É
essencial estudar cada texto e cada questão com toda honestidade, sem buscar
compulsivamente a resposta certa (ou, a que imagina ser a que espero).
Por favor, identifique-se nesse arquivo - com nome, curso e período – e indique a
opção na tabela que se encontra no final.
Obrigado!!! Cuide-se!!!
Para responder às questões 02, 03 e 04, leia a crítica do Sentido comum ligado aos
meios de comunicação, segundo o escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta
português José Saramago.
Sentido comum
(por José Saramago)
QUESTÃO 05 - Pelo fato de uma charge constituir um estilo de ilustração que tem por
intencionalidade satirizar – por meio de uma caricatura – algum acontecimento atual
com um ou mais personagens envolvidos, para inferir o modelo exposto na charge,
DEVEMOS observar, principalmente:
a) a linguagem verbal e a linguagem não-verbal nas expressões comunicativas dos
personagens.
b) o discurso direto nas reproduções de maneira direta nas falas dos protagonistas.
c) as linguagens cultas (formais) e as coloquiais (informais/populares) utilizadas entre
os personagens.
d) as figuras fonéticas, como assonância e aliteração, conforme os sons destacados.
e) a ambiguidade, pela possibilidade de uma mensagem apresentar dois sentidos.
Prazer da Vitória
Todos nós sabemos bem o que é sentir vontade de vencer. É um instinto que
ao longo de milhões de anos tem ajudado a manter viva a espécie humana.
Mas você já parou para se perguntar por que é tão bom sair ganhando? E por
que perder é tão ruim? Por que o gosto da derrota é tão amargo?
(...)
No mundo inteiro, desde o início dos tempos, estamos sempre lutando para
evoluir. A vontade de vencer, evitando a derrota a qualquer custo, é um dos aspectos
mais extraordinários da cultura humana.
Essa característica é algo que surgiu cerca de 3 milhões de anos atrás, nas
savanas da África. Foi lá que os nossos ancestrais deram seus primeiros passos.
O australopitecus foi o verdadeiro homem das cavernas. Foi o primeiro dos nossos
ancestrais a enfrentar um dilema existencial, do tipo “ser ou não ser, eis a questão”.
Foi ele quem teve a ideia brilhante de andar com apenas duas patas. Isso fez toda a
diferença.
O australopitecus tinha pouco menos de um metro e meio de altura e tinha o
hábito de sair das cavernas de vez em quando e dar umas voltinhas pela savana. Mas
sempre em grupo, porque o mundo, naquela época, já era bem perigoso. Sabe a
expressão "Lei da selva"? Pois é, vem daquele tempo.
A gente tem muita coisa em comum com ele. Principalmente os instintos
básicos de sobrevivência, sexo e competição.
Três milhões de anos depois, o australopitecus não existe mais. Mas o instinto
de competição dele sobrevive dentro de nós, por uma razão simples: nossos corpos
foram feitos para sentir enorme satisfação quando temos sucesso. Seja quando
conseguimos um emprego, ganhamos uma medalha de ouro, ou somos os primeiros
alunos da turma, a reação é sempre a mesma: quando estamos próximos de uma
conquista, corpo e cérebro conspiram para que o sabor da vitória seja doce.
A partir do momento em que sentimos que a vitória é quase certa, nossos
reflexos ficam mais rápidos, a capacidade de concentração aumenta, e nos sentimos
invencíveis. Quando a vitória já está garantida, é que vem a recompensa.
Uma substância chamada dopamina toma conta de nossos cérebros, nos
dando uma profunda sensação de bem-estar. Em seguida, as endorfinas entram em
cena. Elas são substâncias naturais capazes de anestesiar a dor do combate e aliviar a
exaustão.
Com a combinação das duas, nos sentimos eufóricos, é um barato natural.
As endorfinas têm um efeito tão poderoso que, mesmo se o boxeador tiver
quebrado uma costela, ele nem vai sentir nada ali, no calor da luta. As endorfinas
impedem que os sinais de dor cheguem ao cérebro.
A adrenalina produzida pelas glândulas adrenais, junto aos rins, e a
testosterona, o hormônio masculino, também fazem parte desse coquetel de drogas
naturais: são elas que nos dão força para lutar com plena capacidade cardiovascular.
A liberação de todas essas substâncias químicas nos nossos cérebros em
momentos de vitória não deixa dúvidas: nossos corpos foram feitos para sentir o
profundo prazer da conquista.
Mas nossos instintos se desenvolveram de forma inteligente. Você já reparou
que, em geral, a gente sabe a hora de comprar uma briga? Não dá pra competir o
tempo todo, não é?
