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EU POSSO APRENDER
1ª EDIÇÃO
FORTALEZA
Allan de Magalhães SALES
2014
SUMÁRIO
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CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
PÁG. 05 PÁG. 08 PÁG. 11
4 5 6
CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
7 8 9
CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
10 11 12
CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
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CAPÍTULO
PÁG. 44
INTRODUÇÃO
Nesse livro trabalharemos o lado motivacional do
aprendizado do violão.
Sofia já freqüentava as aulas de violão havia três meses. Ela gostava de vio-
lão, mas estava quase desistindo do curso.
Ela não conseguia aprender o novo ritmo proposto pelo professor e isso a
estava deixando irritada.
Nos primeiros ritmos tudo foi tão simples, parecia que tudo fluiria de forma
leve, mas agora complicou. Com as primeiras dificuldades o desânimo apare-
EU POSSO
ceu e ela passou a treinar muito menos.
Com a diminuição dos treinos até as lições anteriores, que já estavam domina-
das, começaram a ficar piores. Sofia começou a ter a sensação de retrocesso
no aprendizado.
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pidamente. Era como se estivesse comprando o conhecimento
com o dinheiro pago na matrícula. Nesse dia foi pra casa já
imaginando todas as possibilidades que teria com sua nova
habilidade.
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Eu posso aprender
O tempo passou e Sofia não saiu do curso. Levou muito tempo ainda sem
conseguir aprender o novo ritmo, nesse intervalo até aprendeu outras coisas
novas. De tanto ouvir e praticar ela conseguiu evoluir bem e dominou o ritmo
que a estava travando, sua empolgação voltou, passava mais tempo agora to-
cando porque achava prazeroso. Novos desafios virão pela frente, e ela agora
já sabe como agir, com muita paciência.
EU POSSO
O que realmente incomoda são assuntos novos, aqueles com os quais não
temos familiaridade.
Grande parte dos alunos costuma enxergar esses momentos difíceis como
falta de aptidão, ou como um bloqueio (eu não sei por que gostam tanto dessa
palavra). Na verdade é uma falta de paciência com o aprendizado, uma pres-
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sa exagerada de ver as coisas fluindo.
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CAPÍTULO 2
Eu posso aprender
Janete tem uma filha adolescente, Julia. Elas moram juntas em um pequeno
apartamento.
Julia acha graça das aulas de violão de sua mãe, na verdade ela adora fazer
piada sobre as suas dificuldades no aprendizado.
Quando Janete erra alguma coisa Julia logo percebe e ri, além de fazer
EU POSSO
pequenas brincadeiras do tipo: “Ainda bem que a senhora é advogada mãe!
Pois se dependêssemos desse seu violão pra viver passaríamos fome.”
Janete fingia que não ligava, mas aquilo ia tirando sua motivação, ia simples-
mente apagando a magia do aprendizado.
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motivo sem importância.
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Eu posso aprender
Você também precisa ser imune a piadas sem graça. Elas sempre vão aconte-
cer e você não pode levá-las a sério. Comigo já aconteceu muito e já aprendi
a relevar, foi um aprendizado incrível.
O que fazer?
Nada. Eu continuo tocando meu piano de vez em quando e isso me faz muito
bem.
EU POSSO
Esse comentário não vai mudar em nada minha vida, mas para um iniciante
pode ser o fim de tudo, um drama real. Quem fez a piada nem se lembra mais,
mas quem é o alvo pode lembrar para o resto da vida.
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CAPÍTULO 3
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No mês passado ela foi a uma festa de aniversário e uma de suas amigas
estava com o violão.
Ela ficou encantada com aquilo. Todos em volta de sua amiga, cantando junto
com ela, foi muito divertido. Ela queria aprender também!
Pediu aos seus pais para que pagassem um curso de violão, queria tocar
EU POSSO
daquela forma em seu aniversário também, que aconteceria dentro de alguns
meses.
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demora pra aprender?”.
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Eu posso aprender
nada por aquilo. Tinha revistas, acessava sites de aulas, ouvia muita música
e fazia aulas particulares. Tudo era motivo para que ela pegasse o violão e
tocasse um pouco. Ao ver isso Larissa percebeu que aquele momento de
“glória” não era tão importante para sua amiga, mas sim fazer música pelo
prazer de estar aprendendo.
