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ORGANIZAÇÃO E APRENDIZAGEM NA EMPRESA

 Como evoluiu a questão da aprendizagem ao nível das empresas?


o Trabalho Artesanal – conhecimentos sobre produtos e processos
dominados e integrados numa pessoa – mestre.
 Com o passar do tempo, observa-se gradual separação do projeto
do produto e do processo em relação à produção, com o advento
das máquinas e o surgimento dos especialistas – engenheiros.
 A tendência de desqualificação do trabalho operário foi maior na
virada do século XX, com Taylor e Ford.

o O Modelo Taylorista buscava o uso eficiente dos recursos humanos


através da medição do tempo para determinada produção, o chamado
Estudo dos Tempos e Movimentos.
 Segundo ele havia 3 tipos de vadiagem dos funcionários que levava
a um desperdício na produção: vadiagem natural (preguiça),
intencional (manha) e o boicote.
 Essa metodologia focada na parte operacional foi denominada
“administração científica” e contribuiu para o aumento da
produtividade e para a separação dos responsáveis pelo
planejamento (gerentes), da execução (operários).
 Procurou substituir a improvisação que reinava na organização dos
processos de produção por procedimentos sistemáticos de
análise.

o O Modelo Fordista teve um conteúdo estratégico: Ford identificou um


mercado potencial inexplorado (classe média) e desenvolveu um produto:
Ford Modelo T de 1908. Depois desenvolveu um sistema de produção
integrado – linha de montagem, com máquinas e ferramentas específicas,
comandadas por profissionais especializados.
 Foi um eficaz modelo de planejamento e racionalização. Ford
buscava ajuste ótimo entre as demandas mecânicas do
trabalho e as qualidades físicas do trabalhador para que não
houvesse qualquer desperdício de energia.
 A autoridade no nível da administração é acentuada, pois
controla todo o processo. Há pouca insegurança em relação aos
métodos e pouca variação nas tarefas a serem executadas.
 As organizações utilizam esse modelo como forma de
assegurar eficácia e eficiência ao seu funcionamento.
 Quais foram os modelos que influenciaram a organização das empresas e
consequentemente suas maneiras de pensar e inovar?
o A Abordagem sociotécnica do trabalho (Inglaterra e Suécia):
 Foi elaborada a partir da crítica às disfunções do trabalho
geradas pela abordagem mecanicista por psicólogos industriais:
baixa produtividade, queda da qualidade, distúrbios
psicossomáticos, conflitos.
 Define como otimização conjunta dos aspectos sociais e técnicos
aquela proposta que leva ao melhor alcance dos objetivos
organizacionais, explorando a adaptabilidade e a criatividade das
pessoas para o alcance das metas em vez de determinar
tecnicamente a maneira pela qual essas metas deveriam ser
atingidas.
 Difundida com a Volvo em 1974, foi organizada a partir de grupos
semi-autônomos, seguida por outras: Shell (Inglaterra), Phillips
(Holanda), Rhodia (Brasil).

o A Abordagem Japonesa: nasceu de uma evolução da prática de


produção japonesa, privilegiando trabalho em grupo, valorizando o
conhecimento e desenvolvimento dos funcionários. É orientada para o
Kaizen, ou seja, o contínuo melhoramento, envolvendo todos, inclusive
gerentes e operários.
 O CWQC – Company Wide Quality Control (Controle de
qualidade por toda a empresa) também é amplamente
intensificado nas indústrias japonesas e dá ênfase em programas
e campanhas que se orientam para a qualidade e produtividade.
Requer que as atividades obedeçam ao ciclo PDCA (Planeje-
Desempenhe-Controle-Aja).
• Constitui-se de dois componentes principais: a manutenção
e o melhoramento. A manutenção se refere às atividades
dirigidas para manter os atuais padrões tecnológicos,
administrativos e operacionais; o melhoramento se refere
àquelas dirigidas para melhorar os padrões atuais.
• Elimina a tradicional hierarquia gerencial, substituindo-a
por equipes multi-qualificadas que trabalham em grupo,
diretamente nos pontos de produção e implementam
decisões conjuntas.
• Fundamentalmente, buscam superar, através da
informação, problemas enfrentados pelo paradigma
anterior de estruturação organizacional: inflexibilidade
produtiva, excesso de perda de produção, excesso de
estoques, lenta capacidade inovadora e pouca diversidade
de produtos.
• Para Ishikawa, seguramente o maior responsável pela
difusão da qualidade no Japão, o TQM baseia-se
fundamentalmente no controle estatístico da qualidade e
na garantia da qualidade, através da remoção das causas
básicas das disfunções da qualidade na indústria. Considera
que a garantia da qualidade é a própria essência do controle
da qualidade total; sendo que a noção básica por trás disso
é a prevenção da reincidência de erros.

