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P I S K O U N O V

CÁLCULO DIFERENCIAL
E INTEGRAL A íO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


TOMBAMENTO PATRIM Q\ | a i ^
VOLUME II
N‘. -t ll í S 1 -j* n»n lc> t o Z tf,<

TRADUÇÃO DE.

AN TÔ N IO EDUARDO P E R E IR A T E IX E IR A
licanciado «m Economia (U . P.)
Contabilista diplomado (I. C . P.)

M A R IA JO St P E R E IR A T E IX E IR A
Contabilista diplomada (I. C. P.)

11.« ÍD*ÇÁO fM LlNGUA portuguesa

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E D I Ç Õ E S L O P E S D A S I L V A - P O R T O - 1 9 9 7
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U N IV E R S ID A D E F E D E R A L D A BA H IA
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Comporto o lmpr«MO no» Oftoltx» Gfôficot P*un«lo». 10o


R. A ta X W Cotwol. 22 • 32 - T e i* 2000606 - fox 2007184
4050 POOIO —3 000 •». - OUT. 197 - Oep l*gol 56 858 ' 92
Prefácio II

CAPITULO XI I I

Eq uaçõ es d iferenciais

§ I. Posição do problema. Equação do movimento do corpo para um


meio cm que a resistência ê proporcional à velocidade. Equação
da catenária . ................................................................................ 13
§ 2. Definições .• ........................................................................................ 16
§ 3. Equações diferenciais de primeira ordem (noções gerais) . 18
§ 4. Equações com variáveis separadas e separáveis. Problema da desin­
tegração do r á d i o ........................................................................................ 23
§ 5. Equações homogêneas de primeira o r d e m ......................................... 26
§ 6. Equações redulíveis a equações homogêneas......................................... 29
§ 7. Equações lineares de primeira o r d e m ................................................ 32
§ 8. Equação de Bernoulli .................................................................................. 35
§ 9. Equações de diferenciais t o t a is ............................................................. 37
§ 10. Factor in te g ran te ........................................................................................ 40
§ 11. Envoltória duma família de c u r v a s ...................................................... 43
§ 12. Soluções singulares das equações diferenciais de primeira ordem 50
§ 13. Equação de C la ir a u t .................................................................................. 51
§ 14. Equação de Lagrange.................................................................................. 53
§ 15. Trajectõrias ortogonais e is o g o n a is ...................................................... 55
§ 16. Equações diferenciais de ordem superior a um (noções gerais) . 60
$ 17. Equação da forma y(n> =■ / ( x ) ............................................................. 62
§ 18. Alguns tipos de equações diferenciais de segunda ordem que se
reduzem a equações de primeira o r d e m ......................................... 65
§ 19. Integração gráfica das equações diferenciais de segunda ordem 73
§ 20. Equações lineares homogêneas. Definições e propriedades gerais 75
§ 21. Equações lineares homogêneas de segunda ordem de coeficientes
co n sta n te s..................................................................................................... 82
§ 22. Equações diferenciai» lineares homogêneas de ordem n de coeficientes
co n sta n te s..................................................................................................... 86
§ 23. Equações lineares não homogêneas de segunda ordem . 89
§ 24. Equações lineares não homogêneas de segunda ordem de coefi­
cientes constantes . * ................................................................................. 93
§ 25. Equaçfles lineares n3o homogêneas de ordem n ........................... 99
§ 26. Equação diferencial das oscilações m e c ân ic as .................................. 103
$ 27. Oscilações l i v r e s ........................................................................................ 105
§ 28. Oscilações f o r ç a d a s ................................................................................. 107
§ 29. Sistemas de equações diferenciais............................................................. 112

§ 30. Sistemas de equações diferenciais lineares de coeficientes constantes 118


§ 31. Noção sobre a teoria da estabilidade de Liapounov . 125
§ 32. Solução aproximada das equações diferenciais de primeira ordem
pelo método E u l e r .................................................................................. 131
$ 33. Solução aproximada das equações diferenciais pelo método dos
diferenciais finitos baseados na aplicação da fórmula de Taylor.
Método de A d a m s .................................................................................. 134

§ 34. Método aproximado de integração dos sistemas de equações di­


ferenciais de primeira o r d e m .................................................................... 141
E x e rcício s...................................................................................................... 146

CAPITULO XI V
Integrais m úlliplo i

§ I. Integral d u p lo ............................................................................................... 160


§ 2. Cálculo dos integrais d u p lo s .................................................................... 162
§ 3. Cálculos dos integrais duplos (c o n t.)...................................................... 168
§ 4. Aplicação dos integrais duplos ao cálculo de áreas e volumes . 174
$ 5. Integrais duplos cm coordenadas p o la r e s ......................................... 177
§ 6. Mudança de variáveis num integral duplo (caso geral) . 185
$ 7. Cálculo das áreas de superfícies............................................................. 190
§ 8. Densidade de distribuição de matéria c integral duplo . . . 194
§ 9. Momento de inércia duma figura p l a n a .........................................195
§ 10. Coordenadas do centro de gravidade duma figura plana . . . 200
§ 11. Integrais t r i p l o s ........................................................................................ 202
§ 12. Cálculo dos integrais tr ip lo s .................................................................... 203
§ 13. Mudança de variáveis num integral d u p l o ......................................... 208
§ 14. Momento de inércij e coordenadas do centro de gravidade dum corpo 212
§ 15. Integrais que dependem dum p a r â m e tr o ......................................... 215
E x e rc íc io s ...................................................................................................... 216

CAPITULO XV

Integrais curvilineos e integrais de superfície

§ I. Integral curvilíneo........................................................................................ 223


§ 2. Cálculo do integral c u r v ilín e o ............................................................. 226
§ 3. Fórmula de G re e n ........................................................................................ 232
§ 4. Condições para que um integral curvilíneo não dependa do caminho
de integração............................................................................................... 235
§ 5. Integrais de s u p e r f íc i e ...........................................................................240
§ 6. Cálculo dos integrais de superfície .......................................................242
§ 7. Fórmula de Stokes........................................................................................ 245
5 8. Fórmula de Ostrogradsky................................................v . 250
§ 9. Operador hamiltoniano e algumas a p li c a ç õ e s .................................. 253
E x e rcício s...................................................................................................... 257

CAPITULO XVI

Séries

§ 1. Soma duma s é r ie ........................................................................................ 264


§ 2. Condição necessária de convergência de uma s é r ie ........................... 267
§ 3. Comparação das séries com termos p o sitiv o s .................................. 270
§ 4. Regra de A le m b c r t ..................................................................................272
§ 5. Regra de C a u c h y ........................................................................................ 276
§ 6. Comparação com um in teg ral.................................................................... 278
§ 7. Séries alternadas. Teorema de L e ib n iz ................................................281
§ 8. Séries de termos de sinais quaisquer. Convergência absoluta e semi-
•c o n v e rg è n c ia ............................................................................................... 283
§ 9. Séries de fu n ç õ e s .................................................................... ......................... 287
§ 10. Séries m a jo ráv e is .........................................................................................288
§ II. Continuidade da soma duma s é r ie ........................................................290
§ 12. Integração e derivação de séries............................................................. 293
§ 13. Series inteiras ou séries de potências. Intervalo de convergência 296
§ 14. Derivação de séries in te ir a s .................................................................... 301
§ 15. Séries de potências de x — a .................................................................... 303
§ 16. Séries de Taylor e de M a c la u r in .......................................................304
§ 17. Exemplos de desenvolvimento de funções em séries . . . . 306
§ 18. Fórmulas de E u l e r ................................................ 1 . . . . 308
§ 19. Fórmula geral do b i n ô m i o .................................................................... 309
§ 20. Desenvolvimento da função Log (I + x) em série inteira. Cálculo de
lo g a ritm o s ...................................................................................................... 312
§ 21. Aplicação das séries ao cálculo dos integrais definidos . . . . 314
§ 22. Aplicação das séries à integração de equações diferenciais . . . 316
$ 23. Equação de B e s s e l ..................................................................................319
E x e rcício s...................................................................................................... 325

CAPITULO XVI I
Séries d c Fourier

§ I. D-liniçâo. Posição do p ro b le m a ............................................................. 334


§ 2. Exemplos de desenvolvimento de funções em séries de Fourier . 339
§ 3. Uma nota sobre o desenvolvimento das funções periódicas cm
série de F o u r i e r .........................................................................................344
§ 4. Séries de Fourier de funções parei e im p a re s .................................. 347
§ 5. Séries de Fourier das funções de período 2 1 .................................. 348
§ 6. Desenvolvimento em série dc Fourier duma função não periódica 350
§ 7. Aproximação, cm média, duma função dada por meio dc poli-
nómios trignométricos..................................................................................352
§ 8. Integral de D ir ic h le t..................................................................................358
§ 9. Convergência duma série de Fourier num dado ponto . . . . 361
§ 10. Algumas çondições, suficientes para a convergência duma série
de F o u rie r...................................................................................................... 363
§ II. Análise harmônica n u m é ric a .................................................................... 366
$ 12. O integral de F o u r i e r ........................................................................... 368
§ 13. Forma complexa do integral de F o u r ie r ................................................372
E x e rc íc io s...................................................................................................... 374
CAPITULO XVI I I

Eq u açõ es da fisica m atemática

§ I. Principais tipos de equações da física m atem ática........................... 377


§ 2. Estabelecimsnto da equação para cordas vibrantes. Formulação do
problema aos limites. Estabelecimento da equação para oscilações
eléctricas nos f i o s ........................................................................................ 378
§ 3. Resoluçáo da equação das cordas vibrantes prlo método de separação
das variáveis (método de F o u r ie r ) ...................................................... 382
§ 4. Equação da propagação do calor numa barra. Enunciado do problema
aos lim ite s ......................................................................................................386
§ 5. Propagação do calor no e s p a ç o ............................................................. 389
§ 6. Resolução do primeiro problema dos limites para a equação do
calor pelo método das diferenças fin ita s ................................................393
§ 7. Propagação do calor numa barra in fin ita ................................................395
§ 8. Problemas que conduzem ao estudo das soluções das equações de
Laplace. Enunciado dos problemas de lim ite s .................................. 401
§ 9. Equação de Laplace em coordenadas cilíndricas. Resolução do
problema de Dirichlet para um arco com valores constantes da
função procurada sobre os círculos interior exterior . . . . 406
§ 10. Resolução do problema de Dirichlet para o círculo . . . . 409
$ II. Solução do problema de Dirichlet pelo método das diferenças finitas 413
E x ercícios......................................................................................................416

CAPITULO XI X

C á lcu lo o p e ra cio n a l e a p licaçõ es

§ 1. Original e im agem .................................................................... 420


§ 2. Imagem das funções a, (r), sen r. cos t ............................ . 422
§ 3. Imagens das funções com escala modificada da variável indepen-
dente. Imagem das fuuções senaf, cosa/ 424
§ 4. Propriedade de linearidade da im a g e m ........................... 425
§ 5. Teorema do deslocamento...................................................... 426
§ 6. Imagem das funções e~a l, sen hai. cos hat. t~ u* sen at, t cos at 426

§ 7. Derivação da im a g e m ............................................................. 428


§ 8. Imagem das derivadas............................................................. 430
§ 9. Dicionário de imagens............................................................. 431
§ 10. Equação auxiliar duma equação diferencial d a d a ........................... 433
§ 11. Teorema da d e c o m p o s iç ã o .................................................................... 437
§ 12. Exemplos de resolução das equações diferenciais e dos sistemas
de equações diferenciais pelo método do cálculo operacional . . 439
§ 13. Teorema do cnrolamento (co n v o lutio n)................................................441
§ 14. Equações diferenciais das oscilações mecânicas. Equações diferenciais
da teoria do» circuitos eléctricos............................................................. 443
§ 15. Reaolução da equação diferencial das oscilaçõe s........................... 445
§ 16. Estudos das oscilações liv r e s .................................................................... 447
§ 17. Estudo das oscilações harmônicas amortecidas no caso duma força
exterior p e rió d ic a ........................................................................................ 448
§ 18. Solução da equação das oscilações no caso da ressonância . . . 450
5 19. Teorema do retardamento...........................................................................451
E x e rcício »...................................................................................................... 453
PREFÁCIO

A 3.* edição em lingua francesa conserva como essencial o


conteúdo da 2* edição. Certos capítulos foram profundamente revistos
c completados, em especial aqueles que tratam dc certos ramos das
matemáticas modernas, cujo conhecimento é nos nossos dias indis­
pensável a todo o engenheiro. Na parte «Exercícios» aumenlou-se o
número de problemas, insistindo sobre aqueles que, mais difíceis, exi­
gem mais reflexão. O material desta nova edição 6 apresentado cm
dois volumes.
No primeiro volume, os capítulos iniciais «Número, variável, função»
e «Limite e continuidade das funções» foram resumrJos na medida
do possível. Certas questões, habitualmente tratadas nestes capítulos,
foram conscientemente reportadas aos capítulos seguintes. Isto permitiu
abordar mais ràpidamente a derivada, noção fundamental do cálculo
diferencial; esta necessidade foi-nos ditada pelas exigências das outras
disciplinas do ensino técnico superior. O bom fundamento duma tal
disposição foi felizmente confirmado pela experiência de vários anos.
No f m do primeiro volume inseriu-se os anexos I e II expondo
problemas muito importantes para o engenheiro: «Estabelecimento duma
dependência funcional a partir de dados experimentais pelo método
dos mínimos quadrados» e «Fórmula de interpolação dc Newton.
Derivação numérica».
No segundo volume, para assegurar aos estudantes uma prepa­
ração matemática que lhes permita abordar as disciplinas lipadas h
automação e aos métodos de cálculo automático, que são hoje ensi­
nadas nos estabelecimentos dc ensino técnico superior, vários desen­
volvimentos. tratando em detalhe destas questões, foram inseridos:
«Integração numérica das equações diferenciais e sistemas de equações
diferenciais» (*), «Integração de sistemas diferenciais lineares». «Noção
sobre a teoria da estabilidade de Liapounov». «Operador hamiltoniano».
«Integral de Fourier», etc.

(•) Os métodos dc cálculo numérico habitualmente tratados nos cursos


de análise sáo igualmente expostos neste manual.
Esta edição foi também completada por dois novos capítulos
«Equações da física matemática» (capítulo X V III) e «Cálculo opera­
cional e aplicações» (capítulo X IX ).
O capitulo X V III passa cm revista as equações fundamentais
da física matemática. Tem-se dado uma importância particular à
análise da natureza dos fenômenos físicos que conduzem às equações de
diferentes tipos e aos problemas de limites correspondentes. Uma grande
importância foi igualmente concedida aos métodos numéricos de reso­
lução das equações diferenciais às derivadas parciais.
No capítulo X IX expôs-se as noções fundamentais do cálculo
operacional e o método operacional de resolução das equações d :fe-
renciais. Elas são indispensáveis para o estudo de numerosas disciplinas
aplicadas, cm especial as ligadas à electrotécnica.
Um grande número de problemas c de exercícios, que esclarecem
a maior parte dos vínculos que existem entre as matemáticas e
as outras disciplinas, foram incluídos neste manual. Os problemas e
os exercícios foram especialmente escolhidos para cada capítulo do
curso a fim de contribuir para a assimilação da parte teórica. Alguns
foram resolvidos e comentados a título de exemplos. Isto torna o
uso deste manual particularmente precioso para o estudo auto-
-didáctico.
Devo exprimir a minha profunda gratidão às Edições Mir que
aceitaram a tradução c a publicação desta obra.

O autor

NOTA SOBRE A PRESENTE E D IÇ A O

Esta edição, a 4.* cm francês, reproduz a 3.“. que se esgotou


ràpidamente.
Procedemos, no entanto, às correcções que o autor julgara neces­
sárias para esta nova edição, a fim de apresentar aos leitores uma
obra ainda mais digna da sua confiança.

O EDITO R
Capitulo XIII

E Q U A Ç Õ E S D IF E R E N C IA IS

§ 1. Posição do problema. Equação do movimento do corpo para


um meio em que a resistência é proporcionai à velocidade.
Equação d a catenária

S u p o n h am o s qu e a fu n ç ã o y = / (x) exprim e u m fen ôm e n o do


p o n to de vista q u a n titativ o . E x a m in a n d o este fen ôm en o, é m uitas vezes
im possível estabelecer directam ente o caráctcr d a dependência entre
y e x, m as pode-se estabelecer u m a dependência entre as quan tid ade s
x, y e as derivadas de y c m relação a x: / , y " , y<">, isto é. que
se pode escrever u m a eq u ação diferencial.
D e d u z ir da relação entre x, y e as derivadas a relação directa
entre y e x. isto é, encontrar y — f (jc). 6 a in d a o q u e se c h a m a integrar
u m a e q u a ção diferencial.

Consideremos dois exemplo».

Exemplo— I. Deixe-se cair um corpo de massa m duma certa altura.


Pede-se para estabelecer a lei de variação da velocidade da queda v, se o corpo
cxp:rimentar uma resistência dc travagem da parte do ar proporcional à velo­
cidade (sendo o coeficiente dc proporcionalidade k), isto 6, encontrar v " / ( / ) .

R esolução — Em virtude da segunda lei de Newton

em que -- - e a aceleração do corpo cm movimento (a derivada da velocidade


dt
em relação no tempo) t F. a força que age sobre o corpo no sentido do
movimento. Esta força é constituída por duas forças: pela força de gravidade mg
e pela resistência do ar = kv (toma-se o sinal menos porque esta força é oposta
à velocidade). Assim

m - ^ “ =*mg — kv. ( 1)

Temos uma relação entre a função desconhecida v e a sua derivada-^-,


dt
isto é, unia equação diferencial sobre a funçSo desconhecida v. (Ê a equação
do movimento de certos tipos dc paraquedas). Resolver esta equação diferencial,
6 procurar uma função v = / (/), que a verifica idênticamcnte. Existe uma
infinidade dc tais soluções. O leitor verificará fàcilmente que toda a função
da forma

Mf
v=C< m + - ?£
verifica a equação (1) qualquer que seja a constante C. Mas qual destas fun­
ções dá a relação procurada entre v e r ? Para a encontrar, imponhamos uma
condição suplementar: uma velocidade inicial v. (que, cm especial, pode ser
nula) foi comunicada ao corpo na partida; suporemos que esta velocidade inicial
é conhecida, mas, então, a função procurada v = /(r) deve ser tal que se tenha
para t = 0 (no começo do movimento) v = v*. Substituindo i = 0, v = v. na
fórmula (2), tem-se:

donde

Assim, a constante C é determinada. A dependência entre v e i, exprime-se,


pois, por:

Resulta desta fórmula que para / suficientemente grande a velocidade v


dep:nde pouco de v*.
Notemos que se k = 0 (isto i. se a resistência do ar for nula ou des-
prezável) encontra-se o resultado conhecido cm física (*):

(V)

Esta função satisfaz a equação diferen­


cial (I) e à condição inicial: v = v» para f = 0.

Exem plo — 2. Um fio flexível homogêneo


está suspenso pelas suas duas extremidades. Achar
a equação da curva de equilíbrio do fio subme­
tido ao seu próprio peso (tal é a posição que
tomam os cabos suspensos, os fios, as correntes).
J>S
R esolução — Sejam W .(0, 6) o ponto mais
baixo sobre o fio, M um ponto arbitrário sobre
m ------ este fio (fig. 244). Consideremos a porção de
fio M ,M . Esta porção está em equilíbrio sob a
F i g. 244. acção de três forças:

l_) \ tensão T. que age tangencialmcnte no ponto M e formando com


o eixo Ox o ftneulo
2) A tensão H no ponto que age horizontalmente:
3* O peso ys dirigido verticalmente para baixo, em que s i o compri­
mento do arco M tM , y o peso específico do fio.

(•) Pode-se deduzir a fórmula (2') para passagem ao limite


Decompondo a tensio T na* suas componentes horizontal e vertical,
obtém-se as equações de equilíbrio:

fcos<jp — H ,
T sen <J»= ys.

Obtém-se, dividindo membro a membro, estas duas igualdades

Suponhamos agora que se pode escrever a equação da curva procurada


sob a forma y = / (x). Aqui, / (jr) é uma função desconhecida que é preciso
procurar. Notemos que

tg q > = /’
Por conseguinte:

az a
(4)
em que se fez — = a.
Y
Derivemos os dois membros da igualdade (4) em relação a x:
d*{/ 1 ds
dx2 a dx
Mas sabe-se que (ver § 1, Cap. VI)

+ • (5)

Substituindo esta expressão na equaçSo (5), obtém-se a equaçSo dife­


rencial da curva procurada sob a forma:

(6)

Ela liga as derivadas primeira e segunda da funçSo desconhecida y.


Sem nos preocuparmos com os métodos de resolução das equações, indi­
quemos que toda a função da forma

„ = i . [ í + ( í + c‘) + e- (f + c-) ] +C2 (7)

satisfaz à equaçSo (6) quaisquer que sejam as constantes C, e C*. Ê fácil de


provar substituindo as derivadas primeira e segunda da funçSo indicada na
equaçSo (6). Indiquemos ainda, sem o demonstrar, que se tem aí todas as
soluções (para diversos C, e C :) da equação (6). Isso será demonstrado no § 18.
Os gráficos das funções assim obtidas são chamadas das catenúrias.
Vejamos agora como convém escolher as constantes C» e Ci para obter
precisamente a catenária cujo ponto inferior tem por coordenadas (0, b). Dado
que para x = 0 se tem o ponto mais baixo da catenária. a tangente é. hori­
zontal naquele ponto, isto é, - ^- = 0. Além disseu por hipótese, a ordenada é
dx
iguaí a b nesse ponto, isto é, y = b.
Dcduz-se da equação (7)

Substituindo nesta última x =* 0. obtém-sc 0 - y (<Cl — e-C|). Logo C» = 0,


se b é ordenada dc M * tem-se, então, y = b para x = 0. Deduz-se da equação (7),
pondo ix = 0 e
c 0 j, O, b n ~ <1 -f 1) -f Cz, donde €2— b~- a

Encontra-se, por fim:

A equação (7) simplifica-se muito sc se fizer a ordenada do ponto M»


igual a a. A equação da catenária torna-se, então, em:

§ 2. Definições
D e fin iç ã o — 1. Chama-se e q u a ção diferencial a u m a eq uação que
estabelece u m a relação entre a variável independente x, a fu n ção
desconhecida y = f { x ) e suas derivadas / . y " .........y (f,).
Pode-se escrever sim bolicam ente u m a eq u ação diferencial com o
se segue: ...
F (x . y, y , y ......... i / ' 1) = 0
ou

'(•■>■2-S.. £)-*
Sq y = f (x) é fu n ç ão de u m a só variável independente, a eq uação
diferencial diz-se o rd in ária . C o m eçare m o s pelo estudo das equações
diferenciais o rd in ária s ( •).

(*) Ao mesmo tempo que as equações diferenciai? ordinárias, estuda-se


igualmente cm análise matemática equações com derivadas parciais. Chamam-se
«Equações com derivadas parciais» a uma relação entre a função desconhecida z,
que depende dc duas Ou várias variáveis x, y, estas próprias variáveis e
. . . , » ^ di dz ifli
as derivadas parciais de t : , etc.
Tem-se como exemplo de equação de derivadas parciais dc função des­
conhecida z ix, y) a equação
dz dl
X dx ^ dy
ê fácil de veriticar que a função z ~ x*y* (bem como muitas outras
funções) verifica esta equação.
No decorrer deste curso as equações de derivadas parciais são estudadas
no capítulo X V U I (vol. 2).
Definição — 2. Chama-se ordem duma equação diferencial à or­
dem da derivada mais elevada contida nessa equação.
Assim,

y ' — 2xy* - f 5 = 0

é uma equação de primeira oxdem.


A equação
y " + k y b y — sen x = 0

é uma equação de segunda ordem, etc.


A equação considerada no exemplo 1 do parágrafo precedente
é uma equação dc 1.* ordem e a do exemplo 2 de segunda ordem.

Definição — 3. Chama-se solução ou integral duma equação dife­


rencial a toda a função y = f(x) que verifica idênticamente essa equação.

Exem plo — 1. Seja a equação diferencial

As funções y = sen x, y = 2 cos x, y = 3 sen x — cos x e. mais geralmente,


toda a funçSo da forma y = C> sen x, y — C-. cos x ou

y = C t seax-f-C2 cos x

é solução da equaçSo dada quaisquer que sejam as constantes Ci e C2; é


fácil dc verificar, substituindo estas funções na equação.

Exem plo — 2. Consideremos a equação


y 'z — x2 — y = 0.

As suas soluções são funções da forma

0 = * a + Cx,

em que C i uma constante arbitrária. Com efeito, encontra-se, derivando a


função tj = x* + C x :
y '« 2 x+ C.

Substituindo as expressões de y e yl na equação dada, obtém-se a


identidade
(2x + C) x— j * — z*— C x = 0 .

Cada uma das equações tratadas nos exemplos 1 e 2 possui uma infinidade
de soluções.
§ 3. Equações diferenciais de primeira ordem {noções gerais)

1. Uma equação diferencial de J.a ordem é da forma

y, y ) = 0. (1)

Quando esla equação é resolúvel em / , pode-se pô-la sob a forma ;

y’ = f ( x . y). (O

Diz-se. então, que a equação diferencial é resolúvel em relação


à derivada. Tem-se para uma tal equação o teorema seguinte sobre a
unicidade da solução.

Teorema — Se na equação
/ ■ » / ( * , y)

a função f (x. y) e a sua derivada parcial em relação a y forem


contínuas num certo domínio D do plano Oxy e se (*<,. yo) for um
ponto deste domínio, existe uma solução única y = <p(x) que satisfaz à
condição y = yQ quando x = x0.
Geomètricamente, este teorema significa que existe uma função
y = 9 (x). e uma só. cuja curva representativa passa pelo ponto (jc0. y0).
Resulta deste teorema que a equação (10 possui uma infinidade
de soluções diferentes (por exemplo, a solução que passa pelo ponto
(xq. y0)\ a solução que passa pelo ponto (jc0. >0; a que passa pelo
ponto (xo, y?). etc.. uma vez que estes pontos se encontram no
domínio D).
À condição para que a função y deva tomar o valor dado y0
quando x — x0 chama-se condição inicial. Muitas vezes escreve-se-la
sob a forma ,i
.vix=x0 = yo*
Definição— 1. Chama-se solução geral duma equação de 1.“ or­
dem a uma função
y = <p(x, O . (2 ')

que depende duma constante arbitrária C e que satisfaz às seguintes


condições:
a) satisfaz à equação 'diferencial qualquer que seja o valor
concreto da constante C;
b) qualquer que seja a condição inicial y = y0 quando x = *<>,
isto é. {y)x= xa = Vo* pode-se determinar um valor C = C0 tal que a
função y = f (x, C0) verifica a condição inicial dada. Supõe-se. então.
que os valores x0 e y0 pertencem ao domínio dc variação das variáveis
x c y no qual são observadas as condições do teorema dc existência e
da unicidade da solução.

2. Procurando a solução geral duma equação diferencial, somos


conduzidos muitas vezes a uma relação da forma
(D (x, y, O = 0, (2')
não resolvida em y. Obtém-se a solução geral resolvendo esta relação
cm relação a y. Todavia, não é sempre possível exprimir y a partir
dc (2') por meio dc funções elementares, conserva-se a solução geral
sob a forma implícita. Uma igualdade da .forma <1> ( j, y. C') = 0, que
dá implicitamente a solução geral, chama-se integral geral da equação
diferencial.

Definição — 2. Chama-se solução particular a toda a função


y = <p (x, C 0) deduzida da solução geral y = <p (x, C), pondo nesta
última C = C0. A relação (x, y, C0) - 0 diz-se. então, um integral
particular da equação.
Exem plo — 1. A equação de primeira ordem
d y ____ y_
dx x

tem como solução geral y — pode-se verificá-la por uma simples substituição

na equaçSo.
Procuremos a solução particular que satisfaz às condições iniciais:
ç
y, = 1 cuando x» = 2. Substituindo estes valores na fórmula y - -y ,
obtém-se 1 = —
( . ou seja. C — 2. A solução particular procurada 6, pois. a
9 “
função y — - - '

Sob o ponto dc vista geométrico, o integral geral representa uma


família de curvas planas que dependem dum parâmetro C. Estas curvas
chamam-se curvas integrais da curva diferencial dada. Um integral par­
ticular é Tepresentado por uma curva desta família que passa por um
dado ponto do plano.
Assim, no exemplo considerado, o integral geral é representado
geomètricamcnte pela família de hipérboles y = c o integral parti­
cular. definido pela condição inicial dada. pela hipérbole que passa pelo
ponto A/0(2, I). Representou-se na figura 245 as curvas da família cor­
respondentes aos diversos valores C = r , C = l , C = 2, C = — 1, etc.
Para facilitar os raciocínios, chamaremos no seguimento solução
da equação não somente à função y = ? (x. C0) que satisfaz à equação
proposta, mas ainda à curva integral correspondente. Sendo assim, falar-
-se-á, por exemplo, da solução que passa pelo ponto (x0. y0)-

Nota — A equação não admite solução que passe pelo


ponto do eixo Oy (fig. 245). Tal deve-se ao facto de o segundo membro

C-/2 C=-,/ i
F i g. 245.

da equação ser indeterminado para x = 0 e. por conseguinte, não ser


contínua.

Resolver ou integrar uma equação diferencial consiste cm:


a) procurar uma solução g«ral ou o seu integral geral (se as
condições iniciais não forem dadas) ou
b) procurar uma solução particular que satisfaça às condições
iniciais (se as houver).

3. Demos a interpretação geométrica das equações diferenciais


de primeira ordem.
Seja dada uma equação diferencial resolvida em relação à derivada:

y) <»')
e seja y — x, C) a sua solução geral. Esta solução geral define a
família das curvas integrais no plano Oxy.
A equação (1') determina para todo o ponto M. de coordenadas
x e y, um valor da derivada isto é, o coeficiente angular da tan­
gente à curva integral que passa por esse ponto.
Por conseguinte, a equação diferencial (1'J define um conjunto
de direcções ou, como se disse, um campo de direcções no plano Oxy.

Do ponto de vista geométrico, a integração duma equação dife­


rencial consiste em encontrar as curvas cuja tangente cm cada ponto
se confunde com a direcção do campo nesse ponto.
Representou-se na figura 246 o campo de direcção definido pela
equação diferencial

dy = _ y_
dx x
4. Consideremos, cm seguida, o seguinte problema.
Seja dada uma família de curvas que dependem dum parâmetro C:
í/ = <p(jt, C) (2)
tal que para todo o ponto do plano (ou dum domínio no plano)
apenas passe uma curva desta família.
Pergunta-se: qual a equação diferencial que admite esta família
de funções para integral geral?
Acha-se derivando a relação (2) em relação a x:

£= o. (3)

Uma vez que apenas passa uma só curva da família para qual­
quer ponto do plano, cada par de valores z, y define um único valor C
dy
na equação (2). Substituindo este valor C na relação (3) encontra-se —
como função de x e y. Obtém-se. assim, uma equação diferencial que
é verificada para todas as funções da família (2).

Daqui resulta que para estabelecer a ligação entre x e y e ^


dx
isto é. «para escrever a equação diferencial que admite para integral
geral a fórmula (2). é preciso eliminar C nas expressões (2) e (3).
Exem plo — 2. Encontrar a equação difcrcncial da famflia dc parábolas
y= (fig. 247).
Acha-se derivando em relação a x a equação da família

dx
• • V
Substituindo C — definida pela equaçSo da família, obtém-se a equaçSo
diferencial dada:
di/
dx x
Esta equação tem um sentido quando x 0, isto 6, em todo o domínio
que não corte o eixo Oy.
§ 4. Equações com variáveis separadas e separáveis.
Problema da desintegração do rádio

Consideremos uma equação diferencial da forma

£ = h (*)h (y ).
d d)

em que o segundo membro é o produto duma função que depende


sòmente de x por uma função que depende sòmentc de y. Transformemo-la
como se segue (supondo /, (y) ^ 0):

1
dy = /, (*) dx. (O
f*Ay)
Supondo que a função y de x é
conhecida, pode-se considerar (10. como a
igualdade dc dois diferenciais, e as suas
primitivas distinguir-se-ão duma constante.
Integrando o primeiro membro em relação
a >■c o segundo em relação a x. obtém*se:

j 7 7 T h{x )d x + C. F ig . 248

2 " Obtivemos uma relação entre a solu­


ção y, a variável independente x e a constante independente x c a
constante arbitrária C. isto é. que se tem o integral geral da equação (1).

1. A equação diferencial (!')

M (x) dx -+ jV (y) dy = 0 (2)


chama-se equação com variáveis separadas. Como se acaba de demons-.
trar. o seu integral geral é
\ M (x )d x + S N M d y ^ C .
Exem plo — I. Seja a equaçSo de variáveis separadas
x d x + yd y = 0.

O seu integral geral, 6 » «

- z + * r = c '-
O primeiro membro, não sendo negativo, implica o mesmo para o
segundo. Designando 2C>. por C*. ter-se-á:
xa + j,t = c *.
ê a equaçSo de uma família de circunferências -concêntricas (fig. 2481
com centro na origem das coordenadas e de raio C.
2. Uma equação da forma
M\ (*) (y) dx -f M t (x) JVt (y)dy = 0 (3)
chama-se equação de variáveis separáveis. Pode-se reduzir a uma equa­
ção de variáveis separadas (•) dividindo os dois membros pela expres-
são N i M A M * ):

L(f> f f l M d x - f M * {X) N ' {y) d y = 0


N x ( y ) M t (x) N x ( y ) M i (x)
ou

que é uma equação do tipo (2).


Exemplo — 2. Seja a equação
dy y
dx x
Separemos as variáveis:

dy dx
~ x
Encontra-se, por integração:

logo.

L o g | j/| = — Log |x |-f Log |C 1(*•■) ou L o g | y | = L o g ;

donde se deduz a solução geral y = — .


Exemplo — 3. Seja a equação
(1 + x) y dx + (1 — y) x dy = 0.
Separemos as variáveis:

Integrando, obtém-se:
Log|x|-f x-f Log] y| — y = C ou Log |xy |+ x — y = C

que é o integral geral da equação proposta.

(•) Estas transformações são legítimas sòmente num domínio em que,


nem W, (y) nem M-.(x) se anulem.
(••) Tendo cm consideração as transformações ulteriores, designamos a
constante arbitrária por l o g l C ', o que é legítimo, porque log C i (quando
C & 0) pode tomar qualquer valor de — » a + « .
Exem plo — 4. A velocidade de desintegração do rádio é directamente
proporcional à sua massa no instante considerado. Determinar a lei de variação
da massa do rádio cm função do tempo, sabendo que no instante / = 0 a
massa era m*
Dctcrmina-sc a velocidade de desintegração como se segue. Seja m a
massa no instante t c m + Am a massa no instante / + A/. A massa desintegrada

O limite desta relação quando At —* 0


.. Am dm
A,‘“ o Aí " dt

6 a velocidade de desintegração no instante r.


Segundo as condições do problema
dm ,
— = — * 171,
(4)
em que k é um coeficiente de proporcionalidade (k > 0). Introduzimos o sinal
menos uma vez que a massa decresce quando o tempo cresce e que, por

conseguinte,--m- ■< 0

A equação (4) é uma equação de variáveis separáveis. Separemos as
variáveis:
dm
= — k d t.

Integrando, obtém-se:
I,og m = — k t — Log C,

donde

(5)
Dado que a massa do rádio era m. no instante t — 0, C deve satisfazer
à relação
m0 — Ce~k ° = C.

Substituindo o valor de C na igualdade (5), obtém-se a expressão pro­


curada (ver fig. 249) da massa em função do tempo:

m — m0e 6
( )
Diduz-s: o coeficiente k das observações que se seguem. Seja a % a
fracção da massa inicial desintegrada no tempo f*. Tem-se. pois, a relaçáo

(1 1^5) mo = moe~k<0’
donde
— kt0= Log ( i — íõ õ )
ou ^

Desta maneira estabeleceu-se qus para a rádio k = 0,000436 (sendo a


unidade do tempo o ano).
Substituindo este valor de k na fórmula (6), obtém-se

Encontramos o período de desintegração do rádio, isto é, o lapso de


tempo durante o qual se desintegra metade da massa inicial do rádio. Substi­

tuindo nesta última fórmula em vez de m. obtém-se a equaçSo que define

o período T procurado:

m0 _ m -0.00043GT
T m°*
donde
—0,0004367*= - Log 2
ou

r - õ ^ 6 = ' 59° *“

Notemos que outros problemas da física e da química igualmente con­


duzem à equaçSo da fórmula (4).

N ota— A equação diferencial de variáveis separadas mais sim­


ples é:

^ = f(x ) ou dy = f(x) dx.

O seu integral geral, escreve-se


\ f{x)à* + C.

Ocupamo-nos deste tipo de equação no capítulo X.

§ 5. Equações homogêneas de primeira ordem

Definição— 1. Diz-se que a funcão f (x, y) é uma função homo­


gênea de grau n em relação às variáveis x e y sc se tiver para todo o A

t(k r , ky) = \nf(x , y).


Exem plo — 1. A funçio / (*, y) = ' f j & + y 9 6 homogênea e de grau I.
porque
/ (Xx, X y )- f*(X x )*+ (X y )»= - X f x ? + V3 = X/ (x, y).

E x e m p lo — 2. / (x, y) = xy — ya 6 uma funçáo homogênea do segundo


grau. porque (Xx) (Xy) — (Xy)* = Xa (xy — y*J.
• X* — y*
E x e m p lo —-3. /(x , y ) » — — — 6 uma funçfio homogênea dc grau zero,
porqus isto é.f (Xx, Xy) = / (x, y)ou /(X x , Xy)=-
(Xx)(Xy) xy
=«*®/(x, y).
Definição — 2. A equação de primeira ordem

£ = / ( * .» ) d)

diz*se homogênea em relação a x e y se a funçao / ( a t . >•) for uma função


homogênea de grau zero em relação a x e y.

Resolução da equação homogênea — Tem-se. por hipótese, / (Ajc,


Xy) = f (x, y). Fazegdo nesta identidade X = — , obtém-se:

isto é. que uma função homogênea de grau zero depende sòmente da


relação -£•.
A equação (1) escreve-se, então, neste caso. sob a forma

Façamos a substituição:
% í)-
-<('■ m
y
u *= — , isto 6, y = ux.
x

Tem-se. então:
dy du

Substituindo esta expressão da derivada na equação (10. obtém-se

u + H e = / ( 1, u ) -
É uma equação de variáveis separáveis:
du du dx
ou

f
Por integração encontra-se

— ^ — = Í ~ + C.
J / (1, u) — U J X
Substituindo após integração -j cm u, obtém-se o integral da

equação (10-
Exem plo — 4. Seja a equação
dy *y
"dx ~~ x* — y*
Tem-se no segundo membro uma equaçSo homogênea de grau zero, pois

a equaçSo proposta é homogênea. Façamos a mudança de variáveis J l = u.

EntSo:
dy , du
y = ux\ ~ = u -f x —— ;
dx dx
du u du u*
X'
dx 1 — u* ’ dx _ l - u *
Separando as variáveis, tem-se:
(1— u*) du dx ( 1 Í \. dx

e por integraçSo:

— ^ — Log| u | ^ L o g | x | |-Log|C| ou — jL L o g | « x C | .

Substituindo u = -~-, obtém-se o integral geral da equaçSo inicial:

~ ^ = Log| C*\-
Ê impossível exprimir aqui y cm funçSo de x por meio das funções ele­
mentares. Mas exprime-se fàcilmente x em função de y:

x = y ~Z — 2 Log! ('!/ I •
N ota— A equação
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0
apenas será homogênea se M (x. y) e N (x, y) forem funções homo­
gêneas do mesmo grau. Daqui resulta que a relação de duas funções
homogêneas dum único e mesmo grau é uma função homogênea de
grau zero.
Exem plo — 5. As equações

(2* + 3y) dx + (z — 2y) dy * 0,


(** + ¥*) d x — 2xy dy * 0
sao homogêneas.

§ 6. Equações redutíveis a equações homogêneas

Reduzem-se a equações homogêneas as equações da forma


dy _ ax + by + c
‘t* + bty 4- c,
Se Ci = c = 0, a equação (1) é. evidentemente, homogênea. Su­
ponhamos agora que c e c, (ou um deles) não são nulos. Façamos a
mudança de variáveis:

x = x t + A, y = y x + k.
Então.

* dx ,- (2)

Substituindo na equação (2) as expressões das qiantidadcs x, y,


obtêm-se:
dyx a x x -f- byx-f-a h + bk c
(3)
dxx alxi -{- bxyx+ &ih 4- bxk -f- ci

Escolhamos h e k de maneira que verifiquem as equações

ah 4- bk 4- c = 0. }
(4)
axh 4- bxk -f cx= 0. I

isto é. definamos h e k de modo que seja solução do sistema de


equações (4).
A equação (3) torna-se. então, homogênea:
dytm__ ax, 4- by,
dxx axxx4- b ,y ,'
Resolvendo esta equação e voltando às antigas variáveis x e y
segundo as fórmulas (2), obtém-se a solução da equação ( 1).
O sistema (4) não tem solução quando
isto é. quando abi = axb. Mas, então. ■
— — y = A ou aY — Aa. bi — Ab,
e a equação (1) pode ser posta sob a forma
dy _ ( a j-f f e y ) -f c
(õ)
dx \(ax + by) + Ci
A substituição
2 = ax - f by (K)
conduz, então, a equação dada a uma equação dc variáveis separáveis.
Com efeito.

donde
d y _ _ Í " d i^ T a r*
dx b dx b
Substituindo as expressões (6) e (7) na equação (5). obtém-se

1 — _ — — z c
b dx b Xz -}- Cj
que é uma equação de variáveis separáveis.
O processo utilizado para integrar a equação (1) aplica-se igual­
mente à integração da equação

dy _ / ( a jr+ by + c \
dx Va^r -f bxy -f c j
em que / é uma função arbitrária contínua.
Exem plo — I. Seja a equaçSo
dy _ x-f-y— 3
dx ~ x — y — 1
Para a reduzir a uma equaçSo homogênea façamos a substituição x = x, + h\
y = y, + k. EntSo.
dy) _ Xj-^-yi-^-A-f-^’ - -3
d x 7 ~ X| — yj-j-*— k — 1

Resolvendo o aistema de duas equações

h-\-k — 3 = 0 ; h— k— 1=0,
vem.
h = 2. * = 1 .
Obtém-se assim a equaçSo homogênea
dy\ *i~ f
*1 * i — Vi
que se resolve fazendo a substituição

tem-se: *
àU\ , du

du 14-u
u + ,> d i r = - r ^ '
c obtém-se uma equação de variáveis separáveis:
du 1 -f ua
**■357” — =nr-
Separemos as variáveis:
1— u , dx,
du
l+ ll» X, *
Integrando, tem-se:

arc t g u — - i- L o g (l- fu > )= L o g x ,- f L ogC ,

a rc tg u = Log (Cx, V l + u í)
ou
Cx, V í T ^ = e*rctgu.
Vf
Substituindo nesta tlltima igualdade-- cm vez de u, obtém-se:
xt

c y 3 + 7 ? = / rclg£
Por Iim, passando às variáveis x e y, obtém-se:
Kf—|
C l / ( x — 2)a -f-(y — l)*=3*arCt,*~ *.
Exem plo — 2. N ão se pode fazer a substituição x = x1+ A, y = y,-f k
na equação
, 2x-f-y — 1
v “ 4x+£j, + 5 ’
porque o sistema de equação que serve para definir h e k é incompatível (sendo
2 1
o determinante ^ dos coeficientes das variáveis nulo).

Pode reduzir-se esta equação a uma equação de variáveis separáveis fazendo


a substituição ;
2* + |f=*.
Tem-se, então, y’ — z' — 2 e a equação torna-se

ou * * 2x + ò

5x+ 9
2x + 5
Deduz-ac 7
j x-f — Lo< j|5x + 9 | = x + C .

Como z = 2x + >• obtém-se, finalmente, a solução da equação dada sob


a forma
-| (2x + y ) + ~ Log 110x+ 5y + 9 |= x + C

ou
10y-5x+7Log|10r-f5i/+9|=C,.
isto 6, sob a forma implícita.

§ 7. Equações ttneares de prim eira ordem

Definição — Chama-sc equação linear de primeira ordem a uma


equação linear cm relação à função desconhecida c à sua derivada.
E«:reve-se

+ = <?(*). (D
em que C (x) e Q (x) são funções contínuas dc x dadas (ou constantes).

Resolução da equação linear (1) — Vamos procurar a solução da


equação (1) sob a forma de produto de duas funções de x:
y = u (z )v (x ) (2)

Poder-se-á tomar arbitràriamente uma destas funções; a outra


será, então, definida por (1).
Derivando os dois membros da igualdade (2) encontra-se:

du du , du
s i= u d i+ v d i■

Substituindo a expressão da derivada d


J . obtida na equação (1),
dx
ter-se-á
dv du
u d x + v d i + P uV = Q
ou

Escolhamos a função v de modo que se tenha

^ + P i> = 0. ('<)
dr
Separando as variáveis nesta equação diferencial em v, tem-se:

d“ = - P d x .
v
Integrando, obtém*se
— Log C i + L o g v = — ] P dx
ou
„ - [ pdx
v = C Ke

Como nos basta ter uma solução qualquer não nula da equa­
ção (4), tomaremos para função v (x):
- J Pdx
« w - . . (5 )

em que ) P dx é uma primitiva qualquer. É evidente que v (x) 0.


Substituindo o valor encontrado de v (x) na equação (3), obtém*se
tendo em atenção que dv ^ ()\
dx /

v (x )d
£ . = Q ( x)

ou du—
dx v (x)

donde ..
u= [f !Q (*) d x + C.
h lL
J t>(x)

Substituindo na fórmula (2). obtém-se. finalmente:

(*)

< ?(*)
dx-{-Cv{x). (fi)
— (*)

Nota — É evidente que a expressão (6) não muda se se tomar


em vez da função v (x) definida por (5) uma função qualquer Vj (x) =
= Cv (x)
3
Com efeito, obtém-se. substituindo vx(x) em vez dc v (x):

C desaparece do primeiro termo do segundo membro; o pro­


duto CC do segundo termo é uma constante arbitrária que se pode
designar simplesmente por C. c voltamos a encontrar a expressão (6).
= qp (x), a equação (6) toma a forma
y = v(x)<p(x) + Cü(x). (6')

É evidente que se está no integral geral, porque se pode escolher C


dc maneira que seja satisfeita a condição inicial:

y — Ua quando x = x0.

C é determinado pela equação

í/0 = y(Xo)cp(Xo) +Cr(Xo).


Exem plo — Resolver a equação

R esolução — Façamos y — uv; tem-sc

Para a determinação de v. obtém-^e a equação

isto é,
dv 2dx
~ “ i +1 ’
donde
l.o g v - 2 I.og (x-f I)

ou
Substituindo a cxpressSo da função v na equação (7), obtém-se pela deter­
minação de u, a equação

<* I D a -5X ^<J + 1)S

£=<*<-*>•

Por conseguinte, o integral geral da equaçSo dada escreve-se

y - - - - --- K ( * f l)*.

A família obtida é a solução geral. Qualquer que seja a condiçSo inicial


(x«, yj) cm que x* ^ — I, pode-se escolher sempre C de modo que a solução
particular correspondente satisfaça à condição inicial dada. Assim, a solução
particular que satisfaz à condição = 3 para x» = 0 é definida como se segue:

3 ~ (° V )H C (0 H )* í

c = f
Por conseguinte, a solução particular procurada é

Todavia, se se toma a condição inicial (x*, y.) de modo que x* = — 1,


não se pode deduzir uma soluçSo particular que satisfaça a esta condição.
O
Tal deve-se ao facto da função P ( x ) = -----— ser descontínua no ponto
x, = — 1 c as condições do teorema da existência da solução não serem observadas.

§ 8. Equação de Bernoulli
Consideremos uma equação da forma (*)

£ +
d l ‘ \,X)y = Q (* )y \ ( I)

em que P (x) e Q í.r) são funções contínuas de x (ou constantes) e


n 0. n 1 (caso contrário não se teria uma equação linear).

(•) Nesta equação se conduz o problema sobre o movimento do corpo


se a resistência do meio F depender da velocidade: F = Xxv -f- 'kzvn.

A equação do movimento será, então,


dv ^ , „ __ dr A,
Esta equação que se chama equação de Bernoulti, rcduz-se a uma
equação pela seguinte transformação.
Dividindo todos os termos da equação por yn, obtém-sc:

+ = (2)
Façamos, em seguida, a substituição:

*= V~n+ l.
Então.
Í _ (_ „ + i) r- 4 .
dx dx

Substituindo na equação (2), obtém-se:

Í i + ( _ n + l)P í = ( - n + l)Ç -
dx
É uma equação linear.
Calculando o seu integral geral e substituindo em z a sua expres­
são y 11,1. obtém-se o integral geral da equação de Bemoulli.

E x e m p lo — Resolver a equação

4 * .+ x „ -* » * * . <3)
dx
R esolução — Dividindo todos 03 termos por y\ obtém-se:
y-sy'4-xy_s = a:s. (4)
Introduzamos a nova função z = y**.
Tem-se, então,
A _ _ 2»-»
dx y dx
Substituindo na equação (4), obtém-se:

-----2 x i = — 2x*. (5)


dx
Ê uma equação linear.
Achcmos o seu integral geral:
dz do , du

dx
Substituámos na equação (.5) as expressões dc z e dc
Anulemos a expressão entre parêniesis:

4 i- 2 * » = 0: ÍÜ - - 2 x d z ,

Logy = i a ;
Obtém-se. para definir u. a equação

dx
Separemos as variáveis:

du c a — 2e~x*x3 dx, u= — 2 ^ e ' ^ ! 3 dx-\-C.

Integrando por partes, vem

u = * V - * * + e - xl + C ;

z = uv = x8-}-1 -+-Cext.
Tem-se pois o integral geral da equação dada:
1
y _a = x*-{-l-fCex* ou y = ~ j =
V *a -f l+ C e * * ’

N ota— Tal como para as equações lineares, demonstra-se que


se pode encontrar a solução da equação dc Bernoulli sob a forma de
produto dc duas funções:
y = u ( x ) v {x)

onde v (x) é uma função arbitrária não nula. que satisfaz à equação

V' + p v = 0.

§ 9. Equações de diferenciais totais

Definição — A equação
M (x, y) dx -f N (x , y) dy ^ 0 (1)
chama-sc equação de diferencais lotais se. M (x. y) e N (x. y) forem
funções contínuas deriváveis tais que

ÕM _ d lV
^ — a * '■ •
dy dx
, . J . . àM dN . , J , .
e as derivadas parciais •e sejam continuas num certo domínio.

Integração de diferenciais lotais — Mostremos que se o primeiro


membro da equação (1) for um diferencial total, a condição (2) é
observada, e inversamente, se a condição (2) for observada, o primeiro
membro da equação (I) 6 o diferencial total duma certa função u (x. >•).
isto é. que a equação (1) é da forma

du (x, y) = 0 (3)
cujo integral geral é da forma
u (x, y) — C.
Em primeiro lugar suponhamos que o primeiro membro da
equação (1) é o diferencial total duma certa função u (x. y), isto é.

M (x, y) dx + N (x, y) dy = du = ^ dx -f dy,

então.

M = %\ N = (4)
dx dy
Derivando a primeira relação em ordem a y e a segunda cm
ordem a x, obtém-se:
d M __ d7u di X __dhi
dy dx dy * dx dy dx
vSupondo que as derivadas segundas são contínuas, tem-se
dM dN
dy dx *
isto é. que a igualdade (2) é uma condição necessária para que o
primeiro membro da equação (1) seja o diferencial total duma certa
função u (x. >). Mostremos que esta condição é também suficiente,
isto é. que se as igualdade (2) tiverem lugar, o primeiro membro
da equação (1) é o diferencial total duma certa função u (x, y).
Da relação

deduz-se:
u = J M (x, y) dx 4- (f (y),
*0

em que x0 é a abeissa dum ponto arbitrário no domínio de existência


da solução.
Integrando em relação a x, suponhamos >• constante, e. por con­
seguinte. a constante de integração é substituída aqui por uma função
f (_y) de modo que seja observada a segunda relação de (4).
Para cstc efeito, derivemos (*) os dois membros da última igual­
dade cm relação & y c igualemos o resultado a N (x, y):
X

Í í L d t + q>'(y)-.V (x. y).


dy J dy
*0

ÕM dN
Mas como-^— = -r— .pode-se escrever:
dy dx
X

f dx -f- <p (y) = N, isto 6. Ar (x, y) |í0 + V (lf) = ^ (-r. y.)


J dx
*0
OU
N (,x, y) - .V (xo. y) + tp (y) = A (*. !/)•
Por conseguinte.
9 ' (y ) — A .V)
ou
cp (i/) = i ,V (* * y)cfy + C t.
Vo

Consequentemente, a função // (x, y) será da forma

u = l M ( j, y) d x + J N (x0, y) d y + C x.
X„ I/„

P(xo. y„) representa aqui um ponto na vizinhança do qual existe a


solução da equação diferencial (1).
Igualando esta expressão a uma constante arbitrária C, obtém-se
o integral geral da equação (1):

J M (x. y ) d x + J N (x0, y) dy = C. (5)


. Wg

*
<♦) O integral \ M (x. y) àx depende de y. Para encontrar a derivada

deste integral em relaçio a >’. é preciso derivar em relação a y a função sob


o sinal soma:
* JC
à 1» í» <tM
ã j r W ’
Xo Xo

Isto resulta do teorema de Leibnitz sobre a derivação dum integral


definido cm relação a um parâmetro (ver § 10. capítulo XI).
Exem plo — Seja a equaçSo
2r uí — 3jt^
- ~ d x + --- -— dy = Q,
V3 y*
ccrtifiqucmo-nos dc que se traia dc um diferencial total.
Designemos ^

Tr ’ ----- ;

‘ nlâo’ 9M - . dN ~
y4 * <?x ~ j/i ’

A condiçSo (2) é observada para y ^ 0. O primeiro membro da equaçSo


dada i , pois. o diferencial total duma certa função u (x, y). Procuremos essa
funçSo.
du 2x
Como t- = —õ- i tem-se
dx y3

cm que ® (>) é uma funçSo dc y que é preciso determinar.


Derivemos esta relaçSo cm ordem a y c tenhamos em considcraçSo que

du v
Ty~ y4 '

Tem-se
3ri V* — 3 ia

por conseguinte.

* '(* > — £ * • — r * 01’

**(*, — r + c ,‘

Logo, o integral geral da equação proposta é


*2 1 ,,
—r ---- *■C.
y* y

§ 10. Factor integrante

Suponhamos que o primeiro membro da equação


M ( x , y )d x + N ( x , y )d y = 0 (1)

não é um diferencial total. Por vezes é possível escolher uma função


n(x. y) tal. que se se multiplicar o primeiro membro da equação
proposta por esta função, este primeiro membro se transforma num
diferencial total. A solução geral da equação assim obtida coincide
com a solução geral da equação proposta; a função p (x. y) diz-se um
factor integrante da equação (1).
Para encontrar um factor integrante /», procede-se como se segue;
multipliquemos os dois membros da equação dada pelo factor integrante,
ainda desconhecido, p.:
\iM dx + \iN dy = 0.

Para que esta última equação seja uma equação de diferenciais


totais, é necessário e suficiente que se tenha:
d(\xM) d ( iiN )
9
ày dx
isto é.
dM dN
+ NÈL.
ày ày dx dx
ou ainda
dN dM \
Ml ---
dw ^-
ày ” dx dx ày )
Obtém-se. calculando o quociente dos dois membros desta última
equação por p:

M d L o %V- _ Ar à h o g ^ . _ àN dA f
dy dx dx dy

É evidente que qualquer n (x. y) que satisfaça a esta última


equação é um factor integrante da equação íl). A equação (2) é uma
equação de derivadas parciais da função desconhecida n que depende
de duas variáveis x e y. Dcmonstra-se que, nas condições determinadas,
ela possui uma infinidade de soluções e resulta que a equação (1)
tem um factor integrante. Mas no caso geral, é mais difícil de deter­
minar y. (x. y) em (2) do que integrar a equação proposta (1). é sòmcnte
nestes dois casos particulares que se chega a determinar a função /i (.r. y).
Suponhamos, por exemplo, que a equação (1) admite um factor
integrante dependente somente de y. Então,

dLog n = 0
dx

e obtém-se para n uma equação diferencial ordinária:


dN dM
d Log __ dx dy
~ dy ~ M ’
d o n d e se determ ina (para u m a q u a d ra tu ra ) L o g n e p o rtanto /&. É claro
que se n ã o pode proceder assim sc a expressão

dN dM
dx dy
M

n ão depender de x.

d N __ dM

Dum a m aneira análog a, se a expressão não depender

de ) ’ m as som ente de x encontra-se fàcilm ente o factor integrante que


depende som ente de x.

Exem plo — Resolver a equaçSo

(v + *y2) dx— x dy — 0.

R esolução — Aqui M = y -\
-xy* ; N = — x ;

dM . . « dN , dM , dN
— = 1+ ã 7 * ã T -
Daf resulta que o primeiro mrmbro da equaçSo não é um diferencial
total. Vejamos se esta equaçSo admite um factor integrante, dependente sòmenle
de y. Tendo em atenção que
dN dM
dx dy _ — 1— 1 — 2x y ______ 2_
M y+ — y
conclui-se que de fado assim é. Achrmo-lo:
d Log p _____ 2
dy y
donde

1
Log p » — 2 Log y, s o it p = -^j-.

Obtém-se, após multiplicação de iodos os termos da equação proposta


pelo factor integrante 11. a equação

de diferenciais totais f — -- -- ----- — ^ Resolvendo esta equação, encontra- se


\dy dx y4 I
o seu integral geral:

f + 4 + « -
ou
zx
l :r z 2 c
§ 11. Envoltório dum a fanúlia de curvas

Seja uma equação da forma

y. 0 - 0 , (1)
cm que x e y são as coordenadas cartesianas variáveis e C um parâ­
metro susceptível de tomar diversos valores fixos.
Para cada valor dado do parâmetro C. a equação (1) define uma
certa curva no plano Oxy. Dando a C todos os valores possíveis, obte­

Fig. 250. Fig. 2 M.

mos uma família de curvas dependentes dum parâmetro. Por conseguinte,


a equação (1) é a equação duma família de curvas dependente dum
parâmetro (ela contém somente um parâmetro arbitrário).

Definição — Chama-se envoltório L duma família dc curvas com


um parâmetro, a uma curva tangente em cada um dos seus pontos
a uma curva da família (fig. 250).

Exem plo — 1. Consideremos a família de curvas

em qu? R é uma constante e C um parâmetro.


É a equaçSo duma família de círculos de raio R centrados sobre o
eixo Ox. É evidente que esta família admite como envoltório as rectas y = R.
y = - R (fig. 251).

Equação do envoltório duma família de curvas. Seja a família


de curvas
O (* , y, C) — 0 (i)

dependente dum parâmetro C.


Suponhamos que esta família tem um envoltório cuja equação pode
ser posta sob a forma y = <p(x), sendo <p(x) uma função contínua
derivávcl. Consideremos um ponto M (x, y) do envoltório. Este ponto
pertence também a uma certa curva da família (1). Corresponde a
esta curva um determinado valor do parâmetro C que. para (x, y)
dado. é definido pela equação (1) C = C (x. y). Por conseguinte. tem*se
para todos os pontos do envoltório a igualdade
4>(x, y, C (x, y)) = 0. (2)

Suponhamos que C (x, y) é uma função derivável não constante


cm nenhum intervalo dos valores dc x. y considerados. Calculemos a
partir da equação (2) do envoltório o coeficiente angular da tangente
ao envoltório no ponto M (x, >•). Derivemos a igualdade (2) em relação
a x. considerando y como função dc x:

d0> , <*D dC , f <*I> , cfil dC 1 ,


---- ---------h ---- 1------- \y = 0
dx dC dx L dy dC dy \
ou

O, + <Dv' y 4- I —— r — y 1=0. (3)


l dx dy \

Deduz-se. cm seguida, o coeficiente angular da tangente no ponto


M (x, y) à curva da família (1) da igualdade

= 0 (4)

(C c constante na curva dada).


Suporemos =£ 0, senão tomaríamos .r como função e y como
variável. Dado que o coeficiente angular k do envoltório é igual ao
da curva da família, deduz-se de (3) e (4):

*[£♦5']-»•
Mas como para o envoltório C (x, y) =£ constante.

dC . àC , . n
dx dy
e tem-se. pois. para os pontos desta última

y, 0 = 0. ( 5)
Por conseguinte, determina-se o envoltório pelas duas equações
seguintes:
<!>(*, y, 0 = 0. 1 (6)
‘l>c (x, y. 0 = 0. J
Inversamente, se, eliminando C destas equações, se obtém y = <p(x).
em que p (*) é uma função derivável e C ^ constante sobre esta curva,
então y = ? (x) é a equação do envoltório.
N ota— 1. Se uma certa função y = y(x) representa o lugar
geométrico dos pontos singulares da família (1), isto é. pontos tais que
rD* = 0 c <J)y = 0, as coordenadas destes pontos verificam igualmente
as equações (6).
Com efeito, pode-se exprimir as coordenadas dos pontos singu­
lares cm função do parâmetro C que entra na equação (1):
* — M C ), y = \x{C). (7)

Se se substituir ests expressões na equação (1), obtem-se uma


identidade cm C:
4> U ( C ) . M O . C]==0-
Derivando esta identidade em relação a C, obtém-se:

como se tem. qualquer que seja o ponto singular, as igualdades (I>i = 0,


<DJ,s= 0, resulta que se tem também para estes pontos (J>c — 0.
Acabamos, pois. dc demonstrar que as coordenadas dos pontos
singulares verificam as equações (6).
Assim, as equações (6) definem quer o envoltório quer o lugar
geométrico dos pontos singulares das curvas da família (1). quer uma
combinação duma e doutra. Por conseguinte, tendo obtida uma curva
que satisfaça às equações (6). importa fazer um estudo especial para
determinar se a curva obtida é o envoltório, ou melhor, um lugar de
pontos singulares.
Exem pio — 2. Encontrar o envoltório da família dos círculos dependentes
dum parâmetro C
(x — Q í + y a - Z Í ^ O .

R esolução — Derivando oblém-s; a equaçSo da família em relaçSo a C:


2(z—O “ 0.
Eliminando C nsstas duas equaçõea, obtém-se:
yf — R 2 — 0 ou y = ± / í .
Resulta de considerações geométricas que o par de rectas obtidas é bem
o envõltório (e náo um lugar de pontos singulares, dado que os círculos da
família nâo têm pontos singulares).
Exem plo — 3. Achar o envoltório da família dc rectas:

x c o s a + y sen ct — p — 0, (a)
em que a é o parâmetro.
R esolução — Encontra-sc derivando em relação a o, a equação da família
— x sen a -f- y cos a *=0. (b)

Para eliminar o parâmetro a das equações (a) e (b). multipliquemos a


p-.meirj por ccs a, a segunda por sen a c juntemo-las membro a membro.

Encontra-se, substituindo esta expressão na igualdade (b):


y = pscna.

É a equação de um círculo. Este círculo é o envoltório da família de


rectas <c não um lugar dc pontos singulares, porque as rectas não tém sin­
gularidade) (fig. 252).

F ig . 252 F ig . 253

Exem plo 4. Achar o envoltório das trajectórias dos projécteis lançados


por um canhão ã velocidade v.. sob ângulos diferentes. Supõe-se que os projécteis
são lançados da origem das coordenadas c que as suas trajectórias se encontram
no plano Oxy (despreza-íe a resistência do ar).
R esolução — Achemos em primeiro lugar a equação da trajectória dum
projéctil lançado sob um ângulo a no sentido positivo do eixo Ox. O movimento
do projé-íil é a sobreposição dc dois movimentos: dum movimento uniforme dc
velocidade' v« na direcção do lançamento e dum movimento de queda sob
a acção da gravidade. A posição do projéctil M verá, pois, definida cm cada
instante t pelas igualdades (fig. 253):
x = r0í cos a ,
gt2
y0 **i-9t i e n a - ^ .

São as equações paramétricas da trajectória (o parâmetro é o tempo).


Eliminando /, encontra-se a equação da trajectória sob a forma:
r**
y — kx — flx3 (l &*). (8)
Ê a equação das parábolas que passam pela origem, de eixos verticais
<■ de ramos viíados para baixo. Obicnv*c diferentes trajectória* fazendo variar k.
rx equação (8» c pois a equação duma família de parábolas com um parâmetro,
que são as trajcctorias do»; projccteis lançados sob diferentes ângulos a c
com a velocidade inicial dada (fig. 254;.

i
F i g. 254.

Procuremos o envoltório desta família de parábolas.


Derivando os dois membros da equação (8) em relação a k, obtém-sc:

x — 2«*x* = 0.
( 0)
Eliminemos k nas equações (8) e (9). Obtém-se:

É a equação duma parábola dc vértice no ponto e cujo eixo é Oy.


NSo é um lugar de pontos singulares (as parábolas (8) não tem pontos
singulares). Assim, a parábola

é o envoltório da família de trajrctórias. Chama-^c parábola de segurança, porque


a região que se enconira cm redor desta parábola está fora do alcance dos
projéctcis lançados com a vclocidide inicial v»

Exem plo — 5. Encontrar o envoltório da família de paráhohs semi-


•C Ú b ÍC 3 S

R esolução — Derivemos a equação dada cm relação ao parâmetro C:


2 (x — (') «*0.
Obtém-se eliminando o parâmetro C das duas equações
ij — 0.
O eixo Ox é o lugar geométrico dos pontos singulares (dos pontos de
rcversSo dc primeira cspécie) (fig. 255). Com efeito, procuremos os pontos
singulares da curva
V2— (x — C)%" O ,

sendo C fixo. Encontra-se derivando em relação a x e y:

/ • ; - - 2 ( x —C )- 0;
F D— 3y4 =■0.
Resolvendo as três dltimas equações, encontram-se as coordenadas do
ponto singular: .r = C, y = 0, por conseguinte, cada curva da família tem um
ponto singular sobre o eixo Ox.

L u g a r g eo m étrico d o s pon tos sin g u la r eu %

Fig. 255

Os pontos singulares descrevem o eixo Ox completamente quando o


parâmetro C varia duma maneira contínua.
Exem plo — 6. Achar o envoltório c o lugar geométrico dos pontos
singulares da família

(„ _ £ )* — | (* - C )* « 0 . (10)

R osolução— Derivando cm ordem a C os dois membros da equaçSo (10),


tcm-se:

- 2 ( y - C ) + - 3 - 3 (* - O * = 0

ou
„ _ C - (i- O * = 0 . ( 11)

Eliminemos agora o parâmetro C da igualdade obtida ( I I ) e da equa­


çSo (10) da família. Substituindo a expressão

V- C = ( x - C r -
na equação da família, obtém-se:
(* _ O « - - (.r - O * = 0
-ou
obtém-se assim dois valores dc C. aos quais correspondem duas soluções do
problcm» proposto.

Primeira resolução: Segunda resolução:

C= x ; C . x - 4 ;

deduz-se, pois, da igualdade (II): deduz-se, pois, da igualdade (11):

2 r , 22-12
y — x — (x — x )* ~ 0
' * *5" L1 z "3"
ou ou

v= »*-- n 9*
Obtivemos duas rectas
2
y = x c y = z — — . A primeira recta é o lugar
dos pontos singulares c a segunda o envoltório (fig. 256).

Nota — 2. Demonstramos, no § 7, cap. VI, que as normais a


uma curva eram ao mesmo tempo as tangentes à evoluta. Vê-se. pois.

que a evoluta duma curva é o envoltório da família das normais a


esta curva (fig. 257).
Esta nota permite ainda indicar um método para a procura da
evoluta: encontra-se a equação da evoluta duma curva definindo prèvia-
mente a família das normais a essa curva, procurando depois o envol­
tório desta família.
§ 12. Soluções singuJares das equações diferenciais
de primeira ordem

Suponhamos que a equação diferencial

tem por integral geral


<-(*»i)-°
< D (x , y, 0 = 0. (2)

Suponhamos que a família de curvas integrais da equação (2)


tem um envoltório. Mostremos que este envoltório é igualmente uma
curva integral da equação diferencial (1).
Com efeito, o envoltório é tangente em cada um dos seus pontos
a uma certa curva da família, isto é. que ela tem nesse ponto uma
tangente comum com a curva. Por conseguinte, em cada ponto do
envoltório, as quantidades x, y. / 's ã o as mesmas para o envoltório e
para a curva da família.
Ora para a curva da família as quantidades x, y. / verificam a
equação (I). Resulta dai que a abeissa. a ordenada e o coeficiente
angular de cada ponto do envoltório verificam também esta mesma
equação, o que significa que o envoltório é uma curva integral e que
a sua equação é uma solução da equação diferencial dada.
Mas o envoltório não sendo cm regra uma curva da família,
a sua equação não pode ser deduzida do integral geral (2). particula-
rizando C. É uma solução singular da equação diferencial.
Suponhamos conhecido o integral geral

< D (* , y, Q — 0 ;

eliminando C desta equação e o da equação (x, y, C) = 0. obtém-se


uma equação $ (x, y) = 0. Se esta função verifica a equação diferencial
(mas não pertence à família (2))_ é um integral singular.
Notemos que passam pelo menos duas curvas integrais por cada
ponto do integral singular, isto é. que a unicidade da solução é violada
em cada ponto dum integral singular.

Exem plo — Achar a solução singular da equaçSo


y* ( i + ? ' * ) « / * * . (•)

Resolução — Calculemos o seu integral geral. Resolvamos a cquafáo em


relaçSo a y ' ; ________
dy _ .
Separando as variáveis, tem-se
V dy
— dx.
± V fí*-y*
Dsduz-se o integral geral por intcgraçio:
(x - C ) y * = / í* .

Vê-s* que a fam nu de curvas integrais é a família de círculos de raio R


com centros rio eixo 91* abeisâs. Ò envoltório desta família de círculos 6
dada pilas duas rectas y = ?: R.
As funções y = "X. R verificam a equação diferencial (•). Elas representam
os integrais singulares.

§ 13. Equação de Clairaut

Consideremos a seguinte equação

—*+♦(*)
chamada equação de Clairaut. Integra-se introduzindo um parâmetro
«
auxiliar. Façamos, com efeito. ^ — p\ a equação (1) toma a forma
Cl X

y =*xp 4 (p). (1 )
Derivemos todos os termos desta última equação em relação a jc,
tendo cm vista que p = - ~ é uma função de x:
dx

p = * d£ + p + * i p ) d£
ou

[ * + 1|>'0>)]~— o .

Anulemos, separadamente, cada factor. Obtém-se:

^ = 0 (2)
dx
c
x 4 - ty ip ) — 0- (3)
1. A integração de (2) dá p = C (C = const.). Substituindo este
valor de p na equação (1), cncontra-sc o seu integral geral
y = xC 4* ^ ( O (4)
que representa, do ponto de vista geométrico, uma família de rectas.
2. . Tiremos p da equação (3) de modo que seja função de x
e substituamos na equação (10; tem-se

y = xp(x) + $[p(*)J O ")


que, como vamos ver, é uma solução da equação (1).
Com efeito, encontra-se em virtude dc (3):

d
£ = p + { x + * (p )\ £d = p .

Por conseguinte, obtém-se uma identidade quando se substitui a


função (1") na equação (1):

xp + 'P(p) = xP + M>(P)-
A solução (1") não pode ser obtida a partir do integral geral (4)
na equação (1). particularizando C. É uma solução singular; obtém-se
eliminando p das fquações

*}
y = z p + $ (p ),

x + y '(p )

ou. o que eqüivale o mesmo, eliminando C nas equações

y = xC + $ ( O ;
x -f ttf: (O = 0.

Vê-se. pois. que a solução singular da equação de Clairaut é o


envoltório da família de rectas definidas pelo integral geral (4).

Exem plo — Achar os integrais geral c singular da equaçáo

<h_
dy , dx
» “ * rfT+

dy
R esolução — Obtém-se o integral geral substituindo por C:

y — xC -j-
y r+ c *'

Para obter a solução singular, derivemos esta última equaçáo em rdação

, + _ i _ l r =0.
(1 +£*)*'*
Obtém-se a solução singular (o envoltório) sob forma paramétrica (sendo
C um parâmetro):

(1
aC*
V ( l - f C * ) * 7» '

Eliminando o parâmetro C. acha-se a depindência entre x e y. Elevando


cada uma destas equações separadamente à potência % c juntando membro
a membro, obtêm-se a solução singular sob a forma

£ um astroide. Todavia, o envoltório da família de rectas (e portanto


a solução singular) não está representada pelo asteroide completamente, mas
p:la metade esquerda (porque as equações
paramétricas do envoltório mostram que x < 0
(fig- 258).

§ 14. E quação de Lagrange

Assim sc chama uma equação da


forma
y = xy (y') +i|> ü/'). (1)
dy
em que y e ^ são funções dadas de — .
X
Esta equação é linear cm relação
a x e y, A equação dc Clairaut, exa­
minada no parágrafo anterior, é um
caso particular da equação de I-agrange
quando ? (yO = y . Tal como a equação de Clairaut, a equação dc
Lagrange integra-se introduzindo um parâmetro auxiliar p. Façamos

a equação proposta toma. então, a forma

y = *<P (P) + V (/>)• (*')


Derivando em relação a x. obtém-se

p ~= <p(p ) + l « r ' (p ) + V ' (p)] d


£

ou
(!')
Encontra-se. logo à primeira vista, certas soluções desta equação
porque se toma numa identidade para qualquer valor constante p = p0
que verifique a condição

Po — <p(p0) = 0.

Com efeito quando p> é constante,


cons tem-se ^ = 0 e os dois mem-
dz
bros da equação (1") anulam-se.
• dv
A solução correspondente a cada valor de p = p0. isto é. = p o»
é uma função linear de x (dado que a derivada é somente constante
dx
para as funções lineares). Para encontrar esta função, basta substituir
na igualdade (10 o valor p = p0:

tf«=x*p(/>o) + * ( P a ) .

Se esta solução não puder ser deduzida da solução gèral parti-


cularizando a constante arbitrária, é uma solução singular.
Encontremos neste momento a solução geral. Para tal efeito, escre­
vamos a equação (1") sob a forma

d x _ x V (P) _ M
dp p — <p(p) P — *P(P)
e consideremos x como função de p. A equação obtida é. então, uma
equação diferencial linear em relação à função x(p).
Encontra-se, resolvendo-a.
x = '« (p , C). í2)

Eliminando o parâmetro p das equações (10 e (2). obtém-se o


integral geral da equação (1) sob a forma
( D ( j, y, 0 = 0.

Exemplo — Seja a equaçSo

y *=xy'* -fy'2. ^
Façamos y '= p, obtém-se:

Derivemos cm ordem a x. Tem-se:


dp (H
p = p* + \2xl>+2p\-£.

Achemos as soluções singulares. Dado que p = p* quando p, = 0 e p, = I,


ter-se-á como soluçSo as funções (ver (!')):
y=z-02-f02, isto é,y = 0
y = x-f 1.

Saber-se-á se estas funções são soluções particulares ou singulares após


ter encontrado o integral geral. Para achar o integral geral escrevamos a
a equação (I" ) sob a forma
dx 2p 2
T~--Xx---^=
~
dp p—p
*11-
—P

e consideremos x como função da variável independente p. Integrando -a


equaçSo linear (relativamente a x) obtida, tem-sc

Rim inando p nas equações (I') e (II), obtém-se o integral geral:

A equação proposta tem por integral singular


* = 0,

dado que esta solução não resulta da solução geral particularizando C.


Quanto à função y = x - f l , não é uma solução singular, mas uma
solução particular; deduz da solução geral fazendo C = 0.

§ 15. Trajectórias ortogonais e isogonais


Consideremos uma família dc curvas com um parâmetro
O (x y, O = 0.

Chamam-se trajectórias isogonais às curvas que cortam todas as


curvas da família dada (1) sob um ângulo constante. Se se tiver um
ângulo recto, estas curvas são, então, trajectórias ortogonais.

Trajectórias ortogonais— Procuremos a equação das trajectórias


ortogonais. Escrevamos a equação diferetiçial da família de curvas
dada. eliminando o parâmetro C das equações

y. 0 = 0
e
d(I> d® d y __g
dx dy dx
Seja

essa equação diferencial.


~ é aqui o declive da tangente no ponto M (x, y) na curva cor­
respondente da familia. Dado que a trajectória ortogonal que passa
pelo ponto M (jr. y) é perpendicular à
curva correspondente, o seu declive

está ligado a pela relação (fig. 259)


dz

(2 )
dx dyT
dx

Substituindo esta expressão na


equação (T) e omitindo o índice T,
obtém-se uma relação entre as coorde­
nadas dum ponto arbitrário (x. y) e o
declive da trajectória ortogonal deste
ponto, isto é. a equação diferencial das trajectórias ortogonais

f x, y, (3)

O integral geral desta equação


d>t (x, y , C ) = 0

representa a família das trajectórias ortogonais.


As trajectórias Ortogonais encontram-se, por exemplo, quando
se estuda o derramamento plano dum fluído.
Consideremos o movimento plano dum fluído tal que o vector
velocidade r (x , y) da corrente seja definido cm cada ponto do plano
Oxy. Se este vector apenas depende da posição do ponto e não do
tempo, diz-se que o movimento é estacionário. Vamos considerar um
tal movimento. Além disso, suporemos que existe um potencial de
velocidades, isto é, uma função u(x, y) tal que as projecções do
vector r (x, y) sobre os eixos de coordenadas vx (x , y) e v„ (x, y)
sejam derivadas parciais desta função em relação a x e y:
du du
As curvas da família
u (x, y) = C (5)

chamam-se linhas de nível ou linhas eqitipotenciais.


As curvas cuja tangcnic cm cada ponto sc confunde com o
vector r (x , y) chamam-se linhas de corrente: elas materializam as
trajectórias das partículas em movimento.
Mostremos que as linhas de corrente são as trajectórias ortogonais
da família de linhas equipotenciais (fig. 260).
Seja y o ângulo formado pelo vector velocidade v c o eixo Ox.
Tem-se. em virtude das relações (4),

ft' ( ^ = |t . [ c o s 9 ; !* iílü ) = | „ | * n ç:
dx dy

donde se deduz o declive da tangente à linha


de corrente

õu(x, y)
Qy
àu(x, y)
(6)
dx

Obtém-se o declive da tangente à linha equipotencial derivando


a relação (5) em relação a x:

du , àu d y 0
dx dy dx
donde
du
dy dx
dx du' ^
ày

Por conseguinte, o declive da tangente à linha equipotencial é o


inverso mudado dc sinal do declive da tangente à linha de corrente.
Daí resulta que as linhas equipotenciais c as linhas de corrente
são ortogonais.
No caso dum campo eléctrico ou dum campo magnético, as
trajectórias ortogonais da família das curvas equipotenciais são as linhas
dc força do campo.
E x e m p lo — 1. Achar as trajectórias ortogonais da família de parábolas
V= Cx*.
R esolução — Escrevamos a equação diferencial da família,

y'~2Cz.
Obtém-se eliminando C:

_eL _2
i/ * ’
Substituindo nesta igualdade / por — — . obtém-se a equaçSo diferencial

Fig. 261

da família das trajectórias ortogonais


i ^ 2_

x dx

O seu integral geral é

T ' r "2
Por conseguinte, as trajectórias ortogonais da família de parábolas dada
formam uma família de elipses de semi-eixos a = 2C, b - C ^ l (fig- 261).
Trajectórias isogonais— Suponhamos que as trajectórias cortam
as curvas duma dada família sob o ângulo «. Façamos tg a = k.
O declive = tg a (fig. 262) da tangente à eurva da fam4ia
dV r
e o declive = tg ^ da tangente à trajectória isogonal wtáo ligadas

pela relação

Substituindo esta expressão na equação (10 e omitindo o índiee T,


obtém-se a equação diferencial das toajeetórias isogonais.

Exem plo — 2. Achar as trajectórias isogonais da famAia de r«e*as

y = Cx, (8 )

Supôe-se que estas rectas são cortadas sob o ângulo a e fár-se-á tg a ** k.

R eso lu ção — Escrevamos a equação diferencial da família de rectas. Deri­


vemos a equação (8) em relação a x:

Por outra via, deduz-se da mesma equação

C=- y_
X

A equação da família de rectas é, pois,

dy .. y
dx x

Obtém-se a equação diferencial das trajectórias isogonais servindo-nos da


relação (2')

y
Tem-sc, pois, omitindo o índice T:

dy *+ T
dx
X

Obtém-se o integral geral integrando esta equação homogênea:

l.og + — 4" arc tg y + L o g C , (9)

que é a família das trajectórias. Para ver quais são as curvas desta família.

Fig. 263
passemos a coordenadas polares:

l = ; y**-h¥* = p.

Obtém-se, substituindo estas expressões em (9)


1
!> o g p — <p+ L< »gC

ou
2_
C ek
Vê-se aue a família das trajectórias isogonais é composta de espirais
logaritmícas (fig. 263).

§ 16. Equações diferenciais de ordem superior a um


(noções gerais)

C o m o in d icám o s m ais a c im a (ver § 2), pode-sc escrever simbò-


licam ente u m a eq u ação diferencial de ord em n sob a fo rm a

y . y\ y " ..........y (n) = o (i)


ou ainda, sc sc resolver em relação ã derivada de ordem n.
y{n) = f(x , y. y , y", . . . , y '" " '1). (1)
No presente capítulo, apenas consideraremos equações resolúveis
cm relação à derivada de ordem mais elevada. Tem-se para estas
equações um teorema de existência e de unicidade da solução análogo
ao das equações de primeira ordem.
Teorema — Se na equação

yM = l ( x , y , .. ........ y fn" )
a função f (x. y, y\ .... y<n~l)) e as suas derivadas parciais em relação
a y, / .......t/(n_1) forem contínuas num certo domínio que contêm os
valores x = x0l y- y0, y'= y'0........ y<n~v = yo(n‘ 1}, existe uma solução e
só uma y = y(x) da equação que verifica as condições

y * - * 0 = i/o .

í/x—*0 = y®*
(2)
,/«-*>__ j.(n —o
í/x—x0— yo

que se chamam as condições iniciais. A demonstração deste teorema


esta fora do alcance deste livro.
Se sc considerar uma equação dc segunda ordem y " — f (x, y. / ) .
as condições iniciais da solução para x = x0. serão

y = í/o, y = yl
em que jc<>. >’0, y0’ são números dados. O sentido geométrico destas
condições é o seguinte: passa pelo ponto dado do plano (x0, y<>) uma
única curva cujo declive da tangente neste ponto é y0'- Daí resulta que
se se der diferentes valores a / 0 sendo fixo o ponto x0. >o. obtém-se
tantas curvas integrais de declives diferentes quantas passem pelo
ponto dado.
Introduzamos agora a noção de solução geral dc uma equação
de ordem n.
Definição — Chama-se solução geral de uma equação dc ordem n
a uma função
y = cp {x, C\, C ji . . . . Cn),

dependente de n constantes arbitrárias C „ C2....... Cn, tal que:


a) verifica a equação quaisquer que sejam os valores das cons­
tantes Ci. C3.......Cn ;
b) sendo dadas as condições iniciais:

y * = x „ = í/o .
yx~x0 = y0,

»*-*o T ÍO >„
<*.' ' *, ija*. *** n .♦ » * —
se possa escolher as constantes C lt C j....... C„ de modo que a função
y = (p (x, Ct , Cz..... Cn) verifique as condições (supõe-se que os valo­
res iniciais x0, y0, y't, .... pertencem ao domínio de existência
da solução).
Uma relação da forma d) (x . y, C\, C ,,.... Cn) = 0, que define
a solução geral implicitamente, chama-se integral geral da equação
diferencial proposta.
Qualquer função que se deduza da solução geral, que concretiza
os valores C u C*.......Cn% é uma solução particular. A curva represen­
tativa duma solução particular é uma curva integral da equação dife­
rencial dada.
Resolver (integrar) uma equação diferencial dc ordem n, é:
1) achar a solução geral (se as condições iniciais não forem dadas)
2) encontrar a solução particular da equação que satisfaz às con­
dições iniciais (se as houver).
Damos, nos parágrafos seguintes, métodos de resolução de dife­
rentes equações de ordem n.

§ 17. Equação da form a y (n> = f (*)

A equação mais simples de ordem n é da forma

»'*’ = / w . (1)
Achemos o seu integral geral.
Integremos em relação a x os dois membros da equação. Obtém-se.
tendo em consideração que y<n) = (y<n~v ) ' :

yu " l) =z J f{ x )d x + C lt
*0
em que xn é um valor arbitrário fixo de x e C t uma constante de
integração.
Integremos uma vez mais:

y(n-2>= J (J / (*) dx )dx + Cx(x — x0) + Ct.


*Q X#
Continuando assim, obtém-se (após n integrações) a expressão do
integral

, - j ... j / w * . . . d * + - {* ~ _ xf r +
*0 *0

* c"

Para encontrar a solução particular que verifica as condições iniciais

y**=x c= y x~XQ = yo'i •••; y l ^ J ! = y (on~ 1),


basta fazer

C n — yo> Cn-\ = y<)> • • •, Ci = \


f0n
Exem plo — 1. Encontrar o integral geral da equaçSo
= s*n (kx)

e a soluçSo particular que satisfaça às condições inieiais

V x = 0 -° * ^ x -0 = 1*
R esolução.

r . _ j » t a * + c l- - ! = Ç = ! + e l.

