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RESUMO
2. INTRODUÇÃO
3.1 Hipnose
3.3 Psicanálise
4. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
4.6.2 Expectativa
4.6.4 Materialização da fé
5.5 Sugestão
5.8 Curas
5.9 Persistência
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
1. RESUMO
Esta pesquisa objetiva analisar as informações sobre práticas de alguns líderes religiosos que
utilizam PNL, hipnose, e expondo as comparações apontadas por especialistas em psicologia,
psicanálise, hipnose e PNL, bem como listar alguns procedimentos destes líderes alusivas a
hipnose de palco, sugestão, confissão positiva, a importância da expectativa do público, fé
depositada em uma pessoa ou instituição, expor a explicação sobre curas "milagrosas"
proposta por alguns autores, culminando numa adesão massificada e duradoura de seguidores
fiéis. Para tanto o método de coleta de dados foi pesquisa bibliográfica, através do conteúdo
levantado no referencial teórico sobre o emprego da psicologia, identificando e comparando o
procedimento em cerimônia religiosa com princípios da hipnose de palco e PNL. Este estudo é
relevante para pastores, líderes e também estudantes de teologia. Enfim, é possível confirmar
a hipótese de que princípios da PNL e da hipnose são realmente utilizados por certos líderes
religiosos, como um desvio de finalidade primária destas ciências e da própria religião.
2. INTRODUÇÃO
Outros líderes com plena consciência do que estão fazendo, cristãos no discurso e ateus no
mais profundo de seu íntimo, manipulam e exploram, sem nenhum constrangimento ou
temor, a fé e a sinceridade das pessoas, com um único objetivo de ganhar dinheiro. É tão
somente um negócio lucrativo e próspero, que tem isenção de impostos e não tem
responsabilidade pelos fiéis que não conseguem o que almejam. É bom destacar que este
“ateísmo na prática” é uma expressão de linguagem e não quer dizer que todo ateu é mau
caráter.
Das técnicas psicológicas, a hipnose, é utilizada há muito tempo por xamãs e sacerdotes, ainda
que de maneira inconsciente, do saber da hipnose dos dias atuais, e ao conhecimento da
psique humano como ciência. Nisso se soma os fatores culturais, crenças e cosmovisão de um
público-alvo de tais métodos.
Práticas hipnóticas e PNL são geralmente aplicadas em igrejas neopentecostais e com forte
ênfase na teologia da prosperidade, logo antropocentristas, porém algumas técnicas sutis são
acampadas por denominações pentecostais e também tradicionais ou históricas. Um exemplo
simples, que acontece em qualquer igreja, independente da linha, tradicional, pentecostal ou
neopentecostal é: ao se realizar uma oração ou uma conclusão, com tom emotivo, ao falar do
pastor uma música de fundo, suave, envolvente e emotiva, associando-se as palavras do
orador, podem ser fixadas mais facilmente na mente do ouvinte. Devido à emoção que a
musica alude, a crítica é rebaixada e se enfraquece, abrindo assim uma porta direta no
inconsciente das ovelhas.
Dessa maneira, a exemplo de um filme, que é indispensável à música de fundo para reforçar o
sentido da cena, dar um clima de ação, drama, romance entre outros.
Esta técnica de música ao fundo foi adotada pela totalidade das denominações, variando
somente de igreja local para igreja local, em que em algumas houve um desvio de finalidade,
antes o louvor para Deus, agora instrumento de manipulação e preparação de um ambiente de
preparação psicológica dos ouvintes, gerando emoção, comoção e expectativa.
Seguindo essa linha, na obra de Jaime Moura, observa que são adicionados outros
procedimentos de entretenimento na cerimônia de culto, bem como, os métodos usuais da
celebração são operados através de técnicas psicológicas para atrair e segurar a atenção do
povo ávido por diversão e novidades, sem nenhuma relação com uma sobrenaturalidade de
origem divina ou uma intenção de cultuar Deus.
Na atualidade, são inúmeras as críticas que boa parte das denominações evangélicas recebe
por tantas loucuras em seus eventos em nome de Deus, danças, batuques, catarses,
“milagres”, expulsão de demônios, é um “entretenimento gospel” que tem a intenção de
deixar a plateia maravilhada e mais facilmente manipulada.
A maior crítica, sem dúvida, recai sobre os apelos por ofertas em dinheiro, através de
pregações com base em versículos bíblicos que tem seu sentido completamente distorcido,
campanhas, correntes, venda de objetos “abençoados”, e a promessa em nome de Deus e na
fé do indivíduo o mesmo alcançará a graça almejada, remetendo a um sistema de barganhas
nos moldes do paganismo.
Frente a tantas heresias, absurdos, distorções bíblicas, maus testemunhos vividos por vários
líderes famosos, maus testemunhos vividos pelos próprios seguidores, em forma de toda
imperfeição humana como invejas, divisões, soberba, pecados sexuais, avareza, insensibilidade
ao sofrimento alheio. Mesmo assim, com todos estes problemas e desvios expostos na
atualidade, por que estes tipos de igrejas lotam? Porque estes tipos de comunidades não
cessam de crescer? A que se deve tanto sucesso financeiro destas empresas da fé, já que são
hereges em seus fundamentos e assim não pode haver nenhuma vontade de Deus nestes
casos?
Para se chegar ao objetivo geral será necessário elencar as características principais da hipnose
de palco, técnicas de PNL, expondo as comparações apontadas pelos autores nas pesquisas
bibliográficas, com o que é aplicado na pregação e em todo tipo de evento religioso.
Este trabalho de pesquisa se justifica porque pode agregar conhecimento a muitos pastores e
principalmente estudantes de teologia que, naturalmente copiando o sistema e ambiente que
vivem pautam seu sucesso ministerial ao número de membros, a quantidade de
departamentos de sua igreja e ao tamanho do prédio, que ora venha liderar. Veem-se
tentados ao pragmatismo, ao passar despercebido um grande problema em que pessoas
escolherem somente aquilo que querem como objeto de satisfação e não por aquilo que
realmente são necessidade e que, em muitos casos é antagônico ao prazer.
Este estudo também reforça a doutrina bíblica do poder do Espírito Santo no convencimento
do pecado, tão necessário para o líder religioso cristão. É assaz que o estudante tenha
consciência de que técnicas humanas somente conquistarão adeptos e não componentes de
igreja de Cristo. O estudo pode aplacar a perplexidade com o sucesso daqueles que pregam
mentiras. Esta certeza é vital para quem se sente chamado para pastorear e liderar uma
comunidade.
O trabalho de pesquisa foi exclusivamente bibliográfico, como exigido pela instituição, foram
pesquisados vários livros de hipnólogos consagrados, que, escreveram sobre a relação da
religião com a prática hipnótica desde a antiguidade até os dias atuais. Também outros autores
da área de psicologia, religião e psicanálise, foram utilizados como fonte de pesquisa,
periódicos, matérias e trabalhos publicados na internet de domínio público.
A estrutura dos capítulos foi montada conforme o modelo disponibilizado pela instituição. O
primeiro capítulo trada da hipnose, PNL e psicanálise, demonstrando seus conceitos básicos,
história e constituição.
E por fim o terceiro capítulo que trata relação entre a hipnose, PNL e a religião, na visão de
autores especialistas em hipnose e que denunciam essa prática mascarada nos púlpitos por
líderes, ora inescrupulosos, ora desavisados. Temos autores ateus que querem explicar os
fenômenos ocorridos no meio cristão, um e outro com certo teor militante. Outros autores
cristãos que, denunciam o joio, alentando os irmãos sobre este evangelho anátema.
3.1 Hipnose
Do grego Hypnos que significa sono sendo na mitologia grega deus do sono que era chamado
Somnus pelos romanos. A palavra hipnose foi usada pela primeira vez pelo médico escocês
James Braid. (ALMEIDA e MADJAROF, 2014)
Hipnose é um estado de inconsciência semelhante ao sono, que pode ser provocado por
indução utilizando palavras, toques e também a observação de objetos em movimento
repetitivos.
Para Antônio Almeida Carreiro, 2012, as definições de hipnose estão longe de estar esgotadas
devido às inúmeras sustentações teóricas, por ser um tema que vai além das próprias
explicações. Ou seja, ninguém ainda tem uma resposta completa, definitiva do tema.
O entendimento dos conceitos até então conhecidos sobre hipnose foram construídos através
de concepções teóricas fundamentadas nas mais diversas perspectivas como a teológica,
antropológica, antropogênica, etimológica, sociológica, psicológica e neurofisiológica.
(CARREIRO, 2012, p. 13)
Estudiosos no assunto afirma que a hipnose sempre existiu, porém num sentido de “estado
hipnótico”, e não uma indução hipnótica formal. Tribos e povos primitivos utilizavam tambores
e danças, ainda que inconscientemente, para induzir um estado de transe. (PUENTES, 1999, p.
19). A origem da hipnose é desconhecida, o que estudiosos defendem é que povos antigos
como os astecas, os maias, os persas, os egípcios e os gregos utilizavam a hipnose como meio
de cura.
