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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:


OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Florianópolis/SC
2019
DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:


OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Engenharia de Segurança
no Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina como requisito parcial à obtenção do
título de Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Magajewski.

Florianópolis/SC
2019
DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:


OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Esta Monografia foi julgada adequada à


obtenção do título de Especialista em
Engenharia de Segurança no Trabalho e
aprovada em sua forma final pelo Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Florianópolis, 25 de março de 2019.

______________________________________________________
Professor e orientador Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade...

______________________________________________________
Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade do Sul de Santa Catarina
A lição número um, eu aprendi com meu pai,
quem não sabe para onde vai, não vai à lugar
algum. Obrigado pelo constante exemplo PAI.
AGRADECIMENTOS

Primeiro a Deus!
Minha família, pelo apoio incondicional, me ensinaram o valor da vida, os valores relevantes
e principalmente a nunca desistir. Obrigado meu pai Jolcemar, minha mãe Lisabete e meu
irmão Pedro Augusto, o futuro lhe reserva o melhor.
A Camila, por ser o presente maior que já tive.
A Universidade do Sul de Santa Catarina, pela oportunidade de crescimento.
Ao meu orientador, Professor Dr. Flávio Ricardo Liberali Magajewski, pela atenção e auxílio
na realização deste trabalho.
Aos meus amigos e parentes, por entenderem a minha ausência neste período.
E por fim todas as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse
trabalho.
“Esforço vence o talento, quanto o talento não se esforça”
(Autor Desconhecido).
RESUMO

A participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB), mais


especificamente do setor agroindustrial brasileiro, responde por umas das maiores
movimentações econômicas, com crescimento de cerca de 3% para o ano de 2018. Esse
crescimento é indicativo de crescimento e geração de postos de trabalho, os quais trazem
consigo as preocupações quanto à manutenção da qualidade dos produtos gerados, bem como
do bem estar dos trabalhadores envolvidos nessa cadeia produtiva. Para tanto, uma análise
com enfoque nos setores de maior representatividade da indústria de alimentos, através dos
códigos de classificação de atividade econômica (CNAE), pode apresentar os riscos
biológicos, ergonômicos, de queimaduras, de incêndio, de choques, de cortes, dentre outras
tantas e variadas formas pelas quais um trabalhador pode sofrer um acidente no ambiente
laboral da indústria de alimentos. Desta forma, mensurar e elucidar os dados correspondentes
ao setor em questão, representa ser uma ferramenta de suma importância na adoção de
medidas preventivas à integridade física e mental do trabalhador. Nesse quesito, o estudo
demonstra que a implantação da Norma Regulamentadora (NR-36), foi importante para a
redução das taxas de acidentalidade, com foco em frigoríficos, setor de maior incidência de
acidentes de trabalhado.

Palavras-chave: Acidentalidade. Indústria de alimentos. Classificação econômica. Taxas de


incidência.
ABSTRACT

The participation of the manufacturing industry in gross domestic product (PIB), more
specifically in the Brazilian agroindustrial sector, accounts for one of the largest economic
movements, with growth of around 3% for the year 2018. This growth is indicative of growth
and generation of jobs, which bring with them the concerns about maintaining the quality of
the products generated, as well as the welfare of the workers involved in this productive
chain. Therefore, an analysis with a focus on the most representative sectors of the food
industry, through the CNAE, can present the biological, ergonomic, burn so many and varied
ways in which a worker may suffer an accident in the food industry's work environment. In
this way, measuring and elucidating the data corresponding to the sector in question,
represents a tool of paramount importance in the adoption of preventive measures to the
physical and mental integrity of the worker. In this regard, the study shows that the
implementation of the Norma Regulamentadora (NR-36) was important for reducing accident
rates, focusing on slaughterhouses, a sector with a higher incidence of work-related accidents.

Keywords: Accidentality. Food industry. Economic classification. Incidence rates.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Contribuintes empregados por estado federativo .................................................... 27


Figura 2 – Número de acidentes de trabalho por CNAE entre os anos de 2009 e 2016 .......... 29
Figura 3 – Taxa de Mortalidade pelo total de trabalhadores .................................................... 38
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Acidentalidade nos cinco primeiros países em número populacional .................... 23


Tabela 2 – Número de vínculos empregatícios no Brasil entre 2009 e 2016 ........................... 26
Tabela 3 – Principais atividades econômicas das indústrias de alimentos no Brasil ............... 28
Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho por região* ........................................................ 31
Tabela 5 – Número de acidentes na indústria de alimentos no ano de 2015 para os principais
estados industrializados ............................................................................................................ 32
Tabela 6 - Taxas de acidentalidade nas indústria de alimentos por ano ................................... 33
Tabela 7 – Taxa de incidência de acidentes pelo total de trabalhadores por CNAE ................ 34
Tabela 8 - Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes
(T2) ........................................................................................................................................... 35
Tabela 9 - Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3) .......... 36
LISTA DE SIGLAS

ABIA - Associação Brasileira das Indústria de Alimentação


AEAT - Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho
AEPS - Anuários Estatísticos da Previdência Social
CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho
CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária
CNAE - Classificação Nacional de Atividade Econômica
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - Do Inglês (Food and
Agriculture Organization of the United Nations)
ICEPA - Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
MET – Ministério do trabalho
NR - Norma Regulamentadora
OIT - Organização Internacional do Trabalho
PIB - Produto Interno Bruto
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
SST - Segurança e Saúde do Trabalho
SUB - Sistema Único de Benefícios
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 14
2.1.1 Objetivos Específicos................................................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 15
3.1 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS...................................................................................... 15
3.1.1 Histórico da industrialização de alimentos ............................................................... 15
3.1.2 Importância socioeconômica da indústria de alimentos .......................................... 16
3.1.3 Santa Catarina ............................................................................................................. 17
3.2 ACIDENTE DE TRABALHO ........................................................................................ 19
3.2.1 Tipos de acidente de trabalho .................................................................................... 20
3.2.2 NR-36 ............................................................................................................................ 21
3.2.3 Acidentalidade no mundo ........................................................................................... 22
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................................................... 24
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 26
5.1 ACIDENTES DE TRABALHO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS ...................... 27
5.2 ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO 30
5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos ................................................. 33
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
12

1 INTRODUÇÃO

O setor agroindustrial brasileiro, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em