J (!= ¥ = !) * + f W C ,

ou
se n f t i x r
— j r + T + c t»+c,.
Tal 6 o integral geral. Para encontrar a solução particular que satisfaça
às condições iniciais dadas, basta determinar os valores correspondentes dc
C, e CV
Deduz-se da condiçào j/x=o = 0 C 2 = 0.
Deduz-se da condição 1/^—0 = ^ C i = i-
Por conseguinte, a soluçSo particular procurada 6
sen kx i 1 \
y ------- 5 - + * (T + i) •
F.ncontram-sc equações diferenciais deste gênero na teoria da flexSo
de vigas.

Exem plo — Consideremos uma viga prismática elástica que flexiona sob
a acçSo de forças exteriores, tâo bem repartidas como concentradas. Levemos
o eixo Ox horizontalmente, por forma a confundir-se com o eixo da viga
antes da sua deformaçSo e Oy verticalmente para baixo (fig. 264).
Qualquer força que aja sobre a viga (por exemplo, a carga, a reacçâo
dos apoios) tem um momento cm rclaçâo a uma sec:ão transversal da viga
que é igual ao proüuto da força pela distância entre o ponto dc aplicação
da força e a secçâo considerada. A soma M (x) dos momentos dc todas as
forças aplicadas dum mesmo lado da secçSo da abeissa x chama-se momento
flexionador da viga cm rclaçâo à sccçâo dada. Dcmonstra-se nos cursos de
resistência dc materiais que o momento flexionador duma viga 6
EJ
fí •

onde E é o módulo dc elasticidade, que depende do material, J o momento


de inércia da sccçâo transversal da viga em rclaçâo ao eixo horizontal que
passa pelo centro de gravidade desta secçâo, R o raio de curvatura do eixo
curvo da viga, cuja expressão é dada pela
fórmula (§ 6, Cap. VI)


Por conseguinte, a equaçSo diferencial
do eixo curvo da viga escreve-se

M <*) (2)
EJ

Se se admitir que as deformações sâo


pequenas c que os ângulos entre as tangentes
ao eixo da viga c o eixo Ox sâo pequenos, poder-se-á desprezar a quantidade
yn que é o quadrado da pequena quantidade y' c fazer

- £ ■
A equaçSo diferencial da viga flectida torna-se, cntSo,

... '*(*) (2 ')


EJ

É uma equação da forma (1).

Exem plo — 3. Uma viga está embutida pela sua extremidade O e uma
força P age verticalmente na extremidade L à distância / a partir da secçâo
de encaixe (fig- 264). Desprezar-*e-á o peso da viga.
Consideremos a sccçâo no ponto N (*)- O momento de flexSo em rclaçSo
à secçSo N é no caso dado
Af (*)-(*-x)/>.

A equaçSo diferencial (2') transforma-se cm

(/-■*).
Condições iniciais: a deflcxão y 6 nula quando .t = 0 c a tangente ao
eixo da viga curvada confundc-sc com o eixo Ox. isto é,
,= 0. =0.
Integrando, vem

t '* * — íf ) • (3)
Em especial, a fórmula (3) define a flecha h na extremidade L:

P l»
w

§18. Alguns tipos de equações diferenciais de segunda ordem


que se reduzem a equações de prim eira ordem
I — Equações da forma

it ( r h i\
(1)

que não contém, explicitamente, a função desconhecida y.

Resolução — Designemos a derivada por p : ~ — p. Ter-se-á


dx dx
(Fy _ dp
dx2 ~~ dx ‘
Substituindo estas expressões das derivadas na equação (1),
obtém-se uma equação de primeira ordem

em que p é a função desconhecida dc x. Por integração, obtém-se o


integral geral
p = p (x, C,),

depois, deduz-se da relação j ^ = p o integral geral da equação (1):


dx-
y = l p ( x . C i)dx + C2.
E x e m p lo — I. Consideremos a equaçSo diferencial da catenária tver § 1)

Façamos

dV - D'
:Tx~ p ■
te m - s e d 2y dp
~ d l* = ~dx

e o b té m - s e um a equação d ife r e n c ia l de p r im e ir a ord em em r e la ç ã o à fu n ç ã o


a u x ilia r p(x):

iV IT ? .

S ep arem os as v a r iá v e is
dp _ dx
y r+ p i

e n tã o ,

I- ° g ( P + ~Vl P2) = — + C ,,

(A +c' - r ^ c'\

• •
M as com o /> = —— , e s ta ú ltim a r e la ç ã o é um a equação d ife r e n c ia l que
dx
c o n té m a fu n ç ão d e s c o n h e c id a y. O b té m - s e in te g r a n d o a equação da c a te n á r ia
(v e r § 1)
,= ^ +c‘ + . - ( - ^ c') )+ c 2.

A chem os a s o lu ç ã o p a r t ic u la r que s a t is fa z às c o n d iç õ e s in ic ia is s e g u in t e s :

y*=o= a’

A p r im e ir a c o n d iç ã o conduz C : = 0. a segunda. C» = 0.
O b !é m - s e , f in a lm e n t e :

X X

y = Y (e ° + e a )-

N ota— Integra-se duma maneira análoga a equação

Fazendo v<r,' p = p. obtém-se para determinar p uma equação de


primeira ordem

£ = / ( * . p)-

Determinando p cm função de x, deduz-se y da relação y'"~i} = p


(ver § 17).
II — Equações da forma

S - '( * i ) ia
que «òo contêm, explicitamente, a variável independente x. Façamos
de novo

(3)
mas consideremos agora que p ^ função de y (e não dc x, como ante­
riormente). Ter-se-á
d~y__d p __ dp dy _ dp
d£ dx dy dx dy**'

Substituindo na equação (2) as expressões ^ e , obtém-se


dx dx*
uma equação de primeira ordem apoiando-se sobre a função auxiliar p:

P j £ = /(y. P)- (4)

Integrando, obtém-se. p como função dc y e duma constante


arbitrária C\:
P = P (y. Ct).

Substituindo esta expressão na relação (3), encontra-se uma equação


diferencial de primeira ordem relativamente à função y dc x:

d
£ = p ( « . c,).

Separando as variáveis, tem-sc:

dy
= dx.
p (y , Q
A integração desta equação fornece o integral geral da equação
proposta:
<1> (x, y, Cu Ct) = 0.
Exem plo — 2. E n c o n tra r o in te g r a l ge ral da equaçSo

_s
3y '- y *
R e s o lu ç ã o — Façam os p = -^JL e c o n s id e r e m o s p com o fu n ç S o de y.
j dx
T em -se, e n tS o , y ' p e o b té m - s e um a equaçSo de p r im e ir a ord em cm
que a f u n ç lo d e s c o n h e c id a é p:

In te g ra n d o esu equaçSo. te m - s e

2
p t = C t - y J ou p ± V c i -y~ í >.

M as p= — - o b té m - s e . p o is , pa ra y a equaçSo
r dx
du , y* ady ,
* dx ou ----- ---- = dx,
V c %- y- %8 ± V c iV'/ * - 1
e o b té m - s e

í ' f C 2= ± \
J r Cjy 3— 1
P a ra c a lc u la r e s te in te g r a l, fa ç a m o s a s u b s t it u iç ã o

C xyt i*— \= fl.


E n tS o , te m - s e , ^

yi/, = (l. + 1)T * .


*-•1

d l.
^i
Por c o n s e g u in te .

3 J * C? I 3 r l J

= V c xy%i*-\ <c i / 3-f2).


F in a lm e n te , o b te m - s e

* + C* = ± V c xy'*-\ (C,vf/*+ 2).


Exem plo — 3. Suponham os que um p o n to m a te r ia l d e scre v e a re c ta Ox
sob a acçSo de um a fo rç a que depende s ò m e n te da p o s iç ã o do p o n to .
A e q u a ç íío d ife r e n c ia l do m o v im e n to é

m = F <*>•
_ . dx .
S e ja x = x9 e - 3— = v. para f = 0.
dt

M u ltip liq u e m o s os d o is m em bro s da equaçSo por dt e in t e g r e m o s


dt
de 0 a /. O b té m - s e :
z

*•

O primeiro termo da última igualdade representa a energia cinética do


ponto material e o segundo, a sua energia potencial. Resulta da igualdade
obtida que a soma das energias potencial e cinética
é constante durante o movimento.
*
Problema do pindalo matemálico. — Consi­
deremos um ponto material dc massa m que se
move sob a acção do seu próprio peso sobre uma
circunferência L num plano vertical. Achemos a
equação do movimento abstraindo das forças de 9\
resistência (fricção, resistência do ar, etc.).
Tomemos a origem das coordenadas no ponto
mais baixo da circunferência e dirijamos o eixo Ox
\l
tangencialmente a esta última (fig. 265).
Seja / o raio da circunferência, s o com­
primento da porção de arco de origem O no ponto
variável M onde sc encontra a massa m, sendo
este arco tomado com o sinal ( j > 0 se o ponto M \ V
está à direita de O ; s < 0 se o ponto M está 0
«V*" \
à esquerda de O). V
Propóe-se encontrar a dependência entre a
e o tempo /.
Decomponhamos a força de gravidade mg
F i g. 265.
nas suas componentes tangencial c normal. A pri­
meira que é igual a — mg sen <p, implica o movi­
mento, a segunda é compensada pela reacção da circunferência descrita pela
massa m.
A equação do movimento escrcvc*sc, pois.

d*s
— mg sen q>.
dt*
»
Como se tem para a circunferência obtém-se a equação

d*s
- g s e a j.
d t*

Ê uma equação diferencial do tipo U (porque não contém esplicHamente


a variável independente t).
Integremo-la como foi acima indicado:

d» d*s dp
~ d t ~ P' dt* ds
Por conseguinte.
dp i
~dT= ~ g9tn T
logo
= cos j + C j.

Designemos por 4. a distância máxima do ponto M. A velocidade do


ponto é nula quando í = * :

dt I _ I _ ^
dt I»—*0

Isto permite determinar C .:

0 = 2gl cos +

donde
Ct = — 2£/cos .

Por conseguinte,

' * = ( & ) , = 2‘ ' ( c « T - “ » - r )


ou, aplicando a esta última a fórmula relativa à diferença de cossenos:

(5)
ou (•) ________________
^ - = 2 V 7 í] / s e n íijü s e n íír ü . (6)

Ê uma equação de variáveis separáveis. Separemos as variáveis:

* 2V ?*- (7)

Suporemos por momentos que u de modo que o denominador da


fracção não seja nulo. Se se suposer que s = 0 quando / = 0 ter-se-á a
igualdade (7) #

( - j= = = = - = 2 V ill. (8)
*o j/s e n - X Í S s c n ^

Esta igualdade dá a dependência entre s e t. O integral à esquerda não


sc exprime por meio de função elementar. O mesmo se diga de s como
funçSo de r. Consideremos o problema posto aproximadamente. Suporemos
que os ângulos e -y- sâo pequenos. Os ângulos — e - nâo serio

(•) Tomamos o sinal mais antes do radical. Decorrerá da nota feita


no fim deste problema que não há lugar a examinar o caso do sinal menos.
superiores a ^SL Substituimos na equação (6) os senos pelos ângulos

Separemos as variáveis. Obtem-se (supondo provisòriamente que s ^ u )

= V / ^ f ‘"- (7,)
Suporemos de novo que j = 0 quando t = 0. Integrando esta última equa­
çSo. tem-se:
Ck /J# / a
(8 ')
V --- J *

ou

donde

“ (9)

Nota — Suposemos até agora que s u Mas pode-se verificar, substi­


tuindo directamente, que a função (9) 6 soluçáo da equaçSo (6') qualquer
que seja t.
Notemos que a soluçSo (9) é uma soluçSo aproximada da equaçSo (5),
dado que substituímos a equaçSo (6) pela equaçSo aproximada (6').
A igualdade (9) mostra que o ponto M (que se pode considerar como
a extremidade do pêndulo) executa oscilações harmônicas de período

Este período nSo depende da amplitude da oscilação u.


Exemplo — 4. Problema da segunda velocidade cósmica.
Determinar a velocidade a que 6 preciso lançar um corpo verticalmente
para cima para que escape, à atracção terrestre. Desprezar-se-á a resistência do ar.
Resolução — Designemos as massas da terra e do corpo respectivamente
por M e m. Em virtude da lei da atracção de Newton a força que solicita
o corpo m
. , M■
/ «Ar—
m

em que r é a distância entre o centro da terra e o centro de gravidade do


corpo lançado, c k a constante da gravitação universal.
A equação diferencial do movimento do corpo de massa m é
Tomamos o sinal menos porque a aceleração é aqui negativa. A equa­
çSo (10) é uma equação da forma (2). Resolvc-la-emos tomando por condições
iniciais:

para í = 0 r= * fí, =

R é aqui o raio da Terra e vt, a velocidade de lançamento. Introduzamos


as notações
dr _ d2r _ dv _ dv dr _ dv
dt ~ V' dt2 ~ dt ~ d r ' dt ~ l dr '

sendo v a velocidade do movimento. Obtém-se, substituindo na equaçSo (10):

du , M , . . . dr
° — lM 7 T '

Integrando-se esta equaçSo, vem

~2~bm + ^ - “ + Ci* (Ü)

Exterminemos C, no caso de v = v« na superfície da Terra (r = R)

ou
r _ kM , v\
C l = — fí ~ ~ T '
Substituámos o valor encontrado C, na igualdade (11):

ou

Ora, a velocidade do corpo deve ser constantemente positiva (ela nSo


se anula), pois - ~ - > 0 . Como a quantidade ^ sc torna arbitràriamente
pequena quando r cresce indefinidamente, a condiçSo > 0 terá lugar para
todo o r sòmente se

4 - £ > o
ou

*0>

Tem-se, pois, para a velocidade mínima


2 kM
R
cm que a
* . 6,66- 10- ^5.

R ~ 63-IO7 cm.

Na superfície da Terra, r = R. a aceleração da força de gravidade


* í ( * = 98|C
^ j .
Sendo assim, deduz-se da igualdade (10)
M

ou

Substituindo este valor de M na fórmula (14), obtém-se:

po = 1 / 2 ^ = 1/2-981 -63 i U 7 ^ 11.2.10*— = 1 1 , 2 — .


s s

§ 19. Integração gráfica das equações diferenciais


de segunda ordem
Vejamos qual é a interpretação geométrica duma equação dife­
rencial de segunda ordem. Seja a equação

y' *= / (*. y. y )• (*)


Designemos por ? o ângulo formado pela tangente à curva com
o eixo positivo Ox: tem-se
dy
£ “ ***• (2)

Para explicitar o sentido geométrico da derivada segunda, lem­


bremo-nos que a fórmula do raio de curvatura duma curva num dado
ponto (*) é .
„ « + y ' V /l
er *
y

Donde

(*) Suposemos até agora que o raio de «urv«t«ra era um número


essencialmente positivo, mas suporemos neste parágrafo que o aio de curvatura
poderá tomar os valores tanto positivos como negativos; se a curva é con-
vexi (y" < 0), suporemos o raio de curvatura negativo {R < 0); supô-lo-emos
positivo (R > 0) se a curva é côncava iy " > 0).
Ora
y’ = i g< p; 1 -f- y ' * = 1 + tg* <p = seca <p;
1
(1 -f-y'*)Vl = |sec, (p|
|cos8 (Pi

Por conseguinte.
1
(3)
R |cos3<p|

Substituindo na equação (1) as expressões obtidas para / e


ter-se-á

1
/(* , y , tg<p).
R |cos3 <p|

ou

R (4)
|cos3 cp!•/(* , y, tg<p)

o que mostra que uma equação dife­


rencial de segunda ordem determina a
grandeza do raio de curvatura da curva
integral, uma vez dadas as coordenadas do ponto e a direcção da
tangente neste ponto.
Daqui resulta um método de construção aproximada duma curva
integral que admite uma tangente contínua (*) cm cada ponto; a curva
é constituída por arcos de círculos.
Assim, suponhamos que se deve traçar a curva integral da equa­
ção (1) que satisfaça às condições iniciais:

y*—*o ~ !/o» Vx—*o=== í/o-

Tracemos pelo ponto M 0 (x0. y0) um raio M 0T0 de declive y =


= tg fo = y'% (fig 266). Deduz-se da equação (4) R - R 0. Conside­
remos um segmento M aC0 de comprimento R0 sobre a perpendicular
à direcção M 0T,} e tracemos do ponto C tomado para centro um pequeno
arco de círculo M 0M l de raio R 0■ Notemos que será preciso consi­
derar o segmento AfoC0 do lado conveniente para que o arco dc círculo
seja convexo para cima quando R 0 < 0 e que seja convexa para
baixo quando R 0 > 0 (ver nota pág. 73).

(•) Isto é, que o declive é uma funçfio contínua do arco s.


Seja. em seguida, um ponto Af, (x,. y,) sobre o arco da curva
construído, suficientemente vizinho de A/„ e seja tg <p, o declive da tan­
gente A/,7\ à curva no ponto M x. Deduzamos da equação (4) o valor
R = correspondente a Aí,. Tracemos o segmento Af.C,. igual a /?„
perpendicularmente a Af,7\ c. dc C, como centro, tracemos um arco
A/jA/j de raio R v. Tomemos em seguida sobre este arco um ponto
M t (xi, y2). vizinho de M „ e continuemos a nossa construção até que
se obtenha uma porção dc curva suficientemente grande formada de
arcos de círculos. Resulta do anterior que esta curva é aproximada­
mente uma curva integral que passa pelo ponto Af0. É evidente que a
curva constante será tanto mais aproximada da curva integral quanto
mais pequenos forem os arcos A/0A/,, . . .

§ 20. Equações Lineares homogêneas.


Definições e propriedades gerais
Definição— 1. Uma equação diferencial de ordem n diz-se linear
se é do primeiro grau em relação à função desconhecida y e às suas
derivadas / ....... y<n" 1), y{n), isto é. se ela é da forma

aoy{n) 4- a \'jn ••• -f any = f ( x ), (i)


em que ao. a i. • • . . on f (x) são funções dc x dadas ou constantes
e a„= £0 qualquer que seja x no domínio de definição da equação (1).
Suporemos, no seguimento, que as funções a 0, at....... an e f (x) são
contínuas para todos os valores dc x e que Oo # 1 (senão bastará dividir
todos os termos por ao). A função f (x) chama-se o segundo membro
da equação.
Se 1 (x)=£ 0, a equação diz-se não homogênea ou ainda, com
segundo membro. Se / (.r) = 0, a equação escreve-se

+ ... + o„» = 0 (2)

e diz-se homogênea ou sem segundo membro (o primeiro membro desta


equação é uma função homogênea do primeiro grau em relação a y, / .
y".......t f ”*)-
Estabeleçamos algumas propriedades fundamentais das equações
lineares homogêneas, cingindo-nos às demonstrações das equações de
segunda ordem.
Teorema— 1. Se yt e y, forem duas soluções particulares da
equação linear homogênea de segunda ordem

y* 4* a,y' -f <**í/ = 0, (3)


y, -f y2 também è solução desta equação.
Demonstração — Dado que yx e y2 são soluções da equação pro­
posta. tem-se
y'í 4- <*iy\ 4- <kyt = o,
yZ 4- fllí/2 4~< h H 2 — 0.
Substituindo a soma yx + y, na equação (3) e tomando as iden­
tidades (4) em consideração, ter-se-á
4- y j ' 4- (yi 4-1/*)' 4- (*/i 4- y *) =
(y i

= {y\' + y[ 4 4-(í/s H~aiyz 4- = 0 4 -0 = 0.


o que demonstra que yi 4- y2 é solução da equação.
Teorema— 2. Se >•, for solução da equação (3) e se C for uma
constante. Cy, é também uma solução desta equação.
Demonstração — Substituindo na equação (3) a expressão Cyu
obtém-se:
(£y0 4- a\ (C y \
) 4* ai( £ y i) = £ {y \ 4- 4- <**!/ò — ^•
e o teorema fica demonstrado.
Definição — 2. Duas soluções y, e y2 de (3) dizem-se linearmente
independentes sobre o segmento [a. b] se a sua relação não for cons­
tante sobre este segmento, isto é. se

constante.

Senão, as soluções dizem-se linearmente dependentes. Por outras


palavras, duas soluções y, e y, dizem-se linearmente dependentes, sobre
o segmento [a. 6], se existir uma constante A tal que — = A para
a < x < b. Tem-se. então, y, = Aya.
Exemplo — Seja a equaçSo y" — y = 0. Verifica-se fàcilmente que as
funções ex, e~x. 3^*. 5«-x são soluções desta equação. As funções ex e e~x
são linearmente independentes cm todo o segmento, dado que a relação —
não p:rmanec; constante quando x varia.
3e*
As funções ex e 3 íx, essas, são linearmente dependentes, pois = 3=const.

Definição — 3. Sendo yi e y2 função de x. o determinante

chama-se determinante de Wronski ou wronskien das funções dadas.


Teorema — 3. Se as funções >•, e y2 forem linearmente depen­
dentes sobre o segmento [a. b], o seu wronskien é identicamente nulo
nesse segmento.
Con efeito, se í/2 = XyJf onde X, = const, yj = kyl e

i/i yi y\ ÂVi i/l Vi


= x
y\ y'z y\ >*ví y\ y\

Teorema — 4. Se o determinante de Wronski W (ylt y7) das solu­


ções y\ e y2 da equação (3) não for nulo no ponto x = x 0 do segmento
[a. b] onde os coeficientes da equação são contínuos, ele não se anula
em qualquer parte daquele segmento.

Demonstração — Sendo yx e y2 duas soluções da equação (3).


tem-se
y* 4- a\yz -f-«si/s= o, y x -f-a \y\ 4~<hH\ — o*
Multiplicando os termos da primeira igualdade por yu os da
segunda por — y2 e juntando, obtém-se:

(yiih - y 'M + «i (i/i.vá - y\yt) = o. (5)

O coeficiente de ax em (5) é o wronskien W (yu y2) e precisamente


w/ (Vi* y a) “ (yiy* — y\yt)- o primeiro termo é a derivada do
wronskien:
w 'x(Ui, y2) = (i/ií/s - y M = y,y 2 - vi y*.
Por conseguinte, a igualdade (5) escreve-se
w ' + a ,W = 0 . (6)
Achemos a solução da primeira equação que satisfaça à condição
inicial IV | X=x0 = W 0. Encontremos, em primeiro lugar, a solução geral
da equação (6) supondo W =£ 0. Separando as variáveis na equação (6).
obtém-se 7Í7-= —«i dx. Integrando, vem
X

Log W = — J al dx LogC

X
donde
X
- J a ,d x

W = Ce *° (7>

H á que notar que a função (7) se pode escrever c que verifica


a equação (6), do que se pode facilmente comprovar pela substituição
directa desta função na equação (6). A hipótese W ^ 0, já não é
indispensável. A fórmula (7) chama-se fórmula de Liouville.
Determinemos C de modo que seja verificada a condição inicial.
Fazendo x = x0 no primeiro e segundo membros da igualdade (7),
achamos
W0 = C.

Por conseguinte, a solução que verifica as condições iniciais será


da forma
X
- J O, dx

(W )s J IV ** . (7 ')

Para a hipótese W0 ^ 0. Resulta, então, da igualdade (7) que


W =£0 qualquer que seja x porque a cxponencial não se pode anular
para valores finitos da variável. O teorema está demonstrado.
N ota— 1. Se o wronskien for nulo para um certo valor x = x0
è, então, nulo para qualquer valor x do segmento considerado. Tal
resulta directamente da fórmula (7): se W = 0 para x = x0, então.

(W )x^ g = C = 0;
Por conseguinte, W = 0 qualquer que seja o valor do limite
superior x na fórmula (7).
Teorema — 5. Se as soluções y, e yt da equação (3) forem linear­
mente independentes entre o segmento [a. b], o determinante de Wronski
formado com estas soluções não se anula em nenhum ponto deste
segmento.
Indiquemos a ideia da demonstração deste teorema sem a dar
completamente.
Suponhamos que W — 0 num certo ponto do segmento: em vir­
tude do teorema 3. o wronskien será nulo em todos os pontos do
segmento [a. b]:
W = 0
ou

yiU 2 —í/íi/2 ==o.


Consideremos, cm primeiro lugar. o$ intervalos contidos no
segmento [a, b] nos quais >’i ^ 0. Então.

y\
ou

Por conseguinte, a relação — é constante em cada um dos inter­


valos mencionados
\= c o n s t .
yi

Reportando-nos ao teorema de existência e da unicidadc, pode-se


demonstrar que y3 = Ay, para todos os pontos do segmento [a, ò],
compreendendo aqueles cm que y, = 0. o que é impossível, porque,
por hipótese, y, e y... são linearmente independentes. Por conseguinte,
o wronskien não se anula cm nenhum ponto do segmento [a, b].

Teorema — 6. Se y\ e y9 forem duas soluções linearmente inde­


pendentes da equação (3). então,
y = 4- C 2y2, (8 )

em que C , e Cs são constantes arbitrárias, é a solução geral desta


equação.
Demonstração — Resulta do teorema 1 e 2 que a função
+ C2y2
é a solução da equação (3). quaisquer que sejam as constantes C, e C..
Mostremos agora que. quaisquer que sejam as condições iniciais
o = yO' = y'»' é possível escolher valores das constantes
C, c C2 de modo que a solução particular correspondente C,yi + C2y-,
satisfaça às condições iniciais.
Substituindo as condições iniciais na igualdade (8), tem-se

y<>= ^ i í / i o 4 - f~ 2ÍA»o» 1 ^

yo = C jy , o 4~ Ci yt0, )
cm que se fez
(yi)x*~x0= i/ioi (yt)x=xQ— y*n,
(yi)x=x0 = 1/lOÍ (y^X—Xo — ^ 20-
Pode-‘se tirar C x e C3 do sistema (9), porque o determinante deste
sistema
yio «/*>
— I/ 10Í /20 — í/io í/so
t/10 í/zo

é o determinante de Wronski para x = x<> e não é, pois, nulo (dado


que as soluções e ya são linearmente independentes). A solução par­
ticular deduzida da família (8) substituindo C\ e C 2 pelos valores
encontrados satisfaz às condições iniciais dadas. O teorema está
demonstrado.
Exemplo — 2. A equaçSo

»*+■!• ir - p - ir - O ,

cujos coeficientes a i — ~ * a2= " " 7 T sio con,ínuos em ,c>do 0 segmento que
não contenha o ponto x = 0, admite as soluções particulares
1
= ^2= —
(é fácil dc verificar substituindo na equação). A soluçSo geral é pois

N ota— 2. Não existe método geral que permita encontrar sob


forma finita a solução geral de uma equação diferencial linear de
coeficientes variáveis. Todavia, existe um tal método para as equações
de coeficientes constantes. Será objecto do parágrafo seguinte. No que
respeita às equações cujos coeficientes são variáveis, indicar-se-á no
capítulo X V I «Séries», vários processos que permitem encontrar solu­
ções aproximadas que satisfaçam às condições iniciais.
Vamos demonstrar agora um teorema que permite encontrar a
solução geral de uma equação diferencial de segunda ordem de coefi­
cientes variáveis conhecido que seja uma solução particular.
Como sucede por vezes encontrar ou advinhar directamente uma
solução particular, este teorema pode ser muito útil em muitos casos.
Teorema — 7. Se se conhecer uma solução particular duma equa­
ção diferencial linear homogênea de segunda ordem, a procura da
solução geral reduz-se às quadraturas.
Demonstração — Seja y, uma solução particular conhecida %
da
equação
y' + «iy ' -f
Achemos uma outra solução particular da equação proposta tal
que yt e y2 sejam linearmente independentes. A solução geral cscrever-
-se-á. então, y = C,>i + C2y2, em que C x e C 2 são constantes arbi­
trárias. Pode-se escrever, em virtude da fórmula (7) (ver a demonstração
do teorema 4):

yiU \ -yiyi = Ce J

Por conseguinte, tem-se para a determinação de y2 uma equação


linear de primeira ordem. Integremo-la como se segue. Dividamos todos
os termos por y\:
y?yi - ynji 1 S “• ix

ou - j «, dxt
Ce
d jc \ y j iA

Í - u *
donde

yx

Como procuramos uma solução particular, ter-se-á. fazendo C — 0.


C = 1:
- J o, dx
dx. (1U)

É evidente que yx e y2 são soluções linearmente independentes.


y2
porque — ^const.
yx
A solução geral da equação proposta escreve-se. pois.

. - j <h *
y = Clyl + Cly l j — —— x. (11)

Exemplo — 3. Achar a solução geral da equação


(1—**) y*—2xy'-f2y —0.
R esolução- Verifica-se dircctamcnte que esta equação tem por solução
particular y, — x. Ach?mos uma segunda solução particular y, tal que y,
e ys srjam Jinrarmcnte indcp:ndentes.
NotanJo que a i = y ^ f ^ ã i obtém-*;, cm virtude da fórmula (10):
f 2 x dx
e- L o t ( ! - * • ) dx
dz i
« í
— í ( ^ - + 2 ( T b õ + 2 ( T T i) ) ‘ [ " 7 + T |f f = l|]

A solução geral é pois


V-Cis+ Ct ( Í * 1 ^ 1 f í l l - O •

§ 21. Equações lineares homogêneas de segunda ordem


de coeficientes constantes
Seja a equação linear homogênea de segunda ordem
y ” + p y ' + q y = Q> (*)
em que p e q são constantes reais. Para encontrar o integral geral
desta equação, basta, como demonstramos mais acima, encontrar duas
soluções particulares linearmente independentes.
Procuremos as soluções particulares sob a forma

y = ekx, ou &= const; (2)


então,

Substituamos estas expressões das derivadas na equação (1):


ekx(k> + pk + q) = 0.
Como ekx =£ 0, deve-se ter
k2 + p k - t q = 0 . (3 )

Por conseguinte, se k é raiz da equação (3). a função ekx será


solução da equação (1). A equação (3) chama-se equação caracterísiicu
da equação (1'..
A equação característica é uma equação de segunda ordem de
que designaremos as raízes por kx e k2. Tem-se:

V Z Z r. * — ■§._ l / f T „

Os tiês casos seguintes se podem apresentar:


I — k x e k2 são números reais distintos (kx=£ k2)\
II — kt c kz são números complexos;
III — kx c k~ são números reais iguais (Art = k7).
Examinemos cada caso separadamente.
I — As raízes da equação característica são reais e distintas:
kx kz.
Ter-se-á. então, para soluções particulares
y , = «*•*.
Estas soluções são linearmente independentes porque

Jk = = eOtt-kth ^ const
Vi * 'x
O integral geral escreve-se. por conseguinte.
y = Cte*,x + C#r*,5t.
Exemplo — 1. Seja a cquaçâo
„* + „ '_ 2 y = 0 .
A equaçSo característica escreve-se
* * + * - 2 = 0.
Achímos as raízes desta equaçSo

*1,2= —y ± j / *^-+ 2 ;
*1 = 1. *2= - 2.
O integral geral é

II — As raízes da equação característica são complexas.

Dado que as raízes complexas são conjugadas, façamos

Ar, = a -f ; A-, = a — *0,


em que

4
Pode-se pôr as soluções particulares sob a forma

= y ^ J '- " '* (4)


São funções complexas duma variável real que verifica a equação
diferencial (1) (ver § 4. cap. VII).
Ê evidente que se uma função complexa de variável real
y = u (x) + iv (x) (5)
verifica a equação (1), esta equação é verificada separadamente pelas
funções u(x) e v(x).
Com efeito, substituamos a expressão (5) na equação (1):

[ u (x ) + iv(x)]’ - f p [ u ( x ) + iv ( x ) ] ' + q [ u ( x ) + iv ( x ) ] s O
ou
(iu" - f pu + qu) + i (v - f p v - f qv) = 0 .

Mas uma função complexa apenas é nula se. e sòmente se. as


parles real e imaginária o forem separadamente, isto é.
u -f p u + W — 0,
v" - f - P v 4 -qv = 0.
Acabamos de demonstrar que u (x) e v (x) são soluções da equa­
ção proposta.
Recopiemos as soluções complexas (4) sob a forma de soma
das partes real e imaginária;

yx = eax cos px 4- ieax sen px,


y2 = eax cos px — ieax ^ px.
Dc acordo com o que se acaba de demonstrar, as funções reais
seguintes serão soluções particulares da equação (1):

yx = eax cos §x, (6 )

j , = e "s c n P x . (G'>

As funções yt e y2 são linearmente independentes, porque

y. eax cos px Q _,
4^- = -------— = cotg Px =£ const.
y2 eax sen Px

Por conseguinte, a solução geral da equação (1), no caso cm


que as raízes da equação característica forem complexas, toma a forma

y — A y x + B y r = A eax cospx-f- B e ** sen px


ou
y = eax (A cosPx -f- B sen px), (7)

em que A e B são constantes arbitrárias.


Exemplo — 2. Seja a equação
y*4-2y' + 5 y ~ 0 .
Achar o integral geral e a soluç3o particular que satisfaz às condições
iniciais y*«o = 0, 1- Construir a curva integral correspondente.
Resoluções:
1. Escrevamos a equaçSo característica
** + 2A + 5 = 0
e determinemos as suas raízes:
*, =» —1+ 2í, A‘2= — 1— 2i.
O integral geral 6, pois,
co s2 x + B sen 2 x).

2. Achemos a solução particular que satisfaça às condições iniciais dadas;


determinemos para esse efeito os correspondentes valores dc A e B.

Deduz-se da primeira condição:

0 = e~® (.4 cos 2 0 + D sen 2-0), donde A = 0.


Tendo cm conta que
y ' = e~x 2B cos 2x — e~xD sen 2x,
deduz-se da segunda condição:
1 = 2D, ou seja B *= y .

A solução particular procurada 6, pois,

y = i- e - * sen 2 x.

A curva está representada na figura 267.

III — A equação característica admite uma raiz real dupla.


Tem-se, então, k, = A:?.
Obtém-se uma solução particular yx — ehl* em virtude dos racio­
cínios anteriores. É preciso encontrar uma sceunda solução particular
linearmente independente da primeira (a função eh*x é idênticamcntc
igual a e não pode ser considerada como uma segunda solução
particular).
Procuraremos a segunda solução particular sob a forma
y, = u (x) ek'x,
em que u (x) é uma função desconhecida que se deve determinar.
Derivemos:
y’t = u e klX + kpe*'* = eh'x (u + M .
y; = u e k'x + 2kxu e klX + k]ue^x = eh'x(u + + k\u).

Obtém-se. substituindo as expressões das derivadas na equação (1):


e*»*[«' + (2Aj + p) u -f (*} -f pkx -f q) u) = 0.
Como kx é uma raiz dupla da equação característica, tcm*se

*? + P*i + 0 = O.

Além disso. kx =*= A:t = — £ ou 2k { = —p , 2kt + p = 0.


Por conseguinte, para encontrar u (x), torna-se necessário resolver
a equação ekixu m= 0 ou u " = 0. Acha-se. integrando u — Ax + B.
Pode-se fazer A = 1, B = 0; tem-se, então, u = x. Pode-se. pois, tomar
para segunda solução a função
yt = xeh'x.
Esta solução é linearmente independente da primeira, dado que
= £ ij&const.Tomar-se-á. pois. para integral geral, a função

y = Cxek'x + Cr reh'x = ck'x (Cl + Ctx).


Exem plo — 3. S e ja a equaçSo

/ — 4 y '- f 4 jr « = 0 .

A equação c a r a c te r ís tic a * 3 — 4Ar + 4 = 0 te m por r a íz e s /t,c = À r 2 * 2 . O in te ­


gral g e ral e screv e- se:

§ 22. Equações diferenciais lineares homogêneas de ordem


n de coeficientes constantes
Consideremos uma equação diferencial linear homogênea de
ordem n: , v . .
y a,y 1 + . . . + a*y = 0- (1)
Suporemos que au a2....... an são constantes. Antes de indicar
um método de resolução da equação (1), daremos duas definições que
nos serão úteis no seguimento.
Definição— 1. » Se $e liver para todo o x do segmento [a, b]. a
igualdade
<pn (x) = i4,<j>,(x)-f ^2SPa(*)4* • • • + >*n-i<Pn-t (*),-

cm que A lt A 2, A n são constantes, não todas nulas, diz-se que <Pn (*)
é uma combinação linear das funções cpi (x), <pt (x), . . ., cpn _i (x).
Definição — Dizem-se linearmente independentes n funções <Pt (x),
<?t (x)......... <p„ (x), <pn (x)se nenhuma delas puder ser representada
como combinação linear das outras.

Alo ta— 1. Resulta destas definições qüe sc as funções cp, (x),


<Pa (*). . . . . (x) forem linearmente dependentes, existem, então,
constantes C lt C-. .. . C„ . não todas nulas, c tais que se tem. quaisquer
que seja x sobre o segmento [a. b],

^l<Pi (x) 4 “ ^2^2 (* ) + ••• + ^nVn (x) “ 0.

Exem plos:

1. As funções y\= ex, y z ^ e ^ , y3 — 3*x são linearmente dependentes, por­


que se tem para C j = * l, C 2 = 0 , C 3 = — — a identidade

C33ex a 0 .
2. As funções y, = 1, 02 = x, y3 = x2 sâo linearmente independentes, porque
não sc pode anular idênticamente a expressão
C, • 1 -f-Cji -}-C 3X*

com Cj, C2. C3 não todos nulos.


3. As funções y\«= e*lX, y2 = ek*x........yHmméknX, . . .,co m k t,k2, . . . *n. •••
arbitrários, são linearmente independentes (não demonstraremos esta proposição).

Passemos agora à solução da equação (1). Para esta equação


tem-se o seguinte teorema.

Teorema — Se as funções ylf y2.......yn forem soluções linearmente


indepnedentes da equação (1), a sua solução geral é da forma
y = Clyí + C2y 2 -\
- ... -\-Cnyn, (2)
em que C :, Q ....... Cn são constantes arbitrárias.
Se os coeficientes da equação (1) forem constantes, acha-se a
solução geral tal como para a equação de segunda ordem.
1 — Forma-se a equação característica

k n -f- a,A:71 1-f* a^kn 2 -f- . . . -4- on = 0.


2 — Acham-sc as raízes da equação característica
k\t • • •» kn.
3 — Dc acordo com o carácter das raízes escrevem-se as soluções
particulares, linearmente independentes, partindo do que se segue:
a) corresponde a toda a raiz real simples k, uma solução par­
ticular ehx;
b) corresponde a todo o par de raízes complexas conjugadas
klí) — a + ip e k{i) = a — duas soluções particulares eax cos px
e enx sen Px*
c) corresponde a toda a raiz real k de ordem dc multiplicidade
r tantas soluções lineares independentes

« * * , . . . . a T 1***;
d) corresponde a todo o par de raízes complexas conjugadas
A:(1> = a -+- ip, ki2) = a — t'p,dc ordem de multiplicidade 2/x solu­
ções particulares

eaXcospx, xeaxcospx, a?~ie(XXcospx,


ea x sen0x, xea x senpx, . . . , x*1-1<?axsen px.

O número destas soluções é igual ao grau da equação caracte­


rística (que também é a ordem da equação diferencial proposta).
Demonstra-se que estas soluções são linearmente independentes.
4 — Tendo encontrado n soluções linearmente independentes yx,
y2....... y«. escreve-se a solução geral da equação diferencial proposta
sob a forma
y = OVl + + • • • + ^n J/nt

onde Ci. C2........ C B são constantes arbitrárias.


Exemplo — 4. Encontrar a soluçSo geral da equaçSo

„IV- „ = 0.
Resolução — Formemos a equaçSo característica

*«- 1-0.
As raízes desta equaçSo sSo

*1 — 1 . * 2 - — 1 , * 3 = * t * 4 = — i.
O integral geral, é pois,
y ■=CV* -f C#-*+ A cos x -f B sen x,
em que Cj, C 2, A , D sSo constantes arbitrárias.
Nota — 2. Resulta do que precede que toda a dificuldade da
resolução duma equação diferencial linear homogênea de coeficientes
constantes reside na resolução da equação característica correspondente.

§ 23. Equações lineares não homogêneas de segunda ordem

Seja uma equação linear não homogênea de segunda ordem

y' + a,t/' + a ty = / (x). (D

A estrutura da solução geral da equação (1) é dada pelo teorema


seguinte.

Teorema— 1. A solução geral da equação não homogênea (1)


é a soma duma solução particular qualquer y* desta equação e da
solução geral y da equação homogênea correspondente

V + + <hy = 0 . (2)
Demonstração — Deve-se demonstrar que a soma

y = y + y* (3 )

é a solução geral da equação (1). Demonstremos, cm primeiro lugar,


que a função (3) é uma solução da equação (1).
Substituamos a soma y y* na equação (1) em vez dc y.
Ter-se-á:

(.y + y*Y' + °i (y + y*Y + « 2 (5 + y *) = / (*)


ou
( i" + “ã ’+ <hy) + ( y #" + + <hy*) = / (*)• (4 )

Sendo y solução da equação (2). a expressão do primeiro parên*


tesis é identicamente nula. Sendo y* uma solução da equaçção (1),
a expressão do segundo parêntesis é igual a f (x). A igualdade (4) é
pois uma identidade. A primeira parte do teorema está assim demonstrada.
Mostremos agora que a expressão (3). é a solução geral da
equação (1). isto é, que se pode escolher as constantes arbitrárias que
ela contenha, de maneira a que sejam satisfeitas as condições iniciais:
quaisquer que sejam x9,'y0 c y0 (desde que x0 seja tomado no domínio
dc continuidade das funções a;. a, c / (x)).
Tendo em atenção que se pode pôr y sob a forma

y = Cxyx 4 - Ctyt ,

em que y, e y, são duas soluções linearmente independentes da equa­


ção (2) e C, e C 2 constantes arbitrárias, pode-se recopiar a igualdade (3)
sob a forma
y = C1yl + C zyi + y*. (3*)

Resulta das condições (5) que(*)

£ ii/ io 4 - C2y t o */Õ = l/o»

C ií/io + £ * I/* o 4 - l/o — 2/o-

É-nos preciso deduzir C x e C; deste sistema. Recopiemo-lo sob


a forma
^ íí/ jo 4" = y<> i/o»

C xy[o C+yt0 = yo — y* ■

Note-se que o determinante dos coeficientes das incógnitas C x e C 2


é o wronskien das funções >’, e y2 calculado no ponto x = xn. Dado
que estas funções são linearmente independentes, por hipótese, o
wronskien não é nulo; o sistema (6) possui, pois. uma solução bem
determinada C, e C;. isto é. que existem constantes C, e C2 tais que
a fórmula (3) define a solução da equação (1) que satisfaz às condições
iniciais dadas. O teorema está completamente demonstrado.
Por conseguinte, se se conhecer a solução geral y da equação
sem secundo membro (2) o problema reside em encontrar uma solução
particular qualquer y* da equação com segundo membro (1).
Indiquemos um método geral que permita encontrar soluções
particulares duma equação com segundo membro.

Método da variação das constantes — Escrevamos a solução geral


da equação homogênea (2):

y= Clyl 4 - C # * (7 )

Vamos procurar uma solução particular da equação não homo­


gênea (U sob a forma (7), tendo cm consideração que C, e C, são
funções de x que é preciso determinar.

(• ) Aqui yjo, 1/ 20, Vo, VÍo, j/io, V*’ *5o valores qu: tomam as funções
Vu Vi, l/*, 1/i, y%, y•' para x — xo.
Derivemos a igualdade (7):

y = C f li 4 - C-àiz 4 ~ O í / i 4 ~ C2y2.
Escolhamos as funções C, e Ca de maneira que seja satisfeita a
igualdade
£ | í / l 4 " ^ 2 Í/2 = 0. ($)

Sendo assim, a derivada primeira / torna-se

y = C fli + C2y2.
Derivando agora esta expressão, acha-se

y = 4- C 21/2 4- O V i 4- c íy * ft £ 52.
Substituamos y, / . / ' na equação (1). Obtém-se: w ju W fc J r *

^ il/ i 4 - £ 2^2 + CiVi 4 - C-2ÜÍ + a \(Ç\y\ + C-üfò 4 -


4 * fl2 {C\y\ 4 * Cíy-ò = / (* )
ou
O (í/i 4 - a \ 4 - yi (kyi) 4 - C2(1/2 4 - flií/2 4 * aíy-ò 4 -
4~ C jí / i 4 - C2y2 = / (x ) .

As expressões contidas nos dois primeiros parêntesis anulam-se


pelo facto dc yx e y, serem soluções da equação homogênea. Por
conseguinte, esta última igualdade, toma a forma

£ i i / í 4* C & i = f (x). (9 )

Assim, a função (7) é uma solução da equação com secundo


membro (1) visto que as funções C, c C7 satisfazem às equações (8)
e (9), isto é. se se tiver

C\y%4 * C 2Í /2 = 0, C{yx4 - Cíy2= f(x ).

Ora o determinante deste sistema é o wronskien das funções


linearmente independentes >’j e y2, pois que não é nulo; calcula-se
C\ c C'z como funções de x resolvendo o sistema anterior:

C,' = <p,(x), C2= ^ (x ).

Integrando, calcula-se:

Ct = J 9 i( x ) d r + Ci; C2 = J (x) dx 4- C2.

cm que Cx e C2 são constantes de integração.


Substituindo as expressões dc Ci e C , na igualdade (7). acha-se
um integral dependente de duas constantes arbitrárias C, e Ct , isto é.
a solução geral da equação com segundo membro (*).
Exem plo — Determinar a solução geral da equação

Ro*olução — Drtcrmmemos a solução geral da equação homogênea

■ jr = ~ Y « L ogy' = L o g * + L o g C ; ^ — Cx ;

y = C,*> + C2.

Para que esta expressão s;ja solução da equação proposta, é preciso


determinar Ct e Cs como funções dc x do sistema
c ;i 3+ c í -i = o, 2Cíx + c ;-o =*.
Resolvendo este sistema, vem

c ;- | , c;=
c por integração:
C j = — - fC ,, C i = ---

Substituindo as funções encontradas na fórmula y = C 1x* 4 -C2 , oblém-se a


solução geral da equação com segundo membro:
— —
y = ( 'il * + c 2 + —-------g-

ou y = CjX* + C 2 + Q u e e C 2 são constantes arbitrárias.

O teorema seguinte pode ser útil para a procura de soluções


particulares.

Teorema — 2. Seja uma equação não homogênea

y' + <*iy' -f —A (*) + /a (*) (10)


cujo segundo membro é a soma de duas funções /, (jr) e /* (x). Se y,
for uma solução particular da equação

y' + + < h y = fi (*) (H)


(•) Se se fizer C, = C , = 0, obtém-se uma solução particular da
equação ( 1 ).
e y2 uma solução particular da equação
y' + a xy' 4- a ty = / a (x), (12)

yi -f y2 é uma solução particular (•) da equação (10).


Demonstração — Substituindo a expressão yx 4- y7 na equação (10),
obtém-se:
(yt + y*V + (ift + y*V + a* (y* + y*) = /*(*) + U (*)
ou
(j/i + y\+ azy\) + (y’t + «ii/i •+■ = / « ( * ) + íz (*)• (13)
Resulta das igualdades (11) e (12) que (13) é uma identidade.
O teorema está demonstrado.

§ 24. Equações lineares não homogêneas de segunda ordem


de coeficientes constantes
Seja a equação diferencial

y* + p y ' + gy = I (*), (l)


em que p e q são números reais.
Indicou-se no parágrafo anterior um método geral de procura
das soluções das equações não homogêneas. Quando a equação é de
coeficientes constantes, por vezes é mais simples encontrar uma solução
particular sem integração. Consideremos tipos dc equações (l) às quais
se aplica esta nota.
I — Suponhamos que o segundo membro da equação (1) é o
produto dum exponencial por um polinómio:
f(z ) = P n (x)eax, (2)
cm que P« (x) é um polinómio do grau n. Os casos seguintes podem-se
apresentar:
a) O número a não é uma raiz da equação característica
k* + pk + q = 0.
Ê preciso, então, procurar a solução particular sob a forma
r = (A * n + A ^ - '+ . . . + A „)e 'L* = Qn (x)e**. (3>
Com efeito, substituindo y* na equação (1) e simplificando por
e**, ter-se-á
Qn (*) + (2a + p) Qn (z) + (a2 4- P<* -f q) Q n (x) = P n (x). (4>

(•) Ê evidente que este teorema subsiste para um número arbitrário dc


termos no segundo membro.
Q n (x) é um polinómio dc grau n, Q'n (x) e Q'n (x) são. respec­
tivamente, polinómios de graus n — 1 c n — 2. Tem-se. pois. dum
lado e doutro da igualdade polinómios de grau n. Igualando os coefi­
cientes das mesmas potências dc x (o numero de. coeficientes des­
conhecidos é igual a n + 1). obtém-se um sistema de n + 1 equações
para a determinação dos coeficientes A 0. A u A 2........ A n.
b) a é uma raiz simples da equação característica.
Se se procurasse, então, uma solução particular sob a forma (3).
obter-se-ia no primeiro membro da igualdade (4) um polinómio de
grau n — 1, dado que o coeficiente de Q n (*). quer + pa + q, é
nulo e que Q'n (x) e Q“n (x) são polinómios de graus inferiores a n.
Por conseguinte, a igualdade (4) não poderia ser uma identidade
qualquer.que seja a escolha das constantes A0. A u A :....... A n.
Então, no caso considerado, procurar-se-á a solução particular
sob a forma de polinómio de grau n + 1 privado do seu termo cons­
tante (porque este último desaparece após a derivação) (*):

y ' = xQ n (x)e«\
c) a i uma raiz dupla da equação característica. O grau do
polinómio baixa, então, de duas unidades quando se substitui a função
Qn (x) eax na equação diferencial. Com efeito, sendo « uma raiz da
equação característica, a2 + ap + q = 0; além disso, sendo a raiz dupla,
tem-se 2a — — p (sabe-se. efcctivamente, que a soma das raizes da
equação do segundo grau escrita acima é igual ao coeficiente do
termo do primeiro grau tomado com o sinal menos). Assim. 2a + p = 0.
Resta, pois, no primeiro membro da igualdade (4) Q’n (x), isto é.
uih polinómio de grau n — 2. Para que o resultado da substituição
seja um polinómio dc grau n. torna-se necessário procurar uma solução
particular sob a forma de produto de eax por um polinómio dc
de grau n -H A constante c o termo do primeiro grau deste poli­
nómio desaparecem então, após derivação e poder-se-á omitir na
solução particular.
Assim, quando a é uma raiz dupla da equação característica,
procurar-se-á uma solução particular sob a forma

Exemplo — 1. Achar a soluçSo geral da equaçSo

/ + V - f 3y = x.
Reso!ução — A solução geral da equaçSo homogênea correspondente é

_______________ y ~ C ,e - * + ÍV - » * .

(•) Notemos que todos os resultados acima são válidos quando a i


um número complexo (isto resulta das regras de derivação da funçSo semx,
dado que m é um número complexo arbitrário; ver § 4, Cap. VII).
Como o segundo membro da equação não homogênea é da forma x*°*
(isto é, da torma (x) t 0x) e não sendo 0 raiz da equação característica
-f. 4* 4 -3 = 0, procuraremos uma solução particular sob a forma y* = Q\(x)e,ix,
isto é, que faremos
y* = A qX + A i .

Substituamos esta expressão na equação proposta. Tem-se:


4/lo T 3 (/Io* 4* A j) = x.
Deduz, igualando os coeficientes das mesmas potências de x dum e
doutro lado da igualdade:
3i40~ l ( 44,4-3.4, * 0 ,

donde
A 1 - a 4
o ~ 1F ’ * iT
Por conseguinte,
• 1 4
^ ¥ X _ "9* ‘

A solução geral y = y-{-y* será

Exemplo — 2. Achar a solução geral da equação

y'4-9</ = (*a4-t)'3x.
Resolução — Encontra-se fàcilmente a solução geral da equação
y - C j cos 3x -f C 2 *en 3*.
O segundo membro da equação dada (x 2 -f-l)e3JC é da forma

Como o coeficiente 3 no expoente não é uma raiz da equação caracte­


rística, procuramos uma solução particular sob a forma
y* = Oz (*) e** ou y• = (.4x 2 -f- B x + C ) e3x.
Substituamos esta expressão na equação diferencial:
[9 (Ax* J- Bx 4 . C) -f 6 (2Ax-\ B) -j-2 .14- 9 (Ax*4- B x + C)] e » = j . j) , 3*.
Simplificando por t 3x c igualando os coeficientes das mesmas potências
de x, obtém-se:
ISA - 1 , 12 / 14 -18 ^ = 0, 2.-14 18C*r=i,

donde, ,4 = - ^ ; B A solução particular é, pois,


lo £1 oI

XJ __ L z . -li)*.»*
1 18 27 ' 81 /
e a solução geral
l 1
Exem plo — 3. Resolver a equação
V + 0i - ( * — 2 ) <«.
Resolução — Aqui o segundo membro é da forma P em que
o 1 do expoente 6 uma raiz simples do polinómio característico. Procuraremos,
pois, uma solução particular sob a forma
y* = xQx (x)e* ou y* = z B) e* ;

Substituindo esta expresão na equação, tem-se:


[(.4x* + Bx) + (4Ax 4- 2B) + 2 A - 7 (Ax* -f Bx) —
— 7 (2/lx -f B) -f 6 (.4xa + Bx)\ e* = (x — 2) r*.
ou ainda
( — 10A x — 5B + 2/1) e* — (x — 2) &*.
Igualando os coeficientes das mesmas potências de x, vem
— M M - l, — bB-\-2A*= — 2,
1 9
donde A — — — , ® “ jjTj • Tem-se, pois, para solução particular

e a solução geral escreve-se

II — Suponhamos o segundo membro da forma


/ (x) = P (x) eax cos px + Q (x) eax sen fJx, (5)
onde P(x) e (?(x) são polinómios.
Pode-se examinar este caso como o anterior passando as funções
trigonométricas a cxponenciais. Substituamos cos px e sen px pelas suas
expressões exponcnciais dadas pelas fórmulas de Euler (ver •§ 5,
cap. VII). Obtém-se:
Jp* . -“ IP* Jfi* __ --íp*
/(* ) = /> ( í ) «“ — t ---- + Q (*) í " ---- ---- -

OU

+ (6)

Tem-se nos parêntesis rectos polinómios cujo grau é igual ao


grau mais elevado dc P (x) ou de Q (x). Vê-se que o segundo membro
foi posto sob a forma do caso I.
Mostra-se (não o demonstraremos) que se podem encontrar solu­
ções particulares que não contenham quantidades complexas. Por
conseguinte, quando o segundo membro da equação (1) é da forma

f(x , = P (x) eax cos px -f Q (x) eax sen px, (7)

sendo P (x ) e Q (x) polinómios, determina-se como se segue, a forma


da solução particular:
a) se a 4* ip não é raiz da equação característica, é preciso
procurar uma solução particular da equação (1) sob a forma

y * = U (x) eax cos px + V (x) eax sen px, (8)


sendo U (x) e V (x) polinómios cuja grau é igual ao grau mais elevado
dc P (x) ou de Q (x);
b) sc a + ip 6 raiz da equação característica, tomar-se-á uma
solução particular sob a forma

y = x\U (x) eaxcos px -f V (x) eax sen px]. (9)

Para evitar possíveis erros, notemos que as formas indicadas das


soluções particulares (8) e (9) são evidentemente conservadas também
no caso em que o segundo membro da equação (1). um dos polinó­
mios P(x) e Q (x ) é um polinómio identicamente nulo, isto é. quando
o segundo membro é da forma

P (x) eax cos px ou Q (x) exx sén px.

Consideremos, em seguida, um caso particular importante. Supo­


nhamos que o segundo membro duma equação linear de segunda
ordem é da forma
/ (x) = M cos px + N sen px, (7')
em que M e N são constantes.
a) Se p i não é raiz da equação característica, procurar-se-á uma
solução particular sob a forma
y* — A cos px + fí sen px. (8')

b) Sc p i é raiz da equação característica, procurar-se-á uma


solução particular sob a forma
y* = x (A cos Px -f* fí sen px). (9')

Notemos que a função (70 é um caso particular da função (7)


(P (x) - M. Q (x) = N, a = 0); as funções (80 e (90 são casos par­
ticulares das funções (8) e (9).
7
Exemplo — 4. D-.terminar o integral geral da equação linear não
homogênea
í ^ 4 2 y ' 4 5y = 2 cos x.

Resolução — A equação característica * * 4 - 2 * 4 5 = 0 tem por raízes


* , = — 14-2i, * 2 = — 1— 2í. O integral geral da equação homogênea correspon­
dente escreve-se pois
y = *-*(<?, cos 2 x-f-C2 sen 2 x).

Procuremos uma solução particular da equação com segundo membro


sob a forma
y* — A cosx-j-Z? sen x,

sendo A e B constantes a determinar.


Substituamos y* na equação proposta. Tem-se:
— A cos x — flsén x - f 2 ( — A sen x-f-fí cos x) + 5 (/I cos x-fZ?sen x) = 2 cos x.
Igualando os coeficientes dc cosx c de senx, obtém-se duas equações para
determinar A c B:
— A ± 2 B -f-5A = 2 ; — D — 2A + ò B ^ 0 ,

donde = B = :- ~ .

A solução geral da equação proposta y~-y-\-y*, é


2 t
y = e~x (Ci cos 2x-\-Cz ^ n 2 x) + cos x-f — sen x.

Exemplo — 5. Resolver a equação


y ' -f 4y = COS 2x.
Resolução — As raízes da equação característica são fct = 2 i , * 2 = — 21;
a solução geral da equação homogênea é, pois,
y = C , cos 2x-f C 2 sen 2x.
Procuremos uma solução particular da equação com segundo membro
sob a forma y* = x (,4 cos 2 * 4 -/? sen 2 x).

Tem-se: y* ' = 2x ( — A sen 2x + B cos 2x) + (A cos 2x + B sen 2x),


y**=~— i x ( — A cos 2z— B sen 2x) + 4 ( — A sen 2x4-/? cos 2x).

Substituamos estas expressões na equação proposta e igualemos os coefi­


cientes de cos 2x c sen 2x\ obtém-se um sistema de equações para a determinação
dc A e B:
\B*= 1 ; — \A — 0, donde A — 0,

O integral geral da equação dada é, pois,

y = C , co s 2 r - fC 2 sen 2x-f-í-x sen 2 x. sen


4
Exemplo — 6. Resolver a equação
y*— y =* 3e-x cos x.
Resolução — O segundo membro da equação 6 da forma
/ (x) — *** (M cosx-f N »enx)
com M *^3, iV = 0. A equação característica Jt* — 1 = 0 tem como raízes Ar,=>1,
eAr2 = i — i . A solução geral da equação homogênea 6

y = C {e* +
Como o-f*<P = 2 - f / . i . não é raiz da equação característica, procurar-se-á
uma solução particular sob a torma
y* ~ eix (/I cos x -f /? sen x).
Substituindo esta expressão na equaçáo, obtém-se, após redução dos termos
scmrlhantes,
(2A ■+•4B ) etx cos x + ( — 4A + 2 li) <“ * e n x = 3 e « cos x.

Igualando os coeficientes de cos x e sen x, vem

2A f 4tf = 3, — 4/l-f2tf = 0,
3 3
donJc /!■= — , Dfm — , A solução particular é, pois,

e a solução geral

y ^ C ^ - i - C # - * + *** ( ^ c o s x - f - y s e n x ) .

§ 25. Equações lineares não homogêneas de ordem n


Seja a equação

j, " ' ) + a , y <" - , ) - t - . . . + a „ y = l{ x ), (1)

em que ax, a{.......an, f (x) são funções contínuas de x (ou constantes).


Suponhamos que se conhece a solução geral

y — C\]J\ Czl/i + • •• -\-Cnyn (2)


da equação sem segundo membro

y{n) + flii/(r* f)4“ <hy(n J + • •• 4 " afiy = 0. (3)


Tal como para a equação dc segunda ordem, tem-se o teorema
seguinte.

Teorema— Se y é a solução geral da equação homogênea (3)


e y* uma solução particular da equação não homogênea (1),

Y = *y + y

6 a solução geral da equação completa.


Por conseguinte, tal como para a equação dc segunda ordem,
a integração da equação (1) resume-se na procura duma solução par­
ticular da equação com segundo membro.
Tal como para a equação de segunda ordem, pode-se achar uma
solução particular da equação (1) pelo método da variação das constantes
supondo que em (2) C u C 2, • • •* Cn sejam funções dc x.
Formemos o sistema de equações (comparar § 23):

£-’ií/i 4" 4- • -* + Cnyn — 0,


Cií/i •+■^ 2^2 ■+*••• H" C nyn = 0,
(4)
+ . . . + o l r ~ !,= o .

c;jr(r ,)+c;i/i’,-,,+ .. .+ cny'r"=n*).


Este sistema dc equações dc incógnitas C \ , C '....... C'n, tem uma
solução bem determinada. (O determinante dos coeficientes C'v C\.......
Ç'n é o determinante dc Wronski das soluções particulares */,, y2......yn
da equação homogênea, que se supõem linearmente independentes;
não é, pois. nulo.)
O sistema (4) pode, pois. ser resolvido em relação às funções
C j, C'2 C‘n. Integremo-las, uma vez encontradas:
C , = j r . í b + c ,; C ^ l C í d x + C,; .

C„ = lC .d x + L\.
onde C t, C2, . . Cn são constantes de integração.
Mostremos que a expressão
y * = + - •• + ^ n í/n ( ,r))

é a solução geral da equação completa (1).


Derivemos a expressão (5) n vezes tendo cm conta, de cada vez.
as igualdades (4); ter-se-á. então:
y* = Cxyx -f C2y.> -f Cay3 4- • • • 4- C„y„,

y*' = Cxy\4- C & t 4- Cirffe 4* ••■ 4 -Cuyn,

= C1yS"‘ ” + C'I» í " ' , , + • ■. + C „ » Í““ ",


r > " > C,y{"> - C a i " + ■■■+ Cn!/^' I- 1 (X ).
Multipliquemos a primeira equação por an . a segunda por a„-i.
a penúltima por a t e juntemos. Obtém-se

y
+ a ,/ " '1’ + ... 4-<•„«' = / <*'•
dado qucifit í/2. • • yn são soluções particulares da equação homo­
gênea c que, por conseguinte, as somas obtidas, juntando entre si os
termos duma mesma coluna, são nulas.
Por conseguinte, a função y* = Cxyx 4* . . . 4- C„yn.onde C x.......
Cn são funções de x determinadas pelas equações (4)) é uma solução
da equação não homogênea (1), e como contêm n constantes arbi­
trárias C i, C „ . . . . C „ ,é a solução geral.
J\ proposição está assim demonstrada.
Por vezes, é mais fácil encontrar soluções particulares duma equa­
ção não homogênea de ordem n de coeficientes constantes (confrontar
§ 24). Assim é quando:
I — Suponhamos que o segundo membro da equação diferencial
é da forma f (x) — P (x) eax, sendo P (*) um polinómio em x\
convém distinguir dois casos:
a) se a não é raiz da equação característica, procurar-se-á uma
solução particular sob a forma
y = Q (x)ea*,
em que Q (x) é um polinómio do mesmo grau que P (x), mas com
coeficientes indeterminados:
b) se a é raiz de ordem dc multiplicidade n da equação caracte­
rística, procurar-se-á uma solução particular da equação com segundo
membro sob a forma

sendo Q (x) um polinómio do mesmo grau que P (x).


II — Suponhamos o segundo membro da forma
/ (z) = M cos px 4- N sen px,
onde M e N são constantes. Determina-se, então, a solução particular
como se segue:
a) se fii não é raiz da equação característica, a solução particular
é da forma
y* = A cos px 4- B sen px,

em que A e B são coeficientes constantes indeterminados;


b) se fii é raiz dc multiplicidade n da equação característica,
tem-se
y* s= x“ (A cos Px 4- B sen px).
III — Seja
f(x) = P (x) <?4x cos px 4- Q (x) eax sen px,
cm que P(x) e Q (x) sào polinómios em x. Tem-se:
a) Se a + p i não é raiz de ordem dc multiplicidade /jl da
equação característica, procura-se uma solução particular sob a forma
y* = U ( x ) eax cos p x - f V ( x) eax sen p x ,

em que U ( j c ) e V ( x ) são polinómios cujo grau é igual ao grau mais


elevado dc P(x) e de Q(x).
b) Se a + p i é raiz de ordem de multiplicidade fi da equação
característica, procura-se uma solução particular sob a forma
y* = x* [V (x) eax cos p x -f V (x ) éíX sen P x ] ,
em que U (x ) e V (x ) têm o mesmo significado que para o caso a).
Nota geral para os casos // e I II — Se o segundo membro da
equação contiver sòmente cos px ou sen px, será preciso quando muito,
procurar uma solução sob a forma indicada, isto é, com um seno ou
um cosseno. Noutros termos, pelo facto do segundo membro não
conter cos Px ou sen px não resulta, de forma alguma, que a solução
particular não contenha estas funções. Pode-se comprovar isso mesmo,
considerando os exemplos 4. 5 e 6 do parágrafo anterior e ver-se-á
no exemplo 2 deste parágrafo.
Exemplo — I. Determinar a soluçSo geral da equação

y ™ — ¥ ■ ■ **+ 1 *
R e s o lu ç ã o — A equaçSo característica k* — 1 = 0 tem como raízes

* | — 1» *2 “ —- 1 . *3 = > *. * 4 = — <•
Achemos a solução geral da equaçSo homogênea (ver exemplo 4, § 22):
~
v C,** + C2e-* -f C 3 cos * + Ck sen x,
Tomar-se-á uma soluçSo particular da equaçSo completa sob a forma
y* — A qx3 -f- A tx* + A 2x + A 3.
Derivemos y* quatro vezes e substituamos as expressões obtidas na equaçSo
dada. Obtém-se:
— A qx3— A ,x 2 — A*x— A3= xa -f-1.

Igualemos os coeficientes das mesmas pottilcias de x. Tem-se:

- / 1 0= 1 ; - A ,- 0 ; — .-i2 = 0 ; - A 3 = i.
Por conseguinte,
x»— 1 .
Encontra-se o integral geral da equaçSo completa sob a forma
V — y + y*. ou seja
y = C ,e*-f Cy~ x + C 3 co9 * - f C t sen x — x» — 1 .
Exemplo — 2. Resolver a equaçSo
y i y — y = 5co* x.
Resolução — A equação característica k* — 1 = 0 tem por raízes fcj = l*
*2= — \,k3 = i , k i = — i. A solução geral da equação homogênea é, pois,

y = C {ex -\-C2e~x + C 3 cos z + C t sen z.


O segundo membro da equação proposta é da forma

/ (z) = M cos z -f-W sen x,


com M = 5, N = 0.
Como i é uma raiz simples da equação característica, procura-se uma
solução particular sob a forma
y* = x ( 4 cos z-x-B sen x).

Substituindo esta expressão na equação, obtém-se:

4A sen x — 4B cos x«=5cos z ,


donde

44 = 0, - 4 Z ? = 5

A solução particular da equação diferencial proposta é, pois, .4 = 0, B--


_ _5
4 ‘
e a solução geral

y = £ V * - f C 2e~*-f C3 co sz- f C 4 senr— ~ x scax.

§ 26. Equação diferencial das oscilações mecânicas


O objecto deste parágrafo e dos parágrafos seguintes é o estudo
dum problema de mecânica por meio de equações diferenciais lineares.
Consideremos uma massa Q colo­
cada sobre uma mola cm espiral (fig. 268).
Seja y o desvio desta massa a partir
da sua posição dc equilíbrio. O desvio -5 3 1 Po#içâo_dc
para baixo será considerado como posi­ eçuiTibritf *
tivo. o desvio para cima será negativo. I-
Na posição dc equilíbrio a força de
gravidade que age sobre a massa é
compensada pela elasticidade da mola.
Suponhamos que a força de chamada
6 proporcional ao desvio, isto é. que
se exprime por — ky em que k é uma
dada constantes chamada «Rigidez» da
Fig. 268
mola (*).
Suponhamos que se opõe ao movimento da massa Q uma força
de resistência proporcional à velocidade do movimento em relação ao

(•) Uma mola cuja força de chamada é proporcional à deformação


diz-se «característica linear».
ponto mais baixo da mola isto é. uma força — Xv = —X ~ . em que
\= const. > 0 (um amortecedor).
Escrevamos a equação diferencial do movimento. Em virtude da
segunda lei de Newton

q “^ L i • dy
dt1 (D

(k e A são números positivos). Obtivemos uma expressão diferencial


linear homógenea de segunda ordem de coeficientes constantes.
Escrevamo-la sob a forma

<n

com

Além disso, suponhamos que o ponto inferior da mola efectua


um movimento vertical que obedece à lei z = <t (/). Tal é o caso se
a mola estiver fixada pela sua extremidade inferior a um rolo. des­
crevendo um contorno dado (fig. 269).

équilibrio

Fig. 269

A força dc chamada.será então, não — ky mas —A: [y H cp (01»


a força de resistência será \y' y (*)I e. obtém-se. em vez da
equação (1)

QÉS. + l ÉL + = _ fap (() _ >.<p (t) (2)


dt2 dt

ou
( 2 ')
2 + » * + — <«•
onde se faz
f i t } _ + *>?(<)
<?

Obtivemos uma equação diferencial dc segunda ordem com


segundo membro.
A equação (T) chama-se equação das oscilações livres, a equa­
ção (20 é a das oscilações forçadas.

§ 27. Oscilações livres


Consideremos, cm primeiro lugar, a equação das oscilações livres

y * + py' + qy = 0.

Escrevamos a correspondente equação característica

k* + p k + q = 0
e achemos as raízes:

* « - - § + * ü = - | - V ^ - q-

1. Seja ~ > q. As raízes k x e k7 são. então, números reais


negativos. A solução geral exprime-se por cxponenciais:

y = x C x £ %t + C ^ lt (A rt < 0 , k2 < 0 ) . (1 )

Resulta desta fórmula que a distensão >' tende assintòticamente para


zero quando t -* oo. quaisquer que sejam as condições iniciais. Não
há oscilação no caso dado. porque a força de travagem é grande em
relação ao coeficiente de rigidez da mola k.
2. Seja = q; tem-se. então, uma raiz dupla & ,= k t = -- -.
A solução geral escreve-se, pois:

y = Cle 3 + Ctí f 2 = (C, + C ,l) e - . (2)

Aí ainda a distensão tende para zero quando oo. mas menos


depressa do que no caso anterior (dado o factor C x + C 2r).
3. Seja p — 0. isto é. que se supõe a ausência de travagem.
A equação característica escreve-se
kr -f q = 0,
e tem por raizes k , = pi, k t = —pi, com p = \ q. A solução geral é

y = Cl cospt + Ct scn$t. (3)

Substituamos nesta fórmula as constantes arbitrárias C, c C2 por


outras. A e <p0 ligadas a C\ e C . pelas relações:

Cx= sen 9o, C2 = A cos cp0.

Daí resulta A e <p0 cm função de C x e C2. como se segue:

----- C
A = V C ] + C\, <po= arctg—:L .
^t
Substituindo as expressões de C, e C 3 na fórmula (3), obtém-se

y = A sén <Pocos pt -f A cos (f0 sen pí

y = A sen (p/ -f tfo). (3')

Tais oscilações dizem-se harmônicas. As curvas integrais são sinu-


soides. O intervalo de tempo T no qual a quantidade fit 4- varia

ou

Fig. 270

de 2,» chama-se período das oscilações-, no nosso caso T = ^ . Cha-


P
mamos frequência das oscilações ao número de oscilações no tempo 2x\
no nosso caso a frequência é /?: a constante A, que representa a dis­
tensão máxima a partir da posição de equilíbrio, chama-se amplitude
do movimento oscilatório: f„ é a fase inicial.
Representa-se o gráfico da função (3') na fig. 270.

4. Seja p ^ 0 e < q.
As raízes da equação característica são. então, complexas:
ki = a -f- íp, k t = a — ip.
k.
cm que
a = - | < 0 , p=

O integral geral é da forma

y = e11{Ci cos + C2 sen pí)

y = Aeal sen (pí -j- (po). (4)

Somos obrigados a tomar aqui, para amplitude, a quantidade


que depende do tempo. Como a < 0. ela tende para zero quando r oo.

F i g. 271.

isto é. que estamos na presença de oscilações amortecidas. A figura 271.


representa o gráfico de tais oscilações.

§ 28. Oscilações forçadas


A equação das oscilações forçadas escreve-se
y " -f p y ' 4- qy = / (0.
Consideremos o caso importante da prática em que a força per­
turbadora exterior é representada pela função periódica

/ (/) = a sen cú t;
a equação torna-se. então.
y' + p y + q y = a sèn w/. d)
pi
1. Suponhamos, cm primeiro lugar, que p 0 c •< q, isto é.
que as raízes da equação característica são números complexos a ± fii.
A solução geral da equação homogênea escreve-se. então, (ver fór­
mulas (4) e (4'), § 27)
y== Aeal sen {$t + <p0)- ^

Procuremos uma solução particular da equação com segundo


membro sob a forma
y* = M cos (úí -f jV sen coí. (3)

Substituindo esta expressão de y* na equação diferencial inicial,


encontra-se M c N:

u ~ p(úa x — {q ~ 0)t) a
(q - w*)* -f p V ’ (q - o S f+ p W

Antes de substituir as expressões dc M e N na igualdade (3).


introduzamos as novas constantes A* c ?*. fazendo

M = A *sen cp*, N = A* cos <p*f


ou seja
M
A * = V M 2 4-JV* = --- —~ , t«q) = .
V (ç — <■>*)* -f p*u>% N
Poder-se-á. então, escrever a solução particular da equação não
homogênea sob a forma
y* = A *sen qj* cos o)l A* cos q*sen w/ = A sen (to/ 4- <P )
ou. finalmente.

y* — a ..— sen (o)t -f- <p*).


V (q — (o*)5 4- p2co”

O integral geral da equação (1) é ipual a y = y y * , ou seja

y = A e ‘ 1sen <0/ -f •?<,) ---- — — sen (wí -f <p*).


V(q — ar)2 -f p 2or
O primeiro termo do segundo membro (a solução da equação
homogênea) representa oscilações amortecidas. Decresce quando t cresce
e. por conseguinte, ao fim dum certo tempo, é o segundo termo, que
representa oscilações forçadas, que desempenha o papel principal.
A frequência o> destas oscilações é igual à frequência da força exte­
rior / (/); a amplitude das oscilações forçadas é tanto maior quanto
mais pequeno for p e que w* esteja na vizinhança dc q.
Estudemos, em detalhe, a dependência entre a amplitude das
oscilações forçadas e a frequência u para diferentes valores de p.
Designemos para este efeito a amplitude das oscilações forçadas
por D(<a):
D (to) — a —
V (q — a)2)2 -f P2(*>2

Façamos q = Pí (para p = 0 pt seria igual à frequência das osci­


lações próprias). Tem-se
D(o>) ã
2 - i- p V & W (* <o*y p 2 ©*

Façamos
0) = A- — = Y
Pi ' Pt

em que A é o quociente da frequência da força perturbadora e da


frequência das oscilações livres do sistema, não dependendo a cons­
tante A da força perturbadora. A amplitude exprime-se. então, pela
fórmula
D (X) = ã ----- . (4)
p«v<i- x y + 7 ?
Achemos o máximo desta função. Corresponde, evidentemente,
ao valor de A para o qual o denominador é minimo. Mas o mínimo
da função _______________
V ( i - x y + T »x» (5)

é atingido para

-v*-i
e é igual a

Por conseguinte, a amplitude máxima é igual a


_ a

r t r / 1 ?
O gráfico da função D (X) para diversos y eslá representada na
figura 272 (para fixar ideias, fez-se a construção das curvas cor­
respondentes a = l . /?i = 1). Estas curvas chamam-se curvas de res­
sonância.

Fig. 272

Resulta da fórmula (5) que para y pequenos o valor máximo da


amplitude é atingido para valores dc A vizinhos da unidade, isto é.
quando a frequência da força coercitiva é vizinha da frequência das
oscilações livres. Sc y - 0 (logo p - 0. isto é. se não houver resis­
tência ao movimento, a amplitude das oscilações forçadas cresce inde­
finidamente quando A. —» 1, isto é, quando o —*■Pj == Yq\

lim D (X) = oo.


A,—i
(y=o)

Quando «2 = q. há ressonância.
2. Suponhamos, agora, que se tem p = 0. isto é. que conside­
raremos a equação das oscilações elásticas sem resistência em presença
duma força coercitiva periódica:
y ' + qy = a sen ü)t. (6)

A solução geral da equação homogênea é


y = Cl cos p* -f C, sen pr (p2 = q).
Se isto ê. se a frequência da força coercitiva não é igual
à frequência das oscilações próprias, a solução particular da equação
não homogênea escreve-se
y" = M cos to* -f A' sen o)/.
Substituindo esta expressão na equação proposta, vem

M = 0, IV — — - — -.
q — (0
A solução geral é

y = A sen (0* -f cp0) -\


--- — - sen u)t.
q — w*
O movimento resulta, pois. da sobreposição das oscilações pró­
prias de frequência /? e das oscilações forçadas de frequência ».
Se /? = o>. isto é. se a frequência das oscilações próprias coincide
com a frequência da força coercitiva, a função (3) não é solução da
equação (6). Procurar-se-á. então, em virtude dos resultados do § 24.
uma solução particular sob a forma
y* = t ( M cos ü)í -f N sen cot). (7)
Encontra-se M e N substituindo esta expressão na equação
diferencial:
M = - — ; :V = 0.
2ü )

Por conseguinte.
A solução geral é da forma

y = A sén (p* -f qp0) — J L t cos pf.


2ú)

O segundo termo do segundo membro mostra que a amplitude


das oscilações aumenta indefinidamente quando r o o . Este fenômeno,

F I g. 273.

que tem lugar quando a frequência das oscilações próprias do sistema


e a frequência da força coercitiva coincidem, chama-se ressonância.
O gráfico da função y* está representada na figura 273.

§ 29. Sistemas de equações diferenciais

Na resolução dum grande número de problemas pede-se para


encontrar funções y t — iM * ), yt = y z ( * ) .........yn — yn (*) Quc satis­
façam a um sistema de equações diferenciais que contém a variável x,
as funções desconhecidas y„ y2....... yn e suas derivadas.
Consideremos o sistema de equações diferenciais de primeira
ordem:

^ = /t (*. í/i. y i......... y*).

y " y 2 ’ •••* y*)'

= fn ( * , í/ i, í/ 2 » • ■ í/ n ) .

onde. y,. >’2, .... {/« são funções desconhecidas e x a variável.


Um tal sistema, resolvido cm relação às derivadas primeiras,
chama-se sistema normal.
Integrar este sistema, é determinar funções >•„ y\........ yn que
verifiquem as equações (I) e que satisfaçam às condições iniciais dada$:

( í/ l) x « r jr 0 = i/ lO i {y z )x ~ :x t — í/ 20» • • • » (y n )x = * x o ~ y n O ‘ (“ )

Tntegra-se o sistema (1) como se segue.


Derivemos a primeira das equações (1) em relação a x'

*Vx ___ dfx , à fx dyt , <?/, dyn


dx% dx dy{ dx ' òyn dx

Substituamos as derivadas —ÍL , , ..., pelas suas expres-


dx dx dx
sões /,. ....... /„ tiradas de (1).
Obtém-se a equação

fVL•£
- f a í = F ^ X' Vl.........yn).

Derivando a equação obtida e procedendo da mesma maneira,


acha-se:

= F 3(x, yu y2, yn).

Assim, continuando, encontra-se finalmente

jÇ ü± = F n (xt yu yn).
dx
Obtém-se. assim, o sistema seguinte:

J/n).
dxx

#y\
dx2 (3)

P n (*. !/l......... yn).

Obtém-se das n — I primeiras equações (admitindo que isso seja


possível) y-i, y*....... yn exprimindo-as em função dc x, yi e das deri-
vadas — ÍL ÍE ! .
d x ' dx* .......... rfz"-*

y2= <f2 (*. yi. yí» • ví"-1’).


y3 = (p3 (x, ylt y\, . i / r 1*). (4)

» 0 = < P n (x . » 1 . y\’ vlr " ) .

Substituindo estas expressões na última equação (3). obtém-se


uma equação dc ordem n baseando-se cm >',:

£ & . _ « d (x , » „ » ,.........ri"-” ). (5)


dx
Dctermina-se y, resolvendo esta expressão:
C „ <7,..............C . ) . (6 )

Derivemos esta expressão n — 1 vezes; encontram-se as derivadas

d
~ .............0011)0 funçÔCS dc * ' C " C l..........................C»•
Substituamos estas funções na equação (4). Encontram-se y2.
y*.......y n :
t/2— ^ (x, Ci, C2, . . . , Cn)% |
(7)
yn = 'fn (xi ^2* • • •» Cn)‘ )
Para que a solução obtida satisfaça às condições iniciais dadas (2).
não resta mais do que determinar cm (6) e (7) os valores das cons-
constantes C „ C2........ Cn (como se fez no caso duma só equação
diferencial).
N ota— 1. Se o sistema (1) for linear cm relação às funções des­
conhecidas. a equação (5) será também linear.
Exemplo — 1. Integrar o sistema

- i L - y + í + x, -^7 = — 4 y - 3 * + 2x (a)

com as condições iniciais

. . . (l/)x-0 = 1 . (*)*-* “ 0. (b)


Resoluções:
I. Derivando em relação a x a primeira equaçSo, tem-se
dy dz
à ? dx dx '
dy dz
Substituindo, nesta última, as expressões e obtidas das equa­

ções (a), obtém-se:

4 r T = ( y “r * + * ) f ( — 4 y — 3 i - f 2 x ) - f - l
ou
d*u
= _ 3 y_2í-j-3x-f-l. (c)
2. Dtduz-se da primeira equação (a)
dy
t==- d F - v - x . (d)
Substituindo esta expressSo em (c), obtém-se

ou

4 ^ ' + 2 ■5i* + 1' =,5x + , • <e)


A soluçSo geral desta riltima é
y = (C i -\-C2x)e-*-\-Sz-9 (f)
e tendo em conta (d)
z~ (C2— 2<?i — 2C2x) e~x — 6x-f-l4. (g)
Escolhamos as constantes C. e C; dc maneira a satisfazer às esndições
iniciais (b): n
(l/)x-o = l , (5 )x = o - 0 .

D:duz-se. entSo, das igualdades (f) e (g)


l - C , - 9 , 0 = C2- 2 C ,i -f-14.
donde f ' = 10 c. C- — 6.
Por conseguinte, a soluçSo que satisfaz às condições iniciais (b) ewreve-se

y= = (l0 + 6x)e-*-}-5x— 9, s = (— 14— 12x)r-*— 6x-f 14.


N ota— 2. Suposemos. nos raciocínios anteriores, que se podia tirar
as funções ys.......yn das n — 1 primeiras equações (3). Mas pode-se.
por vezes, tirar y2, . . . yn de menos de n equações. Obtém-se. então,
para determinar y, uma equação diferencial de ordem inferior a n.

Exem plo — 2. In te g ra r o s is te m a

dx dy dz
_ = „ + «; - £ = « + . ; -&=*+>■

Resolução — D e r iv a n d o cm r c la ç â o a t a p r im e ir a equaçSo. e n c o n tra - s e

E lim in a n d o as v a r iá v e is y e z das equações

Ja f = 2*+ «'+ ‘ >


o b té m - s e um a equação de segunda ord em em r e la ç ã o a x:

- £ L
d t*
- * L

_ 2«=B0
O in te g r a l g e ral d e s ta ú ltim a é

x = C\t~1-}-Coe**. (ct)
Donde

£ - - C , < r i + 2 C 2'>' o i v = - í f - i = - C 1« - , + 2 C ^ * ' - I . (0 )

S u b s titu in d o as e x p ressõe s a c im a de x e y na te r c e ir a equaçSo do s is te m a


p ro p o s to , o b té m - s e um a equaçSo que p e r m it e d e te r m in a r z:

In te g ra n d o e s ta equaçSo, e n c o n tra - s e

(Y)
M as te m - s ;. ç n tã o . em v ir tu d e de (/? ):

y==_ (C 1 -rC3)*-' + C2' 2f. (ô>


As equações <a\ (« ), (y ) dSo a s o lu ç ã o g e ral da s is te m a p ro p o s to .

Pode suceder que as ecuações diferenciais dum sistema contenham


derivadas dc ordens superiores a um. Por conseguinte, a ordem do
sistema eleva-se.
Assim, o problema do movimento dum ponto material solicitado por
uma força F reduz-se a um sistema de três equações diferenciais de segunda
ordem. Sejam F x, F u , F , as projecções da força /•’ sobre -os eixos coordenados.
A p o s iç ã o do p o n to cm cada in s ta n te i é d e fin id a p :la s suas coorde nad as x,
y, z. R e s u lta daí que x, y, z são fu n ç õ e s dc t. As p r o je c ç õ e s do v e c to r

v e lo c id a d e do p o n to m a te r ia l so b re os trê s e ix o s são ~ .
dt dt ’ dt
Suponham os que a fo rç a F e. por c o n s e g u in te , a s suas p r o jc c ç õ e s F x, F v,

Fz . dependem do te m p o /. da p o s iç ã o x. y, z e da v e lo c id a d e dx- A H . . — .
dt ' d t dt
As fu n ç õ e s que se p ro cu ra m n e s te p r o b le m a são

x = z (t), y = y (t), s = x (t).

