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Florianópolis/SC
2019
DIEGO MÁRLON FERRO
Florianópolis/SC
2019
DIEGO MÁRLON FERRO
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Professor e orientador Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade...
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Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade do Sul de Santa Catarina
A lição número um, eu aprendi com meu pai,
quem não sabe para onde vai, não vai à lugar
algum. Obrigado pelo constante exemplo PAI.
AGRADECIMENTOS
Primeiro a Deus!
Minha família, pelo apoio incondicional, me ensinaram o valor da vida, os valores relevantes
e principalmente a nunca desistir. Obrigado meu pai Jolcemar, minha mãe Lisabete e meu
irmão Pedro Augusto, o futuro lhe reserva o melhor.
A Camila, por ser o presente maior que já tive.
A Universidade do Sul de Santa Catarina, pela oportunidade de crescimento.
Ao meu orientador, Professor Dr. Flávio Ricardo Liberali Magajewski, pela atenção e auxílio
na realização deste trabalho.
Aos meus amigos e parentes, por entenderem a minha ausência neste período.
E por fim todas as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse
trabalho.
“Esforço vence o talento, quanto o talento não se esforça”
(Autor Desconhecido).
RESUMO
The participation of the manufacturing industry in gross domestic product (PIB), more
specifically in the Brazilian agroindustrial sector, accounts for one of the largest economic
movements, with growth of around 3% for the year 2018. This growth is indicative of growth
and generation of jobs, which bring with them the concerns about maintaining the quality of
the products generated, as well as the welfare of the workers involved in this productive
chain. Therefore, an analysis with a focus on the most representative sectors of the food
industry, through the CNAE, can present the biological, ergonomic, burn so many and varied
ways in which a worker may suffer an accident in the food industry's work environment. In
this way, measuring and elucidating the data corresponding to the sector in question,
represents a tool of paramount importance in the adoption of preventive measures to the
physical and mental integrity of the worker. In this regard, the study shows that the
implementation of the Norma Regulamentadora (NR-36) was important for reducing accident
rates, focusing on slaughterhouses, a sector with a higher incidence of work-related accidents.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 14
2.1.1 Objetivos Específicos................................................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 15
3.1 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS...................................................................................... 15
3.1.1 Histórico da industrialização de alimentos ............................................................... 15
3.1.2 Importância socioeconômica da indústria de alimentos .......................................... 16
3.1.3 Santa Catarina ............................................................................................................. 17
3.2 ACIDENTE DE TRABALHO ........................................................................................ 19
3.2.1 Tipos de acidente de trabalho .................................................................................... 20
3.2.2 NR-36 ............................................................................................................................ 21
3.2.3 Acidentalidade no mundo ........................................................................................... 22
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................................................... 24
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 26
5.1 ACIDENTES DE TRABALHO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS ...................... 27
5.2 ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO 30
5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos ................................................. 33
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
12
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
alimentares para sua sobrevivência, ou mesmo por acaso, quando em função da exposição
permitida aos produtos, esses adotaram características que se tornaram vantajosas. Isso
mesmo antes de adquirir o controle da agricultura e da criação de animais para consumo.
A transformação da sociedade, primordialmente vinculada a subsistência agrária para
uma nova realidade, concentrando-se em centros populacionais, dá início a aplicação de
técnicas até hoje empregadas na manipulação de alimentos. Os principais métodos
desenvolvidos surgiram em função do distanciamento entre concentração de consumo e local
de produção, inferindo a necessidade de preservação de qualidade dos produtos.
Nesse contexto, o advento tecnológico tem reflexo direto na indústria de alimentos. A
criação de técnicas que permitisse maior produção, com produtos que pudessem ser enviados
para locais distantes de consumo, fizeram com esse setor crescesse e para tanto o número de
postos de trabalhos deveria acompanhar essa evolução. Dessa forma, a cadeia produtiva de
alimentos, indústria de processamento e manufatura tem se tornado um setor de grande
importância social e econômica.
As indústrias de alimentos, além de gerar maior valor agregado aos produtos e dessa
forma, contribuir com a maior arrecadação e abertura de novos mercados, também têm grande
importância socioeconômica interna. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária
(CNA), a agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos.
A ampliação dos setores de agro industrialização, buscando aprimoramento e maior
beneficiamento da produção, pode entre outros fatores contribuir para a geração de empregos.