Economia Aplicada – CEPEA (2018), responde por uma grande parcela da movimentação do
PIB nacional, com expectativa de crescer 3,17% até o final de 2018, com base em dados
obtidos no primeiro trimestre do mesmo ano. Importante se avaliar que, esse crescimento é
reflexo do aumento da demanda mundial por alimentos, em função do aumento da população
e abertura de novos mercados.
A evolução em volume apresentada pelo agronegócio como um todo, indica também o
crescimento em exportação e emprego. Associado a isto estão questões de qualidade, no que
diz respeito à produto, mas também à manutenção das condições de trabalho e qualidade de
vida do trabalhador, peça fundamental nessa cadeia produtiva.
O ambiente de trabalho em uma indústria de alimentos pode apresentar riscos biológicos,
ergonômicos, de queimaduras, de incêndio, de choques, de cortes, dentre outras tantas e
variadas formas pelas quais um trabalhador pode sofrer um acidente no ambiente laboral.
Desta forma, é de suma importância a adoção de um conjunto de medidas a serem seguidas
para a prevenção ou minimização dos acidentes de trabalho. Neste quesito ao trabalho de
segurança visa garantir a integridade do trabalhador, destacando a necessidade de se ter
ferramentas e informações que auxiliem na execução deste trabalho.
A importância desse assunto se justifica quando observados os dados referentes ao
número de mortes e acidentes de trabalho registrados em todo o território nacional, no
segmento industrial, principalmente na indústria de transformação, com cerca de 32 % do
total de registros, dentre os quais 7,7 % relativos à indústria de produtos alimentícios e
bebidas (GUEDES, 2014).
Os elevados números de acidentes nas indústrias alimentícias, podem ser resultados de
um setor que vem trabalhando de forma intensa nos últimos anos a fim de atender a ascensão
de vendas no país e de embarques de produtos para o restante do mundo. O bom desempenho
do setor por vezes gera pressão no chão de fábrica, por uma produtividade cada vez maior, o
que pode se tornar prejudicial ao trabalhador, por falta de atenção e estresse de sobrecarga,
estar mais suscetível à acidentes.
Os números que engrandecem positivamente o setor também refletem um cenário
bastante preocupante. Tendo em vista a relevância deste assunto, uma ferramenta ganha
destaque para a realização deste estudo. No âmbito de quantificar estas ocorrências, o que
torna possível a orientação de recursos, e não apenas financeiros, mas também de atenção
13

com ambiente laboral, é que se insere a utilização da plataforma da previdência social


brasileira. O advento tecnológico tornou possível que dados referentes aos trabalhadores
fossem disponibilizados em plataforma online, aqui são instrumentos de estudo, de modo à
auxiliar na compreensão dos maiores fatores de acidentalidade e dessa forma possibilitar
esforços mais direcionados no foco destas ocorrências. Uma vez que resultados como este
sejam disponibilizados, pode-se considerar como um instrumento que associado a práticas de
segurança, treinamentos e monitoramento, torne ainda maior a qualidade no ambiente laboral,
beneficiando toda cadeia produtiva e o estado como um todo.
14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a evolução dos acidentes de trabalho relacionados à Atividade Industrial


Brasileira da Produção de Alimentos, no período que compreende os anos de 2009 e 2015.

2.1.1 Objetivos Específicos

 Analisar a tendência temporal dos acidentes de trabalho relacionados com a classe


do CNAE que representa as atividades da Indústria de Alimentos.
 Analisar os acidentes de trabalho em função do motivo e situação.
 Determinar as taxas de incidência e mortalidade no período estudado.
15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A indústria nacional de transformação de alimentos apresenta grande diversidade de


postos de trabalho e para alguns setores a necessidade de um número expressivo de
trabalhadores em uma mesma função, com atividades repetitivas e longas jornadas de
trabalho.
Analisar e fazer tratamento estatístico dos dados de acidentes de trabalho que estão
relacionados na base de dados da previdência social, para o setor da indústria de alimentos
pode auxiliar o país a melhorar alguns índices preocupantes. Segundo a FAO (2017), o Brasil
é apontado como o maior exportador de produtos alimentícios do mundo, setor que
corresponde por grande parte da economia nacional. No entanto, este mesmo setor apresenta
um dos mais altos índices de acidentes do trabalho (PROTEÇÃO, 2013).
Tendo em vista a ampla massa de trabalhadores neste ramo de trabalho, torna-se
inerente a preocupação no que diz respeito a incidência de acidentes de trabalho em indústrias
de alimentos. Dessa forma, confrontar dados históricos com os atuais, e as exposições aos
riscos envolvidos, são iniciativas de prevenção em virtude da mensuração dos pontos críticos
apontados, auxiliem no controle e prevenção em benefício do trabalhador.

3.1 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

3.1.1 Histórico da industrialização de alimentos

A indústria de alimentos, com a variedade de produtos e diferentes formas de consumo


das quais dispomos atualmente, tem relação direta com a evolução da sociedade e
necessidades que se apresentaram com o passar do tempo. Neste cenário, a crescente demanda
por alimentos, impulsionou o desenvolvimento de toda cadeia produtiva, com criação de áreas
de conhecimento que possibilitassem aporte necessário ao crescimento deste mercado.
Quando se fala em indústria de alimentos, faz-se menção aos postos de trabalho em que
ocorra a aplicação de técnicas e métodos de preparo, processamento, controle,
armazenamento, distribuição e utilização de alimentos. Todos estes setores visam conduzir as
atividades prezando pelo aperfeiçoamento dos processos, de modo a garantir a manutenção do
padrão de qualidade destes.
O que se entende hoje como processamento de alimentos, é evolução que remonta de
épocas rudimentares. Tenha sido por necessidade, quando o homem buscou manter reservas
16

alimentares para sua sobrevivência, ou mesmo por acaso, quando em função da exposição
permitida aos produtos, esses adotaram características que se tornaram vantajosas. Isso
mesmo antes de adquirir o controle da agricultura e da criação de animais para consumo.
A transformação da sociedade, primordialmente vinculada a subsistência agrária para
uma nova realidade, concentrando-se em centros populacionais, dá início a aplicação de
técnicas até hoje empregadas na manipulação de alimentos. Os principais métodos
desenvolvidos surgiram em função do distanciamento entre concentração de consumo e local
de produção, inferindo a necessidade de preservação de qualidade dos produtos.
Nesse contexto, o advento tecnológico tem reflexo direto na indústria de alimentos. A
criação de técnicas que permitisse maior produção, com produtos que pudessem ser enviados
para locais distantes de consumo, fizeram com esse setor crescesse e para tanto o número de
postos de trabalhos deveria acompanhar essa evolução. Dessa forma, a cadeia produtiva de
alimentos, indústria de processamento e manufatura tem se tornado um setor de grande
importância social e econômica.

3.1.2 Importância socioeconômica da indústria de alimentos

Investimentos em setores de educação, ciência e tecnologia fizeram com diferentes


nações adquirissem a capacidade de inovar e se atualizar tecnologicamente, o que com o
passar do tempo, tem se demonstrado uma vantagem competitiva diante dos outros países.
Nesse aspecto, o Brasil vem se mostrando competitivo. Considerado um celeiro mundial,
dispõe de várias matérias-primas agropecuárias, não alcançando, entretanto, o mesmo
desempenho nos manufaturados derivados delas, como no caso dos alimentos processados.
O Brasil não garantirá a supremacia alimentar, apesar de todo potencial que possui, se
não processar seus produtos e apenas fornecer ao mercado commodities. Um exemplo
característico deste fato é representado por um dos setores agrícolas de maior expressão do
País: setor de soja. Na década de 2000, o Brasil exportou, em valores monetários, cerca de 5
vezes mais soja em grão do que óleo de soja, que é um dos produtos originados da
industrialização deste grão (FAO, 2012). Elucida-se assim uma oportunidade que se torna
acentuada pela tendência de crescimento demográfico mundial, a melhoria de renda nos
países emergentes, o processo de urbanização e o consequente crescimento da demanda por
alimentos possibilita ao Brasil se posicionar como principal fornecedor global de alimentos.
17