No Egito, 300 a.C os sacerdotes induziam um transe no “Templos do Sono” a fim de cura de
doenças. “Essa prática foi exercida pelos antigos gregos e babilônios. Era também
frequentemente utilizada no antigo Egito, nos templos de Isis e Serápis, com efeitos
semelhantes aos do hipnotismo.” (NETTO, 1994, p. 283)
No século XI Avicena (Abu Ali al-Husayn ibn Sina, 980 – 1037), sábio, filósofo e médico
iraniano, acreditava que a imaginação era responsável capaz de adoecer e de curar pessoas.
No campo da hipnose, Avicena afirmava ser possível atuar fisiologicamente por meio da
imaginação, da palavra, da vontade e da persuasão. (CARREIRO, 2012, p. 74)
Franz Anton Mesmer (1734-1815), considerado o pai da fase científica da hipnose, ele
acreditava que as curas eram produzidas pela redistribuição de algum tipo de fluido cósmico,
em que nominou de magnetismo animal.
James Braid (1795-1860) médico escocês elaborou, pela primeira vez, um trabalho científico,
sobre o fenômeno do sono provocado por um magnetizador.
Braid conclui que nem o magnetismo dos ímãs poderia induzir a um estado hipnótico e a
consequência das curas. (CARREIRO, 2012, p.113). “Hypnos” que em grego significa sono. Braid
utilizou essa palavra para definir a natureza do estado hipnótico, refutando os fluidos
magnéticos vindos dos olhos e das mãos magnetizador. (PUENTES, 1999, p. 33) Braid, oculista,
acreditava que a fixação do olhar num ponto luminoso produzia um estado hipnótico, pois
cansava os músculos ao redor dos olhos.
Liébaut (1823-1940) com sua teoria do sono hipnótico era idêntico ao sono natural, ou seja,
era somente psicológica. Algust Liébaut com Hippolyte Bernheim (1837-1919) publicaram o
primeiro livro que se conhece sobre hipnose, também foram os primeiros a defender a
hipnose como normal. (PUENTES, 1999, p. 33). Fundadores da escola de Nancy. Trataram mais
de 12 mil pacientes com hipnose e atraíram grandes nomes, como Freud. Muitos historiadores
conferem a Liebeault a paternidade do hipnotismo médico. (CARREIRO, 2012, p. 123) Em
Nancy atendiam num clínica, seus resultados atraíram autoridades no assunto. Liébeaut
defendia a interferência no físico pelo psíquico, e deu início a hipnose como tratamento
médico.
Pierre Janet (1859-1974) era diretor do Hospital Salpétriére, Janet estudou a influência das
emoções nas disfunções orgânicas e um dos fundadores da medicina psicossomática. No
entanto, Janet defendia que a hipnose não poderia curar a origem das doenças. “Pierre Janet
(1859-1947) sucessor de Charcot, deu uma importante contribuição para a teoria da
dissociação como uma explicação para o processo hipnótico.” (CARVALHO (ORG), LODUCA, et
al., 1999, p. 226)
Iwan Petrowitch Pavlov (1849-1936) inicia uma nova fase nos estudos da hipnose, dedicado à
pesquisa científica, encara a hipnose com uma visão puramente científica, um fenômeno
neurofisiológico, assim definindo como “Escola Russa”. (CARREIRO, 2012, p. 174)
Segundo Antônio Carreiro, a PNL é definida como “um conjunto de técnicas de comunicação
verbais e não verbais que levam o indivíduo a uma maior harmonia com o meio e consigo
mesmo.” (CARREIRO, 2012, p. 190) Uma definição mais ampliada de CONNOR e SEYMOUR
define a PNL, como ciência, mais também como arte. Foca no método e na obtenção dos
resultados, definindo o processo como “modelagem”.
PNL é o estudo da excelência humana. PNL é a capacidade de dar o melhor de si mesmo com
mais frequência. PNL é o método prático e eficaz para realizar uma mudança pessoal. PNL é a
nova tecnologia de sucesso. PNL é a sigla para Programação Neurolinguística.[…] Neuro refere-
se ao nosso sistema nervoso, aos caminhos mentais dos nossos cinco sentidos de visão
audição, tato, paladar e olfato. Linguística refere-se à nossa capacidade de usar uma linguagem
e à forma como determinadas palavras e frases refletem nossos mundos mentais. Linguística
refere-se também à nossa “linguagem silenciosa” de atitudes, gestos e hábitos que revelam
nossos estilos de pensamento, crenças e outras coisas mais. Programação veio da informática,
para sugerir que nossos pensamentos, sentimentos e ações são simplesmente programas
habituais que podem ser mudados pelo upgrade do nosso “software mental”. (ANDREAS e
FAULKNER, 1995)
A PNL é vista como uma ferramenta que auxilia moldar a excelência humana, trazer a tona os
reais e mais excelentes talentos no “fundo do baú” do inconsciente, presos e escondidos pelos
bloqueios e traumas. Não só descobrir o uma habilidade natural em fazer algo muito bem, e o
talento mais importante de todos que distingue a raça humana das outras espécies que é a
aprendizagem e aperfeiçoamento em algo que julga não possuir um talento natural.
A chave está em identificar a essência de sua habilidade,[...]. Em PNL, essa essência chama-se
modelo. Quando se aplica esse mesmo principio à PNL, ele se estende a todos os aspectos das
experiências de uma pessoa. Você pode querer melhorar os seus relacionamentos, eliminar
uma ansiedade, ou se tornar mais competitivo no mercado. (ANDREAS e FAULKNER, 1995)
Luiz Carlos Aparício, pastor e professor, em sua matéria publicada no site Instituto Cristão de
Pesquisas o ICP, aborda o assunto com um tom crítico, apontando o viés humanista da PNL.
Uma técnica utilizada por profissionais de autoajuda que visa levar o individuo a confiar no
poder de suas próprias palavras, como fonte motivadora de transformação pessoal,
adquirindo, assim, valores positivos que determinarão o sucesso em todas as áreas da vida:
emocional, profissional, financeira, etc. É assim que a Programação Neurolinguística se define.
No Brasil, no campo da PNL, o dr. Lair Ribeiro é a figura mais destacada. A filosofia subjacente
a essa técnica é a de que o homem é aquilo que ele pensa. Nisto está imbuída a ideia de
autossuficiência. A PNL utiliza basicamente as técnicas de Visualização, Meditação, Intuição,
Hipnose ou regressão hipnótica e Confissão Positiva; todas essas “técnicas” são utilizadas em
conjunto. (APARÍCIO)
“Bandler e Grinder reelaboraram esses padrões e criaram um modelo de estilo claro, capaz de
proporcionar uma comunicação mais eficaz, uma mudança pessoal, uma aprendizagem mais
rápida e, evidentemente, uma melhor maneira de usufruir a vida.” (O' CONNOR e SEYMOUR,
1995, p. 20)
Blander e Grinder queriam fazer um modelo único de terapia e que pudessem treinar outras
pessoas com uma comunicação melhorada, promovendo uma mudança pessoal. Neste
modelo, é perceptível a identificação com a hipnose, pelos conceitos, a manipulação do
inconsciente.
3.3 Psicanálise
A psicanálise será brevemente abordada por conta da sua relação história e constitutiva com a
hipnose e também com o objeto principal de estudo, o aparelho psíquico humano
principalmente na parte inconsciente. Também se justifica pelo fato de que atualmente muitos
pastores lançam mão da psicanálise em seu dia a dia.
A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud, com base, decisivamente, nos trabalhos de
Josef Breuer que utilizava a hipnose como meio terapêutico nos casos de histeria. (FREUD,
2006, p. 217) O objetivo era tratar doenças nervosas, que até então impossíveis de se tratar
com a medicina. Os primórdios da psicanálise são então os estudos sobre histeria de Breuer e
Freud.
A psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início tinha apenas um único objetivo
– o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas
‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento
médico. (FREUD, 2006, p. 215)
Esta proposta, psicanálise, se firma definitivamente quando Freud abandona a hipnose e adota
a associação livre. Freud se empenha em aperfeiçoar as contribuições deixadas por Breuer
deixando a hipnose por não ter sucesso na indução em número satisfatório de casos e
insatisfeito com os resultados daqueles que a indução era feita com sucesso.