D e t e r m in a m o - la s a p a r t ir das equações da d is tâ n c ia ( le i de N e w to n ):

dt ' dt ' dt

m d2y dz dy dz
d t» ~dT' dt ' dt (8 )

d*z dz dy dt 1
m d t* j, * j .

O b tiv e m o s um s is te m a de trê s equações d if e r e n c ia is dc segunda o rd em .


Se o m o v im e n to é p la n o , is t o é, se a tr a je c t ó r ia é um a curva p la n a (p o r
e x e m p lo , do p la n o Oxy) o b té m - s e um s is te m a de duas equações para d e te r m in a r
x (/) e y (/):

<*>

< *°>

Pode-se r e s o lv e r um s is te m a de equações d if e r e n c ia is dc o rd em n re du­


z in d o - o a um s is te m a de equações de p r im e ir a o rd em . M o s tre m o s com o sc
p ro ced e com o e x e m p lo (9 ) e (1 0 ). In tr o d u z a m o s as n o ta ç õ e s :

dz dy
~ d T ~ u ' ~di v'
T em -se
d2z du d‘y _ dv
~dt* ~ ~ d T ' dt* ~ ~ d T ‘

O s is te m a de duas equações de segunda ord em (9 ) e (1 0 ) a duas fu n ­


ções d e s c o n h e c id a s x (f) e y (r) é s u b s titu íd o por um s is te m a de q u a tro equações
de p r im e ir a ord em com q u a tro fu n ç õ e s d e s c o n h e c id a s x. y. u, v:

dx
In d iq u e m o s , para t e r m in a r , que o m é to d o g e ral e x a m in a d o de r e s o lu ç ã o
de s is te m a s de equações d if e r e n c ia is pode ser s u b s titu íd o , em c e rto s casos con­
c re to s , por p ro cesso s a r t if ic ia is que p e r m it e chegar m a is r à p id a m e n te ao f im .

Exem plo — 3. D e te r m in a r a s o lu ç S o ge ral do s is te m a de equações d ife ­


r e n c ia is

dx »

d*i
dx*
= y-
R esolução — D e r iv e m o s duas vezes em r e la ç ã o a x os d o is m em bro s da
p r im e ir a equação:

dly
dx * ~ dx-

O ra. = y, lo g o se o b té m a equação de q u a rta ord em


dx2
d xy
dx* V-

Por in te g r a ç ã o , o b té m - s e a s o lu ç ã o g e r a l d e s ta equação (v e r t. I I , cap. X III,


§ 2 2 , e x e m p lo 4 ):

^ = 6',^*+C2í _3: + ^3 c<wx + ^'4 *nx.

T ir e m o s d e s ta equação c s u b s t it u á m o - lo na p r im e ir a equação do
dx1
s is te m a p ro p o s to . D e te r m in a - s e

z = Ciex -\-Cze~x — C 3cos x— C 4s e n x.

§ 30. Sistemas de equações diferenciais lineares


de coeficientes constantes
Seja dado o sistema de equações diferenciais

= *1 1 *1 + « 1 **2 + • • • + « ln * n .
dt

dx2
= -f" • • • H- ^n**»
~dt~
(D

dJ„
— Qii 1* 1 “1“ • • • "H ^/«ri*n»
dt
em que os coeficientes a a são constantes. Aqui t designa a variável
independente. xx(r), x2 (í)..........c„ (/) as funções desconhecidas. O sis­
tema ( 1 ) chama-se sistema de equações diferenciais homogêneas de
coeficientes constantes.
Como indicamos no parágrafo anterior, este sistema pode ser
resolvido reduzindo-o a uma equação do grau n, ordem que no caso
presente será linear (já o havíamos notado na nota 1 do parágrafo
preccdcntc). Ora o sistema (1) pode igualmente ser resolvido por um
outro método, sem o reduzir a uma equação de ordem n. Este método
permite analisar mais concrctamcnle o carácter das soluções.
Procuraremos a solução particular do sistema sob a forma seguinte:

xl = a iekt, x-i — a 2e xn = a ne
kt
(2)
Deve-se determinar as constantes a it oc2....... a„ e k de modo
que as funções a xekt, a 2ekt...... a nekt verifiquem o sistema de equa­
ções (1). Substituindo-as no sistema (1). obtemos:

— (fliiCtj 4" a12ct2 4" • •• 4" fllna n) ^ «


kc^ekt = (021^1 + «22«2-f •••

k a nekt = (anXa i + a n7a 2 + . . . + a nna n)e .

Dividamos por eht. Passando para o primeiro membro todos


os termos e pondo em evidência os coeficientes de a ,, a 2, . . a n,
obtemos o sistema de equações

(a,t — À-) a , -f- a x2rt2 -f- . . . + aina n = 0,

a21a « + (<*22 — k) «2 4- • • • 4- a2na n =


(3)

«nla I 4" an2a 2 4* • •• 4*(an n — A) a„ s= 0.

Escolhamosalt a 2,..., a n c k de maneira que seja verificado o


sistema (3). Este sistema é um sistema linear dc equações algébricas
em relação a a i , cc„.... a„. Formemos o determinante do sistema (3):

íz,j — k (i\2 ••• am


a 2\ ^22 — k . . . 0-2n
A (k) = (4)

a ni a ri2 • • • iflrin A)
Sc k é tal que o determinante A é diferente de zero, o sistema (3)
não possiri senão uma solução nula a , = a 2 = ... = a n = 0. c. por
conseguinte, as fórmulas (2 ) apenas dão as soluções triviais:
Assim, apenas poderemos obter soluções não triviais (2) para os
valores dc k para os quais o determinante (4) se anula.
Obtemos uma equação do grau n para determinar k:

fli i — k « 1, « In

an - k . . . a in = 0. (5)
*nl a n, a nn

Esta equação é chamada equação característica do sistema (1).


As suas raízes chamam-se raízes da equação característica.
Consideremos alguns casos.
I — As raízes de equação característica são reais e distintas.
Designemos por k2.......kn, as raízes da equação característica.
Para cada raiz ki escrevamos o sistema (3) e determinemos os coeficientes

cu , an.

Pode-se mostrar que um dentre eles é arbitrário. Pode-se estimá-lo


igual à unidade. Assim, obtemos:
para a raiz k t a solução do sistema ( 1)
i<
il) = a <
,|)«*,,1 .........

para a raiz k2 a solução do sistema ( 1)

* ? = a i V ’ '. = ......... « ¥ - € # / * * ;

para a raiz kn a solução do sistema ( 1)


r<">__r£n)*knl
xl — a , e , T{n)
x2 —— a., e j-(n>__w(nV
, . . xn — a„ e " '

Pode-se verificar, por substituição directa nas equações, que o


sistema de funções
z, = Cxc i} V " + C,* ? /•- ' + . . . + C„a," V
xt = C,o4‘V ' ' + C,o£ ’«*■' + . . . + C„o4"V »'.
( 0)

-r„ = + c ,^ < + ... + C,


em que C,. C7...... Cn são constantes arbitrárias, é a solução do sistema
de equações diferenciais (1). É a solução geral do sistema (1). Mostra-se
fàcilmente que se pode encontrar para as constantes valores tais que a
solução verifica as condições iniciais dadas.
Exemplo— 1. Achar a solução geral do sistema de equações

- ^ L = 2x, + Z t2. ^

Resolução — Formemos a equação característica


2— k 2
=0
1 3-*
cm que * 2— 5*4-4 — 0. Encontramos as raízes

* ,•1 , * 2« 4 .

Voltemos a procurar as soluções sob a forma

xi»>= al>V, xj» = ay'«‘

C xl«-.al*>e«<, x?> = a;*'e".


Componhamos o sistema (3) para a raiz k t = 1 c determinemos a\1} e a^1*:

(2 — l)a<,"-}-2a il' = 0,
ou
ail>-f 2aiu *=0,
aVM 2ai1>-=0,

donde a',1' = — -j a',1'. Façamos a i1' = 1. Obtemos a í n = — 4* • Obtivemos, assim,


a solução do sistema

Componhamos, cm seguida, o sistema (3) para a raiz *2 = 4 e deter­


minemos a*,** c c4*’ :
—2aJ,, + 2ctf> = 0,
ai1’—2a**’ = 0,
donde a (,,> = a i,) e 1, a*** = 1. Obtemos a segunda solução do sistema:
x,,,) = e*1, x?> = e*‘.
A solução geral do sistema será [ver (6)]

x ,- C ,# » + C V « ‘.

X2 Cje* -j-Coe’*'.

II — As raízes da equação característica são distintas, mas algumas


delas são complexas.
Suponhamos que entre as raízes da equação característica existem
duas raízes complexas conjugadas:

ki = a + iP, k 2 — a — iji.
A estas raízes corresponderão as soluções
x f = a (/ V * +,|,)l (/ = 1 . 2 ......... n), (7)
= 0 = 1 , 2 ---- n). (8)
Os coeficientes a$l> e cc$J) são determinados a partir do sistema
de equações (3).
Do mesmo modo que no § 21 (t. II, cap. III) pode-se mostrar
que as partes reais e imaginárias da solução são também soluções.
Obtemos, assim, duas soluções particulares:

= ea ‘ (Â;0 cos px -f X1
/ sen px)
x f = e“ f (Á(/ }sen px -f- X'/1cos px) 0)
em que X;” , X$*\ Xj*\ X}J> são ni,mcros rca*s definidos por meio
de «V» e «$•>.
As combinações correspondentes das funções (9) entrarão na
solução geral do sistema.
Exem plo — 2. Encontrar a soluçSo geral do sistema

ijS — -

Resolução — Formemos a equaçSo característica

| - 7~ * 1 =0
| —2 —5— *
A-2-f 12*-f 37 = 0 e calculemos as _$uas raízes: .
fc,= — 6-j-í, kz = — 6—i.
Fazendo * ,= = — 8 - f i no sistema (3), achamos:
a1
(‘, * l , oi, , = l - f í .
Escrevamos a soluçSo (7): —
.<i>A !,.(-•+t)i( (7)
Fazendo fc2 = — 6 — i no sistema (31. achamos:
«<,»>= 1 — í.
Obtemos o segundo sistema de soluções (8):
x<*>= *<-•-»)<, x£l>= (l —/)**"«-*>«. (8‘)
Voltemos a escrever a soluçSo (70:

xj1’ — f~el (cos t + i sen /), x^>a= (1 -f i) í~6< (cosf-f / sen*)


ou
x«> =, *-6f cos / ie-6t sen t ,
x\l) = e-*1 (cos / — sen f)- f/e“6' (cos l -f sen t).
Voltemos a cscrcvcr a solução (80:
xi£ ) = e~*t cost — ie-*x sen/,
x(tiy=-e~6t (cos t — aent) — ie~*1 (cos Z+ sen /).

PoJcmos escolhcr como sistema de soluções parciais separadamente as


partes reais e imaginárias

x\l) =»e’ t l cos /, a r sl (cos / — sen/),


(9')
£<*> = *-•* sen t, = (cos/-f sen /).

A solução geral do sistema será:


xl = C ie~*t cos í- f C 2e-ef sen /,
x2 = C ie~ct (cos / — sen /) + C2« " 9< (Cos * 4 scn 0*

Pode-sc encontrar, por um método análogo, a solução dum sis­


tema de equações diferenciais lineares de ordens superiores de coefi­
cientes constantes.
Em mecânica c teoria de circuitos eléctricos estuda-se. por exemplo,
a solução do sistema dc equações diferenciais de segunda ordem

(Px
= atix + a x2y.
~ dF
( 10)
É L a2lx -f- a&y.
d t1

Procuremos de novo a solução sob a forma

x = aekt, t/ = pekt.

Substituindo estas expressões no sistema (10) e dividindo psr ek\


obtemos um sistema dc equações para determinar « . /? c k:

(a n - A2) a -f a I2p = Q, y
d l)
a2i& "f" (^22 — k') (i = 0. J
Os valores a e f3 não serão diferentes de zero senão no caso
cm que o determinante do sistema for igual a zero:

a íi — k" a 12
flji üit — k
= 0. ( 12)
Ê precisamente a equação característica para o sistema (10); é
uma equação de quarta ordem em relação a k. Sejam k u k 2, k> c k t
as suas raízes (supondo-as distintas).
Por cada raiz ki do sistema (11) encontramos os valores a e /3.
A solução geral análoga a (6) será da forma

x = C,a(V *1 + + C * < V » f + C 4a < V *‘ ,


y= -f C ^ e h'-1 4 - CJtPe*'* 4 -
Se certas raízes forem complexas, a cada par de raízes complexas
corresponderá, na solução geral, uma expressão do tipo (9).
Exemplo Encontrar a solução geral do sistema de equações diferenciais

d*z .
" jjr ^

d ii r í-
Resolução — Escrevamos a equação característica (12) e achemos as suas
raízes:

1- * 1= 0.
— 1 1 — ** j
k x— i, À o= — /, *3 = "^/3f k \ = — "V/S.

Voltemos a procurar a solução sob a forma


i<n _ a <1)í tf. y<Ut=p<l>e<í,
— a*2**!"1', —
x(3> a<3>* ^3* ^ y(3> = pl3>ff »

í H I n O ^ T * 31, = V .
Do sistema ( I I ) tiramos a 1'» e |Jo»:

a ‘» = l , Pa , = y .

« < * » - !, P(2>= y ,

a<*> — 1, p ( 3 > = _ lt
M

a<4>= 1, p<i> = — A -
Escrevamos as soluções complexas:
X(D _ e i t — cos / i t, j/d> r= i- (cíw t + i sen t),

x<2> = e c o s <— í **** /, y‘2>»=-i- (cos/— i sen /).


As partes reais c imaginárias tomadas separadamsnte serão também
soluções:
I
x<i>^~cos/, — coíí,

.r<2' — sen /, y( i) = sen /.


2
PoJemos, agora, escrever a solução geral:

x = Cj cosr-f-C2 scnr-f-C’3e V'*t + C i e-

y = C , -i COS t + - j C Í * n * ~ C 3 Y ^

Afora — Não consideramos neste parágrafo o caso das raízes múl­


tiplas da equação característica.

§ 31. Noção sobre a teoria da estabilidade de Liapounov


Como as soluções da maior parte das equações diferenciais e dos
sistemas dc equações elememares não se exprimem por meio dc funções
elementares ou por quadraturas. rccorrc-se igualmente a métodos de
integração aproximada. Dcu-se uma ideia destes métodos no § 3 (t. II.
cap. X 111); além disso, vários destes métodos serão examinados nos
§§ 32-34 e também no capítulo XV I.
O defeito destes métodos, é que eles apenas dão uma solução
particular; para obter outras soluções particulares é preciso refazer
todos os cálculos. Conhecendo uma solução particular não se pode
pronunciar sob o carácter das outras soluções.
Em muitos problemas de mecânica e de técnica, importa conhecer
não os valores concretos da solução correspondente a valores concretos
da variável, mas o comportamento da solução quando a variável varia,
em especial quando tende para infinito.
É. por exemplo, importante saber se as soluções que satisfazem
às condições iniciais dadas são periódicas ou se elas tendem assintòtica-
camente para uma função conhecida, etc. A teoria qualitativa das
equações diferenciais tem por objecto estas questões.
A questão da estabilidade duma solução ou dum movimento é
uma das questões fundamentais da teoria qualitativa; e.sla questão foi
estudada em detalhe pelo eminente matemático russo A. Liapounov
(1857-1918).
Seja o sistema de equações diferenciais

(D

Sejam x — x (/) c y — y (/) as soluções deste sistema que >atis


fazem às condições iniciais

(!')
Sejam ainda x = x (t)eij = y (t)as soluções deste sistema (1) que
satisfazem às condições iniciais

•r í=o — * 0» 1
(H>
o = i/o- J
Definição — As soluções x = x (/) e y = y (/) que satisfazem às
equações ( 1) e às condições iniciais (10 dizem-se estáveis no sentido de

Liaponnov quando t oc se. para todo e > 0 arbitràriamentc pequeno,


existe 5 > 0 tal que se tenha para todo f > 0 as desigualdades

| i ( 0 —*(01 < e (2)


l i (0 — y ( 0 l < «

desde que as condições iniciais satisfaçam às desigualdades

I — *o I < à
<3>
\yo — yo\ <ò! :}
Interpretemos esta definição. Resulta das desigualdades (2) c (3)
que as soluções variam pouco, qualquer que seja t positivo, quando
as condições iniciais variam pouco. Se o sistema de equações diferen­
ciais é o dum movimento, o caracter do movimento varia p°uco
quando as condições iniciais variam pouco se as soluções forem estáveis.

Vejamo-lo com o exemplo duma equaçSo de primeira ordem.


Seja a equaçSo diferencial

dy i i (»)
- 3 T " - * + l*
A sua soluçSo geral é
y--Ce-' + 1. (b)
Achemos a solução particular que satisfaça à condição inicial

J f i- O - 1- (c)
É evidente que esta solução y = 1 corresponde a C = 0 (fig. 274). Ache­
mos cm seguida a solução particular que satisfaça à condição inicial

Achemos o valor de C na equação (b):

donde

C-K 0— 1 .
Substituindo este valor de C na igualdade (b), obtém-se

y = <vo— i) 1.
ê evidente que a solução y = l é estável. Com efeito
y — v = Kvo— i)* ~ M i ] — l*= (y o — 1 ) e~l —> o
q ja n d o t — ► cd .

A desigualdade (3) é. pois, verificada qualquer que seja c desde que


se tenha
(i/o — l) = ô < e.

C onsiderem os, em seguida, o sistema de equações:

dx
— = cx - f gy,
dt
(4)
dy .
--- = a x - f by,
dt

s u p o n d o q u e os coeficientes a , b. c. g são constantes e g =£ 0.


V e ja m o s a q ue condições devem satisfazer os coeficientes para
que a solução x = 0. y = 0 d o sistema (4) seja estável.
D erivem os a prim eira eq u ação e elim ine m os y. Obtém -se u m a
eq u ação de segunda ordem :

dPx dx , _ dy dx . . , v
A equação característica escreve-sc
X2 — (b + c) X — {a* - bc) = 0. (0 )

Designemos as raízes da equação característica por À! e À2. Os


casos seguintes se podem apresentar:
1. As raízes da equação característica são reais, negativas e
distintas:
X, < 0, Xj <C 0, X , =^= h í..

Então.
í = » C , í w + C 2eM ,

</ = [ C , (X , - c) 4- <?2 ( h ~ c) e "'] j .

A solução que verifica as condições iniciais


* lí—o = *0’ y|f=o = yo
é
4- gyo — * 0X 2 j l . í . — "0 — y tf j L - i
*— " : r e »
à, — y» a , — Aj

1 CX0 4 - |V » I +
l/= — ( 7)
X i- X ,
xoX, - cx0 - M
X .- X 2
s
Resulta destas últimas fórmulas que. para todo S > 0. se pode
escolher .r0 c y0 suficientemente pequenos tais que se tenha para todos
os t > 0:
I J-(01 < e, |y (t) I < e, dado que
eW < t <e < 1.
Resulta daí que neste caso a solução x = 0. y = 0 é estável.
2. Sejam A1 = 0. A. < 0. Tem-se
x == C, 4 -C * Xst,
1
y = - [c\( X , — c) e '■ - f í ’ ,]

e, como anteriormente, a solução é estável.


3. Seja A, = Aj < 0. Tem-se
j? = (( , 4 - C

tf = 7 ^ ' t c . (X , - C) + f . ( l + X ,< - c /) |.
Dado que
e quando t —> 00,
ter-se-á para C, e C :. suficientemente pequenos (isto é, quando x0 e y0
sejam suficientemente pequenos) |x (íVI < e e | y (í) | < c qualquer
que seja 1 > 0. A solução é estável.
4. Seja Ai = -A = 0. Tem-se

x = Ci 4- C .t,

y ~ —[—c C i -f c z —cCit\.
8
Vê-se que por mais pequeno que seja Cs ^ 0. .r e y tendem para
o infinito quando t -* x>. isto 6. que a solução é instável.
5. Suponhamos que uma das raízes A, c À= é positiva, por
exemplo. A, > 0.
Resulta da fórmula (7) que por mais pequenos que sejam ,r e y. se
cxq + gy0 — Xffe 0,

isto é, que se Ci 0 , \x (f) |-*■ 00. quando t 00.


Por conseguinte, a solução é instável neste caso também.
6. As raízes da equação característica são complexas e a parte
real é negativa:

X, = a 4- /p, |
> ct < 0 .
Xz = a — ip, I
Neste caso
x = Ce*‘ sen (pt -f Ô),

y = - Ceat [(a - c) sen (01 -f 6) -f- p cos (pí -f- Ô)J. (8)

É evidente que para todo c > 0 se pode tomar xQ e yQ de modo


que se tenha | C | < e e — c ^^ < e e. portanto.
Kl

| X (0 I < e e I y (/ ) | < 8.

A solução é estável.
7. As raízes da equação característica são números imaginá­
rios puros:
X, == pt, X2 = — p t.
Neste caso
x = C sen (p* + ò),

y= C [P cos(P* -f- ó) — c sen (p* -f õ)],

isto é. que x (/) e >•(*) são funções periódicas de t. Verifica-se. como


anteriormente, que a solução é estável.
8. As raízes da equação característica são complexos e a part
real é positiva (« > 0).
Resulta das fórmulas (8) que por mais pequenos que sejam .r„ e y
(isto é. que para C -= 0 arbitrariamente pequenos) as quantidades
x (t) c y (r) podem tomar valores arbitrariamente grandes quanto t
cresce. dado que eat -* oc quando /-> oc. A solução é instável.
Para dar um critério geral de estabilidade da solução do sis­
tema (4). procederemos como se segue.
Escrevamos as raízes da equação característica sob a forma
complexa

* ,- x í+ < C .

(se as raízes forem reais. /.’ * = 0 e ).** = 0).


Representaremos as raízes da equação característica por pontos
no plano da variável complexa. Partindo dos oito casos examinados
acima, pode-sc formular a condição de estabilidade da solução do
sistema (4) como se segue.
Se alguma das duas raízes A, e A2 da equação característica (6)
não se encontrar à direita do eixo imaginário e se uma raiz pelo menos
for diferente de zero, a solução é estável; se houver uma raiz à direita
do eixo imaginário ou se as duas raízes forem nulas, a solução é
instável.
Consideremos agora o sistema de equações mais geral:

dx
— = cx -f gy + P (x, y),
dt

= ax 4- by + Q (x, y).
dt

Salvo casos excepcionais, a solução dum tal sistema não se exprime


por meio dc funções elementares c quadraturas.
Para estabelecer a estabilidade da solução deste sistema, compara-se
às soluções dum sistema linear. Suponhamos que quando x -» 0 c y 0
as funções P (x, y) c Q (x . y) tendem igualmente para zero mais
depressa do que p = Y x 3 -f- y2; noutros termos,

n m f i £ Lj o = o> lim g ^ j i = 0 .
p— 0 p p-*0 p

Demonstra-se, então, que além dum caso excepcional, a solução


do sistema (4') é estável ou instável ao mesmo tempo que o do sistema

dx
— = c x + gy,
at
(4)
dy ,
—— = ax -\
- by.
dt
Exccptua-se o caso em que as duas raizes da equação caracterís­
tica se encontram sobre o eixo imaginário; então, é mais difícil dc
decidir da estabilidade ou da instabilidade da solução do sistema (4').
A. Liapounov estudou a questão da estabilidade das soluções de
sistemas de equações sob hipóteses bastante gerais.

§ 32. Solução aproximada das equações diferenciais


de prim eira ordem pelo método de Euler

Consideraremos dois métodos de resolução numérica duma equa­


ção diferencial dc primeira ordem. Neste parágrafo abordaremos o
método de Euler.
Achemos a solução aproximada da equação

!= /< * , ^ (d

sobre o segmento [,rn. b). que verifica a condição inicial y = y0 para


x = Xa. Decomponhamos o segmento [ x /»J com a ajuda dos pontos
x„. x» x2, .... xn = b cm n partes iguais (aqui x0 < x, < x} < ... < xn ).
Introduzamos a notação x^ — x0 = x~ — xx = ... = b — £„-i = àx = h,
por conseguinte.
. b — x0

Seja y = <p(x) uma certa solução aproximada da equação (1) c


y0 = q>(a:0). y, = (p (xt)......... yn = <p(*„).
Introduzamos as notações
Ay0 = i/i — í/o. Ay, = y2 — y\......... = y* ~ V» «•
Em cada um dos pontos x0. x,....... xn da equação (1) substi-
tuámos a derivada pela relação das diferenças finitas:

ày
= /(x , y)> (2 )
Ax

i\y = í(x , y) Ax. (2 )

Para x = xp. teremos


Ay„
—^- = /(x 0, y0). Ay0= / (x0, */o) Ax
Ax
ou
j/i — yo= / (*oi y®)*-
Nesta igualdade x0. A são conhecidos, por conseguinte, encon­
tramos:
yi = y o - f/(x 0, i/o) *

Para x = Xi a equação (2') será da forma

A í/! = /( x „ yt) h
ou
y2 — y« = / (*i, yi) fc, y2 = yi + 1 (x„ «/O

r,, y,, h são aqui conhecidos, por conseguinte, determina-se >’2.


Do mesmo modo achamos:

y3 = y2 + / ( * 2. y2) h,

y*+i^y* -f /(•**. y*);*.

yn = y n - i 4 - / ( * n - H y » - l)

Encontramos assim os valores aproxi-


x° T’ Tj x macios da solução nos pontos x0. xx....... Xnm
Fig. 275 Reunindo sobre o plano das coordenadas os
pontos (Xj. y0), (*,. y,) ...........(x„, yn por
segmentos de recta obtemos uma linha ouebrada aue é a representação
aproximada da curva integral (fig. 275). Esta linha chama-se linha
quebrada de Euler.
Nota — Designemos por y = <ph (x) a solução aproximada da
equação (1) correspondente à linha quebrada de Euler para &x = h.
Pode-se demonstrar que se existir uma solução única y = p* (x) da
eq u ação (1) q u e saiisfaz às condições iniciais e d e term in ad a sobre o
segm ento [x 0. b ] en tão lim | <pfc ( j ) — <5p* (x) I = 0 p a ra lo d o o x do
h -* 0
intervalo [x0. b).

Exem plo — Achar o valor aproximado para x = 1 da solução da equação

y ' = y-f x
que verifica a condição inicial: y* = 1 para x. = 0.

Resolução — Dividamos o segmento [0, I] em 10 partes iguais com a


ajuda dos pontos x, = 0; 0.1; 0,2; 1.0. Por conseguinte, h — 0,1. Procuraremos
os valores ylt y2 com o auxílio das formulas (2')
Ay* = (y * -{-**)/»
ou

yh+i = yk+(yk + *k)h.


Obtemos assim: í/, = i--f-( l -i-0) •0,1 = 1 | 0,1 = 1,1,
y2“ l . l — (1,1— 0 ,1)«0,1-- 1,22.

No decurso da resolução formamos o quadro;

xh Vk~*k *vh~(vh-l*k)/i

*o - 0 1.000 1,000 0,100


* 1 = 0 ,1 1,100 1,200 0,120
* 2 - 0 .2 1,220 1,420 0,142
•r J - 0 .3 1.302 1,620 0.1G2
x.t 0.1 1.52'. 1,924 0.1924
— 0,5 1,7164 2,216', 0.2216
j-fl 0,6 1,9380 2,5380 0.2538
x-j - 0 .7 2.1018 2 .8‘M8 0,2892
•r8 - 0 . 8 2,4810 3,2810 0.3281
Xg - 0.5) 2.8091 3,7091 0,370!»
1.0 3,1800

Encontramos o valor aproximado y |X=| =3,1800. A solução exacta da


equação dada, que verifica as condições iniciais citadas anteriormente, será

U 'Ic*—x— 1 .
Por conseguinte,
y ! x « i = 2 (í — 1 ) ~ 3,4366.

O erro absoluto 6 igual a 0,2566, o erro relativo a


§ 33. Solução aproxim ada das equações diferenciais
pelo método dos diferenciais finitos baseados na aplicação
da fórmula de Taylor. Método de Adams
Voltemos de novo a procurar a solução da equação
y= *l(x .y ) (1)

sobre o segmento [x0, 61 que verifica a condição inicial: para x — x0.


y = >o. Introduzamos as notações que nos servirão para a exposição.
Os valores aproximados da solução nos pontos
T<>. * 2? * • •> *n
serão
i/o* yn ........... y ^
As primeiras diferenças ou as diferenças de primeira ordem serão:

Ayo = yi — j/o» ^ V i — y-i — yx....... \ y n- i = y n — y * ~ *

As segundas diferenças ou diferenças de segunda ordem são:


A2y0 = Ay, - At/o = y z -
A’ t/t = A|/2 — Ayx= y%— 2yz -f y„

A2J/n- 2 = Ai/„-, - At/„_2 = t / „ — 2t / , + </„ 2.


As diferenças das diferenças de segunda ordem chamam-se dife­
renças de terceira ordem. etc. Designemos por //,'„ y [ ........ y„ os valores
aproximados das derivadas e por y’0, y’v .... y"n os valores aproximados
das derivadas dc segunda ordem. etc. Duma maneira análoga se deter­
minam as primeiras diferenças das derivadas

Ayó = J/i —i/i* Ay\ = y'i — y\ ....... Ay'„ , = .Vn —y '„ - t ,


e as segundas diferenças das derivadas

A2y ‘0 = Aj/i — Ay i A 2y\= \y2 - Aí/',, . . .


. . . . A V m- í = Ay'„-, — A$/;,-2, etc.
Escrevamos, em seguida, a fórmula de Tayloj- para a solução da
equação na vizinhança do ponto x = xn (t. I. cap. IV. § 6. fórmula (6)):
x — x0 , , (x — x á1 ..
Nesta fórmula y0 é conhecido e achamos os valores das deri­
vadas y'0, y’, .... a partir da equação (1) da maneira seguinte. Substi­
tuindo no segundo membro da equação ( 1) os valores iniciais x0. y0
encontramos y '0 :
y'o = f{zo. yob

Derivando os termos da equação (1) cm relação a x, obteremos:

« df . df ,
y = - í - + - í- íí. (3)
dx dy

Substituindo no segundo membro os valores x0, yo, y'0, encon­


tramos:

yo
\dx dy //x=x0.
x=x0. v=y0. v,aaUo'

Derivando ainda uma vez a igualdade (3) cm relação a x e


substituindo os valores x„, yo, y'0, y l encontramos f/0" . Prosseguindo (*)
assim podemos determinar os valores das derivadas em qualquer ordem
para .r = .r„. Todos os termos do segundo membro da fórmula (2).
exceptuando o termo resto J lm são conhecidos. As.sim. desprezando
o termo resto, podemos obter os valores aproximados para qualquer
valor de jc; o seu grau de exactidão dependerá da grandeza .t — x0
e do número dc termos do desenvolvimento.
No método considerado mais abaixo não se determina com a
ajuda da fórmula (2) senão alguns primeiros valores de >• quando x — x0
é pequeno. Determinaremos os valores Vi c y* por x, = Jto + h e
x, =Xo -f 2h. tomando quatro termos do desenvolvimento (>\ > é conhe­
cido dos dados iniciais):

. h . , h1 „ , hs ... ...
yi = yo 4- — yo 4- -r-z yo 4* — yo, (4)
1 1 o!

, 2h , , (2h f „ , (2A)3 ....


yz = yo 4- j y o + yo 4- yo • (* )

Supomos, assim, conhecidos três valores (**) da função yn. yu y2.


Na base destes valores, determinemos, utilizando a equação (1):

y 'o = f(x o ’ yo), y\= H * i, í/i). yá = / ( * 2. y*)-

í •) Suporemos, no que se segue, que a função /(* , y) é derivável e m


z e y tantas vezes quantas o exijam os raciocínios.
(*•) Para uma solução dum grau dc exactidão mais elevado deveríamos
calcular mais que os três primeiros valores dc y.
Conhecendo y', y\, y2 podemos determinar Ay', A.yj, A%y'9. Agru­
pemos os resultados dos cálculos no quadro seguinte:

X V V A | /' A *u-

*0 yo V»

Vi vi

a » ;

x2 x0 * f 2 h V2 l/i

... ... ... ... ...


* k -t = * o -T (* — 2) h < Jh -Z y 'k -2

»«
-n

l/k - 1
. Cl
^ - 1 — * !)+ ( * — D * Vk- 1
1

Uh

Suponhamos, agora, que conhecemos os valores da solução

yof y i.........y*•

Baseando-nos nestes valores, pod«mos calcular utilizando a equa­


ção ( 1 ). os valores das derivadas

í/o* !/i« í/2» • • •. y*,


e. por conseguinte.
&yó, &yl......... Ayk-X
e
A2yí, òry‘u A2yk. z.

Determinemos o valor de y^ +i . segundo a fórmula dc Taylor,


fazendo a = xK, x = xk+i = xk -r h :

Limitemo-nos. neste caso. a quatro termos do desenvolvimento:

(5)

Nesta fórmula as incógnitas são y\ e y * ', que procuramos


determinar com a ajuda das diferenças conhecidas de primeira e
secunda ordens.
Exprimamos. em primeiro lugar, y *., com o auxilio da fórmula de
Taylor. fazendo a = :r*, x — a = — h :

(6)

e y’h. j. fazendo a = xk, x — a ~ — 2 h :

(7)
Da igualdade (6) tiramos

(8 )

Subtraindo os termos da igualdade (6) pelos da igualdade (7).


obtemos:

(9)
De (8) e (9) tiramos

— Ay'*_2= A2y'k-2 = h*y'í'


ou
Substituindo o valor de y'n" na igualdade (8). obtemos:

(ll)

Achamos, assim. y k’ e .yi". Substituindo as expressões (10) e (11)


no desenvolvimento (5). obtemos:

( 12 )

É a chamada fórmula de A da ms para quatro termos. A fór­


mula (12) permite, conhecendo yh, «/*_,, determinar yh H . Assim,
conhecendo >•„. y, c y, podemos encontrar y, e. em seguida. y4. t/s. ...

N ota— 1 . Indiquemos, sem o demonstrar, que se existir uma


solução única da equação ( 1) sobre o segmento [x,. b) que verifica as
condições iniciais, então, o erro dos valores aproximados determinados
pela fórmula ( 12) não excede cm valor absoluto M hx em que M é
uma constante que não depende do comprimento do intervalo c da
forma da função f (x, y) c independente da grandeza h.

Nota — 2. Se quisermos reduzir a margem do erro. convém tomar


um maior número de termos no desenvolvimento (5) e modificar, por
conseguinte, a fórmula (12). Assim, sc em vez da fórmula (5) tomar­
mos uma fórmula cujo segundo membro contenha cinco termos, isto é.
se acrescentarmos um termo de ordem h\ obteremos, duma maneira
análoga, em vez da fórmula ( 12) a fórmula

Aqui í/A+t é determinado a partir dos valores y*, y h- h V u - i e y,( i.


Assim, antes de abordar os cálculos segundo esta fórmula, é preciso
conhecer os quatro primeiros valores da solução: y... y„ ys. y>
No decorrer do cálculo destes valores com a ajuda das fórmulas
do tipo (4 ) convém tomar cinco termos no desenvolvimento.

Exemplo— I. Achar os valores aproximados da solução da equação

y’ ~ y x
que verifica a condição = 1 para x. = 0.
Determinar os valores da solução para x = 0.1; 0,2; 0,3; 0.4.

Resolução — Em primeiro lugar determinemos yx, y3 com a ajuda das


fórmulas (4) c (4'). Obtemos da equação e das condições iniciais

*).v-o .-/o 0 — i { o = i .
Derivando esta equação, obtemos
ir - ir + i.
Por conseguinte.
y0 = (y + i) x - o ==1 + 1
Derivemos ainda uma vez . . . .
y -y .
Por conseguinte, » 9
5/o = y o = *-

Substituindo na igualdade (4) os valores yo, yó* yõ « A = 0,1, obtemos:

Duma maneira análoga encontraremos para h = 0.2:

« - ,4 ^ .1 + ^ ..+ ^ ..- .^ » .
Conhecendo y*, jrt, >1 obteremos a partir da equação:
y i= y o + * o = i;
y\» {/,.}.X, = 1,1103 + 0,1 = i ,2103 ;
,/t = „2 + X2- 1 ,2427+0.2 = 1,4427 ;
A y ; = 0,2103;
AyJ = 0 ,2 3 2 4 ;
A*yi = 0,0221.
Com os valores obtidos, teremos o quadro seguinte:

X V 1/' ay' A*y'

x0 — 0 y0= 1,0000 yõ^i

Ayi = ü,2103

*1—0,1 y, = 1,1103 yj = 1,2103 A*yi=0,0221

Ay; = 0,2324

xj — 0.2 y2= 1,2427 yi«=1/.427 A ty ; =0,0241

A s /i = 0,25f>8

1,3995 yi 1.6995
0
CO

yj — —
II

* t= ü ,4 1/4=1,5833
Tiramos y» da fórmula (12):

y3 = 1,2427 + M . i,4/,27 .0,2324 -f — • 0,0221 = 1,3995.

Em seguida, encontramos os valores y j, Ay^, A2yJ. Depois, com o auxílio


da mesma fórmula (12) encontramos y«:

y; = 1,3995 + ^ - • 1,6995+ -^-*0,2568+ -^-.0,1-0,0244 =1.5833.

A expressão da soluçSo desta equaçSo é:


y — 2** — j — 1.

Por conseguinte, yx—o.t = 2^°«4— 0,4— 1 = 1,58364.0 erro absoluto é 0,0003;


0 0003
o erro relativo: • ' ^ 0,0002 — 0,02 % . (O erro absoluto do valor y, cal-
1,58364
culado p;lo método de Euler é dc 0,06: o erro relativo: 0,038 ~ 3,8 %).

Exemplo — 2. Achar os valores aproximados da solução da equação

y ' = y* + *2,

que verifica a condição inicial:. y. = 0 para x, = 0.


Díterminemos os valores da solução para .t = 0,1; 0,2; 0,3; 0,4.

Resolução — Achamos;

yó= 01 -f-0a= 0,
y ^ ü = ( 2^ ' + 2 í ) x = o “s0-

y ^=0 = (2y'í-r 2yy'4-2)x_ 0 = 2-

Das fórmulas (4) e (4'), obtemos:

yl=, i | i ^ . . 2 = 0,0003, y2 = i ^ > I . 2 = 0,0027.

Da equação tiramos!
y - = 0 , yj = 0,0100, yj = 0,0400.

Com o auxílio destes valores compomos as primeiras linhas do quadro,


depois, determinamos-os valores dc y, c y* segundo a fórmula (12).
Assim,

y3 = 0.0027 + • 0,0400 -f ^ - -0,0300 - f • 0,1 -0,0200=0,009< •,

S/i, = 0,0090 -f • 0,0901 -f • 0,0501 + - ^..0 ,1 .0 ,0 2 0 1 = 0 ,0 2 1 4 .

Notemos que para y. os quatro primeiros números exactos depois da


vírgula são: y, = 0.0213 (pode-se obtê-los por outros métodos mais precisos
que permitem avaliar o erro).
X V v‘ A y ’ A Jy'

*0 = 0 1/0= 0 yõ=o

A s /;= 0.0100

• » 0 ,1 y, = 0 .0 0 0 3 r/; = 0,0100 A * y ;= O .0 2 ü 0

Aí/í - o.oauo

* 2 - 0.2 ^ = 0 ,0 0 2 7 y i - 0 ,0 4 0 0 A *ví — 0. 02U 1

A f/j = 0 .0 .V )i

* 3 - 0 ,3 Uy = 0 . IK )Í >0 í/ s ~ 0. 0fl01

* ; = 0 .4 — 0 .0 2 1 4

§ 34. Método aproximado de integração dos sistemas


de equações diferenciais de primeira ordem

Os mctodos dc integração aproximados das equações diferenciais


considerados nos §§ 32 e 33 podem ser aplicados, igualmente, para
a resolução dos sistemas dc equações diferenciais dc primeira ordem.
Consideremos, agora, o método das diferenças para a resolução de
sistemas de equações. Conduziremos os raciocínios para um sistema
dc duas equações que comporia duas funções desconhecidas. Pedc-sc
para procurar as soluções do sistema de equações

^ = /i(* . y, s), (0

^j- = íz(x t y, z), ( 2)


dx
que verifica as condições iniciais: para x = x„ > = y«. z - z*.
Determinaremos os valores das funções y e z para os valores da
variável independente x0, x2, . . xk. **+ ,,. . . xn.
Seja dc novo
— xh = Ax = h (k = 0 , I. 2......... n — 1). (3)
Os valores aproximados da função serão notados por

yo» yii - • m yii+it • • •* y»


c. respectivamente.
Zq, 2j , . . 2/f1 2* | j, . . Zn .

Escrevamos as fórmulas de recorrência do tipo (12) do § 33:

yk +i = yh - r - j - í/a + y h ^ J k - 2» t 7*)

*A+1 = «A+ |-«A4“ 9" Az/,_f 4- ^ llY Z tf- 2 - (5)


Para abordar os cálculos segundo estas fórmulas torna-se neces­
sário conhecer, além dos y0 c z0 dados. yx, >y. Zu Zi\ encontraremos
estes valores pelas fórmulas do tipo (4) e (4') do § 32:
h h- . h ' ...
fh = ye + - y o + ~ y o 4 - — j/o .

2h . , w f „ , (2/*)3 ...
Jfa — //o 4 - — y<\H— “ í/o H— J/Q -

,
zt — -0 -t- “k■ *0 T ~
S A i~_ —
~0
h\-I*- ,

2// (2*)s . (2/1)’ ....


*2 — ‘ 0 T “ “O 1 ~ - I) i ~ *0 •

Para aplicar estas fórmulas é preciso conhecer y '. y'„ 2,’,. z',
2 ” ' que vamos agora determinar. Tiremos, agora, das equações (1) e (2)
//o — í\ //«. 2o).
2o =r ! l í-*o* */<)• 2(|).
Derivando as equações (1) e (2) e substituindo os valores x0. yv. Zo.
y0 e zu . encontramos:
( 'Vi , Wi ... , o js \
Derivando, ainda uma vez. obtemos y‘9" e z'0“ . Conhecendo yu
ya. Zu z2. tiramos das equações (1) e (2)

!/u y2, 2j, H* Ay0, Ay[, A~y'0, A20, Az,\ A2z^,


o que nos permite compor as primeiras cinco linhas do quadro

X V w A i/’ A V i A t' A * i'

*0 yo yi ”0 20

Ayá A ri

•‘ I y\ yi A 2í/ó A*-S

±y‘i A*|

Jz Vz yi Aaj/| Z2 :2 A 2- i

b y ‘t A-í

*3 y3 yi -3 “3

Das fórmulas (4) c (5) obtemos e e das equações (1) e (2)


y'3 e zr Calculando Ay ', Aiy[, Az't, A*zj encontramos, utilizando dc
novo as fórmulas (4) e (5). >•« e y3 e assim sucessivamente.
Exemplo — Encontrar os valores aproximados das soluções do sistema
y'-=*, 2' = y
para ac condições iniciais: y- = 0. z» = I para x = 0.
Calculai os valores das soluções para x = 0: 0.1: 0.2; 0,3; 0,4.
Resolução Tiramos destas equações:

f/a~ zx~ 0 — 1»
2ó = í/*=o- 0.
Derivando estas equações teremos:

i/ n = (y*)x~ 0 ~ (O x - O 0,

-ó —(z")*=0 = (y/)*-=0=lf
yZ = {ym) x - o = { * ’ ) x ~ o = U
2;-(:-)x=o-(y')x=o=0.
Aplicando as fórmulas do tipo (4) e (5), obtemos:

„ _0 + • 1+ • 0 + • 1 - 0 . ilXÜ,

. - 0,20. 8,

s, ^ 1 + -^- • 0+ ■o - .,0050,

Dos dados obtidos, tiramos:

y{ = 1,0050, y 'i= 1,020^».


z\= 0,1002, si = 0.2013,
Ay; = 0,0050, A c ;~ 0,1002,

Ayí =0,0150. A rjas 0,1011,


A ^ i = 0,0100, A*.-; = 0,0009

e compomos as cinco primeiras linhas do quadro:

X V V ’ Ay' A*í'

*0 = 0 U o — 0 y ;- i

Ay , = 0 ,0 0 5 0

* i- 0 . 1 y, = 0.l0Ü2 yj = Í.OOÕO A-y; = 0.0100

Ayj ^ 0 ,0 1 5 0

x2--(i.2 1/2 = 0.2013 y j = 1,0200 A-yj =*0.0102

Ayj = 0.0252

*3 “ 0,3 y3 = 0 ,3 0íõ V i = 1,0452

* i = 0.4 I/; = 0,4107


X z x' Aí'

*o = 0 *o-l * ;- o

A * i - 0.1002

x, = 0 ,1 z, = 1,0050 * ; = 0,1002 A**; = 0,0009

A*i = 0,1011

*2 = 0.2 i 2 = 1.0200 * i~ 0 .2 0 l3 A *i; =0,0021

Ar; = 0,1032

*3 = 0,3 *3 = 1.0452 * i = 0 ,3 0 4 5

*4 = 0,4 *4-1,0809

Com a ajuda das fórmulas (4) c (5) encontramos:

v3 0,2013+ • 1,0200 + — • 0,0150 + • 0,1 -0,0100 = 0.3OÍS,

.-3 = 1,0200+ - ~ - • 0,2013 + • 0,1011 + A • 0,1 -0,0009 = 1,0452

c de maneira análoga:

= 0.3045+ - ^ p • 1,0452 + ~ • 0,0252 + ~ • 0,1 -0,0102 = 0,4107,

X; .= 1,0452 + - {- . 0,3045 + • 0,1032 + • 0.1 -0,0021 - 1.0809.

ê evidente que as soluções exactas do sistema dado de equações que


verificam ás condições iniciais serio:

* - 1 («*-«-*). x . !(,* + * - * ).
Eis porque os quatro primeiros algarismos exactos, após a vírgula, s<r5o:

= 0,4107,

* 4 - y <'®'4+ «_0'4) = 1,0811.


N o ta— Como as equações de ordem superior e os sistemas dc
equações de ordens superiores sc reduzem em numerosos casos a um
sistema de equações de primeira ordem, o método exposto é igualmente
aplicável à resolução destes problemas.

Exercício s

Mostrar que as funções abaixo dependentes de constantes arbitrárias


satisfazem às equações diferenciais em frente.

Funções Equações diferenciais

1. sen x — l- f C e _9enx ' -f-y cos x = sen 2x.

2. , = C, + C - C . , = °.

3. Cx + C*. »= a

4. »> = Cí « — =

5. » = C , i + ^ + C,.

7. , = C 1^ * rc*“ * + C ^ - « * rc*“ * . ( 1 - i« ) - í f -

Integrar as equações de variáveis separáveis.

9-’ y dx — x dy = 0. Resp. y = Cx.


10. (l + u) y d « + (l — w) u dvs=0. Resp. Log. uv-j-u— v— C.
11- (1 + y M * — (1— * ) d y — 0. Resp. (l-f-y) (1 — x ) = C .
12. (t2 — xf2) - ^ - f x 2- f/z 2 = 0. Resp. i . T , ° g ~ = C .

±
13. (y — a) dx-f-x2 dy = 0. Resp. (y — a ) = .C e x .

1 -i. xdt — (/« — o * )d i = 0 . Resp. :í« = C 4-7^-•


I -f-a
dx 1-f-x2 __ y - fÇ
j—— -j—;-5“ . RCSp. X— — 7T" •
l'í. —
1+ y2 1— Cy
16. (1 + í 2) dl — \ l d s -■0. Resp. 2 l / í - a r c tg * — C.
17. dp f p t g 0 d O = O . Resp. p--CcosO.
18. sen 0 cos <p d0 — cos 0 sen <p rfqp= 0. Resp. cos <ç= C cos 0.
19. sec2 0 tg<p d0-f sec2 (p tg 0 dtp= 0 . Resp. t g 0 t g < p = C .
20. sec2 0 tg<p d<p + sec2 <jp tg 0 dõ = 0. Resp. sen- - 0-fscn1 < p=C .
21. (1-f X2) d y — V i — y2 d x = 0 . Resp. arc sen y— a r c t g x = C *
22. 1 1 — x2 dy — V 1 — y2 dx = 0. Resp. y V 7* — xJ — x V 1 — y* — C.
23. 3cx tg y dx-}-(l— «*) sec2 y d y — 0. Rcsp. tg y C ( l — ex)3.
24. (x — y2x)dx-}-(y — x2y)<íy=*0. Rcsp. x*-f y2 - x2y2 + C.

Estabelecimento de equações diferenciais

25. Mostrar que a curva cujo declive da tangente em cada ponto é proporcional
à abcissa do ponto de contacto é uma parábola. Rcsp. y axa -}-C.
26. Determinar uma curva que passa pelo ponto (0, — 2) tal que o declive
da tangente em caJa ponto seja igual ã ordenada correspondente aumentada
dc 3 unidades. Rcsp. y = «x— 3 .
27. Determinar uma curva que passe pelo ponto (I, 1) tal que o declive da
tangente em cada ponto seja proporcional ao quadrade da ordenada desse
ponto. Resp. * _ i ) y _ j, + 1 =, o.
28. Determinar uma curva cujo declive da tangente em cada ponto seja n
vezes maior que o da rccta que reúne este ponto à origem das coordenadas.
Resp. y.-=.Cxn .
29. Fazer passar pelo ponto (2, 1) uma curva cuja tangente em cada ponto

coincida com o raio vector traçado da origem a esse ponto. Resp. ^ = - 1 .

30. Encontrar cm coordenadas polares a equação duma curva tal que em cada
ponto a tangente do ângulo formado p.'lo raio vector e a tangente à curva
seja igual ao inverso mudado do sinal do raio vector. Rcsp. r ( 0 + C ) = l .
31. Encontrar em coordenadas polares a equação duma curva tal que em cada
ponto a tangente do ângulo formado p;lo raio vector c a tangente à curva
seja igual ao quadrado do raio vector. Resp. r* =* (0-J-C) 2.
32. Mostrar que a curva que goza da propriedade de todas as suas normais
passarem por um ponto fixo é um círculo.
33. Achar uma curva tal que cm cada ponto a subtangente seja igual ao dobro
da abeissa. Resp. y ^ C ~\/x.
34. Determinar uma curva cujo raio vcctor seja igual à porção dc tangente
compreendida entre o ponto de tangcncia e a sua intersecção com o e:xo Ox.

R esolução — D= acordo com as condições do problema -^7 V l + y'2 —


— y'if donde — = ;£ — . Intcgrando-o, obtém-se duas famiias de

C
curvas: y — Cx e y = — .

Segundo a lei de Ncwton, a velocidade de arrefecimento dum corpo qual­


quer no ar i proporcional à diferença de temperaturas entre o carpo e
o m;io. Sendo a temperatura do ar 20° C, o corpo arrefece de 100° » 6C° C
no espaço de 20 minutos. Quanto tempo demorará a temperatura a baixar
a 30“ C?
oT
Resolução — A equaçio diferencial do problema é -j j ~= * {T— 20». Inte­

grando, vem 7"— 20 ~ C r ‘‘t ;/■ = 100 quando / = 0 ; 7 ’ = 60 quando 20;


logo C = 80, donde 40 = 0 * ° * , eKm> por conseguinte, T — 20 +
t
+ 80 ( ' t ) 20, Fazendo T ~ 30, vem / = 60 minutos.

36. Considerc-s; um funil cônico de ângulo 60° no cimo e de altura 10 cm.


Ao fim de que tempo T o funil ficará vazio, sabendo que a água passa
por uma abertura de 0,5 cm- no fundo?
Resolução — Calculemos de duas maneiras diferentes o volume de água que
corre entre os instantes / e t + Ar. À velocidade constante v. escapa em
um segundo uma coluna de água de sscçfio 0,5 cm* de altura h. Escapa-se,
pois, no tempo At uma quantidade de água de dv

_ dv = — 0,5v dt = — 0,3 V 2 f h dt •).


Por outra via, diminuindo a altura com o escoamento, o seu acréscimo dh
é negativo e tem-se:
— dv = n r 1 dh = 4J- (A-f-0,7)2 dh.
ô
D r modo que
~ (h + 0,7)* dh = - 0 ,3 1/2 J h dt,
O
donde
t =r 0,0315 (10v * - h*'*) + 0,0732 (10*/a - ha'*) -f 0,078 í V ÍÕ - V Ã ) .
Fazendo h = 0. obtém-se o tempo de escoamento T — 12,5 segundos.
37. A travagem dum disco que gira num líquido é proporcional à velocidade
angular dc rotaçáo «- Achar a dependência entre a velocidade angular e
o tempo, sabendo que a velocidade angular do disco baixa de 100 r/m
para 60 r/m no espaço de um minuto. Resp. <o= 100 (a/j)# tr/m n .
38. Suponha-se que a pressão de ar vertical numa dada secçJo depende da
pressão das massas dc ar superiores. Encontrar a dependência entre a
presvlo e a altitude, sabendo que a pressão é dc I kg/cmz ao nível do
mar e de 0,92 kg/cm* a 500 metros de altitude
Indicação — Servir-se da lei de Mariotte em virtude da qual a densidade
dum gás é proporcional à sua p.essSo. A equaçSo diferencial do problema
é d p = — kp dh, donde p *-o,oooi7\ Resp. p = ^-o.Oooirh.
Integrar as equações homogêneas seguintes:
39. (y — x) d z- H y + x) dy = 0. Resp. y*-f-2xy — x2« C.
40. (x-f y) dx - fx dy = 0 . Resp. x*-\-2xy~C.
41. ( x + y ) d x - ( y — x )dy = 0. Rcsp. Log (x2-t-y2)‘ : — arc tg - j - C .

42. x dy — y dx — \/x2-j-y2 dx. Resp. 14-2Cy—-C2x* — 0.)


43. (8y 4- lOx) dx - (5y + 7x) dy = 0. Resp. (x + y )* (2 x + y )*i= C .

(*) A velocidade de escoamento v da água por uma abertura que


se encontra à distância h da superfície livre, t dada pela tórmula v = 0,6 \'2gh,
rm que g 6 a aceleração no campo da gravidade.
I/ — c
44. (2 Y s t — s) dt + t ds = 0. Resp. le v 1 — C ou s — t Log-— . R<sp

"7" C
43. (t — >) d/-i-Ms - 0 . Resp. te f = C ou i «=» t Log — .
Resp.
46. xy2 dy = y») dx. Resp. y « x t f 3 Log Cx.

47. x cos -j (y dx ->-x dy) -


— y sen — (x d y — y dx). Resp. xy cos - j C.

Integrar as equações diferenciais seguintes, reduzindo-as a equações homo­


gêneas:
48. (3y — 7x + 7) d x — (3x — 7y — 3) dy = 0. Resp. ( x + y - l ) * (X- y - t ) * = C.
49. (x-\-2y — 1) dx — (2x-f4y-f- 3) dy — 0. Resp. Log (4x-f 8y-|- 5) -f 8y — 4x = C.

50. ( j + 2y -v 1) dx — (2r — 3) dy *- 0. Resp. Log (2x— 3) —

51. Determinar a curva cuja subnormal é a média aritmética entre a abeissa


e a ordenada do ponto da curva considerada. Resp. (x — y)2 (x-f 2y) = C.
52. Determinar a curva cuja relaçSo do segmento cortado pela tangente sobre
o eixo Oy pelo raio vector é uma constante.
dy
y — x -- -
Rosoluçõo — Por hipótese, tem-se — — = m l donde ( | —(— ) =
2y V W v* VC' ' x)
x
53. Determinar a curva cuja relação do segmento cortado pela normal sobre
o eixo Ox pelo raio vector é uma constante.

i ^
Resolução — Por hipótese
1- — üx"- = m , donde x- -f-y2=m* (x—C)2.
V**+V*
54. Determinar a curva cujo segmento cortado pela tangente sobre o eixo Oy
é igual a sec 0 em que 0 é o ângulo entre o raio vector e o eixo Ox.

Resolução — Como sc tem tg 0 = -j e. por hipótese,

dy
y — x —r— = a sec 0,
ax
obtém-se

V -z% - = a V f E Z
dx x
donde

55. Determinar a curva sujo segmento cortado pela normal sobre o eixo Oy
6 igual à distância do ponto considerado )ài origem das coordenadas.
Resolução — O segmento cortado pela normal no eixo Oy é igual a à j
logo, por hipótese, tem-se

donde
x * - C ( 2 y + C).
56. Achar a forma de um espelho tal que os raios provenientes dum ponto O
sejam reflectidos paralelamente a uma dada direcção.
Resolução — Identifiquemos esta direcção com o eixo Ox c seja O a origem.
Sejam O M o raio incidente, M P o raio reíleciido, M Q a normal à curva
procurada:
a = P; 0 M = 0 Q , SM^-y,
N Q = N 0 + 0 Q = — x + V x * - r y * ~ y cotg P =

donde
y dy = ( — x - f V * 2-f y2) dx ;
por integração, encontra-se
y i = C*+ 2Cx.

Integrar as seguintes equações diferenciais lineares:


57 . « ( i X i ) S . Rcsp. 2 y = (x4-Í)* + C ( x + l) * .

58 . y ' _ a - | . „ £ l _ L .R c s p . y * C x « + T^ - ~ .

59 . (x — x>) y ' 4-(2x*— 1) y — ax3 =«0. Resp. y «=ax-~Cx V l — x*.

GO. cos t j-í sen t = 1. Resp. * —sen t-í-C cos t.


dt

61. 4 -* cos t =»-^-scn 2t. Resp. i = sén t — 1-f Ce

62. y ' -- y = exxn. Rcsp. y = xn (ex -}-C).

63. y ' -4- y= • Rcsp- xny = ax - fC .

64. y'-}-y =*-^r-. Resp. exy = x-+C.


1
65. y ' y - l= 0 .R e s p . y = x * (l+ C p ) .
Integrar as equações de Bernoulli:
66. y'-i•xy = x3y3. Resp. y2 (x 2 -f-l-J-Cex2) = 1.
67. (1 — x*) y ' — xy — axy* = 0. Resp. (C Y 1 — x* — a) y = 1.
68. 3y2y' — ay3 — X— 1 = 0 . Resp. a*y* = C íox— « ( x - M l — 1.
5 V* , 5 W*
69. « ' (x2 y®+xy) = l. Resp. x {(2 — y*)« + C ]-*
70. (y Log* —2) y dxmmx dy. Resp. y (Cz + Log x-L 1 ) = 1.

71- í/“ V' cos x = y* cos x (1 — sen z). Resp. y = --** .


sen i- f- c

Integrar as seguintes equações de diferenciais totais:

72. (x* -fy) dx-f (x— 2y) dy = 0. Resp. -f yx — ya = C.

73. (y — 3x») d x — (4y — x) dy-=0. Resp. 2ya — xy-f x3 = C.


74. (y3 — x) y' *■y. Resp. y4 — 4xy-+-C.

73’ [ ( ^ T .- T ] ^ + [ T - ( ^ 5 r ] d*-0-
Resp. Log —--- = C.
x x—y
76. 2 (3xy® -f 2x3) dx -f 3 (2x*y -j-ya) dy = 0. Resp. x* -j-3xaya -f-y 3 *r C.

^ i 4 ^ 1£ ++ £v lHí ív„.O
o .. Re*.
Re u g(x+ „ _ _ í _ = c.
(*+y)2
1 . 3y* \ 2 ydy

^ ^ = « - - ~T=V= C '

80. x dx-\- y dy =- 'J ^ -J . Resp. x*-f-ya — 2 arc tg ~ - = C.


X

81. Encontrar as curvas que gozam da propriedade segundo a qual o produto


do quadrado da distância dum ponto qualquer tomado sobre a curva
considerada na origem pelo segmento cortado pela normal sobre o eixo
das abeissas é igual ao cubo da abeissa do ponto. Resp. ya (2xa + yí) = c .
8 Encontrar os envoltórios das famílias de curvas seguintes: a) y = C x - fC a.

Rcsj). x í- f 4 y = 0 . b) y = -£-_j_çi. Resp. 27xa = 4y3. c) -^-=2.

Re*P-27y ej x3. d) C'3x4-Cy — l = 0.Res^.y24-4r = 0. e) (x— C)3-f (u— C )2 = C a.


Resp. x = 0 ; ys=0. í) (x — <7)a -f y3'= 4C. Resp. y* — 4x + 4. tr) (x — C)a 4-
-f (y— C)* = 4. Resp. (x— y )3 = 8 . h) Cxa -j-C*y = l . Resp. x« + 4y = 0.
83. Uma recta desloca-se de tal maneira que a soma dos segmentos que ela
corta sobre os eixos de coordenadas é igual a uma constante a. Procurar
o envoltório desta família de rectas. Resp. x 1/2 -f- y! / , =i a1'- (parábola).
84. Achar o envoltório duma famüia de rectas tais que os eixos de coordenadas
cortem sobre estas rectas, segmentos de comprimento constante a.
Resp. Xi j * -f y*/* at fl*' *.
8ó. Achar o envoltório duma família de círculos, cujos diâmetros sejam duplos
das ordenadas da parábola y* = 2px. Resp. ya = 2/> ( x + ^ )

86. Achar o envoltório dum?, família dc círculos centrados sobre a paríbola


y* = 2px c que passe p*k> vértice da parábola. Resp.
«cissolde». £ 3 -j-y3 (x-f-2 />) = U.
87. Achar o envoltório duma família dc círculos cujos diâmetros sâo as curvas
X*
da elipse ò 2x *- fa 2y 2 — a 262 perpendiculares ao eixo Ox. Rcsp. —-— — +
a1— o3
+ -Sr='-
88. Achar a evoluta da elipse x262 -La2y2 = a 262 como envoltório das suas
normais. Rcsp. {ax)2'3 -f(fcy)1 * = (a 2 — ô 2)1-'3.
Integrar as seguintes equações (Equações de Lagrange):

*»■ V = 2 x » '+ » - « . R « p . I =

1*0. y = x y '2-f y '2. Resp. y = ( V x-f-1 - r ^ ) 2- Integral singular : y = 0.


91. y -^-x(l -f l/') + (!/')2. Resp. z = CV*p — 2 p - 2 : y — C (p-f 1) c"P — p*4-2.
92. y = yy ' 2 -+2xy'. Resp. 4 C x = 4 C * — y2.
93. Determinar as curvas à normal constante. Resp. (x — C) 2 -f-y* = a2. Integral
singular: y — ± a .
94. y = x y '4 - y ' — y '2. Rcsp. y = Cx-f-C— C2. Integral singular: : 4y =
— (*-f <)*•
95. y = x y ' + V l — y'*.Resp.y= C x + V 1 — C *. Integral singular : y*— x * = l*
96. y = x y '* h y '. Rcsp. y = 6’x - fC .

97. y = x y ' - 4 ~ . Rcsp. y = 6’x-f--4-. Integral singular : y2 = 4x.


y o
1 1 i 27 5
98. y - x y ' — y | - . Resp. y = Cx — Integral singular : ! / * = --- 4" * *

99. A írca do triângulo formado pela tangente a uma curva c os eixos de


coordenadas é constante. Achar essa curva. Resp. As hipérboles cquilátcras
-íxy — dc a2, t* 01 como as rectas da família y — Cx± a~ \ /C.
100. Achar uma curva tal que o segmento da sua tangente compreendida entre
os eixos de coordenadas tenha um comprimento constante a. Rcsp. y = C’x ±
ir . Solução singular : x, ',’s-f-y2/3 = a2/’3.
101. Achar uma curva tal que a soma dos segmentos cortados pelas suas tan­
gentes sobre os eixos coordenados seja igual à contante 2a. Resp. y — Cx —
— . Solução singular: (y— x — 2a)a = 8ax.
1 —c
102. Achar as curvas tais que o produto das distâncias de dois pohtos dados à
tangente seja constante. Rcsp. Elipses e hipérboles (trajectórias ortogonais
e isogonais).
103. Achar as trajectórias ortogonais da família de curvas y = a x Resp. x2 +
+ ny- = C.
104. Achar as trajectórias ortogonais da família de parábolas y* = 2p (x — a)
x
(a é o parâmetro da família). Resp. y — Ce p.
105. Achar as trajectórias ortogonais da famílias das curvas x* — yJ = a (sendo
a o parâmetro). Rcsp. y — ~ -
106. Achar as trajectórias ortogonais da família de círculos x2 + y* = 2ax. Resp.
Os círculos:
y - C (x *- fy *)
107. Achar as trajectórias ortogonais dc parábolas iguais às tangentes nos seus
vértices a uma recta dada. Resp. Sc o parâmetro das parábolas for 2p e
2 /r ~2~
sc Oy for a recta dada, a equação das trajectórias será — 1/ — x,/2.
3 f
• *
108. Achar as trajectórias ortogonais das cissoides y3 = —---------. Resp. (X* + y2)2 =
2a — x
= (x- — y*)a2.
109. Achar as trajectórias ortogonais das lemniscatas (x: + y2)2 — (x2 — y2)a2.
Resp. y*)J = Çxy.
110. Achar as trajectórias isogonais da família de curvas x2 = 2a (y — x T/3)
cm que a é um parâmetro variável, sabendo que o ângulo entre as curvas
c 3 S suas trajectórias 6 u = 6C°.
2 v
Resolução — Acha-se a equação diferencial da família de curvas y' = - ~

— 1 /3 e substitue-se y* pela expressão o = -- ^ •.

S: « = 60°, tem-se o = — --- ^ — e obtém-s: a equaçã-» diferencial


t+ V 3 y '
*'- 1 / 3 ,2y
^ - - 1 /3 .
1 4-if' V3
O integral geral y2 = <7 (x— y "\/3) dá a família das trajectórias procuradas.
M l. Achar as trajcctórias isogonais 1I3 família de parábolas y2 « 4Cx, sabendo
V a r e tg ^ - *
que w — 45°. Resp. y- — xy + 2x2 = C* * 7 *17
112. Achar as trajectórias isogonais da família dc rectas >• = Cx para u = 30°, 45°.
V
I 2 Yz arc t« -
I x* + y* = e
Resp. As espirais logarítmicas
| 2 arc tg ^
l x*-f- y* = e *.
113. y — C 2f -3C. Eliminar C t e C\. Resp. y*— y = 0.
114. Escrever a equação diferencial de todos os círculos dum plano. Resp.
3 y 'y '* = 0 .
115 Escrever a equação diferencial dc todas as cônicas com centros, nos
eixos principais Ox. Oy. Resp. x (yy^-f-y'2) — y'y = 0 .
116. Dá-ic a equação diferencial __Ur 4 - 2tf= 0 c a 5X13 solução geral
y = c v * + c v - x- fc ^ * .
P:de-se: 1) verificar que a família de curvas dadas é precisamente a solução
geral; 2) encontrar a solução particular correspondente a x = 0; y = I;
y’ - 0, y " = — I. Resp. 4***).

117. Dá-se a equação diferencial y '= * —


1 2
e a sua solução geral y = ± -~(x +
+ c,)*/.+ ct. 2v 3
1) Verificar que a família de curvas dadas é precisamente o integral geral.
2) Achar a curva integral que passa pelo ponto (1, 2) c cuja tangente neste
ponto forma com o eixo poiitivo Ox um ângulo dc 45°.

R «p. , = 1 / ^ +4 .
Integrar as seguintes equações diferenciais simples, reduzindo-as a equações
de primeira ordem:
118. Rcsp. y = x 2 Logx-|-CiXa-f-C2x-f C 3 ; dar a solução particular que
satisfaz às condições iniciais: x = l , y = 1 , y ' « l , y '= ;3 .
m ! x m+n „
119. y<n,=»xTn. Rcsp. V= ~7~~--- ry f C ,x n_1-f . . . + C n _ 1x - fC n.
\m*♦ n] 1
120. y '* = a ay. Rcsp. ax = Log (ay -f- \ a*y* + Cj) -f C2 ou y = C ieax + C 2e~ax.

121. |rw= - V . Rcsp- (Cjx-f C2)* = C ,y » - a .


iVoj exemplos 122-125, escrever a solução particular que satisfaz às con­
dições intciais: x = 0, y = — 1, y’ — 0.
122. x y '— y ' = x V . Rcsp. y — « * ( x — l) + C iX * + C 2. S o lu ç S o p a r t ic u la r :
y = * * ( x — 1 ).
123. yy* — (y ')a + (y ') 8==0. Resp. y - fC t L ogy = x - fC 2. S o lu ç S o particular:

124. y '- f y ' t g x = ^cn 2 x. R esp . y * C 2 + C 1 sen x — x — y sen 2x. Soluções p a r t i-

c u l a r e s : y = 2 sen x — senxcos x — x — 1 .
125. (y’ )*- M v ') * = « * • R e,P y = C2— a cos (x + C ,). Solutions particulières :
i/ —.a — 1— a cos x ; y — a cos x — (o-j-1). (In d icação — Forma param&rica
y ' — a cos t, y' = a sen f.)

í 26. y ' = - ^ r . Resp. y = ± -1- (x -f C t)s/* -f C *

127. ym*=y'*. Rcsp. y = (C t — x) (Log (C, — x) — 1J *-C2x -f C 3.

128. y 'y * — 3y*a = 0. Resp. x = C jya -^-C^y-^-Cj.


Integrar as equações lineares diferenciais seguintes de coeficientes constantes:
129. y ' = 9y. Resp. y = C ie*x + Ci e~*x.
130. Resp. y = A cos x-\- Ji sen x.
131. ym— y ' = 0 . Resp. y = Cx-\-C2ex.

132. y'-f 12y = 7y'. Resp. p «= C ,*»*+ Ctf**.


133. y '- 4 y '- j 4 y = 0 . Resp. y«= (C ,4- C 2x) e™.

134. y'-f2y'-4-lOy ™0. Resp. y = e~x (A cos3x - b sen 3x).


-34-VT7 -3-ynr x
135. y*-}-3y' — 2y = 0. Resp. y = C te 2 + C 2e 2
136. 4y' — 12y'-j-9y— 0. Resp. y ■
=■(Cj -f-Cj*) e3 **.

137. y ' + y '- f y = 0. Resp. y — e 2 [✓! cos ( - ^ x ) f D sen ]


138. Duas massas idênticas estSo suspensas numa mola cm espiral. Suponha-se
que uma das massas se destaca e se pede para encontrar o movimento da outra.

Rcsp. x = a cos ( ^ ~ *) « cm <luc a é o alongamento da mola sob a


acçSo duma só massa em repouso.
139. Um ponto material dc massa m 6 solicitado por dois centros, sendo as
forças proporcionais à distância. O factor dc proporcionalidade é k. A dis­
tância entre os dois centros 6 2c. O corpo encontra-se no instante inicial
sobre a linha dos centros à distância a do meio. A velocidade inicial 6

nula. Achar a lei do movimento do ponto. Resp. * = a c O S

140. yl v — 5 y '- f 4y = 0. Resp. y = C 1eJC+ C 2f “* + C 3e2x -+-C4í--2*.


141. y~ — 2y* — y '- f 2y = 0. Resp. y = C V 2x -f-C&x + C 3e~x.
142. y " " — 3 ay'- f3a 2y' — a3y = 0. Resp. y = (C^-fC^-f- C3x*) eax.
143. yv — 4y*' = 0. Resp. y — C 2*+CsX*-|-C 4**x-j-Cje''2x.
144. yIV -f 2y* + 9y = 0. Resp. y = (C , cos 1 /2 * + C 2 « n V
+ (C 3 cosl/2x-J-C A * n V 2 i ) í* .
145. yIV — 8 y '+ 1 6 y = 0. Resp. y = C Ke'l x -{-C2«“*x -f* C 3x*2x C^xe-**.

x
146. yIV - f y - 0 . Resp. y - r 1 ^ C , c o s ^ + C 2 s e n j +

147. ;/l v — a4y = 0. Encontrar a solução geral e pôr em evidência a solução


particular que satisfaz às condições iniciai*: *0 = 0 . V = 1 . J/' = 0 , y ' =
= — y m— 0. Resp. Solução geral: y = 6'j«rux-f C 2e_ax-f- C , cosa* -f-C3
Solução particular: y0 = cos<J*.

Integrar as equações diferencais com segundos membros; achar a soluçSo


geral:

148. y ' - 7 y '+ l 2 y = *. Resp. y = C 1#»x + C ^ « x -


144

149. s’ — a-s = í-\-i . Resp. s = C ieal — - Ü li

150. y '- f y '—*2y = 8 sen 2x. Resp. y - C , « * + 6* - * * — 1 (6 sen 2 * + 2 cos 2*).


O
151. y ' — y = 5x-f2. Resp. y = C 1ex + C 2f " x— 5x— 2.

152. j ' — 2as' + ais=>et (a + 1). Resp. s = 0 ^ 1 + C 2lea‘ --- --- .


(a— l )2
153. y ' + 6 y ’ 4-5y = í ax. Resp. y — C ,í- * - f C,*-àx+ JL
«1
154. y' + 9y = 6í 3x. Resp. y = Ct cos 3x-f C2 sen 3x-f-i- ***•
3
155. y '—3y'i=2— 6x. Resp. y = C, + C2e*x+x*.
1:»6. y '—2y' + 3y = *“* cos x. R csp. y - e* ( a cos V 5 x -f B sen y i t) -f
158. y " — 4 y '-{-5y' — 2y = 2x -f 3. Resp. y “ (C j- fC íX ) e * + C 3« * * - x — 4.

159. yIV — a4y = 5a4<*ax sen ax. Rcsp. y = ( C j — sen ax) *ax ! C 2«-<,x-f C 3 cos ax-f-
-f-C4 senax.

160. yl V -f-2d2y'-j-a4y — 8 COSax. Rcsp. y = 008 ax f ( ^ 3 ~ Q x) X


x2
X sen ax-- r cos ar,
a2
161. Determinar a curva integral da equaçSo y*-j-Jr2y = 0 que passa pelo ponto
M (x0, yo)e tangente neste ponto à rccta y = ax. Resp. y = y0 cos k (x — xq) -f-
« A sen k (x — x0).
k
162. Achar a solução da equação y *+ 2 h y '~ n2y — 0, que satisfaz às condições
y = a, y ' — C para x = 0. Rcsp. Si A < n,

y tm e~hx ( a cos j / n 2 —-A2xH-- ^ = = = - s c n l / n 2 — A2x ) ;


V y n *— h* '
Si A = n, y — e~l,x ((C-{-a A) x-f-aj ; si A > /j.

C + * & + V h * — n*)
2 V * * —n*
C a (A — y A2 n2)
2 V A * — n>
163. Achar a solução da equação y '- f n2y = A sen p x (p = jk n ), que satisfaça
às condições: y = a , y ' = C quando x = 0.
_ , C ( n 2 — p2) — hp , A
R " p . n = ° c o s n J+ sm i*-
164. IJm peso de 4 kg ligado a uma mola distende-a de 1 cm. Achar a lei do
movimento, sabenJo_ que a extremidade superior cfectua oscilações harmô­
nicas y = sen y iÒ O g t, sendo y a distensão vertical.
Resolução — Seja x a coordenada vertical do peso contado a partir da
posição de repouso. Tcm-sc:
4 d*z
Y ~ d t* ---
em que I é o comprim:nto da mola distendidade c k = 400, como resulta
das condições iniciais. Deduz-sí - ^ r .+ ICO# x = 100,? sen V iO O g f + 100Ig.

Procurar-se-á um integral particular desta equação sob a forma

i (C , cos V l ( % r -f-C 2 sen V ÍC O g O + f*


dado que o primeiro termo do segundo membro da equação entra na
solução da equação homogênea.
165. No problema 139, a velocidade inicial é igual a v„ c está dirigida pcr-
pcndicularm.-nte à recta dos centroi. Encontrar a trajectória.
R esolução— Tomemos a origem das coordenadas no meio do segmento f
ligando os dois centros: as equações diferencais do movimento escrevem-se:
Condições iniciais no instante t = 0:

~ =0-, ^ - = r0.

Encontra-sc, integrando:

x = a cos
[V 4 r ')• ‘' - ■ » F / 5 - , r a ( ] ^ v ' )
donde

106. Um tubo horizontal gira cm torno dum eixo vertical com uma velocidade
angular constante u. Uma esfera desliza no tubo sem atrito. Achar a
lei do movimento da esfera, cabendo que no instante inicial se encontra
sobre o eixo de rotação e a sua velocidade inicial é v„ (segundo o eixo do
tubo).

Indicação — A equação diferencial do movimento 6 • — ufir. Condições


dr dt
iniciais: r = 0. - J t = v ° 9uando 1 =

integrando-se. obtém-se: r ^

Aplicar o método da variação das constantes na integração das seguintes


equações diferenciais:

167. y ' — 7y' -f 6y — sen x. Resp. {, = 6*,** < y « * + - K ° * + 7 COSJ. .

168. = !?ecx. Resp. y = C’i coflx C> sen x-f x sen x-- ç.os x Log cos x.

169. y'-\-y ------- ■ . Resp. y — C t cosx l-Cjsen x — 1 / còs2x.


cos 2x y cos 2 x
Integrar as seguintes equações diferenciais de tipos diversos:

170. w ' = y'* + l.R esp.

* d j,- j Ç d x Jy _
{x— y)* x— y
172. y — xy'*-\-if'*. Resp. y — (~[/x+ 1 -f C ) ' .
Soluções singulares: y — 0 ; x - fl= ^ 0 .
173. y0 - y — sec x. Resp. { / « C jc o s x C2 sen r 4- x sen x cosx Log cosx.
174. (1-f- i- ) y '— xy — a 0. Resp. y — ax \-C + •
V
sen r.
y dy ____ y
173. x c o s -- — cos—-- x. Resp. xe C.

176. 4y--e«*sen 2x. Resp. y - C {e - * x — (sèn2x + 2 cos2x).

177. xy’ — jr — y2 L og x = Ü. Resp. (Logx | 1 • Cx) y — \.


178. (2x 2y — 1) <fx-f(x-l y — 2) dy = 0. Resp. 2x + y —3 Log (x 4-y — 1) C.
179. 3*x tg y d x j- (l— e*) sec2 y dy - 0. Resp. tg y -C tl — rx)3.
Integrar os sistemas de equações diferenciais:

dx du .
180. —j — — y - f l. —j —r^x -'-1. Indicar a solução particular que satisfaça às con­
di dt
diçôes iniciais x = — 2, > = 0 para t — 0. Rcsp. y « C i cos t +-C2 sen /,
X = ( C , + C 2) COSÍ*f-(C2 — ^C,)sen t. Solução part*ular
x* = cos t — sen/, (/* =-cos t.
181 . —£.--x —2 y. — -= x-y. Indicar a solução particular correspondente às
dt dt • *
condiçõcs iniciais z = 1 y = 1 para / = 0. Resp. y=-Cj cos/-f*C2 sen/,
x — (C’j- C'2)cosí-f-(C 2 — C',) sen/. Solução particular: y* = cos / — sen t,
y* = cos /.

Rcsp. x = C je _ f -l-C2í **,


182.
y = C f f -1 - f C 2* “ s< -f* cos t.

d*y
— x,
d t“ Resp. x — Cfe1 4-C3 C09 f-j-C* sén í,
183.
d*x y ^- C te( i C^e~l — C 3 COS f — C 4 sên /.
= y.
dt*

Resp. z = C j4 - C 2í4-C’3í 2 --
d2z , dy .
i i i - r ~dr+ x ‘
184. y = Ct - ( C , + 2C3) / — j (C 2 - 1) I* -
dX _L - 1
dt ' dt*

Rcsp. y = (C, 1 -t-C2z) «” **,


,85' * x = (C 2 - C 1 - C 2z)
l “Sí-”
dx —*í —

Resp. y = C le*x -'rC2e-*x,


186.
dt x = _ 2 (C ,e **—C*-**).
-f 4y - 0.
dz
/iy Rcsp. y ~ C j -j-C 2z -f-2 sen z,
í -^- + 2y + =“ scn x.
I 87. I * x — — 2 C ,— C 2 (2z f-1) —
[ * 4 ,- & = « * * . — 3 sen z — 2 c o s z.
dz
dz
= í/-f x,
“d ? Rcsp. Z - C j í ^ t C j í * 1,
_dy y = C 3e~l | C 2*2Í,
“ X -j“ 2,
dt
x--<C,-I.C3)#-*.|-C2««.
d:
dt
ày 1 Cx
Resp. x = C<i« 1,
dz z '
189.
di 1 -cf
i dx ~ y — z '
dy dy
_ z

{
Resp. y = C lf
dz yz
190.
idz z
zy2- - Í* « = C2.
dz y2
dz
Estudar a estabilidade da solução x 0, y = 0 para os sistemas de equação
di/erencais seguintes:
dz
— 2z — 3y,
'dt
191. Resp. Instável.

í — «— 1* . Resp. Estável.
l'J2.

V.

193. Resp. Instável.


dy
— 8x— 12w .
dr
194. Achar os valores aproximados das soluções da equação y' = y* + x que
verificam a condição inicial: y = I para x — 0. Encontrar os valores das
soluções para os valores x * 0,1; 0,2; 0,3; 0.4; 0,5. Resp. yx „o .5 = 2,114.

195. Achar o valor aproximado J/x—i .4 da solução da equação y‘ ~ y — ex


que verifica as condições iniciais: y = 1 para x = 1. Comparar o resultado
obtido com a solução exacta.
196. Achar os valores aproximados 1.4 e íft—i.i das soluções do sistema dc
equações — s=y— x , ■ — =» — z — 3y que verificam as condições iniciais:
at at
x = 0, y 1 para t = 1. Comparar os resultados obtidos com os valores
exactos.
Capítulo XIV

INTEGRAIS MCLTIPLOS

§ 1. Integral duplo

Seja no plano Oxy um dorainio fechado (*) D limitado por uma


curva L.

Dividamos o domínio D em n domínios parciais por curvas


quaisquer:
A íj, A.^2» A$3, . • .j Asn

(fig. 276). Para não complicar a escrita, designaremos igualmente por


Asu .... Asn as áreas destes pequenos domínios. Escolhamos em cada
As, um ponto P t arbitrário (interior ou
sobre a fronteira); ter-se-á, pois, n pontos:

+ / ( / > „ ) * * » - £ / ( / > , ) A», (1)

F i g. 276. que se chama soma integral da função


/ (x, y) no domínio D.
Se / > 0 em D, poder-se-á representar gcomètricamente cada termo
/ (P i) Ast como o volume do cilindro elementar de base As, e de
altura / (/>,).
A soma Vn é a soma dos volumes dos cilindros elementares, isto é,
o volume do corpo em «escada» representado na fig. 277.

(•) Um domínio D diz-sc fechado sc está limitado por uma curva


fechada e se se considera que as pontos fronteiros pertencem ao domínio.
Consideremos uma seqüência arbitrária dc somas integrais for­
madas pela função / (x. >’) no domínio D
v n„ V „,......... V ,k, . . . (2)

per diversos cortes dc D cm domínios parciais A*f. Supor-sc-á que


o maior diâmetro dos As, tende para zero quando n* -► 00.
Tem-se, então, o seguinte teorema que não demonstraremos.

Teorema— 1. Sendo contínua a função f (x. y) no domínio fe­


chado D, a seqüência (2) de somas integrais (1) tem um limite quando
o maior diâmetro dos domínios parciais As tende para zero e quando

n -> 00. Este limite é o mesmo qualquer que seja a seqüência (2).
isto é. que não depende nem do modo do çorte de D em domínios
parciais Aí/ nem da escolha do ponto P( em Ast.
Este limite chama-se integral duplo da função f (x. y) sobre o
domínio D e designa-se por

J J f(P )d s ou 11 f(x , y) dx dy,


isto é.
D D

lim 2 / (/J<) A ^ = J S /(* . y)dxdy.


d la m A * / - * o i = i d

D chama-se o domínio de integração.


Se f(x . y) > 0. o integral duplo da função / (x, y) sobre o domí­
nio D é igual ao volume Q do corpo limitado pela superfície z = / (x. y),
o plano z — 0 c a superfície cilíndrica cujas geratrizes são paralelas
ao eixo Oz e se apoiam sobre a fronteira de D (fig. 278).
Consideremos ainda os teoremas seguintes sobre o integral duplo.
Teorema — 2. O integral duplo da soma de duas funções <p( at. >)
e <p(x, y) no domínio D é igual à soma dos integrais duplos de cada
uma das duas funções consideradas nesse domínio:

SS[9 (*. y) +^ y)]d s — SSt(*» y )* + SSv ^ ds -


D D
Teorema — 3. Pode-se separar um factor constante para fora do
sinal de integração dupla:
se a = const., tem-se
S J aç (x, y) = a $ 5 <p(x, y) ds.
D D
Dcmonstram*sc estes dois teoremas exactamente como os teoremas
correspondentes sobre os integrais definidos (ver tomo I, § 3, cap. XI).
Teorema — 4. Se o domínio D for constituído por dois domínios
parciais D, e D t, sem ponto interior comum e se f (x, y) for contínua
em todos os pontos de D, tem-se

SJ / ( x , y ) d x d y = J S / ( * . y)d*dy +

+ V)dxdy. (3)
o1
Demonstração — Pode-se representar a
soma integral em D sob a forma (fig. 279)
£ /< /> ,) Aí, = £ / ( / ' , ) A s ,+

+ £ / ( / > , )A *„ (4)
*>!
contendo a primeira soma os termos relativos aos domínios parciais
de D i e a segunda os termos relativos aos domínios parciais dc D :.
Como o integral duplo não depende de modo de corte, cortaremos
o domínio D de tal maneira que a fronteira comum de £>, c D.
seja também uma fronteira dos domínios parciais Asf. Passando a
limite a igualdade (4) quando As, -*-0. obtém-se a igualdade (3). Este
teorema subsiste quando D é formado de vários domínios disjuntos
ou sem pontos interiores comuns.