As indústrias de alimentos, além de gerar maior valor agregado aos produtos e dessa
forma, contribuir com a maior arrecadação e abertura de novos mercados, também têm grande
importância socioeconômica interna. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária
(CNA), a agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos.
A ampliação dos setores de agro industrialização, buscando aprimoramento e maior
beneficiamento da produção, pode entre outros fatores contribuir para a geração de empregos.
Uma vertente já existente é a produção realizada pelos agricultores familiares, que constitui
em uma importante alternativa de geração de emprego e renda no meio rural. Sendo uma
alternativa econômica para a fixação populacional no campo e para a construção de um novo
modelo de desenvolvimento sustentável na cadeia agrícola. A produção do campo tem suma
importância para toda cadeia da produção de alimentos, por ser o ponto de partida para a
obtenção de produtos de qualidade.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústria de Alimentação – ABIA (2019),
no segmento da indústria de transformação do país, a indústria de alimentos corresponde a
cerca de 1,6 milhões de empregos diretos. Isso representa, US$ 33,4 bilhões dos US$ 67
bilhões da balança comercial do Brasil, atribuídos aos alimentos processados. Deste montante,
o mercado interno corresponde a 80,7% do faturamento do setor, e as exportações, 19,3%, de
acordo com o Relatório Anual da ABIA (ABIA, 2017).
Apesar da situação enfrentada pela economia brasileira nos últimos anos, especialmente
na indústria de alimentos, considerando-se os grupos de Classificação Nacional de Atividade
Econômica - CNAE para o setor de transformação, no período de 2006 a 2015, houve uma
alta consistente no número de empregos em todo o período, em praticamente todas regiões do
país.
A indústria de alimentos, considerando-se todos os seus grupos e classes da CNAE,
constitui o setor da indústria de transformação brasileira de maior importância em termos de
geração de empregos, englobando 21,3% de todos os empregos formais da indústria de
transformação para o ano de 2015 (VIANA, 2016).

3.1.3 Santa Catarina

Santa Catarina é o estado brasileiro que construiu ao longo dos anos uma reputação
mundial, sinônimo de qualidade e competitividade. Exemplo disso é o reconhecimento de
18

único estado da nação livre da febre aftosa sem vacinação, constituindo um cenário favorável
à abertura aos exigentes mercados externos. Desta forma, um dos mais expressivos e
conhecidos setores da indústria de transformação do estado, é a indústria de alimentos e uma
vertente considerável trata-se do processamento de produtos cárneos e lácteos.
As agroindústrias no estado inserem-se nas discussões mais recentes do sistema
agroalimentar e da agregação de valor aos produtos agropecuários. No entanto, o setor tem
nesse modelo de mercado um longo histórico, como sede de várias indústrias de âmbito
mundial, prezando pela qualidade de seus produtos, tendo como base a agricultura familiar.
Nesse quesito, o oeste catarinense ganha destaque, pela concentração em número de empresas
de transformação e beneficiamento de produtos alimentícios, bem como pelos colaboradores
desta cadeia industrial, ligados de maneira direta ou indireta ao sistema produtivo.
O desenvolvimento das unidades agroindustriais em Santa Catarina, é baseada na
instalação em locais em que há agricultura, geralmente familiar, consolidada há algum tempo,
e se utilizam de recursos locais, tecnologias apropriadas ao ecossistema local (GAZOLLA,
M.; PELEGRINI, 2011). Reflexo deste processo é a acentuada concentração de unidades de
processamento, principalmente de derivados cárneos no oeste do estado, onde políticas de
incentivo público e privado fizeram com a região se desenvolve. Nesse sentido, Santa
Catarina contribui de maneira significativa para a economia nacional, exemplo disso é a
análise da produção de embutidos cárneos, sendo que a região sul brasileira responde por 97,9
% dos estabelecimentos que produzem embutidos no Brasil, e dados da revista Exame
apontam que Santa Catarina é o estado com maior número de representantes na lista das
maiores empresas da região Sul (IPEA, 2013).
É nessa direção que, em diferentes momentos, o Estado catarinense exerceu papel
preponderante para o desenvolvimento regional, mas sempre atendendo à determinada parcela
de beneficiados. No caso do Oeste de Santa Catarina, isso ocorreu com a concessão de áreas
para empresas de colonização no início da ocupação regional, na implantação de políticas de
fortalecimento da base produtiva ou na implantação de infraestrutura como suporte para o
setor agroindustrial em diversos municípios (PERTILE, 2011).
Concomitantemente à expansão agroindustrial em Santa Catarina, tem-se o surgimento
de novos postos de trabalho, fazendo com o cresça o emprego não apenas agrícola, mas que
atendam com a urbanização, a evolução do mercado na direção do consumo em massa. Esse
processo que ocorre dentro do modelo de desenvolvimento brasileiro fez aumentar a procura
por produtos processados, ampliando as oportunidades de mercado para o setor agropecuário
(ICEPA, 2012).
19

Portanto, a junção dos interesses públicos e privados (do Estado em desenvolver o setor
industrial na região e o dos agroindustriais em beneficiar-se dos recursos por ele
disponibilizados) foi condição essencial para a consolidação das agroindústrias no Oeste do
estado de Santa Catarina, tornando-se uma região especializada na produção agroindustrial de
carnes para atender principalmente ao mercado externo (PERTILE, 2011).

3.2 ACIDENTE DE TRABALHO

O processo de valorização e reconhecimento do desenvolvimento industrial pode ser


longo e tortuoso. Faz parte do crescimento industrial a participação efetiva dos colaboradores,
em todos níveis no quadro de funções. Nesse sentido a manutenção das boas condições de
trabalho se faz necessária, de modo a garantir o pleno desenvolvimento das atividades em prol
da continuidade operacional, mas também quanto à saúde física e mental das pessoas
envolvidas nesse processo.
Acidentes, que por definição, são eventos inesperados ou indesejáveis, podem vir a
acontecer no ambiente de trabalho e assim causam danos pessoais ou materiais. Dessa forma,
configura-se como um dos principais desafios relacionados aos postos de trabalho e de
relevância nos setores de economia.
De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho OIT
(2015), 6300 pessoas morrem todos os dias como resultado de acidentes de trabalho ou
doenças relacionadas com o trabalho - mais de 2,3 milhões de mortes por ano. Anualmente,
ocorrem 317 milhões de acidentes, a maioria dos quais ocasiona ausências prolongadas.
Sendo que esses eventos não acontecem necessariamente em países em desenvolvimento, mas
também já desenvolvidos, expondo a necessidade de ações concretas para minimizar e/ou
cessar esses eventos (HÄMÄLÄINEN; TAKALA; SAARELA, 2006).
Em termos econômicos os acidentes de trabalho são responsáveis por significativo
aumento nos custos das empresas. O trabalhador durante a licença médica gera um custo que
aumenta proporcionalmente aos dias de afastamento, e o trabalhador pode ser substituído por
um funcionário temporário, supondo que um esteja disponível, que também deve ser pago
(BUTLER; BALDWIN; JOHNSON, 2006). Asfaw et al. (2013) constataram que um aumento
nos lucros de 10% foi relacionado a uma redução de 1,1% nos acidentes com o tempo de
folga relatado na indústria de mineração dos Estados Unidos.
20

Os acidentes de trabalho não apenas representam custos as empresas, mas também ao


sistema de saúde social, sendo por muitas vezes o responsável pela recuperação dos
acidentados. Nesse sentido, mudanças na metodologia de caracterização de acidentes de
trabalho na concessão de benefícios previdenciários a partir de abril de 2007, passaram a ser
caracterizados como acidentes do trabalho, aqueles eventos que tiveram Comunicação de
Acidente do Trabalho – CAT registrada no INSS e aqueles que, embora não tenham sido
objeto de CAT, deram origem a benefício por incapacidade de natureza acidentária. As
informações aqui apresentadas são do Sistema de Comunicação de Acidentes do Trabalho,
com base nas Comunicações de Acidentes do Trabalho – CAT registradas nas Agências da
Previdência Social ou pela Internet, bem como do Sistema Único de Benefícios – SUB,
utilizado pelo INSS (AEPS, 2017).
Além dos problemas econômicos decorrentes da acidentalidade, é fundamental
assegurar uma alta disponibilidade das barreiras de segurança, bem como uma alta
confiabilidade de seus componentes, a fim de manter os riscos abaixo dos limites
aceitáveis. A avaliação da disponibilidade de barreiras de segurança e a análise de
confiabilidade são questões importantes a serem levadas em conta em uma instalação, dessa
forma, tipificar os riscos e tipos de acidentes, auxilia o processo de manutenção do ambiente
laboral seguro e representa facilidade nos tratamentos econômicos que o evento irá gerar
(SOBRAL; GUEDES SOARES, 2019).