Larissa resolveu voltar às aulas, agora sem pressa, pois também gostava de
música e percebeu que poderia aprender se tivesse dedicação.
Uma das perguntas mais freqüentes que recebo de meus alunos é essa:
EU POSSO
“Quanto tempo demora pra aprender?”
É preciso entender que tempo de curso não quer dizer muita coisa, mas sim
tempo de prática.
APRENDER
Uma vez precisei dar uma resposta mais dura a um aluno que não conseguia
enxergar isso. Ele argumentava que em 2 anos de aula ainda não se sentia
satisfeito com os resultados.
Em nossas conversar ele deixava claro que não praticava em casa, apenas
nas aulas.
Fiz uma conta rápida: 2 anos de aula, 1 vez por sema, 1 hora por aula é igual
a 96 horas de prática.
Não tem segredo, não tem um curso mágico. É claro que um método bem
estruturado pode ajudar, e muito, mas sem a contrapartida da prática nada
pode acontecer.
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CAPÍTULO 4
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TALENTOSO X HABILIDOSO
Ele estava muito animado, seu pai comprou um violão novo para ele e as aulas
começaram.
EU POSSO
com isso, mas um de seus amigos, Diego, já estava conseguindo tocar quatro
músicas, e muito bem.
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giou Diego em sala de aula e disse que ele era muito talento-
so. Aquela palavra entrou na mente de Henrique com muita
força: Talentoso.
Ele pensou que não tinha como adquirir talento, já que isso
seria uma coisa inata. O seu ânimo diminuiu muito, pois não
acreditava mais no poder que tinha para aprender violão sem
ter o talento.
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Eu posso aprender
so passar por algumas experiências difíceis para chegar até ali, e parecia até
injusto com ele chamar isso de talento, pois na verdade aquilo não nasceu
com ele, foi preciso muito trabalho e estudo.
Ele agora entendia que a palavra correta que seu antigo professor deveria ter
utilizado para seu colega Diego era habilidoso. E essa habilidade vinha sendo
adquirida de forma mais rápida devido a vários outros fatores. Isso não deve-
ria tê-lo abalado tanto.
Nesse momento ele resolveu voltar a estudar violão, mesmo com seus 40 anos
de idade, sabendo que a habilidade pode ser adquirida através do treino e do
estudo. Ele agora seguiria seu próprio ritmo e sentiria todo o prazer de estudar
EU POSSO
algo que lhe agradasse.
É muito comum acreditar que existe um dom ou talento musical por trás de
todas as pessoas que sabem tocar instrumentos musicais.
APRENDER
Eu acho interessante algumas pessoas sustentarem essa idéia, que seria
válida apenas para algumas áreas de atuação.
Imaginemos que fosse necessário um dom para poder falar nossa língua nati-
va, o português. Só conseguiriam se expressar aqueles que nascessem com
o talento. Não adiantaria nada colocar uma criança na escola para ser alfabe-
tizada, pois sem o talento, ninguém aprenderia.
Sempre que toco nesse assunto alguns citam exemplos de meninos prodígio,
que aprenderam sozinhos e que aos 4 anos já faziam isso ou aquilo. Nesses
casos não podemos nos esquecer de citar o ambiente em que a criança foi
criada e suas motivações pessoais.
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Eu posso aprender
Uma pessoa completamente apaixonada por música pode passar mais horas
treinando do que uma que só queira um passa-tempo. Isso não é dom, é muita
vontade de aprender, é muita paixão.
Para concluir esse capítulo deixo aqui minha frase de efeito: “Qualquer pes-
soa pode aprender”.
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CAPÍTULO 5
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Ricardo sabia tocar violão, pelo menos era o que todos diziam. Sempre levava
seu violão para as festas e fazia sucesso. Tocava de ouvido, atendia pedidos,
lia qualquer cifra e animava o ambiente.
Ele conhecia suas próprias limitações, não estudava mais violão, não tinha
mais paciência para aprender coisas novas. Na verdade já estava até meio
enjoado das coisas que tocava, mas achava confortável continuar assim, afi-
nal, as pessoas que o ouviam tocar gostavam muito e ele se sentia bem com
isso.
