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TECNOLOGIA E GESTÃO DA
INFORMAÇÃO (ENEGI)
ISBN: 978-65-89739-00-5
2021
ORGANIZADORES
Fábio Mascarenhas e Silva
Célio Andrade de Santana Júnior
Alexander Willian Azevedo
1
Ficha Catalográfica
2
Organização
Fábio Mascarenhas e Silva
Célio Andrade de Santana Júnior
Alexander Willian Azevedo
Realização
InFoco Consultoria Júnior do Curso de Gestão da Informação da UFPE
Comitê Científico
Célio Andrade de Santana Júnior
Fábio Mascarenhas e Silva
Pareceristas
Alexander Willian Azevedo
Aline Santana do Nascimento Pereira
Alinny ALves de Paiva e Silva
Bianca Gabriely Ferreira Silva
Bruno Machado Trajano
Célio Andrade de Santana Júnior
Edilma Maria dos Santos Silva
Fábio Mascarenhas e Silva
Felipe Gabriel Gomes De Medeiros
Felipe Mozart de Santana Nascimento
Fernanda Carla da silva costa
Georgia Ramine Silva de Lira
Gleice Helena da Silva
Janaína Fernandes Guimarães Polonini
João Henriques de Sousa Júnior
Karen Isabelle dos Santos d'Amorim
Kézia de Lira Feitosa
Marcela Lino da Silva
Márcio Henrique Wanderley Ferreira
Natanael Vitor Sobral
Pablo Vinícius D'oliveira Menezes
Paula Wivianne Quirino dos Santos
Rúbia Wanessa dos Reis Cruz
Stphanie Sá Leitão Grimaldi
Tânia Regina de Brito
Valquíria Barbosa de Almeida
3
PROGRAMAÇÃO DO X ENEGI (MODALIDADE REMOTA)
Links ativados para direcionamento da gravação do evento na Plataforma do YouTube
DIA 1 (01/12/2020)
19:00 as 19:15 – Abertura do Evento
Gabriel Barbosa da Silva - Presidente da InFoco
Prof. Antônio de Souza Silva Júnior - Chefe do Departamento de Ciência da Informação da UFPE
Prof. Alexander Willian Azevedo - Coordenador do Curso de Gestão da Informação
Prof. Fábio Mascarenhas e Silva – Organização do X ENEGI
19:15 as 20:15 – Info Talks:
Profª Maria Amália - Gestão da Informação e desinformação em tempos de COVID-19
20:15 as 20:30 - Intervalo
20:30 as 20:40 – Apresentação de Trabalho (GT5):
Emeide Nóbrega Duarte, Luciana Ferreira Costa, Rayan Aramis de Brito Feitoza & Rosilene Agapito da
Silva Llarena – Memória do Encontro Sobre Ciência, Tecnologia e Gestão.
20:40 as 20:50 – Apresentação de Trabalho (GT5):
André Romão, Carlos Silva & Ângela Holanda - DOPS-PE: um olhar arquivístico com restringes de
repressão
20:50 as 21:00 – Apresentação de Trabalho (GT5):
Simone Oliveira - The Aesthetics of Everyday Life: Family Photographs from the Late 19th and 21st
Century
DIA 2 (02/12/2020)
19:00 as 19:45 - Info Talks:
Anne Louise - entusiasta de machine learning, inteligência artificial
Rodrigo Linck - publicitário, designer, fotográfo e gestor da informação
19:45 as 20:00 - Intervalo
20:00 as 20:10 – Apresentação de Trabalho (GT3)
Edilson Teixeira Barbosa Filho & Luciana Ferreira Costa - Produtivismo Acadêmico: Percepções da
Ciência da Informação.
20:10 as 20:20 – Apresentação de Trabalho (GT3)
Marco Antonio Almeida Llarena, Danielle Harlene Da Silva Moreno, Maria Meriane Vieira Rocha &
Rosilene Agapito Da Silva Llarena – Política de informação e pós-verdade: Uma leitura em cenário
pandêmico.
20:20 as 20:30 – Apresentação de Trabalho (GT4)
Jully Porto Lopes Melo, Anelise Souza Rocha, Larissa Machado Vieira and Douglas Farias Cordeiro -
Desinformação, Fake News e Covid-19: uma análise do programa Saúde sem Fake News
20:30 as 20:40 – Apresentação de Trabalho (GT4)
Paulo Ricardo Silva Lima, João Rodrigo Santos Ferreira & Nelma Camêlo de Araujo – Ética e
empreendedorismo digital.