Logo após a publicação de Estudos sobre a Histeria, a associação entre Breuer e Freud
terminou. Breuer, que na realidade era consultor em medicina interna, abandonou o
tratamento de pacientes nervosos e Freud dedicou-se ao aperfeiçoamento ulterior do
instrumento que lhe deixara seu colaborador mais idoso. As novidades técnicas que introduziu
e as descobertas que efetuou transformaram o método catártico em psicanálise. O passo mais
momentoso foi sem dúvida sua determinação de passar sem a assistência da hipnose em seu
procedimento técnico. Procedeu assim por duas razões: em primeiro lugar porque, apesar de
um curso de instrução com Bernheim em Nancy, ele não conseguia induzir a hipnose em um
número suficiente de casos, e, em segundo, porque estava insatisfeito com os resultados
terapêuticos da catarse baseada na hipnose. É verdade que esses resultados eram notáveis e
apareciam após um tratamento de curta duração, porém demonstravam não serem
permanentes e dependerem demais das relações pessoais do paciente com o médico. O
abandono da hipnose causou uma brecha no curso do desenvolvimento do procedimento até
então e significou um novo começo. A hipnose, contudo, desempenhara o serviço de restituir à
lembrança do paciente aquilo que ele havia esquecido. Era necessário encontrar alguma outra
técnica para substituí-la e a Freud ocorreu a ideia de colocar em seu lugar o método da
‘associação livre’. Isso equivale a dizer que ele fazia seus pacientes assumirem o compromisso
de se absterem de qualquer reflexão consciente e se abandonarem em um estado de tranquila
concentração, para seguir as ideias que espontaneamente (involuntariamente) lhe ocorressem
- ‘a escumarem a superfície de suas consciências’. Deveriam comunicar essas ideias ao médico,
mesmo que sentissem objeções em fazê-lo; por exemplo, se os pensamentos parecessem
desagradáveis, insensatos, muito sem importância ou irrelevantes demais. (FREUD, 2006, p.
219)
Com a insatisfação de Freud com a hipnose, decide então utilizar a associação livre que
inaugura definitivamente a psicanálise. Antes com a hipnose o paciente era induzido a um
transe, agora, motivado a falar de modo consciente.
Atualmente não são poucos os pastores e líderes que optam por formação em psicologia e
psicanálise com o intuito de agregar conhecimento e melhorar a comunicação e a
compreensão com seus liderados. Na obra de Freud, especificamente no volume XII das obras
completas de Freud, é citado o Dr Oskar Pfister, pastor e educador que foi amigo íntimo de
Freud, sendo este um dos primeiros leigos a praticar a psicanálise na área de educação.
(FREUD, 1996, p. 356) O assunto trata de uma introdução do método psicanalítico descrito por
Pfister na área da educação e aconselhamento.
Pfister defendia como uma religiosidade ligada ao medo e a angústia afetaria o indivíduo no
mais profundo do seu inconsciente, e este tipo de religiosidade é doentia. A questão pastoral
tratava somente do consciente enquanto o verdadeiro inimigo pode estar alojado no mais
íntimo inconsciente, sendo necessária uma substituição deste medo e angústia doentios pelo
poder do amor de Deus. (MORANO, 2008, p. 74)
Apesar da boa intenção de Pfister, os elogios de Frued e Jung a este pastor, contidos na obra
de Morano, é necessário uma análise mais profunda, de sua história, e cosmovisão. Era um
teólogo liberal, teologia esta vista com reservas por alguns teólogos de um conceito mais
tradicional. Isto, porém, não impediu que amasse as pessoas e este testemunho fosse
registrado.
O pr Emílio De Souza Viana, em um artigo publicado no site SolaScriptura, faz uma crítica direta
a utilização da psicologia por pastores, principalmente no aconselhamento. Advoga que as
ovelhas não devem ser auxiliadas por teorias humanistas e que a Bíblia é suficiente. (VIANA)
Outras questões e outras dúvidas pairam sobre o assunto que foge para longe da delimitação
deste trabalho. Porém são interligadas pela hipnose que ao mesmo tempo é a hipótese do
problema proposto e também prática nos primórdios da psicanálise.
4. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
A teologia da prosperidade é um movimento que prega que só é abençoado por Deus aquele
que prospera na vida, essa prosperidade é focada exclusivamente na área financeira, onde
parte todas as outras "bênçãos". Essa teologia responde um anseio da sociedade hodierna e
individualista que vê no setor financeiro como espinha dorsal de prosperidade pessoal. É
buscar em primeiro lugar o dinheiro e todas as outras coisas serão realizadas.
Teologia da prosperidade é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira
é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os
ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em
interpretações não tradicionais da Bíblia, a doutrina interpreta a Bíblia com um contrato entre
Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, ele irá cumprir suas promessas de
segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um
ato de fé, o que Deus irá honrar. (DUARTE e AUZIER, 2016, p. 8)
A interpretação de só é abençoado por Deus quem tem dinheiro, quem é bem sucedido
segundo o conceito puramente materialista. Para tanto, é necessário que o fiel contribua com
a instituição. Ferrari, 2012, afirma que o neopentecostalismo tem sua base ideológica nessa
teologia, e que os crentes desta religião são incentivados a ser dizimistas e bons
colaboradores, assim serão merecedores das bênçãos almejadas. (FERRARI, 2012, p. 47).
Líderes, percebendo este anseio de dinheiro e fama, e também, muitos outros sofrem pela
impossibilidade de satisfazer as necessidades mais básicas, são presas fáceis destes lobos.
Como presas fáceis, as pessoas também tem sua parcela de culpa. Pessoas egoístas aderem
com facilidade à teologia da prosperidade, sua religiosidade é fria, distante e baseada na
barganha com a divindade. (PINTO, 2015).
Não há espaço para caridade e amor ao próximo, um deus individualista, assim como é a
sociedade hodierna. Libanio aponta esta teologia da prosperidade de igrejas moldadas ao
sistema neoliberal, afirma:
É uma teologia feita sob medida para alimentar igrejas que sustentam o sistema neoliberal.
Evidentemente nessa religião não cabem práticas de solidariedade, de opção pelos pobres. É
uma religião tipicamente materialista. (LIBANIO, 2002).
Neste sentido a adesão à teologia da prosperidade deve-se principalmente a expectativa,
cultura, visão de mundo, religião de um povo, e a habilidade de “pastores” em saber identificar
estas expectativas. Assim tais líderes adaptam seu discurso às expectativas, cultura, ignorância,
necessidades do povo, arrebanhando multidões de pessoas e arrecadando montanhas de
dinheiro, sem nenhuma preocupação com as almas que enganam.
Para Ferrari, 2012 “as novas religiões ou movimentos místicos tem levado em conta os desejos
aguçados pelo mercado consumista e a variedade de ofertas de bem estar individual”.
(FERRARI, 2012, p. 9) Pessoas oportunistas, que se dizem pastores, enxergam não um campo
missionário e sim como nicho de mercado, onde são ofertadas soluções miraculosas para
problemas terrenos que satisfaçam as necessidades mais básicas progredindo até o mais
absurdo supérfluo encapado como bênçãos de Jesus.
Deus é colocando-o como um deus que faz acepção de pessoas, privilegiando somente aqueles
que contribuem na igreja. “A teologia da prosperidade distorce o caráter de Deus […] As
escrituras revelam a Deus como alguém imparcial em seu trato com os seres humanos, que é
misericordioso e justo inclusive para com aqueles que não o amam.” (GROGER e FOLLIS, 2013,
p. 58)
Neste sentido, a distorção do caráter de Deus é blasfêmia. Romeiro, 1995, afirma que não há
problema com a prosperidade, a busca por riquezas não é errado enquanto a vida é mais
importante a ponto da riqueza ser deixada de lado em prol do próximo, o problema reside na
teologia que é empregada, “que contém doutrinas heréticas no seu bojo, chegando às raias da
blasfêmia.” (ROMEIRO, 1995, p. 33).
O autor deixa bem claro na citação acima que a teologia de prosperidade é falsa, anátema,
blasfêmia, o autor expõe suas origens ideológicas e heréticas oriundas do gnosticismo em
contrariedades de pontos fundamentais dos evangelhos, seus desdobramentos, e a
propagação dessa doutrina trouxe consequências danosas para contexto evangélico até os dias
atuais.
Kenyon foi influenciado por seitas gnósticas como Ciência Cristã, Novo Pensamento e Ciência
da Mente. Tais ensinamentos defendem que pelo poder da mente e que tudo que dissermos
se realizará. (HANEGRAAFF, 1996, p. 27-36)
No Brasil a teologia da prosperidade tem seu início nos anos 70, na chamada terceira onda do
pentecostalismo. As principais instituições que operam e defendem este tipo de teologia são
as mais famosas e ricas algumas delas: Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional
da Graça, Sara Nossa Terra, Adhonep, Igreja Mundial do Poder de Deus, Comunidade
Evangélica, Renascer. (MARIANO, 2005, p. 157) Rodrigo Bibo de Aquino, também dá sua
contribuição no estudo e publicação das origens da teologia da prosperidade:
O que hoje nós chamamos de Teologia da Prosperidade (TP a partir daqui) é, na verdade, um
mosaico de movimentos de cura, prosperidade e poder da fé, oriundo dos EUA na década de
1940. Mas é importante ressaltar que antes mesmo da década supracitada, já havia
pregadores que tinham como ênfase ministerial a cura divina e a libertação, como Essek
William Kenyon, A. B. Simpson, Aimee Semple McPherson, Oral Roberts, só para citar alguns.
Porém, foi somente a partir dos anos 1970 que a TP ganhou visibilidade e atingiu vários
movimentos cristãos, (AQUINO, 2015)
Os fundamentos que deram início a teologia da prosperidade não tem origem bíblica, quanto
de origem em seitas heréticas que tem foco num suposto poder humano. São procedimentos
exclusivamente psicológicos que em nada tem haver com o modo de Deus, ainda que sob Sua
permissão.