EU POSSO
O que aconteceu é que ele mesmo começou a achar tudo aquilo muito chato.
As mesmas músicas, as mesmas coisas, nada de novo e nenhuma evolução.
Ele começou a tocar cada vez menos.
Ricardo já havia tentado voltar aos estudos, mas estava realmente habituado
à sua zona de conforto. Não conseguia ter paciência para estudar,
por exemplo, leitura de partituras. Não gostava do repertório
APRENDER
erudito. Também não se interessava muito por estudar harmo-
nia, teoria ou composição.
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Achando tudo aquilo muito estranho ele seguiu para casa, já escutando o CD.
No início não gostou de nenhuma, mas uma das músicas lhe causou menos
desagrado, era uma peça para violão solo, que lhe parecia impossível de ser
tocada.
Após ouvir a música (que tinha cinco minutos), trinta vezes, Ricardo já havia
perdido a conta, e acabou ouvindo muitas vezes mais. Já cantarolava a mú-
sica no trabalho e já apreciava toda aquela técnica para fazer um solo tão
bonito.
EU POSSO
sensação era muito boa, como se ele estivesse descobrindo um tesouro es-
condido. A música voltava a lhe dar prazer.
Quando voltou à aula Ricardo disse ao professor qual foi sua música preferida
e contou sobre sua pesquisa. O professor então lhe mostrou um livro de par-
tituras, complicadíssimo, com todas as músicas desse compositor. Ricardo
ficou maravilhado, seria possível tocar daquela forma? Agora ele acreditava
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e, muito mais do que acreditar, ele queria!
Os estudos iniciais foram necessários para que ele pudesse atingir seu
objetivo, mas agora tudo fazia sentido, ele estava novamente apaixonado pela
música. Fazer aquele som era a coisa mais importante da sua vida naquele
momento. No trabalho ele ficava ansioso para voltar pra casa, queria treinar,
queria aprender. Sua evolução foi incrível.
Eu, Allan Sales, como estudante, já passei por várias fases. Em vários mo-
mentos de minha caminhada estive apaixonado pelos estudos, foram épocas
incríveis. Em outras oportunidades estive apático, sem vontade de aprender
nada e, em alguns casos, sem vontade de tocar nada. Isso é normal. O Sol
não brilha o tempo todo. São ciclos naturais.
Não podemos deixar, entretanto, que a apatia se torne eterna. O que nos
torna apáticos é a falta de perspectiva musical, e isso vem, principalmente, da
pobreza daquilo que estamos ouvindo.
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CAPÍTULO 6
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RESPONSABILIZE-SE
Everton sempre quis aprender violão, mas nunca encontrou um bom profes-
sor. Sempre que se matriculava em algum curso achava diversos defeitos nos
métodos utilizados.
Algumas vezes achava que o professor só ensinava teoria, e ele queria mes-
mo era tocar. Em outras oportunidades achava que o professor exigia muitos
resultados sem antes lhe dar uma base sólida para aquilo.
EU POSSO
A pouca confiança que Everton depositava na capacidade dos professores
acarretava em um desempenho pobre, pois ele não se sentia motivado a es-
tudar, não acreditava que obteria resultados.
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fessor solicitou aos alunos que fizessem um exercício. Ever-
ton afirmou que aquela não era a melhor forma de ensinar.
O professor, calmamente, perguntou a Everton qual seria
a melhor forma. Ele respondeu, à sua maneira, como seria
o outro método. Foi a vez do professor perguntar por que
Everton não utilizava esse método, já que sabia descrevê-lo
tão bem, e já tentava aprender violão a tanto tempo.
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EU POSSO
Assumir a responsabilidade é um passo enorme no caminho do aprendizado.
A partir daí o aluno começa a aproveitar melhor cada palavra dita pelo pro-
fessor, cada movimento feito, cada exercício proposto. Ele vira uma antena,
sintonizada em qualquer possibilidade musical.
Se analisarmos uma pessoa que já toca violão veremos que ela teve contato
com várias metodologias (formais ou informais), muitos professores e parcei-
ros que lhe ensinaram algo novo. Mesmo que ela afirme ser autodidata, com
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certeza soube aproveitar muito bem cada oportunidade de aprendizado que
teve.