Quem não gosta de vencer? Mas competir, competir e competir, sem parar, é
cansativo. É preciso muito esforço, tempo e uma boa dose de risco.
Para os nossos ancestrais que viviam nas savanas, perder uma batalha era
fatal. Por isso, nos dias de hoje, temos esse luxo que é escolher os nossos adversários.
Competir, apenas quando a chance de vencer é grande, e evitar o conflito quando
necessário.
Mas na vida, se um rival parece maior, mais forte, ou mais rápido, a gente às
vezes é obrigado admitir que perdeu.
Mas também tem aqueles momentos em que a gente sabe que não tem para
ninguém, que a vitória é nossa e ninguém tasca.
Geralmente acontece quando sabemos quem é o nosso adversário. Que pode
ser um colega de trabalho, um vizinho, ou amigo. É um comportamento que evoluiu ao
longo dos tempos. Nossos ancestrais das savanas aprenderam rapidinho a não entrar
em briga que não dá para ganhar.
QUESTÃO 09 - Das alternativas abaixo, assinale a que NÃO indica uma avaliação do
locutor do texto:
a) “A vontade de viver... é um dos aspectos mais extraordinários da cultura humana.”
(linhas 6 e 7 )
b) “Foi ele quem teve a idéia brilhante de andar com apenas duas patas”.(linhas 12 e
13)
c) “Isso fez toda a diferença”.(linha 13)
d) “Elas são substâncias naturais capazes de anestesiar a dor do combate e aliviar a
exaustão”.(linhas 30 e 31)
e) “Nossos ancestrais das savanas aprenderam rapidinho a não entrar em briga...”
(linhas 53 e 54)
QUESTÃO 17 - “Por isso, nos dias de hoje, temos esse luxo que é escolher os nossos
adversários”
Assinale a ÚNICA afirmativa possível acerca do conector em destaque no fragmento
abaixo:
a) Estabelece uma relação de caráter explicativo para a afirmação anterior.
b) Pode ser substituída por porque sem causar alteração semântica.
c) Estabelece uma relação de caráter consecutivo em relação à afirmação anterior.
d) Foi mal-empregado, pois não estabelece a relação semântica pretendida.
e) Caracteriza uma relação de temporalidade entre as passagens ligadas por ele.
Notas sobre Cinema
Lya Luft
Antes que alguém tresleia, explico que não entendo de cinema, não sou
cinéfila, não sei citar diretores nem produtores, apenas freqüento cinemas como
qualquer mortal. Há filmes que a crítica malha e me agradam, há filmes que a crítica
dita sofisticada endeusa e me entediam. Como passo os dias neste computador
lidando com reflexão, destino, personagens, tramas, não curto demais, fora desta casa,
nada tão hermético que nem o próprio diretor ou roteirista entendem. Dito isso, vou
escrever aqui sobre o que mexeu comigo em dois filmes recentes.
O primeiro foi Closer, que de “Mais perto” resolveram traduzir como Perto
Demais. Tinham-me falado do filme de várias maneiras: muitas mulheres dizendo que
ele mostrava mais uma vez que “homens não prestam, são todos infantis e boçais”;
outros, que revelava a diferença abissal entre masculino e feminino – isso me
interessou, pois um de meus projetos atuais de trabalho é um pequeno ensaio sobre o
assunto fascinante.
Seja como for, assisti sem esperar nem grande decepção nem maior entusiasmo. Ao
sair me perguntei: de que, resumidamente, trata esse filme? Perto Demais trata de
desencontro e solidão. De incomunicabilidade. De futilidade, de não-entrega. O que
menos se aborda ali é amor
Nada vi de diferenças marcantes entre masculino e feminino: ao contrário,
todo mundo está com alguém, mas de olho no outro, e tanto faz qual o sexo de quem;
saboreando um, espreita o vizinho. Perto Demais retrata, entre muitos, um aspecto
marcante do nosso tempo: a superficialidade e o hedonismo burro com que tantas
vezes nos desperdiçamos.
Menina de Ouro me desagradaria de saída, pois detesto violência, sobretudo
física, e nunca entendi como se pode ferir e deixar-se ferir enquanto outros seres
humanos em torno torcem como se fossem todos, no ringue e fora dele, animais
Por outro lado, o tema da eutanásia é difícil, duro, e a algumas pessoas toca muito
de perto: por exemplo, a quem eventualmente assistiu, ano após ano, à
deterioração mental e física de uma pessoa amada, indizível sofrimento. Bom para
provocar os falsos moralistas no mundo inteiro.