3.2.1 Tipos de acidente de trabalho

Perante a legislação vigente, a Lei nº 8.213/1991 que dispõe sobre os Planos de


Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, entende-se como acidente de
trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Portanto acidentes são
considerados:
I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício
do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
21

Ainda podem ser divididos em:

 Acidente típico: é o que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho
(ROSSAL e RUBIN, 2013);

 Acidentes de trajeto: são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de


trabalho do segurado e vice-versa; importante salientar que não se caracterizará o acidente
do trabalho se, por interesse pessoal, o empregado tiver interrompido ou alterado o
percurso, vez que estará rompido o nexo causal entre o acidente e o trajeto do trabalho
(BARBOSA e GUIMARÃES, 2014).

 Acidentes Atípicos: chamadas mesopatias ou moléstias profissionais atípicas, são


entendidas como as adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente (BARBOSA e
GUIMARÃES, 2014).

3.2.2 NR-36

O Brasil tem avançado nas últimas décadas no quesito “prevenção de acidentes do


trabalho”. Segundo registros do INSS, na década de 1970, o Brasil chegou a registrar 1,7
milhão acidentes/ano, o que representou cerca de 40% dos trabalhadores formais com
acidentes num único ano. Em 2013, pouco mais de 717 mil ocorrências foram registradas,
sendo esse montante o equivalente a 1,5% do total da força de trabalho formalizada.
As indústrias de transformação de alimentos, um dos principais setores econômicos do
país, com atuação em diferentes mercados e processos fabris, constituem um dos ramos mais
perigosos, tendo em vista a frequência de acidentes ocupacionais (NENONEN, 2011).
Não há como negar que a abertura da economia brasileira promovida na década de
1990 obrigou diversas empresas do País, inclusive as do segmento frigorífico, a se tornarem
mais profissionais e competitivas. A implementação natural de grandes escalas de produção,
fomentaram o aumento dos conflitos da relação trabalho-capital, fato que estimulou a adoção
de melhorias nas condições de trabalho nessa atividade. A principal delas, fruto do diálogo
22

entre governo, empregadores e trabalhadores foi a Norma Regulamentadora nº 36 (NR 36) do


Ministério do Trabalho e Emprego.
A NR-36 publicada no Diário Oficial da União a Portaria nº 555, de 18 de abril de
2013 (Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados) foi criada com o objetivo de controlar fatores
ambientais de risco existentes na operação de abate e processamento de carne. Previamente à
construção da NR, muitas empresas já haviam promovido melhorias significativas em seus
ambientes de trabalho.
Ainda assim, a busca incessante para nos tornarmos uma referência mundial em
prevenção de acidentes do trabalho ainda é longa. No entanto, a integração de políticas,
conciliando atitudes e comportamentos de todos envolvidos nos processos trabalhistas e o uso
de ferramentas que tornem facilitada a compreensão dos riscos e manutenção da segurança do
trabalhador, devem ser implementadas em prol dos aspectos econômicos e da melhor
qualidade de vida.

3.2.3 Acidentalidade no mundo

A aplicação de processos de trabalho que priorizem a saúde e segurança dos


trabalhadores é fundamental na obtenção de resultados positivos quanto a prevenção de
acidentes. Para tanto ter conhecimento na área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST),
envolve não apenas os conceitos de prevenção, mas saber atuar nas frentes que mais
ocasionam tais eventos.
Proporcionar à trabalhadores um ambiente saudável e com menos riscos, representa
uma melhoria na produtividade e na reputação da empresa, sem mencionar a redução dos
gastos que seriam destinados a arcar com indenizações, medicamentos, multas e demais
despesas relacionadas ao prejuízo da saúde do trabalhador.
Dessa forma, ter acesso à informações referentes a SST pode servir de alerta e
motivação para a adoção de medidas prevencionistas. A OIT é a responsável por
disponibilizar dados da acidentalidade no mundo. Em sua última edição, mas de 200 países
estão relacionados, permitindo mensurar por país, informações sobre acidentes e mortes, além
do número de trabalhadores e o PIB.
23

Os dados de acidentes do trabalho mais atuais enviados pelo governo brasileiro são do
ano 2000, motivo pelo qual, captamos os dados acidentários divulgados pela Previdência
Social por meio dos Anuários Estatísticos da Previdência Social (AEPS 2015) juntamente
com os dados da RAIS/MTE, incluindo assim, os números de acidentes do Brasil no ranking
da OIT.
Com base nas informações da OIT foi possível a construção de uma tabela, que
relaciona números alusivos à quantidade de trabalhadores, população em geral, PIB per
capita, acidentes de trabalho, acidentes a cada 100 mil trabalhadores, mortes, mortes a cada
100 mil trabalhadores e mortes a cada 10 mil acidentes para cada um dos países. Ainda, em
cada uma das informações, a posição (P) que o país ocupa em nível mundial, para auxiliar no
comparativo das informações. Dentre os países com maior população de trabalhadores, em
ordem decrescente, estão: China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. A Tabela 1,
relaciona essas informações.

Tabela 1 – Acidentalidade nos cinco primeiros países em número populacional

País Nº trabalhadores Acidentes Acidentes/100 Mortes/ 100 mil


mil trab trab
China 770.318.000 NI NI NI
Índia 484.153.500 NI NI 0,44
Estados Unidos 153.348.100 1.149.270 749,5 3,14
Indonésia 118.148.300 86.693 73,4 1,66
Brasil 48.060.807 612.632 1.274,7 5,21

Além desses dados, o Anuário Brasileiro de proteção (2017), reporta também que em
relação ao número de mortes por acidente de trabalho, vê-se que o Brasil ocupa o quarto lugar
no ranking mundial ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Tailândia e China. Nos
acidentes de trabalho, o país é o quinto colocado atrás da Colômbia, França, Alemanha e
Estados Unidos. O fato da lista indicar alguns países mais desenvolvidos nas primeiras
posições surpreende e não necessariamente quer dizer que as condições de trabalho sejam
precárias nestes países. Uma hipótese é que os dados seriam melhor apurados e mais
fidedignos do que em outros países menos desenvolvidos.
24