§ 2. Cálculo dos integrais duplos


Consideremos um domínio D do plano Oxy tal. que qualquer
paralela a um dos eixos coordenados, por exemplo a Oy, e que passa
por um ponto interior (•) ao domínio, corte a sua fronteira em dois
pontos N, e N2 (fig. 280).

(•) Um ponto interior é um ponto que não se encontra na fronteira.


Suporemos que, no caso considerado. D está limitado pelas curvas
y = 91 (x). y = 91 W c das rectas x — a, x — b e que
<Pi (x)<<pi(x), a<6,

sendo as funções (x) e (x) contínuas sobre o segumento [a, bJ.


Convencionaremos chamar a este domínio regular segundo o
eixo Oy. Do mesmo modo se define domínio regular segundo o eixo Ox.
Um domínio regular segundo os
dois eixos de coordenadas dir-se*á. sim­
plesmente, domínio regular. A fig. 280
dá um exemplo de domínio regular.
Suponhamos / (x, y) contínua no
domínio D.
Consideremos a expressão
6 <F- (a )

I d = ] ( { /(x. y) dy)dx
a <j>, '*>
que chamaremos integral duplo ou soma
dupla da função / (x, y) sobre D. Nesta
expressão, calcula-se cm primeiro lugar
o integral entre parentesis, sendo a integração feita em'relação a y
e sendo x considerado como constante. Acha-se. após integração, uma
função contínua (*) dc x:

cd(x)= s /(*. y ) dy-


Vi (*>
Integremos agora esta função em relação a x entre os limites
a e b:

/ D= ld> (x )dx .
a

Por fim. encontra-se um número constante.


Exemplo — Calcular o integral duplo
t X*
(\ ( * a4-y 2 M l/) dz.
0 Ü
Resolução — Em primeiro lugar, calculcmos o integral interno (entre
parêntesis):

0 ( 1 ) = ^ (**-}-y*)dy = + = ** + -y-.
0
(•) N3o demonstraremos a continuidade da funçSo «I> (z).
Integremos, agora, a função obtida de 0 a 1:

f ( - * t* . 1 1 1 26
3 (^ +X r M x + 3 ^ ) o " T + 2Í~íõõ*
0
O domínio dc integração D 6 o domínio limitado p:las curvas (fig. 281)
{, = 0, X = 0, >J= X*, Zaoi.
Sucede que o domínio D é tal que uma função y = (*), y —
não pode ser dada por uma única expressão analítica em todo o

intervalo de variação dc x (de x = a a x = b). Seja, por exemplo,


a < c< b e
«pj (a;) = (r) sobre o segmento l«, c].

<fi (*) = X ( r) sobrc ° [<?» &].


sendo <{>(x) e x (*) funções dadas analiticamente (fig. 282).
Escrever-se-á. então, o integral duplo como se segue:
b 9 ?jí.r)

J ( S / (* . y )d y )d x =
a <P|0c)

c V j<*> fc V 2<*)
= j (S / (* . + J (í / ( * . y)dy )d x =
a tpt(x ) c tttix )
c <p;0c) *» ç a(x)
= $ ( J f f a y )d y )d x + J ( J /(* , y)dy)dx.
a Üx) 0 % (x)

Escreve-se a primeira igualdade em virtude da conhecida pro­


priedade dos integrais definidos c a segunda porque se tem ?xCr) = tf (x)
sobre o segmento [a. c] e <?x(x) = \(x) sobre [c, ô].
Uma transcrição análoga para o integral duplo tem lugar quando
a função <p2 (jc) se decompõe em diferentes expressões analíticas sobrc
o segmento [a. b\.
Estabeleçamos algumas propriedades dos integrais duplos.
Propriedade— 1. Se se divide um domínio D regular segundo Oy
em dois domínios D x e ü 2 por uma paralela ao eixo Oy ou ao eixo Ox,
o integral duplo I D sobre D é igual à soma dos integrais análogos
sobre Dx e D 2:
I d — I dx -f-J/v

Demonstração — a) Suponhamos que a recla x = c (a < c < b)


divide o domínio D em dois domínios regulares segundo Oy (*) D x e D 2.
Então.
b Çj (x) b
I d = S ( 5 /(* . y) dy) dx = J <D (x) dx =
a «r, (*) a
C b
= J <D (x) dx -f J o (x) dx =
a c
c <p. ( * )

= 5 (5 /(*. y)<ty)<&+
a «Pt ( * )

b ç - <x)

+ S ( S /(* . y )d y )d x = I Di + 1 ^ . F i g . 283.
c <f, ( x)

b) Suponhamos que a recta y = h divide o domínio D em dois


domínios regulares segundo Oy D x e Dt como a figura 283.
Designemos por M x e M 2 os pontos de intersccção da recta y = h
com a fronteira L de D. Designemos as abeissas desses pontos por
ax c b2.
O domínio D é limitado por curvas contínuas:

1. y = * (*);
2. a curva A XM XM 2B de que escrevemos convencionalmente a
equação sob a forma
y = <p? (x),

tendo cm vista que (x) = (*) quando d < fli e bj x^ 6


e que
<p*(x) = h quando <7, < x < 6t;
3. as rectas x = a, x = b.
O domínio D 2 é limitado pelas curvas
y = 9?(*), y = <P2 (*), em que < x < bt.
(•) O facto de uma parte da fronteira do domínio D ser um «gm ento
vertical não impede que este domínio seja regular segundo Oy: porque se
exigia para esse efeito que qualquer vertical que passe por um ponto interior
do domínio não cortasse a fronteira em mais de dois pontos.
Escrevamos a identidade seguinte aplicando ao integral interior
o teorema sobrc a decomposição do intervalo de integração:

I d = ] ( J /(* . y)dy)dx =

b » ,* (* )

= $ ( y /(a-, </)dy + S /(* . y)dy)dx =


a v ,u ) «■*<*)

6 , *(XI h ¥;<*>
= S ( J /(*. y)<ty)<fr + J ( 5 /(*•
a <j>,(x) o ♦ * (* >

Decomponhamos o último integral em três integrais aplicando o


mesmo teorema integral exterior:
b (Pi<*) o , <■*(*>
J ( j / (* . y ) d y ) d x = $ ( J / ( * , y )d y) d x +
a VjCx) a ¥*<*>
6, v2(*) *> ^
+ J ( j f ( x . y)dy)t i r + s ( J / (* , y)dy)dx-,
Oj «r^<ar) *>, ?•<*>

Como <p* (x) — <p2 (*) no segmento [a. />] e no segmento [6,. b]
o primeiro c o terceiro integral são identicamente nulo$. Por conseguinte

O primeiro termo é aqui um integral duplo estendido a D t e


o segundo, um integral estendido a D ,. Por conseguinte.

Adj + Io ?
A demonstração é análoga qualquer que seja a secante M M *
Se a recta M JA* divide D em três domínios ou mais. obtém-se uma
relação análoga a (1) com um número correspondente de termos no
segundo membro.
Corolário — Pode-se dividir cada um dos domínios regulares
segundo Oy por uma paralela a Oy ou Ox e aplicar-lhe a proprie­
dade (1). Por conseguinte, pode-se dividir o domínio D por paralelas
aos eixos coordenados num número arbitrário de domínios parciais
regulares:
Dlt Di . D3, . . Df,
c poder-sc-á, sempre, afirmar que o integral duplo alargado ao domí­
nio D é igual à soma dos integrais duplos alargados aos domínios
parciais (fig. 284)

I d — I dx4 - I d: + I Dt 4 * ••• + A )r (2 )

Propriedade — 2. (Avaliação dos integrais duplos). Sejam m e M

o mínimo e máximo valor da função f (x, y) do domínio D. Seja S


a área de D. Tem-se a desigualdade
b «PjOc)

( 5 /(*■ y)dy)dx^MS. (3 )
a tp, (x)
Demonstração — Calculemos o integral interior que designaremos
por «I» (jc):
«Ti (x) <
j>
z(x)
(I> (*) = í f (x, y) dy < J M dy = M [<p2 (x) — q>, (x)J.
*1 (x) <p, (x)
Tem-se:
b «fj (x) b
! d= S ( J / (* , y) )<&■ < s M [<P2 (* ) - (* )] á x = A /S ,
a «rj (x) a

isto é.
Id<M S . (3)
Duma maneira análoga
** <x> <x)

0 (X) = ♦ /< * / y )d y ^ ^ \v) m í / z = m [<P2 (*) - <Pl (*) J,


’ *
= W> (*) dx > J r n fo fx ) — <*>,(*)] d x = m $ ,
o n
isto é. que 7D > m 5 . (3")

A desigualdade (3) resulta das desigualdades (30 e (3"):


m S ^ I D ^ .A íS .

Interpretaremos geometricamente este teorema no parágrafo seguinte.

Propriedade — 3. (Teorema da média). O integral duplo I D duma


função contínua f (x, y) é igual ao produto de S pelo valor da função
num certo ponto P do domínio D:
b <F](x)
Í(S f(x t y )dy )d x = f(P )S . (4)
O
Demonstração — Deduz-se de (3):

m < ~ I D< M.

O número y I D está compreendido entre o maior e o menor


valor da função / (x. y) no domínio D. Em virtude da continuidade
de / (x, y) em D, ela toma num certo ponto P do domínio D o

valor -L / D, isto é. que

donde-
/n = H P )S .

§ 3. Cálculo dos integrais duplos (continuação)

Teorema — 0 integral duplo duma função contínua f(x. >>) esten­


dido ao domínio regular D tem por expressão (♦)
b «.(x)
$ $ / ( * . y)dxdy — $ ( J /(x. y)dy)dx .
D a <f,(x>

(•) Supôe-sc, dc novo, que o domínio 6 regular segundo Oy e limitado


pelas curvas y = <p, (*), y <j2 (x), z = a, z — h.
Demonstração — Cortemos o domínio D por paralelas aos eixos
coordenados cm n domínios regulares (rectangulares):
Asj, Aíj, -. -i Asn.
Tem-se. em virtude da propriedade 1 [fórmula (2)] do parágrafo
anterior,

I d = • • • + ^

Transformemos cada termo da direita pela aplicação do teorema


da média sobre os integrais duplos
/A B1= / ( / > ,) As,.
A igualdade (1) transforma-se em

l„ = /(/>,) As, + As, + . . ■+ /(/* „ ) Asn = 2 l ( P s) As,. <2>


1^1

onde é um ponto em As,. Tem-se à direita uma soma integral para


a função f (x, y) sobre D. Segundo o teorema da existência dos inte­
grais duplos, resulta que o limite desta soma. quando n oo e que
o maior diâmetro dos domínios parciais Asj tende para zero. existe e
é igual ao integral duplo da função / (x. >) sobrc D. O valor numérico
dc 7 D do primeiro membro da igualdade (2), resultante de duas
integrações simples sucessivas, não depende de n. Passando a limite
em (2). obtém-se

Id = lim 2 / (p i) = í S/ y)dxdy
d Iam A tj -*o D
ou
S$/(•*% y)dxdy = I D. (3>
D

Por fim. obtém-se:


b
J J f (x, y) dx dy = . J ( J / (x, y) dy ) dx. (4>
D a «!<■ *) J

Wotá— 1. Quando f(x , >>) > 0. a fórmula (4) adpiite uma inter­
pretação geométrica simples. Consideremos o corpo delimitado pela
superfície z = 1 (x. >'). o plano z = 0 e a superfície cilíndrica cujas
geratrizes são paralelas a Oz e se apoiam sobre a fronteira do domínio D
(fig. 285). Calculemos o volume V deste corpo. Indicamos acima que
o volume deste corpo era igual ao integral duplo dc f (x, >’) sobrc D:

y) dx dy. (5)
ü
Calculemos agora o volume deste corpo utilizando os resultados
do § 4, cap. XII, tomo 1. sobre o cálculo do volume dum corpo em
função das áreas de secçòes paralelas. Tracemos o plano secante
x = const. (a < c < b). Calculemos a área S (x) da figura obtida no

plano x = const. Esta figura é o trapézio curvilíneo delimitado pelas


curvas z — f (x, y) (x = const.). z = 0. y = f X(x). y = f 2 (x). Por con­
seguinte. esta área. exprime-se pelo integral

S <*>'= , V [X' y )d y ) (6)

Conhecendo as áreas das secçòes paralelas, encontra-se fàcilmente


o volume
b
V — ] S (x) dx

ou. substituindo a expressão (6), pela área 5 (x). encontra-se:


b <Fi tx>

v = l ( S /(*. y)<*y)dx. (7)


a (x )

Os primeiros membros da fórmula (5) c (7) são iguais e, portanto,


o mesmo sc diga dos segundos membros
Agora não 6 difícil dar o sentido geométrico do teorema sobre
a avaliação dos integrais duplos (propriedade 2 do parágrafo anterior):
o volume V do corpo delimitado pela superfície z = f (x, y), o plano
z = 0 e a superfície cilíndrica que tem por directriz a fronteira do
domínio D é superior ao volume do cilindro de base S e de altura m,
mas inferior ao cilindro de base 5 e de altura M (sendo m e M o

F i g. 287.

menor e o maior valor da função z — f (x. y) no domínio D (fig. 286).


Isto resulta do facto dc o integral duplo I D ser'igual ao volume V
deste corpo.
Exemplo — 1. Calcular o integral duplo

J J (4 — z* — y * )d z d y ,
D
3
sabendo que o domínio D está limitado pelas rectas xatO , x = i , y = 0, y = -p-
R«solução.

» /« I »/a

V = ^ [ Ü dy= ^

' l (<—»*— y ) - (4» —X —T 11) | = f '

Exemplo — 2. Calcular o integral duplo da função / ( jc. y) = 1 + x + y


sobre o domínio limitado pelas curvas y _ x, z = | /y , y = 2, * = 0 (fig. 287).
Resolução.
2 V~v
v = í [ í (í + x+ i')dx~\*v= j \
_x + xv+ ^~ \ '_ldy=
0 - Vv o

Jtf
2

V y + y V 5 + y ) — ( —? —

I[yi+í+»ví/4]*-PÍ+J^¥+fl:-SV*+¥
Afofa— 2. Suponhamos um domínio D regular segundo Ox deli­
mitado pelas curvas
x = t i (í/). * = (i/)« i/ = c. y = d,
com t i ( i0 .< t i (y) (fig- 288).
Tem-se. então, evidentemente

y ) d x d y = \ ( J / (* , y)dx)dy. (8)
D c ♦,((/)

Para calcular um integral duplo, aplicar-se-á. segundo o caso.


a fórmula (4) ou a fórmula (8). A escolha é indicada pela forma do
domínio D ou da função a integrar.

Fig. 288 Fig. 289 Fig. 290

Exemplo — 3. Inverter a ordem de integração em


l Yx
7" í0 ( *í /(*• y)d^ ) dx-
Resolução — O domínio dc integração 6 limitado pela recta y =* x e
p:laparábola y = *[/x (fig. 289).
Qualquer recta paralela ao eixo dos x corta a fronteira do domínio
em dois pontos ou mais; poJcr-s:-á, pois, aplicar a fórmula (8); fazendo

$!(*') = **• ta (y) = I/. 0 < y < l;

u
tem-se
1 v
/ = 5 ( í H *' V)d*)dy.
0 u*

Exem plo — 4. Calcular

sabendo que o domínio D é o triângulo limitado pelas rectas y = x, y = 0,


jc = I (fig. 290).
R eso lu ção — Apliquemos as fórmulas (4). (Se se aplicasse a fórmula (8),
v
ser-nos-ia preciso integrar a função e * cm rclaçâo a x\ mas este último integral
nâo é integrável por meio de tunçóes elementares):
V 1 X 1/ 1 v

«= ^ x (e — l ) d x = a ( í — l)- y - | ~ ~ i~y2 i - 0 , 8 5 9 . . .
0 o
N ota— 3. Se o domínio D não for regular nem segundo Ox
nem segundo Oy (isto e, se existirem verticais e horizontais que passem

F i g. 291. F i g. 292.

pelos pontos interiores do domínio e que cortem a fronteira do domínio


em mais de dois pontos), não se pode. então, integrar sem precaução.
Se se chega a cortar o domínio irregular D em um número finito dc
domínios regulares segundo Ox ou Oy. D x D z........D n, integrar-se-á
em cada domínio parcial e far-se-á a soma dos resultados obtidos.
Na figura 291, tem-se um corte dum domínio irregular D cm
dois domínios regulares D, e D z.
Exem plo — 5. Calcular o inteirai duplo
J j e*+V ds
D
cm referência ao domínio D compreendido enlre dois quadrados centrados na
origem e cujos lados sáo paralelos aos eixos coordenados sabendo que os
lados sio, rc:p;ctivamentc, iguais a 2 e a 4 (fig. 292).
R eso lu ção — O domínio D é irregular. Corta-se em quatro domínios
regulares D ,, D :, D,, D , pelas rectas x = — 1 e x = 1. Tem-se, pois,
f f e*+ * ds= \
‘ Ç e*+ V d s+ [ J J J e * + V d s -f J J e*+v d s.
V Dl 02 D, Dt
Tem-se, sucessivamente.
-1 2 1 2
JJ [ ( J e * * * d y ) d x + 5 ( J e* + V d y)d x -\-
n -2 -2 -1 1
1 -1 2 2
+ S ( 5 e*+v d v ) d x + [ ( J e*+y<ty)d.r =
-1 - 2 1 -2
_ (€«— «-») (e-1- e-4) + <*2 - ' ) ( f - í - 1) + ( * '1— «-»).(»— «“l ) +
_ _ e-a) (e2 _ í) = (e3 _ _ tf-3) (í — e-i) = 4 s h 3 s h 1.

No/a — 4. No seguimento, omitiremos os parêntesis no integral


duplo.
i tfjix)
Id= í ( i /(*, y)dy )d x ,
a
e escreveremos, simplesmente:
í> <lj(x)
Id = J $ f{x, y)dydx,
a ç,(*>

sendo a integração feita pela ordem como são escritos os diferenciais


das coordenadas (*).

§ 4. Aplicação dos integrais duplos ao cálculo


de áreas e volumes
1. Volumes — Vimos no § 1 que o volume V dum corpo l
tado por uma superfície z = f (x. y), onde / {x. y) é uma função não
negativa. 0 plano z = 0 e a superfície cilíndrica de geratrizes paralelas
a Oz e cuja directriz é a fronteira de D, é igual ao integral duplo
de f (x, y) sobre D:
y = $$/(*• y)ds.

(•) ê por vezes côm odo escrev er


E x e m p lo — Calcular o volume do corpo limitado ptlas superfícies x = 0,
y = 0, x + y +z = 1, z = 0 (fig. 293).
Resolução.
V= ! S V — x— V) dVdx>
D

em que D 6 o domínio triangular do plano Oxy limitado pelas rectas x = 0,


y = 0, x + > = 1; é o domínio tracejado da figura 293. Tem-se:

^ (1—* - y ) á y d x = ^ [ ( l - * ) y — -|-J‘ * dx=»


0 0 0
l

Tem-se, pois, V = 4 - 4,8 unidade de volume.


6
N ota— 1. Sc o corpo de que se procura o volume é limitado
superiormente pela superfície z = (x. y) > 0 e inferiormente pela
superfície z — Qx (x, y) > 0. sendo a projecção destas duas superfícies

sobre o plano Oxy um mesmo domínio D, o volume V deste corpo


será igual à diferença dos volumes dos corpos «cilíndricos»; o pri­
meiro cilindro tem por base D e é limitado superiormente pela super­
fície z — 4»2 (x. y); o segundo cilindro tem igualmente por base D e
é limitado superiormente pela superfície z = (x, y) (fig. 294).
O volume V é. pois, a diferença de dois integrais duplos:
V = J J <D2(x, y) ds — J 5 <D, (x, y) ds,
D D
OU

V = JJ[ 0>, (*,»)- ®. (*. »)!*• (*>


D
É fácil de demonstrar que a fórmula ( 1) é verdadeira não só
quàndo 4»i (x, y) c 4>2 (x, y) são funções não negativas, mas também
quando 4»i (x. y) c <P2 (x. y) são funções contínuas arbitrárias que
satisfaçam à relação
y)-
Nota — 2. Se f (x, y) muda de sinal em D, dividir-se-á D em
dois domínios: 1 ) D x com f {x, y) > 0 ; 2) D 2 com f (x, >) < 0.
Suponhamos D x e D 2 tais que os integrais duplos sobre estes domínios

existam. O integral sobre />, é. então, positivo e representa o volume


do corpo que se encontra por cima do plano Oxy. O integral sobre D 2
é negativo e o seu valor absoluto representa o volume do corpo que
se encontra por cima do plano Oxy. Por conseguinte, o integral sobre D
representa a diferença dos volumes correspondentes.
2. Áreas planas — Se se formar uma soma integral para a fun­
ção / (x, y) = 1 definida no domínio D. obtém-se a área

. ? = S 1 -As,,
1=1
qualquer que seja o corte Passando a limite no segundo membro,
obtém-se
S = J J dx dy.
Se o domínio D é regular (ver. por exemplo, fig. 280). a área
exprime-se pelo integral duplo
b q jj( x )

(í dy)dx.
a V|W

Tem-se, após integração do integral interno.


b
S *= $ [<Pt (*) - <Pi (*)J dx
a

(comparar § 1, cap. X IÍ. tomo I).


Exemplo — 2. Calcular a área do domínio limitado pelas curvas
y = 2 — x* y= x.
Resolução — Determinemos os pontos de intersccçâo das curvas dadas
(fig. 295). As ordenadas das duas curvas sáo iguais num ponto dc intersecçSo:
x — 2 — x2,
donde
x2 -f x — 2 = 0
= — 2,
x2= l .
Obtivemos dois pontos de intcrsecçáo: Af, ( — 2, — 2), M 2 (\, 1).
A área pro*urada é. pois.

\ ( Y - o to - 1 ° - ^ — [ « - t- íl- t-
-2 * -2

§ 5. Integrais duplos em coordenadas polares


Consideremos, cm coordenadas polares 0. p um domínio D tal
que todo o raio procedente da origem c que passa por um ponto
interior do domínio corta a fronteira de D cm dois pontos ou mais.
suponhamos que D é limitado pelas curvas p = <I>i (0), p = <t>2 (0)
e os raios 0 = a c 0 = p, com d>, (0) < <1>2 (0) e a < p (fig. 296).
Diremos, então, que um tal domínio é regular.
Seja em D uma função contínua das coordenadas 0 e p:
2 = A'(ü, p).
Decomponhamos arbitrariamente D em domínios parciais Aslt
. . . . Asn .
Formemos a soma integral

% F ( P k ) t o k, (i)

cm que P h é um ponto tomado cm As*.


Resulta do teorema dc existência dos integrais duplos que quando
o maior diâmetro dos &sh tende para zero. a soma integral (!) tem
um limite V. Ele dá por definição dc integral duplo de F (0, P) em D:

V = H F ( » , (>)ds. (2)
D

Ocupemo-nos do cálculo dc um tal integral duplo.


Como o limite da soma integral não depende do modo do corte
dc D em dominios parciais Ask cortá-lo-emos, por razões dc como­

didade, traçando raios 0 = Oo, 0 = 0 ,, ft = 02, .... 0 = (em que


00 = ct, 00< < °2 < • • • < circunferências concên­
tricas p = p 0. p = p,, . . .. fi = Prende [po é o menor valor da
função 4>, (9) e Pm o maior valor de (0) no intervalo fechado
a < 0 < P; ... P o < P i < • • • < p j .
Seja A*|fc a área delimitada pelas linhas de coordenadas
p p = p), h = e = o,.
Haverá 3 espécies de domínios parciais \sih :

1. Domínios inteiramente interiores a D.


2. Domínios inteiramente exteriores a D\
3. Domínios que invadem a fronteira de D.

A soma das áreas que invadem a fronteira tende para zero


quando A0h 0 c A p ,-*-(); desprezar-sc-á, pois, estas áreas. As
áreas parciais Aslk exteriores a D não entram na soma integral con­
siderada e não apresentam interesse. Poder-seá. pois, escrever a soma
integral sob a forma

v„=
fc“ ! 1

em que P,* é um ponto arbitràriamente tomado em As,*.


A soma dupla exprime que somamos em primeiro lugar sobre
o índice i considerando k fixo (isto é, que fazemos a soma das áreas
compreendidas entre dois raios vizinhos (*)). O sinal da soma exterior
exprime que adicionamos as somas que resultam da primeira soma
(somamos sobre *).
Achemos a expressão da área dum domínio parcial AsÍA que
não invade a fronteira dc D. É a diferença das áreas dc dois sectores:

= * (Pi + Ap,)2 AO* — 1 p< A0a = ^p, + Ap, A0*

ou
Aí<fc = p?Ap, AO*, oü p, < p? < p,-f-Ap,.

A soma integral escreve-se. pois(**).

vn = 2 [2 ^ ( 0*. p*)pfA piA eJ,


k=t i

em que P (0*. p?) é um ponto tomado em AsiA.


Destaquemos, agora, o factor AO* da soma interior (o que é
legítimo, porque é um factor comum a todos os termos desta soma):

F „ = Ê l s m . p ? ) p ? Ap<] A0‘ -
Â-l t
Suponhamos que Ap, -*-0 e que AO* é constante. Então, a
expressão entre parentesis tenderá para o integral

<t>3(o*>
S f (Qh, p)pd(>.
«, a p

(•) Notemos que somando sobre o índice i este índice não lomará,
forçosamente, todos os valores de I a m, dado que todos os domínios parciais
compreendidos entre os raios 9 = 0), 6 0 = 0 »+ !. n5o pertencem, forçosa*
m;nte, a D.
(•*) É permitido considerar uma soma integral sob esta forma, dedo que
o limite da soma não depende do ponto escolhido no domínio parciaL
Supondo agora que A0* 0 obtém-se. por fim (*):
tf >I>*(8>
K = j ( S /'(O , p ) p r f p ) d 0 .
Ct

A fórmula (3) serve para o cálculo de integrais duplos cm


coordenadas polares.

r i : *(y-a)2=a: !J

Fig. 297 Fig. 298

Se sc integrar primeiro sobre 0. depois sobre p, tem-se a fórmula


(fig. 297):
p. «,<p>
(3')

Seja calcular o integral duplo da função f (x, y) sobre o domí­


nio D, sendo este integral escrito em coordenadas rectangulares:

íí / (*, y) d-i dy.


D

Se D é um domínio regular em coordenadas polares 0, p, poder-


-se-á passar nos cálculos às coordenadas polares.

(•) A nossa dedução da fórmula (3) não i rigorosa: cm primeiro lugar


temos feito tender Aj>, para zero conservando A0* invariável, c sòmente depois
é aue temos feito tender AH* para zero. Isto não corresponde completamente
?» definição de integral duplo que consideramos como limite de somas integrais
Quando o maior diâmetro dos domínios parciais tendesse para zeroí aqui seria
preciso fazer tender para zero. simultâncamcntc, AO* e A pj). Entretanto, apesar
desta falta dc rieor, o resultado está certo (isto i, que a fórmula (3) 6 lecítima).
Podcr-se-ia estabelecer esta fórmula rigorosa como para o integral duplo em
coordenadas rectangulares. Indicaremos que será estabelecida também no § 6
partindo de outras considerações (como caso particular da fórmula geral dc
transformação de coordenadas num integral duplo).
Com efeito, tem-se.
j= p c o s Ô , y = p scnfi,

/ (* . y) = /[pcosO, p s e n t í] = / ’ (0, p),

por conseguinte.

y ) d x d y = [ ( $ /[pcosü, p senQ] pdp)dti. (A)

Exemplo— I. Calcular o volume V do corpo compreendido entre a esfera

x* -f y--f s2 = Aa-
c o cilindro

x2 -f y* — 2ay = 0.
Resolução — Poder-se-á tomar por domínio de integração a base do cilindro
x* — 2 ay = isto é. o círculo do centro (0. a) e de raio a. Pode-se escrever
a equaçSo deste círculo sob a forma (y — o )2 — a * (fig. 208).
Calculemos um quarto do volume procurado V (metade está representao
na fig. 298). Tomar-se-á, então, por domínio de integração o semi-círculo definido
pelas equações
x = qp,(y) = 0, x = ( f 2 (y) = ~[/2oy — y2,

y aaO, y»=2a.

A função sob o sinal soma i

z = f ( x , y) = — x2— x/1.
Por conseguinte.

2a \'2ay-y*

Passemos a coordenadas polares 0. p:


x = pcos0, y — p sen 0.

Determinemos os limites dc integração. Para esse efeito escrevamos a


equação do círculo dado em coordenadas polares: como
+ P2.
y - p s e n 0,

tem-se
p2— 2ap sen 0 = 0

ou
p = 2o sen 0.
A fronteira do dominio cm coordenadas polares, escreve-se, pois, (fig. 299):

p = <D,(0)-.O, p = ® 2 ( 0 ) « 2a sen0, a = 0, P =

A função a integrar transforma-se em

r < e .p ) - y c r = p * .
Obtém-se, por conseguinte:
n_ it
2 2ason 0

t -h s
0 0 0
Jl
2
- ~ J { ( 4 a » - 4 a a s c n í0 )* /« _ (4aa)*/«j d0=3

8as P 4
— —g— \ (1 — cos® 0) d0 ==-g-a9 (3 n — 4).

Etemplo — 2. Calcular o integral de Poisson


+00
5 t- ^d x .

Resolução— Calculemos, primeiramente, o integral / / * = \\e ** yí d z d y ,


D

F i g. 299.

sendo o dominio dc integração o círculo (fig. 300)

Passemos a coordenadas polares 0, p:


2ji R 2*
i R= ^ ^ « " pIp dp) d0= ~ y § e pa |á0 —n í 1 - * R ^
0 0 0 ®
Fazendo tender R para infinito, isto 6. fazendo crescer indefinidamente o
domínio de integração, tcm-se

2n <x> 2a R -

0 0 i(S
í (Ç e ' p* p d p ) d 0 = lim í (\' e-p*p dp) dO = lim n ( l — e“ R ) = n.
R—oo ú ft0 R-*oo

Mostremos que o integral J J e xi •'* dx dy tende para cr quando se


D'
alarga o dominio D' de modo que qualquer ponto do plano sc encontre defi­
nitivamente cm D ' «convencionalmente escreveremos D ' —* co).

F i g . 300. F i g . 301.
Sejam R t c R : a maior e a mais pequena distância da fronteira de D '
à origem das coordenadas (fig. 301).
Como > 0 para todo valor, tem-se

rRl< l j •- xt- v' d z d y < i Rt

ou

„ (1 - e - Ri) < j J dx dy < n (1 - e ~ n K

Como D ' — co, tem-se R |-+ co e R 2-*-oo, c os membros extremos


da desigualdade tendem para um só e único limite cr. O mesmo se diga, pois,
do termo intermediário:

lim \\t x~ dx dy = n .
D'-»» (5)
D'

Suponhamos, em especial, que D ' seja um quadrado de lado 2a c dc


centro na origem. Ter-se-á

a o
^ e' -
x i-v- dx dy — J J e~xZ~v* dx dy =
D' —a —a
n n o n
— ^ e~x2e~u‘ dx dy = j" ( ( e~x ie~v* d x ) dy.
Ponhamos fora o factor e yl do integral interno (o que é permitido,
porque não depende da variável de integração x). Tem-se
a o
e~x i~V* dx dy = ^ e—1/i ^ ^ c~xZd x ^ d y .
£>' —o —a

Façamos j e~x‘ dx = Ba. É uni número constante (depende sòmente dc a);


—a
tem-se, pois,
° a
f j «•-**-»'* dx dy = j e"~v*Ba dy = B a [ dy.
D’ —a —a
a
Mas este último integral é também igual a B a ^porque j g~x'd x =
—o
a #
= j c~v* dy j ; por conseguinte,
—a
Ç Ç e-xt~v t dx dy = B aB ^ B \ .
D*
Passemos agora a limite fazendo tendera para infinito nesta igualdade
(D ' alargou-se, então, indefinidamente):
a

lim í 1* e~x,~ v* d x d y - i lim lim [" f ir- ** ==


D'-*or> J J a-*oo o-^x> L J J
D- —o
-H»

-[ •-* ]■ ■
Mas viu-se que (5)

lim f í e *2 v* dx dy — a.
D’—co J J
D'
Por conseguinte.

[ j , - * ■ * ] ’1
—CO
ou
ao
j «t ** dx = y n .
oo

Este integral encontra-se muitas vezes em probabilidades c cm estatística.


Notemos que nos teria sido impossível calcular directamentc este integral, dado
que a primitiva dc e-xt não sc exprime por meio dc funções elementares.
§ 6. Mudança de variáveis num integral duplo
(caso geral)

Consideremos um domínio D do piano Oxy limitado por uma


curva L. Suponhamos que as coordenadas x e y são funções de novas
variáveis u e v:
x = (p(u, v), y = y { u ,v ), (1 )

onde as funções <p(w. v) e ^ (u, v) são unívocas, contínuas e possuem


derivadas contínuas num certo domínio 17 que definiremos no segui­

mento. Corresponde, então, segundo as fórmulas (4) a qualquer par


de valores u e v, um único par de valores x e y. Suponhamos, além
disso, as funções <p e ^ tais que se der a Jt c y valores definidos do
domínio D, lhes corresponde, então, valores determinados dc u e v
segundo as fórmulas ( 1).
Consideremos o sistema de coordenadas cartesianas Ouv (fig. 302).
Resulta do que prcccdc que a qualquer ponto P (x. y) do plano
Oxy (fig. 303) corresponde univocamente um ponto P' (u, v) do plano
Ouv de coordenadas u, v definidas pelas fórmulas (1). Os números u
e v chamam-sc coordenadas curvilíneas dc P.
Sc no plano Oxy o ponto P descreve a curva fcchada L que deli­
mita o domínio D, o ponto correspondente descreve no plano Ouv
uma curva fcchada V que delimita um ccrto domínio D"\ corrcsp3nde,
então, a qualquer ponto de 17 um ponto de D.
Assim, as fórmulas (1) estabclcccm uma correspondência biurivoca
entre os pontos dos domínios D e D', ou. como se costuma dizer,
representam biunivocamente D sobre O'.
Consideremos cm 17 uma recta u = const. Em regra, as fór­
mulas (1) fazem-lhe corresponder no plano Oxy uma linha curva.
Do mesmo modo. corresponderá a qualquer recta v = const. do
plano Ouv uma certa curva no plano Oxy.
Cortemos o domínio D' pelas rectas u — const. e v — const. em
pequenos domínios rectangulares (não teremos em conta os rectângulos
que invadem a fronteira dc V/). As curvas correspondentes do domínio
D cortam este último em quadriláteros curvilincos (fig. 303).
Consideremos no plano Ouv o rectângulo as* limitado pelas rectas
u = const., u + Am = const.. v = const. v -f Av = const. e o quadrilá­
tero curvilínco correspondente a As no plano Oxy.
Designaremos as áreas dos domínios parciais igualmente por As*
e a s . Tem-se. evidentemente,

As' = AuAr.

As áreas As e As' são, em regra, diferentes.


Suponhamos dada em D uma função contínua

z = i ( x , y).

A todo o valor da função z = / (x, y) do domínio D corresponde


o mesmo valor de z = F (u, v) em D', em que

F (u , v) = f[ y ( u , r ) , i;) ) .

Consideremos as somas integrais da função z no domínio D.


Tem-se. evidentemente, a igualdade seguinte:

2 / ( * . i / ) A s = 2 ^ ( Mt *>) As. (2)

Calculemos As, isto é. a área do quadrilátero curvilíneo PjPjPjP»


no plano Oxy (ver fig. 303).
Determinemos as coordenadas dos vértices:

/M *». = v)> yi * = ♦ («. y)-


í/ s ) . x t = <P ( « + A m , V) , t/3 = t|> (u - f A u . r ) , ^

Ps U 3. y3), (“ + Au, v+ A r), y , = ^ (u + Am , r -f - A r ) ,

/ \ ( * « . «/*), x t = «*>(m, r + A r), = * (m , r + A r ) .

Assemelharemos no cálculo da área do quadrilátero PxP7P3Pit


os arcos PXP2, P2P3, P3P«. P.P. a segmentos de rectas paralelas: substi­
tuiremos, além disso, os acréscimos das funções pelos seus diferenciais.
Quer dizer, fazemos abstracção dos infinitamente pequenos de ordem
mais elevada que Au e Av. As fórmulas (3) transformam-se. então, em
x, = <p(uf v),
dtp dt
x2=cp(u, y )4 -^ L A ü , y2= t(«, v) + -^ -A u f
du du

*3= <p(u, p )-f-Í£ A u + ^ Au, y3 (3')


t ( “. u ) + - ^ A u - f - ^ Au,
du au dt?

** = <p(u, u )-f-Í^ A u , y* = t ( “. *>) + -~ A u .


<7u dv
Sob estas hipóteses, o quadrilátero curvilíneo P,PjP*P« pode ser
assemelhado a um paralelogramo. A sua área As é aproximadamente
igual ao dobro da área do triângulo PtPjP*. que se calcula aplicando
a fórmula correspondente da geometria analítica:
A í « |(x3 - x j (í/3 — yz) — (x3 — a*) (y3 - y j =

- I ( * / * + * to)
I \ du dv / dv dv \ du dv J |

ftÜ A i.A p - ftA A « A «


du dv dv du

d(p dtp
dtp dy dt du dv
Au Au = Au Au»).
du dv dv du di|> dt
du dv
Façamos
dtp dtp
du du
= 1.
dt dt
du dv
Por conseguinte.
(4)

O determinante / chama-se determinante funcional ou jacobano


(do nome do matemático alemão Jacobi) das funções <p(u. v) e ^ («. v).

(*) O duplo iraço vertical significa que se loma o valor absolute do


determinante.
A igualdade (4) apenas é aproximada, dado que nos cálculos da
área As desprezamos os infinitamente pequenos dc ordem superior.
No entanto, à medida que as dimensões dos domínios elementares A5
e As' são mais pequenas, mais se aproxima da igualdade. A igualdade
tem lugar quando se passa a limite, tendendo os diâmetros dos domínios
elementares As c A' para zero:

| /| = lim
<IlamAí'-*o As
Apliquemos agora a igualdade obtida ao cálculo do integral
duplo. Em virtude da igualdade (2) pode-se escrever

V, / (x, y) As « y F (u, v) |/ |As

(a soma integral da direita estende-se a D’). Passando a limite quando


As' -> 0, obtém-se a igualdade rigorosa

J J f(x , y ) d x d y = $ $ F (u , v)\I\du dv. (5)


d d'

Tal é a fórmula, de transformação das coordenadas em integral


duplo. Ela permite reduzir o cálculo dum integral duplo num domínio D

F ig . 304 Fig. 305

ao cálculo dum integral duplo num domínio D', o que pode simplificar
o problema. A primeira demonstração rigorosa desta fórmula deveu-se
a M. Ostrogradsky.

Nota — A passagem das coordenadas cartesianas às coordenadas


polares, examinada no parágrafo anterior, é um caso particular de
mudança dc variáveis num integral duplo. Neste caso. tem-se u = 0.
V p‘ ar = pcos 0 , i/ = p«enG-
O arco dc círculo A B(p = pt) do plano Oxy (fig. 304) é repre­
sentado pela recta A'B' no plano OQp (fig. 305). O arco de círculo
DC (p = pi) do plano Oxy é representado pela recta D'C' do plano
OQp.
As rectas A D c BC do plano Oxy estão representadas pelas
rectas A 'D ’ e B'C’ do plano OQp. As curvas L x c L* estão representadas
pelas curvas L\ c L'v
• Calculemos o jacobiano da transformação das coordenadas car-
tesianas x c y em coordenadas polares 0 e P:
dx dx
00 dp — p sen O cos 0

dy Oy pcos 0 sen 0
õQâp
= — p sen2 0 — pcos 2 0 = — p.

Tem-se. pois. |/ j = p e
3 <t*(o)
S S / (x, y) dx dy = J ( J F (0, p) p d p ) dO.
D a <3fi (0 )

Volta-se a encontrar a fórmula esta­


belecida no parágrafo anterior.
Exemplo — Seja calcular o integral duplo

SJ — àxdy
D
em que D 6 o domínio do plano Oxy limitado
pelas rectas

y = « x - f l, y = i — ò, y =
1 , 7
— -77-x f - õ - ,

r — *«+«.
O cálculo directo deste integral é bas­
tante fastidioso, mas uma mudança dc viriá-
veis simples permite reduzir este integral à integração num rectângulo cujos
lados são paralelos aos eixos coordenados.
Façamos
1
u = y—x,
V+T x' 6
( )

Então, as rectas y x + 1. y = x — 3 são representadas, respectivamtnte,


pelas rectas u = 1, u = — 3 do plano Ouv; as rectas „ = _ T1 l +i T
7,
yra—— x-f5 tem por imagens as rectas f — , y=*5.
ô u
O domínio D será. pois, representado pelo domínio rectangular D ' da
figura 3C6. Resta, pois, calcular o jacobiano da transformação. Exprimamos jara
esse efeito x e y cm íimçáo de u e v. Resolvendo o sistema de equações (6),
obtém-se

- T “ + T p; * = T U+ T *
Por conseguinte,
dx Ox 3 3
du dv r t 9 3 _3_
/= 9—
dy dy 1 3 ~ 16 16 4 *
du dv 4 T

e o valor absoluto do jacobiano é |/ I = —


—. Logo
4

j j ( y - z ) d x d V'= j j [ ( 4 - x “ + T t,) “ ( " T u 'f T i,) ] T d u d l’ ;

» J --Vf-uu du d v — — 8.
X )' 7 -3

§ 7. Cálculo das áreas de superfícies


Seja calcular a área limitada por uma curva T traçada sobre
uma superfície (fig. 307); a superfície é dada pela equação z — f(x. y)
onde f (x, y) é continua c possui derivadas parciais contínuas.
Seja L a projecção de T sobre o plano Oxy. Designemos o domínio
do plano Oxy limitado por L por D.

Fig. 307 Fi*. 308

Cortemos arbitràriamente D em n domínios elementares Aj,.


Ajj........ Asn. Tomemos cm cada domínio elementar As, um ponto
arbitrário P , (Ç,, \
]t).
Corresponde ao ponto P t um ponto sobre a superfície

M i [ h , Hit f ( Í i ,
Tracemos o plano tangente à superfície no ponto M Tem por
equação
2 — zt = f x ( h , ^1/) ( * — ê i) 4 - f v ( l i , n < ) (y — % ) (* )

(ver § 6. cap. IX . t. I). Delimitemos sobre este plano o domínio Ao,


tendo Aí, como projecção sobre o plano Oxy. Consideremos a soma
dc todas as áreas correspondentes Aa t

2 Ao,.
í—i
O limite o desta soma quando o maior dos diâmetros dos
tende para zero será, por definição, a área da superfície:
n
li m 2 A o ,. (2)
d la m A o {- * 0 , = 1

Calculemos agora a área da superfície. Designemos por y, o


ângulo entre o plano tangente e o plano Oxy. Sabe-se de geometria
analítica que (fig. 308)
A st = Ao, cos v,
ou '*
As(
Ao,
cos Vi (3 )

O ângulo V, é também o ângulo entre o eixo Oz c a normal


ao plano (1). Tcndo-se cm conta (1) e por aplicação da correspondente
fórmula de geometria analítica, obtém-se:
i
cos Y, = , ■— - -■.
T1.)+/■„*«„ n,)
Por conseguinte. ___________________________
Ao, = V 1 -f fx (£,» 1<)+ /?(Èi. ^í) Aí,.
Substituindo esta expresão na fórmula (2), tem-se:
n _____________________________
o = li m 2 V i + f?(h, *1/) A s,.
d lam A « ,-* 0 l — i

Como o limite da soma integral do segundo membro desta última


igualdade, é, por definição, o integral duplo

ÜJS K 1 + ( dx) r {% ) dx dy> tcm*sc, por fim.

0=íí + +(W dXdy- (4>


Tal é a fórmula que permite calcular a área da superfície z — / (*, y).
Se a equação da superfície é dada sob a forma
x = n(y, z)ouimelhor y = x (*. 2)»

as fórmulas correspondentes do cálculo da área transformam-se cm

& )

onde D' c D " são domínios dos planos Oyz e Oxz sobre os quais se
projecta a superfície dada.

Exem plo — 1. Calcular a área da esfera


+ =
R esolução— Calculemos a área do hemisfério superior

z= y
(fig. 309). Tem-se:
dz x
dx

di
~dV y/TJ-j-í-ya '
Por conseguinte.

n
O domínio dc integração é determinado pela condição

Logo, em virtude da fórmula (4), tcm-sc:

t-S( R

-R
Y r *- x*

1
_ /TTiTii
Para calcular este integral duplo, passemos a coordenadas polarc*.
A equação da fronteira do domínio de integração torna-se, então, cm p = R.
Por conseguinte,
2n R 2,1 ^
_ 2 ^ ( [ ____ £ = - p d p ) d0 = 2 f l ^ ( - V « * ^ ) f dQ = 2fí\ /ld 0 = 4 n fi* .
j VJ y * * - P* > j i

2n
= 2H f R d O ^ 4ni?».
Õ
Exemplo — 2. Achar a área da parte do cilindro

xi -{-yi = ai
cortada pelo cilindro
* * 4-2* = a2.

Resoluçòo — Na figura 310 tem-se representado a oitava parte da super­


fície em questão. A equação da superfície 6

V = V « * — x*,
donde
dy * ày
dx y ã * — x1 ’ di *

/ ‘H W
O domínio dc integração 6 o quarto de círculo da equação
- •
* * + = * < : a3, x > 0 , j> 0 .
Por conseguinte.

1 P / * 1 Y^ Tt

T - j( J jv jfc ü I —
a

= a ^ <fx = a*, o = 8a>.


0
§ 8. Densidade de distribuição de m atéria e integral duplo
Suponhamos, distribuído num domínio D uma certa matéria,
de modo que cada unidade de área deste domínio contenha uma certa
quantidade desta matéria. Falaremos no seguimento da distribuição
de massa, se bem que os raciocínios que sc seguem, sejam válidos
quando se trata dc distribuição de carga eléctrica, de quantidade de
calor. ctc.
Consideremos um elemento dc área arbitrário As do domínio D.
Seja A m a massa da matéria distribuída sobre este elemento. Chama-se.
então, à relação densidade superficial média da matéria no
domínio As.
Suponhamos agora que a área A.ç se enccrra cm volta do ponto
P(x, y). Consideremos o limite lim V - • Sc ele existir, dependerá.
A*-»0 As
cm regra, da posição do ponto P. isto é. das coordenadas x e y.
É. pois. uma função f (P) do ponto P. Chamaremos a este limite den­
sidade superficial da matéria no ponto P:

lin, 4 ^ = /(P) = /(*. »)• (i)


As—O As
Assim, a densidade superficial é uma função f (x, y) das coorde­
nadas do ponto considerado no domínio.
Inversamente, supomos dado no domínio D a densidade super­
ficial duma certa matéria como funcão continua i (P) = f (x. vV. pede-sc
para determinar a quantidade total de matéria M contida cm D.
Cortemos o domínio D em áreas parciais Ast (i = 1, 2, . . n) c
tomemos em cada área um ponto P t ; / (P {) representa, então, a
densidade superficial no ponto P,
O produto / (p t) As( representa, então, a menos dc um infini­
tamente pequeno dc ordem superior, a quantidade de matéria contida
na área As,, e a soma

S/(P|) A».
i“ í
exnrimc aoroximadamente a auantidade total dc matéria distribuída
no domínio D. Ora. é uma soma inteeral para a função f (P) em D.
Obtém-se um valor exacto passando a limite quando
Por conseguinte (*),
M = lim Y 'f { P í) S s l = ] \ f(P )d s = \ \ f{ x ,y )d x d y , (2)
A í , —O i— 1 D D

(•) A esprrssSo As, -*■0 significa, aqui. que o diâmetro do elemento de


área A í, tende para zero.
isto é. que a quantidade total de matéria no domínio D é igual ao
integral duplo sobre D da densidade / {P) = f (x. y) desta matéria.

Exemplo — Determinar a massa duma placa circular de raio R , sabendo


que a densidade superficial f(x , y) do material em cada ponto P (x. y) 6
proporcional ã distância do ponto (x. y) ao centro do círculo:.

/(x , y ) - k y x í - r y í .
Resolução — De acordo com a fórmula (2). tem-se:

M = ^ k V x « - f y~ dx dy.
D

onJe o domínio de integraçSo D 6 o círculo x2-f-y2 tf2.


Passando a coordenadas polares, obtém-se:

2n R li
p p d p j dQ = À '2 .*i

0 0
§ 9. Momento de inércia duma figura plana

Chama-se momento dc inércia / dum ponto material M dc


massa m em relação a um ponto O ao produto desta massa rn pelo
quadrado da distância r do ponto M ao ponto O:
/ = /nr2.

O momento de inércia dum sistema de pontos materiais m„


m2, .... mn em relação a O é a soma dos momentos dc inércia
dos diversos pontos do sistema:
n
/ = £ y

Determinemos agora o momento dc Vi


inércia duma figura material plana D.
Suponhamos D contido no plano Oxy.
Determinemos o momento de inércia desta
figura cm relação à origem O supondo a
densidade supcrfcial constante e igual à
Fig. 311
unidade.
Cortemos D em áreas elementares AS'i (i = 1. 2.......n) fig. 311).
Tememos em cada elemento dc área um ponto P t de coordenadas
i),. Chamamos momento de inércia elementar A / f da área A a o
produto da massa AS, pelo quadrado da distância r] = -! rj?:

A/, = + ,,“) AS,


e formemos a soma dc tais momentos:

Í K U + i S a s ,.
i= l
Ela define uma soma integral para a função / (x, y) = x2 4- y2
no domínio D.
Definamos o momento dc inércia da figura como limite desta
soma integral quando o diâmetro de cada elemento A S t tende para zero:
n

d ia m a s ,-* o / — í

Mas o limite desta soma é o integral duplo í í (x* + y3) X dx dy.

Por conseguinte, o momento de inércia da figura D. em relação à


origem das coordenadas, é

Io= í í ( J + if id x d y , («>
D

sendo D o dominio definido pela figura plana dada.


Os integrais
!x x = \ l y2dx dy, (2 )
D

fvv = íí * 2 dx dy (3 )
D

chamam-se. respectivamente, os momentos dc inércia da figura D em


relação aos eixos Ox c Oy.
Exemp!o — 1. Calcular o momento dc inércia do círculo cheio D dc
raio R em relação ao ssu centro O.
Resolução — Segundo a fórmula (I), tem-se:

D
Pj<vindo a coorJrnadas pobres 0. p. a equação deste círculo trans*
form3-sc cm
p = /? .
Logo

' 0- j ( j P2P<*P) d0 — .
0 0
Nota — Sc a densidade superficial y não é igual à unidade mas
é uma funcão de x e y. isto é. y = y (x. y). a massa dc área será
igual, a menos de um infinitamente pequeno dc ordem superior, a
Y ( ii, rif) AiV| e o momento de inércia duma figura plana cm relação
à origem se transforma em

/ o = S S ? (* . y) (** + f id x d y . (!')
D

Exemplo — 2. Calcular o momento dc inércia da figura material plana D


limitada p;las curvas x ; x » 0 , y = 0 cm rclaçfo ao eixo Oy, sabendo
qu ; a dmsidaJc superficial em cada ponto é igual a y (fig. 3I2).

Resolução.
i y'i—:
**¥*
dx =

xt < i- x )JI = ± .

Elipse de inércia — Determinemos o momento de inércia duma


figura plana D em relação a um certo eixo O L passando por um

ponto O que tomamos para origem das coordenadas. Seja <p o angulo
formado pela recta O L com a direcção positiva do eixo Ox (fig. 313).
A equação normal da recta O L é

x sèn <p — y cos <p = 0 .

A distância r dum ponto qualquer M (x. y) a esta recta é igual a


O momento de inércia I da figura plana D em relação à recta O L
é. por definição.

/ = ÇJ rdx dy = $$ (x s è n if . — y co» q>)~dx dy =


I) d

= sen2 <p $ J x1 dx dy — 2 sen <pcos <p J J xy dx dy + cos2 <p J J y~dx dy.

Por conseguinte,
/ = / V(/ sen2 q>— 2 / xy sen <f cos <p -f / « cos" q , (4)

onde / r/y = J J x2 dr dy é o momento de inércia da figura em relação


D
ao eixo y c í xx = J J y2 dx dt/ o momento de inércia em relação ao
D
eixo x; pusemos, além disso, í xü = \J xy dx dy. Dividamos todos os

termos da igualdade (4) por /; obtém-se:

Tomemos sobre o eixo O L um ponto


A (X . n tal que

O A - X .
Vi
Corresponde a diversas direcções OL,
isto é. a diversos ângulos diversos valores /
e logo diversos pontos A. Procuremos o lugar geométrico dos pontos A.
Obtém-se. evidentemente,

Xv 1
= —scos <p, v 1 sen m.
) = —=
V i V í
Em virtude da igualdade (5). as quantidades X e Y estão ligadas
entre si pela relação
I = U X - > h uX Y + / B ÍV'2. (6)
O lugar geométrico dos pontos A (X. V) é, pois, a curva do
segundo grau (6). Mostremos que é uma elipse.
Tcm-sc a igualdade seguinte, chamada de Bouniakovsky (*)
(matemático russo):

( J í x y d x dy )i < ( J J x2d* dy) (J J yz dx dy)


D D D
OU

Ixxlyy
0* Ixy
Assim, o descriminante da curva (6) é positivo, o que mostra
que é uma elipse (fig. 3I4). Chama-se elipse de inércia. A noção de
elipse de inércia é fundamental em mecânica.
Notemos que os comprimentos dos eixos da elipse dc inércia c
a sua disposição no plano dependem da forma da figura plana dada.
Como a distância da origem das coordenadas a um ponto arbitrário A

(•) Para demonstrar a desigualdade de Bouniakovsky, consideremos a


desigualdade evidente:

j j l/(*. U)— *?(*. y)|*rfxdy>0,

onde X é uma constante. A igualdade não é possível senão quando f(x , y ) —

- \<p (x. y) = 0, isto <f. sc / (x, y) = Xv (x. y). Sc s; suposer que ^ y - y ^ const=^»

ter-sc-á sempre uma desigualdade. Obtém-se, pois, desenvolvendo os parêntesis


sob o sinal de integral:

i /* ( * . y)dxdy — 2X $ Ç /(x, y)ip (x, y) dxdy-f-


D D

+ I S <P2 (x, y) dx dy > 0 .


D

Consideremos a expressão do primeiro membro como função de X. Ê um


polinómio do segundo grau que não sc anula: as suas raízes são, pois, com­
plexas, o que implica que o descriminante formado com os coeficientes do
polinómio do segundo grau é negativo, isto é, que

(5 J f < ? d z d y Y — J J 1 * d x d y [ J <pa d x d y < 0


D D D

ou ( \j H d i d y y < j j P dx dy j j ^ d x d y .

Ê a desigualdade ds Bouniakovsky.

N o nosso caso, / (x, y) = z , <f ( r , y ) ~ y , — # const.

A notável desigualdade de Bouniakovsky intervém, constantemente, cm


matrmáticas. Em muitas obras chama-se injustamente desigualdade de Schwarz.
Bouniakovsky publicou-a (bem como outras desigualdades importantes) cm 1859
e Schwarz em 1875.
da elipse é igual a onclc 1 & 0 momento dc inércia da figura

relativamente ao eixo O A, ao construir-se a elipse, calcula-se fàcilmente


o momento de inércia da figura D cm relação a uma recta qualquer
que passe pela origem das coordendas. Em particular, é fácil de ver
que o momento dc inércia da figura é minimo em relação ao eixo
maior da elipse e máximo em relação ao eixo menor.

§ 10. Coordenadas do centro de gravidade duma figura plana

Indicamos no § 8 do capítulo X II (tomo I) que as coordenadas


do centro de gravidade do sistema de pontos materiais Pu Pz....... P n
de massas m u m 2....... m n eram dadas pelas fórmulas

x c ---- ^ — v ’ ' '


z mi Z mi

Determinemos agora as coordenadas do centro de gravidade duma


figura plana D. Cortemos estas figuras em áreas elementares muito
pequenas A S t. Se se suposer que a densidade superficial é igual à
unidade, a massa do elemento parcial será igual à sua área. Além
disso, se se suposer, em primeira aproximação, que toda a massa da
área elementar A S t está concentrada em qualquer um dos seus pon­
tos P t (£,, t],), podcr-sc-á assemelhar a figura D a um sistema de
pontos materiais. Em virtude das fórmulas (1) as coordenadas do centro
dc gravidade da figura serão, então, determinados aproximadamente
pelas igualdades:

| U , A S,
* i- n ; ÜC 5 8 i!„ ■

2 a s, 2 as,
<=i i—i

No limite, quando &St -*■0, as somas integrais dos numeradores


e dos denominadores definem os integrais duplos e obtemos fórmulas
exactas para o cálculo do centro de gravidade duma figura plana:
Estas fórmulas, que foram estabelecidas para uma figura plana
de densidade superficial igual a um, subsistem para uma figura cuja
densidade fosse uma constante y.
Se a densidade superficial é variável:

Y “ Y (*. í/).

as fórmulas correspondentes tomam, então, a forma

5Sv (*. y ) x dx dy
D
SD5 y (*• y)yd xd y
yc
SI Y fo y)dxdy 9■ ~ J J y (*. y) dx dy
D D

As expressões
M v = S I Y (*. y )x dx dy

M x= JJ y (x , y) y d x d y
D

são chamadas momentos estáticos da figura plana D cm relação aos


eixos Oy e Ox.
o integral J J y (x , y) d x d y exprime a m assa da figura considerada.

F i g. 315.

Exem plo — Determinar as coordenadas do ccntro de gravidade dum quarto


de elips: (fig. 315)

-íii+TT - 1

supondo a densidade superficial igual a 1.


Resolução — S:gundo as fórmulas (2):

xdy^dx A y a t — x-í x dx

§ 11. Integrais triplos


Consideremos um domínio V do espaço limitado por uma super­
fície S. Seja / (x, y, z) uma função em que .v. y, z são as coordenadas
rectangulares dum ponto do espaço, definida e contínua em V c sobre
a sua fronteira. Para fixar ideias. quando f (x. y, z ) > 0. poder-se-á
supor que esta função representa a densidade de distribuição duma
certa matéria em V.
Cortemos o domínio V arbitrariamente em domínios parciais Av(,
onde representará igualmente o volume do pequeno domínio cor­
respondente. Tomemos um ponto arbitrário P , em cada e designe­
mos por / ( p t) o valor da função f nesse ponto. Formemos a soma

e aumentemos o número de domínios parciais Avt de modo que os


seus diâmetros tendam para zero (*). Se a função f(x. y. z) é contínua,
o limite das somas integrais ( 1 ) existe (dá-se aqui. ao limite, o mesmo
sentido que para os integrais duplos '(**). Fste limite, que não depende
nem do modo da divisão do domínio V nem da escolha dos pontos P {,
é desisnado pelo símbolo J J J / (P) dv e chama-se integral triplo.

(•) Chama-se diâmetro do domínio Av{ à maior distância entre os pontos


da sua fronteira.
(•*) NSo demonstraremos este teorema dc existência do limite das somas
integrais (teorema de existência de integrais trinlos) que tem lugar para qualquer
funçáo contínua num domínio fechado V (compreendendo a fronteira).
Tem-se, então, por definição

(2)
Sc se considera que / (jr. y. z) é a densidade especial da distri­
buição duma matéria num dominio V, o integral (2) dá a massa de
toda a matéria que se encontre cm V.

§ 12. Cálculo dos integrais triplos


Suponhamos que um domínio espacial (tridimensional) V limitado
por uma superfície fechada S goza das seguintes propriedades:
1. Qualquer paralela ao eixo Oz que passe por um ponto interior
(isto é. não tangente ã fronteira S) de V corta a superfície 5 em dois
pontos;

z Z'<p(i,y)

F i g. 316. F i g. 317.

2. Todo o domínio inteiro V tem por projecção sobre o plano


Oxy um domínio regular D (a duas dimensões);
3. Qualquer parte de V obtida cortando V por um plano paralelo
a um plano dc coordenadas quaisquer (Oxy, Oxz. Oyz) goza igualmente
das propriedades I. e 2 .
Um domínio com três dimensões que goza das propriedades indi­
cadas, dir-se-á regular.
Tais são, por exemplo, a clipsoide. o paralelipedo recto, o tetrae-
dro. etc. Dá-se um exemplo dc domínio irregular a três dimensões na
fig. 316. Neste parágrafo, apenas consideraremos domínios regulares.
Suponhamos que a superfície que limita o dominio V tem por
equação na sua parte inferior z = x (*• y) e na sua parte superior
z = t(x , y) (fig. 317).
Vamos dar um processo de cálculo de um integral triplo / v
num domínio V para uma função dc três variáveis / (x, y, z), definida
e contínua em V. Suponhamos que a projecção D e V sobre o
plano Oxy é limitado pelas curvas

y = <£,(*), y = (fr(z), x = a, x = b .
Tem-se, então,
& *:<*) t(xf v)
^ v = S I í l $ / (* , y, z)dz\dy\dx. (í)
a x(x. v)

Observemos que após integração em relação a z e substituição


dos limites nos parêntcsis de (I), obtém-se uma função de x c y.
Resta, então, um integral duplo sobre D que
se sabe integrar,.
Consideremos um exemplo de cálculo dum
integral triplo.

Exemplo — I. Calcular o integral triplo da


função f(x . y, z) =xyz no volume V limitado pelos
planos
x = 0, y = 0, 2= 0, x-f-y -f-z= 1.

Resolução — Este domínio é regular, fi lim i­


tado superiormente c inferiormente pelos planos
z = 0 e 2 = 1 — z — y e a sua projecção sobre o
p!ano Oxy é um domínio regular D que 6 o
triãnçulo limitado pelas rectas x = 0, >• = 0, y = I — x (fig. 3Í8). Por conseguinte.
l- x - V

Introduzamos os limites dc integração no integral duplo sobre o domínio D :

1 l- x l- x - y

/y ~\ { J [ Í xVz **\dV} dx =

1 t -X jm l-x -y

0 0 i —O
t-x

« lo o
Consideremos agora algumas propriedades dos integrais triplos.
Propriedade — 1. Se se cortar o domínio V em dois domínios
V i e V, por um plano paralelo a um plano de coordenadas quaisquer,
o integral triplo em V é a soma dos integrais triplos em Vx e V3.
A demonstração desta propriedade é análoga cm todos os pontos
dos integrais duplos. Não há lugar. pois. a repetição.
Corolário — Qualquer que seja a divisão do domínio V cm
número finito de domínios Vu V2....... Vn , tem-se

/ v = / V , + / v , +

Propriedade — 2. (Teorema sobre a avaliação dum integral triplo).


Sendo m e M o mínimo e máximo valor de / (*, y, z) em V, tem-se
a igualdade

onde V è o volume do domínio dado e I v o integral triplo de i(x , y, z)


em V.
Demonstração — Calculemos, cm primeiro lugar, o integral interno
W*, v)
no integral triplo I v = J J J / (x, y , z) dz\ do :
' d x (x . v)

♦> <jc.
S <x. y) < Cjc. y ) * <*, v)

* (*, y)
= Mz | = M (*. y ) - x (*. y)]*
Xv>
O integral interno não é, pois. superior à expressão M [^(x , >’) —
— x (*. >')]• Por conseguinte, em virtude do teorema do § 1 sobre os
integrais duplos, obtém-se (designando por D a projecção de V sobre
o plano Oxy):
♦ (x, y)

I r = J{ [ J /(x, y, z) dz d a < J J M [ $ {x, y) —

- x (*. y)l do = m SS[t (*. y) — x (*. «/)]da-


D
Mas este último integral duplo é igual ao volume do domínio
compreendido entre as superfícies z = x (*■ y) c z = *f>(x, y). isto é.
ao volume do domínio V. Logo. tem-se
ly < MV.

Demonstra-se duma maneira análoga que I v > mV. A proprie­


dade 2 está. assim, demonstrada.
Propriedade — 3. (Teorema da média). O integral triplo I v duma
função contínua f (.r. y. z) num domínio V é igual ao produto do
seu volume V pelo valor da função num certo ponto P do domínio:
b (x> t ( x , y)

/v = S( 5 I í l{ x , y, i) d i] d y ] d x = f ( P ) V . (2)
a (*) y)
A demonstração desta propriedade é análoga à da propriedade
correspondente dos integrais duplos [ver § 2. propriedade 3. fórmula (4)].
Podemos, agora, demonstrar o teorema sobre o cálculo dos integrais
triplos.
Teorema — O integral triplo duma função f (x. y, z) num domínio
regular V tem por expressão
b q?i(x' Wx, I / )
í $ í / ( * . V* í ( J 1 S f{ x ,y ,z ) d z \ d y \ d x .
V’ <1 qjiür) x<a\y)
Demonstração — Cortemos o domínio V por planos paralelos aos
planos de coordenadas cm n domínios regulares:
Av2, Avn.
Designemos, como acima, por I v o integral triplo de / (x, y. z)
cm V e por / Ac< o integral triplo desta função no elemento dc
volume Ai>,. Pode-se escrcvcr. cm virtude da propriedade 1 (do seu
corolário):
I v = / ACl-}- / A 0l -f- Arn- (3)

Transformemos cada termo do segundo membro, segundo a


fórmula (2):
J v = j ( P {) Avt + /(/>*) Ai* + • • • + / (Pn) A vnt (4)

onde l*i é um ponto de Avt.


Tem-se. no segundo membro desta igualdade, uma soma integral.
f(x. y. z) é. por hipótese, uma função contínua no domínio V e o
limite desta soma. quando o maior diâmetro dos Avt tende para zero.
existe e define o integral triplo dc f (x. v. z) em V. Obtém-se. pois,
passando a limite na igualdade (4) quando o diâmetro Avx 0:

Ar ** í íí / (* , y , z) d v ,
v
ou seja, ainda,
b <p*(x) ♦ (x . y )

H í /(*. y1 z)dt;=íl J f J f ( x , y , z)d z\ d y ]d x .


V o ç ,(i) X^*« 0*

O teorema está demonstrado.


Aqui z = x (*• y) c Z = $ (x. y) são equações das superfícies que
limitam o domínio regular V inferiormente e superiormente. As curvas
y — (*). y = f 2 W . x = a, y = b delimitam o domínio D. projecção
dc V sobre o plano Oxy.

N o ta— Tal como para os integrais duplos, pode-sc formar inte­


grais triplos com ordens diferentes de integração em relação às variáveis
e com outros limites, sc porventura a forma do domínio o permitir.

F i g. 319.

Cálculo do volume dum corpo por meio dum integral triplo — Se


a função a integrar é f (x, y, z) = 1. o integral triplo no domíniD V
exprime o volume V deste domínio:

V = JJJ d x d y d z. (5)
v

Exemplo — 2. Calcular o volume do elipsóide

- £ Í- J íÍ_ il i
ai 62 c*

Resolução — O elipsóide (fig. 319) é limitado inferiormente pela superfície

z = — c 1 / 1 — — ____ __ e superiormente pela superfície z > = c | / l — __ J '" . .


V a2 6® r a* i/2

A projecção deste elipsóide sobre o plano Oxy (domínio D ) 6 a elipse £ _ j. J L = \m


a2 6S
Tem-se, pois, reduzindo ao cálculo dum integral triplo:

o
dz I dy
I í
*» y*
^ v Z % \ - V "05 tT

=2í 5 dx.

Quando se calculala o integral


intcgi interno considera-se x constante. Façamos
a mudança de variável

= b 1— sen t, dy = b j / 1— cos / dt.

a
A variável y vai de — b V 4]/ n
l - ^ - . P O i » ' « r i » de — 2

_fL # Substituindo estes novos limites no integral, obtém-se:


n

X&J/ 1— cos ldt~^ dx=- 2cb j £ ( 1 — ^ J . ) j cosS/d/Jdx


—a » n
2
a
Anabe
j (*2-x*) dx -
a*

Assim,

Sc a = b = c. obtém-se o volume da esfera:

§ 13. Mudança de variáveis num integral duplo


1. Integral triplo em coordenadas cilíndricas — Chamam-se coor­
denadas cilíndricas aos irês números 0, p , z que definem a posição
num ponto P do espaço, sendo 0 e p as coordenadas* polares da pro-
jecçào do ponto P sobrc o plano Oxy e z a cota dc P. isto é. a sua
distância ao plano Oxy tomado com o sinal mais se o ponto se encontra
acima do plano Oxy c com o sinal menos no caso contrário (fig. 320).
Corte*sc o dominio espacial dado V em volumes elementares
pelas superfícies de coordenadas 0 = 0 *, p = pj, z = zk (semi-planos
que contêm o eixo Oz. cilindros circularcs dc eixo Oz. planos perpen­
diculares a Oz). Um volume elementar é. então, um «prisma» curvilíneo
(representado na fig. 321). A área da base deste prisma é igual, a menos

de um infinitamente pequeno de ordem superior, a pA0Ap, sendo a


sua altura Az (omitimos os índices /, k para abreviar a escrita). Tem-se,
pois. A r — pA0ApAz. O integral triplo da função F (0. p . z) no domí­
nio V escreve-se. então.

J VÍ I ^ ( 0 . P ’QpdQdpdz. (1)
Os limites de integração são determinados pela forma do domínio V.
Se o integral triplo dc f (x. y. z) é dado em coordenadas rectan-
gulares, é fácil dar a sua expressão em coordenadas cilíndricas. Com
efeito, tendo em consideração que

x = p cos0 ; y = p sen 0 ; z = z,
obtém-se:
J J $ / (*. y. z) dxày dz = J J J F(Q, p, z) p dO d > dz,
v y
onde
/(pcos0, psen 0, z) = F{Q, p, z).
Exemplo — Determinar a massa M dum hemisfério de raio R t de
centro na origem das coordenadas, sabendo que a sua densidade F é propor-
porcional em cada ponto (x, y, z) à dist&ncia deste ponto à base: F = kz.
14
R esolução — A equação d o hemisfério superior

z ^ Y f í a _ ,a _ „ a
cscrcvc-se c m coordenadas cilíndricas

Por conseguinte,
VR*-p*
| kz ds ) p d p J d 0 ■

-W
2j; R

“5“ | p dp] j [ j Y (^* — P*) Pdp] <*6=

2n
_ k r r /?* «4 -| * ** knfíA
L~2— r j ^ T T 2" — —

2. integral triplo em coordenadas cilíndricas. — Em coordenadas


esféricas, a posição dum ponto P no espaço é definida por três números

Fig. 322 Fig. 323

0. r, f em que r é a distância do ponto à origem das coordenadas,


chamado também raio vector do ponto. <p o ângulo entre o raio vector
e o eixo Oz c 9 o ângulo entre a projecção do raio vector sobre o
plano Oxy e o eixo Ox calculado no sentido trigonométrico (no sentido
contrário dos ponteiros de um relógio) (fig. 322). Tem-se. para qualquer
ponto do espaço:
0 ^ r < C o o , 0 < <p< J i ; 0 - ^ 0 < 2ji.
Corlemos o domínio dado V em elementos Av por superfícies
dc coordenadas r = const. (semi-plano que passa pelo eixo Oz). A menos
dc um infinitamente pequeno de ordem superior, pode-se considerar que
o domínio elementar Av é um paralelepípedo de arestas A rt rA<p,
rscnvA0. O volume elementar exprime-se, então, (ver fig. 323):
Ay — r2sen <j Ar A0 A<p.

O integral triplo da função F (0. r, <p) no domínio V, escreve-sc

1 — J J J F ( 0, r, (fj^s e n cpárdOdip. (1 ')


v’
Os limites de integração são determinados pela forma do domínio V.
Deduz-se, fàcilmcntc. da figura 323. as expressões das coordenadas
cartesianas em função das coordenadas esféricas:

x — r sen <pcosO,
y = rsen q: senO,
z — rcosq).

A fórmula que permite passar de um integral em coordenadas


cartesianas a um integral em coordenadas esféricas é, pois,

í í í / ( * . y. z) dx dy dz =
v
= í í í f[ r <Pcosd, r sen sen 0, r cos cp] r2sen (p dr dO dy.

3. Mudança das coordenadas gerais num integral triplo — A pas­


sagem de coordenadas cartesianas para coordenadas cilíndricas ou
esféricas num integral triplo é um caso particular da transformação
geral das coordenadas no espaço.
Suponhamos que as funções

x = <p(u, t, w),

y = \|?(u, t, w ),

2 = X (“ » w)

representam biunivocamente o domínio V em coordenadas cartesianas


x, y. z no domínio V' em coordenadas curvilíneas u, t e w.
Suponhamos que o elemento de volume Av do domínio V é
representado pelo elemento Av' do correspondente domínio V* e seja
Av
EntÍ0' J J $ / ( * , y, 2) dxdydz —
v
*. “>)• * ( « • <* *)• X(«*. w)]|/|dud*<to.

Do mesmo modo que para os integrais duplos, aqui ainda /


se chama jacobiano da transformação; do mesmo modo que para os
integrais duplos, mostra-se que o jacobiano está representado pelo
determinante de terceira ordem:

dx dx dx
du dt dw

ày ày ày
/ =
du dt dw
dz dz dz
âu dt dw

Assim, no caso de coordenadas cilíndricas:


x = pcos 0, y = psenO, 2 = 2 (p = u, 0 = t, z = w ) ;
cos0 — p sen 0 0
I = sen 0 pcos 0 0 = p.
0 0 1
Em coordenadas esféricas:
x = rsen <pcos0, y = r sen <p sen0, 2 = rcosq) (r = u, <p — t, 0 = w) ;
sen <pcos0 r cos <pcos0 — r sen (psen 0
/ = sen <psen 0 rcos<psen0 rsen <pcos0 = r~sen<p.
cos <p — r sen 9 0
§ 14. Momento de biércia e coordenadas do eentro
de gravidade dum corpo
I. Momento de inércia dum corpo — Os momentos de inércia
dum ponto material M (x, y, z) de massa m em relação aos eixos
coordenados Ox, Oy, Oz (fig- 324), exprimem-se, respectivamente, pelas
fórmulas r , 2
/x* = (y -f z ) m,
J vy « . ( * * + z2) m , / „ = ( x 2 - f y2) m .
Os momentos de inércia dum corpo exprimem-se pelos integrais
correspondentes. Assim, o momento dc inércia dum corpo em relação
ao eixo Oz exprime-se pelo integral l zz =s J J J (x* + y*) x y ( x.

y, z) dx dy dz, onde y (jc. y. z) é a densidade da matéria.


E x e m p lo — I. Calcular o momento de inércia dum cilindro circular recto
de altura 2h e dc raio R em relação a um di&metro da sua secçâo média,
srndo a densidade y, constante.

Fig. 324

Resolução — Escolhamos um sistema de coordenadas como se segue: iden­


tifiquemos o eixo Oz com o eixo do cilindro e tomemos a origem no centro
de simetria (fig. 325).
O problema reside em procurar o momento de inércia do cilindro em
relação ao eixo Ox:
^XX “ J Í J (í/2 + * a) Yo dxd yd x.
v
Passemos a coordenadas cilíndricas:
2 ji R h

/** = Yo | { í [ í (*2+ P2 * n* « ) * ] p * } á6 =
2n R

= Y° \ { f [-=^-4-2Ap*8en* o j p d p j d0 =

^ [| w + .
2. Coordenadas do ceníro de gravidade dum corpo — Tem-s
fórmulas análogas às do centro de gravidade das figuras planas dadas
no § 8. cap. X II. tomo I;

í v_____________________
S J *Y (*. y> z) dx dy dz .
xr =
S $5 Y (*. y, 2) dx dy dz '
J H yy(x, y, z) dxdydz
v_____________________ ,
Uc IS Í Y (x, y, z) dx dy dz'

ÍSS*Y (x, y, z) dxdydz


Zr =
v___________________
J vJS y(x, y , z) dxdydz

onde y (x, y, z) t a densidade.


Exem plo — 2. Determinar as coordenadas do centro de gravidade da
metade superior duma esfera de raio i? e de centro na origem. Considera-se
constante a densidade y«.

R esolução O hemisfério é limitado pelas superfícies

x«= y / í t - x * ^ 2, *=. 0.
A cota do centro de gravidade é dada pela fórmula

J J I *Yo dx dy dz

J J J YO dx dy dx
V
Passando a coordenadas esféricas, tem-se:

2n 2 R

« W S r cos <pr2 sen <p dr J dy j d0

JT
2a 2 R
Yo r- sen <p dr J d<p j de

8
Em virtude da simetria do hemisfério, tem-se, evidentemente, xc = yc = 0 .
§ 15. Integrais que dependem dum parâm etro

Consideremos o integral seguinte, dependendo do parâmetro a:

/ ( « ) = f /(* , a)dx.
a

(Considerámos tais integrais no § 10, cap. X I, tomo I). Indiquemos


sem demonstração que se a função / (x, «) é contínua cm relação a x
no segmento [a, b] e em relação a a no segmento [<*i, a2], a função

/ ( « ) — ! / (x, a) dx
a

é contínua no segmento [<*,. aa]. Poder-se*á, pois. integrar a função / (a)


cm relação a a no segmento [alt « J :

J / (a) da = J ( J / (x, a) dx )da.


a, at a

A expressão do segundo membro 6 o integral duplo de / (jc, a)


no rcctângulo correspondente do plano Oxy. Pode-se inverter a ordem
dc integração:

J ( S / t e , a )d x ) d a .= [ ( J f ( x, a )d a )d x ,
<xt a a a,

o que mostra que basta integrar em relação ao parâmetro a sob o


sinal soma. Esta fórmula serve também para o cálculo de certos inte­
grais definidos.
Exemplo — Calcular
a>
f g - a x __f - ( x
J ---- ----- dx ( a > 0, í»)>0).
0
N ão sc sabe calcular este integral por meio de funções elemenures.
Mas partamos do seguinte integral, fácil de calcular:
OO
j •-“* * - 4 - ( « > 0)

Integrando esta igualdade de a = a a a = b, obtém-se:


Mudando a ordem dc integração, no primeiro membro, tem-se:
00 b
b

0 a
Calculando o integral entre parêntesis rectos, obtém-se:

0
Exercício*
Calcular os integrais (•):
1 2
1. í \( * + y * ) d x d y . Resp. A .
0 1

2- j3 í1 F + T F '
2 * VÜ
3. j ^ x ydx dy. Resp. 15
^ .
1 *
2n a
4. j \ r dr dO. Resp. -j- na2.
0 a sen 0
a *
_ (* f x d y d x _ na , 1
s- j J l 5 + Í T - R«P-— aarctgT .
0 —
a
a 2y
2i
6. ^ J xydxdy. Resp. .
Ô v-a
n_

Mi
b 2
3
p dO dp. Rcsp. - - nb*.

(•) Como indicamos mais acima, a ordem de integração em


N L

J f / (*, V) d x d y é a dos diferenciais, isto é, que


Aí K s L N L

\ I '«*■ g ) d x d y ~ j ( j / (x, y ) d * ) dy.


A# K M K
Definir os limites de integração para o integral j" / (x, ij) dx dy, sendo
. O
o domínio limitado pelas curvas:

3 '►
8. i = 2 , i = 3 , y = — 1, y = 5. Resp. f j /(x , y)d y d x .
2 -l
1 1 - A .Í

9. y = 0, y« =l — x*. Resp. j Ç f (x, y) dy dx.


-1 *0
a V 'a 2 - . t 2

10. x*4-y« = a>. Resp. j ^ / (x, y) dy dz.


-o _ l a*TT*
2

2 f i+X*
1 !* • ? = **• R«*P f f / ( * . y)dyd x .
-1 *«
a j/4-2a
12. y = 0, y = <», y *=x, y = z — 2a. Resp Ç Ç / (z, y)dxdy.
o v

Inverter a ordem de integração nos seguintes integrais:

2 4 4 2

, 3 - f j / ( x . y ) d y d i. Resp. f Ç /(x , y)d zd y .


1 3 3 *1

1 *7 1
**• \ j / ( * . y) dy dz. Resp. | j' / (x, y)dx dy .
0 X* Ò JT*
o V 2av-y» a a

15* J J / ( * , y )d x d y . Resp. ) ^ / ( x, y) dy dx.


0 0 0a-V5Ín3
1 V 1 -x* 1

16, J 1 / ( * . y) dy dx. Resp. \ ^ /(x , y)dx dy .


- 1 0
i i- v o Y T ^i

17‘ J J / ( * . y) dx dy. Resp. j f / (x, y )d y d x +


o -i o
1 1— X

+ j Ç / (r, y) dy dx.
Calcular os seguintes integraispassando a coordenadas polares:
____ n_
a /o *- ** 2 a
18* 1 i ~^a' ~ z2—y2dydx. Resp. Ij* f ~[/a-— p3pdp d0 •* a3.
0 0 0 0
_______ n
o Va*—1/3 2 a
na*
19. j (i* -}- ys) dx dy. Resp. j* j p 3 d p d 0 = -^|

it
co ca 2 ao
20. j* \ ê - ^ + M d y d x . Resp. j j e~p tp dp dO = -^- .
0 0 0 0
n
2a V 2ax-x* 2 2a cos 0
21. | | dydx. Resp. | j pdp dQ = - ^ ~ .

Transformar os seguintes integrais duplos introduzindo as novas variáveis u


e v, ligadas pelas fórmulas x = u — uv. y = uv:

g «
f 1 r’
^ J J ^ y) dx. Rc^p. j' j / (u — uv, uv) u du dv.

1+a
b c
Ç 1 H c l- i
23 • j j / (*. V) <*1/ <**• Resp. | | f ( u — uv, uv) u du dv -

b_
1 r

+ j J / < » — uv, uv) u du dv,


b 0
l>+6
Aplicação do integral duplo ao cálculo das áreas

24. Calcular a área da figura limitada pela parábola y* = Ix e a rccta y = x.

l
25. Calcular a área da figura limitada pelas cuvas ya = 4ax, x + y = 3a, y = 0.

Resp. -j-e*.

26. Calcular a área da figura limitada pelas curvas x x/l-\-yl/* = a l/ i ,

- T-
27. Calcular a área da figura limitada pelas curvas y = »;nx , y = cos x, x = 0.
Resp. 1 / 2 — 1.
28. Calcular a área do arco da curva p = a sen 29. Resp. .
O
29. Calcular a área limitada pela lemniscata p• = a~ cos 2ç. Rcsp. a2.
30. Calcular a área da «boucle» da curva [ — -l- -^2- \ = ^ L
\a- ' b* ) c2
Indicação — Passar as novas coordenadas x = pa cos 9 c y = pb sen 0.

e*

Cálculo de volumes
Calcular os volumes dos corpos limitados:

31. Pelas superfícies £ + £ + 1, x = 0, y = 0 , x= 0. Rép. .

32. *«=0, *2 + *2 = l , x-f-y-fx = 3. Resp. 3*.


33. ( x - i ) * - f ( y _ l ) 2 = , t * y = x , r - O .R e s p . * . ***

34. x2-f- y« — 2ax = 0, s«=0, x2 + y2 = x2. Rcsp. a».


*7

35. y = x*. X = y3, x= 0, r = 1 2 + y — x2. Rcsp. .


14U

36. Pelos planos coordenados, o plano 2x + 3y — 12 = 0 e o cilindro x =■— y2.


Resp. 16.
37. Pelo cilindro circular recto de raio a e cujo eixo se identifica com Oz,

os planos coordenados c o plano = 1. Rcsp. a3 — -Lj .

38. Pelo* cilindros x «- fy 2 = a3 , x2-+x2 = a2. Róp. — a*.


3
39. y*-f z* = z , x = y, x - 0 . Resp.

40. x2+y2 + x* = a2, x2 -f-yl = R 2 , a > fí. Resp. n [a» — ( V a 2 — /Jí)3).

41 . a2 ■» x2 -J-y2, x = 0, x2-+y2 = 2ax. Resp. rw3.

42. p * = c 2 cos20, x2-fy 2 -{-x^ = a2, 2 = 0. (Calcular <> volume interior do


( cilindro.) Rcsp. a3 (3n -f 20— 10 V 2 ) .

Áreas de superfícies
43. Calcular a área da parte do cone x2 + y2 = z* cortada pelo cilindro
* : 4-y3 = 2ax. Rcsp. 2na2 ^/2 .
44. Cau*'lar a área da parte do plano x + y + z = 2a que se encontra no
primeiro triedro formado p:los eixos coordenados e limitada pelo cilindro
x* + y* = à *. Resp Ü f i y ã .
45. Calcular a área do segmento esférico (do pequeno), sendo o raio da esfera a
e o raio da base do segmento b. Resp. 2n (a*— a '\/a* — b2).
46. Calcular a área da parte da esfera x3 + y 2 + z2 = a 2 que é cortada pelo

cilindro ~ - f -j^-= 1 (a > &). Resp. 4-ra2 — 8a 2 — are sen T" a


fl* £)* (2
47. Achar a área da superfície do corpo que é formado pela intersecçâo de
dois cilindros x*-\- y* — a-, y2 4 -*2 = a*. Resp. 16a2.
48. Calcular a área da parte da superfície do cilindro x* + y2 = 2ax compreen­
dida entre o plano 2 = 0 c o cone x2 + y2 = z2. Resp. 8a2.
49. Calcular a área da parte da superfície cilíndrica x2 + y2 = a2 compreendida
entre os planos z = mx c z = 0. Resp. 2ma,2.
50. Calcular a área da parte do parabolóide x* + z2 = 2ax compreendida entre

o cilindro parabólico y2 = ax c o plano x — a. Rcsp. -i. na* (3 "\/3— 1).