20:40 as 20:50 – Apresentação de Trabalho (GT4)
Priscilla Peixoto and Ronaldo Araújo - O influenciador digital na divulgação científica em tempos de
Covid-19
DIA 3 (03/12/2020)
18:00 as 18:10 – Apresentação de Trabalho (GT2)
4
Alexander Willian Azevedo – Contribuição do pensamento oriental na Gestão do Conhecimento.
18:10 as 18:20 – Apresentação de Trabalho (GT2)
Adelaide Helena Targino Casimiro & José Domingos Padilha Neto - Gestão do conhecimento durante a
pandemia de SARS-CoV-2: análise da literatura na Biblioteca Virtual de Saúde
18:20 as 18:30 – Apresentação de Trabalho (GT2)
Bárbara Carvalho Diniz, Alzira Karla Araújo da Silva & Elaine Cristina de Brito Moreira - Gestão de
documentos digitais na gestão da informação jurídica
18:30 as 18:40 – Apresentação de Trabalho (GT2)
Joana Ferreira de Araújo & Luciana Ferreira da Costa – Monitoria na Disciplina Metodologia do Trabalho
Científico na UFPB.
18:40 as 18:50 – Apresentação de Trabalho (GT2)
Suzana de Lucena Lira, Marco AntÔnio Llarena, Edcleyton Bruno Silva & Danielle Harlene Moreno –
Gestão Social do Conhecimento: Comunidades virtuais de prática em evidência
18:50 as 19:00 - Apresentação de Trabalho (GT2)
Ilka Maria Soares Campos & Eliane Bezerra Paiva – Usuário da Informação como protagonista da
gestão da informação e do conhecimento.
19:00 as 19:15 - Intervalo
19:15 as 19:25 – Apresentação de Trabalho (GT1)
Ana Paula Orico Marques Cassé, Tarlane Gomes Tenório Sales, Paulo Ricardo Silva Lima & Ronaldo
Ferreira de Araújo – Pesquisas sobre desinformação na base web of science: dados de produção e
orientação temática
19:25 as 19:35 – Apresentação de Trabalho (GT1)
Maria Clara Tavares da Silva & Nancy Sánchez-Tarragó - O Domínio da ética na organização e
representação do conhecimento.
19:35 as 19:45 – Apresentação de Trabalho (GT1)
João Rodrigo Santos Ferreira, Paulo Ricardo Silva Lima & Edivanio Duarte de Souza - A desordem da
informação no contexto da covid-19: a responsabilidade de atuação dos líderes de opinião
19:45 as 19:55 – Apresentação de Trabalho (GT1)
Renato Souza da Silva & Márcio Henrique Wanderley Ferreira – Produção científica em Ciência da
Informação no Nordeste: 2014 - 2019
19:55 as 20:05 – Apresentação de Trabalho (GT1)
Alzira Karla Araújo da Silva, Flávia de Araújo Telmo, Joana Ferreira de Araújo & Dâmaris Queila
Paredes Oliveira Domiciano – Inovação, aprendizagem e extensão universitária em rede social online.
20:05 as 20:15 – Apresentação de Trabalho (GT2)
Beatriz de Oliveira Barbosa & Thais Helen Do Nascimento Santos - Gestão de Documentos para a
eficiência administrativa: um estudo de caso na Universidade Federal de Pernambuco
20:15 as 20:30 - Intervalo
20:30 – Encerramento do Evento
5
REALIZAÇÃO DO EVENTO:
APOIO:
6
Sumário
GRUPOS TEMÁTICOS (GTs)
Os trabalhos foram definidos em Grupos Temáticos que são eixos estabelecidos com o
objetivo de organizar os artigos em temas específicos.
7
Monitoria na Disciplina Metodologia do Trabalho Científico na UFPB........................................
90
Joana Ferreira de Araújo & Luciana Ferreira da Costa
Gestão Social do Conhecimento: Comunidades virtuais de prática em evidência....................
100
Suzana de Lucena Lira, Marco Antônio Llarena, Edcleyton Bruno Silva & Danielle Harlene
Moreno
Usuário da Informação como protagonista da gestão da informação e do conhecimento........
110
Ilka Maria Soares Campos & Eliane Bezerra Paiva
Gestão de Documentos para a eficiência administrativa: um estudo de caso na Universidade
Federal de Pernambuco...........................................................................................................