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CAPÍTULO 7
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Arlete trabalhava o dia inteiro. Chegava em casa de noite, bem cansada. Após
fazer o jantar e tomar um bom banho pegava seu violão para praticar.
Ela não podia estender muito o treino, pois precisava acordar cedo.
No máximo teria 40 minutos.
Ela já tocava algumas músicas muito bem, gostava de tocá-las. Mas começa-
va a se sentir mal pois nas aulas não conseguia tocar as novas músicas que
o professor pedia.
Após alguns meses sem muita evolução o professor pediu para Arlete descre-
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ver sua rotina de treinos.
Ela disse que tocava suas músicas favoritas primeiro e depois praticava a
música nova pedida pelo professor.
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Ela não gostou de ouvir isso, foi aí que percebeu que não gos-
tava muito de praticar a música nova.
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Eu posso aprender
Com o violão acontece o mesmo. Queimar neurônios tentando fazer algo novo
cansa demais, mais confortável é tocar aquilo que já dominamos. Mas isso é
só uma enganação, podemos passar a vida toda treinando dessa forma e não
vamos aprender nada.
A dica aqui é bem simples. Ao pegar o violão, a primeira coisa que vamos
EU POSSO
treinar é uma coisa nova. Isso também é justificado pelo fato de estarmos
descansados.
É melhor fazer algo difícil estando descansado do que tentar fazer no final do
treino, já sem muitas forças.
A sua primeira energia, aquela que te fez ir pegar o violão em cima do armário,
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deve ser utilizada para aprender algo novo.
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CAPÍTULO 8
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Claudia já tocava bem suas músicas preferidas. Conseguia cantar, tinha boa
voz. Ainda precisava ler as cifras para poder acompanhar as músicas pois
tinha dificuldade para memorizar tudo aquilo.
Nas aulas não tinha dificuldade alguma, estudava muito. Tudo o que o profes-
sor pedia ela conseguia fazer.
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Ela aguardava o momento em que se sentiria firme o suficiente para poder
tocar para os outros ouvirem. Tinha uma ansiedade que se misturava com um
medo, e por isso esse momento nunca chegava.
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instrumento.
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O principal de tudo foi o momento valioso que passou junto de sua irmã, e as
risadas que deram juntas.
Depois desse dia Claudia começou a ser cada vez mais ousada. Chegou a
tocar até em uma festa de amigos, tentando acompanhar outro amigo que
também tocava violão e que tinha mais experiência que ela.
Sua firmeza foi aumentando, e sua confiança também. Ela sempre esteve
pronta.
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Após aprender sua primeira música o aluno já está pronto para sua primeira
apresentação. Essa deve ser a filosofia do aprendizado.
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Um violão, mesmo que tocando apenas uma música natalina, já faz toda a
diferença numa reunião. Todos cantam, se confraternizam, dão risadas. É pra
isso que aprendemos.
Tocar sozinho é muito mais fácil. Quando estamos com platéia as possibilida-
des de erro são bem maiores. Saber lidar com essas dificuldades é uma parte
importantíssima do aprendizado que não tem como ser ensinada na escola.
Quando uma pessoa pede pra cantar uma música que você não conhece e
você tenta tocar mesmo assim, o seu aprendizado se impulsiona. Tudo o que
você aprendeu até esse momento vai ser utilizado para tentar acertar esse
acompanhamento. É um exercício sem igual.
Outro fator importante são as horas que passamos com o violão numa situa-
ção como essa. É muito difícil ficar sozinho em casa tocando mais de 1 hora.
Em um churrasco podemos passar muito mais do que isso sem achar
cansativo.
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Nessas horas precisamos tocar alto, temos barulho, pessoas falando, tem que
tirar o som do violão de qualquer forma. Mais um aprendizado incrível.
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CAPÍTULO 9
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EU POSSO
Tenório nunca teve contato direto com a música, ninguém em sua família toca-
va nenhum instrumento. Em sua infância não escutava muita música. Passava
a maior parte do tempo no campo e na plantação. Durante sua vida profissio-
nal sempre foi muito ocupado e nunca teve tempo para estudar música.