Kenneth Hagin, pastor e professor, foi o grande difusor da confissão positiva iniciada por
Kenyon, a sua pregação tinha origem nos relatos de suas visões de Jesus e não existia uma
exegese bíblica e com proximidade de práticas espiritualistas. (AQUINO, 2015)
No Brasil, a confissão positiva, chega aos anos 80, difundido inicialmente por Rex Humbard,
depois por Benny Hinn, entre outros, através de conferências promovidas pela ADHONEP,
Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno. Muitos pastores e pregadores
brasileiros abraçaram essa teologia. (CAVALCANTE, 2015, p. 46)
A confissão positiva prega que o cristão atual obediente não deve ter doenças e nem ser
pobre, caso contrário, denota-se uma falta de fé ou não faz reivindicações a Deus. José Hilário
da Silva Filho, embasado em sua pesquisa, faz uma lista interessante sobre atitudes que o
crente deve tomar para alcançar as bênçãos de “direito”.
a) “Diga a coisa” positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. “De acordo com o
indivíduo quiser ele receberá”. Essa é a essência da confissão positiva. b) “Faça a coisa”. “Seus
atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou
receberá”. c) “Receba a Coisa”. “Compete a nós a conexão com o dínamo do céu”. A fé é o
pino da tomada. Basta conectá-lo. d) “Conte a coisa a fim de que outros também possam crer”.
Para fazer a “confissão positiva”, o cristão deve usar as expressões: exijo, decreto, declaro,
determino, reivindico, em lugar de dizer: peço, rogo, suplico; jamais dizer: “se for da tua
vontade”, pois isto destrói fé. (FILHO, 2013, p. 86)
Há uma sequencia de pensamento: diga, faça, receba e conte. Jamais com humildade e
reverência e sim como por imposição, como se fosse direito celestial e não favor imerecido.
Porém é preciso reconhecer que é muito positivo pensar positivo, no entanto o pano de fundo
é, na medida das paixões humanas, colocar o homem como figura central, e colocando Jesus e
seu sacrifício a serviço crente. A confissão positiva tira a centralidade de Cristo, substitui o
teocentrismo, cristocentrismo pelo antropocentrismo.
A cultura e cosmovisão de um povo influenciará diretamente sua relação com o outro e com
todas as áreas da própria vida. No campo religioso, a tendência é formar uma comunidade que
se identifique com a cultura, a religião então se adapta a cultura e se transforma quando há
transformações nas expectativas pessoais.
Teixeira e Menezes, com uma visão mais sociológica do que individual destacam como as
igrejas utilizaram a teologia da prosperidade para se atualizarem, pois a inclusão social, agora,
é de consumo e não somente de trabalho.
Tal postura irá influenciar diretamente as funções dos líderes, pastores são obrigados a
cumprir metas de arrecadação, nas suas pregações, modificam o texto bíblico retirando-o do
contexto, para conseguir tão somente, justificar os pedidos de maiores ofertas. "Há pastores
que transforma o púlpito numa praça de negócios, e os crentes em consumidores". (MOURA,
2013, p. 131)
É notório como se procede a um negócio lucrativo em formato de uma entidade que, por lei,
seria uma azienda filantrópica, a fé, em seu sentido mais amplo de religiosidade, é utilizada
como mais um negócio.
Narcisismo deriva de Narciso, personagem da mitologia grega que amava a própria imagem. A
palavra significa vaidade e insensibilidade, o amor a si próprio em exagero. Na psicanálise o
conceito é o mesmo, amor exagerado em si mesmo, porém com conotação sexual. O
Minidicionário Soares Amora, define: “1 Estado em que a libido é dirigida ao próprio ego; 2
amor excessivo a si mesmo.” (AMORA, 2003, p. 480)
Hedonismo, segundo o mesmo dicionário, é “Sistema que estabelece o prazer como objeto
principal da vida.” (AMORA, 2003, p. 358)
A essa afirmação de AMORA, podemos inferir que se o prazer é o objetivo principal da vida,
isso pode influenciar nossas decisões em prol do prazer, prazer a qualquer custo, promovendo
então, egoísmo e indiferença nos relacionamentos de qualquer nível.
Moura, 2013, afirma que a teologia da prosperidade tem gerado muitos narcisos, pessoas
egoístas, indiferentes:
A teologia da prosperidade tem gerado inúmeros cristãos narcisistas, isto é, pessoas que só
pensam em si e nunca nos outros; são pessoas egoístas. Paulo nos instrui a nos resguardar
contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme que podem levar à dissensão. […]
Outra consequência maligna que a teologia da prosperidade tem gerado nos corações
daqueles que cristão dizem ser é o hedonismo, isto é, a busca exacerbada e incessante pelo
prazer. (MOURA, 2013, p. 132)
Ainda que possa ser verdade, a teologia da prosperidade não gera egoístas, ela só os
concentra, conforma e apoia, devido ao discurso antropocêntrico. O discurso da teologia da
prosperidade expõe o egoísmo e alivia suas consciências.
Seguindo esta linha, Branco 2013 faz uma dura crítica ao evangelho da prosperidade por conta
da valorização do prazer, que chama de “hedonismo desenfreado”. Afirma que o
antropocentrismo é uma consequência do relativismo.
o homem passou a ser o padrão pelo qual todas as coisas são medidas. Sendo assim, todas as
coisas devem convergir para o homem e a partir dele. O efeito disso pode ser claramente
sentido na igreja, as músicas que deveriam falar de Deus e da sua obra, falam do homem e
suas ambições por uma vida confortável, segura, sem dor, sem traumas e cada vez mais feliz,
um verdadeiro hedonismo desenfreado. O mesmo se repete nos púlpitos, de onde
desapareceu a pregação com o modelo reformado. (BRANCO, 2013, p. 133)
Uma leitura rápida e isolada pode levar a entender que o autor desaprova a felicidade e
conforto, porém o contexto é de que alguém que passa aos limites na importância que dá as
coisas que ama. A palavra hedonismo já traz uma carga de culto ao prazer ou prazer em
exagero, o autor acrescenta ainda a palavra “desenfreada”, ou seja, busca do prazer em
exagero sem parar. Assim esse relativismo pós-moderno pode trazer tal distorção de busca por
prazer.
Sem consciência do que significam estas palavras, e sem consciência das próprias imperfeições
muitos, ditos cristãos, procuram adequar seu egoísmo e busca de prazer com aquilo que se diz
religião, uma tábua de salvação para seus problemas e necessidades e anseios. Pessoas
egoístas e que buscam prazer com riquezas e status, se maravilham com as propostas deste
falso evangelho.
Ainda na mesma obra, na página 155, Libanio afirma que o triunfo do neoliberalismo está
diretamente ligado a comunidades pentecostais, neopentecostais e em porções da renovação
carismática católica. O neoliberalismo promove a competição onde os mais fortes são
vitoriosos, e a teologia da prosperidade seria a religião de seu contexto ideológico.
Nesta mesma linha, (CAVALCANTE, 2000, p. 120) concorda que a teologia da prosperidade é
uma versão religiosa do neoliberalismo tendo o capitalismo como pano de fundo, o
individualismo sobrepondo o coletivo, um neodarwinismo social onde sobrevivem os mais
aptos.
Os autores tem uma visão semelhante com relação à cosmovisão neoliberal que reflete para
dentro da comunidade religiosa, LIBANIO aponta que a teologia da prosperidade é a religião
dos neoliberais. É perceptível a conotação política e ideológica, ainda que discreta.
Podemos elencar alguns pontos de contatos entre a doutrina da prosperidade, com a hipnose,
estes pontos são observáveis principalmente na execução dos cultos. Nestes são utilizados
várias técnicas psicológicas para maravilhar e convencer o povo. Semelhante, em algumas
vezes, a uma palestra motivacional, diferenciando-se das conotações “sobrenaturais” e
fantásticas, para aludir a uma prática religiosa.
O culto agora muda de lado, antes oferecido a Deus, agora é oferecido como entretenimento,
entrevista com demônio, campanhas de bênçãos urgentes, onde, Deus é tem a obrigação de
abençoar o fiel mediante pagamento.
4.6.2 Expectativa
Em ambos os casos, na hipnose e na fé, como confissão positiva, a expectativa tem seu papel
fundamental. O pensamento positivo é um dos pilares da PNL (Programação Neurolinguística),
segundo Ready e Burton (READY e BURTON, 2011, p. 13) é primordial pensar no resultado que
quer alcançar e se libertar dos pensamentos que podem trazer empecilhos ao seu alvo, ou
seja, deve-se esquecer dos itens negativos que podem ser enfrentados no curso de seu
trabalho. Na confissão positiva, há o ato de falar que pode servir como afirmação robusta ao
pensamento, um fortalecimento da fé e da mente em direção ao que se deseja. Mais uma vez,
técnicas psicológicas são revestidas de religião.
