspectos operacionais do Sistema Público de Escrituração Digital

br/sobre-oprojeto/beneficios. htm>. Acesso em: 2014.

SPED. NF-e - Ambiente Nacional. 2012c. Disponível em: <http://www1.recei-


ta. fazenda.gov.br/sistemas/nfe/>. Acesso em: 2014.

SPED. O que é. 2012 d. Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/


spedcontabil/o-que-e.htm>. Acesso em: 2014.

TAIT, T. F. C.. Arquitetura de sistemas de informação. Maringá: EDUEM,


2006.

TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony D. Wikinomics: como a colaboração


em massa pode mudar o seu negócio. Tradução de Marcello Lino. Rio de Ja-
neiro: Nova Fronteira, 2007.

TEIXEIRA FILHO, Jayme. Comunidades virtuais. Rio de Janeiro: Senac,


2010.

TURBAN, Efraim; EPHRAIM, Mclean; WETHERBE James. Tecnologia da in-


formação para gestão. São Paulo: Bookman, 2004.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administra-


ção. São Paulo: Atlas, 2010.

VIEIRA, M. F.; ZOUAIN, D. M. Pesquisa qualitativa em administração. Rio


de Janeiro: FGV, 2004.

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman,


2005.

YOUNG, Lúcia Helena Briski. SPED - Sistema Público de Escrituração Con-


tábil: Coleção Prática Contábil. Curitiba: Júrua, 2009.

YOUSSEF, Antonio Nicolau. FERNANDEZ, Vicente Paz. Informática e socie-


dade. São Paulo: Ática, 2010.

WALTER, J. P; RIBEIRO, O. D. J. Sistema público de escrituração digital e


nota fiscal eletrônica: O Brasil evoluindo com o contribuinte. 2010. Disponí-
vel em: <http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIVn02/t008.
pdf >. Acesso em: 22 set. 2014.

WANDER, Vanessa. P & R.Soluções de estratégia de conteúdo para atrair


mais visitantes para seu site. Revista Net. Ano 13, n. 149. 2012.

308

Você também pode gostar