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O desenvolvimento desta pesquisa é aplicado ao setor de manufatura de


alimentos. Neste ambiente, as práticas prevencionistas visam a segurança do trabalhador de
forma constante, para tanto a disponibilização de ferramentas para ações focadas, agregam e
podem auxiliar o processo de melhoria.
Portanto, do ponto de vista dos objetivos, a análise caracteriza-se como
observacional, exploratória e descritiva dos dados referentes ao setor da indústria de alimentos
no Brasil e proporcionam informações para o tratamento estatísticos da acidentalidade,
contribuindo para a realização deste estudo. Dessa forma, os procedimentos adotados e que
contribuem neste processo de desenvolvimento são as análises experimentais, que
confrontadas com o já descrito em referências bibliográficas, tornam possível a produção
documental de informações ao setor específico de importância para a economia nacional.
A abordagem quantitativa dos dados inseridos no sistema da Previdência Social,
torna possível a análise aplicada ao setor da Indústria de Alimentos, no que se refere à
acidentalidade no período delimitado. Mediante tais informações descrever, registrar, analisar
e interpretar os fenômenos ou situações de interesse com ênfase quantitativa, podem também
ser considerados parâmetros de análise qualitativa no âmbito maior da engenharia de
segurança do trabalho.
Compõem também a análise quantitativa de acidentalidade os Anuários Estatísticos
da Previdência Social (AEPS) e os Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho (AEAT)
formam dispositivos de tabulação, disponíveis de forma gratuita pela própria Previdência Social.
A obtenção dos dados é direcionada à avaliação nacional, bem como foco no estado de Santa
Catarina.
A população estudada foi o grupo de trabalhadores contribuintes da Previdência
Social – INSS, empregados em algum tipo de atividade econômica relacionada com a
industrialização de alimentos no Brasil e em Santa Catarina, e que sofreram algum tipo de
acidente ou doença ocupacional entre 2009 e 2016.
Após a obtenção dos dados e sua tabulação no formato de interesse, foi realizada o
tratamento estatístico e a compilação em tabelas e gráficos comparativos de modo a ilustrar as
diferentes características analisadas. Foram calculadas as taxas de incidência geral dos acidentes
de trabalho ocorridos em Santa Catarina e no Brasil, taxa de incidências de acidentes típicos e
taxa de mortalidade dadas pelas equações:
25

Taxa de incidência de Acidentes pelo Total de Trabalhadores:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠


∗ 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠

Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝐼𝑛𝑑ú𝑠𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠


∗ 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑇í𝑝𝑖𝑐𝑜𝑠


∗ 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠

Taxa de Mortalidade pelo Total de Trabalhadores:


𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜
∗ 100.000
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑣í𝑛𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠
26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção commodities por meio da atividade agrícola é um dos principais


influenciadores do PIB nacional brasileiro. No entanto, outros setores como a indústria de
transformação, também possuem importância para o desenvolvimento do país, dentre eles está
a fabricação de produtos alimentícios. Conforme Tabela 2, com dados até o ano de 2016 o
país teve crescente geração de postos de trabalho ao longo dos anos. A exceção, dada pela
crise econômica em 2016, fez com que o número de trabalhadores diminuísse.

Tabela 2 – Número de vínculos empregatícios no Brasil entre 2009 e 2016

Ano Quantidade
2009 45.193.098
2010 48.649.216
2011 51.681.597
2012 53.912.656
2013 55.687.889
2014 56.625.128
2015 54.656.148
2016 51.378.905
Fonte: AEPS (2016)

Os dados acima demonstram o crescimento da população vinculada à postos de


trabalho, com progressão média de 3 a 4 % ao ano. No entanto, a distribuição de empregos
não é homogênea no território nacional, em virtude das regiões mais desenvolvidas e de maior
concentração de indústrias.
O crescimento da população e o intenso fluxo migratório rural-urbano (causado pelo
descaso com a questão agrária) criaram um excedente estrutural de mão de obra (OLIVEIRA;
PRONI, 2016). Este fato corrobora com para a formação dos grandes centros populacionais,
impulsionando a instalação de empresas, visto o baixo custo de mão-de-obra. A Figura 1
apresenta as concentrações de trabalhadores empregados nos diferentes estados da federação.
27

Figura 1 – Contribuintes empregados por estado federativo

Fonte: AEPS (2016)

No que se refere aos acidentes de trabalho, os dados apresentados demonstram a


importância das ações de SST. A maior parte do trabalho em acidentes de trabalho ainda lida
com estatísticas de acidentes e grandes conjuntos de dados, para os quais esquemas de
classificação e procedimentos de registro oficiais são uma questão chave (JACINTO;
ASPINWALL, 2004). Portanto, quantificar e tratar os dados existentes, permite maior
compreensão do cenário atual e assim, transmitir as informações necessárias para que ações
sejam tomadas e uma melhor qualidade trabalhista seja empregada.

5.1 ACIDENTES DE TRABALHO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS

A indústria de alimentos no Brasil teve um crescimento no faturamento da ordem de


2,08%, alcançando R$ 656 bilhões, somadas as exportações e as vendas para o mercado
interno, o que representa 9,6% do PIB. A indústria de alimentos gerou 13 mil novos postos de
trabalho em 2018. O total de investimentos em ativos e fusões e aquisições alcançou R$ 21,4
bilhões, registrando um aumento de 13,4%, contra R$ 18,9 bilhões registrados em 2017
(ABIA, 2019a).
A concentração industrial, mediante fusões, absorções e incorporações de empresas
menores pode ser representativa aos diversos sub-ramos de alimentos. Dessa forma, os
28

principais códigos CNAE, foram relacionados para o estudo em questão. Conforme Tabela 3,
é possível observar a ampla variedades de ramos que compõe o setor de transformação de
alimentos.

Tabela 3 – Principais atividades econômicas das indústrias de alimentos no Brasil

Nº CNAE Descrição
1111-9 Fabricação de aguardente e outros
1112-7 Fabricação de vinho
1113-5 Fabricação de malte, cerveja e chopes
1122-4 Fabricação de refrigerantes e outras
1011-1/01 Frigorífico - Abate de bovinos
1012-1/01 Frigorífico - Abate de aves
1012-1/03 Frigorífico - Abate de suínos
1051-1 Preparação de Leite
1052-0 Fabricação de Laticínios
1091-1 Fabricação de produtos de panificação
1091-5 Fabricação de massas alimentícias
1092-9 Fabricação de biscoitos e bolachas
1093-7 Fabricação de produtos derivados do cacau, de chocolates e confeitos
1095-3 Fabricação de especiarias, molhos, temperos e condimentos
1096-1 Fabricação de alimentos e pratos prontos
1096-1/00 Fabricação de alimentos e pratos prontos
1099-6 Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente
Fonte: AEPS (2016)

O valor adicionado da indústria de transformação em 2015 era de R$ 606,3 bilhões. Os


setores com maior participação neste valor, e consequentemente no PIB, em 2015 são:
produtos alimentícios (18,6% do valor adicionado da Indústria de Transformação); produtos
químicos (9,3%); coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (8,1%); veículos
automotores (6,2%) e metalurgia (6,2%) (DEPECON, 2017).
Correspondendo a cerca de 112,8 milhões de reais do setor da indústria de
transformação, as análises para melhoria contínua das condições de trabalho, tem reflexo
direto na economia do país. A Figura 2 apresenta os dados referentes ao período de 2009 e
2016 em número de acidentes de trabalho para setores da indústria de alimentos nacional.
29