Uma vertente já existente é a produção realizada pelos agricultores familiares, que constitui
em uma importante alternativa de geração de emprego e renda no meio rural. Sendo uma
alternativa econômica para a fixação populacional no campo e para a construção de um novo
modelo de desenvolvimento sustentável na cadeia agrícola. A produção do campo tem suma
importância para toda cadeia da produção de alimentos, por ser o ponto de partida para a
obtenção de produtos de qualidade.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústria de Alimentação – ABIA (2019),
no segmento da indústria de transformação do país, a indústria de alimentos corresponde a
cerca de 1,6 milhões de empregos diretos. Isso representa, US$ 33,4 bilhões dos US$ 67
bilhões da balança comercial do Brasil, atribuídos aos alimentos processados. Deste montante,
o mercado interno corresponde a 80,7% do faturamento do setor, e as exportações, 19,3%, de
acordo com o Relatório Anual da ABIA (ABIA, 2017).
Apesar da situação enfrentada pela economia brasileira nos últimos anos, especialmente
na indústria de alimentos, considerando-se os grupos de Classificação Nacional de Atividade
Econômica - CNAE para o setor de transformação, no período de 2006 a 2015, houve uma
alta consistente no número de empregos em todo o período, em praticamente todas regiões do
país.
A indústria de alimentos, considerando-se todos os seus grupos e classes da CNAE,
constitui o setor da indústria de transformação brasileira de maior importância em termos de
geração de empregos, englobando 21,3% de todos os empregos formais da indústria de
transformação para o ano de 2015 (VIANA, 2016).
Santa Catarina é o estado brasileiro que construiu ao longo dos anos uma reputação
mundial, sinônimo de qualidade e competitividade. Exemplo disso é o reconhecimento de
18
único estado da nação livre da febre aftosa sem vacinação, constituindo um cenário favorável
à abertura aos exigentes mercados externos. Desta forma, um dos mais expressivos e
conhecidos setores da indústria de transformação do estado, é a indústria de alimentos e uma
vertente considerável trata-se do processamento de produtos cárneos e lácteos.
As agroindústrias no estado inserem-se nas discussões mais recentes do sistema
agroalimentar e da agregação de valor aos produtos agropecuários. No entanto, o setor tem
nesse modelo de mercado um longo histórico, como sede de várias indústrias de âmbito
mundial, prezando pela qualidade de seus produtos, tendo como base a agricultura familiar.
Nesse quesito, o oeste catarinense ganha destaque, pela concentração em número de empresas
de transformação e beneficiamento de produtos alimentícios, bem como pelos colaboradores
desta cadeia industrial, ligados de maneira direta ou indireta ao sistema produtivo.
O desenvolvimento das unidades agroindustriais em Santa Catarina, é baseada na
instalação em locais em que há agricultura, geralmente familiar, consolidada há algum tempo,
e se utilizam de recursos locais, tecnologias apropriadas ao ecossistema local (GAZOLLA,
M.; PELEGRINI, 2011). Reflexo deste processo é a acentuada concentração de unidades de
processamento, principalmente de derivados cárneos no oeste do estado, onde políticas de
incentivo público e privado fizeram com a região se desenvolve. Nesse sentido, Santa
Catarina contribui de maneira significativa para a economia nacional, exemplo disso é a
análise da produção de embutidos cárneos, sendo que a região sul brasileira responde por 97,9
% dos estabelecimentos que produzem embutidos no Brasil, e dados da revista Exame
apontam que Santa Catarina é o estado com maior número de representantes na lista das
maiores empresas da região Sul (IPEA, 2013).
É nessa direção que, em diferentes momentos, o Estado catarinense exerceu papel
preponderante para o desenvolvimento regional, mas sempre atendendo à determinada parcela
de beneficiados. No caso do Oeste de Santa Catarina, isso ocorreu com a concessão de áreas
para empresas de colonização no início da ocupação regional, na implantação de políticas de
fortalecimento da base produtiva ou na implantação de infraestrutura como suporte para o
setor agroindustrial em diversos municípios (PERTILE, 2011).
Concomitantemente à expansão agroindustrial em Santa Catarina, tem-se o surgimento
de novos postos de trabalho, fazendo com o cresça o emprego não apenas agrícola, mas que
atendam com a urbanização, a evolução do mercado na direção do consumo em massa. Esse
processo que ocorre dentro do modelo de desenvolvimento brasileiro fez aumentar a procura
por produtos processados, ampliando as oportunidades de mercado para o setor agropecuário
(ICEPA, 2012).
19
Portanto, a junção dos interesses públicos e privados (do Estado em desenvolver o setor
industrial na região e o dos agroindustriais em beneficiar-se dos recursos por ele
disponibilizados) foi condição essencial para a consolidação das agroindústrias no Oeste do
estado de Santa Catarina, tornando-se uma região especializada na produção agroindustrial de
carnes para atender principalmente ao mercado externo (PERTILE, 2011).