Mas o diretor Clint Eastwood disse numa entrevista que não quis fazer um
filme sobre boxe nem sobre eutanásia. Fez um filme sobre a precariedade da vida, e
sobre os sentimentos humanos. Para quem escreve sobre eles e sobre família em
especial, o filme provocou um mar de reflexões.
O treinador, culpado, batendo anos a fio à porta de uma filha rancorosa que
lhe devolvia pontualmente as cartas, encontrou na jovem boxeadora alguém que
soube valorizá-lo, que precisava dele, e que lhe deu tudo o que a sua filha de sangue
negava. Para a moça, solitária e desamada, o velho treinador, fingidamente frio e
crítico, foi a família que ela não teve. Ou melhor: tinha, mas antes não existisse, pois
era fria, aproveitadora, ridicularizando seus esforços e ignorando seus sentimentos.
Mocinha e treinador jogavam pérolas a porcos. A vida lhes deu uma chance
de escolher algo mais, na arguta e comovida visão de Clint Eastwood, a quem a
passagem do tempo foi extremamente favorável. Os obcecados pela beleza física e
pela eterna juventude dirão que ele está enrugado, feioso, torto até - mas que ator. E
que diretor. Que abrangência de talentos, pois até da trilha musical ele cuida. Grande
filme sobre dois grandes personagens, aparentemente fracassados, mas poderosos na
sua generosidade em dar e aceitar amor. Boa sugestão: transformou-se o desperdício
em generosa troca.
Veja. São Paulo. Abril, Ed.1895, 09/03/2005 Ponto de Vista, p. 22
QUESTÃO 22 - Lya Luft, ao construir esse texto, explorou bastante a oposição de idéias.
Todas as alternativas abaixo confirmam a afirmativa anterior, EXCETO:
a) “Há filmes que a crítica malha e me agradam, há filmes que a crítica dita sofisticada
endeusa e me entediam. (linhas 4 a 6)
b) “Seja como for, assisti sem esperar nem grande decepção nem maior entusiasmo”.
(linhas 23 e 24)
c) “... batendo anos a fio à porta de uma filha rancorosa... encontrou na jovem
boxeadora alguém que soube valorizá-lo...” (linhas 56 e 59)
d) “Para a moça, solitária e desamada, o velho treinador, fingidamente frio e crítico,
foi a família que ela não teve.” (linhas 61 a 63)
e) “... dois grandes personagens, aparentemente fracassados, mas poderosos na sua
generosidade em dar e aceitar amor”.(linhas 76 a 78)
QUESTÃO 24 - Marque a opção em que a oração destacada NÃO serviu para ampliar o
sentido de um nome:
a) “Antes que alguém tresleia, explico que não entendo de cinema...” (linhas 1 e 2)
b) “Há filmes que a crítica malha e me agradam...” (linhas 4 e 5)
c) “... e o hedonismo burro com que tantas vezes nos desperdiçamos”.(linhas 35 e 36)
d) “... encontrou na jovem boxeadora alguém que soube valoriza-lo...” (linhas 58 e 59)
e) “... na arguta e comovida visão de Clint Eastwood, a quem a passagem do tempo foi
extremamente favorável”.(linhas 69 a 71)
QUESTÃO 25- Recentemente tentou-se criar uma agência nacional para regular as
produções artístico-culturais no país (ANCINAVE). Imaginemos que a ANCINAVE tenha
se tornado realidade e que a autora tenha remetido a ela um requerimento solicitando
a tomada de algumas providências em relação aos filmes Menina de Ouro e Perto
Demais.
Assinale a alternativa que NÃO estaria adequada para compor tal requerimento,
observando a correção:
a) Eu, Lya Luft, cidadã brasileira, não entendo de crítica de cinema, não conheço os
responsáveis pela produção cinematográfica, apenas assisto aos filmes como
qualquer pessoa.
b) Constatei, satisfeita, que as cenas intrigantes que houve em Perto Demais
despertaram reflexões acerca da superficialidade e da intensa busca de prazer que
marcam a nossa sociedade.
c) A mídia divulgou que, com o filme Menina de Ouro, bateu-se vários récordes de
bilheteria, em razão da força de seus personagens, aparentemente fracassados,
mas poderosos na sua generosidade.
d) Tendo em vista que o filme Menina de Ouro revelou o talento de Clint Eastwood
que, além de dirigir e atuar, também foi responsável pela trilha sonora, solicito que
lhe seja concedida uma premiação pela versatilidade de seus talentos.
e) Em vista do exposto, venho requerer que se use o filme Perto Demais para fins
educativos, criticando a futilidade e o hedonismo burro com que tantas vezes nos
desperdiçamos.
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