Figura 2 – Número de acidentes de trabalho por CNAE entre os anos de 2009 e 2016

16000
14000
Número de acidentes por CNAE

12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Aguardente e outros Vinho


Malte, cerveja e chopes Refrigerantes e outras
Abate de reses Abate de suínos e aves
Preparação de Leite Laticínios
Produtos de panificação Biscoitos e bolachas
Produtos derivados do cacau Especiarias, molhos, temperos e condimentos
Alimentos e pratos prontos Produtos alimentícios não especificados anteriormente

Fonte: AEPS (2016)


30

Com base na análise dos dados (Figura 2), é possível observar que o setor
correspondente à cadeia de frigoríficos de abate de suínos e aves, apresentou a maior redução
no número de acidentes de trabalho no período estudado. Ainda assim o setor é responsável
pelos maios índices de acidentalidade, quando comparado aos demais setores relacionados.
No Brasil, as indústrias de abate e processamento de aves ou matadouros-frigoríficos
são os estabelecimentos dotados de instalações completas e equipamentos adequados para o
abate, manipulação, elaboração, preparo e conservação das espécies de açougue sob variadas
formas, com aproveitamento completo, racional e perfeito, de subprodutos não comestíveis,
possuindo instalações de frio industrial (BRASIL, 1952). Entre os vários elos que formam a
cadeia produtiva interessa ao presente estudo especificamente a etapa de abate de aves ou
abatedouro que é o quinto elo da cadeia produtiva, responsável pelo surgimento do produto
final: o frango resfriado, congelado, inteiro e em pedaços/cortes.
Com a força da cadeia produtiva de carnes, o Brasil alcança grande importância como
provedor do mercado mundial, sendo responsável por significativa parcela da produção
mundial de carne bovina. Nesse contexto, ganha destaque a cadeia de suínos e frangos, são
atividades econômicas fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil e de forma
mais efetiva para o desenvolvimento das regiões onde estão inseridas.

5.2 ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO

Segundo dados da RAIS (2015) do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de


publicação, entre os setores da indústria de transformação, aquele que mais empregava era o
de alimentos (21,3% dos empregados formais na indústria de transformação), seguido pelo de
confecções de artigos do vestuário e acessórios (8,6%) e, em terceiro lugar, o setor de
produtos de metal (6,3%).
Ainda ao analisarmos os principais centros industriais do país, tem-se que em São
Paulo, os setores que se destacaram em 2015 em relação à população ocupada na indústria de
transformação do Estado foram: alimentos, com 15,9% do emprego formal na indústria de
transformação do Estado; veículos automotores, carroceria e autopeças, com 9,7%; produtos
de borracha e material plástico e produtos de metal, com 7,6% cada. Em Minas Gerais, o setor
que mais empregava era o de alimentos (22,3%), seguido por confecções de artigos do
31

vestuário e acessórios (9,3%) e metalurgia (7,8%). Já no Rio Grande do Sul, o setor que mais
empregava era o de alimentos (19,2%), seguido pelo de artefatos de couro, artigos para
viagem e calçados (16,7%) e, em terceiro lugar, pelo de máquinas e equipamentos e produtos
de metal (8,8% cada). No Paraná, o setor que mais empregava era o de alimentos (29,5%),
seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (9,3%) e pelo de móveis
(5,9%). Em Santa Catarina, o setor que mais empregava era o de alimentos (17,1%), seguido
pelo de confecção de artigos do vestuário e acessórios (17,0%) e, em terceiro lugar, pelo de
produtos têxteis (8,6%).
Mediante o exposto, é possível inferir que a concentração de indústrias de
transformação de alimentos é mais pronunciada na região sul do Brasil. Ao analisarmos esses
dados, observa-se que na região sul, tem-se a atividade do setor alimentício como uma das
principais atividades industriais, sendo base da economia de diversos municípios, por vezes
por serem estas as cidades sede de algumas das grandes empresas do setor.
A Tabela 4 apresenta o número de acidentes de trabalho por região dentro do período de
2009 e 2016. Observa-se a maior incidência de eventos para as regiões sudeste e sul do país,
corroborando com os dados anteriores, quanto à maior concentração de unidades fabris nessas
localidades.

Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho por região*

Região 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total
Centro- 51.3 47.7 48.3 49.5 51.7 50.9 45.5 44.1 395.3
Oeste
Norte 31.1 29.7 31.7 32.2 31.8 31.8 28.2 24.9 241.4
Nordeste 92.1 91.2 93.7 90.5 88.1 87.5 74.8 68.8 686.7
Sudeste 392.4 382.2 391.3 390.9 394.7 383.1 334.8 310.8 2980.2
Sul 166.4 158.4 155.4 150.5 159.2 159.0 138.8 130.2 1.217.9
Total 733,3 709,2 720,4 713,6 725,5 712,3 622,1 578,8 5515,20
*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil
Fonte: AEPS (2016)

Ao olharmos para a distribuição dos setores industriais entre estados, podemos


destacar que o setor de alimentos, aparece entre os três principais setores em quantidade de
empregados formais em todos os Estados, exceto no Amazonas. Assim, além de ser um setor
32

de bastante peso no emprego industrial (21,3% do emprego industrial brasileiro), ele também
é bastante desconcentrado regionalmente. No entanto, analisando as principais regiões
industrializadas e cruzar esses dados com o número de acidentes por região, conforme Tabela
4, é possível estabelecer uma proporção de acidentes ao setor de transformação de alimentos
para o ano de 2015 conforme apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 – Número de acidentes na indústria de alimentos no ano de 2015 para os principais


estados industrializados

Estados 2015
São Paulo 53.2
Rio Grande do Sul 26.6
Santa Catarina 23.7
Paraná 40.9
Total 144.4
*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil
Fonte: AEPS (2016)

Identificar a origem e o tipo de acidentes pode ajudar a descobrir qual setor vivencia
relativamente mais acidentes ocupacionais dentro da cadeia industrial de alimentos. No
entanto, o tipo de acidente pode não ser apenas função do ambiente de trabalho, mas também
por fatores externos à empresa, como funcionários e suas condições de vida. Como resultado,
se esses fatores puderem ser identificados, as fontes dos acidentes poderiam ser determinadas.
Por exemplo, os acidentes podem ser causados por inexperiência por parte dos funcionários,
treinamento inadequado e condições ruins no trabalho, bem como no translado de casa para o
trabalho, estresse e outros fatores.
Para identificar as variáveis que afetam o tipo de acidentes no setor manufatureiro e
possibilitar uma ação mais pontual, fatores antecedentes do acidente em níveis variáveis que
maximizam o grau de probabilidade do tipo de acidentes (ALTUNKAYNAK, 2018), devem
ser analisados. Para tanto o tratamento de dados em função do histórico registrado é dado
como uma importante ferramenta nesse quesito.
33

5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos

Indicadores de acidentes do trabalho são utilizados para mensurar a exposição dos


trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica, permitindo o
acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos acidentes e seus impactos nas
empresas e na vida dos trabalhadores. Além disso, fornecem subsídios para o aprofundamento
de estudos sobre o tema e permitem o planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde
do trabalhador (AEPS, 2016).
Os indicadores publicados a seguir são os seguintes: Taxa de incidência de Acidentes
pelo Total de Trabalhadores (T1), Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos
pelo Total de Acidentes (T2), Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de
Trabalhadores (T3), Taxa de Mortalidade pelo Total de Trabalhadores (T4). Esses indicadores
estão descritos abaixo na Tabela 6.