119
Beatriz de Oliveira Barbosa & Thais Helen Do Nascimento Santos
Produtivismo Acadêmico: Percepções da Ciência da Informação............................................
129
Desinformação, Fake News e Covid-19: uma análise do programa Saúde sem Fake
News........................................................................................................................................ 150
Jully Porto Lopes Melo, Anelise Souza Rocha, Larissa Machado Vieira and Douglas Farias
Cordeiro
Ética e empreendedorismo digital............................................................................................
160
Paulo Ricardo Silva Lima, João Rodrigo Santos Ferreira & Nelma Camêlo de Araujo
O influenciador digital na divulgação científica em tempos de Covid-19...................................
170
Priscilla Peixoto and Ronaldo Araújo
GT 1
ORGANIZAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, PRODUÇÃO E USO
DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
9
ANA PAULA ORICO MARQUES CASSÉ
E-mail: marquespaula100@gmail.com
PAULO RICARDO SILVA LIMA
E-mail: pauloricardoadmpublic@gmail.com
RONALDO FERREIRA DE ARAUJO
E-mail: ronaldo.araujo@ichca.ufal.br
TARLANE GOMES TENÓRIO SALES
E-mail: vieira.mlarissa@gmail.com
ABSTRACT: The mass sharing of information in today's society has triggered the “disinformation” and
“fake news” phenomena. It is essential to deal with the issues in depth, especially in the scientific
context, investing in committed research, instruments of great social value with the power to consolidate
educational institutions, organizations and, also, influence and transform entire communities. This study
10
presents a bibliometric mapping of scientific productions related to the themes "Disinformation", "Fake
News" and "Misinformation" in the international database of Web of Science. The methodological path
was defined in an exploratory research, with a quantitative and qualitative approach, using the
VOSviewer bibliometric tool for mining and processing the collected data, in the time frame from 2015 to
2020. The result of the collection recovered the number of 996 articles. Of the most recurrent terms
recovered from the titles of the articles, a frequency network was formed, which enabled the thematic
analysis of the main clusters, evidencing a significant interconnection of the themes with relevant social
issues. It warns of the need to take a critical stance in view of the large volume of information received,
based on the search for truth, inscribed on validated information, and supported by justice.
Keywords: Disinformation; Fake News; Misinformation; Bibliometrics; Web of Science
1 INTRODUÇÃO
11
e novas formas de visualização das informações, em suas diversas naturezas, com
base nos princípios estatísticos e/ou linguísticos. As produções científicas,
instrumentos de comunicação entre pesquisadores da ciência, disseminam
descobertas oriundas do conhecimento científico produzido, quando “[...] publicadas
em veículos de comunicação formal ou divulgadas em meios informais ou não
convencionais [...]”, transformam-se em comunicação científica registrada. Dessa
comunicação originam-se os estudos bibliométricos, cuja contribuição tem sido notória
para a história social do conhecimento (ARAÚJO; ALVARENGA, 2011, p. 53).
Nesse contexto, evidencia-se a bibliometria como a junção de variadas formas
de medição para a avaliação da ciência e dos fluxos da informação, possibilitando a
aplicação de métodos para a mensuração da produção de instituições de pesquisa,
comunidades específicas e pesquisadores, utilizando-se de técnicas avaliativas
quantitativas, qualitativas ou uma combinação de ambas (VANTI, 2002, p. 152-153).
Este estudo bibliométrico em andamento tem por objetivo mapear as produções
científicas relacionadas aos temas “Disinformation”, “Fake News” e “Misinformation” na
base de dados internacional Web of Science (WoS). O percurso metodológico delimita-
se em uma pesquisa exploratória na WoS, de abordagem quantitativa e qualitativa no
recorte temporal de 2015 a 2020.
2 TRABALHOS CORRELATOS
12
temática desinformação possui distintas traduções, conhecidas como Misinformation
ou Disinformation, ambas com inclinações a informações falsas. A diferenciação ocorre
na intenção de quem disponibilizou a informação, no “[...] caso de misinformation o
autor não saberia que repassou inverdades, ao contrário de disinformation, em que a
falsidade já seria de conhecimento do autor antes de veicular a informação em
questão” (PINHEIRO; BRITO, 2015, p. 3).
