A. Lê o texto.
OS COLOMBOS1
Fernando Pessoa, Mensagem e Outros poemas sobre Portugal, Lisboa: Assírio & Alvim, 2016, p. 92.
1 “Os Colombos” (inicialmente, intitulado” Ironia”) – Cristóvão Colombo, antes de ir oferecer os seus serviços a Espanha,
veio à corte de D. João II com os seus planos. No entanto, os conselheiros recusam-no e o navegador apoiado por Espanha,
que há muito ansiava por conquistas ultramarinas, vem a descobrir a América.
1. Divide o poema em partes lógicas e sugere, para cada uma delas, uma frase que possa sintetizar
o seu assunto.
2. Explicita um dos efeitos de sentido produzido pelas anáforas presentes na primeira estrofe.
B.
“(…) no mar se simboliza a essência de um ideal ser-se português – o estar com a distância é o jamais aceitar ser
vencido, o não se contentar de ser vencedor (…)”.
Silvina Rodrigues Lopes, Mensagem de Fernando Pessoa, Lisboa: Comunicação, 1984, p. 48.
4. Fazendo apelo à tua experiência de leitura de Os Lusíadas, numa exposição de 130 a 170 palavras,
demonstra de que forma o mar é um espaço de construção do herói português. Ilustra a tua exposição com
dois exemplos significativos.
Lê o seguinte poema.
OCIDENTE
Com duas mãos – o Ato e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
A.
1.
Cenário de resposta
1.ª parte: 1.ª estrofe
Frase: aquilo que Portugal não quis, o que nos escapou, ou o que não fomos nós a descobrir, mas que o Destino
nos deu, outros navegadores hão de ter ou podem achar.
(Sempre hão de haver oportunistas quando não soubermos ou não formos capazes de aproveitar as oportunidades.)
2.ª parte: três primeiros versos da 2.ª estrofe
Frase: só os Portugueses são tocados pela Magia e pelo Destino para fazerem a sua História.
(Os Portugueses são predestinados para realizar a sua missão)
3.ª parte: três últimos versos da 2.ª estrofe
Frase: a glória dos outros povos é efémera por não ser verdadeira, genuína.
(Quem se aproveita da intenção dos outros glória dos outros adquire uma glória falsa)
2.
Cenário de resposta
A anáfora “Outros” (vv. 1 e 3) e “o que” (vv. 2 e 4) têm, entre outros os seguintes efeitos de sentido:
• realça a variedade e a quantidade de indivíduos que podem aproveitar a oportunidade de possuir o que é dos
Portugueses;
• anonimato dos que alcançam uma glória falsa;
• expressa os sentimentos do sujeito poético: ironia, desprezo, desdém…;
• cria uma simultaneidade de vivências (conquistas);
3.
Cenário de resposta
A utilização da maiúscula em “Magia” e em “Longe” põe em evidência:
• as características divinas (“Magia”) da missão portuguesa;
• o facto de os Portugueses se sentirem sempre atraídos pelo “Longe”, pelo inacessível;
• o “Longe” representa a distância, o que ainda está oculto, o desconhecido;
• o desejo e o poder de cumprir uma missão;
• a predestinação;
•…
B
Cenário de resposta
Tópicos sugeridos:
• Os Lusíadas:
– conceção da História de Portugal como demanda mística, como missão;
– o mar como caminho para a conquista da Distância (“Despedidas em Belém”);
– o mar como espaço de construção do herói português (“Consílio dos Deuses”);
– exaltação épica dos feitos dos Portugueses (“Adamastor”);
– o herói português é insatisfeito, corajoso, determinado (Vasco da Gama);
– a viagem marítima à Índia proporciona a imortalidade (“Ilha dos Amores”);
–…
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Grupo I
1. Sem a ação do homem, o Ato, e a intervenção de Deus, o Destino, os Descobrimentos não teriam ocorrido. Tal
como se evidencia no poema, Deus teve de erguer “o facho trémulo e divino” para iluminar o Homem e, deste
modo, afastar o “véu” que ocultava o desconhecido. Assim, os portugueses foram protagonistas no desvendar o
desconhecido graças à Ciência e à Coragem (“a alma a Ciência e corpo a Ousadia”) de que se muniram.
2. A predestinação de Portugal está presente no cumprimento da vontade divina («Foi Deus a alma e o corpo
Portugal»), sendo o «Ato» feito por desígnio de uma força oculta que orientou, através da luz do «facho», os
navegadores portugueses. Os vocábulos «Desvendámos», «afasta», «véu», «rasgou», «desvendou» remetem
primeiro para o mistério e, depois, para a revelação permitida pelo «facho que luziu», pela vontade divina.
3. As mãos representam simbolicamente o Ato e o Destino e é graças a elas que o mistério é desvendado. Com
efeito, se uma das mão, remete para a intervenção divina na ação do homem português; a outra relaciona-se com a
ação do Homem que age, desbravando o caminho agora iluminado pela força do Destino.
4. Características épicas: a ação coletiva de um povo, de qualidades excecionais («Ciência», «Ousadia»), capaz de
executar feitos extraordinários, gloriosos e singulares («afasta o véu», «o véu rasgou», «Desvendámos»);
revelação da vontade divina e da predestinação de Portugal («Foi Deus a alma e o corpo Portugal»); o significado
superior e intemporal da busca: Portugal «que ao Ocidente o véu rasgou».
5. O poema “Ocidente” integra-se na Parte II de Mensagem, intitulada “Mar Português” onde se apresentam os
heróis envolvidos nos Descobrimentos e que adquirem uma dimensão mítica na conquista do mar. Esta segunda
parte tem uma epígrafe latina (“Possessio Maris” – posse do mar) que justifica plenamente a inserção do poema
“Ocidente” nesta parte.