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POR QUE E COMO SE EDUCA UMA CRIANÇA PARA LIDAR COM A VARIABILIDADE DE
CONHECIMENTO E PARA CONSTITUIR UMA POSTURA CRÍTICA PERANTE AS FONTES DE
SABER E IDEIAS DE VERDADE?
Por que tomar esse princípio como ponto de partida para discutir um Currículo
para a área de História? Porque educar a criança para essa percepção a respeito
do caráter provisório e relativo da verdade constitui uma tarefa difícil e
pressupõe uma ação escolar e cultural de longo prazo, que tem na seleção de
conteúdos – entendidos como recortes sempre parciais – apenas uma de suas
pontas. A função da escola não é formar crianças e jovens no ofício do historiador,
mas há aspectos desse ofício que fazem toda a diferença na formação para a
compreensão de como o conhecimento ocorre e se transforma.
a condição de inferir a partir de diferentes tipos de fontes que informam sobre aspectos da
realidade;
a condição de perceber permanências e descontinuidades no tempo;
a habilidade de compreender um texto histórico na sua totalidade, o que significa perceber a
Nesse sentido, é preciso construir pontes entre aquilo que o indivíduo não
conhece – um tempo ou contexto histórico distante, não vivido – e aquilo que é
palatável para ele, tal como a sua vida e o contexto histórico no qual ele se insere
e que é pautado por forte presença dos aspectos culturais e materiais do mundo
sobre o lugar de vivência. O estudante de hoje, compra objetos da China, joga
simultaneamente pela internet com crianças de diversos espaços, assiste a
programas de TV que tratam da Europa, Índia e Egito. Portanto, não faz sentido
seguir linearmente o eixo Eu e minha casa - minha rua - meu bairro - cidade -
município - Minas Gerais - Brasil.
Sendo assim, como uma criança pode inferir sobre as fontes? Cooper
afirma que ainda não existem estudos aprofundados nessa direção, mas acredita
que as crianças são capazes de inferir sobre objetos utilizados no passado quando
os mesmos lhes são apresentados e que elas se utilizam de seus saberes e
experiências para desenvolver perguntas acerca dos objetos. A autora ressalta a
importância da dimensão imaginativa e dos diálogos desenvolvidos com a s
crianças como sendo fundamentais para a formação da consciência histórica.
Como se observa em suas palavras:
Cabe destacar que não adianta ter tal conduta como algo residual num ano
ou restringi-la a um momento em que se evoca uma dada data comemorativa na
escola para que, no restante das atividades letivas tais condutas sejam
desconsideradas. Trata-se de práticas que só geram sentidos formativos ao se
tornarem permanentes e estruturantes do trabalho escolar. Na medida em que tal
ação venha a se constituir em aspecto de ancoragem da educação histórica ao
longo das séries iniciais, o processo de didatização próprio da História a partir dos
Anos Finais do Ensino Fundamental deve estruturar-se, sobretudo, no
fortalecimento da dimensão própria inerente à compreensão da operação histórica
a partir da diversidade das fontes.
Aquilo que cada unidade escolar definir como válido e pertinente para o
desenho de seu próprio projeto pedagógico.
Do mesmo modo, o eixo temático “Família‟ pode ser convidado, tanto para
uma composição programática contínua quanto para uma composição de um
projeto específico no qual, novamente, a questão da diversidade temporal e a
construção cultural de um paradigma familiar seja tomada como tônica reflexiva,
trazendo, para o contexto atual, a reflexão relativa à diversidade de modelos
familiares, não mais circunscritos somente à família nuclear monogâmica.
Segundo Kátia Abud, André Silva e Ronaldo Alves (2010), devem-se priorizar
ao longo da formação escolar, estratégias para o desenvolvimento do pensamento
histórico no aluno, ao lado da realização de procedimentos críticos em relação às
fontes, uma vez que as fontes históricas são tidas não só como referentes para a
construção do saber, mas como recursos para a aprendizagem na medida em que
remetem o sujeito q u e a p r e n d e à relação com diferentes gêneros discursivos,
diferentes estratégias de produção de informações e diferentes relações com
autores e intencionalidades.
Quando vista na relação com outras fontes, um documento oficial, uma foto,
um filme, um jornal e/ou outros documentos se mostram em sua dimensão
provisória não somente porque são parciais do ponto de vista dos sujeitos que os
produziram e guardaram, mas porque são recortes da realidade e do seu tempo.
Além disso, ao comparar uma fonte com outras o estudante consegue, com o
tempo, ir compreendendo que diferentes sujeitos professam compreensões
diferentes, mais ou menos ampliadas, de um determinado recorte da realidade e,
principalmente, que o cruzamento de fontes diferentes amplia as lentes com as
quais olhamos para o mundo porque nos permitem compreender um tema ou
problema à luz da manifestação e voz de diferentes sujeitos sociais revelados nas
diferentes fontes.
Kátia Abud, André Silva e Ronaldo Alves (2010) destacam ainda que o
trabalho com as fontes é central na tarefa de educar para a compreensão da
História porque permite ao e s t u d a n t e compreender como se opera a
periodização do tempo histórico, o que é distinto de um tempo subjetivo. Assim,
diferentes fontes possibilitam a transposição de casos individuais para cenários
mais abrangentes, que permitem, por sua vez, a compreensão de contextos
sociais mais amplos e o entendimento do grau de generalização dos conceitos,
distinguindo completamente a operação histórica da tarefa de produção e leitura
de fontes isoladas e referentes a casos individuais.
A relação com a música hoje pauta uma forma de ser jovem, tanto do
ponto de vista dos meios utilizados para se escutar a música, como por exemplo,
o celular, o mp3 e outros, como em relação ao acesso a músicas cada vez mais
fragmentadas do ponto de vista da autoria. N a a t u a l i d a d e se baixa para um
playlist músicas isoladas que não permitem mais a relação com a discografia de um
artista. Por outro lado, tal relação de fragmentação, cada vez mais se atrela a uma
postura de estranhamento da relação geracional, particularmente quando isso
envolve ouvir músicas de outro tempo.
Muitas vezes, um filme que já foi produzido há alguns anos, vai evidenciar
ideias sobre determinado período histórico que difere da concepção atual que se
tem sobre tal período. Acima de tudo, cabe destacar que filmes não podem e não
devem se prestar à ilustração supostamente didática daquilo que aconteceu, tal
como aconteceu. Antes disso, podem ser poderosos recursos de compreensão
de como se processa o conhecimento nele gerado e que articulam fluxos temporais
e autorias do presente e do passado.