Tabela 6 - Taxas de acidentalidade nas indústria de alimentos por ano

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


T1 0,0522 0,0444 0,0384 0,0358 0,0357 0,0368 0,0358 0,0376
T2 3,2182 3,0431 2,7534 2,7005 2,7430 2,9233 3,1482 3,3334
T3 0,9393 0,8578 0,8246 0,7907 0,7800 0,7602 0,7056 0,6892
T4 6,2125 6,2471 6,3441 5,8324 5,7345 5,4604 4,7403 4,0596
Fonte: o autor

Número de acidentes do trabalho, por mil trabalhadores segurados da Previdência


Social, em determinado espaço geográfico, no ano considerado refere-se à taxa de incidência
de acidentes sob o total de trabalhadores. São aqueles eventos decorrentes das características
da atividade profissional desempenhada (acidentes de trabalho típicos) e os ocorridos no
percurso entre a residência e o local de trabalho e vice-versa (acidentes de trabalho de trajeto).
São considerados trabalhadores segurados da Previdência Social apenas os que possuem
cobertura contra incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho. A
Tabela 7 reporta os dados da T1 para atividades da indústria de alimentos.
34

Tabela 7 – Taxa de incidência de acidentes pelo total de trabalhadores por CNAE

CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


1111-9
0,018 0,015 0,013 0,012 0,010 0,012 0,008 0,007
1112-7
0,009 0,005 0,005 0,006 0,006 0,007 0,005 0,004
1113-5
0,083 0,091 0,072 0,057 0,050 0,034 0,030 0,030
1122-4
0,133 0,122 0,118 0,105 0,102 0,086 0,072 0,061
1011-1
0,314 0,267 0,246 0,243 0,260 0,203 0,215 0,243
1012-1
0,585 0,463 0,425 0,396 0,406 0,404 0,391 0,377
1051-1
0,015 0,014 0,012 0,013 0,016 0,011 0,013 0,013
1052-0
0,079 0,067 0,066 0,065 0,064 0,058 0,068 0,076
1091-1
0,095 0,092 0,099 0,096 0,103 0,073 0,078 0,084
1091-5
0,049 0,042 0,038 0,036 0,036 0,031 0,035 0,031
1092-9
0,037 0,035 0,038 0,038 0,050 0,038 0,035 0,031
1093-7
0,047 0,038 0,043 0,042 0,044 0,035 0,031 0,032
1095-3
0,010 0,008 0,009 0,009 0,009 0,006 0,006 0,007
1096-1
0,003 0,004 0,004 0,005 0,007 0,006 0,006 0,006
1099-6
0,091 0,824 0,082 0,083 0,085 0,067 0,065 0,065
Fonte: o autor

Os dados apresentados permitem identificar as principais atividades dentro da


Classificação de atividade econômica, responsáveis pelas maiores taxas de acidentalidade na
indústria de alimentos. O setor de abate de suínos e aves (CNAE 1012-1) possui as maiores
taxas, representando quase o dobre dos valores para a segunda maior taxa de incidência de
acidentes, atribuída ao setor de abate de reses e bovinos (CNAE 1011-1). O que fica claro
com esse levantamento é que o setor de frigoríficos da grande área de produção de alimentos
é o maior responsável pela incidência de acidentes.
Os números apresentados até agora, não nos permitiram ter uma visão mais
aprofundada sobre o assunto, pois tratam de valores absolutos. Estes valores tendem a
acompanhar as mesmas variações da população estudada, já que o tamanho da população
exposta ao risco determina o risco de adoecimento ou acidentalidade ocupacional. Por isso,
para que tenhamos uma melhor compreensão do fenômeno em estudo, é preciso trabalhar com
taxas de incidência em conjunto com os demais indicadores possíveis de serem obtidos.
35

Dentre eles estão as taxas de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de
Acidentes (T2), conforme apresentado através da Tabela 8.

Tabela 8 - Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes


(T2)

CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


1111-9
0,058 0,051 0,044 0,042 0,037 0,045 0,031 0,028
1112-7
0,028 0,019 0,019 0,021 0,021 0,026 0,019 0,016
1113-5
0,265 0,313 0,253 0,205 0,177 0,125 0,126 0,123
1122-4
0,423 0,422 0,414 0,375 0,360 0,319 0,300 0,255
1011-1
0,998 0,923 0,865 0,867 0,920 0,752 0,893 1,015
1012-1
1,856 1,599 1,496 1,413 1,436 1,496 1,627 1,573
1051-1
0,049 0,048 0,043 0,046 0,056 0,042 0,054 0,054
1052-0
0,250 0,230 0,232 0,230 0,227 0,213 0,284 0,315
1091-1
0,302 0,319 0,347 0,344 0,363 0,271 0,322 0,350
1091-5
0,155 0,144 0,135 0,129 0,127 0,116 0,147 0,131
1092-9
0,117 0,122 0,135 0,135 0,178 0,141 0,145 0,127
1093-7
0,148 0,131 0,150 0,150 0,155 0,128 0,129 0,134
1095-3
0,031 0,028 0,031 0,033 0,032 0,024 0,025 0,030
1096-1
0,009 0,015 0,015 0,019 0,025 0,024 0,025 0,027
1099-6
0,289 2,844 0,288 0,295 0,300 0,247 0,270 0,271
Fonte: o autor

A Tabela 8 mostra a taxa de incidência de acidentes segundo a classe do CNAE


relacionada aos resíduos dividida pelo total de trabalhadores do setor da indústria de
transformação. Os resultados apontam redução na taxa de incidência ao longo do período
estudado. Apesar dos valores variarem no decorrer dos anos, a classe de atividade econômica
correspondente ao setor de frigoríficos é o que apresenta as maiores taxas de incidência, com
média de registro. Ou seja, o mercado de trabalho que se tornou uma das maiores fontes
econômicas, principalmente na região sul, onde especialmente Santa Catarina atende por uma
significativa parcela das exportações de carne, ainda é responsável pela maior taxa de
acidentalidade dos postos de trabalho na indústria de transformação.
36

Esse comportamento fica mais perceptível ao analisarmos os dados referentes às taxas


de incidência de acidentes típicos pelo total de trabalhadores (T3). A dificuldade desta medida
está na escolha de seu denominador. Dessa forma, a subdivisão da população exposta ao risco
é neste estudo expressa pela massa de trabalhadores ligados às atividades da indústria de
transformação de alimentos. Ainda os dados levados estão vinculados às classes de atividades
econômicas da grande área de alimentos. Desta forma, são considerados no denominador
apenas os trabalhadores com cobertura contra os riscos decorrentes de acidentes do trabalho.
São apresentados na Tabela 9 os resultados encontrados mediante o estudo com base nos
dados obtidos através da AEPS (2016).