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via feito durante sua vida com as habilidades que havia apren-
dido. Só que foi bem diferente.
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Vendo essa situação o professor montou uma turma apenas com alunos mais
velhos, para que todos se sentissem mais à vontade. Chamou Tenório para
participar desse grupo e ele aceitou. O resultado foi excelente. Poucos desis-
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tiram e, no final de um ano, vários já conseguiam tocar bem o violão.
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A vantagem de aprender algo quando somos crianças é que não temos medo
do ridículo, apenas brincamos. Isso muda tudo.
Aqueles que não tiveram o contato inicial quando pequenos precisam muito
desse tipo de exercício, nenhuma teoria escrita vai substituir a sensação da
música. O movimento corporal e o canto são as ferramentas de interiorização
musical mais poderosas que existem.
Se a música não estiver na sua cabeça ela não vai sair pelo violão, pois ele é
apenas um “instrumento” de passagem.
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CAPÍTULO 10
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Cristiano era funcionário de um banco, trabalhava muitas horas por dia. Havia
aprendido alguns acordes quando era mais jovem e tocava algumas músicas
no violão, mas já havia muitos anos que não tocava. Já nem sabia mais onde
tinha guardado seu antigo violão.
Sua vida pessoal não ia muito bem, estava passando por uma fase difícil e
andava muito triste. Ia apenas do trabalho para casa e estava sem ânimo pra
nada.
Numa segunda feira, indo de carro para o trabalho, Cristiano ouviu no rádio
EU POSSO
uma canção muito antiga, que ouvia quando ainda era criança. Aquela músi-
ca lhe trouxe um conforto diferente, como se ele fosse transportado para uma
época em que os problemas ainda não existissem. Ele cantou muito alto no
carro e sentiu uma pequena alegria naquele momento.
APRENDER
resolveu procurar pela cifra dessa música para ver se seria mui-
to complicada. E era.
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Eu posso aprender
Ele não voltou a estudar, não se matriculou em nenhuma escola, mas agora
criou o ótimo hábito de correr para o violão sempre que tem vontade de cantar
alguma coisa que lhe emocione. E fica tudo muito bonito. A beleza da emoção
viva que ele empresta para o violão e para sua voz.
Ouvir música é uma terapia incrível, realmente nos leva a outro estado de es-
pírito, mas tocar é mágico. Tocar nos transforma.
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Isso não acontece sempre, muitas vezes tocamos por tocar, apenas como
uma repetição de movimentos. Mas quando estamos envolvidos com aquela
emoção, com aquele clima, uma música vira um vício. Ela se torna um portal
para um lugar diferente. Aproveitem essas oportunidades.
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envolver completamente fazendo música, mesmo que apenas batucando na
mesa ou cantarolando.
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CAPÍTULO 11
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CUIDADOS ESPECIAIS
Jorge trabalhou como músico profissional por alguns anos. Depois sua vida
foi trilhando outros caminhos e ele acabou se afastando da música.
Tocava muito bem, mas já estava parado faz tempo. Seu violão ficava sempre
guardado em cima do armário e ele quase nunca pegava pra tocar. Quando
criava coragem para tocar algo não gostava do som, sentia que estava mes-
mo esquecendo das coisas que tinha aprendido.
Um dia Jorge precisou comprar um aparelho eletrônico e viu que a loja vendia
cordas para violão. Ele comprou cordas novas, sem saber muito bem por qual
EU POSSO
motivo.
Quando chegou em casa tirou as cordas do violão, limpou ele inteiro com
lustra-móveis e depois colocou as cordas novas.
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quarto, para poder estudar melhor lendo as partituras. Tocou
por muito tempo, curtindo o belo som de seu violão.
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separado de seu violão. A alegria de fazer música tinha voltado, e tudo come-
çou com a troca das cordas.
A nossa motivação para tocar está muito relacionada ao estado de nosso ins-
trumento e ao ambiente em que tocamos.
EU POSSO
O ambiente também influencia. Tocar numa posição desconfortável, sem
apoio para as costas, sem iluminação adequada ou em um ambiente baru-
lhento também são fatores que nos desanimam.