Acidente típico: é o que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho
(ROSSAL e RUBIN, 2013);
3.2.2 NR-36
Os dados de acidentes do trabalho mais atuais enviados pelo governo brasileiro são do
ano 2000, motivo pelo qual, captamos os dados acidentários divulgados pela Previdência
Social por meio dos Anuários Estatísticos da Previdência Social (AEPS 2015) juntamente
com os dados da RAIS/MTE, incluindo assim, os números de acidentes do Brasil no ranking
da OIT.
Com base nas informações da OIT foi possível a construção de uma tabela, que
relaciona números alusivos à quantidade de trabalhadores, população em geral, PIB per
capita, acidentes de trabalho, acidentes a cada 100 mil trabalhadores, mortes, mortes a cada
100 mil trabalhadores e mortes a cada 10 mil acidentes para cada um dos países. Ainda, em
cada uma das informações, a posição (P) que o país ocupa em nível mundial, para auxiliar no
comparativo das informações. Dentre os países com maior população de trabalhadores, em
ordem decrescente, estão: China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. A Tabela 1,
relaciona essas informações.
Além desses dados, o Anuário Brasileiro de proteção (2017), reporta também que em
relação ao número de mortes por acidente de trabalho, vê-se que o Brasil ocupa o quarto lugar
no ranking mundial ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Tailândia e China. Nos
acidentes de trabalho, o país é o quinto colocado atrás da Colômbia, França, Alemanha e
Estados Unidos. O fato da lista indicar alguns países mais desenvolvidos nas primeiras
posições surpreende e não necessariamente quer dizer que as condições de trabalho sejam
precárias nestes países. Uma hipótese é que os dados seriam melhor apurados e mais
fidedignos do que em outros países menos desenvolvidos.
24
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ano Quantidade
2009 45.193.098
2010 48.649.216
2011 51.681.597
2012 53.912.656
2013 55.687.889
2014 56.625.128
2015 54.656.148
2016 51.378.905
Fonte: AEPS (2016)
principais códigos CNAE, foram relacionados para o estudo em questão. Conforme Tabela 3,
é possível observar a ampla variedades de ramos que compõe o setor de transformação de
alimentos.
Nº CNAE Descrição
1111-9 Fabricação de aguardente e outros
1112-7 Fabricação de vinho
1113-5 Fabricação de malte, cerveja e chopes
1122-4 Fabricação de refrigerantes e outras
1011-1/01 Frigorífico - Abate de bovinos
1012-1/01 Frigorífico - Abate de aves
1012-1/03 Frigorífico - Abate de suínos
1051-1 Preparação de Leite
1052-0 Fabricação de Laticínios
1091-1 Fabricação de produtos de panificação
1091-5 Fabricação de massas alimentícias
1092-9 Fabricação de biscoitos e bolachas
1093-7 Fabricação de produtos derivados do cacau, de chocolates e confeitos
1095-3 Fabricação de especiarias, molhos, temperos e condimentos
1096-1 Fabricação de alimentos e pratos prontos
1096-1/00 Fabricação de alimentos e pratos prontos
1099-6 Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente
Fonte: AEPS (2016)
Figura 2 – Número de acidentes de trabalho por CNAE entre os anos de 2009 e 2016
16000
14000
Número de acidentes por CNAE
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Com base na análise dos dados (Figura 2), é possível observar que o setor
correspondente à cadeia de frigoríficos de abate de suínos e aves, apresentou a maior redução
no número de acidentes de trabalho no período estudado. Ainda assim o setor é responsável
pelos maios índices de acidentalidade, quando comparado aos demais setores relacionados.
No Brasil, as indústrias de abate e processamento de aves ou matadouros-frigoríficos
são os estabelecimentos dotados de instalações completas e equipamentos adequados para o
abate, manipulação, elaboração, preparo e conservação das espécies de açougue sob variadas
formas, com aproveitamento completo, racional e perfeito, de subprodutos não comestíveis,
possuindo instalações de frio industrial (BRASIL, 1952). Entre os vários elos que formam a
cadeia produtiva interessa ao presente estudo especificamente a etapa de abate de aves ou
abatedouro que é o quinto elo da cadeia produtiva, responsável pelo surgimento do produto
final: o frango resfriado, congelado, inteiro e em pedaços/cortes.