Tabela 9 - Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3)

CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


1111-9
0,101 0,087 0,075 0,071 0,061 0,074 0,051 0,046
1112-7
0,048 0,032 0,032 0,035 0,036 0,043 0,030 0,026
1113-5
0,457 0,533 0,427 0,343 0,296 0,206 0,204 0,201
1122-4
0,731 0,718 0,701 0,627 0,602 0,528 0,484 0,418
1011-1
1,724 1,569 1,462 1,453 1,537 1,244 1,442 1,659
1012-1
3,207 2,718 2,529 2,367 2,399 2,476 2,625 2,571
1051-1
0,085 0,082 0,073 0,077 0,093 0,070 0,086 0,088
1052-0
0,433 0,392 0,393 0,386 0,379 0,352 0,458 0,515
1091-1
0,521 0,543 0,587 0,575 0,607 0,449 0,520 0,573
1091-5
0,268 0,245 0,229 0,217 0,213 0,192 0,238 0,214
1092-9
0,203 0,208 0,228 0,226 0,298 0,233 0,234 0,208
1093-7
0,255 0,222 0,253 0,251 0,259 0,212 0,208 0,219
1095-3
0,053 0,047 0,052 0,056 0,053 0,040 0,040 0,049
1096-1
0,016 0,025 0,026 0,032 0,042 0,039 0,041 0,043
1099-6
0,500 4,836 0,486 0,495 0,502 0,408 0,436 0,443
Fonte: o autor

Diante do exposto, a Tabela 9 apresenta as taxas de acidentes típicos registrados dentre


o total de trabalhadores ocorridos anualmente no Brasil, para as diferentes classificações de
atividade econômica, conforme relação estudada. Assim, como anteriormente visualizado, a
variação de acidentes típicos praticamente seguiu a mesma tendência da variação do total de
37

trabalhadores no período. Mesmo com as oscilações, o que se observou é que ocorreu uma
pequena variação na taxa se analisarmos ao longo do período. Porém vale ressaltar que no
intervalo de tempo estudado, houve uma diminuição de cerca de 20% para as maiores taxas
encontradas. Quando falamos de acidentes, são aqueles eventos que resultam em perdas,
sejam por custos financeiros ou de saúde, significativos para as empresas, o trabalhador e a
sociedade em geral. São custos variáveis por tipo de acidente e são mais elevados à medida
que a duração da licença por doença resultante do acidente aumenta. Os dias de trabalho
perdidos devido a lesões relacionadas ao trabalho foram propostos como uma métrica
alternativa para avaliar a segurança no local de trabalho (COLEMAN; KERKERING, 2007).
Os dados levantados permitem ainda fazer um relação com a criação e regulamentação
oficial da normativa NR-36. A norma que entrou em vigor em 2013 obriga o empregador a
adotar meios técnicos e organizacionais para reduzir os esforços nas atividades de manuseio
de produtos, levantamento, transporte, descarga, manipulação e armazenamento de produtos,
partes de animais e materiais. Além disso, relaciona orientações quanto à condições
ambientais, gerenciamento de riscos e treinamento dos colaboradores. São todas ações que
visam a melhor qualidade do produto final, mas também representam uma grande
preocupação quanto ao trabalhador. Reflexo da implantação dessa normativa pode ser
atribuído a queda das taxas de incidência de acidentalidade nos setores englobados na norma,
para os anos subsequentes ao ano de implantação desta.
Dessa forma, as taxas analisadas são indicadores de necessidade de maior atenção para
fortalecer a economia do país, tendo em vista um mercado que representa grande percentual
de atuação para o PIB. Mas também, este estudo releva que o mesmo setor de grande
importância no país é também o que mais contribui com afastamentos e lesões decorrentes da
atividade em postos de trabalho. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de
treinamento de segurança e supervisão adequada que contribuem para o risco de acidentes e
por ventura até o óbito (SÁMANO-RÍOS et al., 2019). A Figura 3 relacionada a taxa de óbito
na indústria de transformação.
38

Figura 3 – Taxa de Mortalidade pelo total de trabalhadores

Fonte: o autor

Fatores temporais, como o dia da semana, a hora do dia de trabalho (número de horas de
trabalho concluídas pelo trabalhador quando o acidente ocorreu) e a hora do dia (entre 0 e 24)
podem ser relacionados à gravidade do problema. Acidentes no setor de construção na
Espanha, o percentual de acidentes graves aumenta à medida que a semana passa (CAMINO
LÓPEZ et al., 2011). Além disso, uma maior duração de licença médica após acidentes ocorre
nos finais de semana (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012). A
gravidade do acidente é maior em determinados momentos do dia, principalmente após o
almoço (CAMINO LÓPEZ et al., 2011) e após a sexta hora do dia de trabalho (MORAL;
CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012).
De qualquer forma, o que a Figura 3 apresenta são valores que não correspondem ao
esperado para atividades que envolvem trabalhadores. No período estudado é observado que a
taxa de mortalidade aumentou, com pico no ano de 2014. Esse comportamento pode estar
relacionado com fatores genéricos de risco, aumentando o prejuízo no trabalho em qualquer
idade. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e
supervisão adequada contribuem para o risco de lesões, independentemente da idade
(SÁMANO-RÍOS et al., 2019).
Em sistemas industriais complexos e tecnológicos, se algumas variáveis de controle
saírem de sua faixa natural, isso pode ser visto como um sinal de uma falha de equipamento
ou um desvio de um processo. Para enfrentar este tipo de eventos e / ou evitar o
escalonamento de um incidente ou acidente, é comum implementar barreiras de segurança
39

cuja função pode ser classificada como preventiva (diminuindo a probabilidade de ocorrência)
ou protetora (reduzindo a gravidade das conseqüências). Se a função não for cumprida,
significa a falha da barreira de segurança, resultando muitas vezes em conseqüências
catastróficas para pessoas, propriedades ou meio ambiente (SOBRAL; GUEDES SOARES,
2019).
40

6 CONCLUSÃO

Estes dados tratados proporcionam ao profissional da Engenharia e Segurança do


Trabalho uma visão prevencionista, de modo a permitir uma estratégia para abordagem de
ações subsequentes. Ao realizar o estudo de acerca do setor de transformação de alimentos, no
período de 2009 a 2016, foi possível inferir que os setores frigoríficos (suínos, aves e bovinos)
correspondem pelos maiores percentuais de acidentalidade no país.
A subdivisão por região se dá em função das características das indústrias de
transformação com maior representatividade no retorno econômico, sendo para a grande área
de alimentos, as regiões sudeste e sul as mais significativas neste quesito.
A avaliação da taxa de incidência de acidentes demonstrou que a classificação de
atividade econômica de número 1012-1 se destacou entre as demais atividades do grupo dos
serviços de abate de animais, apresentando uma taxa muito maior que as demais. Analisando
a evolução desta taxa isoladamente, pode-se aferir uma redução dos valores, o que representa
atuação de atividades de segurança no trabalho.
Um comportamento similar foi observado quanto às taxas de acidentes típicos, que
nesta última década aproximadamente, houve uma queda da incidência de acidentalidade.
Mesmo esses dados serem promissores, ainda muito à de ser feito em termos de saúde e
segurança no trabalho. São as taxas de mortalidade que ainda indicam uma evolução em quase
todas as divisões em decorrência do pequeno número de trabalhadores e do alto risco de
ocorrência de acidentes graves e fatais.
Portanto, identificar o tipo de acidentes e os resultados desses acidentes poderia ajudar
a descobrir qual setor vivencia relativamente mais acidentes ocupacionais. No entanto, o tipo
de acidentes pode não só ser determinado por setor, mas também por classificação de
atividade econômica. Entendem-se ao término deste estudo a relevância em se operar as
atividades principalmente em locais de processamento de produtos cárneos, com ferramentas
que auxiliem na segurança e saúde dos trabalhadores, de modo que permita a manutenção de
sua integridade física e mental.
41

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