4.6.4 Materialização da fé
Faz parte de qualquer ordem religiosa ou filosófica em que se queira exercer certa influência
em seus liderados, eleger um líder carismático, "um santo homem de Deus", inquestionável,
onde a sua palavra é lei e também lhe é atribuído poderes concedido pelos deuses.
A cura através do toque teve seu início na Inglaterra por Eduardo I, segundo dados históricos
ele teria tocado mais de mil enfermos por ano. (CARREIRO, 2012, p. 58-59) A influência ou
imagem que uma personagem tem um procedimento simples que reforça ainda mais a certeza
e a fé de alguém, pode-se ai denotar que a expectativa, além de se definir como grande desejo
a se realizar, foca agora numa pessoa, um ídolo, que pode ser humano, de gesso, talismã, um
copo com água, óleo ou objeto. Algo palpável em que a fé é depositada.
Histórias absurdas, alguns tipos de músicas, possessões, catarses, são desvios de atenção,
onde é quebrada a crítica, a fim de ser facilitada a implantação de uma ideia no inconsciente.
O público é impactado mais fortemente com uma pessoa possessa ou falando em "línguas" do
que uma pessoa orando calmamente. (PUENTES, 1999, p. 85-86) A PNL, de certa forma é
utilizada na teologia da prosperidade, só perceptível aos que conhecem a técnica e tem
pensamento crítico. Como na PNL, pensamentos limitantes e inconscientes são
reprogramados. O fiel então atribui sua prosperidade posterior a um poder de Deus ou pior,
poder da igreja e do líder.
É fato que para uma pessoa ser bem sucedida, não basta muito trabalho e planejamento, ela
deve estar bem com sigo mesmo acima de tudo. O estímulo ao fiel a afirmar sua cura,
atribuindo à culpa de sua doença a outro, no caso o diabo, e juntamente com uma emoção
forte onde o indivíduo extravasa suas angústias em orações e musicas, com o se colocasse suas
angústias "para fora" desencadeia efeitos positivos.
Renê Terra Nova em seu livro deixa bem claro, a partir do título, que a cura interior ocorre na
mente, “a cura da alma que envolve sentimentos (amor, ódio, mágoa, inveja, dor etc.),
emoções (ansiedade, paz etc.), lembranças desagradáveis (situações que estão guardadas na
memória)”. (NOVA, 2008) Tais declarações nos remetem a hipnose terapêutica, PNL ou EFT
(Técnica de Libertação Emocional). Apesar de utilizar textos bíblicos e atribuir a cruz a cura
interior, os conceitos apresentados são explicitamente psicológicos.
Segundo Libanio, a cura interior é um dos eixos do neopentecostalismo, que por sua vez, tem,
segundo Ferrari, citado no início deste capítulo, sua base ideológica na teologia da
prosperidade.
Com isso, cada Igreja investe no que mais lhe interessa. Algumas desenvolvem ministério de
cura e libertação; outras, de batalha espiritual, cura interior, espíritos territoriais, mapeamento
espiritual e prosperidade financeira. (LIBANIO e CUNHA, 2013, p. 42)
Fica bem claro como este movimento, teologia da prosperidade, se utiliza de técnicas
psicológicas para impressionar os fiéis e induzindo-os a crerem que tem algum poder mediante
Deus. Apesar de ser muito positivo alguém que participe desta comunidade ser curado ou ter
sua vida mudada para melhor, há um engodo, uma apresentação de um falso deus, há uma
mudança apenas de vida e não uma transformação pessoal.
Neste capítulo será abordado como a hipnose é empregada em alguns cultos religiosos. O
estudo apresenta, de uma maneira geral, como alguns especialistas em hipnose tentam dar
alguma explicação para as manifestações de catarse, curas, o aprofundamento das crenças,
fazendo um paralelo entre os procedimentos hipnóticos, psicológicos e os procedimentos
executados por líderes religiosos. Neste sentido, Fabio Puentes, famoso hipnotizador de palco,
afirma:
Entre as manifestações que estão de moda nas “igrejas evangélicas”, acha-se uma em especial
que desperta muito interesse, curiosidade e está rodeada de conotações inexplicáveis que vão
do divino ao bizarro, deixando o povo confuso e perplexo, na beira da escuridão hermética e
de “poderes” miraculosos, fenômeno este que é conhecido como Fanerose. (PUENTES, 1999,
p. 153)
Destaca-se então o modo mais comum de distração praticado em certas igrejas identificada
por Fanerose, palavra de origem grega, “phanerós”, que significa fazer o que é invisível se
tornar visível. A este procedimento então, são atribuídos os fenômenos ocorridos nestas
reuniões, remetendo-as a hipnose.
Especialistas remetem ao passado, ao uso da hipnose na antiguidade, quando ainda não existia
nem conceitos nem consciência esclarecida sobre hipnose e manipulação, atribuindo os
fenômenos experienciais aos “deuses”.
A manipulação pela hipnose sempre foi praticada por xamãs sacerdotes, curandeiros, a
maioria esmagadora dos estudiosos no assunto levam suas pesquisas para este tema, a religião
no passado, a fim de embasar suas conclusões nos fenômenos da atualidade, lançando mão
antropologia e psicologia.
O mais antigo relato do que pode ter sido uma sessão de hipnotismo aliada a um ritual
religioso foi registrado no Papiro de Tebas, descoberto por Ebers em 1552 a.C, e apontava
fatos a respeito da teoria e da prática da medicina egípcia. (CARREIRO 2012 p. 55, apud Ashley-
Farrand, 2006).
O intuito é dar uma explicação sobre a perpetuação dos rituais e dos significados, ora
buscando uma explicação científica para os fenômenos e tentar “desmascarar” o sobrenatural.
A Religião sempre foi utilizada como ferramenta de dominação dos povos e continuam nos
dias atuais, ao invés de promover a paz e o cuidado pelo próximo, a religião, é desvirtuada de
seu sentido original. Almeida e Madjarof fazem essa observação:
Do “sono mágico” induzido por Chiron às “curas milagrosas” realizadas pelos sacerdotes nos
templos egípcios, a relação da hipnose com o poder seduziu homens ávidos pelo domínio e
controle de outros homens e grupos, em especial pela intenção e desejo de sujeitá-los aos
seus caprichos. (ALMEIDA e MADJAROF, 2014)
Desde os tempos antigos religiões foram utilizadas, em modo corrupto, para dominar as
pessoas usando-as para seus interesses, materiais e pessoais. As práticas hipnóticas
identificadas nestes ritos, conscientes ou não por quem praticava, eram ferramentas de
manutenção de poder, mudam-se as práticas através dos tempos e o pano de fundo continua
o mesmo.
É fato que a hipnose existe, sempre existiu e continuará existindo (PUENTES, 1999, p. 19),
ainda mesmo sem a devida consciência de quem praticava e muito menos conhecida com este
nome, hipnose. Fabio Puentes, (1999) também apresenta a hipnose como parte integrante de
religiões do passado:
A hipnose tem sido praticada por todas as religiões, sob numerosas denominações, e em
diferentes lugares, desde o começo da humanidade. A evidência mais antiga de sua existência
foi achada entre os xamãs, aos quais se tinha como “feiticeiros”, “curadores” ou “sanadores”.
(PUENTES, 1999, p. 23)
A prática hipnótica teria sido praticada por todas as religiões, principalmente as de mistério,
pagãs e com algo grau do misticismo. Todos os estudiosos concordam que existe uma
identificação nos procedimentos das mais antigas religiões e princípios da hipnose.
Há milênios, antes das técnicas de hipnose serem sistematizadas, já eram utilizadas de forma
intuitiva como meio de cura, principalmente em meio a rituais religiosos e, é fácil observar que
assim ainda prosseguem na atualidade, entrelaçando procedimentos de cura com a cultura e a
religião. (CARREIRO, 2014, p. 24)
A hipnose era utilizada inconscientemente nos ritos religiosos, por intuição, buscando
principalmente obtenção de curas. Na atualidade é possível identificar com facilidade que tais
procedimentos se misturam com religião e a cultura.
Nesta mesma linha Sargat em sua obra, “A Luta pela Mente”, dá bons detalhes dos
procedimentos dos antigos sacerdotes:
Os gregos antigos também usavam a dança religiosa como tratamento de doenças nervosas.
Seus ritos coribânticos consistiam em dançar de maneira desenfreada ao som de flautas e
tambores até os participantes ficarem esgotados. Os coribantes não apenas provocavam
transes e sentimentos de possessão divina, mas também se diziam capazes de curá-los.
(SARGAT, 2002, p. 283)
SARGAT cita em sua obra os coribantes, sacerdotes eunucos da deusa Cibele executavam
danças em êxtase e conduziam seus cultos em ritos de orgia, acompanhados por gritos
selvagens e a música frenética. (KURY, 2009, p. 92)
Nas religiões que resistem há milênios, reproduzem ainda hoje, técnicas psicológicas, que
promovem sua difusão e persistência. “Religiões milenares chegam aos dias de hoje,
produzindo bem, como no passado, a associação entre crença, transe, êxtase e cura.”