Pontua-se que há uma mixórdia conceitual acerca do termo desinformação,
muitas vezes confundido com fake news. Segundo a Unesco (2019), apesar das
semelhanças entre as duas terminologias, há dificuldades para se encontrar um
significado direto e compreensível relacionado ao referido termo. Brisola e Bezerra
(2018) destacam que, apesar da similitude, nota-se que o propósito das fake news
relaciona-se com o controle da divulgação de notícias falsas, com a intenção em
disseminá-las de forma mentirosa, o que também pode trazer, como consequência, a
desinformação. Recuero e Gruzd (2019) associam a disseminação das notícias falsas
intencionais, principalmente, nas mídias digitais, realizada com diversas finalidades,
bem como interesses de ordem política, econômica e social. Tais notícias são
veiculadas com o intuito de atingir interesses de indivíduos ou grupos. Destaca-se, o
termo fake news por suas congruentes características de propagação, desde a
produção, formatação, até sua intenção negativa (BRISOLA; BEZERRA, 2018). No
campo de estudos da informação existem diversas práticas que se relacionam aos
temas desinformação e fake news. Zattar (2017) compreende que os sujeitos devem
possuir uma postura crítica ao receberem uma informação, observando a qualidade, a
relevância e a veracidade delas, para que assim seja possível frear a sua
disseminação na sociedade. A partir da produção do conhecimento, registrada e
apresentada, de forma estruturada pelas universidades, pode-se alcançar
comunidades e organizações de tal forma que possibilitem seus desenvolvimentos,
minimizando, assim, a insipiência de fenômenos como o curso negativo das notícias
no meio infocomunicacional (FERREIRA; SILVA, 2012).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
13
campo científico e contribuem, estatisticamente, na avaliação das tendências de
crescimento da produção científica e na utilização de temáticas nas diversas áreas do
conhecimento (FONSECA, 1986 apud FIGUEREDO et al., 2020, p. 3). Para Café e
Bräscher (2008) a bibliometria é um método, constituído por leis e princípios
estatísticos, com fulcro no mapeamento da produção e produtividade científica.
Destaca-se, ainda, que “as estatísticas não constituem um fim em si mesmas, mas são
mobilizadas para analisar a dimensão coletiva da atividade de pesquisa e o processo
dinâmico da construção de conhecimentos”, outrossim, embora a bibliometria tenha
como fundamento métodos quantitativos, possui, também, métodos qualitativos de
análise (HAYASHI; HAYASHI; MARTINEZ, 2008, p. 139).
Com o avanço tecnológico, as bases de dados tornaram-se as ferramentas mais
utilizadas para busca e pesquisa de periódicos e produções científicas. Assis et al.
(2016, p. 3) salientam que esses instrumentos de pesquisa são produzidos por
serviços de indexação e resumo, oferecendo um número elevado de pontos de
acesso; busca por palavras-chave; suporte a pesquisas complexas por meio da
combinação de termos e a utilização dos operadores booleanos.
Sendo assim, no dia 12 de novembro de 2020, de acordo com o método
bibliométrico, esta pesquisa foi delineada em cinco etapas. Primeira etapa: realizou-
se a escolha da Web of Science (WoS) por ser uma base de dados interdisciplinar de
ampla indexação de periódicos de importância científica, o que possibilitou a
realização de análises quantitativa e qualitativa dos resultados obtidos, como também
por ser disponibilizada de forma gratuita por meio do acesso remoto via CAFe
(comunidade acadêmica federada) ao conteúdo assinado do Portal de Periódicos da
Capes para as instituições participantes (CAPES, 2020). Segunda etapa: efetuou-se a
busca das produções científicas indexadas na principal coleção da WoS, por meio do
operador booleano “OR”, cujos títulos trouxessem os descritores “Disinformation”,
“Fake News” ou “Misinformation”. A expressão utilizada para a busca foi “TÍTULO:
(MISINFORMATION) OR TÍTULO: (DISINFORMATION) OR TÍTULO: (FAKE NEWS)”,
delimitando-se, mediante filtros, o recorte temporal de 2015 a 2020 e o tipo de
documento “artigo”. Terceira etapa: realizou-se a coleta dos dados por intermédio de
planilha (.xls) e arquivo (.txt) gerados e exportados pela WoS para serem tabulados e
formatados no software Microsoft Excel. Quarta etapa: por intermédio da ferramenta
de visualização de dados bibliométricos VOSviewer (versão 1.6.15) foi possível realizar
a mineração dos termos mais recorrentes nos títulos do material coletado, viabilizando
14
a construção de uma rede, demonstrando as temáticas e suas relações com as
diversas áreas do conhecimento. Quinta etapa: procedeu-se às análises quantitativa e
qualitativa das temáticas nos principais clusters.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
15
Fonte: elaborado pelos autores (2020)
5 CONCLUSÃO
17
conhecimento acerca desses fenômenos, como também, abordam suas
consequências e discutem mecanismos e atitudes no intuito de minimizá-los. Motivos
de preocupação e prejuízo em todo o mundo, tais temas servem de alerta à sociedade
informacional para a necessidade de assumir uma postura crítica perante o
significativo volume informacional recebido, baseando-se na busca pela verdade,
inscrita em informações validadas, e amparando-se na justiça.