o Organização Qualificante: movimento recente que procura novas


alternativas a partir dos modelos expostos anteriormente (Phillipe
Zarifian e Pierre Veltz, franceses).
 Acreditam na diversidade de modelos de organizações.
 Distinguem organização qualificante da qualificada:
 Qualificante – centrada sobre inteligência e domínio das situações imprevisíveis que
servirá como aprendizado; aberta para a explicitação da estratégia da empresa pelos
empregados; favorece o desenvolvimento da co-responsabilidade em torno de
objetivos comuns; dá um conteúdo dinâmico à competência profissional.
 Qualificada – trabalho em equipes, com autonomia e responsabilidade pela qualidade,
custos, produtividade; diminuição de níveis hierárquicos e reaproximação entre as
funções da empresa (manutenção e fábrica, produção e comercial).

 Quais são as funções organizacionais críticas no processo de aprendizagem


e inovação e como integrá-las à estratégia da empresa?

Ambiente
Capacitações Objetivos

Estratégia

Fatores Críticos de Sucesso

Funções Críticas

Comercial Tecnologia Finanças

P&D&E Produção Serviços

Indicadores de Desempenho
o O papel da função Tecnologia nas empresas:
 Hoje ela é parte integrante da estratégia competitiva;
 As empresas líderes de mercado estão adotando uma estratégia
tecnológica que privilegia a focalização da empresa, a integração
de todas as suas funções e sua capacitação em determinadas core
competences (competências nucleares que correspondem à
aprendizagem coletiva, relacionada à coordenação das diversas
competências de produção e à integração dos fluxos de
tecnologia), o desenvolvimento e inovação em core products
(principais produtos) que lhe dão liderança mundial, associado a
uma estratégia de alianças e joint-ventures para manter a
vantagem competitiva.
 Ex.: Cannon detém 84% do mercado mundial de motores das
impressoras a laser, embora tenha minúscula fatia do mercado de
impressoras; Honda em motores; Phillips em mídia ótica.

 Como ocorre a aprendizagem e inovação em empresas situadas em países


de industrialização tardia, como o Brasil? Até que ponto elas se
diferenciam daquelas descritas para os casos de empresas líderes em
países industrialmente avançados?
o Os chamados NICs (América Latina: Brasil, México, Argentina), Tigres
Asiáticos (Coréia, Taiwan, Cingapura e Hong Kong) e os novos tigres:
Malásia, Tailândia, Filipinas e Indonésia).
o Práticas e mecanismos que sustentam o processo de aprendizagem e
capacitação:
 Aprender ao operar (processos de feedback)
 Aprender ao mudar (manipular o conteúdo – a caixa-preta)
 Aprender pela análise do desempenho (a escolha dos
indicadores para fazer a análise crítica deve refletir a estratégia
competitiva da empresa).
 Aprender ao treinar (processos complexos apropriados no
treinamento)
 Aprender por contratação (contratar pessoas especialistas para
desenvolver um projeto).
 Aprender por busca (transferência de tecnologia)

o A grande maioria das empresas brasileiras já utilizou os modelos


apresentados na maioria das vezes para apagar incêndios, mais do que
uma estratégia consciente.
o O desafio para empresas de países com industrialização tardia é
administrar a aprendizagem com vistas a alcançar, ou pelo menos
equiparar os patamares de competitividade nos quais estão as
empresas dos países avançados industrialmente.

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