(CARREIRO, 2012, p. 33)
As técnicas empregadas hoje em algumas comunidades, cristãs ou não, são muito parecidas,
em alguns procedimentos e rituais da antiguidade, sendo impossível não encontrar uma
semelhança nos procedimentos antigos comparando com nas técnicas atuais e nos resultados
em todos os tempos.
Parece que quando mais uma civilização evolui e a ciência oficial se desenvolve, mais a figura
do curandeiro se faz presente. Mais numerosos e populares são os adivinhos, os videntes as
cartomantes e todas as metamorfoses ou alterações semânticas, evolvendo antigos e novos
mitos e suas associações com o hipnotismo. Isso parece demonstrar a herança mítica ancestral
que a humanidade conserva. (CARREIRO, 2012, p. 94)
O fato de se ensinar e perpetuar uma ideia, seja qual for a estratégia, não é má em si mesma, o
problema reside no que é se ensinando e na finalidade. Neste sentido, no livro de provérbios,
instrui a ensinar uma criança “no caminho que deve andar” (BÍBLIA, Provérbios, 22,6) que,
assim ensinado jamais sairá de sua mente. Um princípio básico da vida é a transmissão de
conhecimentos e regras de convívio aos filhos e descendentes, e a omissão deste princípio
bíblico de Provérbios 22:6 pode ser desastrosa para a criança e para aqueles que vão conviver
com este indivíduo na fase adulta. O que este trecho de provérbios também diz que o que for
ensinado para uma criança jamais sairá de sua mente.
A mente humana pode ser programada, com fundamentos e valores gravados em nosso
inconsciente e que nos acompanharão em nosso caminho por toda a vida, ai se soma o
componente emocional. “Quando algo provoca uma reação emocional, o cérebro se mobiliza
para lidar com ela, destinando poucos recursos a reflexões, [...] É exatamente nessa hora que a
emoção pode ser ligada a uma ideia”. (REDAÇÃOSUPER, 2011)
Os ensinamentos em fase infantil pode ser um dos motivos da permanência ideológica por
tradição, herança cultural. O misticismo enraizado na cultura pode contribuir sobremaneira
para a permanência no engano e o aprisionamento psicológico.
O uso da hipnose na religião na atualidade, não vem apenas das tradições rituais, cultura, ou
aquelas utilizadas sem consciência. Há também as utilizadas conscientemente por líderes
inescrupulosos, falsos profetas, que tem o único objetivo de ganhar dinheiro. “Os falsos
profetas de nossos dias estão usando técnicas bem conhecidas dentro da psicologia [...] para
enganar milhões e acumular fortunas.” (PUENTES, 1999, p. 143)
O fato de a habilidade humana criar ferramentas para manutenção de valores e ideais não é
negativo em si, o problema surge quanto tais valores podem ser erros e inverdades fabricados
por desejos e pulsões na tentativa de explicar o impossível e o incompreensível, e ainda
podem ser carregadas de desonestidade. A superstição fixa-se no inconsciente do indivíduo, de
tal maneira que é muito difícil uma desconstrução, para tal é necessário construir outra no
lugar.
Quando uma superstição ou crença se arraiga profundamente nos indivíduos, se cria uma
dependência total da mesma, com mas rasgos de temor que de amor, a evidência do engano
não é suficiente para desarraigá-la. É necessário, dar alguma coisa que substitua tal crença tão
arraigada. (PUENTES, 1999, p. 19)
Mitos e histórias são propagados e mantidas por muitos anos na mente e no consciente
coletivo, por tradição, passando de geração em geração, passando por transformações e
adaptações segundo as necessidades humanas tanto de sobrevivência como de poder. “Mitos
estão impregnados na sociedade, as pessoas nascem e os assimilam, fazem parte da cultura e
da crença compartilhada socialmente.” (CARREIRO, 2012) As festas, comemorações,
cerimônias, rituais são mecanismos que alimentam as crenças e tradições ao longo dos anos e
eras, mudando, e adaptando-se as circunstâncias ao passar dos anos. Mantém viva a crença no
consciente coletivo de um povo.
Não há um caminho único, uma receita definitiva, há inúmeras técnicas, inúmeros níveis, que
também dependem do contexto, cultura, vida, expectativa de um público-alvo. Porém o
procedimento não muda em si.
Jaime Moura em seu livro, Cultos Protestantes – Lavagem Cerebral faz uma analogia
interessante entre nossa mente e uma lata com liquido e com coisas no fundo, demonstra com
simplicidade o mecanismo de inclusão de ideais no inconsciente.
O clima religioso e emocional, a voz alta do pastor, a gritaria dos fiéis, o barulho constante que
ocorre nos cultos, a música e seu ritmo provocam então algo como se desse um chute na lata e
então os três níveis se misturam. Sobe o que está no fundo da lata […] O momento de águas
revoltas é o mais oportuno para se incutirem ideias e pensamentos que depois descerão para
o fundo da lata. O que, nesse momento, foi incutido na mente das pessoas vai para os níveis
mais profundos da consciência e por isso fica extremamente difícil de modificar, pois se torna
verdade irrefutável […] Daí o fanatismo irracional, as ideias arraigadas que resistem a qualquer
raciocínio e também a limitação que não admite outra hipótese. (MOURA, 2013, p. 55)
Quando a lata é “mexida”, por meio de uma catarse, por exemplo, tudo se mistura e algo é
adicionado enquanto tudo está suspenso, na calmaria, este algo a mais é “decantado” indo
para fundo da lata e lá permanecendo.
Fabio Puentes lista quatro táticas para conversão em massa, o (EMA) estado alterado da
consciência, concordância por pressão, aproveitamento da expectativa e o sutil poder da
sugestão. Todas estas táticas são utilizadas não só nas religiões, por exemplo, o
aproveitamento da expectativa é básico em vendas, ou seja, acima de tudo é preciso saber o
que o cliente quer.
O (EMA) sem dúvida é a tática que mais causa impacto, abrindo caminho, no coração e na
mente do fiel. Neste estado o indivíduo perde o senso crítico por um tempo, com a mente
preparada para as sugestões, para tanto basta apresentar algo sem muito sentido. Puentes
afirma:
Esta condição é atingida por métodos que entorpecem o processo mental normal. O bom
juízo, a análise crítica e a desconfiança são trocados pelo relaxe mental e a suspensão do
raciocínio. […] Existem vários métodos para a pessoa entrar num estado mental alterado
( EMA). A repetição de uma frase durante um tempo extenso (uma hora ou até menos), ficar
sem dormir durante 20 ou 30 horas, fazer jejum, praticar a meditação com canto monótono,
exercício da imaginação, falar sem sentido. (PUENTES, 1999, p. 144)
A promoção deste estado, como ferramenta de manipulação, não é eficaz por si, depende de
muitos outros fatores, como a expectativa, o contexto cultural e religioso. As mudanças de
religião ou a captura de mentes só é possível porque as pessoas se identificam com o
sobrenatural.
5.5 Sugestão
Esta sugestão hipnótica pode ser percebida quando há uma distração intencional, um desvio
de atenção, onde o senso crítico do ouvinte é rebaixado, desatento pode então acatar tal
sugestão.
Puentes nomina de operador aquele que fala e sujeito o alvo da sugestão. (PUENTES, 1999, p.
73) O operador procede para facilitar a sugestionabilidade do sujeito utilizando os canais
sensoriais do sujeito comunicando verbalmente, não verbal que são os gestos, as intra-verbais
como ênfases, timbre, modulação de voz e volume, e as extra-verbais que podem ser à
disposição das cadeiras, a altura do palco, a cor de fundo ou desenho atrás do operador.
“Assim, vemos que a percepção a resposta e a sugestibilidade, são facilitadas se usarmos o
sistema dos movimentos, a inflexão da voz e significado implícito dos termos empregados.”
(PUENTES, 1999, p. 72)
“O homem na multidão” assimila seu comportamento ao dos outros, o mais das vezes
abandona todo pensamento e todo querer pessoais, abdica o racional em benefício do
emotivo. Aceita passivamente a autoridade do sugestionador, do líder, religioso ou político. A
sensação de pertencer à massa lhe dá a ilusão de força, de segurança, e também a ilusão da
comunhão. (LERÈDE, 1985, p. 125)
Desta maneira, o indivíduo copia o procedimento da maioria, sem questionar, ou fazer uma
reflexão, se tal coisa é boa para ele individualmente ou não, ao ponto de fazer coisas que não
gosta, para que não se sinta excluído. São inúmeras frases populares que ilustram esta questão
como: “Maria vai com as outras, tá na moda, tá todo mundo fazendo, tá todo mundo usando,
tá todo mundo comprando”. Observando este principio o indivíduo consciente ou não, se
sente constrangido em ficar indiferente ao procedimento da maioria, que vai de bater palmas,
dançar, chorar e até desmaiar.