3
Massas, cemro de gravidade e momento de inércia
de figuras planas

(Suporemos, nos problemas 51 a 62 e no problema 64. que a densidade


superficial é constante e igual a I)
51. Qual é a massa de um disco circular de raio a sabendo que a densidade
cm cada ponto P é inversamente proporcional à distância ao centro
(designar-se-á por K o coeficiente de proporcionalidade). Resp. t aK.
Calcular as coordenadas do centro de gravidade dum triângulo cquilátero.
52. Identificar-se-á o eixo Ox com a altura e o vértice com a origem.

Resp. y== o.

53. Encontrar as coordenadas do centro de gravidade dum sector circular de


raio a. Identificar-se-á a bissectriz do ângulo ao centro (2a) com o

eixo Ox. Resp. xc^ - ^ -a , yc = 0.

54. Encontrar as coordenadas do centro de gravidade do semi-efreulo superior


da equação x2 + y2 = a 2. Resp. xc = 0, yc = -^-.
dn
55. Determinar as coordenadas do centro de gravidade da área definida por um

arco de cidoide x = a (/ — sen r). y = a (1 — cos r). Resp. xc *=an, i/c = — .


6
56. Determinar as coordenadas do centro de gravidade da ároa da «boucle» da

curva p2 = a 2 cos 20. Resp. z c = -na


O
57. Achar as coordenadas do centro de gravidade da área interior à cardióide
P = a (I + cos 0). Resp. xc = ~ , yc = 0.

58 . Calcular o momento de inércia da área do rectângulo limitado pelas


rectas x = 0, x — a, y — 0, y ■= b em rclaçâo à origem de coordenadas.

Resp. t f t f + g ) .
*2 V2
59 , Calcular o momento de inércia da elipse —^- + - r r = l :
a- o1
a) em relação ao eixo Oy\
b) em relação ã origem dc coordenadas.
_ . na*b nab
Resp. a) — ;— ; b) — — (aS-t-fcí).
h 4
60* Calcular o momento dr inércia do circulo cheio p = 2<jc o s 0 cm relação ao
3
pólo. Resp. — .k i *.

61. Calcular o momento dc inércia da área da cardióide p = a ( 1 — cos0) cm

relação ao pólo. Resp. .


16
62. Calcular o momento de inércia do disco (x— <*)*-{-(y — 6)* = 2a 2 em relação
ao eixo Oy. Resp. 3ira*.
63. A densidade cm cada ponto duma placa quadrada de lado a proporcional
à distância deste ponto a um vértice do quadrado. Calcular o momento
de inércia da placa em relação a um lado que passa por aquele vértice.

Resp. J L [7 1/24-3 Log ( V 2 - H ) ] , onde k é o coeficiente de pro­


porcionalidade.
64. Calcular o momento de inércia da área da figura limitada pela parábola
y3 = ax e a recta x = a em relação à recta y = — a. Resp. -L a i,
D
Integrais triplos

65. Calcular j j J «bendo que o domínio de integração é


limitado pelos planos coordenados e o plano x + y + z = 1 .

Resp. ! * £ ? ___ L .
2 16
a x y

66. Calcular ^ { í [ ) zyz d z~\d y ) dx' Rcsp' *4g’ *

67. Calcular o volume do corpo limitado pela esfera x* + y2 + z2 = 4 e o


19
parabolóide x2 + y2 = 3z. Resp. _ _ ji.
68 (•) Calcular as coordenadas do centro de gravidade e os momentos de inércia
x y z
da pirâmide formada pelos planos x = 0 f y » 0 f 2 = 0 ; =1.

r « p . xc - í , » .- f
= £ V + i« + C ) .
69 . Calcular o momento de inércia dum cone circular recto em relação ao
seu eixo. Resp. _ 1 nhr*. onde h é a altura e r o raio do círculo da base.

(♦) Nos problemas 68. 69, 72 e 73 supõe-se que a densidade t cons­


tante e igual à unidade.
70. Calcular o volume limitado pela superfície de equação (x2 y % z 2)2= a3*.
Rcsp. -1 n a 3.

71. Calcular o momento de inércia dum conc circular em relação ao diâmetro

da sua base. Resp. (2A- -f 3/-S).


w

72. Calcular as coordenadas do centro dc gravidade limitado por uma esfera


de raio a e um cone dc ângulo no vértice 2«, coincidindo o vértice com
3
o ccntro da esfera. Resp. a:,;—10, yc = 0, zc = ~ a (1 -f-cos a ) (identificou-sci
O
o eixo do cone com o eixo Oz c colocou-se o vértice na origem).
73. Calcular as coordenadas do ccntro de gravidade do corpo limitado por
uma estera de raio a e por dois planos que passam pelo ccntro c formam
Q *r
um ângulo de 60°. Resp. p=
a, 0 = 0, <p= — (a recta de intersecçâo
16 2
dos planos foi tomada para o eixo Oz, o ccntro da esfera serviu de origem
de coordenadas csfcricas p, 0, <p).
OO

7't. Sirva-se da igualdade —!— *= - iL • C e~a*x da ( a > 0 ) , para calcular os


\x Yn J
oo , oo ___ ____
. . ___ f CO S * dx f sen jt dx _/ n / n
Integral, j _ _ _ e j — . Rcsp. y Y ' V ~2 '
Capítulo XV

§ 1. Integral curvilíneo

Consideremos um ponto P (jc, y) movendo-se sobre uma curva


plana L dum ponto M a um ponto N. O ponto P é solicitado por
uma força 7-’que varia cm grandeza e em direcção quando P se desloca,
isto é. que ela é uma função das coordenadas de P:

F = F {P ).

Calculemos o trabalho A da força quando o ponto é deslocado


dc M para N (fig. 326). Cortemos para esse efeito a curva M N cm n
partes arbitrárias pelos pontos M» = M, M u M 2, ... , M n = N par­

tindo dc M para N e designemos por o vector Designemos


por #»'fa intensidade da força F no ponto M t. Pode-se, então, consi­
derar que o produto escalar F jA «/ representa aproximadamente o
trabalho /•’ ao longo do arco
FjAftj.
Seja
F — X ( x t y ) i + Y (x, y ) j ,
cm que À" (x, >•) e Y (x, y) são as projccções do vector /•’ sobre os
eixos Ox e Oy. Designando por Ax, e A//< os acréscimos das coorde­
nadas X i e y ( quando se passa de M ( a M ( + j , obtém-se:

A * , = A x ji- f A y ,j.
Por conseguinte.

1' í Ahí = X (xh y,) Ax, + Y (Xi. y,) Ayt.

O valor aproximado do trabalho A da força F ao longo da


curva MN é

A « V = S [X (xj* y«) Ax, -f Y (xit yt) A yJ. (1)


i- i i“ i

Sem fazer raciocínios rigorosos, indiquemos atendendo que se


o limite da expressão do segundo membro existe quando A « ( ->-0 (é.
então, evidente que Ax,- 0 e Ay, -*■0). ele exprime o trabalho da
força F ao longo da curva L entre os pontos M e N:

A = lim 2 l * (*i, yi) Ax, -f Y (x lt y,) A yJ. (2)


A.v,—0(= 1
dyi-+0

O limite (*) do segundo membro chama-se integral curvilíneo


dc X (x. y) c Y (x, y) ao longo da curva L c é designado por

>1 = J X (x, y) dx 4- Y (x, y) dy (3)


L
ou
(.v)
A = 5 X (x, y) dx -f Y (x, y) dy. (3')
(M)

Encontra-se muitas vezes limites de somas (2) em matemáticas


e física, sendo X (x, y) c Y (x, y) funções de duas variáveis no domínio D.
As letras M e N no integral (3') foram postos entre parêntesis
para indicar que não são números mas os extremos da curva na qual
é estendido o integral curvilíneo. O sentido de M e N ao longo da
curva diz-se sentido dc integração.

• Dá-se aqui ao limite da soma integral o mesmo sentido que para


o integral deíinido, ver § 2. Cap. X I, t. I.
Sc L é uma curva empenada. dcfinc-se duma maneira análoga
o integral curvilíneo das trcs funções X (.r. y. z). Y (x. y. z). Z ix, y, z)
J X {x, y, z) dx + Y (x, y, z)dy + Z (x, y, z) dz =
L
i#
= lim ^ X yk, z„) -f Y {xk, yk, zk) byh +
A—I
A zk -0
+ y*, z*)Az*.
A letra L sob o sinal soma indica que o integral é estendido
à curva L.
Indiquemos duas propriedades do integral curvilíneo.
Propriedade— 1. Um integral curvilíneo é definido pela expres­
são sob o sinal soma. a forma da curva de integração e o sentido
de integração.
O integral curvilíneo muda de sinal ao mesmo tempo que o
sentido de integração, dado que o vector A.s e. por conseguinte, as
suas projccçõcs ax c Ay mudam de sinal.
Propriedade — 2. Cortemos a curva L em
duas partes £ , c L x de modo que M N =
= M K ! K N (fig. 327). Resulta, então, dirccta-
mente da fórmula ( 1)
<*> (K)
Ç Xdx-\-Ydy = J X dx -f
<.v> (v) M
<-v)
-f- Y d y + J X dx-\-Y dy. Fig. 327
</o *
Esta relação é válida qualquer que seja o número de arcos
parciais.
Indiquemos ainda que o integral curvilíneo conserva o seu sentido
quando a curva L é fechada.
A origem e a extremidade da curva coincidem, então. Já não se
< .v >

pode escrever no caso duma curv» fechada f X dx — Y dy, mas


r - . . . <*>
\.V dx , } dy e será preciso indicar, forçosamente, o sentido de

percurso ao longo da curva fechada L. Designa-se também frequente­


mente um integral curvilíneo sobrc uma curva fechada L pelo símbolo
\X dx Y dy.
Nota — Fomos conduzidos à noção de integral curvilíneo consi­
derando o problema do trabalho duma força /■' sobre um percurso
curvilíneo L.
Considcrava-se, então, que a força F era uma função vectorial
das coordenadas do ponto de aplicação (jc. y)\ as projecções do vector
variável t ' sobre os eixos de coordenadas são iguais às funções escalares
(isto é, numéricas) X {x, y) e Y (x, y). Pode-se. pois considerar um
integral curvilíneo da forma í X dx + Y dy como integral da função
L
vectorial F dada pelas suas componentes X e Y.
O integral da função vectorial F sobre a curva L é designado
pelo símbolo
CF d s .

Se o vector F é determinado pelas suas componentes X . Y. 7,


este integral escreve-se

J X dx -f- Y dy -f- Z dz.


L
Em especial, se o vector se encontra no plano Oxy, o integral
deste vector reduz-se. então, a
J X d x + Ydy.
L
Quando o integral curvilíneo duma função vectorial é estendido
a uma curva fcchada L. chama-se ainda a circulação do vector F
sobre o contorno fechado L.

§ 2. Cálculo do integral curvilíneo


Propomo-nos. neste parágrafo, precisar a noção dc limite da
soma (1) § 1 e. do mesmo modo. teremos precisada a noção do inte­
gral curvilíneo e indicaremos um processo dc cálculo.
Suponhamos a curva- L dada sob
a forma paramétrica:

-r=qp(í), y = yt(t).
Consideremos o arco de curva M N
(fig. 328). Sejam « e p os valores do
parâmetro correspondente nos pontos
M e N. Dividamos o arco M N em par­
tes As, pelos pontos Aí, (x„ >•,), M- (x2,
Fiff 328 * ) ........ M n (j-n, yn) * façamOS Xk =
* = y i = v (*<)•
Consideremos o integral curvilíneo definido no parágrafo anterior

S X (x, y)dx-f- Y (x, y) dy. (D


Enunciemos, sem demonstrar, um teorema sobre a existência dos
integrais curvilíneos. Se as funções ? (/) e $ (/) forem contínuas e pos­
suírem derivadas contínuas <? (/) e (t) sobre o segmento [a, /?] e se
as funções de t X [<? (/), ^ (/)] e Y [? (/). (/)} forem contínuas sobre
segmento, os limites existem.

lim 2 X (xh y,) Ax, = J A' (x, y) dz,


A.vj —0i~-l (2)
lim y Y (xJf y ,) Ay, — J Y (*> y ) d y
i=»l

sendo x, e yt as coordenadas dum ponto do arco As,-. Estes limites que


não dependem do modo da decomposição da curva em arcos parciais
As, quando As, 0. nem da escolha do ponto M t (x,, y,) sobre o
arco As{, chamam-se integrais curvilíneos e designa-se-los por

lim J X f e , y,) Ax, = J X (x, y) dz,


Ax(-*0 1— 1 L

lim 2 Y ( x h y , ) A y , = J Y (x , y)dy.
A.Vj-*Oí=l L
N ota— Resulta do teorema que tendem também para este mesmo
limite (isto é, para o integral curvilíneo) as somas definidas no parágrafo
anterior, onde os pontos M , (xh yt) são as extremidades do arco As,.
sendo arbitrária a decomposição dc L cm arcos parciais.
O teorema que acaba de ser formulado dá um processo de cálculo
dos integrais curvilíneos.
Assim, por definição:
<N) n
5 y ) d x = lim £ X (xh y}) Axi% (3)
(M> Ari-Oi- I

onde
Ax, = xs — x,-t = (f (ti) — (} (/;_,).
Apliquemos a fórmula dos acréscimos finitos dc Lagrangc
Axt = <f, (l,) — (t,-,) = <p’ (xf) (t, — ,) = <p* (r.) Atlf

sendo t , um certo valor de t compreendido entre os valores t(_t


c t,. Sendo o ponto x y , arbitrário sobre o arco As,, escolhamo-lo
por forma a que as suas coordenadas correspondam ao valor do
parâmetro x, :

£< = <f (*/). j i = ^ (Ti).


Substituindo os valores encontrados de xiy y, e Ax, na fórmula (3).
encontra-se:

J À' (x, y)dx = lim £ X (<p(r,) ^ (X|)| q>* (t<) A íf.


<A/> A/ j—Oi —1

O segundo membro representa o limite dc uma soma integral


para a função contínua de uma só variável X [9
(/). ^ (0 1 /(0 sobre o
segmento [«, p].
Por conseguinte, este limite é igual ao integral definido desta
função:
(V ) ft

5 A' (x, y)(Lr = J X [<p (t), $ (t)]<{'(t) dt.


(M) a

Duma maneira análoga, obtém-se a fórmula

S J > , j,)d j,= Jy[<p((). t(<)l>t>' (*)*•


( A í) a

Somando membro a membro estas igualdades, obtém-se:


(v)
5 .V {x, y ) d x + Y (r, y) dy =
<M >

= J (X[tf (0. i M O lv í O + ^ k U ) . t( Ô ] ♦'(*))dt (4)


<1
Tal é a fórmula que permite calcular um integral curvilíneo.
Calcula-se do mesmo modo o integral curvilíneo
Y d y + Zdz
ao longo duma curva empenada definida paramètricamente: x = $ (/).
y= t (0. z = x (0-
Exempl o— I. Calcular o integral curvilíneo a respeito das funções
rJ, 3zye — x-y (isto é, sobre a função vectorial x3/ 3ry2./— x*yk) ao longo
do segmento dc recta que vai do ponto M (3, 2, 1) ao ponto N ( 0, 6, 0) (fig. 329).
Resolução — Para encontrar as equações paramétricas da recta dc inte­
gração, escrevamo-la sob a forma:

— — H —i_ •
X ■ 2 ~ t ’

Designando por 1 o valor comum destas relações, obtém-se a equação


paramétrica da rccta:
ar« 3/, v = 2t, z — l.

Corresponde à origem do segmento M N o valor do parâmetro t = 1 e


à extremidade o valor 1 = 0. Encontra-se, fàcilmentc. as derivadas de x, y, z
em relação a t (tem-se necessidade para calcular o integral curvilíneo):

zi " 3 , U/ = 2, -/ = 1-
Calcula-sc, agora, o integral curvilíneo proposto com a ajuda da fórmula (4):
<\) 0
Ç x*dx-L-Szy*d!,-z*ydz-: J |(3/)*-3 i 3 í(2 l)1-2—
(.«> I
0
— (3 f)* - 2 M l< ff^ £ 87/3 d t « - -4- .
i
Exemplo — Calcular o integral curvilíneo para o par de funções 6x2y,
10xy1 sobrc a curva plana >• = x3 entre os pontos A/ ( l , I) e N (2, 8) (fig 330).
Resolução — Para calcular o integral
proposto
( .V )

- -lOxy2 dy

é preciso ter as equações paramétricas da


curva, ê evidente que aqui x pode servir de
parâmetro
z~ x, y — jr3.

Fig. 329 Fig. 330


O parâmetro x varia de x, = 1 a x. = 2. As expressões das derivadas
cm relação ao parâmetro são:

u ‘x = 3r2.
Por conseguinte,
<'Y> 2
ttx*y< íx-f lOxyt d y - f (6 i* x 3 -1 |0 x x*-3 xs ] dz
Í ) ^ l

j (tix*+30x*)dx = [z« + 3z«o}*=.108í.


Vamos dar. agora, algumas aplicações dos integrais curvilíneos.
1. Expressão da área dum domínio limitado por uma curva e
função dum integral curvilíneo — Seja dado no plano Oxy um domí­
nio D limitado por uma contorno L tal que qualquer paralela a qual­

quer dos eixos coordenados que passa por um ponto interior do


domínio corte a fronteira L em dois pontos no máximo (isto é. que
o domínio é regular) (fig. 331).
Seja [a. />] o segmento do eixo Ox sobre o qual se projecta o
domínio D, limitado interiormente pela curva (/,):

y = yi (*),

e. superiormente, pela curva (/*):

y = y% (*)»

[Vi (*) < yt (*)]•

A área do domínio D é. então, igual a

ò b

s = S y i ( * ) d x — J i/i(*)rfr.
a a

Mas o primeiro integral é um integral curvilíneo ao longo da


curva /, (M P N ), dado que y = y2(x) é a equação desta curva; por
conseguinte: b
J y2(x )d jr= J ydx.
a M PN
O segundo integral é um integral curvilíneo estendido à curva
M A fÔ V ): b
J yl (x) dx = J y dx.
0 .VfQíV
Em virtude da propriedade 1 dos integrais curviiíneos. tem-se:
5 y dx— — J ydx.
MPN ftP M
Por conseguinte.
S = “ J NPM
y dx -
MQn
í ydx = — J ydx,
£
(5)
'

sendo L percorrido «o sentido inverso dos ponteiros dum relógio.


Se uma parte da fronteira L é constituída por um segmento M XM
(AT)
paralelo ao eixo Oy, tem-se \y dx = 0 e a igualdade (5) 6. ainda.
<Af|>
verdadeira (fig. 332).
Pode-se mostrar duma maneira análoga que

S=$xdy. (6)

Juntando membro a membro (5) e (6) e dividindo por 2. obtém-se
ainda uma fórmula para calcular a área 5:

S = \ ^ x d y — ydx. (7 )

L
Exem plo — 3. C a lc u la r a áre a da e lip s e

1 = aco«f, y = b sen t.
R esolução — Dc acordo com a fórmula (7), encontra-se:
2a
S~ T 1 COíi 1b COá t — bscn t ( —a sen t)\dt — ,iab.
o
Notemos que a fórmula (7) bem como as fórmulas (5) e (6)
se aplicam também para a área de domínios cujas fronteiras são
cortadas pelas paralelas aos eixos de coordenadas em mais de dois
pontos (fig. 333). Para o demonstrar, partamos o domínio dado
(fig. 333) em dois domínios regulares por meio da curva /*. A fór-
mulH (7) é verdSOeira para cada um deles. Juntando membro a mem­
bro. obtém-se no primeiro membro a área do domínio dado e no
segundo o integral curvilíneo (precedido do coeficiente H ) estendido
a toda a fronteira, dado que o integral sobre a linha dc divisão /*
é tomada duas vezes, no sentido directo e no sentido inverso, e
anula-se. portanto.
2. Trabalho duma força variável / ’ sobre um caminho curvi-
lineo L — Indicamos no comcço do § 1, que o trabalho de uma
força/•’ = X (x, y. z) i i- Y (x, y, z ) j Z (x, y, z) k ao longo duma
curva L = M N era igual ao integral curvilíneo:
<iY>
>1 ^ J X (x , y. z)dx + Y (x, y, 2)d «/- fZ (x , y, z)dz.
(M)
Tomemos um exemplo concreto do cálculo do trabalho dc uma
força.
Exemplo — 4. Calcular o trabalho A da força de gravidade F que desloca
uma masa m do ponto M\ (« j, fcj, cj) ao ponto 2. c2) ao longo do
caminho arbitrário L (fig. 334).

Resolução — As projecções da força de gravidade F sobrc os eixos de


coordenadas são
X = 0, y - 0 . Z ~ - m g .

O trabalho executado é, pois,


(AÍJ)
.4 X dz-^-Y dy + Z dz — ^ ( — mg) dz = mt, (c^ — r2).
< « l) <1
Vê-se que, no campo da gravidade, o trabalho não depende do caminho
seguido, mas sòmente do ponto inicial e do ponto final. Mais exactamente, o
trabalho da força de gravidade apenas depende da diferença dos níveis deter­
minados pelo ponto final e o ponto inicial.

§ 3. Fórm ula de Green


Mostremos que um integral duplo num domínio plano D exprime-se
por um integral curvilíneo tomado ao longo da fronteira L deste
domínio.
Seja D um domínio do plano Oxy limitado pelo contorno L,
sendo D regular, quer em relação a Ox quer cm relação a Oy.
Suponhamos este domínio limitado inferiormente pela curva y = yt (x)
e superiormente pela curva y = y2(x), yi (x)^y2(x) ( a < x < b)
(fig. 331).
Conjuntamente, estas curvas formam o contorno fechado L. Sejam
cm D duas funções contínuas X (x, y) e Y (x, y) dotadas de derivadas
parciais contínuas. Consideremos o integral

d X (x ' y )dxdy.
í !
o Ôy
1 em-se:
k ¥ *(* ) *: . .

dx —
Vt(x>
l) a yt(x)
b

= j [X (x, y2 (*)) — X (x, yt (x))] dx. ( 1)


a
Notemos que o integral

jA '(x . y2(x))dx
a
é numèricamente igual ao integral curvilíneo
5 X (x , y)dx,
(AÍP.V)
ao longo da curva M PN de equações paramétricas
x = x, y = y2(x),
sendo x o parâmetro.
Então, tem-se

J X (.x, y2 (x)) d x = J X (x, y) dx. (2)


a V P .V

De maneira análoga, o integral


b
J X (x, yx(*)) dx
a
é numèricamente igual a
b

I X (x, yt (x)) d x = J X (x, y) dx. (3)


•» (AIQ\)
Substituindo as expressões (2) e (3) na fórmula (1). obtém-se:

\ X ^ ^ d x '- j X (x ,y )d x . (4)
O MPN A/Ç/V
Ora.
J A' (x, y) dx = — J X (x, y) dx
MQN NQ Af

(ver § 1. propriedade 1). Pode-se. pois, recopiar a fórmula (4) sob a


forma:

W ^ i djCdy=
t) '
í
MpN
X(x, y ) d x + f
j\g M
X(x, y) ck:.

Mas a soma dos integrais curvilíneos do segundo membro é


igual ao integral curvilíneo sobrc o contorno L completamente percor­
rido no sentido dos ponteiros dum relógio. Pode-se, pois. pôr esta
igualdade sob a forma

= j x ( * . y)dx, (5)
/•> l.
onde L indica que o contorno fechado L é percorrido no sentido
dos ponteiros dum relógio.
Se uma parte da fronteira é constituída por um segmento /s
paralelo ao eixo Oy. tem-se \X ( j, y) dx = 0 e a igualdade (5)
h
permanece verdadeira.
Do mesmo modo se encontra:

dxdy = - J Y (x, y) dy. (6)


n i.
Deduzindo (6) de (5). encontra-se:

i> t.
Se se percorrer o contorno L no sentido inverso dos ponteiros
de um relógio, tem-se (*)

D L
É a fórmula de Green (matemático inglês. 1793-1841) (**).

(•) Quando num integral curvilíneo sobrc um contorno fechado L,


n5o se indica o sentido dc imeçraçSo. subentcnde-se que se trata do sentido
inverso dos ponteiros dum relógio. Se o percurso tiver lugar no sentido dos
ponteiros. 6 preciso ter cuidado cm cspecificá-lo.
(*•) Esta fórmula é um caso particular duma fórmula mais geral esta­
belecida pelo matemático russo M. Ostrogradsky.
Suposemos o domínio D regular. Mas. tal como para o cálculo
duma área (ver § 2), pode-se mostrar que esta fórmula permanece
verdadeira para qualquer domínio que admita um corte regular

§ 4. Condições para que um integral curvilíneo não dependa


do caminho de integração

Consideremos o integral curvilíneo


(N)
J X dx + Y dy,
<w)
estendido a uma curva plana L que reúne os pontos M e N Supor-se-á
que as funções X (x, y) e Y (x, y) possuem derivadas parciais contínuas
no domínio D. Vejamos em que condições o integral curvilíneo não
depende da forma da curva L, mas somente da posição dos pontos
M e N.
Consideremos essas curvas arbitrárias MPN e M QN do domínio
considerado D reunindo os pontos M e N (fig. 335).
Seja
J X dx+ Y dy = J X dx -f Y dy, (1 )
MPN m QN

isto é.
í Xdx+ Ydy- J X d x + Y d y = 0.
M PN MQN

Em virtude das propriedades 1 c 2 dos integrais curvilíneos (§ 1).


pode-se escrever
N í X dx -f Y dy -f- f A' dx -f Y dy = 0,
M PN NQM

que representa o integral curvilíneo sobre o con­


torno fechado L
Fi«-335 J X dx + Y dy^O . (2)
Lt
Nesta última fórmula, o integral curvilíneo 6 tomado sobre um
contorno L, constituído pelas curvas MPN e NQM . É evidente que
este contorno pode ser considerado como arbitrário.
Por conseguinte, «esuka da condição de o integral sobre uma
curva que reúne dois pontos arbitrários M e N não depender do
caminho seguido, mas sòmcnte destes dois pontos, que este integral
é nulo sobre qualquer contorno fechado.
O recíproco é verdadeiro: se um integral curvilíneo é nulo qual­
quer que seja o contorno fechado, não depende do caminho de
integração entre dois pontos, mas somente da posição destes dois
pontos. Com efeito, a igualdade (2) implica (1).
No exemplo 4 do § 2 o integral curvilíneo não depende do
caminho dc integração: no exemplo 3 depende do caminho, dado
que o integral sobre o contorno fechado considerado não é nulo, mas
dá a área limitada por este contorno; nos exemplos 1 c 2 os integrais
curvilíneos dependem igualmente do caminho de integração.
Põe-se, naturalmente, a pergunta: a que condições devem satisfazer
as funções X ( jc. y) e Y (x, y) para que o integral curvilíneo J X dx +
-f- Y dy seja nulo qualquer que seja o contorno fechado?
O teorema seguinte responde a esta pergunta.
Teorema — Sejam X (x. y) e Y (jc , y) duas funções contínuas num
domínio D. bem como as suas derivadas parciais — — ’ ^ e ^ 4-—-^
dy dx
Para que o integral curvilíneo sobre qualquer contorno fechado L
deste domínio seja nulo, isto é, para que se tenha

$ X (x, y)dx -\-Y (ar, y) dy = 0, (2 )


L

é necessário e suficiente que

ÔX dY

em todos os pontos do domínio D.

Demonstração — Tomemos um contorno fechado arbitrário L num


domínio D e escrevamos a fórmula de Green correspondente a este
contorno:

\\(^~t)dxdy=\Xdx+Ydy
D L

Se a condição (3) for satisfeita, o integral duplo da esquerda é


identicamente nulo e tem-se

í Xdx-\- Y dy = 0.
L

Demonstrou-se. pois, que a condição (3) é suficiente.


Mostremos quê^~êlà“ f necessária. i*to é. que se a igualdade (2')
tiver lugar para qualquer contorno fcchado L cm D. a condição (3)
tem forçosamente lugar em cada ponto do domínio.
Suponhamos, pelo contrário, que tem lugar a igualdade (2'):

J X dx -f- >' dy = 0 ,
L
mas que a condição (3) não tem lugar, isto é. que

dx Oy
se verificaria apenas um único ponto. Seja. por exemplo, num ponto
P(X0. >o)
Í I _ ^ L > 0.
Ox dy

Como se tem no primeiro membro uma função contínua, ela


é superior a um certo número 5 > 0 em todos os pontos dum domínio
suficientemente pequeno W que contenha o ponto P(x0. y<>). Tomemos
o integral duplo da diferença —-- — s sobre este domínio. Ele é
dx dy
positivo. Com efeito.

íl(f- f)^>íí6^= 6í!^=6o>o-


// V D'

'Ora, segundo a fórmula de Green. o primeiro membro desta


última desigualdade é igual ao integral curvilíneo sobre a fronteira V
do domínio D\ que por hipótese é nula. Logo. esta desigualdade
contradiz a condição (T) e a suposição dc que ^ -- — é diferente
dx dy
de zero. não o seria senão num ponto, é falsa. Tem-se, pois.

^ 1 - ^ = 0
dx ày

em todos os pontos do domínio D.


O teorema está completamente demonstrado.
Mostramos, no § 9. cap. X III. que a condição

y) _ ó X (r, y)
dx ây

traduzia o facto de que a expressão X dx + Y dy é o diferencial total


duma certa função u (x, y), isto é. que

X dx -f- Y dy = du (x, y)
com

X ( * . y ) = d£ , » .v ) = g-
Mas. então, o vector

* ■ - « + » * - t ‘ +%J

é o gradiente da função u (x. y); a função « ( x, y) cujo gradiente é


o vector chama-se potencial deste vector. <*•>
du
Mostremos que. neste caso, o integral curvilíneo I = I % d x ^ d y -
M d x ~ 'T y
sobre uma curva anbitrária que reúne os pontos M e N é igual à
diferença dos valores da função u nestes pontos:
(>•> <JV)
J X d x + Y d y = J du(x , y) = u ( N ) - u ( M ) .
<M) (Aí)

Demonstração — Se X dx Y dy é o diferencial total da fun


ção w (*. y). tcm-se X — ^ , y = — c o integral curvilíneo escreve-se

<JV)
. f du da
í= J £ * + * *
(M)
Para calcular este integral, escrevamos as equações paramétricas
da curva L que reúne M e N:

x = < p (0 , y = >p(t).

Admitiremos que corresponde ao valor / = /0 do' parâmetro o


ponto M e ao valor t = T o ponto N. O integral curvilíneo reduz-se.
então, ao integral definido

J l dx dt du dt
ày J
•o

A expressão entre parêntesis é uma função de / que exprime a


derivada total da função u [? (/), $ (f)] em relação a t.
Por conseguinte,
r

1 = j ^ - d t = u[y{t), ij;(0 1 f?l —

= K [<f ( 0 . ^ ( 0 J — u [<f (*o). (<o)J = U (A ') - u (M).

Vê.se que o integral curvilíneo dum diferencial total não depende


do caminho de integração.
O integral curvilíneo estendido a uma curva empenada goza da
mesma propriedade (ver § 7).
Nota — Tcm-sc, por vezes, de integrar o integral curvilíneo duma
função X (x, y) cm relação ao arco da curva de integração L\

J X (ar, y)ds = lim £ A* (*,, y,) ASi, (4)


L i—1

sendo ds o diferencial do arco. Calcula-se estes integrais como os inte­


grais curvilíneos considerados acima. Suponhamos a curva L dada pelas
equações paramétricas
x=y(t), y = \p(t),

sendo <p(t). f (t), / (t), ^ (/) funções contínuas de t.


Sejam a e /? os valores do parâmetro t correspondentes às extre­
midades do arco L.
Como
<&= W { tf + { tf dt,

obtém-se a seguinte fórmula para calcular o integral (4):

J X (X, y) d s = J X [<p ( 0 . * (<)] Y T Ü f + V w 2dt.


L a

Pode-se considerar o integral curvilíneo em relação ao arco da


curva empenada x = <?(r), y = $ (/), z = x VJ:

J X < *, y, z)ds= í X [ q > « ) , xW l x


L a

x V <r' (tf + i f (tf + •/.' (tf dt.


Com a ajuda dos integrais curvilíneos com elemento diferencial,
o arco ds, pode-se determinar, por exemplo, os centros de gravidade
de curvas pesadas.
Raciocinando como no § 8. cap. X II. (tomo I.) obtém-se as
seguintes fórmulas para o cálculo das coordenadas do centro de gra­
vidade duma curva empenada:

J xds J yds S zds

X‘ = T dT’ Ve= T dT' Zí = T d T (5)


L L L

Exemplo — Encontrar as coordenadas do centro dc gravidade duma espira


da hélioe,
i= r a c o s / t y — a s e n f, z — bt ( 0 - < f < 2 n ) ,

sabendo que a sua densidade linear é constante.


Rosoluçõo— Aplicando-se a fórmula (5). obtém-se-.
2jt
Ç a cos t \ a* sen2 / —a* cos-» t -f b* dt
2n ____________________
J /a * sen - t -f-a*’ cos* t — b2dt

2n _____
\a cos / \/a'^-\-b^ d t ______
5____________________ ò*-ü
= Ü .

“ y .T F B *
Ô
Duma maneira análoga yc = 0,
2n ___________________ _
[ bt V a - ie n * t-i-a* cos* t-\-b-dt ______
b 6 - 2 n 2 " l / a ^ - f 6a ,
2C—----------- .. a ................... —= Jlt>.
2.1 j / o M - P 2.t |/<*a -{ 62
Tera-se, entáo, para coordenadas do • centro dc gravidade duma espira
da hélice
xc — Ot !/c ~ Zc — íib,

§ 5. Integrais de superfície

Seja dado em coordenadas rectangulares Oxyz um domínio V.


Em V é dada uma superfície a limitada por uma curva empenada A.
Relativamente à superfície a. suporemos que se definiu em cada
ponto P um sentido positivo indicando a normal unitária n (P) cujos
cosscnos directorcs serão funções contínuas das coordenadas dos pontos
da superfície.
Consideremos cm cada ponto da superfície um vector
t = X (x, y, z ) i + Y (x, y, z) j + Z (x, y, z) k ,
sendo X , Y. Z funções contínuas das coordenadas.
Dividamos arbitrariamente a superfície em áreas elementares A o(.
Tomemos um ponto arbitrário P , em cada elemento e consideremos
a soma
2 ( t '( P ,) n ( P ,) ) ())

sendo F (P ,) o valor do vector F no ponto P t de A oh n (P f) o


vector unitário da normal nesse ponto. F n o produto escalar destes
vectores

O limite da soma (1) relativo a todas as áreas Ao, quando o


maior diâmetro destas áreas tende para zero é. por definição, um
integral de superfície que se designa pelo símbolo

J J F n do.
V
Então, por definição (*), tem-se
li m 2 *'tnitoi = 5 5 Fn do. (2)
d la m A r ij-►<> o

Cada termo da soma (1)


Fttii& O i = F i Aa* cos(W|, Ft) (3)
admite a seguinte interpretação: este produto é igual ao volume dum
cilindro elementar dc base A o, e de altura F , cos ( » ,, F ,). Sc F
for a velocidade dum fluído que atravessa a superfície «r. o produto (3)
é igual à quantidade de fluído que atravessa o elemento A ol na
unidade de tempo na direcção m (fig- 336).

(•) Se a superfície a admile em cada ponto um plano tangente que


varia continuamente com P e se a função vectorial F é contínua nesta superfície,
este limite existe (admitiremos sem demonstração, este teorema dc existência dos
integrais de superfície).
A expressão J $ F n do dá a quantidade total do fluído que
d
atravessa na unidade de tempo a superfície a no sentido positivo,
sendo F o vector velocidade do fluído no ponto dado. Eis porque
o integral de superfície (2) se chama ainda fluxo de campo vectorial F
através dA superfície a.
Resulta da definição de integral dc superfície que se se dividir a
superfície a em partes a ,, o 2, . . oh. ter-se-á
J $ F n do = J 5 F n do -f $ J F n do -j- . . . -f- $ J F n do.
a' o, o, o*

O vector unitário n escreve-se:


n =» cos (n, x) i -{- cos (w, y )j -f- cos {«, s) k.

Substituindo no integral (2) as expressões dos vectores F e n


cm função das suas componentes, obtém-se:
$ $ F n do = $ J [X cos (/i, x) + Y cos (n , y) -f
a a
-f-Zcos(n, z)]do. (2 ')
O produto a <7 costa, z ) é a projecção da área Aa sobre o plano
Oxy (fig. 337); tem-se igualmente para os outros produtos:
Ao cos(«, x) = Aoyj, Ao cos (n, y) = Ao*,, Aítcos(w, 2) = \ox,j, (4)
onde AoVI, Ao xz, Ao xv são as projecções da área Aa sobre os cor­
respondentes planos coordenados.
Sendo assim, o integral (2') escreve-se ainda sob a forma

J J F n do = J $ [X cos(/i, x) -f- >'cos(n, y) -f-


'o a

-f Z cos (n, z)] d o = J J .Y dy dz + Y dz dx -f- Z dx dy. (2~)


a

§ 6. Cálculo dos integrais de superfície


O cálculo dc um inteeral sobre uma superfície empenada reduz-se
ao cálculo dum inteeral duplo sobre um domínio plano.
Indiquemos um processo de cálculo do integral

J J Zcos(n, z)do.
a
Suponhamos a superfície <r tal que aualquer recta paralela ao
eixo Oz o corta num só ponto. A equação de superfície pode ser
posta, então, sob a forma
2 = f(x, y).
Designando por D a projecção da superfície a sobre o plano Oxy.
tem-se (em virtude da definição dos integrais de superfície):

y, z) cos (/i, z)dcr =


o

n
= lim 2 Z(xfl yit Zj)cos (wf-, 2)A<J;.
dJam Aoi—o / —l

Em seguida, tendo em consideração a última fórmula (4) do § 5.


obtém-se:
Í J Zcos(/i, z)do =
o
n
2 y„ f ( * i, y,))(&oxy)t =
dlam Ao.t y -*0 1= 1
n

.. 2 2 fo . / (*«» </«)) |AoX{, ||,


□Iam A<j-»o »=1

sendo a última expressão uma soma integral para o integral duplo da


função Z (x, y, / («, y)) no dominio D. Por conseguinte,

J $ Zcos(n, z)do = ± J J Z ( x , y, /(x , y))dxdy.


a Ü
O sinal mais corresponde a cos (n. z) > 0 e o sinal menos a
cos (n. z) < 0.
Se a superfície a não satisfaz à condição indicada no começo
deste parágrafo, corta-se-la em partes que satisfaçam a esta condição
e calcula-se o integral, separadamente, em cada parte.
Calcula-se. duma maneira análoga, os integrais

J J A' cos (n, x) do ; J J Y cos (n . y) do.


o o

Assim se encontra justificada a éxpressão dum integral de super­


fície sob a forma (2") do §5.
Podcr-se-á considerar, então, que o segundo membro da igual­
dade (2") é uma soma de integrais duplos sobre as projecções cor­
respondentes do domínio a, sendo os sinais destes inteerais duplos
(ou. como se diz ainda, os sinais dos produtos dydz. dx dz. dx dy)
tomados de acordo com a regra indicada.
Exemplo — 1. Consideremos uma superfície fechada a cortada em dois
pontos no máximo po*- qualquer paralela ao eixo Oz.
Consideremos o integral

\ \ z cos (n, z) da.


Escolheremos como normal positiva a normal exterior. Podemos cortar
esta superfície em duas partes, inferior e superior de equações:

Designemos por D a projecção a sobre o plano Oxy (fig. 338); tem-se:

j J 2 cos (n, z) do = J j f 2 (x, y) dx d y — f x (x, y) dx dy.


'a D D

O segundo integral foi afectado do sinal menos, porque no integral de


superfície o produto dxdy para a superfície z — fi (.x. y) deve ser precedido
do sinal menos, dado que cos (n. z) é negativo.

Fig. 338 Fig. 339

Ora, a diferença dos integrais do segundo membro representa o volume


limitado pela superfície a. Logo, o volume do corpo limitado pela superfície a
i igual ao integral de superfície

Exemplo — 2. Uma carga eléctrica positiva e colocada na orieem das


coordenadas origina um campo vectorial cuja distribuição do vector J* é
dada em cada ponto prla lei de Coulomb:

«endo r a distância do ponto considerado à origem e r o vector unitário do


raio vector dirigido em direcção ao ponto considerado (fig. 339); í í um factor
constante.
Calcular o fluxo do campo de vectores através de uma esfera de raio R
centrada na origem.
n íí rnia
R eso lu ção — Considerando que r = R = const., tem-sc:

= -BT ■
a o
Mas o último integral é igual à área o da esfera. Com efeito, o produto

n
escalar r n é constantemente igual à unidade e fica

da — o.

Por conseguinte, o fluxo procurado é

ke ke . ... . ,
_ o= _ ./inU2= 4n*í.

§ 7. Fórm ula de Stokes


Seja dada uma superfície a tal que qualquer paralela a Oz a
corta num único ponto. Designemos por A a sua fronteira. A normal
positiva à superfície n será a que forma com Oz um ângulo agudo
(fig. 340).
Seja z = f(x , y) a equação da superfície. Os cossenos directores
da normal à superfície têm por expressão (ver § 6, cap. IX , tomo I):

ÊL
dx

+(í)
cos(fl, x)

V i+ü )
_ àj_
ày (D
cos (n, y)

cos (n, z)

Suporemos que a superfície a se encontra completamente num


domínio espacial V. Seja dada em V uma função contínua X (x, y, z)
com as suas derivadas parciais dc primeira ordem. Consideremos o
integral curvilíneo tomado ao longo do contorno A.
J X (x, y, z) dx.
Tem-sc. ao longo dc A z *= f (x, >•), sendo x, y as coordenadas
dos pontos da curva L. projecção de A sobrc o plano Oxy (fig. 340).
Por conseguinte, pode-se escrever
S A' (x, y, z) dx = J A' (.x, y, / (x, y)) dx. (2)
>. L
Este último integral é um integral curvi-
líneo tomado ao longo dc L. Transformemo-lo,
aplicando a fórmula de Green. fazendo
X (xt y, /(x, y)) = X (x, y), 0 = Y (x, y).
Substituindo na fórmula de Green X
e ) ' pelas suas expressões, obtém-se:
/(* . y))

y)) dx, (3 )

sendo o domínio D limitado por L. Derivemos a função composta


X (x. y. / (x, y)) em relação a y:
dX (x, y, f (x. y)) _ âX (x, y. z) ^ dX (x, y, z) df (x, y) ^
dy dy dz dy

Substituindo a expressão (4) no primeiro membro de (3), obtém-se:

dX (x. y, z) + dX (x. y. z) d f(x . y)


-III dy dz dy
dxdy =

= | A' (x, y, /(x , y))dx.


i.
Tendo em conta (2) esta última igualdade escreve-se:

y, i)<£r = - ^ ^ - d x d y - ^ ^ - ^ - d x d y . (5)

Os dois últimos integrais transformam-se em integrais de super­


fície. Com efeito, resulta da fórmula (2") do § 5 que se tem para
qualquer função A (x, y. z) a igualdade
$ J A (x, y, z) cos (n , z) do — \\A dx dy .
o d
Sendo assim, os integrais do segundo membro de (5) transfor­
mam-se como se segue:

D o
(6)
ffw v .A d ^ ffw L S L .o .,,,
J J dz dy J J dz dy
- Transformemos o último integral aplicando as fórmulas (1) do
presente parágrafo; calculando o quociente da igualdade ( 1) pela
terceira, encontra-se:
cos (n, y) _ _ df
cos(n, z) dy
ou

—— cos(/i, z) = — cos(n, y).


ày
Por conseguinte.

ÍÍ5*-**—íí
D O
dX
dz
.

Substituindo as expressões (6) e (7) em (5). obtém-se:


. ,
— cos(/z, y) da. (7 )

J X (x, y, z) dx = — | J cos («, z) do -f

+
ííf cos(w, y)do.

O sentido de percurso de A deve ser tal que um observador


(8)

atravessado de pés à cabeça pela normal n veria o contorno percorrido


no sentido inverso dos ponteiros de um relógio.
A fórmula (8) é verdadeira para qualquer superfície podendo
ser cortada em duas partes de equações da forma z = / (x, y).
Obtém-se. duma maneira análoga, as fórmulas

! Y (x, yt z) dy
ííi dY
---cos
dz
, , x)^H----
(n . dV cos (n,
dx
/ z)x da, (8')

j Z (x %y, z) dz = | cos (n, y) -f ~ ~ cos (n, x) j do. (8')


Somemos membro a membro as igualdades (8). (8') e (8");
obtém-se a fórmula

, ( dZ dY \ , Id X dZ\ J ,
+ ~1 7 ) cos (rt* x)+ l i r “ i r ) cos (n-y). (9)
Ê a fórmula de Stokes (matemático inglês (1819-1903)). Ela permite
transformar um integral de superfície a num integral curvilíneo tomado
sobre a fronteira A desta superfície, sendo o sentido de percurso da
fronteira o especificado mais acima.
O vector \B de componentes
p dZ dY . D dX ÔZ D ÔY dX
tSx -3 9 -- — —— — J £JZ — --- — —
dy dz dz . dx dx dy

chama-se vector «tourbillon» ou rotacional da função vectorial


F = X i- r Y j + Z k e escreve-se, simbòlicamente. rot /■’.
Por conseguinte, pode-se recopiar a fórmula (9) sob a forma
vectorial
(9')

c o teorema de Stokes. enuncia-se:


A circulação de um vector ao longo dum contorno fechado que
limita uma superfície é igual ao fluxo do seu rotacional através desta
superfície.
Nota — Se a superfície a é uma porção de plano paralelo a Oxy,
tem-se Az = 0 c encontra-se a fórmula de Green como caso particular
da fórmula de Stokes.
Resulta da fórmula (9) que se

i L _ ü =0, i £ _ i L = o. ü _ ü = o , oo,
dx dy dy dz dz dx
o integral curvilíneo é nulo sobre qualquer curva empenada fechada A:

[ X d x + Y d y + Z dz = 0. d l)

O integral curvilíneo não depende, pois. da forma da curva d


integração.
Como no caso duma curva plana, mostra-se que as condições
mencionadas ( 10) são não somente suficientes mas também necessárias
para ter a igualdade ( 11 ).
Sendo estas condições satisfeitas, a expressão sob o sinal som a
é o diferencial total d u m a certa fu n ç ã o u (x , y. *):

X dx -f Y dy -f Z dz = du (x, y, z)
e, po r conseguinte.
(.v) (N)
J Xdx-\- Y d y + Z dz = J du = u ( N ) - u { M ) .
<Af> <M>
Demonstra-se-lo tal c o m o para a fó rm u la correspondente no
caso de u m a fu n ç ã o de duas variáveis (ver § 4).

Exem plo— 1. Escrevamos as fórmulas fundamentais da dinâmica do


ponto material
dv. dv. dvt
m -dr= x ' ms r ^ Y - m ü t T~z -
Aqui m i a massa do ponto; X. Y. Z sio as componentes da força que

solicita o ponto; vx = ~ . r v - ^ r - , vt — ~ as componentes da velocidade v.


at v dt dl
Multipliquemos os dois membros das 2 ,
equações acima p;Ias expressões
vx dt*r:dx, Vydt = dyy vt dt — dz.

Obtém-se, juntando membro a membro


as igualdades dadas;
m (vx drx + v9 di'y -f vz dr,) =
= X dx-r-Y d y + Z d z :

m \ d (*>* + * i + v l ) = X d x + Y d y + Zdx.

Como f * - f - r * = r2, pode-se escrever:

Fiç. 341
d ^ trn • j =■X dx-^-Y dy-\- Z dz.

Calculemos os integrais dos dois membros entre dois pontos M , e M 7 sobre


a trajectória:
(Mj>
— mt\— ^ mvf- ^ X dx-\-Y dij — Z dz,
(Ml)
sendo v, e v, as velocidades no ponto M , e M 2.
Esta última igualdade traduz o teorema das forças vivas; a variação
da energia cinética entre dois pontos é igual ao trabalho da força que age sobre
a massa m.
Exemplo — 2. Calcular o trabalho da força de atracçâo newtoniana
duma massa imóvel m que age sobre uma massa unitária deslocando-se entre
dois pontos .V , (alf 6t , c4) e A/ 2 (a2, 63, c2).
R eso lu ção — Tom:mos a origem das coordenadas no centro atractivo.
Designimos por r o raio vector (fig. 341) traçado da origem ao ponto onde
se encontra a massa unitária e seja r° o vector unitário desta direcção. Tem-se,
então, -^-r0, sendo k a constante -universal de gravitação. As com-
r2
ponentes de F sobre os eixos são, respectivamente,

A' — - km -4- — ; Y = — km —— — ; Z = — km -*■— .


ri r f2 r r2 r-

O trabalho da força F sobre o arco AÍ4Af2 é


(M 2) <M*) (.W i)
j «*+ >»•»•«» f d( l )
(Mi) (Mi) (Wi)
(dado que r* = x*-|-y* + s*, r dr = i dx -\-y dy + z dz). Designando por r, e r,
os comprimentos dos raios vectores dos pontos M , e M v obtém-se:

Por conseguinte, aqui ainda o integral curvilíneo não depende do caminho


kni
de integração. A função u ——- chama-se potencial do campo de atracção da
r
massa m. N o nosso ca»o
du du du
X ~Tx' 1 * 1 7 ’ dz ’

/1 = U — u (A / j),

isto é, que o trabalho para deslocar a massa unitária é igual à diferença do


potencial entre os pontos final e inicial.

§ 8. Fórm ula de O strogradsky


Seja um domínio regular V do espaço a três dimensões, limitado
por uma superfície fechada o e tendo por projecção sobrc o plano Oxy
um domínio regular D. Suporemos que se pode dividir a superfície
<j em três partes a ,, a 2, o 3 de modo que as equações das duas pri­
meiras se escrevam
2 = /, (x, y) et z = / 2 (x, y),

sendo fx(x, y) e f2 (x, y) contínuas no domínio D e sendo a terceira


parte <r3 uma superfície cilíndrica dc geratrizes paralelas ao eixo Oz-
Consideremos o integral

-íí! d ?(X -
dz
2) dx dy dz.
Integremos, em primeiro lugar, sobre os z:

=íí( I f dzh d!,=


/*(*. v)
I ‘
D /,(.v , 3/)

= J j Z (x , y, / 2 (x, y)) dx dy — Z (x , y, /.'(x, y))dxdy. (1)

Definamos sobre a superfície cr a normal positiva, dirigida para


o exterior. Então, cos (n. z) será positivo sobre a superfície a2 e negativo
sobre a superfície «r,; é nula sobre a superfície a».
Os integrais duplos do segundo membro da igualdade (1) são
iguais aos integrais de superfície correspondentes
J 5 Z (xt y, / 2 (x, y)) dx dy = J J Z (x, y, z) cos (n, z) da, (2 )
D <3i

J 5 Z (x. y, /, (x, y)) d r dy = J J Z (x, y, z) ( —cos («, z)) d j.


o ' o«
Escrevemos no último integral ( — cos (n. z» porque o elemento
dc área A<r, está ligado ao elemento dc área As do domínio D pela
relação As = Aai [— cos (n. z)] dado que o ângulo (n. z) é obtuso.
Assim.
$ S 'Z (x, y, f \(x, y)) dxdy =
D
= — J J Z (x, y, /, (x, y)) cos (n, z) do. (2")

Substituindo (20 e (2") em (1). obtém-se:

íí! d Z (Z '
dz
^ dxdydi =

= j j Z (x, y, z) cos («, z) do -f- ^ | Z (x, y, z) cos (n, z) da.


a, o,

Para comodidade de cálculos a seguir, recopiemos esta última


igualdade juntando-lhe a quantidade J J Z (x, y, z) cos (n , z) da = 0
(tem-se cos (n. z) = 0, sobre <r,):

ííí dZ{x, y, z)
dz
dxdy dz =

= ^ ^ Z cos (n, z) da ^ ^ Z cos (n, z) da -f- ^ | Z cos (n, z) der.


Ora. a soma dos integrais do segundo membro é igual ao integral
sobre toda a superfície <r; por conseguinte,

í\í
v
^ ^^ ~ íi
o
Z ^ C° S ^ d°

Duma maneira análoga, obtém-se as relações:

j ^j dx dy dz = Y (x, y, z) cos (n, y) da,


v dy o

í í í ~ ~ o ~ dydz == j x y * z}c o s x ) d a -
V o

Juntando membro a membro estas três últimas igualdades, obtém-se


a fórmula de Ostrogradsky (*):

JJHS+
V

= Í í C0S ^ ^ C° S ^ + Zcos(n, 2)) da. (2 )


O
A expressão — . ^ chama-se divergência do vector
ax dy ‘ dz

F = X i + Y j + Zk
e escreve-se div /•’ :
dX . â Y . dz
d iv /• = ---- h
dx dy dz
Indiquemos que esta fórmula é verdadeira para todo o domínio
podendo ser dividida cm domínios parciais que satisfaçam às condições
mencionadas no começo deste parágrafo.
Vamos dar uma interpretação hidrodinâmica da fórmula estabe­
lecida.
Suponhamos que F = X i - Y j + Z k é o valor velocidade dum
fluído que atravessa o domínio V. O integral de superfície em (2) é.
então, o inteeral da projecção de F sobre a normal exterior n \
onde a quantidade dc fluído saído do volume V durante a unidade

• Esta fórmula (por vezes, chamada fórmula de Ostroeradsky-Gauss) foi


descoberta pelo célebre matemático russo M. Ostrogradsky (1801-1861) que a
publicou cm 1928 no seu artigo «Notas sobre a teoria do calor».
dc tempo (ou que ai entrou, se o integral é negativo). Esta quantidade
exprirtie-se por meio do integral triplo de div F .
Se div /•’ 0. o integral duplo sobre qualquer superfície fechada
é nulo. a quantidade dc fluído entrado ou saído é nula. Mais preci­
samente. a quantidade de fluído entrado no volume dado é igual à
quantidade dc fluído saído.
Sob forma vectorial. a fórmula dc Ostrogradsky escreve-se:

J J J div F d u s= J J F n ds (!')
V a

c enuncia-se: o integral da divergência dum campo vectorial F num


volume é igual ao fluxo do campo vectorial através da superfície que
limita este volume.

§ 9. O perador hamiltoniano e algum as aplicações


Seja dada uma função u = u (x. y, z). Em cada ponto do domínio
cm que a função u (x. y, z) é definida e derivável. é determinado o
gradiente:
. ,du . du . . du ...
grad u = < — -f- j — -f A- — . (1 )

Por vezes, o gradiente da função u (x, y, z) é assim designado:

_ .du , . d u . . du Í0X
V u- i ô i + J õ i + k 3 z' (2)
o sinal V lê-se «nabla».
1 . É cômodo escrever sobre uma forma simbólica a igualdade (2):

= + + (2')
\ ox dy dz)

e de considerar o símbolo

* = i dx
T + J dy
r + k dz
T <3>

como um «vector simbólico». Este vector simbólico chama-se operador


hamiltoniano ou operador nabla (operador V ). Decorre das fórmulas (2)
e (20 que quando se «multiplica» o operador simbólico V por uma
função escalar u, obtêm-se o gradiente dessa função:
Vu = «rndM. (4)
2. Podc-se formar o produto escalar do vector simbólico V
pelo vector l ' = iX -f- j Y -}- k Z :

(*L +4V+■* w +iY+fcZ)=


= í x + í r + ^ = div F
Oy dz dx dy dz

(ver § 8). Assim.


V .F = d iv F . (5)

3. Formemos o produto vectorial do vector simbólico V pelo


vector F — I X -f ,/V 4- :

VX * = (11 + * £ ) X (/X + J Y + kZ ) =

i J k
d_ d_ I- í
d_ d_
d_ d_ d_ dx dy
= i dy dz _ j ; dx dz
+ *
dx dy dz
Y Z \X Z X Y
X Y z

dz OY
ày dz / V dx dz ) V dx dy )

= _ iL U ) + * ( jíL _
rot F
\dy Oz J V dz dx J \dx dy J

(ver § 7). Assim.


V X F = rot F (6)
Decorre do que acaba de ser dito que a utilização do vector
simbólico V permite exprimir sob uma forma muito sucinta as ope­
rações vectoriais. Consideremos ainda algumas fórmulas.
4. O campo vectorial F (x, y, z) = iX -f j Y 4 k Z diz-se
campo vectorial potencial sc o vector F for o gradiente duma certa
função escalar u(x, y, z):
F = grad u
Neste caso as projecções do vector F serão

Decorre destas igualdades (ver L I. cap. V III. § 12):


dX dY dY dZ dX dZ
ày dx dz dy dz dx
ou
àX dY _ dY dZ . dX dZ
dy àx dz dy ' dz dx
Por conseguinte, para o vector F considerado

rot F = 0 .
Obtemos, assim:
rot (grad u) — 0 (7 )

Aplicando o operador V, pode-se escrever em virtude das fór­


mulas (4) e (6) a igualdade (7) sob a forma:
(V x \u) = 0. ( 7 ')

Utilizando a propriedade que da multiplicação dum produto


vectorial por um escalar basta multiplicar por este escalar um dos
factores sòmente, escreveremos:
(V x V)u = 0. (7")

O operador V possui de novo as propriedades dum vector


usual: o produto vectorial do vector por si mesmo é nulo.
O campo vectorial F (x, y , z) para o qual rol F = 0 diz-se
irrotacional. Decorre da igualdade (7) que todo o campo potencial é
é irrotacional.
O inverso é igualmente verdadeiro; por outras palavras, se um
certo campo vectorial F é irrotacional. é potencial. A validade desta
afirmação decorre dos raciocínios conduzidos no fim do § 7.
5. O campo vectorial F (x, y, z) para o qual
d iv F = 0 ,

isto é. o campo vectorial que não contém origens (ver § 8) chama-se


selenoidal ou tubular. Demonstraremos que
div (rot F ) = 0,

por outras palavras que o campo rotacional não contém origens


Com efeito, se F = iX + J Y + k Z . então.

A ÔZ ÕY\ , Jd X â Z \ , , m( â Y dX\

e. eis porque.
dZ d í dx dZ\
ày dz ) dy \ dz dx )

(d Y
dX \
)- a
\ dx dy 1
A igualdade (8) escrever-se-á com a ajuda do operador V:
V (V x f*) = 0. (8;
O primeiro membro desta igualdade pode ser considerado como
o produto misto vectorial escalar dos três vectores V. V. F de que
dois são idênticos. Este produto é. evidentemente, igual a zero.
6. Seja dado um campo escalar u = u(x, y, z)- Definamos o
campo dos gradientes:
.d u .du du
g rtá „ =

Achamos, em seguida.

div (grad u) = i - A ( ^ )
dx \dx) dy \dy) dz\ dz /
ou
A ' / a \ â tu d \i .y .
d ,v ( ,r a d ü ) = — + — + — . (9)

O segundo membro desta igualdade chama-se operador de Laplace


da função u e nota-se por

Au= ^ + S + (iü)
da? dy " dz"

Por conseguinte, a igualdade (9) pode-se escrever:


d iv (grad u) = Au. (1 1 )
Com o auxílio do operador V a igualdade (11) escrever-se-á sob
a forma
(VVu) = Au. (11')
Notemos que a equação
cfu
dar dy2 ' d?
ou
Au = 0 (1 2 ')
se chama equação de Laplace. As funções que verificam a função dc
Laplace chamam-se funções harmônicas.

Exercícios
Calcular os integrais curvilíneos seguintes:

1. [ y* dx -f 2xy dy sobre o círculo* = a cos /, y = a sen/. Resp. 0.

2. ^ y d x — x d y sobre a elipsez = a cos /, y = 6 se n/. Resp. — 2nab.

3. \— — •-<&--- sobre um círculo centrado na origem. Resp. 0.


J **+y* ** + »*
1* y dx — x du
4. J 2 - sobre a recta y = x.de x = l à x = 2. Resp.Log 2.

5. ^ y: dx + xzdy + xy d zio b tt a hélicex = a c o s i, j/-»a sen /, z*= kt, / variando


entro 0 ct 2n. Resp. 0.

6. x d y — y dx sobre a hipociclóide z = o cos3 t, y = ascn.3 /. Resp. na* (o


dobro da área limitada pela curva).

7. x dy — y dx estendido à curva do fólio de Descartes x ,

3a/a 3
y — í '_|.|3 ' • Recp. y a1 (o dobro da área limitada pela curva).

8. ^ x dy — y dx sobre a curva x = a (/ — sen /), y = a (1 — cos t) (0 < /.< 2 n ) .


Resp. — 6rra2 (o dobro da área compreendida entre um arco da ciclóide
e o eixo Ox).
Demonstrar que:
9. grad (cç) = c grad (f, onde c é constante.
1(1. grad (ej<p + C2'|3) = C| gr/id «p+ *2 grad onde c é constante.
11. grad (q:\|>) = <p grad grad <p.

12. Calcular grad r, grad r2, g ra d — , grad f (r), onde r = V x * + y 2- f :3-

Resp. 2r : /» - £ - .
13. Demonstrar que d iv (/I + £ ) - d iv . l - f d iv B .
W . Calcular div r , oíi r - x t + y j + z k . Resp. 3.
ló . Calcular d iv (.l<f). onde A é uma tunção vectorial e ç uma funçSo escalar
Resp. q d iv A -f (grad (pA).
16. Calcular div (r-c), onde c é um vector constante. Resp. .

17. Calcular div B ( r A). Resp. AB


Demonstrar que:
18. rot(c1^,-f-c2. Í 2)'=3 cI rot ^ i + ^ r o t .-Í2, onaec! et c2 são constantes.
19. rot (A r) = grad /I x c.ondec é um vector constante.
20. rot rot -4= grad div A — A A .
21. .4 X grad <p « rot (<f .1).
Integrais de superfícies

22. Mostrar que l|* j cos (n, z) d a = 0 sobre uma superfície fechada.

23. Achar o momento dc inércia dum segmento esférico de equaçSo x* + i/2 4-


-L*2 = /?a cortado pelo plano z = H em relação ao eixo Oz.
Resp. 2:x
J L ( 2 R * - 3 R * H + //*).

2\. Achar o momento de inércia da porçSo do parabolóide de revolução


x* + y2 = 2cz contido pelo plano z = c cm relação ao eixo Oz. Rcsp. iÍ! c5.
3
25. Calcular as coordenadas do centro de gravidade da parte da superfície
#2 *2
cônica i a + y2 = r r r 2* cortada pelo plano z = H. Resp. 0 ; 0 ; -rrU
n* 3
26. Calcular as coordenadas do centro de gravidade do segmento da superfície
[esférica * 2 -f. -f t i = f íi cortado pelo plano z = H. Resp. ^0 , 0. ~~y ~ ) •

27. Calcular ^ ^ \x cos (nx) -{-[/ cos (ny) z cos (n:)J da :sobre uma superfície.,

fechada. Resp. W . sendo V o volume interior à superfície

28. Calcular ^J zdxdy. onde S designa o lado exterior da esfera x*4-

-h.V2 + ;2 = f t 2- R e s P-

29. Calcular j' j x2 dy dz -f-jr2 dz dx-\-z* dx dy, onde S é o lado exterior da


8
superfície da esfera * 2 -f-y2+ 2* — R 2- Resp. rrR*.

30. Calcular j" j V * a + P3 ds< on:lc s designa a superfície lateral do cone

31. Com a ajuda da fórmula de Stokes transformar o integral ^ y dx + : dy-\-

-f x dz. Resp. — [ (cos a co* P +cos y) ds.

k
Achar os integrais curvilíneos directamente e aplicando a fórmula de
Stokes:

32 • ( j (y + *)d x + (z + x )dy + {x + y)dz, onde L i o círculo x * y * z * = a*,



x+y-\-z = 0. Resp. 0.

33. ^ x*y* d x + d y + z d i, onde L i o círculo = i = 0. Resp. .

Aplicando a fórmula de Ostrogradsky, transformar os integrais de superfície


em integrais áe volume:

34. ^ j (z cos a + y cos (J-f z cos y) ds. Resp. j jtd x d y d z .

35. J j (x2 4 -y2 -f j 2) (dy dz + dxdi-\- dxdy). Resp. 2 j j j (x-f-y-fi) dx dy d*.

36. i|* ^ xy dx dy + yz dy dz -f zx dz dx. Resp. 0.


*S
37-

S V

Aplicando a fórmula de Ostrogradsky. calcular os integrais seguintes:

3#. j j (x cos a -f y cos p -f z cos y) ds, .onde S i a superfície de elipsóide.


S
Z- u2 s3
7 r+ *6 r + ^ r = 1 - Resp-/,;w6c-
39. J ^ (x3 cos a-j-y3 cos 0-{-i3 cos y) ds, onde S i a superfície da esfera

40

n
x- dy dx-f yi dz dx-f-»2 dxdy, onde S i a superfície do cone —
a2 6a
*S
_ “7 = ° ( 0 Resp.

41. ^ ^ x dy dz -f-y dx dz-\-z dx dy, onde S i superfície do cilindro xJ + y* = a*,

— / / < x < / / . Resp. 3.-W*//.


f f ( õ^u d*u\ Ç du
42. D:monstrar a identidade ^ | ^ d x i ^ d y i ) d* d y = \— ds, onde C i o con-
D C
torno que limita o domínio D e —— a derivada segundo a normal «xterior.
on
ÍJ
Resolução:

D C

= Ç [— V co s(í, x) + X sen(s, x)] ds,


c
onde (r. x) é o ângulo entre a tangente ao contorno C e o eixo Ox. Se
se designar por (n, x) o ângulo entre a normal e Ox, tem-se sen (i, x) =
= cos (n, x), cos (í, x) = — sen (/i. x). Por conseguinte,

\í (~ ãi'^~ õy)dzdv=1 \{XC°* K *) + y t e n K *>!*•


D

Fazendo X — — ■, Y = — , obtém-se:

j j (ra+ ap )*'**" J ( £ “ ■<■• ^


D

iíffi+S)
ou

D C

õ'U d£u
A expressão chama-se operador de Laplace.

43. Estabelecer a identidade (chamada fórmula de Green)

JJJ
Ij' (vAu — uòku)dxdy d» — l|* j ^ y .£ iL _ u da,

sendo u e v continuas e tendo derivadas de segunda ordem contínuas no


domínio D. Os símbolos Au c Av representam:
Õ*u d*u , d*u * d*v d‘ U d^v
W ''r W r àd* à** ' W * *
S2o os operadores de Laplace no espaço.

Resolução — Na fórmula

Jjifê+SW?)***-
■■ ^ ^ [X cos (n , x)-}-Y cos {n, y) + Z cos (n , z)| dò
o
façamos

X =*VUx— uvx,
Y = VUy— UVy,

Z wmVUi — UVx.
Tem-sc

d X . dY , dZ - , . , .
"i ™ v ( w* * + u iiv T " »*?*) — « ( v x x - r *> y y -f- l’:x) = l ' A u — uáv,

X cos (n, ar) -J- Y cos (n, y)-j-Zcos{n, ;) —

= v (u* COS (n, x) -f uv COS (n, y)-f uz cos (n, ;))— u (v.[ cos (n, x) -(-

i ' / x• * .. du dv
+ V y cos (n, y)-ri>, cos (n, s)) = t; — u — .
dn dn
Por conseguinte,

j j j (vAu uAr) [v ^- u ^d o .
v a
44. Estabelecer a identidade

^ Au d x d yd z = (j* 4^- d a ,

onde Au = — 4 . — -L— (operador de Laplace).


dx* ^ dy* ~ <fti
R eso lu ção — Façamos, na fórmula de Green, estabelecida no exemplo ante­
rior, v = 1. Então, Av = 0 e a identidade está demonstrada.
45. Sc w (x, y, z) é uma funçSo harmônica num certo domínio, isto i, irnia
função tal que em cada ponto deste domínio é verificada a equação de Laplace
d*u d-u , d*u _
dx* ~djfi r ~dt*~ '

tem-se, em toda a superfície fechada a

R eso lu ção — Isso resulta


n o
± J a = 0.
dn

directamente da fórmula do problema 44.


46. Seja u (x, y, z) uma funçSo harmônica num domínio V e consideremos
em V uma esfera Ó de centro M (x,, j/lf Sj) e de raio R. Mostrar que

Resolução — Consideremos o domínio fl limitado pelas duas esferas o ,


a de raios R e dc centros no ponto M (*|, yx, i|). Apli­
quemos a este domínio a fórmula, dc Green do problema 43, onde u
será a funçSo indicada acima c v a funçSo

1
r V ( x — x ,)2 + (y — j/|)2 + (s — *j)2
Confirmamos dircctamentc, derivando c substituindo, que 4- +
Õxi dy-
d^v .
4- -r-T-= 0. Por conseguinte,
oz*

o+o

ou

a o

Sobre as superfícies e o a quantidade _L é constante f-|r e


ct e
- r \n P /
pode-sc-la fazer sair do sinal de integração. Em virtude do resultado
estabelecido no problema 45:

Por conseguinte,

•(I) •(!)
mas

1
àn dr r*
Logo

+ J j u y r* ’- j j u± da-0
? Õ

n ui°=-&n <i>
ou

? 5
Apliquemos o teorema da média ao integral da esquerda:
onde (ç, t}, £) é um ponio sobre a superfície da esfera de raio p e dc
centro no ponto M (xlt j/,, 2j).
Façamos tender p para zero: então, (|, t), Ç) -► u (xlt yit z{) :

-L f f d o - ^ - A a .
Ps J J p-
0
Logo, quando p -* 0, obtém-se:

í Í “ (*1. *1. xt)

Além disso, dado que o primeiro membro da igualdade (1) não depende
de p, quando p - »0 , obtém-se, por fim:

- Jp \ \ íiá o = * 4 n a (x tl yit j,)


õ

n
ou

“ <x" v" , , ) _ 4sb« uda-


Capitulo XVI

S É R IE S

§ 1. Soma duma série

Definição— 1. Seja dada uma sucessão numérica infinita (•)

u2, u3, ...


A expressão
u, + U2 + U3 + . . . + « « + . . • 0)
chama-se série numérica, sendo os números u,. u 2........ un, ... os
termos da série.

Definição — 2. À soma dos n primeiro termos de série chama-se


soma parcial sn :
Sn = «I + “a + • • • + u n-

Consideremos as somas parciais:

s2 = u l “f- W2,

S3 = Ul + UH +

Sr« — W| 4 " 1^2 + m3 4- • • • + Un.

Se o limite seguinte existir e for finito:

s = lim sn,
n-*oo

chama-se soma da série ( 1) e diz-se que a série converge.


Se lim sn não existe (por exemplo sn 00 quando n -> 00),
diz-se que a série ( 1) diverge e que não tem soma.

• Diz-se que uma sucessão é dada quando se conhece a lei que permite
calcular qualquer lermo u„, uma vez dado n.
Exemplos — Consideremos a série
a + aq + aq"i+...+<*?"-»-f-... (2>
ê uma progressão geométrica dc primeiro termo a e de razão q (a ^ 0).
A soma dos n primeiros termos da progressão geométrica (quando q = £ l )
é igual a
_ a — aqn
sn 1— q
ou
aqT
$n —
1 — <? 1 — <7 *

I. Se |q |< 1, qn -*■0 quando n -* oo e, por conseguinte,


.. / a aqn \ a
lim 8n — 11iii ----- j-í— = ---- .
n-*oo n->co V *— 9 1— ? / 1— q
Assim, quando q < I, a série (2) converge e a soma é
a
s—
1 —Q
2. Se q > I, |?n |-*■OO quando n -*■oo e ^ a,/ ■-*• ^ cx> quando

n-*- oo, isto é, que lim não existe. Assim, quando q > I. a série (2)
n-*<»
diverge.
3. S; q — I, a série (2) escreve-se

n . . a T a - a - f. . .
Por conseguinte

í/i =*na, Um sn — co,


n-»oo
a série diverge.
4. Sc q = — I , a série (2) escreve-se
a — a-f-a— a- j- ...
e
| 0 se n é par
*«= I , .
v a se n é ímpar,

*n não tem limite, a série diverge.


Asaim. a progressão geométrica (d? primeiro termo não nulo) converge,
se, e somente se, a sua razão for menor que a unidade em valor absoluto.
Teorema— I. Se a série obtida, suprimindo em ( 1) vários termos,
converge, a série proposta converge igualmente.
Reciprocamente, se a série proposta converge, a série obtida supri­
mindo vários termos converge igualmente. Por outras palavras, não
se afecta o carácter de convergência duma série suprimindo um número
finito de termos.
Demonstração — Sejam sn a soma dos n primeiro termos da
série ( 1 ). ch . a soma dos k termos suprimidos (notemos que se n for
suficicntcmentc grande, todos os termos rejeitados estão compreendidos
na soma sn) c seja ainda °n-k a soma dos termos da série que entram
em sn mas não em ch. Tem-se
Sn = Ck + <*n-A»

sendo ch um número constante não dependente dc n.


Resulta desta última relação que se lim cr„_fc existe, então, lim sn
n~*oo n-K»
também existe; se lira sn existe, o mesmo se diga de lim <rn_h, o que
n-*oo n-*oo
demonstra o teorema.
Para terminar este parágrafo, indiquemos duas propriedades ele­
mentares das séries.
Teorema — 2. Se a série
a\4" #2 4* •- • (3)
converge e se a sua soma é s. a série
cat 4- cat + . . (4)
em que c é um número arbitrário fixo. converge também e a sua
soma é cs.
Demonstração — Sejam sn e on , respectivamente, as somas par­
ciais de (3) e (4). Tem-se
On = cat - f . . . -f can = c (a, + . . . + a„) = csn.

Resulta que a soma parcial an de (4) existe, porque

lim o„ = lim (csn) = c lim sn = cs.


n-*«■ n--*0
*-o0
c n-*°°
n-*°°

Assim, a série (4) converge e a sua soma é cs.


Teorema — 3. Se as séries

ai 4~ <*24- • • • (5)
e
4- ^2 4- • • • • (6)

convergem e têm por somas s e s, as séries

(°t 4- frj) 4" (a2 4~ &») 4* • • • (7)


e
(a\— &i) 4- («2 — ^2) 4- • • •

convergem igualmente e têm por somas s + s e s— s.


Demonstração — Mostremos a convergência da série (7). Designemos
a sua soma parcial de índice n por *n e as somas parciais de (5)
e (6), respectivamente, por s„ e tem-se

On — (<*i 4 " ^ i) + • •• + (a n + b n) =

= (<*1 + •• • + «n) + (&1 + . . . + b n) = S n -1- S n .

Passando esta igualdade a limite quando n -* oo. tem-se

lim a n = lim (sn -f- sn) = lim sn -f- lim sn = s -f- s.


n n-*°° n~+°° n-*<*

Assim, a série (7) cor\verge e tem por soma 5 -fs.


Duma maneira semelhante se demonstra que a série (8) converge
também e que tem por soma ~s— s.
Diz-se que as séries (7) e (8) foram obtidas, somando e subtraindo
termo a termo as séries (5) e (6).

§ 2. Condição necessária de convergência de uma série


Quando se estuda uma série, uma das questões fundamentais é
a da convergência ou da divergência dessa série. Mais abaixo estabele­
ceremos critérios suficientes que resolvem esta questão. Propomo-nos,
agora, estabelecer um critério necessário de convergência.
Teorema — Se uma série converge, o seu termo geral u» tende
para zero quando n tende para infinito.
Demonstração — Suponhamos que a série
« t- f M*+ * * + . . . + w« + . . .

converge, isto é, que se tem a igualdade


lim sn = s,
n-+ao

em que s e a soma da 'série (um número finito fixo); mas. então,


tem-se. igualmente, a igualdade
lim s„_, = í ,
n-*<»

porque n e (n — 1) tendem para infinito ao mesmo tempo. Subtraindo


termo a termo a segunda igualdade da primeira.. obtém-se:
lim sn — lim s„_, = 0
n-~<» n-*oo
OU
lim (sn — $„_,) = 0
n -* o o
Ora.
Sn — sn - t = un.

1-080 rlim u n — n
0,
n-* »

c. q. d.
Corolário — Se o termo geral un duma série não tende para zero
quando /i-»cc, a série diverge.
Exemplo — A série


3i ’ 1 T 5 7 ^ 2n + \ ^
diverge, porque

O z*-
Notemos que o crilério examinado dá uma condição necessária,
mas não suficiente, isto é, que uma série pode bem divergir mesmo
que o seu termo dc ordem n tenda para zero.
Assim, a série seguinte, dita harmônica

1 + T + 5-+ T + " - + ^ + ---


diverge, se bem que
lim u n — lim — = 0 .
n-.ac n-»«® n
Para o demonstrar, recopiemos um maior número de termos da
série harmônica:

1 + y + j + | + j + ^ - + y + g -+

+ +fo+n+ + + +f5+fõ+f7'-+••• (1>


w k k
Escrevamos, ainda, a série auxiliar

1 + T + I + T + S‘ + í + TT+ 3' +

+ 1 6 + Tr>+ r r » 'f ír> "} To + ÍTj+ í r » +


16 termos
Constrói-se a série (2) como se segue: o seu primeiro termo é
1
igual a 1. o segundo igual a _ t o terceiro e o quarto igual a ~ ,

os quatro seguintes são iguais a ~ , os oito seguintes a _ L , os dezas-


\ o 16
seis seguintes iguais a —-, etc.
Oi
Designemos por síi’ a soma dos n primeiros termos da série
harmônica ( 1) c por s(nu a soma dos n primeiros termos da série (2).
Como cada termo da série (1) é maior que o correspondente
termo da série (2) ou lhe é igual, tem-se para n > 2

w
Calculemos as somas parciais da série (2) para os valores n iguais
a 2\ 2a. 2\ 2». 2*:

H — 1 -r 2“ = 1 + 1 , '2 *«

» . - i + i + ( l + t ) = i + l + y = i + 24 -
s»= 1+ J + ( t + 1 ) + ( f + S"1- F + f ) = 1+ 34 '
*» = 1+ !> + ( { + { ) + ( - § - + - + g - ) +

+ (r ô + -+iTi) = 1+ 4T ’
8 te rm o s

*a=1+y+(f+f)+(!-+■
•■
+f)+
+ (h +■■■+íè) + ( 4 + ■• • + à) = 1 + 54
N- — . ________ ' _______ ._______
!
8 Irr rn o s 16 te r m o *

1
calcula-se, do mesmo modo. í m = 1 + G — , % = 1 7- — e, em
geral, ^ = 1 ~ *.A .
Por conseguinte, as somas parciais da série (2) podem ser supe­
riores a qualquer número positivo, tazendo k suficientemente grande,
islo é. que
lim s f — oo,
n-*°°

mas resulta, então, da relação (3) que

lim = oo,
n-*oo
isto é, que a série harmônica ( 1) diverge.

§ 8. Comparação das séries com term os positivos


Sejam duas séries de termos positivos

ui 4* w2 4" u3 4- • • • 4- un 4- • • -i (1)
4- ^2 4" r3 4“ • • • + ^r» 4- • • • (2)

Temos os seguintes teoremas.


©
Teorema— 1. Se os termos da série (1) não forem superiores
aos correspondentes termos da série (2), isto é, se
u „ 0 „ (n = 1,2,...), (3)
e se (2) converge a série ( 1) converge também.
Demonstração — Designemos por su e a„ as somas parciais da
segunda série:
n "
Sn = X = X Ui'

Resulta da condição (3) que


(4)

Como a série (2) converge, as suas somas parciais têm limites


lim on = a.
n-*<“
Sendo positivos os termos das séries (1) c (2), tem-se <jn < a,
e. cm virtude da desigualdade (4),

Assim, demonstramos que as somas parciais são limitadas


Notemos que. quando n cresce, a soma parcial sn cresce, e resulta
do facto que a sucessão das somas parciais é limitada e cresce
quando tem um limite (*)

lim sn = s,
n -*oo
c. evidentemente.

O teorema 1 permite pronunciarmo-nos sobre a natureza de certas


séries.
Exemplo— 1. A série

1 + ' Â' + +• . . + 7^-4-• • •


converge, dado que os seus termos sáo mais pequenos que os termos cor­
respondentes da série

1 + W '■ +l i + ••* + 2^ + ••*

que é uma série geométrica da razáo .1 a partir do segundo termo. A sua

soma é
I
1 J . . A série proposta converge e a sua soma é menor que \L .
1

Teorema — 2. Se os termos da série (1) não forem inferiores


aos correspondentes termos da série (2), isto é, se

Un > V «, (5)
e se a série (2) diverge, a série ( 1) diverge igualmente.
Demonstração — Resulta da condição (5) que
sn > o n. (G)
Como os termos da série (2) são positivos, a sua soma parcial <?n
cresce com n, e como diverge

lim a n = oo.
n—«>
Mas, então, em virtude da desigualdade (6).

lim sn =s oo.
a série ( 1 ) diverge.

• Para se confirmar que a variável *n tem um limite lembremo-nos


dum critério de existência do limite duma sucessão (ver cap. II. t. I): «uma
variável limitada e crescente tem um limite». No nosso caso, a sucessão das
somas sn é limitada e desce, logo tem um limite, a série converge.
Exemplo — 2. A serie

1/2 1/3 Y~n ' '


diverge, porque, a partir do segundo, os seus termos sfio superiores aos termos
cofíw-üpondcntcs da série harmônica

, + T +T + — +T + — '
qu? como •>; sabe diverg.*.

N ota— Os dois crilérios que se acabam de dar (teorema 1 e 2)


apenas são legítimos para as séries de termos positivos. Continua a
vigorar quando faliam vários termos numa ou noutra série. Todavia,
estes crilérios já não são verdadeiros se uma qualquer das séries possuir
termos negativos.

§ 4. Regra de Alembert
Teorema (regra de Alembert) — Se numa série de termos positivos

u i *+• “ 2 + u 3 + • • • - f u n + • • • (1 )

a relação tiver um limite finito l quando n -> co:


Un

lim!Íí±! = /, (2)
n"*°° «n

1 . a série converge quando l < 1 ,


2 . a série diverge quando l > 1
(se / = 1 , nada se pode dizer).
Demonstrarão— 1. Seja / < 1. Consideremos o número q tal que
l < q < 1 (fig. 242).

çjL
-ü-
t jíií/? I
u*
Fig. 312

Resulta da definição dos limites e da relação (2) que se tem


para todos os n a partir dum certo número N. isto é. para « > N.
a desigualdade
wn+1 ____ /n'\
--- <<?• (2 )
un
Com efeito, como a quantidade tende para o limite I. pode-se
tornar a diferença entre !l?fl e o número / (a partir dum certo AO
ÚR .
inferior em valor absoluto a qualquer número positivo, em particular
a q — l. isto é. que
^n +l
~ l < q - l.

Esta última desigualdade implica (20- Escrevamos esta igualdade


para diversos n a partir de N:

u .v+i < g w .v ,

u*+2 < q i*x +i < ( f u s ,


(3 )
u .v+3 < qu S+2 <C q*Ux ,

Consideremos agora as duas séries

1*1 4 ” “ * 4" 4 " • • • 4 " M.V 4 - W.v+I 4 " u S + i 4 - • • •« ( 1)


uN -f qu.s -f- (?Ux 4- • •• (O
(10 é uma progressão geométrica de razão positiva q < 1. Logo
converge. Os termos da série (1). são a partir de m.y-m, inferiores

LI l-f

Fig. 343

aos termos da série (10- Resulta do teorema 1 § 1 que a série (1)


converge.
2. Seja / > 1.
Resulta de lim = /(/ > 1) que a partir dum certo número N.
n -+oo Un
isto é. para n > N, se tem a desigualdade
«n +l
>1

(fig. 343). ou > un para todos os n > N. Mas isso dizer que os
termos da série crescem a partir do índice N -f 1 . logo o termo
geral não tende para zero. A série diverge
E x e m p lo — 1. Estudar a natureza da série

‘ T 1-2
1.1 1-2-3 11 ’ ’ * * 1-2 n
R esolução — Tem-sc

I 1 _________1_________1 .
W/l 1>2*... */i n! ’ +1 = 1•2*... •n (n 4-1) ( « K l ) ! ’
»/>^i ___«J__ ____ 1
(/. 4-1)! n+ 1 *
Por conseguinte.

lim ** lim — í-r=^ 0 < 1 .


n-»ao Mn n-*ao n * ■

A série converge.

Exem plo — 2. Estudar a natureza da série

2 , 22 , 25 , . 2»
T 4" 2 -+ T 4--'--r ' ^ r 4‘ '-'
R eso lu ção — Aqui, tem-se

„ = 21- , = ^ — ; -ííi±J-=-2 — ; l i m - l i m 2 - ^ t = 2 > 1.


n n ’ /»H - 1 u„ n+l n-.y> ~ n *

A série diverge, de resto o seu termo geral u„ tende para infinito.