APRENDER
Comece cuidando de seu violão. Troque as cordas, leve-o até um luthier para
que seja feita uma boa regulagem. Se ele estiver precisando de algum ou-
tro reparo, faça, ou então comece a cogitar a possibilidade de comprar um
instrumento um pouco melhor. Esses detalhes farão toda a diferença na sua
motivação.
Estude com calma o seu ambiente de estudos. Ele deve ser arejado, confortá-
vel e muito bem iluminado. Separe uma cadeira sem braço para poder treinar
confortavelmente. Compre uma estante de partituras para colocar os papéis
que você utiliza nos estudos. Compre um suporte para seu violão para que ele
fique sempre disponível para o treino. Muitas vezes não treinamos por que o
violão está muito “difícil”, e só de pensar em tirá-lo da capa já deixamos pra lá.
Com esses pequenos cuidados a sua motivação para os treinos vai aumentar
e, consequentemente, seus aprendizados também.
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CAPÍTULO 12
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O MENINO PRODÍGIO
Sarah era uma jovem mulher, muito bem sucedida nos estudos e no trabalho.
Tinha uma carreira promissora, um casamento firme e um filho de 4 anos,
Pedro Lucas.
Todas as fases da vida de Sarah foram muito precoces, sempre era a mais jo-
vem em suas turmas de colégio e faculdade, e agora era uma das executivas
mais jovens da empresa em que trabalhava. Com apenas 28 anos já tinha um
cargo de muita responsabilidade.
Uma de suas fixações era que seu filho, Pedro Lucas, fosse um garoto muito
EU POSSO
inteligente e que tivesse todas as oportunidades de estudo. Logo nos primei-
ros anos de vida ela imaginou colocá-lo em uma aula de instrumento. Imagina-
va que ele pudesse ser um prodígio, começando os estudos logo na primeira
infância e chegando ao virtuosismo ainda muito jovem. Queria que seu filho
fosse o melhor, como os grandes nomes da música mundial.
APRENDER
escola viu outras crianças muito animadas, estavam todas em
uma aula muito divertida de musicalização infantil. Elas pula-
vam, batiam palmas, cantavam e corriam.
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Eu posso aprender
Após um ano de tentativas Sarah resolveu tirar seu filho das aulas de violão,
acusando a escola de incompetência e ainda buscando algum outro lugar
que pudesse fazer seu filho brilhar mais do que todas as outras crianças.
A grande vítima dessa situação foi o próprio Pedro Lucas, que recebeu uma
cobrança extrema numa fase muito precoce de sua vida, fazendo com que a
música sempre soasse como uma obrigação chata, e nunca como um prazer.
EU POSSO
Sempre ouvimos histórias dos grandes prodígios. Aqueles que começam com
4 ou 5 anos e alcançam altos níveis de virtuosidade. E quando temos os nos-
sos filhos sempre imaginamos que podemos dar essa oportunidade a eles.
Todo pai quer o melhor para seu filho, isso não é errado. Dar oportunidade de
estudo e possibilidades reais de evolução é o que podemos fazer de melhor
APRENDER
por eles. O cuidado principal tem que ser com a pressão excessiva sobre a
criança.
Alguns pais projetam nos filhos os sonhos que não puderam realizar quando
eram jovens. E a música é uma das áreas onde isso mais acontece.
Forçar uma situação para que uma criança alcance altos níveis de rendimento
pode ser altamente traumático. É preciso tomar muito cuidado.
Crie seu ambiente em casa. Escute música, tenha instrumentos, permita que
a criança toque os instrumentos, cante com ela, dance com ela, crie músicas,
aproveite pequenas oportunidades para ensinar algo. Dessa forma o interesse
partirá da própria criança e, com essa motivação, poderemos ter resultados
muito melhores.
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CAPÍTULO 13
Eu posso aprender
MOTIVAÇÃO
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sendo minada por opiniões contrárias e situações adversas.
APRENDER
assunto, toque mais com os amigos, apaixone-se por novas
canções.
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SOBRE O AUTOR
Allan Sales é formado em música pela Universidade Federal do Ceará e em
Administração de Empresas pela FAAP-SP.
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