A hipnose é resultado da sugestão, em que o sujeito pode ser colocado em transe através da
sugestão. Usando as palavras o hipnólogo pode mudar o estado emocional do sujeito. “Por
intermédio das palavras é possível interferir no seu estado emocional, torná-lo alegre ou triste,
melancólico ou bravo.” (CARREIRO, 2012, p. 195)
A sugestão é via condutora ao inconsciente, desde que este inconsciente esteja preparado
para receber as informações. A termos religiosos o mau uso da sugestão está impregnado nas
igrejas, com o único objetivo de ganhar dinheiro.
Durante as sessões religiosas, quando o transe está estabelecido, sugestões pós-hipnóticas que
levam o induzido à dependência de continuar participando e colaborando com o processo
“religioso” são claramente aplicadas. O dirigente afirma efusivamente que, para ficar livre
definitivamente do problema que o atormenta, o fiel deve voltar com frequência à prática que
acabara de experimentar. (CARREIRO, 2012, p. 66)
Após uma experiência impactante, o indivíduo atônito e maravilhado, fica aberto às sugestões
daquele líder, depositando toda sua confiança em sua autoridade. O que o fiel não percebe é
que está realmente cativo e não liberto, a proposta de libertação é condicional a outra prisão.
O hipnotizador implanta, durante o período em que o indivíduo está hipnotizado, uma espécie
de gatilho, uma palavra-chave. Ao receber uma sugestão uma pessoa poderá responder a um
sinal, já quando não estiver em transe, ou quando já estiver consciente (STONE, 2006, p. 141),
quando proferida em voz indivíduo procederá da maneira programada.
O fiel, mesmo após consciente, poderá ficar preso psicologicamente, em seu grupo, em seus
procedimentos, na maneira como encara a vida, preso a um padrão de pensamento, escravo
dos dogmas, sem espaço pensar em outras possibilidades. “... sugestões pós-hipnóticas
geralmente se transformam em ações compulsivas e, portanto inconscientemente cumpridas.”
(CARREIRO, 2012, p. 66) Vivendo conscientemente, porém inconsciente de sua escravidão.
5.7 Expectativa
Outros fenômenos psicológicos usados nestes cultos são as expectavas elevadas. Geralmente
antes de uma “cruzada” ou um acontecimento maravilhoso, as pessoas estão condicionadas a
esperar “coisas novas e estranhas”. O campo é cuidadosamente cultivado para logo semear e
colher experiências extraordinárias. É comum ver muita propaganda escrita ou feita com alto-
falantes ou transmitida pela rádio e até pela televisão. As pessoas que convidam a tais
reuniões já são convencidas e vão preparando o convidado para ver e sentir coisas místicas e
diferentes. De qualquer forma, a expectativa é elevada a altos níveis. Uma predisposição ao
miraculoso é criada psicologicamente. (MOURA, 2013, p. 36)
As expectativas são construídas a partir das necessidades gerais do indivíduo, a esperança é
elevada oferecendo algo que seria poderoso e sobrenatural, que extrapolaria a limitação num
milagre. A expectativa, apesar de ser “meio caminho andado”, não é eficiente em si, precisa
ser alimentado com propagandas e promessas, levando o indivíduo crer que o que almeja será
realizado e que é uma confirmação divina.
O preletor ou pastor utiliza também a espera do público para que a expectativa se acumule, a
fim de que muitas pessoas estejam preparadas para receber as sugestões. É como um show,
uma banda famosa que faz um “suspense” antes de entrar no palco. “O operador é
experimentado na manipulação psicológica e quando chega à hora de produzir os efeitos,
dezenas e até centenas de pessoas estão preparadas...” (PUENTES, 1999, p. 148)
5.8 Curas
O sofrimento, a decepção, perdas também contribuem para boa parte das doenças
psicossomáticas, a fé, a esperança, auxilia sobremaneira na recuperação, pois quando
empregada corretamente, traz alívio às angústias, melhorando o quadro físico. Doenças de
origem psicossomática, a fé, como promotora de esperança, é eficaz para curar. (PUENTES,
1999, p. 37) Destaca também que a fé pode melhorar a condição fisiológica de qualquer
natureza, cita a Psico-Neuro-Imunologia como atenuante destes males. Em qualquer quadro
de doença, onde a tristeza e a depressão pode piorar uma doença física, por outro lado a
alegria, esperança e bom humor podem ajudar o sistema imunológico.
Hoje se sabe que uma alta porcentagem dessas “curas” se realiza. As mesmas são feitas graças
à força da fé, que os doentes depositam nessa comunicação com o além. Esta fé, por um
mecanismo sugestivo-neuro-fisiológico, libera na corrente sanguínea, hormônios que
aumentam o sistema imunológico do paciente. Este fenômeno é conhecido na medicina
moderna como Psico-Neuro-Imunologia. (PUENTES, 1999, p. 17)
Segundo CARREIRO (2014) também destaca que as emoções podem influenciar o organismo,
os problemas de saúde física podem ter origem em problemas emocionais:
a Organização Mundial da Saúde afirma que a grande maioria das doenças tem origem
psicossomática, isso é, começam a partir de desequilíbrios emocionais que vão afetar o corpo
físico. A imaginação e as emoções podem causar grandes reações no organismo como
desarranjos nas funções intestinais (CARREIRO, 2014, p. 58)
Pessoas frágeis são alvos fáceis destes lobos, ROMEIRO, autor cristão, crê em curas de origem
milagrosa, porém reconhece que podem existir curas promovidas por charlatanismo, para
tanto, cita BOWMAN, para explicar que uma cura por um falso profeta pode existir, dando
força a crença e a fidelidade.
Os milagres falsos podem ser truques realizados por charlatães, ou podem ser de fato curas de
problemas psicossomáticos. Além disso, existe a possibilidade de que Deus possa curar alguém
que ouviu uma doutrina falsa, mas não entendeu o seu significado e cuja fé estava no Deus
verdadeiro e no seu poder. (ROMEIRO, 1995 p. 89 apud BOWMAN, 1992, p. 39)
Tal experiência também servirá para que indivíduo, alvo da cura, e o grupo, testemunhas do
fenômeno, se firmem ainda mais naquela religião.
É preciso compreender essa fragilidade humana antes de desqualificar alguém que faça uma
opção por um charlatão, às vezes é o único que ofereceu uma “ajuda” e os que dizem
verdadeiros são omissos.
Nesta mesma linha, Fabio Puentes, destaca que a fé é eficiente para curar pessoas que tenham
seus problemas de saúde de origem psicossomática. O alívio de ser curado com certeza
cimenta as certezas do indivíduo em relação à religião e seu líder, e estes tais líderes tem todo
este conhecimento. Assim afirma Puetes:
A fé é um parâmetro muito difícil de medir no que afeta a saúde humana; porém, é o poder
curativo mais potente da terra. Desde o momento que quase todas as doenças orgânicas têm
um componente psicológico, a cura pela fé pode ter sucesso nos processos psicossomáticos.
(PUENTES, 1999, p. 37)
Devidos às dificuldades e grande sofrimento humano, pode-se compreender certo
pragmatismo, se deu certo, porque mudar? Assim, devido a uma tão grande “graça
alcançada”, é certo que estes acontecimentos perpetuam convicções e as escolhas das
pessoas, até por um sentimento de gratidão que é gerado, e assim permanecer numa
ideologia, religião ou cosmovisão.
5.9 Persistência
Porque muitas pessoas permanecem numa ideologia, mesmo tendo fatos comprovados de que
seu caminho possa estar errado?
Para estudiosos a persistência de pessoas em acreditar em Deus ou algo que não se possa
provar materialmente é um sinal de fraqueza, uma maneira de fuga da realidade ou depositar
em outro suas angústias ou depositar no diabo o motivo de derrotas e não em si mesmo. O
mito tem sido a forma de dar significado ao mundo com base no desejo de segurança ou de
uma vida melhor. (CARREIRO, 2012)
Nasce com qualquer ser vivente a pulsão de viver e lutar pela vida, os seres humanos parecem
que transferem princípio de perpetuação de vida a qualquer preço para o campo das ideias,
constituindo para si verdades que respondam as próprias expectativas.
Essa característica humana de luta por um ideal pode ser a razão da relutância do indivíduo em
persistir numa comunidade que, em termos bíblicos, seja antibíblica, fazendo as mais incríveis
“piruetas” interpretativas para balizar e defender suas convicções. Com relação aos ateus e os
cristãos, segue a mesma conclusão em relação à Bíblia não provar cientificamente a existência
de Deus.
Leon Festinger citado por Fabio Puentes que defende a “Teoria da Dissonância Cognitiva”
observa as consequências psicológicas de expectativas frustradas. Uma frustração numa
profecia que não se concretiza, uma queda de um líder religioso ou uma descoberta que pode
fazer desmoronar uma crença religiosa ou ideológica parece não abalar a fé ou a crença e
ainda surtir um efeito contrário e fortalecer ainda mais tal crença. Puentes explica:
Festinger e seus colegas viram nesse fato algo que levaria o tal grupo a sentimentos
dissonantes/divergentes quando a profecia falhasse. Os pesquisadores se infiltraram, então,
no grupo para observar o seu comportamento. Quando a profecia revelou-se falsa, o grupo
não abandonou suas crenças e, em vez disso, buscou explicações para a sua não realização,
apegando-se mais ainda às suas ideias. (PUENTES, 1999, p. 111)
Os líderes religiosos sabem disso como ninguém, ainda que sua denominação se envolva em
escândalos, tem certeza que não perderão membros e que seu negócio não será prejudicado.
Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, numa entrevista ao SBT no programa
Conexão Repórter de Roberto Cabrini faz piada e ignora os críticos. “A igreja Universal é que
nem omelete: quanto mais se bate, mais ela cresce.” (GCN.NET.BR, 2015)
A Igreja Universal já passou e passa por inúmeros escândalos, como a prisão de seu líder em
1992 e denúncias em vídeos publicados pela própria Globo no Jornal Nacional em horário
nobre, e mesmo assim, como Edir “profetizou”, a sua Igreja só cresceu e para a infelicidade da
Globo ainda se tornou sua concorrente comprando uma emissora de TV.
A Igreja Adventista do Sétimo dia foi fundada em 1863, e desde então se espalhou pelo
mundo, ainda que confesse ser cristã, e que há pessoas realmente sinceras, tem algumas
características onde pode ser considerada uma seita.
O grande desapontamento não aniquilou aquela comunidade, ao contrário, gerou mais força
dando origem a novas comunidades. Há inúmeros outros casos de líderes religiosos que
apostataram e se envolveram em escândalos, foram presos, porém suas igrejas continuam
cheias.
Numa perspectiva exclusivamente humana e psicológica, toda essa insistência num ideal,
ainda que lhe seja provado e apresentado o caminho correto, gerará uma luta, “a suspeita de
que nos enganamos e não temos justificativa possível produz uma grande tensão” (PUENTES,
1999, p. 115), assim como senso de sobrevivência o orgulho deve ser defendido a todo custo,
nisso a única solução possível é seguir em frente, tentar convencer mais pessoas de sua
crença.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na vida acadêmica de qualquer estudante, em sua visão primária existe uma lista interminável
de disciplinas a estudar e inúmeras coisas a aprender. A expectativa é adquirir conhecimento
de como fazer e o que fazer. Neste montante de disciplinas há aquelas que o estudante
entende que o conhecimento sobre o que não se deve fazer.
Existem outras disciplinas que se apresentam, de forma neutra, temas que segundo a visão de
um acadêmico cristão, o que lhe é apresentado seja um procedimento que não se deve
executar na sua vida futura numa possível atuação como pastor, ou seja, pode ser encarado
como uma defesa de sua própria fé quando se expõe uma ideologia que soe como herética
com base no seu conhecimento e convicção religiosa, principalmente quanto esta matéria
aborda outra denominação, religião ou filosofia.
Neste sentido, ao expor o tema sobre a hipnose e PNL e como estas são utilizadas em certas
denominações, e que, a condução do trabalho seja na mais neutralidade possível, supondo
que se chegue ao ponto de se omitir a palavra “manipulação”, e se conceitue tais práticas
como apenas mais uma forma de atuação e que ignore a intenção de denúncia da maioria dos
autores pesquisados, qualquer estudante de teologia que tenha um mínimo de conhecimento
bíblico avaliará e conceituará as práticas descritas como manipulação, ainda que, a partir daí,
aprenda pouco sobre a fragilidade da mente humana que, sendo enganada, faça acreditar
numa falsa sobrenaturalidade, e perceba, com espanto, como é fácil ludibriar uma
coletividade.
Assim o presente trabalho trará uma grande contribuição, não só para formação teológica
como também para formação pastoral. Frente aos desafios, as aflições e principalmente as
tentações durante a vida no ministério, no afã de sucesso em seu trabalho como pastor e líder,
seja qual for seu conceito de sucesso, este, pensará duas vezes antes de lançar mão de alguma
“boa ideia” que está “dando certo” em algum outro lugar. Antes fará uma boa análise,
incluindo dados levantados e expostos neste trabalho, avaliando inclusive, se há alguma
benefício em algum ponto que não vá contra os princípios que defenda, ou seja, ainda sim
cabe um olhar mais cuidadoso tendo em mente que alguma coisa seja então positiva e possa
ser aproveitado em prol de sua comunidade.
O estudante poderá aprofundar seu estudo, e mediante este conhecimento, poderá logo
identificar se um pregador, ou líder, que lance mão de qualquer artificio psicológico com a
intenção, consciente ou não, de manipulação do público e assim optando pelo cuidado de não
copiar esse procedimento no púlpito, por mais que lhe pareça maravilhoso e eficiente.
Quanto às experiências e relatos de curas e milagres, o estudante, pastor, líder ficará ciente de
que em muitos casos são somente resolução de problemas psicossomáticos e saberá discernir
quando alguns se aproveitam desse conhecimento para benefício e promoção própria. Ao
avaliar com mais cuidado é perceptível algo positivo, o líder, pastor, estudante munido deste
conhecimento, de que muitas doenças tem origem nas aflições humanas, será capaz de ajudar
seus liderados divulgando assim a atuação de Deus neste particular, ajudando a comunidade,
minimizando o impacto de suas angústias no corpo físico, com aconselhamento, proximidade,
acolhimento e amor, sendo verdadeiro com os seus liderados, exercendo assim a sua
verdadeira função.
Com relação à adesão em massa ou a preferência popular por algumas instituições que
pregam destoantes biblicamente, listada no presente estudo como objetivo específico, o
estudante, pastor ou líder poderá compreender com mais clareza esse fenômeno que é uma
falsa conversão. É interessante salientar que essa captação em massa de adeptos, listado como
objetivos específicos é um fator resultante esperado dos itens de objetivos específicos
mostrados neste estudo. E não pode ser confundido como objetivo geral que é listar as
semelhanças entre práticas hipnóticas e o que é praticado em certas igrejas. Este
entendimento dá uma explicação a esta conversão em massa, ainda que pareça bom, ajuda o
estudante a avaliar o crescimento destas comunidades, se estão crescendo como igreja ou
crescendo como agremiação. Desta maneira deve gerar um sentimento de compaixão pelas
pessoas envolvidas, desde o fiel, até seu líder máximo e não um impulso competitivo.
A pesquisa focou na utilização da hipnose e PNL em cultos religiosos, procurando relacionar e
identificar práticas no púlpito que aludem a estas ciências, contudo é importante observar que
a pesquisa perpassa por outras questões e outras percepções que não podem ser abordadas
devido a delimitação do tema. Neste caso, é possível fazer expansões da pesquisa, com relação
com o tema, em trabalhos futuros, como por exemplo, o conhecimento psicanalítico e de
psicologia, ainda que muito básico, pode ajudar significativamente o pastor num
aconselhamento pastoral, e também benéfico para o aconselhado, adicionando-se a validade
ou não do emprego da psicanálise na condução pastoral. Também uma pesquisa sobre as
doenças de origem psicossomática, o benefício desse conhecimento pode deixar o pastor
atento e ser de grande ajuda no trabalho com as pessoas da comunidade, em relação à
angústia e problemas de saúde, assim o pastor poderá avaliar e propor, se achar necessário,
que o indivíduo aconselhado procure ajuda psicológica profissional. Continuando esta reflexão,
em que novos temas podem ser estudados, o objetivo específico listado que se refere a
conversões em massa pode ser mais bem explorado, gerando um novo tema e um novo
problema.
O objetivo geral foi alcançado, pois foram reunidas informações de vários autores especialistas
em hipnose, que fazem uma ligação entre a hipnose e ritos religioso através de comparações
de procedimentos, os efeitos no público exposto a tais procedimentos e as intensões
camufladas. Assim realmente é possível concluir sem sombra de dúvida, que nos dias atuais
alguns líderes lançam mão destes artifícios para ganhar dinheiro, poder e reconhecimento
humano. Ao prisma bíblico são estes falsos mestres que se utilizam de técnicas e métodos que
promovem não só um desvio de função da religião como também da hipnose, como
tratamento terapêutico e da PNL que ajuda o indivíduo a aflorar suas capacidades, assim
devem ser usadas em favor do próximo e de si mesmo, salientando que o benefício de si
mesmo, só é legítimo quando outras pessoas não são lesadas, ou seja, tanto a religião como a
psicologia, psicanálise, PNL, hipnose devem ser afastadas de todo e qualquer mau uso que
pode ser prejudicial às outras pessoas.
É possível relacionar algumas técnicas utilizadas por estes líderes, nem sempre são iguais a um
show de hipnose de palco, porém carregam o mesmo princípio. A música de fundo envolvente,
iluminação, cor acinzentada das paredes, confissão positiva e o determinismo proclamado, a
utilização de discursos para estimular o medo a culpa e a ganância, promovendo danças,
exorcismos, entrevistas com “demônios” entre outras coisas com para distração de atenção
com a finalidade de baixar a mente crítica dos espectadores, assim abrindo caminho para
plantação de suas doutrinas no mais profundo do inconsciente.
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