Nota — A regra de Alembert permite ver se uma série positiva


converge sòmente no caso cm que lim — - existe e é diferente de 1 .
n->x> W-n

Se este limile não existir ou se lim —^ = 1. a regra de Alembert


n-«rú Mn
não permite concluir que a série converge ou que diverge, porque
pode, então, tanto convergir como divergir.
Para determinar a natureza de uma tal série, recorrer-se-á a
um outro critério.
Notemos, no enlanto. que se lim — -= 1 e se o quociente
n-Mo
for maior que a unidade para n suficientemente grande, a série diverge.
Com efeito, sc ^211 > 1, então uA+, > un e o termo geral

não tende para zero quando n - * oo.

Ilustremos o que foi dito com exemplos.

Exem plo — 3. Estudar a convergência da série


Resolução — Tem-se
n ~fl

lim -Í2±i - lim - í± ^ - - lim Ü Í ± | 2± Í = 1 .


/*-»!» **n n- K » n n-*ao n &n
n+ i

A série diverge, porque iíiti > i para todo o n-.


un
“n+1 _ n* + 2n -f 1
u„ «2-f2/i ^ ’
Exemplo — 4. Apliquemos a regra de Alembert à série harmónia

1 + 4 + 4 + ...+ Í + ...

Tem-se u„ = — un > 1 = — 1— c, por conseguinte.


n ' - n+ ' - n + l

lim ~ ^ 1± L = lim
n .oo “n n-»oo n + 1

Portanto, a regra de Al?mbert nSo permite dizer nada sobre a con­


vergência ou divergência da série harmônica.
Mas estabsleceu-se doutro modo que esta série diverge.
Exemplo — 5 Estudar a convergência da série

ü 2 ^” 2^3"^3^4"^ ••• t n(n + 1) + . . .


Resolução — Tem-se
1 1
n(n + 1) * “n+i (n+ 1) (n + 2) ’
i- un+l ii
lim —2±i_«a Un»
« ( « + !)
— , i Vt "
ii n
ox” l |rn — ~ õ — i ‘
t
n -»cc un n—co ( n + 1 ) ( n + 2 ) n-»a> n + 2

A reera d’ Alembert nada dá. Mas node-se demonstrar que esta série
converge por outras consideraçOes. Com efeito,
1___ ± ____ i__
n(/i-f-l) n n-f-1 ’
e pode-se recopiar a série dada sob a forma

Reduzindo os termos semelhant-s, obtém-se a expressSo da soma parcial s„ :

sn «■!• ‘
Por conseguinte, "+1 '

lim *„ = lim ( l — — i — ] = l.
«-♦oo n-»oo \ "T * /

a série converge e a sua soma é igual a 1.


§ 5. Kegra de Cauchy
Teorema (regra dc Cauchy) — Sendo dada a série
u l 4 " U2 4 " U 3 4 “ • • - 4~ u n 4 " • • • 0 )

de termos positivos, se a quantidade n/ un tiver limite finito l quando


n —> ca, isto é. se se tiver
n ----- •
lim ) un = /,
n-*«
1 . a série convege se l < 1
2 . a série diverge se l > 1 .
Demonstração — 1. Seja / < 1. Seja q um número tal que l < q < 1.
Ter-se-á. a partir dum certo n = N

| ^ — ! | < f — I:
Dai resulta que

? <q
ou melhor
u» < q n
para todos os n > N.
Consideremos, agora, as duas séries:

u i 4 * u2 4 “ m3 4 " • • • 4 " M X 4 ” M -V + 1 4 * w-v+2 + . . •* (1 )

ç* 4 - ç N + i 4 - q " + i 4- • • • ( O

A série (10 converge porque os seus termos formam uma pro­


gressão- geométrica decrescente. Os termos da série (1) sâo. a partir
do a*, inferiores aos respectivos termos de (!'). Logo a série ( 1) converge.
2. Suponhamos / > 1. Ter-se-á. a partir dum certo n = N

V un > 1
o h melhor
u„ > 1 .
A série diverge, evidentemente.
Exem plo — Estudar a convergência da série

R eso lu ção — Apliquemos a regra de Cauchy:

l!Z '* ~ 2 2 . V (»T T


A série converge.
N ota— Tal como para a regra de Alembert o caso em que

lim V u n = l — 1
n-*“>
exige um estudo particular. A série pode, então, tanto convergir como
divergir. Assim, para a série harmônica (que, como se sabe, diverge)

lim V ~ ü^= lim 1 / ^ = 1.


n-*w n -*•» » fl

Para nos assegurarmos disso, mostremos que lim Log I / — * 0.


n-*ao
Com efeito.

lim Log 1/ — = lim —


n-*w ' tl n-*«> n

O numerador e o denominador desta fracção tendem para infinito.


Apliquemos a regra d’Hospital:
__
1mi Log \ í — = lim — — -n = l i m -- — = 0.
n-+oo ' fl n-*oo fl n-*°° 1

VT -«/T
Assim, Log 1/ — ^ 0 * mas. então. 1 / — -► 1, isto é, que

lim =
n-*oo « ti

O mesmo se diga da série

para a qual

lim y^ün = lim \f —2- = lim l / " — — 1-


n-*oo n-*“ /l »•** W fl
Mas esta série converge porque a partir do §«gundo. os seus
termos serão inferiores aos da série convergente

— + + + -- ------f . . .
1-2 2-3 n (" + l)
(ver exemplo 5. § 4).
§ 6. Comparação com um integral
Teorema — Seja a série de termos positivos não crescente
Uj -f- + Kj + • • • + u» + • • •» (1)
isto é,

e seja ) ( jc ) uma função contínua não crescente tal que


/ ( 1 ) « i í , ; / ( 2 ) = u2; /(«) = “ .. (2)
Pode-se, então, afirmar que:
1 . se o integral
] f(* )d x
i
converge (ver § 7, cap. X I. t. I), a série (1) converge igualmente;
2. se o integral diverge, a série ( 1) converge.

Fig. 344 Fig. 345

Demonstração — Representemos os termos da série geomètrica-


mente. reportando ao eixo das abeissas. os números dos termos 1 .
2. 3, n, n + 1. ... c verticalmente os seus valores a „ u2....... un ,
(fig. 344).
Construámos. sobrc a mesma figura, o gráfico da função não
crescente
y = /( * )
que satisfaz à condição (2).
Nota-se, na figura 344. que o primeiro rectângulo construído tem
por base I c por altura f (1) = A área deste rectângulo é. pois, ux.
A área do segundo rectângulo é u2, c a área do de ordem n e último
rectângulo construído é A soma das áreas dos rectângulos cons­
truídos é igual à soma sn dos n primeiros termos da série. Por outro
lado a figura em escada formada por estes rectângulos contém o
domínio limitado pela curva y = f (x) e as rectas x = 1 , x =* n + 1 ,
n + l

y = 0; a área deste dominio é igual a J / (x) dx.


Por conseguinte,
n + l

* n > I f(x )d x . (3)


1

Consideremos, agora, a fig. 345. Aqui. o primeiro rectângulo


construído tem por altura u2 e a sua área é também u.. A área do
segundo rectângulo é ua, etc. A área do último rectângulo construído
é i^n+i- Por conseguinte, a área dc todos os rectângulos construídos
é igual à soma dos (/i + 1 ) primeiros termos da série menos o pri­
meiro, ou seja, s„+j — u,. Por outro lado. como é fácil de ver.
a figura em escada formada por estes rectângulos está compreendida
no trapézio curvilíneo formado pela curva y = f (x) c as rectas x = 1.
n + l

x = n + l. y = 0. A área deste trapézio curvilíneo é igual a J / (x) dx.


í
n + l

*n + l — « 1 < í f(x)dx,
1

donde n+1
* n + i < í /(x)dx-f-u,. (4 )
í

Consideremos, agora, os dois casos.


00
1. Suponhamos que o integral J / (x) dx converge, isto é, que
1
tem um valor finito.
Como n+i oo
s / (x) dx < y / (x) dx,
i i

tem-se, em virtude da desigualdade (4),


00
sn < s n+l< $ f ( x ) d x + u u
1
isto é, que a soma parcial sn é limitada qualquer que seja n. Ora,
ela cresce com n. porque todos os são positivos. Logo tem
um limite finito quando n -+ oo

lim
n- *eo
a série converge.
2. Suponhamos cm seguida que J / (x) dx = oo.Tal q**er dizer
n+i 1
que J / (j) dx cresce indefinidamente com n. Mas. então, em virtude
i
da desigualdade (3). sn cresce também indefinidamente com rt, ieio é.
a série diverge.
O teorema, está pois, completamente demonstrado.

Exem plo — Estudar a convergência da série

R e s o lu ç ã o — Comparemos com o integral da funçio

que satisfaz a todas as condições do teorema. Considermos o integral

7 = 7 * ‘ " * líf ~ I T 7 " Pa ra p* '■


Log*|? =LogjV para />=!.

Façamos tender N para infinito e estudemos a convergência do integral


segundo os casos.
Poder-sc-á, então, julgar da convergência do integral segundo os valores de p.

--- — . o integral é finito, logo a série diverge.


xP p— 1
i

o integral é infinito, a série diverge.

o integral é infinito, a série diverge.


1
Notemos que nem a regra d'Alembert nem a de Cauchy resolvem a
questão da convergência desta série. Com efeito.
§ 7. Séries alternadas. Teorema de Leibniz
Considerámos, até agora, séries de termos positivos. Neste pará­
grafo vamos considerar séries cujos sinais dos (ermos são alternados.
isto é. séries da forma
U| — U» + Hj — “f" • • •»

em que uu u ,........ .......... sào positivos.


Teorema de Leibniz— Se numa série alternada
ui — «2 + «a — + . . . (un > 0), (1 )
os termos vão decrescendo
u, > U , (2)
e se
l im u n = 0 , (3 )
A *<X>
a série ( 1 ) converge, a sua soma é positiva e não é superior ao primeiro
termo.
Demonstração — Consideremos a soma dos n = 2m primeiros ter­
mos da série ( 1):
S Í r x - ( U l — U z ) - f ( « # — W4 H - • • . - r — « 2 m ).

Resulta da condição (2) que as expressões entre paréntesis são


positivas. Logo a soma * im é positiva

*2m > 0
e cresce com m.
Recopiemos. agora, esta soma sob a forma
*2m = Wl — («2 — W3) - (« 4 — Ma) — . . .

. . . — (“ 2m - 2 — W 2m -l) — U í m .

Em virtude da condição (2). cada expressão entre paréntesis é


positiva, logo. subtraindo todas as expressões entre paréntesis de u lt
obtém-se um número inferior a wlt isto é. que
S2n, < u {.

Por conseguinte, estabelecemos que sim cresce com m e é limitada


superiormente. Resulta que tem um limite r.
Todavia, não demonstrámos ainda que a série converge; demons­
trámos somente que a sucessão das somas parciais pares tem um
limite s. Demonstremos agora que as somas parciais impares tendem
também para s.
Consideremos, para esse efeito, a soma dos n = 2m + 1 primeiros
termos da série (I):
s 2nH I = s2m " f M2/n + l-

Como. segundo a condição (3). lim itirn, , 0, tem-se


m-»co
l im ^ 2/ n + l = l* in s 2m H “ M 2m - r l = s2m = s -
m -*» m -*“ m -*» m -*»

Do mesmo modo, demonstramos que lim sn — s quer n seja par


n—<x>
quer seja impar.
Logo a série converge.

“2

Fig. 346

N ota— 1. O teorema de Leibniz pode ser ilustrado geométrica-


mente como se segue. Reportemos ao eixo numérico as somas parciais
(fig. 346):
Si = U i , S2 = U i — U2 = Sl — u 2, S3 = s2 + m3,

= - W4, S j = Í4 + «Si

e assim sucessivamente.
Os pontos que representam as somas parciais tendem para um
ponto s que representa a soma da série. As somas parciais pares
encontram-se à esquerda dc s, as somas parciais ímpares à direita de s.
Nota — 2. Se uma série alternada satisfaz à condição do teorema
de Leibniz, não é difícil avaliar o erro cometido quando se substituir
a sua soma s por uma soma parcial s„.Isto eqüivale a desprezar todos
os termos a partir de «n+i* Mas estes termos formam uma série
alternada cuja soma é. em valor absoluto, inferior ao primeiro termo
desprezado (iin+i). Por conseguinte, o erro cometido quando se substi­
tui s por sn não ultrapassa em valor absoluto o primeiro termo des­
prezado.

Exemplo — 1. A série harmônica alternada

1
i - T1 +1T - T1+ - -
converge porque

*> 1> T > T > ••••


2) lim un = lim — = 0.

A soma dos n primeiros termos desta série

* .= i- T + - r- T + - + < - ‘>nt4
difere da soma a da série por uma quantidade inferior a —í— .
1
Exemplo — 2. A série

\___L + J — L _l
2! 3! 4! 1 •* '

converge cm virtude do teorema de Leibniz.

§ 8. Séries de term os de sinais quaisquer


Convergência absoluta e semi-convergência

Uma série diz-se de termos de sinais quaisquer se se encontra


entre os seus termos, quer termos positivos quer termos negativos.
As séries alternadas do parágrafo anterior são, evidentemente,
um caso particular das séries de termos quaisquer.
Vamos examinar algumas propriedades das séries de termos de
sinais quaisquer.
Contràriamcntc à convenção adoptada no parágrafo anterior, admi­
tiremos daqui em diante que os números u x, u3.......u*, ... podem ser
quer negativos quer positivos.
Vamos dar. em primeiro lugar, um importante critério suficiente
da convergência das séries de termos de sinais quaiòqucr.

Teorema — 1. Se a série de termos de sinais quaisquer

(D
é tal que a série formada com os valores absolutos dos seus termos

I u i I + I I 4 " • - • 4 * I w n I 4 " • • • (2 )

converge, a série proposta também converge.

Demonstração — Sejam sn e <j„ as somas dos n primeiros termos


das séries ( 1 ) e (2).
Sejam ainda s'n a soma de todos os termos positivos e f n a soma
dos valores absolutos dc todos os termos negativos contidos nos n
primeiros termos da série proposta
sn = Sr, sn ; Cír» = sn 4~ Sn ■

Por hipótese. o„ tem por limite o ; sí, e s"„ são quantidades


positivas crescentes inferiores a v. Logo. tèm limites s e j". Resulta
da relação sn = s'n — s’n q u e sn também tem um limite que é igual
a s ' — " s. isto é. que a série de termos de sinais quaisquer ( I ) converge.
O teorema demonstrado permite julgar da convergência de cer
séries de termos de sinais variáveis. O estudo da questão da conver­
gência duma tal série reduz-se. então, ao estudo duma tal série de
termos positivos.
Consideremos dois exemplos.
Exemplo — I. Estudar a convergência da série

sen a sen 2a , sen 3a , . sen n a ,


H--- 35--- . ÕS
12 2* 3* T ••-• t - 3 - -•••.

onde a é um niimero qualquer.


Resolufõo — Consideremos, paralelamente à série proposta, as séries

| sen a sen 2a I , i sen 3a I , . |*«• n a | , ...


12 |+ - + |“ S i - | + - (4)

+ + + (5)

A série (5) converge (ver § 6). Os termos da série (4) nâo s io superiores
aos termos da série (5); logo (4) também converge. Resulta do teorema
demonstrado que a série (3) converge também.

Exemplo — 2. Estudar a convergência da série

co s— c o ? 3 - j- c o s 5 - j- co# (2 a — 1) —
3 > p 33 I* • • • 4 jjn f •• • (♦>)

Resolução — Consideremos, ao mesmo tempo que a série proposta, a série


Esta série converge, porque é uma progressão geométrica de razão .
Resulta daí a convergência da série dada (6) porque os seus termos são
interiores cm valores absolutos aos termos da série (7).

Notemos que o critério de convergência demonstrado acima é


simplesmente suficiente para que uma série de termos quaisquer con-
verja, mas não necessária; existem séries com termos de sinais variáveis
que convergem, mas cujas séries dos valores absolutos divergem.
Daí. ser útil introduzir as noções dc convergência absoluta e
semi-convergência para as séries de termos quaisquer e classificar assim
estas séries.

Definição — A série de termos de sinais variáveis

M i + « 2 + «3 4 * — 4 " M #» 4 * • • • (1 )

diz-se absolutamente convergente se a série formada com os valores


absolutos dos seus termos

I Wi I + |«2 |4" I u3í 4- • • • 4* I M/l I 4- • • • (2)


converge.
Se a série (1) converge, mas se a série (2) diverge, a série pro­
posta ( 1 ) diz-se semi-convergente ou não absolutamente convergente.
Exemplo — 3. A série harmônica alternada

1 -I 1 1
T +T “ T
é semi-convergente, porque a série dos valores absolutos é a série harmônica

,+ T +T + T + " '
qus diverge. A série harmônica alternada converge, como resulta do critério
dc Leibniz.
Exemplo — 4. A série

1"'5 r+i r ““'3r+—


é absolutamente convergente, dado que a série dos valores absolutos

1 + ‘é ' + i r + 4 + -”
converge, como ficou estabelecido no § 4.

Utilizando a noção de convergência absoluta, formula-se muitas


vezes o teorema 1 como se segue: uma série absolutamente convergente
é convergente.
Indiquemos para terminar (sem demonstração) as seguintes pro­
priedades das séries absolutamente convergentes e semi-convergentes.
Teorema — 2. Se uma série converge absolutamente, ela converge
absolutamente quando se muda arbitràriamente a ordem dos seus termos.
A soma duma tal série não depende da ordem dos seus termos.
Esta propriedade não sc conserva para as séries semi-convergentes.
Teorema — 3. Se uma série é semi-convergente. pode-se reagrupar
os seus termos de maneira que a soma da nova série obtida seja igual
a um número A dado antecipadamente. Além disso, pode-se reagrupar
os termos duma série semi-convergente de maneira que essa nova
série seja divergente.
A demonstração destes teoremas sai do âmbito deste curso. Para
ilustrar o facto de que se pode reagrupar os termos duma série semi-
-convergente de maneira a modificar a sua soma. consideremos o
exemplo seguinte.
Exemplo — 5. A série allerada

1 2" " ^ T “ T + ’ ” ®
n3o converge absolutamente. Seja s a sua soma. Tem-se, evidentemente, s > 0.
Reagrupemos os termos de (8) de modo que um termo positivo seja seguido
de dois termos negativos:
A i A A A

. (9)

Mostremos que a série obtida converge, mas que a sua soma / é duas
vezes menor que a soma da série (8), isto é, que é igual a -L s. Sejam t n e

as somas parciais das séries (8) e (9). Consideremos a soma dos 3k termos
da série (9):

» ; * - ( , - T - T ) + ( T “ T ~ T ) + " - " :- - (s= T - 4JF=T ~ -âr)”

- (- H 4 - )+ (4 - ± )+ - + tò - :A - )-

- * [ (‘- 4 )+ (* - t )+ - + (» h - * )] -
1 / 1 ,1 1 , 1 1 1
2 V 2 3 4 + 2fc — 1 2k ) 2 >Vt''

Por conseguinte, j I
lim *3A= lim — «o* =-«,-*•
fl-*C© * *

Depois / 1 \ 1

Ura , 3, , 2= U m ( » , * + ^ - 5^ ) *•
Logo, o b té m - s e

lim sn = s ' = 4 r * .
n-*co -

Vê-se que a soma da série mudou após rcagrupamento dos seus termos
(diminuiu de metade).

§ 9. Séries de funções
Chama-se série de junções a ioda a série na qual o termo geral
é uma função duma variável x.
Consideremos a série de funções

u{ (x) + u2 (x) -f u 3 (x) -f . . . + u n (x) + . , . (1>

Dando a x diferentes valores numéricos obtém-se diferentes séries


numéricas que podem tanto convergir como divergir.
O conjunto dos valores de x para os quais a série de funções
converge chama-se dominio de convergência dessa série.
É evidente que, no domínio de convergência duma série de funções,
a sua soma é uma ceria função de x.
Eis porque se a designa por s (x).
Exem plo — Consideremos a série

1+x-f *■+... 4-*"4-*«-


Esta série converge para todos os x no intervalo ( — 1. I). isto é,
para todos os x que satisfaçam à condição x | < l . Para todo o valor de x

deste intervalo, a soma da série é igual a ^ (a soma duma progressão

geométrica, decrescente de razão x). Por conseguinte, a série proposta define


no intervalo ( — 1, 1) a função

que representa a soma da série, isto é, que

1 1 +x-f x2-|-r3+ ..
1 —x
Designemos por sn (x) a soma dos n primeiros termos da série (1),
se esta série converge e se a sua soma é s (x). então,

s(x) = sn (x) + rn (ar),

onde rn (x) é o resto da série ( 1):

rn (*) = «n+, (*) 4- n n+2 {*) 4- • . .


Temos para todos os x do intervalo de convergência lim sn (x) =
n-*oo
= S (*). logo
lim r„ (x) = lim ($(x) — sn (x)J = 0 ,

o que mostra que o resto r„ (x) duma série convergente tende para
zero quando n -» oo.

§ 10. Séries majoráveís


Definição — A série de funções
U| (x) 4- “2 {x) -f «3 (x) + . . . 4- «n (x) 4- • • • 0)

diz-se majorável num certo domínio de variação de x, se existir uma


série numérica convergente de termos positivos

a l 4 “ C *2 4 " a 3 4~ • * • 4 " a n 4 ” • • • (2 )

tal que se tenha para todo o x do domínio considerado


|u1 ( x ) | < a 1, [u2 ( x ) | < a 2, . . . . | u „ ( x ) f < a n, . . . (3)

Por outras palavras, uma série é majorúvel se cada um destes


termos não for superior em valor absoluto ao termo correspondente
duma série numérica convergente de termos positivos.
Assim, a série
cos x cos 2x cos&r cosnx
~ r+ —

é majorável sobrc todo o eixo Ox. Com efeito, tem-se para todos os
vaiores de x a relação
cos nx
< - i (« = 1 , 2 , . . . ) ,
n2

e sabe-se que a série

7 + 7 + F + ...
converge.
Resulta imediatamente da definição que uma série majorável
num certo domínio é absolutamente convergente em todos os pontos
desse domínio (ver § 8). Além disso, numa série majorável goza da
importante propriedade seguinte.
Teorema — Suponhamos que a série de funções
M1 (-T) + W2 (*) + -• -+ «„ (*) + . . .
é majorável sobre o segmento [íí. h]. Sejam s (.v) a soma desta série.
a soma dos seus n primeiros termos. Então, corresponde a
qualquer c > 0 arbitrariamente pequeno um número N tal que para
todos os « > /V
\s{x) — s„ (* )| < P .

qualquer que seja x sobre o segmento [a. />].


Demonstração — Designemos por <t a soma da série (2):
o = c t , - f- a 2 - f* + • • • + + a «H i + • •
Tem-se
0 = 0n + Pn,
em que a„ é a soma dos n primeiros termos dc (2 ) e en o resto
desta série:
p », = a „ +i 4-CC/.+2 + • . .

Como esta série converge, tem-se


lim o n = a
n-*w
c. por conseguinte.
lim e„ = 0.
H-*ac
Escrevamos, agora, a soma da série dc funções (1) sob a forma
*(*) = (-0 + rn (*)>
cm que
sn (x) = u, (x) -f . . . -f un (j*),
rn (x) = un+i (x) -1- « n+2W + w„+jW + • ■•
Resulta da condição (3) que
I u n + l (- 0 I ^ a n + |t I w n+ 2 ( J ’) I a n +2 ’ •••
c. portanto.
1rn (x) |< p„
para todos os x do domínio considerado.
Ass,m* Í*(*)-*r. (x) | < e n
para todo o ^ do segmento [a, A] e en -► 0 quando «-♦oo.
Nota — O resultado obtido pode ser ilustrado geomètricamente
como se segue.
Consideremos o gráfico da função v = s (x). Construamos uma
faixa de largura 2 e„ . sobrc esta curva, isto é. construamos as curvas
>’ = s (*) + pn e y = s (x) - e„ (fig. 347).
Nestas condições qualquer que seja e„, o gráfico da função sn (x)
ficará contido completamente nesta iaixa que conterá igualmente os
gráficos dc todas as somas parciais seguintes.
Nota — Numa série dc funções arbitrárias convergindo sobre o
segmento [a. b], não goza forçosamente da propriedade demonstrada

no teorema. Mas existem séries não majoráveis que gozam da referida


propriedade. Toda a série que goza desta propriedade diz-se unifor­
memente convergente sobre o segmento [a, h).
Assim, a série de funções u, (x) + u3 (x) 4- ... + un (x) -f ... diz-se
uniformemente convergente sobre o segmento [a, b] se corresponde a
todo o e > 0 arbitrariamente pequeno um número N tal que. para
todo o n > iV. se tenha

! * ( * ) “ sn ( * ) | < e
qualquer que seja x sobre o segmento [a. 6].
Resulta do teorema demonstrado que uma série majorável é
uniformemente convergente.

§11. Continuidade da soma duma série


Seja uma série de funções contínuas
w, (x) -f « ,(* ) + . . ; + Un (*) + . . .
convercente sobre um segmento [a. b].
Demonstramos no capítulo II (t. I) um teorema sobre a conti­
nuidade da soma de um número finito de funções contínuas. Esta
propriedade já não é conservada para a soma duma série (que contém
uma infinidade de termos). Certas séries de funções contínuas têm
por soma funções descontínuas.
Exemplo — Consideremos a série
X i i ,1 i i i
(X 3 _ Z) + (X 5 — x 3 ) + (; r _ x S )- f 1 — X 2n-‘ ) + . . .
Os termoi desta série (qus figuram entre paréntesis) sSo funções conti­
nuas qualquer qus seja x. Mostremos que esta scric converge c que a sua soma
é uma função descontínua.

Achemos a soma dos n primeiros termos desta série:


1

Calculemos a soma da série:


Se x > 0 i
lim *„ ( * ) = lim (z 2b+‘ 1 — x,
n -* c o n-*oc>

Se X < 0 |

*== lim sn (x) = lim {— |x 1 2n+1 — x) = — I — x


n-*oo n~»oo

Se x = 0. tem-ss *n = 0 , logo *= lim sn =0. Tem-se, pois:


n-*oo
j(x ) = 1 — x para x > 0 ,
*(x) = — l - x para x < 0 ,
* (x )= 0 P®ra * = 0.
Assim, a soma da série considerada é uma funçJo descontínua. Repre­
sentamos o seu gráfico na figura 348, bem como das somas parciais í, (x), tz (x)
e si (x).
O teorema seguinte diz respeito às séries majoráveis.
Teomera — A soma duma série de funções contínuas majorável
sobre o segmento [a, b) è uma função contínua sobre esse segmento.
Demonstração — Consideremos a série de funções contínuas majo­
rável sobrc o segmento [a. b]

w, (x) -f “*(*) + “ *(*) + • • • (*)


Escrevamos a sua soma sob a forma

*(*) = s„ (x) + rn (x),


onde
sn (x = u , ( x ) -f . . . + « „ ( * ) ,
e
rn (x) = un+1 (x) + u n+2 (x) -f . . .

Tomemos sobrc o segmento [a. b] um x arbitrário e demos-lhe


um acréscimo Ax. tal que x + Ax pertença a [a. b].
Introduzamos as notações

As = s (x -f- Ax) — s (x) ;


Asn = sn (x + Ax) - sn (x);
então,
A s = Asn + rn (x + Ax) — r n (x),
donde
|Asj < |As„ |-f |rn (x -f- Ax) |+ [rn (x) |. (2)

Esta igualdade é verdadeira para todo o n.


Para demonstrar a continuidade de 5 (x). é preciso demonstrar
que, qualquer que seja c > 0 arbitràriamente pequeno, antecipadamente
dado, existe 8 > 0 tal c^ue. para todos os A.x < S. se tenha As < c.
Como a série proposta (1) é majorável corresponde a todo o
e > 0 um n tal que
I rN (x) |< -|-, (3)

qualquer que seja x sobre o segmento [a. b]. O número x + Ax per­


tence ao segmento [a. 6], logo

|r lV(x -f- Ax) |< -Í . (3')

Por outra via. para o N escolhido, a soma parcial sy (x) é uma


função contínua (a soma dum número finito de funções contínuas), e.
por conseguinte, pode-se escolher 3 positivo tal que. para todo o ax que
satisfaça ã condição JA^r |< Ô se tenha

I As* |< . (4)

Resulta das desigualdades (2), (3), (3'). (4)

isto é.
|As |< e . visto que |Ax |< 6 ,

o que prova que s (*) é uma função continua no ponto x (e. portanto,
em qualquer ponto do segmento [a, />J).
Nota — Resulta do teorema demonstrado que sc a soma duma
série e descontínua sobre um segmento dado [a. ò], a série não pode
ser majorada sobrè esse segmento. Assim,, a série estudada como
exemplo não pode ser majorada sobre todo o segmento que contém
o ponto x = 0 no qual a série é descontínua.
Notemos, por fim, que o recíproco não é verdadeiro; existem
séries não majoráveis sobre um segmento mas que convcrgcm sobre
esse segmento para uma função continua. Em especial, qualquer série
uniformemente convergente sobre o segmento [u. b] (mesmo sc não
for majorávcl) tem por soma uma função continua (sc. bem entendido
todos os seus termos fòrcm contínuos).

§ 12. Integração e derivação de séries


Teorema— 1. Seja a série de funções contínuas
“ l (*) + «2 (*) + • • • + Un (*) + • • • (1 )

majorável sobre o segmento [a. A] e seja s (x) a sua soma. O integral


de s (x) entre a e x, pertencente a [a. b], é igual à soma doe integrais
dos termos da série entre os mesmos limites:

a a a a

Demonstração — A função s (x) pode ser posta sob a forma

s (*) = *»,j f t - f rn (x)


ou

s(x) = u t (x) + « , ( ! ) - ( - . .. + u n (x) -f r„ (t ).


Tem-sc
X X X

J s (x) dx = S «, (x) dx 4- 5 m2 (x) cte -f . . .


a
x
. . . + S «n (*) dx 4- J rn (x) dx (2 )
a a

(o integral duma soma finita de termos é igual à soma dos seus


integrais).
Como a série proposta (1) é majorável. tem-se, qualquer que
seja x, |rn (x) \< e„, onde e„ 0 quando n-* <x>. Logo

j J rn (x) dx | < ± J |rn (x) \


dx < ± J en dx =
a a «

= ± e „ ( x - a ) < e r, ( 6 - a ) .
Como e„ -*■0, tem-se
X

lim 5 rn (x)dx = 0 .
n-*oo a
Mas. deduz-se de (2)

S rn (x) d x = J s(x) dx — [ J u t (x) dx + . . . + J u„ (x) dx 1.


a a a a

Por conseguinte,

liin { ] s(x) dx — l J u, (x) dx -f . . . -f- f u n (x) d x ) j = 0

OU

lim |J «, (x) cir 4 - .. . 4- J « n (x) dx J = 5 s(x) dx. (3)


n -*o o a a a

A soma entre paréntesis recto é uma soma parcial para a série


a: x
J Wj (x) dx 4- . . . 4 - J u n (x) dx 4- . . . (4)
a a

Como as somas parciais desta série têm um limite, esta série


X

converge e a sua soma é igual, em virtude de (3), a J s (x) dx, ou seja


a

J s(x) dx = { w, (x) dx 4- J u2 (x) dx 4- . . . 4- J u n (x) dx 4- . . .


a a a a

ê a igualdade- que nos propúnhamos demonstrar.


Nota— 1. Se a série não for m ajorável, não é sempre possível
.T
integrar termo a termo, isto é. que o integraJ ) s (ar) dx da soma
a
da série (1) não é sempre igual à soma dos integrais dos seus
termos (isto é, a soma (4)).
Teo rem a — Se a série
2.
ux(ar) -f u2(ar) -f . . . + un(ar) -f- . . . (5)
de funções que têm derivadas contínuas sobre [a, b). converge sobre
este segmento para s (x) e se a série
« í ( * ) 4- *4 (*) + . . . - f ul» (ar) 4- . . . , (6)

formada com as derivadas dos seus termos, é majorável sobre este


segmento, então, a soma da série das derivadas é igual à derivada da
soma da série proposta:
S (X) = u\ (,X) 4 - u2(ar) 4 -1 /3 (x) 4 - . . . 4 - u'n(ar) 4 - . . .
Demonstração— Designem os por F (x) a soma da série (6):
F (ar) = u\ (x) 4 - u? (ar) 4- •••4- «n (*) + •••
e demonstremos que
F(x) = s (x).
C o m o a série (6) é m ajorável. tem-se. em virtude do teorema
anterior,

J F(x)dx= J u\ (ar) dx 4 - J uí(x) dx 4 - . . . 4- J un(x) dx 4 - . . .


a a a a

Integrando no segundo m em bro, obtém-se

J F(x)dx = [ui (x) - u , (a)] 4-


a

4 - [ a j (ar) — Uz(a)] 4 - ... 4- [“ « (*) — un(<*)] 4 * •■ •


Mas
s(x) = u, (ar) - f u2(ar) 4 - . . . 4- ( * ) 4- •••.
s (a) = ux(a ). 4- wn (a) 4 - ••• 4- Wn (a) 4- •••.

quaisquer que sejam x ea sobre o segmento [a, 6]. P o r conseguinte,

] F(z)dx = s{x)-s(a).
Derivando em relação a x, os dois membros desta igualdade,
obtém-se
F ( z ) = s (x ).

Por conseguinte, demonstramos que sendo as condições do teo­


rema satisfeitas, a derivada da soma duma série é igual à soma das
derivada* do:> seus termos.
Nota — 2. É muito importante que a série derivada seja majorável,
porque sc esta condição não for observada, a derivação termo a-termo
pode-se tornar impossível.
Para confirmar este facto. consideremos um exemplo duma série
majorável que não possa ser derivada termo a termo.
Consideremos a série

sen 1 Kx sen 2\r sen 3*x sen n4x


+ - + “ 5

Esta série converge para uma função contínua, porque é majo­


rável. Com efeito, qualquer que seja x, os seus termos são inferiores,
em valores absolutos, aos termos da série numérica convergente

T + 7 + 7 + - " + ^ ' + ---


Escrevamos a série formada com as derivadas dos termos da
série proposta:
cos x -f- 22 cos 24x . . . -f cosn Kx -f-. . .

Esta série diverge. Assim, quando x = 0, transforma-se em


1 4-22 -f 32 -f . . . + n 2-f . . .
(poder-se-ia demonstrar que diverge não sòmente para x = 0).

§ 13. Séries inteiras ou séries de potências


Intervalo de convergência
Definição— 1. Chama-se série inteira ou série de potências a
uma série da forma

ao "h atx “1“ (hPc" + •••■+■ a nxTX + • • (1 )


em que a0, a„ a2.......an, ... são constantes dadas, chamadas coeficientes
da série.
O conjunto dos pontos de convergência duma série é um intervalo,
que se pode reduzir a um ponto. Para nos certificarmos disso, demons­
traremos. em primeiro lugar, o teorema seguinte, fundamental na teoria
das séries inteiras.
Teorema (d’Abel) — X. a) Se uma série inteira converge para
um certo valor de Xo. não nulo, converge absolutamente para qualquer
valor de x tal que
l* l< l* o l;

b) Se a série diverge para um certo valor de diverge para


qualquer x tal que
1*1 > l * í I*

Demonstração— I. Como. por hipótese, a série numérica

a0 + 4“ <*2*0 + *■•“!“ a nxo + • * * (í )


converge, o seu termo a^x” -*■0 quando n - *o c, o que prova que
existe um número positivo M tal que todos os termos da série são
inferiores em valor absoluto a M.
Recopiemos a série (1) sob a forma

«0 + a lx0 + • • • + flr»*0 + ••• 0 a)

e consideremos a série dos valores absolutos dos seus termos:

I <»oI + I a\
xo I
x

*0
X

*0 r
• • • + I anx0 I (2 )
*0

Os termos desta série são inferiores aos termos correspondentes


da série
n
X X 1 x
M + M + M -J- M I— + (3)
*0 *0 1 Xq

Quando |x |< ; x« |. esta última série é uma série geométrica de

razão — < 1, logo, converge. Como os termos da série (2) são


! *o
inferiores aos de (3), resulta que a série (2) converge também, o que
significa que a série (la) ou ( 1 ) converge absolutamente
2. Já não é difícil, agora, a segunda parte do teorema: suponha­
mos que a série (1) diverge num certo ponto x ‘0. Então, ela divergirá
também em qualquer ponto x tal que |x 1 > |x'%• Com efeito, se
ela convergisse num certo ponto x que satisfaça a esta condição, cm
virtude Ha primeira parte do teorema, convergiria igualmente no
ponto x', porque |x'0 | < |x |. Mas, isto é contrário à hipótese que
a série diverge no ponto x’0. Logo a série diverge também no ponto x.
O teorema está completamente demonstrado.
O teorema d’Abel permite julgar da disposição dos pontos de
convergência e de divergência duma série inteira. Com efeito, se x0
é um ponto de convergência, todos os pontos do intervalo ( — j Xo |. ! xò )
são pontos dc convergência absoluta. Se x'0 é um ponto dc divergência,
toda a semi-rccta à direita dc |x^ | e a semi-recta à esquerda dc — |x 9’ |
são constituídos de pontos dc divergência.

a série converge

a série diverge a série diverge

Fig. 349

Isto permite concluir que existe um número R tal que os pontos


|x |< R são pontos de convergência absoluta, e os pontos x > R
pontos de divergência.
Tem-se. pois. o teorema seguinte sobre a estrutura do conjunto
dos pontos de convergência duma série inteira.

Teorema — 2. O conjunto dos pontos de'convergência duma série


inteira é um intervalo centrado sobre a origem das coordenadas.

Definição — 2. Chama-se intervalo de convergência duma série


inteira ao intervalo compreendido entre os pontos — R e + R tal que
a série converge, e mesmo absolutamente, nos pontos x desse intervalo
c diverge nos pontos x que lhe são exteriores (fig. 349). O número R
chama-se raio de convergência da série inteira.
Nas extremidades do intervalo (isto é. nos pontos x = R e x = — R),
a questão de convergência ou dc divergência da série proposta deve
ser objecto dum estudo cspccial.
Notemos que para certas séries o intervalo de convergência se
reduz a um ponto (R = 0) e para outros estende-se a todo o eixo Ox
(R = « ) .
Indiquemos um modo para determinar o raio de convergência
duma série inteira.
Consideremos a série

ffo 4 - Q\x 4 - 4 - •••4 - onx" + . ( 1)


c formemos a série dos valores absolutos dos seus termos:

l«ol + 1 ®.i 11*1 + 1 ®»l 1*1 + laí l i * r +


■3

+ 1 “ i 11 * I4 + • ■• + 1 a n 11 * I” + ■• • (4)

Para determinar a convergência desta última série (de termos


positivos) apliquemos a regra d’Alcmbcrt.
Suponhamos que existe o limite
n+ l
lim í n ü = lim lim
n-** U„ n -»<*■ <1„X n

Então, segundo a regra d'Alembert. a série (4) converge L x |< 1.


isto é. para |x | < -j- , e diverge quando L x > 1 . isto é, para

.* ,> 1
Por conseguinte, a série (1) converge absolutamente para| x |< T *
\ u
Sc |x |> -=-, lim = |x | L > 1, e a série (4) diverge, o seu
Lj n-»ao un
termo geral não tende para zero (*).
Mas, então, o termo geral da série inteira (1) não tende mais
para zero. o que significa, em virtude do critério dc convergência
necessário, que esta série inteira diverge | quando |x | > — ) -

Resulta do que precede que o intervalo j _ -L, A. j é o intervalo


de convergência da série inteira ( 1 ), isto é. que

R — — = lim
L n— «n +l

Duma maneira análoga, pode-se também servir-se da regra de


Cauchy para determinar o intervalo dc convergência duma série inteira.
Obtém-se, então.

1
R =
lim

(•) L e m b r e m o s q u e durante a demons t r a ç ã o da regra d ’


A l e m b e r t (ver § 4)

n o t a m o s q u e se lim o t e r m o geral crescia, logo n ã o tendia para zero.


n~»co uri
Exem plo — I. Determinar o intervalo de convergência da série

H í + i H * 3+ - + * n + -
R esolução — Aplicando a regra d ‘Alembert, obtém-se
xn+l
Um
n--x» I x"

Por conseguinte, a série converge para |x | < I e diverge para x > I.


A regra d'Alembert nada dá nos pontos fronteiriços do intervalo ( — 1, 1). Mas
vê-se directamente que a série diverge nos pontos x = — 1.

Exem plo — 2. Determinar o intervalo de convergência da série


2x (2x)2 , (2x)3
1 2 1 3 ***
R esolução — Apliquemos a regra d'Alembert:

(2í)n+*
lim
rt-M = lim 2x 2 * 1-
(^)n n-»oo
n

A série converge quando | 2 x | < l, isto é, se |< ; converge no

ponto x= —
1 e diverge no ponto
1
x — -- .

Exem plo — 3. Determinar o intervalo de convergência da série


x2 x* xn
X-\
--- 1----U. . . J---- —..
' 2! 3! ' • n|
R esolução — Apliquemos a regra d’Alembert:

lim +1 lim
n -f-1 —0 < I.
lim
n-»oo U„ n- *oo n- »oo

Como o limite não depende de x e como é menor que 1, a série converge


qualquer que seja x.

Exem plo — 4. A série 1- fx + (2 x )*4 - (3 x )*+ . . . + (n x )n -f-. . .diverge qual­


quer qu ; seja x. excepto x = 0. porque (nx)n — > co quando n —* oo qualquer
que seja x não nulo.

Teorema — 3. Uma série inteira

a o "h a \x H- a 2x ~ ■ + • • • • “h a n x n ■+■••• (1 )

é majorável sobre o segmento [— p. p] contido no seu intervalo de


convergência.

Demonstração — Por hipótese, tem-se p < R (fig. 350) e. portanto,


a série numérica (de termos positivos)

I fl0 I + I a XI P + I a2 I P" "f* • • • + I #n I pr (5)


converge. Mas. quando |jcj < p. os termos da série (1) não são supe­
riores em valores absolutos aos termos correspondentes dc (5). Logo
a série ( 1) é majorável sobre o segmento [— p. p).
Corolário— 1. A soma duma série inteira é uma função contínua
sobre todo o segmento completamente contido no intervalo de con-
Intervalo de convergência

Intervalo de majoração
Fig. 350

vergência. Com efeito, a série é majorável sobre este segmento c os


seus termos são funções contínuas de x. Por conseguinte, em virtude
do teorema 1 . § 11 . a soma desta série é uma função contínua.

-
-r cl 0 fi R

Fig. 351

Corolário — 2. Se os limites de integração a, p pertencerem ao


intervalo de convergência duma série inteira, o integral da soma da
série é igual à soma dos integrais dos termos da série. Com efeito,
o intervalo de integração pode ser contido no segmento [— p. pj. onde
a série é majorável (fig. 351) (ver o teorema 2. § 12 sobre a integração
das séries majoráveis).

§ 14. Derivação de séries inteiras


Teorema— 1. Se ( — R. R ) for o intervalo de convergência da
série inteira
s (j) — a0 + a tx + ^ •+■alkx1
' + . . . + a nxn -+• . . ( 1)
a série
(p (x) = ã i -f-2a%x 4" 3 nanx -f- • • • (2 )

deduzida de ( 1 ) por derivação termo a termo, admite o mesmo intervalo


de convergência: além disso, tem-se
cp(*) = s' (x) quando |x |< /?,
isto é, que no intervalo de convergência, a derivada da soma da
série inteira ( 1) é igual à soma da série obtida derivando termo a
termo a série ( 1).
Demonstração — Demonstremos que a série (2) é majorável sobre
todo o segmento [— p. p] que pertence completamente ao intervalo de
convergência.

-R -p 0 x p | R tz x,
Fig. 352

Tomemos um ponto £ tal que p < $ < R (fig. 352). A série (1)
converge neste ponto, logo lim a „ | n = 0 , e existe uma constante M
n-+co
tal que
\amt* \ < M (« = *. 2 . ...) •
Se x |< P, tem-se
71—1
|nanx* ' K l ^ p '1 i \
= ri\anl n 1 1 j -|

onde

7 = T < 1•

b

Assim, quando |x [ < p. os termos da série (2) são inferiores em


valores absolutos aos termos da série numérica positiva

j ( i +2<7 + 3<72 + + ■•-)■

Mas, como o mostra a regra d’Alembert, esta última série converge:

, im _ v ^ _ = í < i .
n-*« (n — 1 ) q

Logo a série (2) é majorável sobrc o segmento [— p. p] e, em


virtude do teorema (2). § 12 . a sua soma é a derivada da soma da
série proposta sobre o segmento [— p, p], isto é,
(p (x) = s (x).
Como se pode encerrar todo o ponto interior do intervalo
( — R, R) num certo segmento [— p. p], resulta que a série (2) converge
em qualquer ponto interior do intervalo ( — R . R).
Mostremos que a série (2) diverge na vizinhança do intervalo
( — R. R). Admitamos que a série (2) converge para Xj > R . Inte­
grando termo a termo no intervalo (0, .t2) onde R < x 2 < xu concluir-
-se-ia que a série ( 1 ) convergiria no ponto x2. o que contradiz as
condições do teorema. Por conseguinte, o intervalo (— R , R) 6 o
intervalo de convergência da série (2). O teorema está completamente
demonstrado.
A série (2) pode ser de novo derivada termo a termo, e será
licito continuar este procedimento à vontade. Dc modo que:

Teorema — 2. Se uma série inteira converge no intervalo ( — R, R),


a sua soma representa uma função que tem no intervalo de conver­
gência, derivadas de qualquer ordem n, sendo cada uma delas a soma
da série proposta; além disso, o intervalo de convergência de cada
série obtida por derivação é também o intervalo de convergência
da série proposta ( — R , R).

§ 15. Séries de potências de x — a


Chama-se também série de potências a uma série da forma

o*, -f a, (x — a) + a 2 ( * — + • • • + «n (* — «)" + • • •• (D

onde as constantes ac. a u .... a n ... são igualmente chamadas os


coeficientes da série. Os termos desta série contêm as potências cres­
centes dc x — a.

-R X R
*) — (----- ♦ ■f

'a-R _a'R
fl) a
Fig. 353

Se a = 0. obtém-se uma série dc potências dc x, que é, pois,


um caso particular da série ( 1 ).
Para determinar o domínio de convergência da série (1). façamos
a mudança de variável
x — a = X.

A série (1) transforma-se. após esta substituição,

a0 4 * a iX 4 - <h,Xz 4 ~ • • • 4 " anX 1 4 ~ • • •» ( 2)

que é uma série de potências de X.


Seja — R < X < R o intervalo dc convergência da série (2)
(fig. 353, a). Resulta daí que a série (1) convergirá para os x que
verificam a desigualdade — R < x — a < R ou a — R < x < a 4- R .
Como a série (2) diverge para X > R . a série (1) divergirá para
| x — a |> R . isto é. na vizinhança do intervalo a — R < x < a + R
(fig. 353, /?).
Por conseguinte, o intervalo de convergência da série (1) é o
intervalo (a - R . a + R) tendo por centro o ponto a. Todas as pro­
priedades duma série inteira cm x no intervalo de convergência ( — R. R)
são completamente conservadas para uma série inteira de x — a no
intervalo de convergência (a — R, a + R). Assim, integrando termo a
termo a série inteira ( 1). os limites de integração pertencentes ao
intervalo de convergência (a — R, a + R). obtém-se uma série cuja

0 1 2 3 x

Fig. 35 í

soma é igual ao integral da soma da série proposta (1). Se se derivar


termo a termo a série inteira ( 1). sendo x tomado no intervalo de
convergência (a — R, a + R), obtém-se uma série cuja soma é igual
à derivada da soma da série proposta ( 1).

Exemplo — Achar o domínio dc convergência da série

( x - 2 ) -f (x— 2)2+ ( x - 2 ) 3 + . . . + (x — 2)n + .

Resolução — Fazendo x — 2 = X. obtém-se a série

^ + X« + A f » + ...+ X n + . . .

Esta série converge para — 1 < X < + 1. Logo, a série proposta converge
para x tais que — I < x — 2 < 1, isto é. para I < x < 3 fig. 354).

§ 16. Séries de Taylor e de Maclaurin


Mostrámos no § 6. cap. IV (t. I) que uma função f(x ) que
possua derivadas até à ordem n +*1 inclusivé na vizinhança do ponto
x = a (isto é. no intervalo que contém o ponto x = a) admitia nesta
vizinhança o desenvolvimento seguinte de Taylor

r n = /< « > + ~ r (a) + ( « ) + . . .

(D

onde o resto R n (x) era calculado segundo a fórmula

= + 6 (x - a)]. 0 < 8 < 1 .


(n -f 1 )!
Se a função / (x) é indefinidamente derivável na vizinhança do
pento x = a. podcr-sc-á tomar n arbitrariamente grande na fórmula de
Taylor. Suponhamos que o resto fín tende para zero no domínio
considerado quando n -> oo:

lim f í n (j) = 0 .
t,—ec

Sendo assim, fazendo tender n -* oc na fórmula (1). obtém-se


à direita uma série com uma infinidade dc termos dita série de Taylor:

/(* ) = /(«> + ~ r («) + . . . + < * = o)" /<»>(„) + . . . (2)


1 n!
Esta última igualdade apenas está certa sc f ín (x) -*■0 quando
n~* oo. Então, a série do segundo membro converge e a sua soma
é igual à função f (x). Mostremos que assim é:

/(x ) = P n (x) + /*„(*).


onde

(X) = f(a ) + i = - “ /•(„) + . . . + /<»>(<,).


1! nl

Como. por hipótese, lim fín (x) = 0, tem-se


11—00
/(* ) = lim P n (x).
n-*oo

Ora. P n (x) é uma soma parcial da série (2); o seu limite é


igual à soma da série do segundo membro da igualdade (2). A igual­
dade (2) é. pois. legítima:

/(* ) = /<«) + 1 = - ? / ' (a) + < £^- a)-Y («) + . . .

n!
Resulta, do que antecede, que a série de Taylor representa a
função dada f (x). se e só se, lim R n (x) — 0. Se lim f ín (x) ^ 0,
n *oo n-*ao
a série não representa a função dada. se bem que possa convergir
(para uma outra função).
Se. na série de Taylor. se fizer a — 0. obtém-se num caso par­
ticular desta série, chamada série de Maclnurin:

/(* > = /« » + ± r ( o +
1 2 ! ( , 0) +| . . . + 4n! ^ >(°) + • • • <3>
Se se escrever formalmente a série de Taylor duma dada função
e se se quiser certificar que ela representa cfectivamente esta função,
será preciso demonstrar que o resto tende para zero bem como ainda
comprovar, duma maneira ou doutra, que a série escrita converge
para a função dada.
Notemos que. para cada função elementar definida no § 8,
cap. I (t. 1). existe um a e um R tais que. no intervalo (a — R , a + R),
ela se desenvolve em série dc Taylor ou (se a = 0) dc Maclaurin.

§ 17. Exemplos de desenvolvimento de funções em séries


1. Desenvolvimento em série de Maclaurin de f (x) = sen x.
No § 7. cap. IV (L I), obtivemos a fórmula

^ = * - ¥ + í + --- + (- 1)" +' ^ + " 2" w

Como sc demonstrou que lim R in (x) = 0, obtém-se. tendo em


n-*oo
conta o que foi dito no parágrafo anterior, o desenvolvimento de
sen x em série de Maclaurin:

sen * = * _ — + — + . . . + ( - l ) ’,+‘ ■
■ + ... (1)
3! 51 (2/; - 1 ) !

Como o resto tende para zero qualquer que seja x, a série


proposta converge c a sua forma representa a função senx qualquer
que seja x.
A figura 355 representa o gráfico da função sen x c das três
primeiras somas parciais da série ( 1 ).
Rccorrc-se a esta série para calcular senje para diversos valores
de x.
Calculemos, por exemplo, sen 10° a menos de 10~6 Dado que
10a = = ° , 174533. tem-se

-<-S-Í(b),+h(b),-*(b)’+-
Limitando-nos aos dois primeiros termos, obtém-se a igualdade
seguinte aproximada:
o erro S é, em valor absoluto, inferior ao primeiro termo desprezado:

ô< ± (*.)* < -L (0,2)5<4-10-#.


5! \18/ 120
a
Se se calcular cada termo da expressão do sen — tomando 6
lo
decimais, obtém-se

sen = 0,173647.
lo

Pode-se garantir as quatro primeiras decimais.


2. Desenvolvimento em série de Maclaurin da função f (x) = ex.

Tendo em conta, § 7 do cap. IV (t. I), vem:


xz x3 xn
C* = 1 -f" x -------1------f- . . . -j------- f- . . (2)
21 3! n\
porque, como se demonstrou, lim f ín (x) = 0 qualquer que seja x a
71—
♦OO
série converge para todos os j: e representa a função ex.
3. Desenvolvimento em série de Maclaurin da função f (x) = cos x.
Deduz-sc do que foi dito no § 7, cap. IV, (t. I) que

x2 x4 x8
cosx = 1 ----- 1--------- b • --í (3)
2! 41 6! i
a série converge para todos os x c representa a função cos x.

§ 18. Fórm ulas de Euler


Até agora, consideramos séries de termos reais e deixámos à
margem as séries dé termos complexos que sai fora do âmbito deste
livro, limitando-nos a examinar um exemplo importante.
Definimos, no cap. V II (t. 1). a função <’*+**' pela igualdade

e*+iu — ex (cos y + i sen y).

Fazendo x = 0. obtém-se a fórmula dc Euler:


í>'y = cosy-f- rsen y.

Se se definir a função exponencial <?,v de expoente imaginário


por meio da fórmula (2) do parágrafo 17. representando a função ex
sob a forma de série inteira, encontra-se a igualdade de Euler. Com
efeito, definamos r 1* substituindo na igualdade (2) do § 17 iy por x:

+ J H L + M . + M . + . . . + M L + . . . {1)
1! 2! 31 n\ K'
Como í* — — 1 , i 3 = — t, i 4 = 1, i 6 = i, i*> = — 1, etc.,
obtém-se

^ = 1 + +
1! 2! 3! 4! 5!

Separemos as partes reais c imaginárias desta série

V 21 41 / V I! 3! 5! /

As expressões entre parêntesis são as séries inteiras de cosy


e dc sen y (ver as fórmulas (3) e (I) do parágrafo anterior). Por
conseguinte.
etv = cos y -f i sen y.

Voltamos a encontrar a fórmula de Euler.


§ 19. Fórm ula geral do binômio
1. Desenvolvamos cm série de Maclaurin a função

/(■*) = (! + x )m,
sendo m uma constante arbitrária.
Como o cálculo do resto apresenta algumas dificuldades, proce­
deremos doutro- modo para encontrar o desenvolvimento em série desta
função.
Tendo em conta que a função / (.r) = (1 -f x)m satisfaz à equação
diferencial
( !+ * ) / '( * ) = « / ( * ) (1 )
e à condição
f (0) = 1,

procuremos uma série inteira cuja soma s (*) satisfaça à equação ( 1) e


à condição 5 (0) = . 1 :
s (x) — 1 + axx -f agjr + . . . + 4- • • • (*)• (2)

Substituindo esta série na equação (1). obtém-se:

(1 4- 4- 2fl2T 4- SajX- 4 - . . . 4- n a ux'1 1 -f- . . . ) =


X) ( « 1

= m(1 - f a\
x 4- a2x14~ * • • 4 " anXu 4- • • •)•
Identificando os coeficientes das mesmas potências dc x dum
e doutro lado da igualdade, encontra-se:
a t = m ; ax 4- 2 a2 = m a t ; . . . ; nan - f {n 4- 1) = w an ; .. .

Donde se obtém, para os coeficientes da série, a expressão

. ax(m — 1 ) m (ni. — 1 ) *
aQ= 1 ; = m; a2 = —— ---- = -------- -;

a >(m — 2) m (m — 1) (m — 2)
^

m (m — 1)... [m —n 4 - 1 ]
fln “ iJ2...n 1 '

São os coeficientes da série do binômio.

(•) Tomamos o termo constante igual à unidade, vista a condição j (0) = 1.

£
Substituindo-os na fórmula-^2), obtém-se:

m (m — 1 )
.<? (x) = 1 - j- nix - f ...
1-2

, m (m — 1 ) . . . [m — (w — 1 )] n ,
1 .2 .../,

Sc m é um inteiro positivo, os coeficientes de xmfl e das potências


superiores são nulos e a série reduz-se a um polinómio. Sc m é frac-
cionário ou um inteiro negativo, tem-se uma série com uma infinidade
de termos.
Determinemos o raio de convergência da série (3):

m (m — 1 ) . . . [m — n + 1 ]_„
un+1 — ; x •
n!

m (m — i ) . . . [m — n + 2] ,
(n - 1)!

“ n+l m (m — 1 ) . . . (m — n 4 - i) ( n — 1)!
lim lim
n-*<» n -*t» m (m — 1 ) . . . (m — n -+- 2)n!

m — « -j- 1
= lim x = x .
n—•«>

De modo que a série (3) converge para |x| < 1.


No intervalo ( — 1. 1) a série (2) representa uma função $(x) que
satisfaz a equação diferencial ( 1) c à condição

5 (0 ) = 1.

Como existe apenas uma única função que satisfaz a equação


diferencial ( 1) com a condição inicial j ( 0) = 1 , resulta que a soma
da série (3) é idênticamcnte igual à função (1 -f- x)m, e obtém-se o
desenvolvimento
(I + x)m = 1 + mx 4- m {m ~ ^ x2 4 -
1 2
*

m (m - 1 ) (m — 2)j3
1-2-3
Em cpecial. sc m = — 1, tem-se
1
1 -f x
c 1
S e m = 2 '

Vi + i = i + — U L L * » + .. (5)
2 2-4 2-4-6 2-4-6-8

Se m = - i ,

_ _ !__ 1 - . 3 1 - 3 - 5 , 1 -3-5-7 t
V l+ í 2 2-4 2-4-6 2- 4- 6- 8X
2. Apliquemos o desenvolvimento do binômio ao desenvolvi­
mento doutras funções. Desenvolvamos cm série de Maclaurin a função

/ (x) — arc sen x.


Substituindo x por — x2, na igualdade (6). obtém-se:

‘ = 1 + l * . + i _ 3 x. +
2 2-4

2-4-6 2 - 4 - 6 . . . 2n
Em virtude do teorema sobre a integração das séries inteiras,
tem-se para |x |< I

f dx , 1 x3 , 1-3 , 1 -3-5 ,
l , = arc sen x = x -\
------ -------- ----------^ ..
j Ví -x2 2 3 2-4 5 2-4-0 7

1-3-5. . . ( 2 n - l ) j 2"*1
2 - 4 - 6 ...2 n 2/i + l
Esta série converge no intervalo ( — 1, 1). Poder-se-ia demonstrar
que a série converge igualmente quando x = ± 1 e que a soma cor­
respondente a estes valores representa arc sen x. Então, fazendo x — 1,
obtém-se esta fórmula para calcular ir:
§ 20. Desenvolvimento da lunção log (1 -f- jr) em série inteira.
Cálculo de logaritmos
Integrando a igualdade (4) do § 19 dc 0 a x (com |x|< 1),
obtém-se:
X X

f = ( (1 — i + J 1 - x> + ...) d x
J 1 4- X J
o o
ou

L o g ( l+ * ) = * - !- + j — £ + . . . + ( - • >"+,7 + ' " W

Esta igualdade é verdadeira no intervalo (— 1. 1).


Se sc substituir x por — x nesta fórmula, obtém-se a série:

L o k (1 - i ) = - í - y - y - . . . (2)

que converge no intervalo ( — 1 . 1 ).


As séries (1) e (2) permitem calcular os logaritmos de números
compreendidos entre zero e dois. Indiquemos sem o demonstrar que
o desenvolvimento ( 1 ) subsiste para x = 1.
Vamos dar uma fórmula que permita calcular os logaritmos
naturais dos números inteiros.
Como a diferença termo a termo dc duas séries convergentes
é uma série convergente (ver § 1. teorema 3), obtém-se. subtraindo
termo a termo (2) de ( 1):

L og(l -f x) — Loj?(l — x) =

= Logí ± i = 2 [ * + ^ + |- + . . . ] .

Façamos cm seguida • tem-se x = — . Para


1—x n 2n-f- 1
qualquer n > 0. tem-se 0 < x < 1, logo
donde

L o«(« -f-1) — Log/í =


1
(3)
.2/2 -f 1 ' 3(2» + 1)* 5(2/2-+1)5
Para n = 1. deduz-se
1
T
u ‘ 2- 2 [ r 3 + 3 Í 53'

Para calcular log 2 com a precisão desejada 6, 6 preciso calcular


a soma parcial sp tomando um número p dc termos tal que a soma
dos termos desprezados (isto é, o erro R P cometido, substituindo por sp)
seja inferior ao erro admitido S. Calculemos, para esse efeito, o erro R P :

/?„ = 2 _____1____ + _____ 1_____+


(2p + l) 3 2p ' (2p -f 3) 32p+3

(2/>4--r>)32p+5’
Como os números 2p + 3, 2p 4- 5. ... são superiores a 2p + 1.
aumentamos o valor de cada fracção quando substituímos estes números
por 2p + 1. Logo.

1 1
R P< 2
(2p + 1)32/>+i (2p -f l) 3 2p+3 '

1
+ +5
(~p -f 1)32p
ou
1 1
g2/>+l 1 \
j2P+3 1 g2p+5
2p + 1
1
Temos, entíe parentesis recto, uma série geométrica de razão .
y
A soma desta série é

32p+‘ 1
2 p + l 1 _ J_ (2p -{- 1)32i>_,4
9
Sc se quiser agora calcular log 2, por exemplo, a menos de
0,0000001. é preciso escolher p dc modo que se tenha /?p < 0,0000001.
Chega-se lá. tomando p de modo que o segundo membro da desi­
gualdade (3) seja inferior a 0,0000001. Verifica-se que basta fazer p = 8.
Assim, a menos de 0.0000001. tem-se

L o g 2 « * = 2 [í L + ^ + J ? + J ? + J p + ÍJ^ n +

+ —L _ + — L J = 0,6931471.
13 •3 15-3 J

A resposta é log 2 = 0.6931471, com sete décimais exactas.


Fazendo na fórmula (3) n = 2. obtém-se:

Log3*= Log2 + 2 + ^ 5 + 7 ^ ; + • • • ] = 1.098612, etc.

Podemos, pois. calcular os logaritmos naturais de qualquer inteiro.


Para obter os logaritmos decimais basta servir-se da relação
(ver § 8. cap. II. t. I)
\ogN = M L o g N ,

com M = 0,434294. Obtém-se. assim. Log 2 = 0,6931472, log 2 = 0,30103.

§ 21. Aplicação das séries ao cálculo dos Integrais definidos

Mostrámos, nos capítulos X e X I (t I), que existiam integrais


definidos que. considerados como funções dos seus limites superiores,
não se exprimiam sob forma finita por meio das funções elementares.
Por vezes, é cômodo calcular tais integrais por meio de séries.
Consideremos alguns exemplos.
1 . íyja calcular o integral

]e~ x'd x .
o

A primitiva de s"*a não é uma função elementar. Para calcular


o integral, desenvolvamos em série, a função sob o sinal soma substi­
tuindo no desenvolvimento de ex (ver fórmula (2), § 17) x por — x*:
Integrando os dois membros desta igualdade dc 0 a a. obtém-se

a_ _ a3 a6 _ a'
~ ~i 1! -3 2! -5 3! -7
Esta igualdade permite calcular o integral, qualquer que seja a.
com a aproximação desejada.
2. Seja calcular o integral

o
f d ,.

Desenvolvamos em série a função sob o sinal soma: como


x1
— - f—
31 5! 7!
tem-se:
sen x
31 51 71
convergindo esta última série qualquer que seja x. Integrando termo a
termo, obtém-se:

f sen j: a3 a5 a7
I cLr = a ----------------- -f-. . .
Jo z 31-3 51-5 71-7
É fácil dc calcular a soma desta série com a precisão desejada,
qualquer que seja a.
3. Calcular o integral elíptico
n
2
J V i — k2 sen2<pdy { k < i) .
o
Desenvolvamos a expressão sob o sina! soma em série de binômio,
com m = x = — k7 sen2 ? (ver fórmula (5). § 19):

V — Ar2 sen2(p = 1 ~ k2sen::<p — ~ kKsen* <p —


Esta série converge qualquer que seja <? e pode ser integrada
termo a termo, dado que ela é majorável em todo o intervalo.
Por conseguinte,
V 9

J V i — kr sen“/i du = <ç — k2 j sen" f/>rfm —


o o
«j> <p

~ ^ j k K ( sen4<pdcp _ J. J. |-Â-6 ^ sen;(pí/(p — . ..


0 0
Os integrais do segundo membro calculam-se elementarmente.
Para <p = 5 -:

í
*•

1 - 3 . . . ( 2 w — 1 ) 31
sen cn <ç-dy
2 - 4 ... 2 * 2
o
(ver § 6. cap. X I, t. I) c. por conseguinte.
n
2

j V i - / r s e n " «p cfq> = ^ J l — ( “5“) —


0

\2-4/ 3 V2-4-6/ 5 “ ’ J*

§ 22. Aplicação das séries à integração de equações


m diferenciais
Se a integração duma equação diferencial não se reduzir a qua-
draturas. tem-se. então, dc recorrer a métodos de integração aproximada.
Um destes métodos consiste em representar a solução da equação
sob a forma dc série de Taylor; a soma de um número finito de
termos desta série será aproximadamente igual à solução particular
procurada.
Suponhamos, por exemplo, que se tem dc procurar a solução
duma equação diferencial de segunda ordem

y ' = F( x , y, y'), d>


com as condições iniciais
(y)x**x0 = Vo» (y = yo- (2)
Suponhamos que a solução y = / (x) existe e pode ser repre­
sentada por uma série de Taylor (não nos aprofundaremos sobrc a
questão das condições que devam ser verificadas para que tal tenha
lugar):

» = / < * > « / ( * . ) <*0)+(£^ - Y W + ... <3)


Devemos encontrar /(*<.), /' (x0). /"(X o)........ isto é. os valores
das derivadas da solução particular para x = x0. Encontra-se-las por
meio da equação (I) e das condições (2):

/ (*o)== Ho* / (*o)== y 9 *


deduz-se da equação ( 1):

= ?(*•< y«- •''«)•


Derivando os dois membros da equação (1) cm relação a x
y " = F'x (r, y, tf) -f F’y (x, y, y ) y -+ / y (x, y, i/) >/ (A)

e substituindo x = x0 no segundo membro, encontra-se:

/ " ' (*o ) = * ( 0 * = x „ -

Derivemos a relação (4) uma vez mais. Tem-se

e assim sucessivamente.
Substituamos os valores das derivadas encontradas na igualdade (3).
Esta série representa a solução da equação proposta para os valores
dc x para os quais ela converge.
Exemplo — Encontrar a soluçSo da equação

/ - —***,
que satisfaz as condiçõcs iniciais
(v ) * - 0 — t . ( t f ') x = o = “ 0 .

Resolução — Tem-se:
/(0 ) = y„“ l ; / '( 0 ) = y i- 0 .

D;duz-se da equação dada (i/*)x= 0= /'(0 ) = 0 ; depois

»*— v '* * - 2 xy, (* •)* - © - f m (0) - 0 .


y, (i,IV) „ 0--- 2
c em geral, derivando k vezes os dois membros da equação pela aplicação
da fórmula de Leibniz, vem (§ 22, cap. III, t. I):

/*+*>= * (* — !) *•»-*>.
Fazendo x = 0, obtém-se:

k{k— i)y ;fc-í»


ou, fazendo k + 2 = n,

3) (/»— 2)
Donde
rfV- - l- 2 . yòí>= —5*6yJv = ( — l)a <1*2) (5-6)*
j,>*= - 9 - 1 0 > = ( - 1)» (1-2) (5-6) (9-10),
rf*- (- < )* (1*2) (5-6) (9-10)... í<4*-3) (4Je—2)J-

Além disso, y<M = 0 ..........yi«*+i>*0,

*«•> = 0, j # 0» = 0, . . . , y^+ *» = 0,
* ‘« - 0 , yôn> = 0 ..........*;«*♦»>-0.

Dc modo que sòmentc n5o sc anulam as derivadas de ordens múltiplas


de quatro
Substituindo os valores das derivadas encontradas na série de MacLaurin,
obtém-s; a soluçSo da equaçSo proposta

y = t - ^ 1.2 + ^ ( l* 2 ) ( 5 .6 ) - * ^ ( t .2 ) (5.6)(9. «» + . . .

• • • + (“ i)k (1*2) (5-6) . . . |(4*—3) (4Ar— 2)1 + . . •

Verifica-se, por meio da regra d’Alembcrt que esta série converge para
todos os valores de x. logo ela é soluçSo da equaçSo difrencial.

Quando a equação é linear, é córaodo procurar os coeficientes


do desenvolvimento duma solução particular pelo método dos coefi­
cientes indeterminados. Para isso. csubstitui-se» directamente a série

y = a0 atx + + . . . + anxn -f . . .

na equação diferencial e identificam-se os coeficientes das mesmas


potências de x dum e doutro lado da equação.
Exemplo — Achar a soluçSo da equaçSo
ym= 2 xy' + 4,y,

que verifica as condições iniciais


fo)x=o=*0, ( / ) ,« < , = 1.

Resolução — Façamos
y • a0 -f a,x-f- a 2 x* -f a3x»-f . . . anxn + . . .

Acha-se, tendo-se cm conta as condições iniciai»


a0 = 0, a , — 1.
Por conseguinte,
y = 1 4-atfc* -f ajT3 anxn + . . . ,
y ' = 1 -L 2<J2x43<i3x2+ . . . + n a ni n_1-f . . . ,
y“ = 2a2 -r3-2a3x -\
-. . . 4- n (n— \) anxn~2 4 . . .

Substituindo as expressões acima na equação proposta c identificando os


coeficientes das mesmas potências de x, vem:

2^2 = 0, donde a2 = 0
3-2^3 = 2 4 ^ * donde <23= !
-i-3a4= 4fl2 4 -4<J2, donde a 4= 0

n (n — 1 ) fln 5=7( n — 2) 2an_2 -j-4an_2, d o n d r a n = ^ |


n— 1
Por conseguinte,

2 -1
„ 2*1 1 . * 2
1 . l
í5 T "JT ' 07— r = 3T* r ;
1
<*— !) ! 1
« 2A + 1 - “ * | ’•

a4= 0 ; «8 = 0 ; G2A= 0.
Substituindo os coeficientes encontrados, emeontra-se a equação procurada

,* * * * . *7 _i_ 1 *****
i)- í+ - r + - 2r + j T + . . . + T r + “ ’
A série obtida converge qualquer que seja x.
Notemos que a solução particular encontrada se exprime por meio das
funções elementares; com efeito, se se puser x em factor, obtém-se o desen­
volvimento da função í* 1. Logo,

y^xe**.

§ 23. Equação de Beasel


Assim se chama a uma equação da forma

* V + *v + (** — p 2)y = ° (P = const)- í 1)


Convém procurar a solução desta equação, como as soluções de
certas equações de coeficientes variáveis, não sob a forma de série
inteira, mas sob a forma de produto duma certa potência de x por
uma série inteira:

y= «***• <2>
A -0
É lícito tomar Oo diferente de zero, dado que o expoente r é
indeterminado.
Recopiemos a expressão (2) sob a forma

+A

e procuremos as suas derivadas:

! / ' = Ê (r + A W +*-*;

IH-A- 2
í/ '= s (r + A) (r 4 * — 1) akX
A=0

Substituamos estas expressões na equação (1):

*= S (r + fc)(r + * - l ) « t*r+*-2 +
A— 0

+ * £ (r + *)« * x '+‘ -, + (xí - í> i) £


A— 0 A=0

Anulando os coeficientes de x na potência r, r 4 1, r 4 2.......


r + k. obtém-se o sistema de equações diferenciais:

{'•('•- 1 ) 4 r - p 2)a 0 = 0 ou [r2 — p 2] a0 — 0,


!('■+ 1 ) r - f ( r + 1 ) — p 2J = 0 ou [(r+ l )2 — p 2]a, = 0 ,
[(r -f 2) (r 4 -1 ) 4 (r 4- 2) — p 2] a2 4- = 0
ou [(r4-2)2 — p 2]« 24-00 = 0, (3 )

l(r 4- *) (r 4- /c — 1) 4 -(r 4- A-) - p 2] 4 a * -2 = 0


ou [(r 4 A:)2 — p 2] a* 4 aA_ 2 = 0.

Consideremos a última igualdade:

[(r 4 k)~ — P~] ah 4 ak- 2 = 0.


Pode-se recopiá-la sob a forma
[(r 4 k — p) (r 4 A 4 p)) a* 4 &k- 2 = 0.
Por hipótese, a^= 0; por conseguinte.
r * - p ‘ = 0,
logo, rx = p ou melhor r2 = — p.
Consideremos, cm primeiro lugar, a solução correspondente a
r» = p > 0.
Deduz-se, sucessivamente, do sistema de equações (3) todos os
coeficientes a u a2....... a 0 sendo a0 arbitrário. Tomamos, por exemplo.
ao = 1. Então,
a — °*~2
* k(2p-\-k)

Dando a k vários valores, encontra-se:

a, = 0 , <7-3= 0 et, em geral, a2m+i = 0 ;


1 1
----------- . dk -- (4)
2{2p + 2) 2 ■4 {2p -f- 2 )(2p -f- 4)

V+l 1
2 •4 • 6 . . . 2v (2p + 2) (2p + 4 ) . . . (2p + 2v)

Substituindo os coeficientes encontrados na fórmula (2), obtém-se:

^ *4
2 (2p 4- 2) 2.4(2p + 2)(2p + 4)

(5)
2 •4 • t>(2p -f- 2) (2p + 4)(2p + 6)
Todos os coeficientes a 2v são determinados porque, por todo o k,
o coeficiente de na equação (3)

. z {ri + k ? - P2
nao é nulo.
Assim. >>! é uma solução particular da equação (1).
Procuremos, agora, em que condições todos os coeficientes ah
são determinados quando se considera a segunda raiz r7 = — p. Para
isso, é preciso que seja verificada a desigualdade seguinte para todo k
positivo e par:

(r» + * f - p V 0 (6)

r2 + k ^ p .
Ora, p = rIt por conseguinte.

Assim, a condição (6) é. neste caso. equivalente à seguinte:

rt - r 2^ k ,
sendo k um inteiro par positivo. Mas
rt = p , rt = ~ p ,

por conseguinte,
— r2=s Ip .

Dc modo que, sc p não é um número inteiro, pode-se escrever


uma segunda solução particular que se deduz da expressão (5) substi­
tuindo p por — p:

y2 = x M l ------ ------- 1-
' 2 ( — 2p + 2) 2 - 4 (- 2 p + 2 ) ( - 2 p + 4)

— --------------- + . . . ] . (5')
2-4-6(— 2p + 2 ) ( — 2p + 4 ) ( - 2p + 6) J

As séries inteiras (5) e (50 convergem qualquer que seja x, o


que é fácil de verificar aplicando a regra d’Alembert. Ê igualmente
evidente que y, e y2 são linearmente independentes (*).
A solução y>, multiplicada por um certo factor. constante, chama-se
função de Bessel de primeira espécie de ordem p e representa-se-la
por J p. A solução y: é representada por J _ p.
Por conseguinte, quando p não é um número inteiro, a solução
geral da equação ( 1) escreve-se
y = CXJ p -f- C2J - p.

Assim, se p = ~ , a série (5) escreve-se.

x'
2-3 2-4-3.5 2-4.6 3.5-7

Vx 3! 5! 7!

(•) Verifica-se, como se segue, a indeptndcncia linear destas funções


Consideremos a relação

. 1 ______ ÍI____ a - __________ í ! ____________ . . .


J< 2__ 2 ( — 2p-h2) 2-4 ( — 2p + 2) j — 2p-*-4)

2(2p + 2) 1 2-4<2p + 2)(2p + 4) '


Esta relação não 6 constante, dado que tende para infinito quando x —> 0.
Logo, as funções y, c y: são linearmente independentes.
Esta solução multiplicada por j / , chama-se função de Bes-
sei ^ 1; notemos que a expressão entre paréntesis recto é o desenvol-
2
vimento em série do sen*. Por conseguinte,

J (x) = \ — sen x
A nx
2

Do mesmo modo se obtém, a partir da fórmula (50:

J , (x )= y — cos x.
2 JIX

O integral geral da equação ( 1 ) quando p — -ry é

u == j (x) 4- j (x)
2 ~J
Suponhamos, agora, que p é um número inteiro positivo que
designaremos por n (n > 0). A solução (5) tem. então, um sentido e
representa uma primeira solução particular da equação (1). Mas a
solução (50 nada representa, porque certos donominadores do desenvol­
vimento se anulam.
Para p = n inteiro positivo, toma-se por função dc Bcsscl J„
a série (5) multiplicada pelo factor —— (quando n = 0, toma-sc o
2"rt!
factor 1):
x2
2(2« + 2) 2-4(2/i + 2)(2«H-4)

2-4 -6 ( 2 * -f- 2)(2n -j-4)(2n + 0)


ou

(w-f-v)i
V^o
Demonstra-se que é preciso procurar neste caso uma segunda
solução particular sob a forma

Ku (x) = J n (*) x + x " X kii*'1•


h- o
Substituindo esta expressão na equação (1) determinam-se os coe­
ficientes fr*.
A função Kn (x) com os coeficientes assim definidos chama-se,
após multiplicação por um certo factor constante, função de Bessel
de segunda espécie de ordem n.
É uma segunda solução da equação ( 1). que. com a primeira,
forma um sistema linearmente independente.
O integral geral escreve-se
V ~ C tJ n (*) + CtK n M . (8)
Notemos que
lim K„ (x) = oo.
x-»o

Por conseguinte, se se quer limitar às soluções finitas para x = 0.


será preciso fazer C 2 = 0 na fórmula (8).
Exemplo — Encontrar a solução da equação de Bessel para p — 0

que satisfaça às condições iniciais:


para y — 2, >/ = 0 .

Resolução — De acordo com a fórmula (7) encontra-se a solução particular

v =0
, t í X V ____
(2 ! ) * > * ? * (3 !)* V 2 *
Utilizando esta solução, pode-se escrever a solução que satisfaz às
condições iniciais dadas, a saber:
y = 2 J 0 (x).

Nota — Sc se tivesse de procurar o integral geral da equação proposta


procurar-se-ia uma segunda solução particular sob a forma

À '0 (x) = J 0 (z) Log x-t- 2 bkx k.


h=o
Limitamo-nos a indicar que a segunda solução particular, que designamos
por kn (x), se escreve

K0 (x) . J 0(x) Log x + i l - ^ (± )' ( i + +

Após multiplicação por um certo factor constante, esta função chama-se


função de Bessel de segunda espécie de ordem zero.
Exercidos
Escrever os primeiros termos das séries de que se conhece o termo geral:
1 o "3 (« !>J
u !)• 2’ Un~ W + l' 3* “" ' ( S Õ T
4. « n = ( - !) « + ! 5. V "*T l
n';
Estudar a convergência das seguintes séries;
1 2 3 fi
6 . -2 + - 2 P + - 2 P + • • • + 2 » + * " RcsP- Convergente.

7. —^==+ — 7 = 4 -- r = 4 “ • • • 4- --7 L - -Í- . •• Resp. Divercente..


y lõ V 20 V ã õ yüvi

8 . 2 4 - 4 + - . . 4- 4 *- .. Resp. Divergente.
ó o n

9. - í - 4 . —L — . . . f - 1 - -f . . . Resp. Divergente.
"7 o /1 • li

10
• T + ( 4 ) ‘ + ( T ) , -í- + ( s T i ) " ’ -f - R” p

" • Y + T J-ra |- n + - + ^ !h + - Re,p Diyatm e-

'*• 7 n +- + rp r* ' - Rcsp Co" v' r*co"


Estudar a convergência das séries dc termos gerais:

13. Ufi — — . Rcsp. Convergente. 14. nn = _ L . Rcsp. Divergente.


nJ y n2
15. un = . Resp. Divergente. 16. u„ « . Resp. Divergente

‘ 7* “n = -1 2/ 1 + 3 * RCSP- ^ " ^ e n t e .
1
18. un _ t = _ , __— . R«sp. Divergente.
n Log n
19. Demonstrar a desigualdade 1 4--^- 4-4*4" • • • 4“” ^ " ^
2 o *•
^ 1 • 1 a- 1
20. O teorema de Leibniz é aplicável à série
_ J ________ 1__ , ____ L _ _____ 1___ l. 4____ L _ _____ ! _ + .
V 2 -1 1 / 2 -r 1 ' 1 / 3 - 1 1/34-1 V «- Í VS4-1

Resp. Nfio é aplicável, dado que os termos da série n5o decrcscem monò-
tonamente cm valores absolutos. A série diverge.
Quantos termos é preciso tomar nas séries seguintes para ter a soma a
m ennc ^
22.
1 1 1
1 |
Rcsp. n = 10*.
V
3 1 4 5

23.
1 1 1 1
2* V 42 5 *

1 1 1
Rcsp. n = 10.
2 2-3 1 2-3-4 2 -, •4-5

Dizer se as séries seguintes convergem absolutamente:

| + . .. 4 +
Resp. Convergência absoluta.

26. ---- --- L 4- J ---!___ . ~ / _ 1)1*1 J ___ L .i


2 2 2* 3 23 1 ' n 2n
Rcsp. Convergência absoluta.
2- _ J _ _____ 1 , 1 1 . / ,x n _ J _
Log 2 l.o g 3 ' Log 4 Log 5 ‘ Log n ^

Resp. Scmi-convcrgcnte.

“ ■ - 1 + T 7 f - w + - r f + ; " (- , , " - è + -
Resp. Semi-convergente.-
Encontrar a soma da série:
oo 1 , 1 , 1 1
“ • r 2^ + 2 ^4+ - - - 'i »<» + l)(» + 2) + "-
Para que valores de x as séries seguintes convergem?

30. H " 2 + “ + • • • + y i 4* • • • R«sp- — 2 < x < 2.

32. 3x + 3«x« + 3®x* + . . . + 3 n*xn , -f . . . Resp. | i | < | .


00 ( lOOx lOOOOx* , lOOOOOOx» „ , _
>T T T + T 3 T T T f .5 ^ +— Resp
34. sen* + 2sen-j-{-4sen-^--|-...+2n s e n ^ i - f . . . Resp. — o o < x < o o .

__ X X® xn
3j . --- -j* - — ) • ... ---- ——. -f-. . . Resp. —-1 ^ x < 1.
1 - fV l 2 + 1 /5 n+ y í
2f‘ 3'‘ nfc
36‘ x + T T i a + T T ;r3 ^” ' ' ‘ ^” n T ; r n + ' “ Rcsp — 00 < * < °° -

37. ^ + 4 r I , + - y - I ’ + - " + - ^ r , " + - - - *< *< «•

38. + + + -4< x <4.

39. Achar a soma da série x + 2x»+ . . . - f n x " + . . . (|x| < 1).


Indicação — Escrever a série sob a forma
í + X * + X * + X« + ...

x*-|-x»-f * « + . . .
*3 + x < + .. .
1 * « + ...

..............................Resp- t t V ■
Dizer se as séries seguintes são majorávcis • sobre os segmentos indicados:

'.0. 1 + + ( 0 < x < l ) . Resp. Majorável..

x z® xn
41. • • • • • • (0 < £ * - ^ l). Resp. NSo majorável.

42. J = f + ^ + ^ + ...+ = ^ + . . . 10, 2*|. Resp. M ^ v L

Desenvolvimento de funções em séries

43. Desenvolver *— cm série dc potências de x e indicar o intervalo de

convergência. Rcsp. Converge para — 10 < x < 10.

44. Desenvolver cos x segundo as potências de ^ x — ‘

45 . DcsenvolveT e~x s e gundo as potências de x.

R e*p

46. Desenvolver e* segundo as potêndas de (x — 2).

Rcsp. *3-^*2 (X— 2) + -£j (x — 2)2 4--jy (x— 2)3 - f . . .

47 Desenvolver x* — 2xa -f 5x — 7 segundo as potências de (x — 1). Rcsp. _ 3 -f-


+ 4 ( x - l) + ( * _ l) « - H x - l) » . 168
48. Desenvolver o polinómio xR>4-2x®— 3z 7 — 61 * -f 3x*-f6x 3 — x — 2 cm série
dc Taylor das potências de x — 1; verificar que este polinómio admite 1
como raiz tripla. Resp. / (x) = 81 (x— l)* - f 270 (x— l)*- f 342 (x— l) 5 -f-
+ 330 ( x - 1)* + 186 ( x - 1)’ + 63 (x - 1 )* + 12 (x - 1 ) * + (x-1)»®.
49. Desenvolver cos(x + o) segundo as potências dc x. Respi cosa — x sen a —
*a , x> , x*
- T r cos“+T r,“ ‘■+-4 7 -“ *«—•••
50. Desenvolver Log x segundo as potêndas de (x — 1). Rçsp. (x — 1) —

1 , 4*. 1
51. Desenvolver t* em série de potências de (x + 2).

mp. '■’ [ '+ 2 !£r r “ ]


n»l
52. Desenvolver cos2 x cm série das potência de ( x — . Rép.