Com a força da cadeia produtiva de carnes, o Brasil alcança grande importância como
provedor do mercado mundial, sendo responsável por significativa parcela da produção
mundial de carne bovina. Nesse contexto, ganha destaque a cadeia de suínos e frangos, são
atividades econômicas fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil e de forma
mais efetiva para o desenvolvimento das regiões onde estão inseridas.
vestuário e acessórios (9,3%) e metalurgia (7,8%). Já no Rio Grande do Sul, o setor que mais
empregava era o de alimentos (19,2%), seguido pelo de artefatos de couro, artigos para
viagem e calçados (16,7%) e, em terceiro lugar, pelo de máquinas e equipamentos e produtos
de metal (8,8% cada). No Paraná, o setor que mais empregava era o de alimentos (29,5%),
seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (9,3%) e pelo de móveis
(5,9%). Em Santa Catarina, o setor que mais empregava era o de alimentos (17,1%), seguido
pelo de confecção de artigos do vestuário e acessórios (17,0%) e, em terceiro lugar, pelo de
produtos têxteis (8,6%).
Mediante o exposto, é possível inferir que a concentração de indústrias de
transformação de alimentos é mais pronunciada na região sul do Brasil. Ao analisarmos esses
dados, observa-se que na região sul, tem-se a atividade do setor alimentício como uma das
principais atividades industriais, sendo base da economia de diversos municípios, por vezes
por serem estas as cidades sede de algumas das grandes empresas do setor.
A Tabela 4 apresenta o número de acidentes de trabalho por região dentro do período de
2009 e 2016. Observa-se a maior incidência de eventos para as regiões sudeste e sul do país,
corroborando com os dados anteriores, quanto à maior concentração de unidades fabris nessas
localidades.
Região 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total
Centro- 51.3 47.7 48.3 49.5 51.7 50.9 45.5 44.1 395.3
Oeste
Norte 31.1 29.7 31.7 32.2 31.8 31.8 28.2 24.9 241.4
Nordeste 92.1 91.2 93.7 90.5 88.1 87.5 74.8 68.8 686.7
Sudeste 392.4 382.2 391.3 390.9 394.7 383.1 334.8 310.8 2980.2
Sul 166.4 158.4 155.4 150.5 159.2 159.0 138.8 130.2 1.217.9
Total 733,3 709,2 720,4 713,6 725,5 712,3 622,1 578,8 5515,20
*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil
Fonte: AEPS (2016)
de bastante peso no emprego industrial (21,3% do emprego industrial brasileiro), ele também
é bastante desconcentrado regionalmente. No entanto, analisando as principais regiões
industrializadas e cruzar esses dados com o número de acidentes por região, conforme Tabela
4, é possível estabelecer uma proporção de acidentes ao setor de transformação de alimentos
para o ano de 2015 conforme apresentado na Tabela 5.
Estados 2015
São Paulo 53.2
Rio Grande do Sul 26.6
Santa Catarina 23.7
Paraná 40.9
Total 144.4
*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil
Fonte: AEPS (2016)
Identificar a origem e o tipo de acidentes pode ajudar a descobrir qual setor vivencia
relativamente mais acidentes ocupacionais dentro da cadeia industrial de alimentos. No
entanto, o tipo de acidente pode não ser apenas função do ambiente de trabalho, mas também
por fatores externos à empresa, como funcionários e suas condições de vida. Como resultado,
se esses fatores puderem ser identificados, as fontes dos acidentes poderiam ser determinadas.
Por exemplo, os acidentes podem ser causados por inexperiência por parte dos funcionários,
treinamento inadequado e condições ruins no trabalho, bem como no translado de casa para o
trabalho, estresse e outros fatores.
Para identificar as variáveis que afetam o tipo de acidentes no setor manufatureiro e
possibilitar uma ação mais pontual, fatores antecedentes do acidente em níveis variáveis que
maximizam o grau de probabilidade do tipo de acidentes (ALTUNKAYNAK, 2018), devem
ser analisados. Para tanto o tratamento de dados em função do histórico registrado é dado
como uma importante ferramenta nesse quesito.
33
Dentre eles estão as taxas de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de
Acidentes (T2), conforme apresentado através da Tabela 8.
trabalhadores no período. Mesmo com as oscilações, o que se observou é que ocorreu uma
pequena variação na taxa se analisarmos ao longo do período. Porém vale ressaltar que no
intervalo de tempo estudado, houve uma diminuição de cerca de 20% para as maiores taxas
encontradas. Quando falamos de acidentes, são aqueles eventos que resultam em perdas,
sejam por custos financeiros ou de saúde, significativos para as empresas, o trabalhador e a
sociedade em geral. São custos variáveis por tipo de acidente e são mais elevados à medida
que a duração da licença por doença resultante do acidente aumenta. Os dias de trabalho
perdidos devido a lesões relacionadas ao trabalho foram propostos como uma métrica
alternativa para avaliar a segurança no local de trabalho (COLEMAN; KERKERING, 2007).