\n-i f z __ 2L\an 1
+ 2 <-»)" (2, - D I < ! « ' < ” >•
nral

53. Desenvolver
1
— em série de potências de (x + 1). Resp.
00 ("t OX
x n=0
X (x-f- l) n ( — 2 < x < 0). 1^8

54. Desenvolver tg x em série de potências de ^ x -- j Resp. 1+ 2x

x ( ‘ ~ T ) + * ( - í ) , + ...
Escrever os quatro primeiros termos do desenvolvimento em série inteira
das seguintes funções:

55. ,gx. Rép. '


zt , 4x« 31x« \
56. e003*. Rén. <• ( 1_
• p ‘ * ( 1— T T + T T 72õ “ *) •

5 7 * ^ ^ ,+* + 4 + 4 - ^ +-
58. Log < !+ ,* ) . Rép. L og2 + y - — . + - ^ - + . . .

59. < * "* . Rép. i + , + * . _ - g - + . . .

60. (1 + x )*. Rép. i + z * - ~ + - ^ z * - . . .

61. JM5CX. Rép. 1-j- - y - + -‘^ . 4 . . . .

62. Log cos x. Rép.

63. Desenvolver sen kz cm série inteira de x.

nÍD
Rép.
(**>3 4.— (**)*
* * --------—
(*x)» ,
T [ ----------- T T + - -

64. Desenvolver sen1 x segundo as potências de x e determinar o intervalo de

convergi ncia. Rcsp. ... + ...

A série converge qualquer que seja x.

65. Desenvolver — 1— em série inteira Resp, 1 — x2 + x4 — x« + ...


1 + x*
66. Desenvolver arctgx em série inteira.
x
* dz
Indicação — Servir-se da fórmula arc ‘
1 4- xa *

jl i* x*
Resp. x ---- + ----T + . . . ( - 1 < x < 1 ) .

67. Desenvolver - J- _. cm série inteira. Rcsp. 1 — 2x + 3x* — 4x» + ...


( — 1 < x < 1).( _ í
Utilizando as fórmulas do desenvolvimento cm série de potências das fun­
ções ex sen x. cos x, L o g (l- fx ), (l-|-x)m e aplicando diversos processos
desenvolver em séries de potências as funções c determinar os intervalos
dc convergência:

68. s e n h x. R c s p .x - f -
Xa ,
—y-f--êT+ •• •
X» (— 50 < * < °°).
u 51
x2 X*

2 ! •' 4 ! '
u?
1 í — l ) n (2x)a'*
/O. cos- x. Resp. 1+ -- y 1 -- ( — oc < x < oo).
n«l

71. (i- r x ) Log (1 -f x). Rcsp. x + V ( - ! ) « — f l - ( |, |< i).


n-2
(p
72. (1 + Rcsp. 1+ 2 ( — l ) n- i^ 4 L Í x'* (_«x> < x < oc).
n—2
on

*“ P 'S w ( l * l < V 2)-


n=0

74. 1 . Resp. * + * + . . . 4. * L + . . . (— oo < x< o o ).


'2 ! r 3T
Cn
7 5 - ( y z f j j r • R c !p - 2 ( » + « * " ( l * l < i ) .

76. í * «en x. Rcsp. r-fx« + y 2 » >m + ...

77. x+yr+is. r«p. ^ - T - f + r | - r + - + ( - 1)“t <;1 > -£ r ***


l 2n+i
X * h T + — (- !< * < !).
* xtn+l
79. f ü i í ü * . Rép. ^ (- »)"
r

80. f-£21L<ix. Rép. C + L o g | z | + 2 (” ° ° < ; e < : 0 *


" t\=ai
0 < i < o o ).

82. Demonstrar as igualdades


sen (a + x) = sen a cos x + cos a sen x
cos (a + x) = cos a cos x + sen a sen x

desenvolvendo os primeiros membros segundo as potências de x.

Calcular, com a ajuda das séries:

83. cos 10° a menos de 0,0001. Resp. 0,9848.


84. sen I* a menos de 0,0001. Resp. 0,0175.
g5 . sen 18° a menos de 0,0001. Resp. 0,3090.

86. sen -íl a msnos de 0.0001. Resp. 0,7071.


4

87. arctg _L a menos dc 0,0001. Resp. 0,1973.


5
88. Log 5 a menos de 0,0001. Resp. 1,609.
89. log 5 a menos de 0,0001. Resp. 0,609.
90. arc sen 1 a menos de 0,0001. Resp. 1,5708.
91. V 7 a menos de 0,0001. Resp 1,6487.
V2. loge a menos de 0,00001. Resp. 0,43429.
93 _ c o si a menos de 0,00001. Resp. 0,5403.
Utilizando o desenvolvimento em série de Maclaurin da funçSo /(x ) =
= ^ an -j-x, calcular a menos de 0,001 :
94. y $ Õ . Resp. 3,107.
95. 1/70. Rcsp 4,121.
96. J/5ÕÕ. Resp. 7,937.
97. y^25Õ. Resp 3,017.
98. 1/84. Resp. 9,165.
99. >/ 2 Rcsp. 1,2598.
Calcular os integrais seguintes, desenvolvendo em série as funções sob o«
sinais de inlegraçSo:

100. -x dx a menos de 10“*. Resp. 0,94608.


1
101 . j e x~d i a menos dc 0,0001. Rcsp. 0.7468.
ü0
n
«
102. ^ -cn (ari) dx a menos dc 0.0C01. Rcsp. 0,1571.
u
l
2
103.. ^ r 1 * dx a menos dc 0,01. Rcsp. 0,81.
0
Ut«I
0.5
i,
104. | -
irc ^ x 4 x a menoS dc 0,001. Rcsp. 0,487.
ü
1

105. \ cos l / j d x a m:nos de 0,001. Rcsp. 0,764.


0
1
4
106. ^ Log ( l- f ~[/x)dx a msnos dc 0,001. Resp. 0,071.
0
1
107. j e ' dx a menos de 0.0001. Re<p. 0,9226.
0
1
5
108. f itTt Z. dx a menos de 0.0001. Resp. 0,0214.
J0 yv
0.5
109.. j ^ dZ~
Tt a meno* dc 0,001. Rcsp. 0,494.' j * ■
— ix . Resp. ÍL - .
õ

Indicação — No decorrcr da resolução deste exemplo e dois dois seguintes


é preciso ter cm vista as igualdades:

V _L ü i v «* v i
/!> 6 ' Zj n« 12 * Z j (2/1 — 1)* 8 ’
«-=1 n=» I n. i
que serio estabelecidas no § 2 do cap. XV II.

.... j J á t í ! = â * . { Log |± S± L. Resp- £ .


Integração de equações diferenciais por séries
113. Encontrar a solução da equação y" = xy que satisfaz às condiçõcs inidais
seguintes: x = 0, y =■ I , y' = 0.

In d ica ção — Procurar a solução sob a forma dc série.

R esp. 1 2-3 2-3-5-ti " “ '2-3-.-i.li . . . (3*— 1) 3Jt"*


114. Encontrar a solução da equação y " + xy' + y = 0 que verifica as condições
.... X3 X4
iniciais: para x = 0, y = 0. y‘ — \. Resp. x -- — -\ -- — . . . -f
M 1 -O^O
( — 1)»+1 jr*n-I
1- 3- 5 ... (2n — 1) ’

115. Encontrar a solução geral da equação

* V - M i ( ** — y = 0.

In d ica ção — Procurar a solução sob a forma

y ~ x° (•^o-r AfX-i- . I 2X--j-. . . ) . Rcsp. c tx " ^ i — — 7T ’ ” *]


1
^ 2 r. x2 , 1 r cosx
*r L "2T "4i ‘" J l- y T "v T ’
116. Encontrar a solução da equação xy" + y' + xy = 0 que satisfaz às condições

iniciais: para x = 0, y = 1, / = 0. Rcsp. 1 - - (1.2-3)22* +


+ . / _ ! ) * « — í l l -- f ....
(*!)* V k
Nota — As duas últimas equações diferenciais são casos particulares da
equação de Bessel
x 2 y * - f z y ' -f- ( x 2 — /*2) y — 0

quando n — — e n = 0.

117. Encontrar a solução geral da equação 4xy'-f-2y'-f y — 0.

In d ica ção — Procurar a solução sob a forma de série zP (a0 + a,x +


+ a„x3 + ...). Resp. C t cos ~Vx-\-Çz sen \rx .
118. Achar a solução da equação (1 — x*)y" — xy' = 0 que satisfaz às con­

dições iniciais: y = 0. y' = 1 para x = 0. Rcsp. 3 .. J_ f l . — -I — f l . -i-


, 1 3 2 z? . 2 3 2 4 5
_r 2 4 6 7 **•
119. Achar a solução da equação (1 + x*) y" + 2x y '= 0 que satisfaça às condi*
x® z* x?
çõ:s iniciais: y = 0, y ' = 1 para x = 0. Rcsp. x ---— — —---- — 4- . . .
, 3 5 7 1
120. Encontrar a solução da equação y" = xyy' que satisfaz às condições iniciais:
. . . - - x’ , 2x‘ ,
121. Encontrar a solução da equação ( 1 — x ) / » l + x — y que satisfaça às
iniciais: y = 0 para x = 0 e indicar o intervalo dc convergência da sénc

obtida. Rcsp. x + .. .(- 1 < x < 1 ) .

122. Achar a soluçào da equação xy" + y = 0 que satisfaça às condições


iniciais: y = 0, y' = I para x = 0 e indicar o intervalo de convergência.
xi x» x*
( 1!)*2 ' (2!)’ 3 ~ ( 3 l jM H
2
123. Achar a solução da equação y '- f — y'-j-y = 0 que saUsíaz às condições

SCO X
iniciais: y = 1, y' = 1 para x = 0. Resp. — -— .

124. Achar a solução da equação y'- f- y y'-}-y = 0 que satisíaz às condições


iniciais: y = 1 , y' *= 0 para x = 0 e indicar o intervalo de convergência da

série obtida. Resp. 1 _ £ Í + + * * * ( 1 * 1 < ° ° )*

Determinar os três primeiros termos do desenvolvimento cm série inteira


das soluções das equações diferenciais seguintes dc que se indicam as
condições iniciais:
4r»
125. y'«=x2 + y2; para x = 0, y- 1. Rcsp. 1-- x-|-xM-—r—+ . . .
O
fj2 j3
126. y’ = ev + x ; para x = 0, y = 1, y ' = 0 . Rcsp. 1 - f-

xi
127. y' = sen y — sen x\ para * — 0, y *■0. R c s p .-- -----g---. . .

Determinar alguns termos do desenvolvimento em série inteira das soluções


das equações diferenciais seguintes de que se indicam a$ condiçõs iniciai1
indicadas:
x2 2x3 .
128. V* — yy' — xi\ para x = 0, y — 0. y ' = 0 Resp. 1 J . j : . } . - _ 4 — —
l4x&
• 5! "**■'*
129. y' = y* + z* \ para x = 0, y=-J*- ResP y + T X+ T + B ***

1 1
130. / ■ * * - y2 \ Para x = 0, y = 0 . Rcsp. -g- y f y *7 + '7 . | l l * ~, , ‘

X3 X* X*
131. y ' = X*|/*— 1 ; para x - 0 , v « = l. R « P 1— ■*+ - 3 ----

x* 2x* : 1 1 x«
132. y ’ = eV + xy-, para x — 0. y = 0. Rcsp. x -f — H— 3- + ‘ 2 . 3.4 + • • •
Capitulo XVII
SÉRIES DE FOURIEK

§ 1. Definição. Posição do problema


Chama-se série trigonométrico a uma série da forma

-7- at cos x 4~ sen x 4 * oz cos 'lx 4- bz sen 'Ix 4- . . .


2

ou. sob uma forma mais compacta

(a„ cos nx 4- bn sen nx). (1 )


n—i

As constantes a0l a„ et bn (n = 1, 2, ...) são os coeficientes da


série trigonométrica.
Sc a série (1) convergir, a sua soma é uma função periódica f (x)
de período 2v, dado que sen nx e cos nx são funções periódicas dc
período 2?r.
De modo que
f ( x ) = f ( x 4 - 2.1 ).

Ponhamos o seguinte problema.


Dá-se uma função periódica f (x) de período 2ir. Pergunta-se
para que condições impostas a f (x) existe uma série trigonométrica
convergente para f (x).
Este problema será objecto do presente capítulo.

Determinação dos coeficientes da série por meio das fórmulas


de Fourier.
Suponhamos que a função f (x), periódica e de período 2r, pode
ser representada por uma série trigonométrica convergente para f (x)
no intervalo ( - » , ir), isto é. que seja a soma desta série:
Suponhamos que o integral da função do primeiro membro desta
igualdade é igual à soma dos integrais dos termos da série (2). Isto
terá lugar, por exemplo, sc sc suposer que a série proposta converge
absolutamente, isto é. que converge a série numérica positiva seguinte

(•O
+■ I a i i •+* I I 4 i««I 4 -1 I + - • • • 4 - 1 o„ | - f 1 b„ | - f . . .
2

A série (1) é, então, majorável e pode ser integrada termo a


termo de — -n a tt. Aproveitemos para calcular o coeficientes Oo■
Integremos os dois membros da igualdade (2) dc - i a + tt:

n -n x
sen nx ax
| f(x )d x = j T ' í/*r + ^ j ( J an C0SnJrd* + J /;»
n=l —n

Calculemos, separadamente, cada integral do segundo membro:

J -y- dx = na0;
—JT

, a„ sen nx
^ an cosnxdx = a„ ^ cos nx dx = ----- = 0
n -n
—n
ii .t
cos nx
^ bn sen nx dx = bn | sen nx dx = — bn
òn sennxdx = 0.
-ii
Por conseguinte.

donde

/ (x) dx. (4)

Para calcular os outros coeficientes da série, calcularemos, prévia


mente os integrais auxiliares seguintes.
Sc n c k forem inteiros e se n^fck, tem-se
a
J cos nx cos kx dx = 0 ;
—n
a
5 cos/2X seu kx dx == 0 ; (D
-n
n
J sen nx sen kx dx = 0 ;

e s c n = k,

\cos2fcrdx = x ;
— n
n
Ç sen A-xcos kx dx = 0; (II)

■.in
ji
j sen A-.r dx = ji .

Calculemos, por exemplo, o primeiro integral do grupo (I).


Como

cos nx cos k x = ~ [cos (« -f k) x -f cos (n — A:) jr].

tcm-se

cos nx cos kx dx =

Jt n
= i- | cos (w -}-k) x dx ^ cos (n — k )x d x = 0?

Dc igual modo se obtêm as outras fórmulas (I)(*). No que


respeita aos integrais (II) calculam-se dircctamente (ver cap. X. t. I).
Pode-se calcular, agora, os coeficientes ah e bk da série (2).

(•) Com a ajuda das fórmulas

cos nx scnkx = 4 r l sen(n + * ) x ~ — k) z\,

tennx s e n fc x = ~ [— cos (n-f k) x + cos (n — k) x j.


Para determinar ak, para k= £ 0 dado, multipliquemos os dois
membros da igualdade (2) por cos kx:

/ (ar) cos kx = — cos kx 4- ,


2 I

-f- (fln cos nx cos kx -f- bn sen nx cos kx). (2 ')


n=l
A série do segundo membro da igualdade é majorável. dado
que os seus termos não são superiores em valores absolutos aos
termos da série positiva convergente (3). Pode-se, pois. integrar termo
a termo sob qualquer segmento.
Integremos a igualdade (20 dc — tt a
n n
^ / (x) cos kx dx = — ■j coskxdx-j-

°° * n
H~ J cos nx cos Ax dx -j- bn ^ sen na: cos kxdx^j .
n=t -n —x

A respeito das fórmulas (II) e (I), vê-se que todos os integrais


do segundo membro se anulam, excepto o que contém o coeficiente ah.
Por conseguinte,

n a
J / (x) cos kx dx = ak J cos2kxdx = akn,
-n —n
donde

cos kx dx. (5)


—JX
Multiplicando os dois membros da igualdade (2) por sen A* e
integrando de novo de — ir a i , obtém-se:
n .1
j / (x) sen kx dx = bh J sen?kx dx = bkn ,
—a —*
donde

/ (x) sen kx dx. ^


Os coeficientes definidos pelas fórmulas (4), (5) e (6) chamam-se
coeficientes de Fourier da função f (x) e a série trigonométrica (1)
formada com estes coeficientes é a série de Fourier da função f (x).
Voltemos, agora, ao problema posto no princípio deste parágrafo:
quais as propriedades que deve possuir a função / ( x) para que a
serie dc Fourier convirja e que a sua soma
seja igual aos valores da função nos pontos
considerados?
Vamos enunciar um teorema dando as
condições necessárias para que a função / (x)
seja representávcl por uma série dc Fourier.

Definição — Uma função / (x) diz-se


monótona por corte sobre o segmento [a, b]
se se puder decompor esse segmento pelos
Fig. 356 pontos x„ x2....... xn_ , . num número finito
dc intervalos (a, x,). (xu x3) b)
dc modo que a função seja monótona cm cada intervalo, isto é. que
seja ou não crescente ou não decrescente.
Resulta da definição que se / (x) for monótona por corte e
limitada no segmento [a, b], apenas pode ter pontos de desconti-
nuidade de primeira espécie. Com efeito, se x = c é um ponto de
descontinuidade para a função / (x). tem-se. em virtude da monotonia
da função.

lim / ( x ) = / ( c — 0), lim /( j ) = / ( c + 0),


x—c-Q x-*c+0

isto é, que o ponto c é um ponto dc descontinuidade dc primeira


espécie (fig. 356).
Temos o teorema seguinte:

Teorema — Se a função periódica f (x) de período 2tt é monótona


por corte e limitada no segmento [— ir. ir], a sua série de Fourier
converge em todos os pontos. A soma da série obtida s(x) é igual
ao valor da função f (x) nos pontos de continuidade. Nos pontos de
descontinuidade de f (x) a sotna da série é igual à média aritmética
dos limites da função à esquerda e à direita; isto é, se x = c for um
ponto dc descontinuidade de /(x).

/ < c - 0) + /(c + 0)
s(*)*-c =

Este teorema mostra que a classe das funções representáveis por


séries dc Fourier é bastante lacta. Eis porque as séries de Fourier
têm encontrado uma larga aplicação nos diferentes ramos da mate­
mática. Utiliza-se particularmente com sucesso as séries dc Fourier
er.1 física matemática c nas suas aplicações a problemas concretos
de mecânica e de física (ver cap. X V III).
Não demonstraremos o teorema que acaba de ser enunciado.
Demonstraremos nos § 8, 9, 10 um outro critério suficiente para que
uma função possa ser desenvolvida em série dc Fourier. Abrange,
num certo sentido, uma classe mais restrita de funções.

§ 2. Exemplos de desenvolvimento de funções


em séries de Fourier
Vamos dar exemplos dc desenvolvimento de funções em séries de Fourier.

Exem plo— 1. Dá-se uma funçSo periódica f(x ) dc período 2tr definida
como sc segue:
/(*) = *, — A < s < n .

Esta função -é monótona por corte e limitada (fig. 3S7). Ela admite, pois.
um desenvolvimento em série de Fourier.

Aplicando a fórmula (4) do § 1. obtém-se:

1 ? . I n
= 0.
a° ~ ~ J —n
-n
Apliquemos a fórmula (5) do § 1 e integremos por partes:
n n
i C . 1 T sen Àx I* 1 f . . 1 n
qk —— \x cos kxdz = ~— I x — -— — T ' 560 J =
-n -»
Dc acordo com a fórmula (6) do § I, determina-se:
n
-I JL
- V í - * * - — 5-[— T ^ r . + T }"****]-<-<>* A-
-n
Obtém-se, assim, a série

, W = 2[ ü ii- J S ^ L +J ^ _ . . . J » ü + ... j .
Esta igualdade tem lugar para todos os valores exoepto nos pontos de
descontmuidaue. Nes<cs pontos a soma da série é igual à média aritmética
uos limites da função à esquerda e à direita, isto é, a zero.

Exemplo — 2. Dá-se uma função periódica de período 2t definida como


se segue:
/ ( * ) = — x para — -'i < * < 0,
/(x ) = x Para 0 < x < n
i»to é, que / U) = |x | (fig. 358). Esta função é monótona por corte e limitada
sobre o segmento — rr < x < cr.

~5n -tfn -Ôn -2ji -n 0 ji 2n 3n bn 5n x

Fig. 358

Determinemos os coeficientes dc Fourier:


* 0
ao — Ç /(x )d x = - i- £ j ( — x )d x + j J d x j = n ,
-n —n o
0 n
°k = ~ ^ {— *) cos kx dx-f j x co? kx dx J =
n D

-4[
0
x sen kx |o l f x sen kx |n
T : - * 0
—n
1 1" cos kx » • cos kx |«-|
nk L k —X k lo J
( 0 para k par.

para k ímpar;

(i n
- ■ K í ( — x) sen kx dx-j- x sen kx d x j = 0 .

Obtém-se, pois. a série


... n 4 f cos x cos 3 / . c o s õx cos (2p4-1) x
/ <*) - T “ L “ Í5r-+ “ p - + -
+
(2 p + l)*
Esta série converge para todo o valor, e a sua soma é igual à função
proposta.
Exemplo — 3. Define-se uma função periódica de período Iv como
se segue:

/ ( * ) = — 1 para — * < * ■ < (),

/( * ) = 1 Para 0 < * < n .


Esta função (fig. 3S9) é monótona por corte e limitada no segmento
— t < x < TT.
Calculemos os coeficientes de Fourier:

» u a
- 4 j /(x )d x = e - i- [ j (- l)dx - {- j d x j = 0 ;
0

«en kx o sen kx
a * = ~ ~ [ j ( — 1) cos kxdx + | cos kx d x j = — —0;
-a kA

o cos kx
bk = ~ £ j (— 1) sen kx dx -f- j sen kx dx J = -i-
-n o
—n ]=

f 0 para k par,
0 p
— j-h-cos.nui=
para k ímpar.-.
l nk
A série de Fourier considerada escreve-se, pois,

sen 3x . sen 5x . sen (2p + l) x


T +
2p+ l

Esta igualdade é exacta para todos os valores excepto nos pontos de


descontinuidade.

-J-7T -2n J t. x

Fig. 359

Indicamos, na figura 360. como as somas parciais s„ representam com


uma precisão crescente a função / (x) quando n —» oo.
Exemplo — 4. Dá-se uma função periódica de período 2-sr definida como
sc segue:
/(x) = x2, — n < x < j x (fig. 361).
Fig. 361
Calculemos os coeficientes de Fourier:
a
_ -
1
L = 2^ 1 ;
<*o .T ■l J a 3 |-ji 3
—n
JX
1 f , . , 1 r x2 sen fcx |« 2 (* , , ~|
d* = — i2 C06 fcc
\x2 kx dx ** — -------- — — \x sen Ax dx =
* J
-n
L A- l- x A J • J
;i
2 f xcosArx |« . 1 (* , , "I 4 , , ,
“ L ----- — U + t ) ^A x d x J= — l.n c o s M

4
-p- para A par,

— 4 para *, impar;
-

1 f - t j . 1 T * a co s*x |J» , 2 f , . 1
J x it^ kxdx° + - ^ [ ----- *--- |-ji+ T J * c o s * x d r J =
—a -n

2 r x ie n iilJ t 1 ? -1
“ I ü t L * |-* “ T J

Logo, a série de Fourier da funçáo dada, escreve-se


n2 , / cos x cos 2x , cos 3x
23 3a
Como a função é monótona por corte, limitada e contínua, a igualdade
tem sempre lugar

Fazendo na igualdade obtida x = v , obtém-se:


05
ü i v _L
fi
6 2 j n2
i ’
«-!
Exemplo — 5. Dá-st uma função periódica de período 2t definida como
se segue:

/(x ) = 0 para — n < x < 0 „


/(x )» x para 0< * < * (fig. 362).
D e f in a m o s os c o e f ic ie n te s de F o u r ie r :

.t .-t

„ „ - i j , ( . W ^ - L [ j 0. * +
-T -.t 0
-T .1
1 r . . I f í s e n i r p I f , , 1
(tu — — \/ cos kx dx — ---- ■
---- — - \ sen kx dx =
.1 ) a L k 0 * J J
2
] _ c o * - r ln _ _ I ~ pa ra k ím p a r .
s ü l\ .J - s
nk
/ k t o piratpir;

'■
»" T í(I 1 *“ ** * " T [“ '^T ~ |Ô+T IIí c<" * 'íx] ”

{
J_ para k ímpar,
*

_ I para k par;
k -
O desenvolvimento em série de Fourier é
,, . a 2 / cos i cos 3x cos 5x , \,
/W = T ~ ( — — +— + )-
/ sen x sên 2x sen 3 i \
’ V i 2 3 *'• J *
Nos pontos dc descontinuidade da funçSo / (x) a soma da série é igual
a média aritmética dos limites da funçSo à esquerda e à direita ( no caso

presente a j .
Fazendo na igualdade obtida x = 0, obtém-se:

00
•2 * Y ___ 1
8 Z i (2n — 1)2 *
n=l
§ 3. Uma nota sobre o desenvolvimento das funções periódicas
em série de Fourier
Indiquemos a propriedade seguinte duma função $ (x ) de período
2r; tem-se
71 >.+2a
i ^ ( x ) í/j-= J ^ ( x ) í£ r .
-n >.

qualquer que seja o número X.


Com efeito, como
t ( t - 2 n) — *(g ).
Fazendo x — £ — 2a. pode-se escrever, quaisquer que sejam c c d:

]^.{x )dx = J — 2 n ) d l= J \|'(£)rft= J $ (x)dx


c c+2 n C+2.T r+2n

Em particuJar. fazendo c = — a. d = A. obtém-se:


X X+2*
J tf (x) d.r = J (x) dx,
— 5» a
por conseguinte,
X+2« - .i n X+ 2a
S ^ (a-)rfj-= í if (x) dr -f- J \\ { x ) d x + J t£(x)</x =
X —a ji

= ! '( ’( # + J t W ^ + í lj>(*)<k = J i£(x)</x.


X —n - rt —a

A propriedade mcncfcnada significa: o integral duma função perió­


dica <f>(x) sobre um segmento arbitrário de comprimento igual ao período
tem sempre o mesmo valor. Geomètricamente: as áreas tracejadas sobre
a figura 363 são iguais.

Resulta da propriedade demonstrada que sc pode, no cálculo dos


coeficientes de Fourier. substituir o intervalo de integração (— a. a)
pelo intervalo (A, A 4- 2a). isto é. que
X+2a Â+2.T

<h = j* / (x) dx, a n = ~ | / (x) cos nx dx,


x x
*+2.i (D
bn = j f(x) sen nx dx.

onde A é um número arbitrário.


Isto resulta do facto de a função f (x) ser. por hipótese, uma
função periódica de período 2a; por conseguinte, as funções f(x )cosnx
c f(x)sennx são também funções periódicas de período 2ir. Mostremos
com um exemplo como a propriedade demonstrada simplifica, em
certos casos, o cálculo dos coeficientes.

Exem plo — Seja desenvolver cm série dc Fourier a funçáo /(x ) de


período 2 v igual a x sobrc o segmento 0 < x < 2 v . O gráfico da função / (x)
csiá representado na figura 364. Esta funçáo é dada no segmento [— t , ct]
por duas formulas: f (x) = x + 2 t sobrc o segmento [— -r, 0] e /(x ) = x sobre

o segmento 10, v.] Ora esta função está representada muito simplesmente por
/ (x) = x sobre o segmento [0, 2nr]. Por conseguinte, ler-sc-á interesse cm
desinvolver esta função cm série dc Fourier, utilizando a fórmula (1) com X = 0:

2n 2n
°o~1■™
: j f(*)dx - -L ^ xdx =3 2ji ;

2.1 2.t
1 f ... , 1 f , 1 f x sen nx
f ln = — ^ / (x) cos nx d x = — l xcosnx d x = ~— ----- --------- L

0 0

+as 2] r - oi
2jt 2ji
bn — j* / (x) sen nx dx = -~ j' x sen nx dx =
0 * o
1 [" x co snx sennx"|2.t^ 2
nL n «2 Jo “ n
Por conseguinte,
2 2
f (x) — .1— 2 sen r.— —• sen 2x — —- sen 3x — sen 4x— ~ sen 5x— . . .
í ó 4 O

Esta série representa sempre a funçáo dada, exçepto nos pontos de


descontinuidade (os pontos x = 0. 2 t , 4 t . ...). Nestes pontos, a soma da
série é igual à semi-soma dos valores limites da função f(x ) à direita e à
esquerda (no caso presente 3 rr).
§ 4. Séries de Fourier de funções pares e ímpares

Resulta da definição das funções pares e ímpares que se >f>(*)


é par sc tem

j t|* (x) dx = 2 [ tf (x) dx.


Com efeito.

j if(x)£fx = J tf(x )ííx -f j \\(x)dx= J tf (—x)dx +

+ J tf (x) dx = J tf (x) dx - f j tf (x) dx = 2 $ (x) <ir,


0 0 0 0

dado que uma função par goza, por definição, desta propriedade:
* ( “ *) = f (*).
Tem-se, duma maneira análoga, para uma função ímpar <?(x)

a n a
í Cp(x) Ar = 5 Cp( —X) dx + J cp (x) dx =

= — $ <p(x) dx -f- J <p(x) dx = 0.


o o
Se se tiver o desenvolvimento dc Fourier duma função / (x) ímpar.
o produto f(x)coskx é uma função ímpar e f(x)senkx uma função
par; logo.

ji

/ (x) dx = 0,
-n
n

/ (x) cos Ax d x = 0, (D

í* fl
= ~ j f ( x ) s c a k x d x = ~ ^ f (x) sen Ax dx,

isto é. que a série dc Fourier duma função ímpar apenas contém senos
(ver exemplo 1 , § 2).
Se se tiver o desenvolvimento dc Fourier duma função par o
produto / (*) sen kx é uma função ímpar e / (x) cos kx é par, pelo que:

( 2)
0

isto é. a série dc Fourier duma função par apenas contém cosscnos


(ver exemplo 2 , § 2 ).
As fórmulas obtidas permitem simplificar os cálculos dos coe­
ficientes de Fourier quando á função dada é par ou ímpar. É evidente
que qualquer função periódica não é forçosamente par ou ímpar
(ver exemplo 5. § 2).
Exem plo — Seja desenvolver em série de Fourier a função par / (x) dc
período 2Ãr definida no segmento [0, rr] por
y = x.
Já desenvolvemos esta função em série de Fourier no exemplo 2, § 2
(ver fig. 358). Calculamos de nova os coeficientes de Fourier desta função
utilizando a paridade desta função.
Em virtude da fórmula (2), 6* = 0. qualquer que seja k\

0 para k par,
4
— para K ímpar

Voltamos a encontrar os mesmos coeficientes que no exemplo 2. § 2, mas


mais ràpidamente.

§ 5. Séries de Fourier das funções de período 21


Seia f(x ) uma função periódica de período 21, em regra diferente
de 2;r. Descnvolvamo-la em série de Fourier.
Façamos a mudança» de variável
l .
A função é. então, uma função periódica dc / dc

período 2v, c pode-se desenvolvê-la cm série de Fourier no segmento


— W < X < »:
OO

/ í ) =B Y ^ 008 ^ ■*" ^ ^
A“ t
ou
n n

a°=H /(íí)d<' *

6* = H / ( í ' ) scnA" íí-


Voltemos, agora, à antiga variável x:

l
x = — t,
n
Ter-se-á, então:
«
ao = ’y J / (x) dz, ah = y j / (z) cos k j x dx,
-i -í
(2)

/ (z) sen * y Z dz.


*- "t !

A fórmula (1) transforma-se cm:

kn kn
Qf, cos - - j -f- " í scn — z (3)
A—l

onde os coeficientes a rt, a»,, bk são calculados segundo as fórmulas (2).


Tal é a série de Fourier duma função periódica de período 21.
Notemos que tudo o que foi dito sobre as séries de Fourier das
funções periódicas de período 2tt mantém-se em vigor para as funções
periódicas de período qualquer 21. O teorema sobre o desenvolvimento
duma função em série dc Fourier do § 1. permanece em vigor, bem
como as notas sobre a possibilidade de calcular os coeficientes da série
integrando num segmento arbitrário de comprimento igual ao período
(vei § 3) e de simplificar o cálculo dos coeficientes quando a função
é par ou ímpar (§ 4).
Exemplo — Desenvolver em série dc Fourier a função periódica de período
21 defimua no segmento (— /; /] pela igualdade /(x ) = |xj (fig. 365).

Resolução — Como a função considerada 6 par, tcm-sc


/
0f; —0 ; a0= ■
— f x dz r-1;
0
' 'l f 0 para k par.
2 f kxx . 21 f . . í
— \* COS —— dx — — - l i cos kx dx = ^
0 U l }ÜÍTi para * ^p^-
Por conseguinte, o desenvolvimento cscrcvc-se:
a 3.t (2;>— 1) .1
jC O S - j- , COS COS — --í— z
(2/i— 1)2

§ 6. Desenvolvimento em série de Fourier


duma função não perióditía
Seja dada no segmento [a, i>] uma função monótona por corte / (x)
(fig. 366). Mostremos que esta função pode ser representada nos pontos
de descontinuidade por uma série de Fourier. Consideremos, para esse

efeito, uma função arbitrária periódica monótona por cortc h (x ) de


período 2/t > |b — a | e coincindindo com a função / (x) no segmento
[a, 6]. (Prolongamos /(*)).
Desenvolvamos a função /, ( jc ) cm série de Fourier. A soma desta
série concide em todo o segmento [a. Z>] (cxccpto nos pontos dc
descontinuidade) com a função dada / (x). isto é. que se desenvol­
veu f(x ) em série de Fourier no segmento [a. b\.
Consideremos em seguida o seguinte caso importante. Seja / (x)
uma função dada no intervalo [0. /]. Prolongando arbitrariamente esta

N
0

0 i

Fig. 367 Fig. 3fi8

função no intervalo [— /, 0] (conservando a monotonia por corte)


podemos desenvolver esta função cm série dc Fourier.
Em especial, se prolongarmos esta função no intervalo — / < x < 0
dc modo que / (x) = / ( — x). obtém-se. finalmente, uma função
par (fig 367). (Diz-se. então, que a função f (x) foi «prolongada de
maneira par». Esta série desenvolve-se em série de Fourier dc cos-
senos. Dc modo que a função f (x) dada no intervalo [0. foi desen­
volvida cm série dc Fourier dc cosscnos.
Se se prolonga a função f (x) sobre — / < x < 0 de modo que
f (x) = — / ( — x) obtém-se uma função ímpar, desenvolvendo-se cm
série de senos (fig. 368). (Prolongamento ímpar da função f (x). Por
conseguinte, se for dado no intervalo [0. /] uma função monótona por
corte f (x). pode-se desenvolvê-la ou em série de Fourier dc cosscnos
ou em série dc Fourier de senos.

Exemplo — 1. Seja desenvolver a funçSo f (x) = x no intervalo [0, w] cm


série de senex.

Resolução — Prolonguemos esta funçSo de maneira ímpar (fig. 357).


Obtém-se a série

(ver exemplo I. § 2).


Exemplo — 2. Desenvolver a função f(x ) = x no segmento [0, t ] em série
de cosenos.

Resolução — Prolonguemos esta função dc maneira par; tem-se:

/( * ) — 1*1» - ít< * < n

(fig. 358). O desenvolvimento em série de Fourier desta última funçáo é


n \ rcosj cos3r cos 5* .
i^ = T - - i- r ^ — +~ v r + - J
(ver exemplo 2. § 2). P^r conseguinte, no intervalo [0, v], tem-se a igualdade

a '« r cos x , cos 3z , cos 5x “1


*“ T n L - r + "33— ;' _ 53-+ - ' J

§ 7. Aproximação, em média, duma função dada por meio de


polinómios trigonométricos

A representação duma Tunção em série (de Fourier. Taylor. ctc.)


tem este sentido prático que a soma parcial obtida quando se limita
ao termo de ordem n é uma expressão aproximada da função que
sc desenvolve. Pode-se levar esta aproximação ao grau desejado
escolhendo convenientemente n. Todavia, o carácter da representação
aproximada pode variar.
Assim a soma sn dos n primeiros termos da série de Taylor
coincide com a função dada no ponto considerado e não tem neste
ponto derivadas até à ordem n coincidindo com as derivadas da
função considerada. Um polinómio de Lagrange de ordem n (ver § 9.
cap. V II. t I) coincide com a função considerada cm n + 1 pontos.
Vejamos qual é o carácter da aproximação duma função perió­
dica f(x ) por meio dos polinómios trigonométricos da forma
n

Sn + ^ ãk C° S kX + bk 401 kX'
k—\

em que Oo. au bu b7....... <rn, b„ são coeficientes de Fourier, isto é


que se aproxima com a soma dos n primeiros termos da série de
Fourier desta função. Façamos algumas notas preliminares.
Suponhamos que se tem y = f (x) no intervalo [a. b] e que se
quer avaliar o erro cometido quando sc substitui esta função por
uma outra função ? (x). Pode-se considerar, por exemplo, que o erro
é representado pela expressão max |/ (jc) — ? (x) | no intervalo [a, 6],
o que se chama desvio máximo entre f (x) c <p(x). Mas. por vezes,
é mais natural considerar o desvio quadrático médio S cujo quadrado
é. por definição,
b

ô 2 = - 1 ■f [/ (x) — <p(x)]2 dx.


(b - a) J
a

Expliquemos, na figura 369, a diferença entre o desvio quadrático


médio e o desvio máximo.
Suponhamos a função f (x) representada pelo traço a cheio e as
aproximações ( jc ) c <p2 ( x ) pelos ponteados. O desvio máximo da

curva y = fi (x) é menor que o desvio máximo da curva y = ( jc ) .


mas o desvio quadrático médio da primeira curva é maior que o
da segunda, porque a função y — <f2(x) se distingue notòriamente
de y = f ( jc ) sòmente num pequeno intervalo e. por conseguinte,
caracteriza melhor a função y = / ( jc ) que a primeira.
Voltemos agora ao nosso problema.
Seja dada uma função f (x) periódica de período 2-r. Entre os
polinómios trigonométricos do grau n

y + ^ (a,‘ cos * * + Pa sen kx)


A= 1

pede-se para calcular, escolhendo convenientemente os coeficientes a k


e o polinómio cujo desvio quadrático médio, definido pela igualdade

n n

J [/(*)“ — - 2 (a * C0S;r:í: + P *SCnA‘-r) ] dj


-a 2
é mínimo.
O problema reside em encontrar o mínimo duma função de
2/i + 1 variáveis a 0, a ,, . .
a n , p t, (5„.
Desenvolvamos o quadrado da expressão entre paréntesis recto
e integremos termo a termo; tem-se:
a rr

àn = ~ j' |f2 (*) — 2f(x) ~ ^ (a Acos kx + P* sen kx) -f-


—a h-^l
n n

+ [^ + ^ (ak cos k x + P* * * **)] \ d x = 2n í ^ ^ djC ~


A—l —«1

í ^ [
a n a

«a / (*) cos kx dx —
-a A=1 -a
n a n

-i2p*í/(x)sénfadI+l;f W
A“*1 —a -n
n « n a

+ 7^ / j a * j* cos* kxdx + ~ ^ P* \ * n2kxdx +


A“ i ' -a *=i —a
» a n a

+ j* cosfcrdx + ^ - a o ^ P* J scnArxdx-j-
A=»l —a A—i -n

22 í
n n a

cos kx cos Jxdx -f-


*■•1 /“ I —a

n n a

+ 7T 2 a $ J ( cos kx sen jx dx -{-


*= 1 ;= 1 - a

n n n

sen A--r sen ;x dx.


Notemos que
n n
i j / (x) dx = a0 ; i- | / (x) cos kx dx = a* ;

H / (a) sen A\rdx = 6*

são os coeficientes de Fourier da função / (x).


Além disso, cm virtude das fórmulas (I) e (II) do § 1, tem-se.
quando k = j,
a n
J cos2 kxdx = n , J sen2A'xdr = n,
—n - .-x
«
para k e j quaisquer: J sen A'x cos jx dx = 0.
íí
e. quando, k ^ /,
* n
J cos A-xcos /x dx = 0, C sen Arx sén jx dx — 0.
-* -n
De modo que
n n

6* = j f (x) d t _ ^ (a“ , ‘ + M » ) +
A-l

+ T + í 2 (aÍ + Pj)'
A—I
Juntando e subtraindo a quantidade
Os três primeiros termos desta soma não dependem da escolha
dos coeficientes «p, a ,, .... a„. 0,, •••. P„. Os outros termos
n

i K - <.,)* + i ^ [(«* - <“•)’ + <P* - f>*)2]


1
são não negativos. A sua soma é mínima (zero) quando

a0— a0' a l al> • • •» &n = ant Pi = Ò|, • • ., p/j = bn.


Tal é a escolha dos coeficientes a 0, a ,, .... a*, {5j, •••. P„ para
o qual o polinómio trigonométrico
n

J + ^ (“ * C° S ^ + P* ^ kX)

menos sc desvia da função f (.x) no sentido de que o desvio quadrático


médio 6f, seja mínimo.
Acabamos de demonstrar o teorema:
Entre todos os polinómios trigonométricos de ordem n, é o
polinómio de Fourier da função f (*) que dá a melhor aproximação
quadrática média desta função.
O desvio quadrático médio mínimo é

6" = í ; Í /!(z)^ _ í ‘ t 2 (4 + 6‘) (2)


- n A=1

Como ò n ^ 0. tem-se. qualquer que seja n,

-n 4=1
Segue-se que a série do segundo membro converge quando n oo
e pode-se escrever
n oo

~ j /2(x) dx -~ -f- (al *+- b\)- (3)


- « A«=l

Esia relação é a desigualdade de Bessel.


Limitcmo-nos simplesmente a indicar que para qualquer função
limitada monótona por corte, o desvio quadrático médio obtido quando
sc substitui esta função por uma soma parcial de Fourier tende para
zero quando n -> oo: ô* -*■0 quando n —> oo. Mas, então, da fór­
mula (2) resulta a igualdade

f + 2 (a‘ + 6 l ) = í í f(x )d *' (3)


A—I —n
chamada igualdade de Liapounov (*). (Indiquemos que A. Liapounov
demonstrou esta igualdade para uma classe de funções mais lacta
que a classe aqui tratada).
Resulta do que acaba de ser demonstrado que. para uma função
que satisfaça à igualdade de Liapounov (especialmente para qualquer
função limitada monótona por corte), a série de Fourier correspondente
dá um desvio quadrático médio nulo.
Nota — Estabeleçamos uma propriedade dos coeficientes de Fou-
rier, que nos servirá no seguimento. Vamos dar, prèviamente. uma
definição.
Uma função diz-se contínua por corte no intervalo [a. b]. se
os seus pontos de descontinuidade de primeira espécie são em número
finito sobre este segmento (ou se é para todo o valor contínua).
Mostremos a seguinte proposição.
Se a função f (x) for contínua por corte sobre o segmento [— ir, ir]
os seus coeficientes de Fourier tendem para zero quando n -» oo. isto é,

l i m a n = 0, lim bn = 0. (4)
oo n -* t»

Demonstração — Se a função f (x) é contínua por corte no inter-


n
valo [— ir, »], o mesmo se passa com f2 (*). Mas, então, j /* (r) dx

existe e é um número finito (**). Então, da desigualdade de Bessel (3)


00
resulta que a série {a\ + b*n) converge, o que implica que o seu
m=l
termo geral tende para zero: lim (a„ + bn) = 0, as igualdades (4)
n -* o o
estão demonstradas. Assim se tem para uma função limitada contínua
por corte as igualdades
n
lim \/ (x) cos na: dx = 0,
n -* o o - n

n
lim J / (x) sen nx dx =*= 0.
n-*co —n
(•) Esta igualdade é ainda chamada fórmula de Paraeval.
(••) Este integral 6 a soma dos integrais dos diferentes bocados dc funções
contínuas que constituem a funçío f(x) no intervalo [— w, v].
Sc a função / (x) é periódica e de periodo 2ir, pode-se recopiar
estas últimas igualdades como sc segue (com a arbitrário);
a-rzji a+2.n
lim J / (x) cos nx dx = 0 ; lim J / (x) sen nx dx = 0 .
n-*“ a n-♦oo a
Notemos que estas igualdades subsistem sc sc integrar num inter­
valo [a, b] qualquer, isto é. que os integrais
b b
J / (x) cos nx dx et { / (x) sên nx dx
a o
tendem para zero quando n tende para infinito, se / (x) for uma função
limitada contínua por corte.
Com efeito, suponhamos, para fixar ideias, que b — a < 2v c
consideremos a função auxiliar <p(x) de período 2* definida como
se segue:
<*>(x) = /(x) para a < x < 6,
<p(x) = 0 para 6 < x < a - f - 2n.
Entào- 6
J / (x) cos nx dx = J (p (x) cos nx dx,
a a

& a+2n
J/ (x) sen nx dx = J <p (x) sen nx dx.
a a

Como f ( x ) é uma função limitada c contínua por corte, os


integrais dos segundos membros tendem para zero quando n -» oo.
Segue-se que os integrais dos primeiros membros tendem também
para zero. A proposição está assim demonstra e tcm-sc
b b
lim J /(x )c o sn x d r = 0 ; lim j /(x) sennxdx = 0 (5)
n- *oo o n- *w a

quaisquer que sejam a t b c a função /(x) limitada e contínua por


corte no segmento [a, 6].

§ 8. Integral de Dirichlet

Vamos estabelecer neste parágrafo uma fórmula que exprime as


somas parciais duma série de Fourier por meio de integral. Esta fórmula
ser-nos-á útil nos parágrafos seguintes.
Consideremos uma soma parcial de Fourier para a função perió­
dica /(x) de período 2t:

*n (x) = § + (ak cos kx -f bh sen kx).


com

f (t) cos kt dt, bk /(/) sen kt dt.

Substituamos estas expressões na de sn (x), obtém-se:


n

= ^ j f(* )d t +
—n

+ 2 I f (t) cos ktdt + ^ ~ - | f ( t) tm k td t

ou. introduzindo cos kx c sen kx sob o sinal soma (o que é legítimo,


porque cos kx e sen kx não contem a variável dc integração).
n

5a (*) +
- s í ' » *

+
*2lí
k—i —n
/ (t) cos kx cos kt d l -f- J / (t) sèn kx sé
sen k t d t l .

1
Ponhamos agora — como factor e substituamos a soma dos
n
integrais pelo integral da soma; tem-se:
íi n

sn (*) = — | ~ J
[/ (0 cos kx cos kt -f f (t) sèn kx sen kt) di.

ou
n n

Sn (x) — ^ | / (0 [ Y 4- (cos kt cos kx -f sen kt sen kx) dt


-n A—t
n n

d)
= 7T \ / W [ y + 2 cosA^ ™ z^] dL
-n A—t
Transformemos a expressão entre paréntesis. Façamos

o n (z) = 1 -+ cos z 4- cos 2z -f-. . . -f cosnz;


então.

2 o n (z) cos z = cos 2 - f 2 cos 2 co s 2 + 2 cos zco s 2z - f - . . .


. . . - f 2 cos 2 cos nz = co s z- f z) -f- (cos 2 co s 32) - f
(1 + co s 2
-|- (cos 2z -f- co s 4z) ... -f- [cos (n — 1) 2 - f cos (n - f 1) z j =
= 1 - f 2 cos z - f 2 cos 2 z + ...

. . . - f 2 cos (n — 1 ) 2 + cos « 2 _ f.COs ( « - f 1 ) 2


ou
2o„ (2) cos 2 = 2on (2) —cos nz -f cos {n -f- 1) z,
coswz — cos (n -j- l ) z
On (2) =
2(1 —cosz)
Ora.
z z
cos nz — cos (n - f 1 ) z = 2 sen (2n - j - 1 ) — sen — ,

1 —cosz = 2 sên2 .

Logo.

se n (2n + l ) - i
o„ (2) ------------- Í- .

2” '2-

Pode-se. pois. recopiar a igualdade ( 1) sob a form a

t —x
sen(2n - f l )
/(< )-------- ;--- —
2 s é n - l— -

C o m o a função sob o sinal soma periódica (de período 2 é w)


o integral conserva o mesmo v alo r em qualquer segmento de co m ­
primento' 2*. Segue-se que

x\n sên (2n -f 1 )


* «(* ) = - 1 / ( 0
n x—n
J
1
t —x— dt.
----------------------------------
s e n --------------
Introduzamos a nova variável de integração a fazendo

t — x = ct, t= x a.
Então, obtém-se a fórmula

da. ( 2)

O integral do segundo membro é o integral de Dirichlet.


Façamos nesta fórmula f (x) — 1; então. a0 = 2. ak = 0. bh = 0
quando k > 0; logo. sn (x) = 1 qualquer que seja n. e obtém-se a
identidade

(3)

que nos servirá no seguimento.

§ 9. Convergência duma série de Fourier num dado ponto


Suponhamos que a função f (x) é contínua por corte no intervalo
[— *. ir].
Multipliquemos os dois membros da identidade (3) do parágrafo
anterior por / (*) e introduzamos / (x) sob o sinal de integração.
Obtém-se a igualdade

sen
sen((2n +
-f- 1 ) ^
da.

Subtraiamos, membro a membro, esta igualdade da igualdade (2)


do parágrafo anterior. Obtém-se:

sên(2/i + 1 ) —
sn (*) — /(* ) — — f (/(* + a) - f (*)] da.
«
2 sen ct-

Vê-se que a convergência da série de Fourier para o valor da


função / (x) no ponto dado depende da convergência para zero do
integral do segundo membro quando n-> oo.
Decomponhamos este último integral cm dois:

R a

Sn (*) — /(* ) =
ir 0082
— l [/ (* + «) — / (*)]------- 5411 nCt da +
-X 2 sen —

utilizando a fórmula sen (2n + 1) ~ = sen na cos + cos na X sen .


í í J,
Decompondo o primeiro integral do segundo membro desta última
igualdade em três, vem:

6 ct
1 f cos 2
sn (*) — /(* ) = — \[f{x + a) — / (*)]------- sen na da +
ji J „ a
"2

-ô a
1 f co s ~2
H---\ [/(* + <*)— /(* )] -------- sen n a da +
n J o a
-* 2 sen (

* a
i r 2
cos -X-
-|---\[/(* + a) — /(* )] -------- sen n a d a +
Ji J a
2 sen t>

Façamos <!),(«) = ^ ^J . Como / (x) é limitada e con-

tinua por corte. <i>, (a) será igualmente uma função periódica de o
limitada e contínua por corte. Segue-se que o último integral do
segundo membro tende para zero quando n-> oo. porque é o coefi­
ciente de Fourier desta função. A função

d >2 (a) = |/ (x -j- a) - / (x)]---- —


2 sen ^

é limitada quando — * ■ < « < — 8 e 8 < a < w. tem-se

+ .W]---,

2sen2
cm que M é o limite superior dc |/ U ) |. Além disso, a função <t>2 («)
também é continua por cortc. Por conseguinte, cm virtude das fór­
mulas (5) do § 7. o segundo c tcrcciro integrais tendem para zero
quando n -> oo.
Pode-se escrever, por conseguinte,
li m [ s „ ( * ) — / ( * ) ] =

A integração na expressão do segundo membro é alargada ao


intervalo — 8 < a < 8. logo o integral depende dos valores de f (x)
sòmentc no intervalo compreendido entre x — 8 c x + 8.
Desta última igualdade deduz-se a importante proposição: a con­
vergência da série de Fourier no ponto considerado x depende sòmente
do comportamento da função numa vizinhança arbitrariamente pequena
deste ponto.
Tal é o conteúdo do princípio da localização no estudo das séries
dc Fourier. Se duas funções /, (.r) e f2 (*) concidem na vizinhança dum
ponto x. as suas séries de Fourier convergem ou divergem ao mesmo
tempo neste ponto.

§ 10. Algumas condições suficientes para a convergência


duma série de Fourier
Demonstramos no parágrafo anterior que sc uma função for
contínua por cortc no intervalo [— v, »], a convergência da sua série
de Fourier no ponto considerado xn para o valor f Cr*) depende
sòmente do comportamento da função numa vizinhança arbitràriamcnte
pequena [*<, — 8, x0 + 8] dc ccntro no ponto
Demonstremos em seguida que se a funçáo é, na vizinhança
de Xo. tal que os limites seguintes existam e sejam finitos

a„ -'<*■>=*„ ,i,
a-*- o a

lim /< * ■
+ “ > - ' < * > . , fc . (2)
a-* +0 a

e se a própria função é contínua no ponto x0 (fig. 370), a série dc


Fourier converge neste ponto para / (x0) (*).

Fig. 370

Demonstração — Consideremos a função <*>, («) do parágrafo


anterior:

0>2 (a ) = [ / (x0 + a) - f (* „ )] ----- — ;


2 scn^-

como a função f (x) é contínua por corte no intervalo [— tt. tt] e


contínua no ponto x0. é, por conseguinte, contínua numa certa vizi­
nhança [jt„ — 8, xo 4- 8] do ponto x0. Lopr a função <t>7 (a) é contínua
em todos os pontos em que 0 e A função <t2 («) não é
definida para « = 0.

(*) Se as condiç&ís f l ) e (2) forem v5eriíicadas, diz-se que f(x) no


ponto x tem u im derivada ã direita e uma derivada à esquerda. Representou-se
na íi«. 370 uma funçSo tal que A-, — tg «pfl k2 = tg <f2, fr, «j* kz. Se kt = k2,
iM O é «s as derivadas à direita e <
< esquerda forem iguais, a funçSo 6 deriváve!
no ponto dado.
Procuremos os limites lim <D2 (a) e lim <T>2 («) utilizando as
a-*0-0 a- 0+0
condições ( 1 ) e (2):

a
eos
1im O , (a) = 1im [/ (x0 + a) — / (x0)J------- =
.-,-0 a- 0- . 2m a

_ ljm / f a + « ) - / W ) 2 ,.C0SfL
a —o-o ct ct 2
560 2

a-*0— 0 Ct

X lim — — lim cos— = / f j - l =


a -* 0 -0 Ct ct-*0— 0 2
sen -

Por conseguinte, se se definir a função <l>2 (o) fazendo <t>2 (0) = k u


ela será contínua no intervalo [— S. 0] e. por conseguinte, limitada.
Demonstra-se, duma maneira análoga, que

lim (Dj(ct) = k2.


a - * 0 + 0

Logo a função <t>2 (o) é limitada e contínua no intervalo [0. 8].


Assim, a função # 2 (o) é limitada e contínua por corte no inter­
valo [— 8, 8]. Voltemos à igualdade (l) do § 9 (designando x por x„):

lim [sn (x0) — f(x 0)] =


n — oo
a
CO S -7T
i P 2
= lim - l [/(*„ + a ) - / f o ) ] ------- “ n na da
n — oo j i J 9 a
—fi ^ sen —

ou
A

lim \s(x0) - f ( x 0) ] = lim — \0 >2 (a) sen/ict da.


n^oo n-*00 n J
— »>
Tendo em alenção as fórmulas (5) do § 7, conclui-se que o
limite do segundo membro é nulo. e portanto,

lim [sn (*o) — / (*o)] = 0


n—oo
OU
lim sn (x0) = (to).

O teorema está demonstrado.


A diferença entre o teorema demonstrado no § 1 e o teorema
acima consiste no que se segue; pedia-se no teorema do § 1 para a
convergência da série de Fourier no ponto x0 para o valor / (x0).
que x0 fosse um ponto de continuidade sobre o segmento [— w, *]
e que a função fosse monótona por corte, enquanto que aqui se pede
que a função seja contínua no ponto x<, que tenham lugar as condi­
ções ( 1) e (2) e que a função seja contínua por corte e limitada no
intervalo [— tt. tt]. É evidente que estas condições são diferentes.
N ota— 1. Se uma função contínua por corte for derivável no
ponto Xo. é evidente que as condições ( 1) e (2) tenham lugar e que
se tenha = k2. Por conseguinte, num ponto de derivabilidade da
função / (x), a série dc Fourier converge para o valor da função nesse
ponto.
Nota — 2. I — A função considerada no exemplo 2 do § 2
(fig. 358) verifica as condições (1) e (2) nos pontos 0. ± 2 * . ±: 4r, ...
Ela é sempre derivável. Logo a série de Fourier desta função converge
em cada ponto para o valor desta função.
II — A função do exemplo 4. § 2 (fig. 361) verifica as condi­
ções (1) e (2) nos pontos ± tt. + 3tt. ± 5tt. Ela é derivável para
todo o valor, logo representável por uma série de Fourier em cada
ponto.
III — A função do exemplo 1. § 3 (fig. 357) é descontínua nos
pontos ± tt. á: 3t. ± 5tt. É sempre derivável. logo a série de Fourier
converge para o valor desta função em todos os pontos, excepto nos
pontos de descontinuidade. Nos pontos dc descontinuidade. a soma
da série de Fourier é igual à média aritmética dos valores limites
da função à esquerda c à direita: é nula no caso considerado.

§11. Análise harmônica numérica


A teoria da decomposição das funções em séries de Fourier
chama-se análise harmônica. Vamos fazer, agora, algumas observações
sobrc o cálculo aproximado dos coeficientes de Fourier, isto é, sobre
a análise harmônica numérica.
Como sc sabe, os coeficientes dc Fourier da função f (x) de
período 2? são definidos pelas fórmulas

Em muitos casos encontrados em prática, a função / ( x) é dada


quer sob a forma de quadro (quando a dependência funcional é
obtida experimentalmente) quer por uma curva traçada por um aparelho.
O cálculo dos coeficientes de Fourier faz-se. então, por meio de méto­
dos de integração aproximada (ver § 8, cap. X I. L I).
Consideremos o segmento — v < x < ir de comprimento 2ir.
Pode-se sempre reduzir a este caso. escolhendo convenientemente a
unidade sobre o eixo Ox.
Dividamos o segmento [— ir. v] em n partes iguais pelos pontos

O comprimento dum segmento parcial é, então.

Designemos os valores da função f (x) nos pontos x0. xu xt.......


por

Tomamos estes valores quer no quadro, quer sobre a curva da


função.
Utilizando, por exemplo, a fórmula dos rcctângulos (ver fórmula (1).
§ 8. cap. X I. t I). determinam-se os coeficientes de Fourier:
Têm sido elaborados esquemas, que simplificam o cálculo dos
coeficientes dc Fourier. Não podemos aqui perder-nos em detalhes, mas
indiquemos que existem aparelhos (chamados analizadores harmônicos)
que. segundo o gráfico da função dada. permitem calcular aproxima­
damente os coeficientes de Fourier.

§ 12. O integral de Fourier


Seja / ( x) uma função definida cm qualquer intervalo ( — 00. 00)
e absolutamente intcgrável neste intervalo, isto é. que o integral

J \f(x)\dx = Q (1 )
—cu

existe. Suponhamos, além disso, que / (x) admite um desenvolvimento


cm série de Fourier em qualquer intervalo ( — l. +/):

.. . a0 , kn kn ...
/(* ) = — + / 1 <*acos ~ x -f bk sen ~ x, (2 )
A=1
onde
1
a* = T i f W C0SY td t' b„ = - j ^ f(t) sen ^ t d t . (o)
-1
Substituindo na série (2) os valores dos coeficientes ak e bh tirados
das fórmulas (3). pode-se escrever:
í 00 1

‘J)= 2fíf'w'dt+7 'h (íuwcos7 tdt)cos7


'1 -I A= I -I

+±2(S'(‘>™Tt*)™7*=irS,(í)d‘+
A=I —t —1
°° I
1 kn kn kn . kn 1 ,
+ — J / (0 |cos — t cos — x -f sen — t sen — x | dt
A=»l -l - I
ou
l 00 1
(4)
f { { x ) = i r \ f > [ t ) d t + 7 2 \ f> { t ) c o s — * r x ) d t -
Estudemos o problema da forma do desenvolvimento (4) quando
se passa a limite para / -> oo.
Introduzamos as notações seguintes:

Ji 2ji kn . . n
ct2 = — aA= — , ... et Acca = — . (5)
1 1 i

Substituindo-as em (4) teremos:

(<i)

Quando / -> oo o primeiro termo do segundo membro tende para


zero. Com efeito.
I , oc

- I - l

Para cada valor fixo de / a expressão entre parêntesis é uma


função dc cc* (ver fórmulas (5)) tomando os seus valores de y a oo.
Notemos, sem o demonstrar, que se a função f (x) for monótona por
corte cm cada intervalo infinito, limitada no intervalo infinito e que
satisfaz à condição ( 1) a fórmula (6) tomará, se /-> + oo, a forma

/(X )= i l(í
oo

0
oo

—oo
f (t)c o s a (t — x) dt^j da. (7)

A expressão da direita chama-se integral de Fourier da função f (*).


A igualdade (7) tem lugar para todos os pontos em que a funcão
é contínua. Nos pontos de descontinuidade é a igualdade
OO oc

*J(J 0
que é verificada.
/ ( O c o s a ^ - ^ r f t l tf* = / ( * + 0) + / ( * - 0)-
-*>
(?’)

Transformemos o integral do segundo membro da igualdade (7)


desenvolvendo cos a (t — x):

cos a (t — x) = cos a t cos ax -f sen a t sen a.r.


Substituindo esta expressão na fórmula (7) e fazendo sair c o s o j c
e sen az dc debaixo do sinal de integração nos integrais em que a
integração é realizada na variável /. obtemos

0 —oo

(8 )
0 — oo

Cada um dos integrais em t, situados entre parêntesis. existe,


porque a função / (r) é absolutamente integráve! no intervalo (— oo. + oo)
de modo que as funções f(t) cos at e /(/) sen at são também absoluta­
mente integráveis.
Consideremos os casos particulares da fórmula (8).

1. Suponhamos que / (*) é par. Neste caso /(f)cos«/ é u


função par e f(t) sen at uma função ímpar dc modo que temos:

— OO 0

J / (t) sen a t dt = 0.
—00

Neste caso a fórmula (8) põe-se sob a forma

(9)
o o

2. Suponhamos que f (x) é ímpar. Analizando a natureza d


integrais da fórmula (8), teremos neste caso:

sen ax d a . ( 10)
0 0
Sc a função f (x) não é definida senão no intervalo (0, oo), pode-se
representá-la para x > 0 tanto pela fórmula (9) como pela fórmula 10.
Nd primeiro caso definimo-la complementarmente para o inte.valo
( — oo, 0) sob a condição de a função ser par e no segundo ser ímpar.
Sublinhamos, uma vez mais. que nos pontos que apresentem
descontinuidades convém substituir / (x) nos primeiros membros das
igualdades (9) e (10) pela expressão

/(* + 0) + / ( x - 0)

Voltemos à fórmula (8). Os integrais entre paréntesis são funções


de a. Introduzamos as notações:
00
A (a )= ^ J f{ t)c o s a t dt,
— OO

00
B (a) = -í- | f(t)s c n a td t.
— CO

Então, pode-se escrever a fórmula (8) sob a forma:


oo

/ (x) = S M (a ) cos cur -f B (a) sen ax] da. ( li)


ò
Diz-se que a fórmula (11) dá o desenvolvimento da função /(x)
em harmônicas de frequência a que variam duma maneira continua
de 0 a oo. A lei de distribuição das amplitudes e das fases iniciais
em função da frequência a é expressa pelas funções A (a) e B (a).
Voltemos à fórmula (9). Façamos

F(a) = Vií
30

o
f ( l)c o s a td t. (12 )

A fórmula (9) toma. então, a forma

/— 00
f(x ) = y ^ F (a) cos ax da. (13)
o

A função F (a) chama-se transformada■ cosseno de Fourier da


função f(x). Éj
Se na igualdade (12) F (a) for a funcão dada e / (r) a função pro­
curada. será, então, uma equação integral para a função / (/). A fór­
mula (13) dá a solução desta equação.
Com base na fórmula (10). pode-se escrever as seguintes igualdades:

(14)
u

(15)
o

A função <t>(a) chama-se transformada-seno dc Fourier da


função f(x).
Exemplo — Seja
/(x )= * "P x (P > 0 , * > 0 ).

Dctcrmina se. segundo a fórmula (12), a transformada-cosseno dc Fourier:

o
Segundo a fórmula (14) determina-se * transformada-seno de Fourier:

ct
;i P2-r
(
Com a ajuda das fórmulas (13) c (15), obtém-se as relações recíprocas:

§ 13. Form a complexa do integral de Fourier

No integral dc Fourier (fórmula (7). § 12) a função de a. que


se encontra entre parêntesis, é par e. por conseguinte, é igualmente
determinada para os valores negativos de o. Em virtude do que acabámos
de dizer pode-se recopiar a fórmula (7) sob a forma:

(D
Consideremos, agora, a expressão seguinte identicamente nula
M oo
J ( J f{t) sen a (t — x)dt)da = 0 .
- Af —

Q primeiro membro é idênticamente igual a zero. porque a


função dc a entre parêntesis é uma função ímpar e o integral duma
função ímpar tomada nos limites dc — M a + M é igual a zero.
É evidente que

M «•
li m 5 ( 5 / ( 0 s c n a ( í — x)dt)da = 0
\{-»<X-M -OO
ou
«x> oc

í ( í / (0 500 a (* — x) dt) da. = 0. (2 )


— OO — oc

Alota — Notar-se-á aqui o facto seguinte: o integral convergente


nos limites infinitos é definido como se segue:
OO c OO

J (f(a)da= J (p (a ) da -f- J cp (a ) da =
—OC —oo c
e M
= lim J (f (a )d a - f lim J y(a)da (*)
M-~ oo - Af A í—ao c

com a condição de cada um dos limites do segundo membro existir


(ver § 7. cap. X I t. I). Ora. escrevemos na igualdade (2):
M
{ (f ( a ) d a = lim J
J y (a )d a .
- Af
{**)

Pode suceder, pois. que o limitei**) exista embora os limites do


segundo membro da igualdade (•) não existam. A expressão do segundo
membro da igualdade (**) chama-se valor principal do integral. Assim,
consideremos na igualdade (2) o valor principal do integral impróprio
(exterior). É neste sentido que sc deve compreender os integrais que
encontramos neste parágrafo.
Multipliquemos os membros da igualdade (2) por ~ e acrcs-
centemo-los às partes correspondentes da igualdade ( 1 ); obtém-se. então:

-*J[J
OO oo

/(* )= - / (t) (cos a (i — x) 4 -i sen a (t — a:)) dt da


OU

í [í
ou ou

Hx)=b •-00 —00


w " " ” *]**- w

É precisamente a forma complexa do integral de Fourier. Pode-se


pô-la sob a forma:

Esta última igualdade permite-nos escrever:


00

f * ( a ) = 4 = í /<<) * ""< *. (4)


V 2n j .

/(ar)« 4 = f F * ( a ) e " toxi/a. (5)


V 2n •»*Joo

A função F* (a) definida pela fórmula (4) chama-se transformada


de Fourier da função / (f). A função / (jc) definida pela fórmula (5)
chama-se transformada inversa de Fourier para a função F* (a) (as
transformadas diferem pelo sinal de i).

Exorácios

1 Desenvolver em série dc Fourier no intervalo (— rr, tt) a função)

/(*)=*2* Pa™ 0 < x < * .


/(* > •* para —* < * < 0 .
1 2 ( cos x , cos 3x cos 5r , \,
R6p. _ n _ _ ^ _ j_ _ + - 5r- + _ r - ^ . . . j +
i sen x sen 2x , sen 3x \
+ i{ i 2 3 •••;•
3. Utilizar o desenvolvimento cm seno da funçSo / (x) = 1 no intervalo (0, cr)
para calcular a soma da série 1 — — A. -(- ... Resp. — ,
<3 5 7 4

2. Utilizar o desenvolvimento cm série de Fourier da funçSo f (x) = xl para


calcular a soma da série -±— J- .+ J- .- Jj- + ... Rcsp. _2Í .
4. Desenvolver em série de Fourier no intervalo ( — n, cr) a funçSo
., . n2 x2 cos 2x , cos 3r cos Ax ,
/ W ” T2 ~ - R“ P “ * * ---2T- + - 35---- 4i~ +
5. Desenvolver cm série dc Fourier no intervalo ( — ir, v ) a funçSo

/ ( x ) = — —
( ± - fí p a ra — * < x < 0,

/( * ) = y ( n — x) para 0 < x < n .

Rcsp. sen x-f-1- sen2x + ~ sen3x-|-...

6. Desenvolver em série dc Fourier no intervalo ( — v , v) a funçSo

f (x) — — x para — n < x < 0 ,


/ (x) = 0 para 0 < x < n .

Resp. — ___ 1 . V c° M 2 n - f D x y , 1)n_ , « n n x


4 n Zj (2i»+1)» f l ­
ui?--0 n =» !
7. Desenvolver cm série de Fourier no intervalo ( — t , tt ) i funçSo

/(x)=l para — n < x < 0 ,


/ ( x ) = — 2 para 0 < x < n .

Rcsp. - 1 - 1 . y < 2 * + * )*
^ 2 a Z j 2/1 + 1
TJ =* 0

Dísenvolvcr a função / (x) = xs no intervalo (0, v ) em série de senos.


oo

Resp T S 1(— i)" — ' 1 } *»»*.


n«» i
Desenvolver a função y = cos 2x no intervalo (0, rr) cm série de senos.
/, f í e n x 3sen3x 5 sen5x "l
P‘ jx L2*-l+ 2*—3* + 22—5* “ *J*
10. Desenvolver i funçSo y = sen x no intervalo (0, tt) cm série dc cosseno*.
_ 4 T 1 . cos2x . co»<* . “I
Resp- - L t + J— » + T ^ 4 í + - J -
11. Desenvolver em série dc Fourier a funçSo y = ex no intervalo (- /. 0 .
nnx
vn ( “ 0 n cos —
Resp 2 /a + ni n a
n —1
oo (_ i)» - i„ scnOZL
y, '
Í»+n*nt
n= t
12. Desenvolver a função f (x) = Ix no intervalo (0, 1) ctn série de senos-
oc.
2
Resp. Í - J L V cos 2 n.ix
Ji
n—1
13 . Desenvolver a função /(* ) = x no intervalo (0. /) cm série dc senos.

Af « sen nnx
Resp
_4
n= 1
14. Desenvolver a função
x para 0 < x < i,
/ w - { 2_:• x para 1 < x < 2
no intervalo (0, 2); a) cm série de senos; b) cm série dc cossenos.

RCSP •) Tff S (-')"■ ( in + ir ■


n -0
oo
cos (2* + i) nx
j*a ( 2 n + l) a
t la O
Capitulo XVIII

EQUAÇÕES DA FÍSICA MATEMATICA

§ 1. Principais tipos de equações da física matemática

Chamam-se equações principais da física matemática (no caso


duma função dc duas variáveis independentes) às equações diferenciais
seguintes às derivadas parciais da segunda. ordem.

I — Equação da onda:

cPu o (fu
= a d)
dt- dJ

Somos levados a considerar esta equação quando do estudo dos


processos das vibrações transversais duma corda, das vibrações longi­
tudinais dum tronco, das oscilações da corrente eléctrica num fio. das
vibrações de torção da árvore, das oscilações dos gases. etc. Esta
equação é a mais simples do tipo hiperbólico.

II — Equação do calor ou equação de Fourier:

= 1 ( 2)
dt Õ2T
Somos levados ao estudo desta equação quando em presença de
problemas apresentados pelos processos dc difusão do calor, da filtração
dc líquidos ou de gases num meio poroso (por exemplo, a filtração
do petróleo c dos gases nos grés sob cobertura), de certos problemas
da teoria das probabilidades, etc. É a equação mais simples do tipo
parabólico.

III — Equação de Laplace:

^ r +^ = O- O)
djc~ üy~

Somos levados ao estudo desta equação uma vez postos em


presença dc problemas apresentados pelos campos eléctricos c magné­
ticos. o estado estacionário de calor, a hidrodinãmica. a difusão, etc.
Ê a equação mais simples do tipo elíptico.
Nas equações (1). (2) e (3) a função procurada u depende dc duas
variáveis. Pode-se igualmente estudar as equações correspondentes ao
caso em que a função procurada comporta um maior número de
variáveis. Por exemplo, a equação das ondas no caso dc três variáveis
independentes é da forma:

efu dzu \
(1 ')
diz \d S + ày1 ) '

a equação do calor no caso de três variáveis independentes é da


forma:
du 2 ( &u <Pu\
( 2')
dt ~ a \dx2 à\f /

a equação dc Laplace a três variáveis independentes é da forma:

+ - g — OL (3-)
dé dy' df

§ 2. Estabelecimento da equação para cordas vibrantes.


Form ulação do problema aos limites. Estabelecimento da
equação para oscilações eléctricas nos fios

Em física matemática entende-se por corda um fio flexível e


elástico. As tensões que aparecem na corda num momento arbitrário
do tempo são dirigidas segundo a tangente ao seu perfil.
Seja / o comprimento da corda que no instante inicial é dirigido
segundo o segmento do eixo Ox de O a I. Suponhamos que as extre­
midades da corda estão fixadas nos pontos x = 0 c x = l. Sesc desvia
a corda da sua posição inicial depois solta-se-la ou sc, sem desviar
a corda, se imprime aos seus pontos uma certa velocidade ou melhor
se se afasta a corda imprimindo ao mesmo tempo uma ccrta velocidade
aos seus pontos, os pontos da corda serão, então, animados dum certo
movimento e dir-se-á que a corda vibra. O problema consiste em
determinar a forma da corda para todo o instante arbitrário do tempo
e em determinar a lei do movimento de cada um dos pontos da corda
em função do tempo.
Apenas consideraremos os pequenos desvios dos pontos da corda
da sua posição inicial. Pode-se. portanto, admitir que o movimento
dos pontos da corda se efectua perpendicularmente ao eixo Ox e
num mesmo plano. Nesta hipótese o movimento ondulatório da corda
é descrito por uma única função u (x, t) que dá a deslocação do
ponto da corda de abeissa x no instante / (fig. 371).
Como apenas consideraremos os pequenos desvios da corda no
plano (jc . u ) podemos supór que o comprimento do elemento
da corda é igual à sua projecção sobre o eixo Ox, isto é (*) que
— X\. Suporemos do mesmo modo que a tensão 6 idêntica
para todos os pontos da corda; designemo-la por T.
Consideremos o elemento M M ' da corda (fig. 372). Nas extre­
midades deste elemento actuam as forças T segundo a tangente à

u
M ' __
w
M tt

x xf x2 l X x x+óx l X

Fig. 371 Fig. 372

corda. Suponhamos que as tangentes formam com o eixo Ox os


ângulos cp e <p -f- A (p. A projecção sobre o eixo Ou das forças que
actuam sobre o elemento M M ' será igual a T sen *<p A<p)— T sen cp.
Como o ângulo cp é pequeno, pode-se pôr tg cp sen tp.e teremos:

T sen (<p -f- Acp) — T sen qp «

du (x + Ax, t) du (x, í)
dx dx

= (X+ e A * , 0 ^ J j )
dx df
(aplicámos aqui o teorema de Lagrange à expressão entre parêntcsis).
Para obter a equação do movimento, é preciso igualar à força
de inércia as forças exteriores aplicadas ao elemento. Seja p a densidade
linear da corda. A massa do elemento da corda será pAx. A aceleração
do elemento é

(•) Esta hipótese eqüivale a desprezar a grandeza u em relação a 1.


Com efeito,
*s *2 x*

M xMt =Mj y n p ü j c t e - \ + \dx=x2—xx.


Por conseguinte, teremos em virtude do princípio de d’Alembert:

â^u ífu
pAx — — = T — r* Ax.
' dt2 dx2
T
Simplificando por Ax e fazendo — = à* obtemos a equação do
P
movimento

dt1 dx~

Obtivemos a equação dita equação de onda que é a equação das


vibrações da corda. Para determinar completamente o movimento da
corda não basta só a equação (1). A função procurada u(x , t) deve
ainda satisfazer às condições dos limites, indicando o que sc produz
nas extremidades da corda (* = 0 c x = l) e ás condições iniciais,
descrevendo o estado da corda no instante inicial (/ = 0). Por con­
dições iniciais entende-se do mesmo modo o conjunto das condições
dos limites e das condições no instante inicial.
Suponhamos, por exemplo, que. como o admitimos, as extremi­
dades da corda para x = 0 e x = / são imóveis. Então, para todo
o t devem ser verificadas as igualdades:

u ( 0, í) = 0, (2')
iiU , t) — 0 . (2")
Estas igualdades constituem as condições dos limites para o
nosso problema.
No momento inicial / = 0 a corda possui a forma que lhe demos.
Suponhamos que esta forma é definida pela função / (x). Assim
deve-se ter
u (x , 0) = u\t=0 = f(x ). (3 >

Deve-se. além disso, fixar a velocidade no momento inicial em


cada ponto da corda, que é determinada pela função <p(x). Assim
deve-se ter
du
= <p(x). (3")
dt i—o

As condições (30 e (3") são as condições iniciais.


Alota — Em particular, pode-se ter f (x) = 0 e <?(x) = 0. Se estas
condições forem verificadas, a corda está cm repouso c. por conse­
guinte, u (x, /) = 0.
Como o indicámos mais acima somos conduzidos à equação (1)
pelos problemas apresentados no caso das oscilações eléctricas nos
condutores. Examinemos este caso. A corrente eléctrica num condutor
é caracterizada pela grandeza / (x. /) e a tensão v ( x . t). que dependem
da coordenada x do ponto do condutor c do tempo t. Considerando
um elemento de condutor Ax. podemos escrever que a queda de tensão
no elemento Ax é igual a v (x, t) — v (x + ax. t)~ — ~ Ax. Esta

queda de tensão forma-se da tensão ohmiana (ohmienne) igual a iR Ax

e da tensão induzida igual a — LAx. Logo


at

— — Ax = iR Ax + -L Ax, (4)
dx dt

em que R e L são. respectivamente, a resistência e o coeficiente de


auto-indução, calculados para uma unidade de comprimento do con­
dutor. O sinal menos indica que o sentido da corrente é oposto ao
crescimento dc v. Dividindo por Ax, obtemos a equação

^ + IR + L — = 0. (5)
dx dt

A diferença das intensidades da corrente que entra e sai do


elemento Ax no decorrer do tempo A t será

i (x, t) — i (x + Ax, t) « — — Ax Aí.


dx

Ela é dispendida pela carga do elemento igual a C ax ~ At c


a fuga pela superfície lateral do condutor, cm conseqüência da imper­
feição do isolamento, igual a /IvAjcaí (A designa aqui o coeficiente
de fuga). Igualando estas expressões e dividindo por a x m obtemos a
equação

— + C— + / lK = 0 . (ti)
dx dt

Costuma-se chamar às equações (5) e (6) equações d o te lé g r a fo .


Pode-se obter do sistema dc equações (5) e (6) uma equação
contendo apenas a função desconhecida / (x. r) e uma equação que
contenha apenas a função desconhecida v (x, t). Derivemos os termos
da equação (6) em relação a x e os termos da equação (5) em relação
a t e multipliquemo-las por C. Subtraindo uma da outra obtemos:

ÍL + a ^ - c r ^ - - c l A
d£ dx dx dt"

Substituindo nesta última equação pela sua expressão tirada


dx
da equação (5). obtemos:

+ a ( - i R - L — ) — C R — -- C L - ^ - = 0
r2
dx* V dt J dx dt2

ou

CL + {CR + A L) — + A R i. (7)
dx1 dí 2 dt

Duma maneira análoga, obtém-se uma equação determinante


v (jc. r):

^ - = C L ~ + (C R + A L )- ^- + A R v . (8)
dx* dt~ dt

Sc sc puder desprezar a fuga de corrente pelo isolamento (A = 0)


e a resistência (R = 0) as equações (7) e (8) reduzem-se a equações
de onda:

z cPi (Pr « drv cPo


a — -= — - , a~
dx2 d? ' dx1 d t2 *

cm que se designou a* = ^ • As condições iniciais e os limites são

formulados para o problema tendo cm conta as condições físicas.

§ S. Resolução da equação das cordas vibrantes pelo método


de separação das variáveis (método de Fourier)

O método de separação das variáveis (ou método de Fourier)


que vamos considerar é típico para a resolução de numerosos problemas
dc física matemática. Seja determinar a solução da equação

dt d i?
satisfazendo às condições iniciais:

u(0, 0 = 0, (2>
u(l, o = o, (3)
u(x , 0) = /( x ) , (4)
du = ip(x). (5>
dt <=o
Procuraremos uma solução particular (não identicamente nula)
da equação (1) que satisfaz às condições dos limites (2) e (3) sob a
forma de produto de duas funções X (x) e T (/) de que a primeira
apenas depende de x e a segunda de t:

u (x, t) = X (x )T (t). 6
< >

Efectuando esta substituição na equação (1) obtemos: X (x) T " (t) =


= a2 X " (x) T (/) e dividindo os termos da igualdade por a2XT

azT X
O primeiro membro desta igualdade contém uma função que
não depende de x. e o segundo uma função que não depende dc t.
A igualdade (7) não pode ter lugar a não ser no caso cm que o
o primeiro e o segundo membros não dependam nem dc x nem de /.
por outras palavras, sejam iguais a um número constante. Designemo-lo
por — A em que A > 0 (consideraremos mais adiante o caso A < 0).
Então,

a*T X

Obtemos destas igualdades duas equações:

X ' + KX = 0, (8)

r+ a 2X 7 = 0. ■ (9)

As soluções gerais destas equações são (ver. cap. X III. § 21. t. I):

X (x) = A cos VA x -f- B sen V A x, (10)

T(t) = C cos a V l t + D sen a V k t, (H >

em que A. B, C. D são constantes arbitrárias.


Substituindo as expressões de X (x) e T (t) na igualdade (6).
obtemos:
u (x, t) = (A cos V k x -f B sen V k x) (C cos a V k t -f- L) sen a V\ t). ?n

Escolhamos agora as constantes A e B de maneira que sejam


verificadas as condições (2) e (3). Como T(t)=& 0 (no caso contrário
tcriamos u (x. /) w- 0, o que contradiz a nossa hipótese), a função X (x)
deve verificar as condições (2) e (3). isto 6. que sc deve ter X (0) = 0.
X (/ = 0). Substituindo os valores x = 0 e x — l na igualdade (10),
obtemos, em virtude dc (2) c (3):
0 = /í 1 + £ - 0 ,
0= A cosVX / + B sen V k l.
A primeira equação dá-nos A — 0 e resulta da segunda:

B sen V k l = 0.
B 0. porque no caso contrário teríamos X mtO e ü = 0, o que
contradiz a hipótese. Por conseguinte, deve-se ter

sen ~V'hl — 0 ,
donde

VÃ = y ( n = 1 , 2, . . . ) (12 )

(não tomamos o valor n = 0. porque neste caso teríamos X s 0 e u a 0).


Obtemos assim:

x = i — x. (13)
/

Os valores obtidos dc A chamam-se valores próprios para o


problema dos limites dado. As funções X (x) correspondentes chamam-se
funções próprias.
Nota — Se tivessemos tomado em vez dc — A a expressão + A = k1,
a equação (8) seria da forma

X ' - l f X = 0.
A solução geral desta equação é:

X = Aekx + Bé-**,
A solução além de zero no caso duma equação desta forma
não pode verificar as condições dos limites (2) e (3).
Conhecendo yT. podemos, utilizando a igualdade (11). escrever:

i {t) = C r o s ^ t + V x n ^ y l (/i = 1. 2. ...)-

Para cada valor dc n, e. por conseguinte, por cada A. substi­


tuindo as expressões (13) e (14) na igualdade (6). obtemos a solução
da equação (1) que verifica as condições dos limites (2) e (3).
Designemos esta solução por u„ (x, 0 :

. an (■ a n n . . r. ann \ , , r.
u n {x, /) = sen — x \C „ cos — t + D „ sen — t j . (I •>)

Para cada valor dc n podemos escolher as constantes C e D e


eis porque escrevemos Cn e D„ (a constante B está inclusa cm Cn e D„).
Como a equação (1) é linear e homogênea, a coma das soluções é
também uma solução e eis porque a função representada pela série
Ok
u (x. t) = V u . (x. t)
o —i
011
.x

«(* . 0= 2 (( " cos (~ Y 1 + D •> sen 1) sen y r (1 f>)


n=l
é também uma solução da equação diferencial ( 1) que verifica as
condições dos limites (2) e (3). É evidente que a série (16) não será
a solução da equação ( 1) a não ser no caso em que os coeficientes ('„
c D„ sejam tais que esta série convirja c que convirjam as séries
obtidas depois da derivação termo a termo cm relação a x e a t.
A solução (16) deve ainda satisfazer às condições iniciais (4)
c (5). Obtê-la-emos por uma escolha adequada das constantes ( ’„ c D u.
Fazendo na igualdade (16) t = 0. obtemos (comp. a condição (4)):
<

í (*) = 2 6" y x• 7)
M—1
Se a função f(x ) é tal que sc pode desenvolvê-la em série de
Fourier (ver § 1, cap. X V II) no intervalo (0. I) a condição (17) será
verificada se se fizer
Depois, derivando os termos da igualdade (18) em relação a t
e fazendo t = 0, obtemos cm virtude da condição (5) a igualdade

,(* )= ]> > » 2


n«J
Determinemos os coeficientes dc Fourier desta série:
i
ann 2 f . . nn ,
D n ---= — l © Ix) sen — xdx
l l i l
o
ou
l
Dn= f (p(x) sen — xdx. (19)
ann J l
o
Demonstramos, assim, que a série (16) cujos coeficientes Cn e D n
são determinados pelas fórmulas (18) e (19) representa, sc ela for
duplamente derivável termo a termo, a função u(x. t) que é a solução
da equação (1) e verifica as condições iniciais e os limites (2)-(5).
Nota — Resolvendo o problema considerado para a equação da
onda por um outro método pode-se demonstrar que a série (16) é
igualmente a solução no caso cm que não for derivável termo a termo.
A função f(x) deve. então, ser duas vezes derivável e ?(jc) uma vez
derivável.

§ 4. Equação da propagação do calor num a barra.


Enunciado do problema aos limites

Consideremos uma barra homogênea de comprimento /. Supore­


mos que as perdas são eliminadas por isolamento térmico da superfície

0 * 1 *2 1

Fig. 373

lateral da barra e que em cada ponto da sua secção transversal a


temperatura é idêntica. Estudemos o processo da propagação do calor
na barra.
Disponhamos o eixo Ox de maneira que uma das extremidades
da barra coincida com o ponto x = 0 e o outro com o ponto x — I
(fig. 373).
Seja u (x. /) a temperatura na secção da barra de abcissa x no
instante t. Estabeleceu-se, experimentalmente, que a velocidade de pro­
pagação do calor, isto é. a quantidade de calor que penetra pela
secção de abcissa x no decorrer dum intervalo de tempo unitário, e
determinada pela fórmula

.d u
(1)
’? = — k dx
T-S'

cm que S designa a superfície da secção da barra considerada, k o


coeficiente de condução térmica (•).
Consideremos o elemento da barra, compreendido entre as secçòes
de abcissas x, e x3 (x, — x, = Ax). A quantidade de calor que passa
pela secção de abcissa Xj no decorrer do tempo to será

A Ç ,= - * | S AZ, (2)

de igual modo para a secção de abcissa x3:

A & = - *| S Aí. (3)


x= x,

A quota de calor &QX — aQ 2 no elemento da barra no decurso


de tempo to será igual a

AÇj — A Q2
h IL H - l
« k ^ AxS A t (4)
dx*

^aplicamos o teorema dc Lagrange à diferença — I ^


JC=JC1 dx I jbx] /
Esta quota de calor no decurso dc tempo to é consumida com a
elevação da temperatura do elemento da barra duma grandeza A m :

AÇj — A (?2 = cp&zS Au

(•) A vclocidadc dc propagaçSo do calor, ou a vclocidado do fluxo dc


calor, 6 determinada por:

cm que AQ designa a quantidade dc calor que passa pela sccçSo S no dccurso


do tempo A/.
\Q} _ \a, a» r«.A./vS — Aí. {$>)
()t

em que c designa a capacidade calorífica da substância da barra,


c a densidade da substância da barra (pAxS é a massa do elemento
da barra).
Igualando as expressões (4) e (5) da mesma quantidade dc calor
a Q í — &Q*. obtemos:

k A rS At == rj* A.r.S At
ôr fit

nu
ou k (fu
dt cp dx1

Designando — = a7, obtemos, finalmente:

(tu z
-- = o — ;
àt ú rl

É a equação da propagação do calor (equação do calor) numa


barra homogênea.
Para que a solução da equação (6) seja inteiramente determinada,
a função u ( j c , /) deve verificar as condições iniciais, correspondentes
às condições físicas do problema. As condições iniciais para a solução
da equação (6) podem ser diversas. As condições correspondentes ao
primeiro problema dos limites para 0 < t < T são as seguintes:

u(x , 0) = <f (x), (7)


« ( 0, I ) -♦■!(!), (8)
"(/, (9)

Do ponto de vista físico a condição (7) (condição inicial) cor­


responde a como se para t = 0 a temperatura nas diferentes secções
da barra fosse dada igual a <p(x). As condições (8) e (9) (condições
dos limites) correspondem a como se as extremidades da barra para
x — 0 e x = 1 mantivessem uma temperatura igual, respectivamente,
a (t) e tfr7 (t).
Dcmonstra-se que a equação (6) tem uma solução única no
domínio 0 < x < /, 0 < / < T que verifica as condições (7). (8) e (9).
§ 5. Propagação do calor no espaço
Consideremos o processo de propagação do calor no espaço a três
dimensões. Seja u (x. y, z. t) a temperatura no ponto de coordenadas
( . y, z) no instante t. Estabeleceu-se. empiricamcntc. que a velocidade
a

de passagem do calor pela superfície As, isto é. a quantidade dc calor


fornecida durante a unidade de tempo, é determinada pela fórmula
(análoga à fórmula ( 1) do parágrafo anterior)

\(J =
v
-- k'-j- A s,
< )n
<l>

en que k designa o coeficiente de condução térmica do meio consi­


derado que supomos homogêneo e isotrópico. n o sector unitário orien­
tado segundo a normal à superfície As no sentido dc propagação do
calor. Em virtude do § 14. cap. V III, tomo I. podemos escrever

riu riu riu „ , riu


riu = rir
t* cos a + T C ( ,í* P -T T COS V-
riy riz
em que cos«. cos p, cos y são os cosscnos directores do vector n . ou

riu
— = n grad u.
dn

Usando a expressão ^ na fórmula (1). obtemos:

AÇ = — kn grnd u Aa.

A quantidade dc calor que passa no decurso do tempo At pela


superfície As. será igual a
A Q A t — — kn grad u At As.
Voltemos ao problema que apresentamos no começo deste pará­
grafo. No meio considerado isolemos um pequeno volume V limitado
pela superfície 5.
A quantidade de calor que se propaga pela superfície 5 será

Q = — At J J kn grad u ds, (2)


’s

em que n é o vector unitário orientado segundo a normal exterior à


superfície S.
É evidente que a fórmula (2) dá a quantidade de calor que
penetra no volume V (ou que deixa o volume V) no decurso do
tempo At. A quantidade dc calor que penetra no volume V conduz
ao aquecimento da substância desse volume.
Consideremos um volume elementar A v . Suponhamos que no
decurso de lapso de tempo Ar a sua temperatura é elevada de Au.
É evidente que a quantidade de calor consumida para elevar a
temperatura do elemento A v será igual a

du
c Ai'p Au « cAi>p---Aí,
dt

em que c é a capacidade calorífica da matéria e p a densidade.


A quantidade global dc calor consumido no aquecimento no volume V
no decurso do tempo A/ será

JJJ*
à t \\\ cp-^-dv.
V

Mas é a quantidade de calor que ao penetrar no volume V no


decurso do tempo a í , é determinada pela fórmula (2). Temos, assim,
a igualdade

^ 11
s
Avi grad uds = A/ ^^ V
j" cp
^
dv

Dividindo por a í. obtemos:

j { * » g r a d U<f e = j f j cp- ^- dv (3)


S V *

O integral de superfície, que forma o primeiro membro desta


equação, pode ser transformado segundo a fórmula dc Ostrogradsky
(ver § 8. cap. XV ) fazendo /•’ = k grad u :

J J (k grad u) n ds = J J J div (k grad u) dv.


s v
Substituindo o integral duplo do primeiro membro da igualdade (3)
por um integral triplo, obtemos:

| j | d iv (k grad u) dv = cp -y- dv

ou

íííh iv (A g ra d u )— c p —
dt J
cto=s=0. (4)
Aplicando o teorema da média ao integral triplo do primeiro
membro (ver § 12. cap. XIV ). obtemos:

div (A-grad m) — cp— =0. (5)


Õt Jl-ípK-D ,,!-*,

em que P(x, y, z) é um ponto do volume V.


Como podemos considerar um volume arbitrário V no espaço
a três dimensões, em que se efectua a propagação do calor e como
supomos que a função sob o sinal de integração na igualdade (4) é
continua, a igualdade (5) será verificada em cada ponto do espaço.
Assim
du
cp-— = div(/:grad u). ((5)
dt

Mas
i
kgT a
ȇu = ki Fxi
d u j + . ki ^duJ -
a
t k, -d uk.

(ver § 14. cap. V III. L I) e

d iv (* grad u) = .| ; ( * g ) + J ( i g ) + | (* | )

(ver § 9. cap. XV). Substituindo na equaçSo (6) teremos:

dl dx V d x ) dy V d y ) dz \ âz )
Se k é uma constante, então.

d iv (k grad u) = A-div (grad u) = k -f- ~ -f


\âx* dy dz 1

c a equação (6) dá neste caso

du t ( (Pu , &u , dhi\


cp~ k \ í ? + t f + í ? )
k .
ou fazendo —= a .
cp
Sob uma forma resumida a equação (8) escreve-se:

= a*&u
dt

cm -que Au = — 4- — ---- é o operador de laplace. A equa-


àx2 dy1 dz2
çõo (8) é a equação da propagação do calor no espaço a três dimensões.
Para obter a sua solução única que satisfaz ao problema apresentado
é preciso dar-se as condições iniciais.
Suponhamos que temos um corpo íí cuja superfície é < j . Con­
sidere-se neste corpo o processo de propagação do calor. No momento
inicial a temperatura do corpo é dada. Isso corresponde a como se
conhecessem os valores iniciais para t — 0. por outras palavras às
condiões iniciais:

u (x . y , z , 0 ) = <p ( .r , y , z) (9 )

Além disso deve-se conhecer a temperatura cm qualquer ponto Aí


da superfície a do corpo em qualquer momento t dc tempo, as con­
dições dos limites:
u (M , t) <|n)

(Outras condições dc limites são possíveis).


Se a função procurada u (x , y, z, t) não dependesse de z. isso
corresponderia a como sc a temperatura não dependesse de z. obte­
ríamos a equação

dita equação da propagação do calor sobre o plano. Se se considerar


a propagação do calor num domínio plano D de fronteira C. as con­
dições dos limites do mesmo modo que (9) e (10) são. então, assim
formuladas:
u (x, y. 0) = h>(j, «/),
u (Af, t) = \Ç(M. t).

em que ? e ^ são funções dadas, M um ponto da fronteira C.


Se a função u não depender nem de z nem de y. obtemos a

equação = a2 dita equação da propagação do calor numa barra.


dt ox-
§ 6. Resolução do primeiro problema dos limites para
a equação do calor pelo método das diferenças finitas
Do mesmo modo que para o caso das equações diferenciais
ordinárias, por ocasião da resolução das equações das derivadas par­
ciais pdo método das diferenças finitas as derivadas são substituídas
pelas diferenças correspondentes (ver fig. 374):

ôu (x, t) ^ u (x h, í) — u (x. t) ^
dx h

u (x -f h . t) — u {x. t) _ u(x . t ) — u u — h. t )
d? h h h
ou
ffü (x, t) ^ u (x 4 -h , /) - 'lu (x, t) 4- u (x — h, l)
(2)
dx* * k-

duma maneira análoga


da (x%l) ^ u (x, t -f /) — u (r. t)
(•’*)
dt ~ l

O primeiro problema dos limites para a equação do calor (ver § 4)


enuncia-se da maneira seguinte. Pede-se para determinar a solução da
equação

È L = a2— tf)
dt Ox2

que verifica as condições iniciais


u{x, 0) = <p(x), 0 (•>)

14(0. í ) — * i ( 0 . . («)
u( i, t) = >k(t). o (7)

isto é. determinar a solução u (x, t) no rectângulo delimitado pelas rectas


t = 0. x = 0, x = L, t — T sc sc conhecer os valores da função pro­
curada sobre três dos seus dados: / = 0. x = 0. x = L (fig. 375).
Cerquemos este rectângulo duma grade formada pelas rectas

x = ih, t = l , 2, . . , .
£= « , * k = 1 , 2 .........
c determinemos os valores aproximados das soluções nos nós desta grade,
isto é. nos pontos dc intersecçâo destas rectas. Introduzamos as notações:
u (ih , kl) = iij. Escrevamos cm vez da equação (4) as equações cor*

fM

b-W (t,k)
(x-h.t) (x.t) (x+h.t)

F ig . 374 Fig . 375

respondentes em diferenças finitas para o ponto (ih. kl). Em confor­


midade com as fórmulas (3) e (2) obtemos:

u i,k + i— u i,k _zu i+i,k — (8)


l “ h2
Definamos u <.a+i

u i. A + i — --------) U,t * Ü U|“ ‘ - * )• ^

Resulta da fórmula (9) que sc se conhecer os três valores na série


dc ordem k: u t, u <-t. *. pode-se determinar o valor u lt * +i
na série de ordem (k + 1). Conhecemos todos os valores sobre a
recta t = 0 (ver fórmula (5)). Segundo a fórmula (9) determinamos
os valores sobre todos os pontos interiores do segmento t = /. Os
valores nas extremidades deste segmento são-nos conhecidos cm virtude
das fórmulas (6) e (7) Assim, determinamos fila por fila. os valores
da solução procurada para todos os nós da grade.
Está demonstrado que se pode obter, segundo a fórmula (9). um
valor aproximado da solução não para um valor arbitrário do quo-
hs
cicntc dos passos h e i . mas. sòmente no caso cm que l A fór-
Lar
mula (9) simplifica-se particularmente se o passo I segundo o eixo t
for escolhido de maneira que

2a2/
Neste caso a equação (9) toma a forma:
I
u íi*+1= 2-(w<+i,a+ U1- 1,*). (10 )

Esta fórmula é particularmente cômoda para os cálculos (fig. 376).


Determina-se, pelo método indicado, a solução entre os nós da grade
O valor da solução entre os nós da grade pode
ser obtido, por exemplo, por extrapolação, tra­
çando um plano para todos os três pontos do (i.k+1)
espaço (x. t, u). Designemos por u* (x, t) a solução
assim obtida com o auxílio da fórmula (lü)
depois da extrapolação. ((■W «+ W
Demonstra-se que
Fig. 376
lim U/t (x, t) = u (x , t).
A-o ...
em que u (x, /) é a solução do nosso problema. Está, finalmente, demons­
trado (•) que
I M * . 0 — «*(*, 0 1 < M h2,
em que M é uma constante independente de h.

§ 7. Proj»aí,ação do calor numa b arra infinita


Suponhamos que no instante inicial é fixada a temperatura
de diversas secçòes duma barra infinita. Pcde-se para determinar a
distribuição da temperatura da barra nos instantes seguintes. (E-se
conduzido ao problema da propagação do calor numa barra infinita
no caso do estudo dos problemas físicos, sendo o comprimento da
barra tão grande que a temperatura dos seus pontos interiores nos
momentos considerados apenas depende dc muito pouco das condições
nas extremidades da barra)
Sc a barra coincide com o eixo Ox. o problema matemático
enuncia-se da maneira seguinte Determinar a solução da equação

*!- = <?— 0)
dt dx2

(*) Um enunciado mais detalhado da questão é dado na obra d« L. Collatz


«Numrrisch: Bchandlung von Differcntiaglcichungcn». Bri. Springcr. 1951.
no dominio — oc < * < oo . / > 0. verificando a condição inicia)
<»)=«( (r)

Apliquemos, para determinar a solução, o método dc separação


das variáveis (ver § 3). isto é. vamos procurar uma solução particular
da equação ( 1 ) sob a forma de produto de duas funções:

t ) = X (x) T (t) <•'*!

Substituindo na equação (1) teremos:


X (jc) T (l) = c â X " T (/)
OU .. . y .-

4 = - = - > . 3 r.)
r/T X

Cada um destes quocientes não pode depender nem dc Jt. nem dc t


e eis porque os igualamos a uma constante (*) — A2. Obtemos de (4)
duas equações:
r 4- ü^ t = o. (.‘o
.V' + )} X = i). <«>
E. resolvendo-as. obtemos:

7. = í > —
.V = . I cos Á-r H sen ‘kx
Substituindo cm (3). obtemos:

ii), (x. t) = [A (A)cos -f- fí (X) sen )jc\ (7)

(a constante C está inclusa em A (A) e B (A)).


Para cada valor de A obtemos uma solução da forma (7). As
constantes arbitrárias A e B têm para cada valor de A valores definidos
Razão porque sc pode considerar que A e B são funções de A.
O somatório das soluções da forma (7) é também uma solução em
conseqüência da linearidade da equação ( 1 )):

t " f.l (A) cos /.x -f B (*) sen A.r)

(•) Como. segundo o sentido do problema T (t) deve ser limitado qualquer
que seja r. se 9 (x) for limitado, i— deve ser negativo. Eis porque escrevemos — X1 .
Integrando a expressão (7) em relação ao parâmetro A nos limites
de 0 a oo obtemos igualmente uma solução

u(x , t) = J [A (A)co« Xj ■
+■B (X) sen XjJíÍÀ, (8 )

sc A (à ) e B (A) forem tais que este integral, a sua derivada em relação


a / e a sua derivada segunda cm relação a x existam e se obtenham
derivando o integral em ordem a / c a x. Escolhamos A (A) e B (A)
de modo que a solução u (x. t) satisfaça à condição (2). Pondo na
igualdade (8) t = 0. obtemos em virtude da condição (2):

u íx, 0» = (f (r) = J f/l (A) cos Xx -h B (>.) sen \x\d). (9)


n

Suponhamos que a função <?(x) é tal que pode ser representada


por um integral de Fourier (ver § 12. cap. X V II):

cos f.r ■
*

«X

Comparando os segundos membros de (9) e (10). obtemos:


Substituindo os valores encontrados de A (A) e B (A) na fórmula (8),
obtemos:
OO 00

u (x , t) = -i- <p (a) cos Xa da j cos Xx —


0 —oo
+OC

^~( í ^ ^ sen k* 8611 ~


— 00

oo oo

= ~ | j j q , ( a ) ( c o s Xa cos Xx-f sen Xa sen Xx) da J dX =


o —<»
oo oc

= j ^ j <p(a)cosX(a — x) dX
0 —co
ou invertendo a ordem de integração, temos, finalmente:
oo « ,

u(x , | ) - i J j<p(a) ^ J e~a X f cosX(a — x) dXJ j da. (12 >


— oo 0

É a solução do problema que havíamos posto. Transformemos


a fórmula (12) Calculemos o integral que figura entre paréntesis:
00 «
f e~«JX ' C0Sx (a — x ) d X = — Í-ts- \é~: cospzefz. (13>
J avt r

Esta transformação do integral foi efectuada com o auxílio das


substituições:

aXVÍ = z, --- Í = P (14)


aV t
Introduzamos a notação
OO
K (|5) = J e~** cos $z dz. (15)
o
Derivando (*) obtemos:

K ' (P) = — J e *’ z sèn [te dz.


o

(•) Dcmonstra-sc fàcilmente que se pode derivar.


Integrando por parle, vera:
Oo

* ' (P) = { [<Tsen pzJT - 4 j ’’ di

A "(p )= — A '( P ) .

Integrando esta equação diferencial, obtemos:


_Pi
K ($) = Ce * Ílt>)
Determinemos a constante C. Resulta de (15):
00 _
K ( 0) = j r * 1dz = ^
0
(ver § 5. cap. XIV). Por conseguinte, na igualdade (16) deve-se tei

Assim
— K*
V ji
K W = Y e * (17)
Substituamos o valor (17) do integral (15) em (13):

f e a2," 'c o s X ( a — x)dX = ---


J aV t 2
o
Substituindo (S pela sua expressão (14). obtemos finalmente o
valor do integral (13):

ío
e aJA‘‘ cosX(a — z) dk= ]/
/ n

Substituindo esta expressão do integral na solução (12) teremos,


(18)

finalmente:
<a-x)>
U( X, t ) = -- L — \<p
laV nt -<
Esta fórmula, chamada integral de Poisson, é a solução do pro­
blema posto sobre a propagação do calor numa barra infinita.
Nota — Pode-se demonstrar que a função u (x, t) definida peio
integral (19) é a solução da equação (1) e satisfaz à condição (2) sc
a função ? (x) for limitada no intervalo infinito ( — oo. oo).
Estabeleçamos o sentido físico da fórmula (19). Consideremos a
função

( 20)

Então, a

( 21)

é a solução da equação ( 1) adoptando para / = 0 o valor <?* (x).


Em virtude de (20) pode-se escrever:
*o+-Ax
drx.

Aplicando o teorema da média a este último integral, obtemos:


tg-*»
u * (x, t) = *?{$) Af £
* o < Ê < * o + A*. (22)
2a V jií

A fórmula (22) dá o valor da temperatura num ponto da barra


em cada instante dc tempo se para t = 0 a temperatura da barra for
em toda a extensão u* = 0. com excepção do segmento [*<,. xQ + Ax]
onde é igual a <p( x ) . É precisamente a soma das temperaturas da
forma (22) que dá a solução (19). Notemos que se p é a densidade
linear da barra, e a capacidade calorífica da substância, a quantidade
de calor no elemento [ x 0. x„ + a x ] para / = 0 será

&Q « <p(!) Ax pc (23)


Consideremos em seguida a função

1 4(1*1
—— e
2a V n Z
Comparando-a ao segundo membro da fórmula (22) e lendo
em conta (23) diz-se que ela dá a temperatura cm qualquer ponto
da barra num momento arbitrário de tempo t. se para / = 0 na
secçâo $ (caso limite quando Ax -* 0) se encontrasse uma fonte instan­
tânea de calor que dispensasse uma quantidade dc calor Q = c#>.

§ 8. Problemas que conduzem ao estudo das soluções das


equações de laplace. Enunciado dos problemas de limites
Neste parágrafo consideraremos certos problemas que conduzem
à resolução da equação Je Laplace

+^ + = o. (D
dxz ‘ d tf dz"
Como já mencionamos, o primeiro membro da equação (1)

(Pu (Pu (Pu


5? + V + * i
é chamado operador de Laplace. As funções u que verificam a equação
de laplace são chamadas funções harmônicas.
I — Distribuição estacionária da temperatura num corpo homo­
gêneo. Seja um corpo homogêneo íl limitado por uma superfície a.
Mostramos no § 5 que a temperatura em diversos pontos do corpo
verifica a equação (8):

du _ ; / cPu (Pu (Pu \


dt \Ãr* du2
à\T dz2)

Se o processo for estacionário, isto é. se a temperatura não


depender do tempo, mas ünicamente das coordenadas dos pontos do

corpo, então. ~ = 0 e. por conseguinte, a temperatura verifica a


dt
equação de Laplace

d ^ dy~ dz-

Para que a temperatura do corpo seja determinada univocamente


a partir desta equação é preciso conhecer a temperatura sobre a
superfície a. Formula-se, então, da maneira seguinte o problema de
limites para a equação ( 1 ).
26
Determinar uma função u U. y, z) que verifica a equação (1)
no interior do volume í) e tomando em cada ponto M da superfície a
os valores dados:
= (2)
Este problema é chamado problema de Dirichlet ou primeiro pro­
blema de limites para a equação ( 1 ).
Sc sobre a superfície do corpo a temperatura não for conhecida,
mas se se conhecer o fluxo de calor cm cada ponto da superfície que
é proporcional a — (ver § 5) ter-se-á sobre a superfície a, em vez
dn
da condição inicial (2). a condição

du
= * * ( !/ ) . (3)
dn
O problema da procura da solução da equação ( 1) que verifica
a condiçáo inicial (3) é chamado problema de Neumann ou segundo
problema de limites.
Se se considerar a distribuição da temperatura sobre o domínio
plano D, limitado pelo contorno C, a função u dependerá dc duas
variáveis x e y c verificará a equação

ar2 d i
que sc chama equação da Laplace para o plano. As condições iniciais
(2) ou (3) devem ser verificadas sobre o contorno C.
II — Fluxo potencial dum líquido ou de um gás. Equação de c
tinuidade. Suponhamos que no interior do volume Q, limitado pela
superfície a (particularmente fl pode ser ilimitado) se produz o escoa­
mento dum líquido. Seja p a densidade do líquido. Designemos a
velocidade do liquido por
v = vxi - f vvj -j- v.k, (5)

em que vx, vv, vz são as projecções do vector v sobre os eixos


dc coordenadas. Isolemos no corpo fi um pequeno volume «, limitado
pela superfície S. Para cada elemento As da superfície S no decurso
do tempo A/ passa uma quantidade de líquido
A Q= prn A s A í,
em que n 6 o vector unidade orientado segundo a normal exterior
à superfície S. A quantidade total do líquido Q que penetra no volume «»
(ou que se escoa do volume «) exprime-se pelo integral

Q = A í \J pv n ds (6 )
(ver §§ 5 e 6. cap. XV). A quantidade dc líquido no volume «*
no instante t era

H J P d(ú-
<•>
No decurso do tempo At a quantidade dc líquido variará, em
conseqüência da variação da densidade, duma grandeza

U) <l>
(7)
Supondo que o volume <o não está ligado a fontes, concluímos
que esta variação é devida a um afluxo de líquido cupa quantidade
é determinada pela igualdade (6). Igualando os segundos membros das
igualdades (6) e (7) e simplificando por At. obtemos:

(8)

Transformemos o integral duplo do primeiro membro segundo a


fórmula de Ostrogradsky (§ 8. cap. XV). A igualdade (8) torna-se. então:

ou

Í Í H - í +div(pr)K = ° -
Sendo o volume tomado arbitràriamente e sendo a função sob
o sinal de integração contínua, temos:

•~ + d iv (p » ) = 0 (»>
at
ou

(P»«) + ~ ( t 'V z ) = 0. (9')


dt ox oy oz
é a equação de continuidade de escoamento dum fluído compressivel.
Nota — Em certos problemas, por exemplo, quando se faz o estudo
do escoamento do petróleo ou dos gases através dum terreno poroso
para o poço. pode-se adoptax

v= — grad p,
em que p i a pressão, k o coeficiente dc permeabilidade e

A * A
dt dt

k = const. Substituindo na equação de continuidade (9). teremos:

k — d iv (k grad p) = 0
dt
on

+ (10)
dt dx\ dx) dy V
\ddyu*) dz\ d z)

Se k é constante, esta equação toma a forma:

. *V \ (H )
dt k W + d f b o ? )1 { }

e encontramos a equação do calor.


Voltemos à equação (9). Se o fluído é incompressível, p = const.
d{>
— 0 e a equação (9) escreve-se:

div (i*) = 0 . (12 )

Se o movimento é potencial, isto é, se o vector v é o gradiente


duma certa função <p:

v = grad <p,

a equação ( 12) toma a forma:

d iv (grad <f) = 0
Oll

S + S + S - ”'

por outras palavras, a função potencial da velocidade ? deve verificar


a equação da Laplace.
Em numerosos problemas, como por exemplo, nos problemas dc
filtração. pode-se adoptar
»•= —A-, gradp
cm que p é a pressão, ki uma constante; obtemos, então, a equação
de Laplace para determinar a pressão

^ P + ^ E + ^ R = 0. (1 3 ')
d f^ d y ^ d z 2

As condições iniciais para a equação (13) ou (13') podem ser


formadas da maneira seguinte:
1. Dá-se sobre a superfície a os valores da função procurada p
que é a pressão (condição (2)). É o problema de Dirichlet.
2. Dá-se sobre a superfície a os valores da derivada normal — ,
on
por outras palavras, o fluxo que atravessa a superfície (condição (3)).
É o problema de Neumann.
3. Dá-se sobre uma porção da superfície a os valores da função
procurada p (a pressão) e sobre uma porção da superfície os valores
da derivada normal (o fluxo através da superfície), ê o problema de
Dirichlet-Neumann.
Se o movimento é plano-paralelo, isto é. se a função <p (ou p)
não depender de z. obtém-se a equação de Laplace no domínio a
duas dimensões D dc fronteira C:

* £ + - ^ = 0. (1 4 )
da? df

As condições iniciais do tipo (2). problema de Dirichet. ou do


tipo (3). problema de Neumann. são dadas sobre o contorno C.
III — Potencial duma corrente eléctrica estacionária. Suponhamos
que num meio homogêneo que preenche um certo volume V passa
uma corrente eléctrica cuja densidade em cada ponto é dada pelo
vector J (x , y, z) = J xi I- J yj H J zk. Suponhamos que a densidade
da corrente não depende • do tempo t. Suponhamos, ainda, que o
volume V considerado não contém fonte de corrente Por conseguinte,
o fluxo do vector J através da superfície fechada 5 situada no
interior do volume V é igual a zero:
J \J n d s = 0 ,
s
em que n é o vector unidade dirigido, segundo a normal exterior,
à superfície.
Com base na fórmula de Ostrogradsky podemos concluir que
A lei de Ohm generalizada permite determinar no meio condutor
considerado, a força eléctrica E :

e = T (,6)
ou
J = IE ,
em que A é a permeabilidade do meio que consideramos constante.
Resulta das equações gerais do campo que se o processo for esta­
cionário. o campo vectorial E é irrotacional. isto é. que rot E = 0.
Então, do mesmo que no caso do estudo do campo das velocidades
dum líquido, o campo vectorial é um campo potencial (ver § 9. cap. XV).
Existe uma função ? tal que
2? = grad cp. (17)
Em virtude de (16). obtemos:
J = A g ra d <p. (18 )

Resulta de (15) e (18):


A d iv (grad (p) = 0
ou
ctq cftp
0. (19 )
dx* dy2 d £

Obtivemos a equação de Laplace. Resolvendo esta equação para


as condições iniciais correspondentes, obtemos a função <p e. segundo
as fórmulas (18) e (17). obtemos a corrente J e a força eléctrica E .

§ 9. Equação de Laplace em coordenadas cilíndricas.


Resolução do problcm»» de Dirichlet para um arco com
valores constantes d a função procurada sobre os
círculos interior e exterior
Seja u(x. y. z) uma função harmônica de três variáveis. Então,
por definição.

dar dy dz
Introduzamos as coordenadas cilíndricas (r, f. z):
x = r coí> cp, y = r s«n (p, z = z
donde, ______
r = V x * - f y2, <p = a r c t g X— , z —z. (2)

Substituindo as variáveis independentes x, y, z por r, <ç e z


obtemos uma função «*:
« ( * , y, z) = u*(r, <p, z).
Encontremos a equação que deve satisfazer u* (r, <p. z) como
função das variáveis, r. ? e z- Temos:

âu_ âu* dr ^ du* dq


dx dr dx d<p dx
fru _ d V / dr V du &r ^ o d V d r dtp ^
d x 2 d r 2 \ dx ) dr dxz dr dtp dx dx

+ * J ( 5 lY + * l ^ . o)
d<j“ V dx / dtp d x “
duma maneira análoga

_ (Tu* / dr V d í/ 9 (Pu* dr d<p ^


dr2 \di/ / dr d if dr dq> dy dy

+ í £ ( í * Y + * l:* l , </,)
dtp dy /)
da \du dtp
dw dy
dy~
alem disso.
cPu_ (Pu*
(5)
dz2 dz2
Encontramos as expressões para
dr dr (Pr cPr d<p dtp (Pt.p ó fy
dx dy d x 2 ’ dy2 dx dy ’ dx2 dy2
a partir da ieualdade (2). Fazendo a soma dos segundos membros das
igualdades f3). (4) e (5) e ieualando o resultado a zero ("visto que a
soma dos primeiros membros destas igualdades é nulo em virtude de ( 1)).
obtemos:
(Pu , 1 du* , 1 <Pu x (Pu* _ A
É a equação de Laplace em coordenadas cilíndricas.
Sc a função u não depender de z e depender de x e y. a fun­
ção u* que não depende a não ser dc r c ? verifica a equação

ífu 1 du 1 dV
—J + - — = (7)
dr r dr r dtp

em que r e t são as coordenadas polares para o plano.


Achemos agora a solução da equação dc Laplace no domínio D
(arco) limitado pelos círculos C t : x2 — y* = /{; e Ct : x2 -f- yl — fí]
que tomam os valores limites seguintes:

u|ci = u t, (8)
u |c2 = « 2, (9)

em que m, e u2 são constantes.


Resolveremos o problema cm coordenadas polares. É evidente que
é lógico procurar uma solução que não dependa de f.
A equação (7) toma. então, a forma:
tfu 1 du _ q
dr2 r dr

Integrando esta equação, obtemos:

u = C, Log r + C2. (10)

Determinemos C t c C2 das condições (8) e (9):

Uj = Ci Log /?, -f- CZi


u 2 = C, Log -f- CZ-
Daí tiramos
Log/?,
C\= —— “7 , Cs — u, — («2 — w,)
Log — Log —
*. /?.

Substituindo os valores achados de C\ e C 2 na fórmula (10).


obtemos, finalmente:
r
L o g ~n

LogS
u = u t H-----_ 1 (M2_ Uj). ( J i)
Nota — Dc facto. resolvemos o problema seguinte: determinar uma
função u que satisfaça à equação dc Laplace no domínio limitado pelas
superfícies (cm coordenadas cilíndricas):
r = l { x, s = 0. 2= //.
e que verificam as condições dos limites seguintes:
u\
r=Rl = ut, u. |r= R . =
du
—s 0 3“ = 0
dz x—0 ’ Oz X-II

(problema de Dirichlct-Ncumann). É evidente que a solução procurada


não depende nem de z. nem de p e c dada pela fórmula (II).

§ 10. Resolução do problema de Dirichleí p ara o círculo


Seja no plano Oxy um círculo de raio R. dc ccntro na origem
das coordenadas e uma função / (?) dada sobrc esse círculo (<p é o
ângulo polar). Pedc*se para determinar uma função u (r, f) continua
no circulo (inclusivé sobre a fronteira), que verifica no interior do
círculo a equação de Laplace

df + d f= 0 0>

e adoptando sobrc a circunferência do circulo os vectores dados

» U = /(í). (2 )
Resolveremos o problema em coordenadas polares. Escrevamos a
equação ( 1) nestas coordenadas:

<Tu 1 du 1 (Pu __ q
d? + 7 dr r 2 d<f2 ~
ou

r' ~ J + r ~~ + ~ T = 0 - d ')
dr dr d*ç>
Procuraremos a solução pelo método de separação das variáveis
fazendo
u = <l>(<p)X(r). (3)
Substituindo na equação (10 .obtemos:
r 2<I> (<f) i r (r) + r«I> (<p) II (r) + <I>' (<p) R (r) = II
Oll
<\
>” M . r R " (r) + r/r (r)___ .2 f4)
<U(cf) H(r)

Como o primeiro membro desta equação não depende dc r,


c o segundo membro de <p. eles são, por conseguinte, iguais a um
número 'constante que designaremos por — k2. Assim a igualdade (4)
dá duas equações:
<I>" (q>) + A-2*!» (<f) = 0, (5)
r2/?" (r) + r ! i ‘ (r) - k~H (r) = 0 . (o )
A solução geral da equação (5) será
«1 » = A co.s k(f 4 - sen A<f (ti)

Procuraremos a solução da equação (5') sob a forma R (r) = rm.


Substituindo R (r) = rm cm (5'). obtemos:

r m ( m - l ) / " ' 2 4 -rmrTn~i - lc2r'" = 0


ou
rn2 — k2 = 0 .

Podemos escrever duas soluções particulares linearmente indepen­


dentes r* c r “* A solução geral da equação (5') será

f í = Cr* 4* Dr~k (7)


Substituindo as expressões (6) e (7) em (3):
Uh = (A k cos ky 4- Hh sen A-cp) (Chr* 4 -D kr *). (8)

A função (8) será a solução da equação (10 para todo o valor


de k, diferente de zero. Se k = 0 as equações (5) e (50 escrevem-se

rl>" = 0, r f í ” (r) 4- R ’ (r) = O.


e, por conseguinte,
it0 = (A q 4 -# 0<|) (C0 4- ^ o ^ o g r) (8 )

A solução deve ser uma função periódica dc visto que para


um mesmo valor r para <? e ? + 2-n devemos chcgar à mesma solução;
trata-se. com efeito, dum mesmo ponto do círculo. Eis porque é
evidente que na fórmula (80 seja preciso que B0 = 0. Procuraremos
a solução contínua e finita no círculo Por conseguinte no centro
do círculo para r = 0 a solução deve ser finita, e por conseqüência
é preciso que na fórmula (80 D tí = 0 e na fórmula (8) D h = 0
Assim, o segundo membro dc (8') reduz-se ao produto A 0C0 que
designaremos por A0/2. Assim

Procuraremos a solução do nosso problema sob a forma de soma


das soluções do tipo (8). visto que a soma das soluções é uma
solução. A soma deve ser uma função periódica de <p. Se-lo-á também
se cada termo da soma for uma função periódica de <p. Para isso k
deve tomar valores inteiros. (Notemos que sc tivessemos igualado
os membros da igualdade (4) ao número + k2, não teríamos obtido
uma solução periódica). Podemos limitar-nos aos valores positivos

k = 1 , 2 , . . . , n,
visto que. as constantes A. D. C. D sendo arbitrárias, os valores nega­
tivos dc k não dão novas soluções particulares.
Assim

(a constante Cn está inclusa cm ,4„ c Bn). Escolhamos, agora, as


constantes arbitrárias A n e Bn de maneira que sejam verificadas as
condições iniciais (2).
Substituindo na igualdade (9) r — R, obtemos cm virtude da con­
dição (2):

Para que tenha lugar a igualdade (10) é preciso que a função


admita um desenvolvimento cm série dc Fournier no intervalo ( — t . tt)
e que A nR n e BnR n sejam os seus coeficientes de Fourier. Por con­
seguinte. A n e fín são determinados, segundo as fórmulas:

-n
n
Assim, a série (9) com os coeficientes determinados, segundo as
fórmulas (II). será a solução do nosso problema se ela puder ser
duas vezes derivada termo a termo em ordem a r c a ? (mas isso
não foi demonstrado). Transformemos a fórmula (9). Substituindo A n
c fín pelas suas expressões ( 11 ) e efcctuando certas transformações
trigonométricas. obtemos:

u (r, <f) = — j / ( * ) dt + ~ ^ | t ( 0 C03n ( r - (í ) dt ( ^ - ) =


—.i a—i —.i

( 12)
- n n = l

Transformemos a expressão que figura entre paréntesis (•):

1 + 2S f â ’ - 1+ 2 !
(s)’

n n

<-(ir _________l i 2 - r _________


f í 2 — 2 Ar cos (t — «) -f r 0^)

(•) Durante a demonstração determinamos a soma duma proçrcss3o


geométrica infinita,' cuja razio é um número complrxo de módulo inferior
à unidade. Esta fórmula da soma duma progressio geométrica pode ser
estabelecida da mesma maneira que para os números reais, ê necessário, no
entanto, ter em conta a definiçSo de limite duma função complexa da
variável real. A variável indepfcndente é aqui n (ver § 4. cap. V II, t. I).
Substituindo a expressão que figura entre parêntesis na fórmula (12)
pela expressão (13). obtemos:

A fórmula (14) chama-se integral de Puisson. Demonstra-se.


analisando esta fórmula, que sc a função / (?) for contínua, a função
u (r. <f) definida pelo integral (14) verifica a equação (10 e quando
r -* R teremos u (r. f ) -> / (?). por outras palavras u (r, ?) é a solução
do problema de Dirichlet que apresentamos para o círculo.

§11. Solução do problema de Dirichlet |»elo método


das diferenças finitas
Seja um domínio D no plano Oxy limitado pelo contorno C.
Seja dada sobre ô contorno C uma função continua /. Pedc-se para
determinar a solução aproximada da equação dc Laplace

que verifica a condição dos limites

“ Ic = /• (2)
Tracemos duas famílias de curvas
x = i h et y = kh. (3)

em que h 6 um número dado. tomando / c k sucessivamente valores


inteiros. Diremos que o dominio D está recoberto por uma grade
(quadrícula). Os pontos de intersecçâo das diferentes rectas serão cha­
mados nós da grade.
Designemos o valor aproximado da função procurada no porto
x — ih. y = kh por u t, », isto é. u (ih. kh) — u {, h. Assemelhamos
o domínio D ao domínio da grade D * constituído pelo conjunto dos
quadrados contidos inteiramente no domínio D, assim como alguns
quadrados cortando a fronteira C (pode-se não ter isso em conta).
Assemelha-se o contorno C ao contorno C* constituído por segmentos
de recta do tipo (3). Fm cada nó situado sobre o contorno C* demos
o valor /• igual ao valor da função / correspondente ao ponto mais
próximo do contorno C (fig. 377).
Não consideramos os valores da função procurada a não ser
para os nós da grade. Como já indicámos no § 6. por ocasião da
resolução pelo método aproximado, as derivadas são substituídas pelas
diferenças finitas:

tm _ Uj +t. * — + u i i■
><
ô x 2 h~

rfu _ Ulm I ~ ‘^ l . h "f l,i, <r-l


õy" x — ih , V“ “ h2

A equação diferencial (1) é substituída pela equação das dife­


renças finitas (depois da simplificação por h2):

h— 2 U f, * -f- « i - j , h+ « f , A+| — 2u,th•[• M j, * - j == 0

ou (fig. 378)

u i, a = ^ ( u l 4-i. A + M /.*+| + Ui - 1 , A + u l, * - » ) • (4)

Para cada nó da grade situa,do no interior do domínio D * (e


não situado sobre a fronteira de C*) componhamos a equação (4).

y UM »

(i-W ajo (i*W

U.K-1)
X

F ig . 377 F ig . 378

Se o ponto (x = ih. y = kh) for vizinho do ponto do contorno C*.


no segundo membro da igualdade (4) teremos os valores de /*.
Obtemos, assim, um sistema não homogêneo de N equações a N incó­
gnitas (/V é o número de nós da grelha situados no interior do
domínio D*).
Demonstremos que o sistema (4) possui uma solução que é
única. É o sistema de N equações lineares a N incógnitas. Ele possui
uma solução única no caso em que o determinante do sistema for
diferente de zero. O determinante do sistema é diferente de zero se
o sistema homogêneo apenas tiver uma solução trivial (nula).
O sistema será homogêneo se /• = 0 para os nós da grade situados
sobre o contorno C*. Demonstraremos que neste caso todos os valores
u lt k para todos os nós interiores da grade são nulos. Suponhamos que
no interior do domínio existe u tf h diferentes de zero. Para fixar
ideias. suponhamos que o maior valor desses valores é positivo.
Designemo-lo por « j, k > 0.
Em virtude da fórmula (4) escrevemos:

Uf.M — + A -H -f u i, A - l ) - (4 )

Esta igualdade apenas é verificada para o caso cm que todos


os valores u do segundo membro são iguais ao maior valor u it h.
Temos assim cinco pontos para os quais o valor da função procurada
é ü lt k. Sc nenhum destes pontos estiver sobre a fronteira, demons­
traremos tomando um de entre eles e escrevendo para ele a igual­
dade (4) que noutros pontos o valor da função desconhecida será
também igual a ü ti h. Prosseguindo assim atingiremos a fronteira e
demonstraremos que para um ponto da fronteira o valor da função
é igual a ü t. h. Mas isso contradiz o facto de que nos pontos da
fronteira f* = 0.
Supondo agora que no interior do domínio temos um valor
negativo mínimo demonstraremos da mesma maneira que sobre a
fronteira o valor da função é negativo, o que contradiz também a
condição apresentada.
Assim o sistema (4) possui uma solução que é única.
Os valores de u lt h determinados a partir do sistema (4) cons­
tituem os valores aproximados da solução do problema de Dirichlet
formulado anteriormente. Estabeleceu-se que sc a solução do problema
de Dirichlet para um dado domínio D c uma dada função / existe
(designemo-la por u(x. y) c se u ti k for a solução do sistema (4).
teremos, então, a relação
|u(a\ y) — Mit*| < A i r , (5)

em que A é uma constante independente de h.


Nota — é por vezes possível, embora isso não esteja demons­
trado rigorosamente, utilizar o processo seguinte para avaliar o erro
da solução aproximada. Seja a solução aproximada para um
passo igual a 2h, u\*l a solução aproximada para um passo igual a h.
x, y ) o erro da solução Então, temos a igualdade aproximada
nos nós comuns das grades. Assim, para determinar o erro da solução
aproximada para um passo h. é preciso determinar a solução para um
passo 2h. A terça parle da diferença destas soluções aproximadas é
precisamente a avaliação do erro da solução para o passo h. Esta
nota pode respeitar igualmente à resolução da equação do calor pelo
método das diferenças finitas.

Exorcicios

I , Estabelecer a equação das vibrações dc torção duma barra homogênea


cilíndrica.
Indicação — O momento giratório na sccção da barra dc abcissa x 6
M
determinada pela fórmula M — G I --- , em que 0(x, /) é o ângulo dc tor-
(1 x

çSo da secção da abcissa x no momento i. G o módulo dc deslize, / o


momento dc inércia polar da secção transversal da barra.
^20 ^20 /• i
Rcsp. —1 _ — cm que = . k 6 o momento de inércia da
dt* dz* k
unidade dc comprimento da barra.
»)í0
— Determinar a soluçSo d a e q u a ç S o — -— = a~ — — , q u e verifica as condições
d t* O X*

0 (U. 0 = 0, 6 (/, |)-0, 0(*,O) = Ç(I), -Q-^ , 0)- °,em que

< p ( x ) = r ^ . para 0 < x < - * ,

<F(x) = — + 2^o Para y < x < / .

Dar uma interpretação mecânica do problema. Rcsp. 0 (x. t) =

«2fiL V <-*>* W + D ™ co,


.n2 ^ (2A--j-i)a l l
A= 0
II. Estabelccer a equação das oscilações longitudinais duma barra cilíndrica
homogênea.
Indicação — Se u(x, t) designar a dcslocação da secção do cilindro dc
abcissa x no momento t. a contTacção de tracção T da secção x é determinada

pela fórmula T ~ E S —— , em que E i o módulo de elasticidade do material,


ox
S a superfície da secção transverçal da barra.

Rcsp. £fíL r= aa ,c m que a 2 ~ J L p a densidade do material da barra.


d l* ox- p

Uma barra homogênea dc comprimento 21 sob a acção das forças aplicadas


às suas extremidades curvou-se duma grandeza 2X. No instante r = 0
libcrta-se-la da acção das forças exteriores que lhe foram aplicadas. Deter­
m in a r o a fa s ta m e n to u (x . /) da sccçâo da barra de a b c is s a x no in s la n tc /
(o m e io do e ix o da b arra e s tá s itu a d o no p o n to dc a b c is s a x = 0) .

R«p. u (z, ^ J í+ ji- i. .


/idi
5. U m a b arra dc c o m p r im e n to / e s tá f ix a por um a das suas e x tr e m id a d e s
c so b rc a o u tra age um a fo rç a de e x te n s o P. D e te r m in a r as o s c ila ç õ e s
lo n g itu d in a is da b arra se pa ra i = 0 a fo rç a P não a g ir .

Rcsp J £ L V _ < _ !£ !_ nr
v fim* ZJ (2//+ 1)2 21 w 2/
n=0
(v e r o p r o b le m a 3 para o s e n t id o dc E c 5 ).

6. D e te r m in a r a s o lu ç ã o da equação ’*''■■■ = o - ---- que s a t is fa z às c o n d iç õ e s


< tl- dx-

m (0 , /) = ü. u (/, t)=-A sen ojt, u (x, U) = 0, - ^ Ü Í£ liíL = o .


01
D ar um a in te r p r e ta ç ã o m e c â n ic a do p r o b le m a .

A^ s e n <*> x
— s e n o>/

Rcsp. i/ { x . /) = ----------- a
sen — l
a

1 ^ ■
> í nna \- 1 1
“ (“ H
Indicaçco — Procurar a solução sob a forma dc soma dc duas soluções:
Ci)
.-1 sen— x senco*
u —r-l-u', ou u>= --- a
. \

é a soluçSo que verifica as condições:

^{O, 0 = 0, v(l. 0 = 0. v{x, 0) = -w(x. 0), -dv§ 0) 0>

7. Determinar a solução da equação ---1- , que verifica as condições:


dt «?x*

{ * para 0 < x < 5;-i-,



4, ~ _ ^ _ ^ L (2* + „ n,
Re<p * (X, 0 - - £ S -J— V ' '■ -- ---- 7----
n*'0

Indicação — Resolver o problema pelo método de separação das variáveis.

8. Determinar a solução da equação , que verifica as condições:


Ol óx~
U(0, z)-u (0, Z) —0, u(x, 0 ) » —

(2n+l)«naa*/
- (*. 0 ___
1 V, _____ r w.. ------ w "
- ,2"
n* ZJ (2« -I)3 l
n=0

0. Determinar a solução da equação - ^- = a- , que verifica as condições:


ol Ox-

-£ÍL| -^o. U (/, l ) r = u 0 . U ( x , O ) - I p ( i ) .


dx U=o

Indicar o sentido físico do problema.


CO
^ -cUif (2/i 1) Jt
Resp. u(x , 0 = * “o + 2 l 008 --- Tl--- X ,‘
n**CI
i
2 f /x (2 n - | - l)n x , {— l) n iu 0
cm que A n = — j <f (r) cos----g ----.
0
Indicação — Procurar a solução sob a forma ti = u0 + v (x, /).

10. Determinar a solução da equação ^ L x a- -4^r- , «J1* verifica as condições:


dt dx2

u (0 , / )= 0 . |x = j = — fíu\ x^l, u (x , 0) = if (x ).

Indicar o sentido físico do problema.

«> . . . “n-1”
P2+ r t ___ .— H— „ „ d . 1
p i
n= 1
t
em que A n = -^- y (x) sen Ü2-JL dx, p = H l, fi,. ji2, . . . . são as raízes

positivas da equação tg u = — —
P
Indicação — N a extremidade x = I da barra produz-se uma troca de calor
com o meio ambiente, em que a temperatura é igual a zero.
11. Determinar (segundo a fórmula (10) do § 6 fazendo h = 0,2), a solução

aproximada da equação 4^- — 2 -4-r . Quc verifica as condições:


dt Ox*

u (x, 0) = * í -|— x j , u ( 0 , 0 = 0, « (1 , 0 = - g - . t < 4 /.

12. Determinar a solução da equação dc Laplace L .i. — Q na zona


dx- dy-
U < x < a , 0 < y < o o , qus verifica as condições:

“ {0, V )= 0 , u (a, y) ~ 0, u(x , 0) = /l ( 1— , u (x, oo) = 0.

2A 1 - - v nnx
Resp. u (x, 0 = — 2 “ e sen ---- .
n—1
Indicação — Determinar a solução pelo método de separação das variáveis.
13. Achar a solução da equação de Laplace /'!'!*_ j . /'"!*_ = p no rectângulo
ÕX* ' dy3
0 < x < o , 0 < i / < ! 6 , que verifica as condições:

u (x, 0) = 0, u (x, b) = 0, u(0, y) = A y (b — y),


u ( a , y) = 0.

- , h (2»-4-l) n (— ») Kn <2. t !)■•»■>.


r«p . . ( , . 0 - ^ S . y
n3 (2 n - fl)* , (2«-|-l)na
n—0 sn----:---
b

14. Determinar a solução da equação + = 0 no interior do anel


oxi ày3
limitado pelos círculos x*-\-y*= fff, x*-\-y*=R|, que verifica as condições:

du
dr r- R ," + A2nfí, ’ U|r«R2- U2-
Dar uma interpretação hidrodinâmica do problema.

Indicação — Resolver o problema em coordenadas polares.

Rcsp. u = I.o iJ k .

15. A função u (x, = sen x 6 a solução da equaçSo u - > -----


dx* oy1
no quadrado 0 < x < l, 0 < v < 1 . <lu= verifica as condições:

u (0, y) — 0, u (1, y) = e- v $cn l, u (x , 0) = scnx, u (x, 1 )^ * "* sen x,

16. Nos problemas 12-15 resolver a equação de Laplace para condições dos
limites dados pelo método das diferenças finitas no caso de h = 0.25.
Comparar a solução aproximada com a solução exacta.
Na hora actual. o cálculo operacional (ou simbólico), é um dos
domínios importantes da análise matemática. Em física, cm mecânica,
cm eleclrotécnica e noutros ramos da ciência utiliza-se os métodos do
cálculo operacional para a resolução de diferentes problemas. O cál­
culo operacional encontrou uma aplicação particularmente larga na
tecnologia moderna da automação e das telecomunicações. Neste capítulo
(com base na matéria dos capítulos precedentes) serão precisamente
expostas as noções fundamentais do cálculo operacional bem como os
métodos da sua aplicação à resolução das equações diferenciais ordi­
nárias.

§ 1. O riçinal e imagem

Seja dada uma função da variável real t definida para t > 0


(por vezes consideraremos que a função / (/) está definida num intervalo
infinito — oo < t < oo . mas / (/) = 0 quando / < 0). Suporemos que
a função / (/) é contínua por corte, isto é, tal que. cm cada intervalo
finito, ela possui um número finito dc descontinuidades de primeira
espécie (ver § 9, cap. II. t. I). Para assegurar a existência de certos
integrais no intervalo infinito 0 < / < oo imporemos à função / (/)
restrições complementares. Suporemos precisamente que existem números
positivos constantes M e s0 tais que

|/ ( í | < M e '° l (1)

para todo o valor arbitrário de t tomado no intervalo 0 < t < oo .


Consideremos o produto da função / (0 pela função complexa -~pt
da variável real (*) t, cm que p = a + ib (a > 0) é um número
complexo:
' (2)

(•) A respeito das funções complexas da variável real, ver § 4, cap. V II. t. I.
A função (2) é também uma função complexa da variável real t:

e~ >"f (t) = e‘ ia+ibU/ <t) = e~n'í (t) e'**" =


= e~"'f (/) cos bt — ie "7 (/) sen bt.
Considercrcmos cm seguida o integral impróprio
■V oo CK

J e~ ptf (í) dt = J e~“7 (/) cos bt dt — i J e " 7 (0 sen ht dt. p)


0 0 0
Mostremos que sc a função /(/) verifica a condição (1) c a > s0.
então, os integrais do segundo membro da igualdade (3) existem e a
convergência desses integrais é absoluta. Consideremos, primeiramente,
o primeiro destes integrais:
Oo (X

|j ° 7 (0 cos bt dt J < j |eTa7 (0 co* 6í d t <


0 0
Ok.' oo

<M [ e-a,e’" ' d t = M ^ é~la’ ^ u dt


a — sQ
0 0
Estima-se da mesma maneira o segundo integral. Assim o integral
OO

f e~plf (/) dt existe. Ele define uma certa função dc p. que designa-
u
remos (*) por F (p) :

F (p) = ] e - ptf{t)d t. (4)


0
A função F (p) chama-se transformada de iMplace ou imagem L
ou simplesmente imagem de f (t). A função / (t) chama-se original ou
função objecto. O facto de F (p) ser a imagem da função f (t) é assim
notada:
F(p) + f(t), (5)
ou
/(O * r F(p), (íí)
ou
L { f(t)) = F(p). (7 0

(•) A função F (p ) para p ^ O é uma funç3o da variável complexa íver


entre outros o livro traduzido do russo dc V. Smionov «Curso de Matemá-.icas
Superiores», vol. III, segunda parte).
(♦•) Utiliza-se também outros símbolos de correspondências, ê assim
que cm vez da noCaçSo se emprega também o símbolo 3 c escreve-se
no caso da fórmula ((*) / (/) 3 /• (p ) (tf.d.T .).
Como veremos cm seguida o sentido da introdução das imagens
reside no íaclo de que elas permitem simplificar a resolução de nume­
rosos problemas, cm particular de reduzir a resolução das equações
dilcrcnciais ordinárias a certas operações algébricas simples que per­
mitem determinar a função imagem. Conhecendo a imagem pode-se
determinar o original quer por meio das tábuas prèviamente compostas
«original-imagcm» (dicionário de imagens) quer pelos métodos que
exporemos mais à frente. Perguntas sc põem, então, naturalmente.
Seja dada uma certa função F (p). Existe uma função f (t) em
que F ip) é a imagem? Se ela existe, é única? As duas perguntas
rcccbcm uma resposta positiva sc F (p) e / (t) satisfizerem certas con­
dições. Em particular a unicidade da imagem é estabelecida pelo
teorema seguinte que enunciaremos sem demonstração.
Teorema da unicidade — Se duas funções contínuas f (í) e (t)
possuem uma mesma imagem L F (p) essas funções são idêmicamente
iguais.
Este teorema será duma grande utilidade para tudo o que se
seguirá. Com efeito sc na resolução dum problema prálico pudermos
determinar a imagem da função procurada, e em seguida obtivermos
o original segundo a sua imagem, podemos concluir cm virtude do
teorema formulado que a função obtida é a solução do problema posto,
e que não existem outras soluções.

§ 2. Imagens das funções o 0 (f), sen t , cos /


I — A função / (/) assim determinada

j( t ) = \ para * > 0 ,
f ( í ) = 0 para t < 0
chama-se função unidade de Heaviside e representa-se por <y0 (/)• O grá-

60(t)

0
Fig. 379

fico desta função está representado na figura 379. Obtemos a imagem L


da função de Heaviside:

e - " 'd t = -
Assim (*) i
1 * 1 (8)

ou, mais exaclamente, , 1

Em ccrtos tratados de cálculo operacional chama-se imagem da


função /(/) à expressão

F * (p )= p ] e ríf(t)d t.

Neste caso tem-se : a 0 (/) le, por conseguinte, C - f (7, mais


exactamente Co 0 (í) •*- C.
II — Seja / (/) — sen /; então.
00

e pt ( —p sen t — cos t) °°_ 1


/, {sen £} = \e~ pt sen t dt =
p 2 -f- 1 o />2+ l
o
Assim,

(9)

III — Seja / (/) = cos /; então.

oc

Z- {cos t) = f e~ /,f cos / í/í = —---— — p io * / )


J„ P + 1 0 /T -f 1
Assim.

cos / ( 10 )
P-f 1

(•) N a altura do cálculo do integral \c~Pl dt poder-se-ia lê-lo represen-


‘o
tado como a soma dos integrais dc funções reais: teríamos obtido o mesmo
resultado. Esta nota diz respeito, igualmente aos dois integrais seguintes.
w

§ 3. Imagens das funções com escala modificada da variável


independente. Imagens das funções sen n t , cos a t

Consideremos a imagem da função / (at). em que a > 0:

L{f(at)} = °le-p,f{at) dt.


o

Efeciuemos uma mudança de variável no segundo integral, fazendo


z = at\ por conseguinte, dz = a dt: obtemos, então;
oo
1 _ £. Z f - i'
ou L { í(a t)) = ^ \ e a f(z)dz
0

*{/(■“)>- t K í )-
Assim, se
F ( p ) ->/(*).
entao.

(i1)

Exemplo — I. Obtemos imediatamente da fórmula (9), em virtude de (II):

ou

Xn “ * -pílT a7 • <l 2 >

Exemplo — 2. Obtemos da fórmula (10). em virtude de (11):

cos at — a
’ a
( f ) : -H
ou

cos at • p
• pz-i a i • (13)
§ 4. Propriedade de linearidade d a imagem

Teorema — A imagem da soma de várias funções, multiplicadas


por constantes, é igual à soma das imagens destas funções multiplicadas
pelas constantes correspondentes, por outras palavras, se

/ ( ( ) = 2 <",/;«) <''•>
I—l
{ são constantes) e
h (p ) - > /(/), F i( l> ) + h t0 .

então

/•'(/))== 2 ( l4'>
J—I

Demonstração — Multipliquemos todos os termos da igualdade ( 1 4 )


por e-t* e integremos cm t nos limites de 0 a oo (pondo fora os
factores C f de debaixo do sinal dc integração); obtemos a igual­
dade ( 1 4 ' ) .
Exem plo— 1. D e te r m in a r a im a g e m da fu n ç ã o

f(t) = 'ò s e n \t — 2 cos : » f .


Resolução — Em virtude das fórmulas (12). (13) e (14'). obtemos:

L { / (0 1 *= 3 , fl 2 p t + 2r} * p* + IH ~ /»2 + 2 5 '

Exemplo — 2. D e te r m in a r o o r ig in a l c u ja im a g e m é dada p e la e x p ressáo

n v 3 . 20/»

R esolução— Representemos F (p) da maneira seguinte:

f (/»)— ü-
2 ,2 ,,. p pi + (2)2 1 /»*+ (3)í

Por conseguinte, cm virtude das fórmulas (12), (13) c (14'), obtemos:

5
/(/) = _ sen 2t -f-2t» cos 3*.
6
Resulta do teorema da unicidade do § 1 que é o único original que cor­
responde à função dada F (p).
§ 5. Teorema do deslocamento

Teorema — Se F (p) é a imagem da função f (t), então. F (p + o)


é a imagem da função t~"1 f (/), por outras palavras

se F(p) -v/(/),
0. )
então. F(p + a) (15)
* * “ a 7 (í). J
(Supomos aqui que Re (p + o) > s0)-

Demonstração — Determinemos a imagem da função / (t):

L{e~ulf ( t ) } = ^ e ~ i',~,xlf ( l ) d t ^ l e ~ u‘+aUf(t)d t.


0 o
Assim.
L {*-“'/ « )} = F (P + o).
O teorema demonstrado alarga, notàvclmentc, a classe das imagens
para as quais o original pode fàcilmente ser encontrado.

§ 6. Im agem das funções ^ _ul, senh a t, cosh ctf,


er** sen a t , e-ul cos a t

Resulta imediatamente da fórmula (8) em virtude da fór­


mula (15) que

1 (16)
p + a

Dc uma maneira análoga

- a í 1'. (16')
p - a

Subtraindo dos termos da relação (160 os termos correspondentes


da relação (16) e dividindo as diferenças obtidas por 2 , obtemos:

— — )- > - (< ?a‘ - * “ “ ')


2 \p — a p 4-
P + a/ 2

ou
a
Dc igual modo fazendo a soma de (16) e de (16'):

- j-t— H -chai (18)


p —a

Resulta da fórmula (12). cm virtude das fórmulas (15):

---- ÍL--- sen at (19)


(p - O)2 4 -a2

Da fórmula (13). em virtude das fórmulas (15). resulta:

( 20 )
(p + Ct)" +

Exem plo— I. Determinar o original cuja imagem é dada pela fórmula


7
P2+ 10/, + 41

Resolução — Transformemos F (p ) dc maneira a dar-lhe a forma da


expressão do primeiro membro da rclaçâo (19):

p*+l0p-f41 W' + 5)f + 1ft 4 lM ^ F + * 2


Assim.

h (P)==T (p+ 5)i-M*


Por conseguinte, cm virtude da fórmula (19), teremos:

F (p) i* J- r-u sen \t

Exemplo — 2. Determinar o original cuja imagem i dada pela fórmula

/» - P+ 3

Resolução — Transformemos a funçáo F (p):

P+ 3 (p + D + 2 P-r 1
p2 + 2 p - f 10 9
( p - f 1 )2 + ( p + l ) * + 3 » + ( p + 1)8 + 3*

P+l + 2 3
(p + l)2 + 32 - 3 (p + 1 )2 + 3a

cm virtude das fórmulas (19) e (20), obtemos o original


2
F (p) cos 3/ -f — e~‘ sen 3/
•i
§ 7. Derivação da imagem
Teorema — Se F (/>) ~T / (í), então,

< - l)" | ^ /?(/>) ->«”/« ) <21>


dp

Demonstração — Demonstremos, primeiramente, que se / (/) veri­


fica a condição ( 1). então, o integral

(~ t)"H t)d t (22)


(I
existe
Por hipótese |/ ( l) |< Me•"*, p = a ib, a > s0; além disso
temos a > 0 e 50 > 0. É evidente que existe um número e > 0 que
verifica a desigualdade a > s0 + e. Do mesmo modo que no § 1
se demonstra a existência do integral

5 e - “, - * >' | f(t)\dt.
0
Calculemos, seguidamente o integral (22):

\\e~T'lt T,f(t)\ d t= Ue~{Q~z)te~ett"í(t)\dt.


5 o
Sendo a função e~tl tn limitada, e menor em valor absoluto do
que um certo número N para todo o valor / > 0. pode-se escrever:

J |í ■p' t " l (l) |d t < N J |e~("- e)lf (1) |dt = X J e-(“- e>' |/ (í) j dt < oo
0 0 ò
Demonstramos, assim, a existência do integral (22). Ora. este
integral pode ser considerado como a derivada de ordem n em ordem
ao parâmetro (•) p do integral

1 e~p,/ ( t ) dt
0
Assim da fórmula

F {p) = } e - '" f ( t ) d t
0

(•) Esiabilccemos no preâmbulo a fórmula de dírivaçáo do integral


definido em rclaçSo a um parâmetro real (ver § 10. cap. X I. t. I). Aqui o
parâmetro p é um número complexo, mas a fórmula dc derivação pcrmanecc
válida.
obtemos a fórmula
(X

dP’
O 0
Estas duas igualdades dão-nos

dp
u
isto é, a fórmula (21 ).
Utilizemos a fórmula (22) para obter a imagem da função
potência. Escrevamos a fórmula (8):

U i
P
Obtemos desta fórmula cm virtude da fórmula (21):

ou

7 _ > i'
De uma maneira análoga

Para n qualquer, obtemos:


nl
p-~T
n ± l -> t". \(2.'i)>

Exemplo — 1. Obtemos da fórmula (ver (12)


CO

—---= \e~>'‘ sen at dt.


P-
o
derivando o primeiro e o segundo membro cm relação ao parâmetro p:
2 pa
. « , -v- -♦/sen at. (2't)
(p\~a ) •
Exemplo — 2. Obtemos da fórmula (13). cm virtude da fórmula (21):
Exemplo -3. Obtemos da fórmula (16), cm virtude da fórmula (21):

---! _ - (2«)
< P 4 - « )J •

§ 8. Im agem das derivadas

Teorema — Se F (p ) f (t), então,

p F (p ) — /(O) -r /'(<). (27)

Demonstração — Em virtude da definição dc imagem duma função


podemos escrever:

o (2S)

Suporemos que todas as derivadas /'(O. / " (t)> .... /<n) (t), que
encontraremos, satisfazem à condição ( 1). e, por conseguinte, que o
integral (28) e os integrais análogos para as derivadas sucessivas existem.
Efectuando a integração por partes do integral do segundo membro da
igualdade (28), obtemos:

/.{/■(í))= j r «) at = e - p7 « ) C + / > ? r p'f (0 dt


rt U

Ora, segundo a condição (1)


oc

lim p,J(t) = 0 et S t " /,7 f / ) í / / = r ( p )


f-*oo o
Eis. porque
L </'(<)> = - / ( O ) + p F (p ).

O teorema está demonstrado. Consideremos, seguidamente, a ima­


gem das derivadas de qualquer ordem. Substituindo na fórmula (27) a
expressão pF (p) — f (0) em vez de F (p) e substituindo / (/) por f (t).
obtemos:
P Í P ^ ( P ) - / ( 0 ) ] - / ' (O )- T Í(n

ou. tirando os parôntesis.

p 2^ ( p ) - p / ( 0 ) - / ' ( 0 ) - > / ' ( 0 .


A imagem da derivada de ordem n será

p " F ( p ) ~ [ p n- 'f(0 ) + /> ""V (0) + . . .

. . . + p / “- 2l(0) + /<"- l ’(0)]H -/l“'(/). (30)


N ota— As fórmulas (27), (29) c (30) simplificam-se se /(0) =
= Y (0) = ... = /("- n(0) = 0. Neste caso obtemos:

*’(P )->/(«).
p F i p ) + r (o,

p nF (p ) + f n\t).

§ 9. Dicionário de imagens
Para facilitar a utilização das imagens obtidas agrupamo-las num
quadro.
Nota — Sc tomarmos para imagem da função / (/)

0
convém nas fórmulas 1 a 13 do quadro, multiplicar as expressões da
primeira coluna por p. Quanto às fórmulas 14 e 15 elas serão da
forma: como F* (p) = pF (p). substituindo na parte esquerda da fór­
mula 14 F (p) pela expressão L J J !) c multiplicando por p, obtemos:
P

w . ( _ ! ) - p £ L ( £ > ) ] ^ t7 « ).
dp \ p ) %

Substituindo na parte esquerda da fórmula 15

F i(P) = ^ , FZ(P) = ^
P P

e multiplicando por p, obtemos:


i
15 ' - r , ( p ) F l (p) f * \ / , (T ) / , (t - t ) dt.
P J
QUADRO 1

N ota — As fórm ulas 13 e 15 do q uadro ser&o estabelecidos no seguimento.


§ 10. Equação auxiliar duma equação diferencial dada
Seja dada uma equação diferencial linear da ordem n de coe­
ficientes constantes <*,. Oj. <*n •*

dnx , d n~xx dx
+ + - • - + « » -! — + « « * ( 0 = ■/(*)• ( 3 1)

Pede-se para determinar a solução desta equação x = x (/) para


/ > 0. que verifica as condições iniciais:

x (0 ) = * 0 . í ’ (0 ) = 4 , j? n- , , (0 ) = 4 " - ! ’ (32)

O problema já tinha sido resolvido da seguinte maneira: procura-


vamos a solução geral da equação (31) contendo n constantes arbi­
trárias; seguidamente determinavamos as constantes dc maneira que as
condições iniciais (32) fossem verificadas.
Exporemos agora um método mais simples de resolução deste
problema, o método do cálculo operacional. Procuraremos a imagem
L da solução *(/) da equação (31) que verifica as condições (32).
Designemos esta imagem L por x (p) ; assim x {p)-? x (t).
Suponhamos que a imagem da solução da equação (31) existe,
bem como as suas derivadas até à ordem n inclusivé (uma vez achada
a solução podemos verificar a validade desta suposição). Multipliquemos
os dois membros da igualdade (31) por c~vl cm que p = a + ib e
integremos cm i nos limites de 0 a oo:

\e~p' — rfí + o, f e- ”' — f +


dr J dtn-'
0 o
CD OO

.. . + o „ j e p,x(t)dt= j e-p’
f(l)dt. (33)
0 O

Na parte esquerda da igualdade temos a imagem L da função jr (/)


c das suas derivadas, na parte direita a imagem I. da função / (í) que
designaremos por F (p). Por conseguinte, a igualdade (33) pode ser
posta sob a forma:

, í d nx \ . , \d n~'x 1
Substituindo nesta iguaidade as imagens da função e as suas
derivadas pelas expressões (27). (29) e (30), obtemos:

0o {p a* (p ) — [ p a ,<ro 4 - p" ^ i f f p " 3*o + *- - + xo' ' J}+

T a i{p '-*■</>)— (p ” “J o 4 - P ' xo4* •••4* 4~

4r a„_,{p.r(/>) — |x0]} + anx ip) = F(p). (34

A equação (34) chama-se equação auxiliar ou equação imagem.


Nesta equação a incógnita é a imagem x (p), que determinamos a
partir desta equação. Transformemos esta equação deixando no pri­
meiro membro os termos que contêm z (p):

x(p) íCJoP'>4 - aiP' 1 4- •••4* «»■-\P + =


== <lv\pn '•*<) + P '*0 + “ • + *Ò‘ * j "T
4 - «, lPn-*x»4 - Pn' % 4 - •••+ xou~2'] +

4 - a lt- 2[pxo 4- x 'o] + « n N 4- F(P)- í34')


O coeficiente de x (p) no primeiro membro da igualdade (340
é um polinómio em p de ordem n que se pode obter sc no primeiro
membro da equação (31) se substituir as derivadas pelas potências
correspondentes dc p. Designemo-lo por tpn ( p ) :

<P«(p) = aoPn 4- otp n 1 4“ • • • 4~ an-\P 4" an* (35)


O segundo membro da equação (340 está assim composto:
o coeficiente é multiplicado por x0,
o coeficiente a„_2 é multiplicado por px0-f x'0
o coeficiente a , é multiplicado por pn 2*o 4 - pn~*x» 4* ••• 4 - a^ n - 2 ) ,
o coeficiente Oo é multiplicado por p n~lx 0 -f pn~2x'tí 4* . . . 4 ”

Façamos a soma de todos estes produtos. Juntemos ainda a


imagem do segundo membro da equação diferencial F (p). Todos os
termos do segundo membro da igualdade (340. excepto F (p), cons­
tituem após agrupamento dos termos semelhantes, um polinómio de
grau n — 1 cujos coeficientes são conhecidos. Designemo-lo p o r ^ n_, (p).
Assim, a equação (340 pode ser escrita:

í( p ) Ç n ( p ) = * » » -l( P ) 4 - F(p).
Determinemos x (/>) desta equação:

x (p )M l ) . + ZÍ£\ (36)
(p) <Pn ÍP)

Resulta que x (p ) assim determinado, é a imagem da solução


x (/) da equação (31). que verifica as condições iniciais (32). Sc agora
determinarmos a função jc* (/) cuja imagem é a função x (p), definida
pela igualdade (36). resultará, então, do teorema da unicidade for­
mulado no § 1 que x* (t) é a solução da equação (31) que verifica
as condições (32), isto é,
**(/) = * « ) .

Se a solução da equação (31) for obtida pelas condições iniciais


nulas: x0 = x'„ = x“ = ... = = 0. então, na igualdade (36), tere­
mos if n-1 (p ) = 0 e ela será da forma

«F.. ÍP)
ou

= a0p -f- a,p —. . 1 -—an -


-f.. (36')

Exem plo— 1. Determinar a soluçSo d a equaçSo

que verifica a condiçSo x = 0 para / = 0.


Resolução — Formemos a equaçSo auxiliar

~ X (P) (P+ 0=0-f--4- ou x (/>) .


P (P-l)P
Decompondo a fraeçáo do segundo membro em fracçóes elementares,
obtemos:
x (p ) = ------------------ .
P •P + 1
Utilizando as fórmulas 1 c 4 do quadro I, encontramos a soluçSo:

x (/) = 1
Exemplo — 2. Determinar a soluçSo da equaçSo

que verifica as condições inidais: x0 = x^ = 0 pâra r = 0.


Resolução — Escrevamos a equação auxiliar (34')

* (P) (Pa + 9) = 4 - ou *(P)


P P (P* 4* 9) *
Decompondo esta fracçâo em fracções elementares, obtemos:
1 1
~-Q~P “õ"
• w - li+ r + T -
Em virtude das fórmulas 1 e 3 do quadro 1, obtemos a soluçSo:

*'( 0 = --g-cos3*4-^- •
Exemplo — 3. Determinar a solução da equação

d2x + 3-£-+2* =
dta ' d/
que verifica as condições iniciais: x0 = *ó “ 0 para 1 ~
Resolução — Escrevamos a equação auxiliar (340

*(P )(P a + 3p + 2 ) = - l-

ou

X(p):
1 1 1
P2 (P 2 + 3p + 2) p 2 ( p + i) ( p + 2 ) -

Decompondo esta fracção em fracções elementares pelo método dos


coeficientes indeterminados, obtemos:
. . 1 1 31 , 1________ 1_
• W - T ? - T p + P+1 4 ( P + 2) •

Segundo as fórmulas 9, I e 4 do quadro I, obtemos a solução:

* ( ') = T ‘—
Exemplo — 4. Determinar a solução da equação

** - .Z ^ L + ^ s e n ,.
d t* 1 dt
que verifica as condições: x0 — 1 , * j = 2 para t = 0.

R esolução— Escrevamos a equação auxiliar (340

*(P ) (Pa + 2p + 5) = p - l- f 2 + 2 - 1 + £ , { * n 0
ou
1
* ( p ) (P 2 + 2p + 5) = p + 4-
P *+ * ’
donde obtemos x (p):

p*'+ 2p + 5 ^ ( P * + 1) (Pa + 2 p + 5 ) *
Decompondo esta última fracção do segundo membro cra fracções ele­
mentares, podemos escrever:

J í_ p + 4 - ± p +±
\ 0P 10 P r 5
X(P) p *+ 2p + 5 p*+ l
ou
11 p+ 1 29 2
x{p}~~ 10 ' (p-+1)2 + 2* + io-2 ' ( p - f l ) » + 2*

___!____ £ , _L _ i _
10 V + i 1 5 P *+ 1 •

Em virtude das fórmulas 8, 7, 3, e 2 do quadro 1, obtemos a solução:

11 29 1 1
*< *)— jg- e' t c o s 2 í+ — <*-' sen2f — cosr + -y sen t

ou, finalmente:

1 (lü - cos2, + -Í- “ a ) — h c“ “ + T ‘eo'-

§ 11. Teorema da decomposição

Resulta, da fórmula (36) do parágrafo precedente, que a imagem


da solução duma equação diferencial linear sc compõe de dois termos:
o primeiro é uma fracção racional regular dc p, o segundo termo
uma fracção em que o numerador é a imagem do segundo membro
da equação F (p) e o denominador do polinómio <p„ (/>).
Se F (p) é uma fracção racional, o segundo termo será também
uma fracção racional. É preciso também, saber encontrar o original
cuja imagem é uma fracção racional regular. Abordaremos esta ques­
tão no presente parágrafo. Suponhamos que a imagem L duma certa
função é uma fracção racional regular de p:

(P)
<Pn(P)

Pede-se para achar o original. No § 7 do cap. X , t I, mostramos


que cada fracção racional regular pode ser representada sob a forma
de fracções elementares de 4 tipos:
I I I ---- âJL . J i — onde as raízes do denominador são com-
P2 i-«iP-raa

plexas, isto é. is _ a 2 < 0 ,

IV. — — — r , onde k > 2, as raízes do denominador


(p-+ ««/>-!- a2)k
são complexas.
Encontremos o original para cada uma das quatro fracções ele­
mentares. Para as fracções do tipo I, obtemos, cm virtude da fórmula 4
do quadro 1 :
- A - + Acnt.
p- a

Para a fracção do tipo II. cm virtude das fórmulas 9 e 4 do


quadro 1 . obtemos:
-4— k -V A (37)
(p - a )* ( * - 1)1
Consideremos agora as fracções do tipo III. Efectuemos as se­
guintes transformações-
Ap-f / i Ap + B

A (p + 2 ) + 1( - 7 1) P+ 2

1[P + f ) + ( V o - i ) r
IV
4 '
1
+
( • - T 1)

Designando aqui o primeiro e o segundo termo, respectivamente


por M e N. obtemos, em virtude das fórmulas 8 e 7 do- quadro 1:
Assim, finalmente:

Ap + B
x
P" <l\P H- °2

^ A<l{ ____

X A cos t " j / o* — -í- --- -----— sen t j / a2 — — (38)


L 4 y « , - £ l 4 J
v ' 4
Não abordaremos aqui as fracções elementares do tipo IV para
não nos lançarmos em cálculos bastante fastidiosos. Para alguns casos
particulares esta questão será analisada mais adiante.

§ 12. Exemplos de resolução das equações diferenciais e dos


sistem as de equações diferenciais pelo método do cálculo
operacional
Exemplo— 1. Determinar a solução da equação
J*x , ,
- _ - } - 'ix « ie n àx,

que verifica as condições iniciais xn = 0, x^ — O para / = 0.


Resolução — Formemos a equação auxiliar (34')

- 3 -. . 3
* (P) (P2 f 4) - -p r z 9 • X (P>=S (p i x. y) (p i 4)
ou
3 3
" T . T 1 _3_____, 3 a
x w " pZ j ~ 9 + 4 5 ’ "/>* - i- Ô 1U pa -r -í ’

donde obtemos a solução

x ( 0 = - ^ **o2/ — g- k b 3í .

Exemplo — 2. Determinar a solução da equação


d3x
-di?+z = 0 -
que verifica as condições iniciais: x0 = 1, x'Q 3, xj = 8 para 1 = 0.
Resolução — Formemos a equação auxiliar (34')

*(/>) (P3 - M )“ pM -f-/»*3 ;-8,


obtemos
_ v ;,* x 3 p + 8 P»4-3p-L8
I[ P P3 -^ t ( P + l ) ( P a — />-+- D '
D;componhamos a fracção racional obtida cm fracções elementares:

P2 -f-3p + 8 _ 2 j___— p - f6 _2_. 1______


(P + 1)(P* — P + 1 ) P+ l P 2- P + l P+l
1 1 /5
P 2 . 11 2

( '- t H / Í ) ' ' ' V t H W


Utilizando o quadro 1, escrevemos a soluçSo:

*<,?= 2,-1 + ',í' .

Exemplo — 3. Determinar a solução da equação

efix
-j-y-f x = iros 2l.
at*

que verifica as condições iniciais: x = 0, *õ “ 0 f = 0.


Resolução — Escrevamos a equação auxiliar (34')

5 (rt(P * + « )- 7 i ^ r - j j r x s j r -

donde
5 I ,5 1 .8 1
1 (P) ~ O
9 />a+l 1 9 pa + 4 ^ 3 (/>* + 4)* *
Por conseguinte.

x (/) =» — sení-f-A-sen 2* + - j *cn 2 l — t cos 2/ ) .

Ê evidente que o método do cálculo operacional permite igualmente


resolver os sistemas dc equações diferenciais lineares. Mostremo-lo no exemplo.
Exemplo — 4. Determinar a solução da equação

£ + 4 * + 3 ,- 0 ,

que verifica as condições iniciais: x = 0. y = 0 para t = 0.

Resolução — Designemos x(í)-<j-x(p), y(t)-*-y(p) e escrevamos o sistema


das equações auxiliares:

3P+ 2 ) x <p) + py (p) = —


P
P ^(P )4 -(4p-f- 3)y(p)= o.
Resolvendo este sistema, obtemos:

* , ni 4P + 3 1 1__________
P ( P + D ( l l P + 6) 2p 5 (p + l) 1 0 ( llp + 6 )’
- , ________ 1 1 / 1 11 \
y{P) (llp + 6 )(p + 1 > 5 \p + 1 l lp + 6 / '

Segundo as imagens obtemos dc cada vez o original, isto é, as soluções


procuradas do sistema:

y<<)=-5- 11 )■

Resolve-se. duma maneira análoga, os sistemas lineares dc ordem superior.

§ 13. Teorema do enrolamento (Convolution)

Na altura da resolução das equações diferenciais pelo método


do cálculo operacional servimo-nos repetidas vezes do

Teorema do enrolamento — Se F, (p ) e F2(p) são as imagens das


funções L (t) e f2 (/). isto é, se

entâo, F» ip) F 2 (p) é a imagem da função

S / « (x) / 2 (< — x) rfx,


0
por outras palavras

G>) f . (P )- *Í/| (T )/ » ( « - * ) * . (39)


0
Demonstração — Determinemos a imagem da função

S / i CO h (t ~ "0 dx,
o
partindo da definição de imagem

L \S / i ( t ) / 2 ( í — t )< í t ) = ]e T'[ fi{x )ft (t — x)dx]dt.


0 0 0
O integral do segundo membro é um integral duplo, que sc
toma no domínio limitado pelas rectas r = 0. r = / (fig. 380).
Mudando a ordem de integração neste inte­
gral. obtemos, então:

= 1[fi(x)]e-p'h(t-x)dt}dT .
Kijf. 380 0 x
Efectuando a mudança de variável t — r = z no integral interior,
obtemos:

í <•' ’" h {t - T) dl = ] r C'-'+% (z) dz =


X 0

= e-pih{z)dz = <■-*' Fz(p).


0
Por conseguinte.

£ ( S / i W / * ( * — ‘0 * 1 — \1i{r)*~P'F 2(p)dT =
o o
= F2(p) J ê~pTfi (t ) dx = (P).
0
Assim.

J /i (*) /a V “ T) dt +- F x(p) Ft(p).


o
É a fórmula 15 do quadro 1.

N ota— I. A expressão J /, ( t ) /* (* — t) dx chama-se enrola-


o
mento (ou produto de composição) das duas funções U (0 e /3 (/).
A operação do cálculo correspondente chama-se transformação de
enrolamento de duas funções e tem-se. então.
i /
S / 1 (T) / 2 ( * — t ) dx = J / , << — x ) fz ( t ) dx.
0 0
A validade desta última igualdade pode ser estabelecida efectuando
a mudança dc variável t — t = z no integral do segundo membro.
Exemplo— Determinar a solução da equaçáo
d*x
-^r + * * / ( l) ,
que verifica as condições iniciais: ar0 = xó = 0 para / = 0.
Resolução — Escrevamos a equaçSo auxiliar (34)

*(P ) (P2 + 1 ) * = / (P),

cm que F (p) 6 a imagem da função / (r). Por conscguintc, x (p) ■ * . F (p),


1 r ; >
mas ^ ^ ^— V sen / e F (p) /(O- Aplicando o teorema do enrolamcnto (39)
c designando = F2 (p), F (p) = F t (p), obtemos

l
( 0 — ( / ( l) sen ( í— (40)

N o ta— 2. Com a ajuda do leorema dc enrolamcnto pode-se


determinar fàcilmcntc a imagem do integral duma dada função, sc
sc conhecer a imagem dessa função; precisamente se F (p) -*■ / {/)
então,
i

jFfp)-* (II)
0
Com efeito, se introduzirmos as notações

/, (O = / (0. /2 (0 = 1. então. F, (fi) = F(p). Fz(p) = - .


P
Substituindo estas funções na fórmula (39). obtemos a fórmula (41).

§ 14. Equações diferenciais das oscilações mecânicas.


Equações diferenciais d a teoria dos circuitos eléctricos
Sabe-se da mecânica que as oscilações dum ponto material de
massa rn são descritos pela equação (*)

** + ± ^ + ± x = ± f l( l) : (42)
dr m dt m m

designando aqui x o vértice do ponto duma certa posição, k a rigidez


do sistema elástico, por exemplo da mola. a força dc resistência ao
movimento é proporcional (com um coeficiente dc proporcionalidade \)
no primeiro grau da velocidade, f, (f) é a força exterior ou dc per­
turbação.

(•) Ver, por exemplo, cap. XIH, § 26. t. II. em que se estabeleceu uma
equaçSo deste gênero na altura do estudo das oscilações dum peso fixado
a uma mola.
A solução duma equação do tipo (42) descreve igualmente as
pequenas oscilações de outros sistemas mecânicos com um grau de
liberdade, por exemplo, as vibrações de torção do volante sobre um
tronco flexível, se x for o ângulo de rotaçãc
do volante, rn o momento dc inércia do
volante, k a rigidez à torção do tronco e
mfi (/) o momento das forças exteriores em
relação ao eixo de rotação. As equações do
tipo (41) descrevem não some