Os dados levantados permitem ainda fazer um relação com a criação e regulamentação
oficial da normativa NR-36. A norma que entrou em vigor em 2013 obriga o empregador a
adotar meios técnicos e organizacionais para reduzir os esforços nas atividades de manuseio
de produtos, levantamento, transporte, descarga, manipulação e armazenamento de produtos,
partes de animais e materiais. Além disso, relaciona orientações quanto à condições
ambientais, gerenciamento de riscos e treinamento dos colaboradores. São todas ações que
visam a melhor qualidade do produto final, mas também representam uma grande
preocupação quanto ao trabalhador. Reflexo da implantação dessa normativa pode ser
atribuído a queda das taxas de incidência de acidentalidade nos setores englobados na norma,
para os anos subsequentes ao ano de implantação desta.
Dessa forma, as taxas analisadas são indicadores de necessidade de maior atenção para
fortalecer a economia do país, tendo em vista um mercado que representa grande percentual
de atuação para o PIB. Mas também, este estudo releva que o mesmo setor de grande
importância no país é também o que mais contribui com afastamentos e lesões decorrentes da
atividade em postos de trabalho. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de
treinamento de segurança e supervisão adequada que contribuem para o risco de acidentes e
por ventura até o óbito (SÁMANO-RÍOS et al., 2019). A Figura 3 relacionada a taxa de óbito
na indústria de transformação.
38
Fonte: o autor
Fatores temporais, como o dia da semana, a hora do dia de trabalho (número de horas de
trabalho concluídas pelo trabalhador quando o acidente ocorreu) e a hora do dia (entre 0 e 24)
podem ser relacionados à gravidade do problema. Acidentes no setor de construção na
Espanha, o percentual de acidentes graves aumenta à medida que a semana passa (CAMINO
LÓPEZ et al., 2011). Além disso, uma maior duração de licença médica após acidentes ocorre
nos finais de semana (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012). A
gravidade do acidente é maior em determinados momentos do dia, principalmente após o
almoço (CAMINO LÓPEZ et al., 2011) e após a sexta hora do dia de trabalho (MORAL;
CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012).
De qualquer forma, o que a Figura 3 apresenta são valores que não correspondem ao
esperado para atividades que envolvem trabalhadores. No período estudado é observado que a
taxa de mortalidade aumentou, com pico no ano de 2014. Esse comportamento pode estar
relacionado com fatores genéricos de risco, aumentando o prejuízo no trabalho em qualquer
idade. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e
supervisão adequada contribuem para o risco de lesões, independentemente da idade
(SÁMANO-RÍOS et al., 2019).
Em sistemas industriais complexos e tecnológicos, se algumas variáveis de controle
saírem de sua faixa natural, isso pode ser visto como um sinal de uma falha de equipamento
ou um desvio de um processo. Para enfrentar este tipo de eventos e / ou evitar o
escalonamento de um incidente ou acidente, é comum implementar barreiras de segurança
39
cuja função pode ser classificada como preventiva (diminuindo a probabilidade de ocorrência)
ou protetora (reduzindo a gravidade das conseqüências). Se a função não for cumprida,
significa a falha da barreira de segurança, resultando muitas vezes em conseqüências
catastróficas para pessoas, propriedades ou meio ambiente (SOBRAL; GUEDES SOARES,
2019).
40
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
<http://www.protecao.com.br/noticias/leia_na_edicao_do_mes/no_topo_do_ranking_de_acid
entes_de_trabalho,_industria_alimenticia_e_destaque_deste_mes/AJy4A5y5/5342>.
RAIS. Relação Anual de Informações Sociais. Disponível em:
<www.rais.gov.br/sitio/tabelas.jsf>. Acesso em: 17 fev. 2019.
RUBIN, Fernando; ROSSAL, Francisco. Acidentes de Trabalho. São Paulo: LTr, 2013.
SÁMANO-RÍOS, M. L. et al. Occupational safety and health interventions to protect young
workers from hazardous work – A scoping review. Safety Science, v. 113, n. November 2018,
p. 389–403, 2019.
SOBRAL, J.; GUEDES SOARES, C. Assessment of the adequacy of safety barriers to
hazards. Safety Science, v. 114, n. December 2018, p. 40–48, 2019.
VIANA, F. L. E. Indústria de alimentos. Caderno Setorial Etene, v. 1, 2016.