REFERÊNCIAS
18
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Danger of Presidential Misinformation During the COVID-19 Pandemic. The American
Review of Public Administration, v. 50, n. 6-7, p. 614-620, 2020.
HAYASHI, M. C. P. I. H.; HAYASHI, C. R. M.; MARTINEZ, C. M. S. Estudos sobre
jovens e juventude: diferentes percursos refletidos na produção científica brasileira.
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2008.
KAWCHUK, Greg et al. Misinformation about spinal manipulation and boosting
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KIAT, J. E.; BELLI, R. F.An exploratory high-density EEG investigation of the
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LEWANDOWSKY, S. et al. Misinformation and Its Correction: Continued Influence and
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LIU, P. L.; HUANG, L. V. Digital Disinformation About COVID-19 and the Third-Person
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Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 2020.
LUKITO, J. Coordinating a Multi-Platform Disinformation Campaign: Internet Research
Agency Activity on Three US Social Media Platforms, 2015 to 2017. Political
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MARSDEN, C.; MEYER, T.; BROWN, I. Platform values and democratic elections: How
can the law regulate digital disinformation?. Computer Law & Security Review, v. 36,
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MOURA, A. R. P.; FURTADO, R. L.; BELLUZZO, R. C. B. Desinformação e
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PINHEIRO, M. M. K.; BRITO, V. P. Em busca do significado da desinformação.
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ZATTAR, M. Competência em informação e desinformação: critérios de avaliação do
19
conteúdo das fontes de informação. Liinc em revista, n. 2, v. 13, 2017.
20
MARIA CLARA TAVARES DA SILVA
E-mail: cclaratavares@gmail.com
NANCY SÁNCHEZ-TARRAGÓ
E-mail: nancita1973@gmail.com
RESUMO: Pretende mapear a produção científica brasileira sobre ética no domínio da Organização e
Representação do Conhecimento. A pesquisa é bibliográfica com enfoque quali-quantitativo, com
aporte metodológico da análise de domínio e da bibliometria. A coleta de dados foi feita por meio de
um levantamento bibliográfico em três universos: a Base de Dados Referenciais de Artigos de
Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência
da Informação (ENANCIB) e no capítulo brasileiro “Estudos Avançados em Organização do
Conhecimento” da International Society for Knowledge Organization (ISKO- BRASIL). Foram
recuperados 48 trabalhos. A busca caracterizou-se como regular ao longo dos anos, tendo crescimento
específico entre os anos 2017 e 2019. Os autores que mais tiveram publicações no domínio foram
José Augusto Chaves Guimarães, Fábio Assis Pinho e Suellen Oliveira Milani, com 13, 9 e 8
publicações, respectivamente. Já no ranking de instituições temos a UNESP, UNIRIO e UFMG
liderando os 3 primeiros lugares de instituições que mais aparecem na filiação dos autores da área.
Conclui-se que apesar de reduzida, as pesquisas no campo estão em crescimento e devem continuar
se aprofundando nos aspectos éticos na Organização do Conhecimento.
Palavras-chave: Ética; Organização e Representação do Conhecimento; Análise de Domínio.
Abstract: It intends to map the Brazilian scientific production on ethics in the domain of Knowledge
Organization and Representation. The research is bibliographic with a qualitative and quantitative
approach, with methodological support of domain analysis and bibliometrics. Data collection was
carried out by means of a bibliographic survey in three universes: Base de Dados Referenciais de
Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), annals of Encontro Nacional de Pesquisa
em Ciência da Informação (ENANCIB) and in the brazilian chapter “Estudos Avançados em
Organização do Conhecimento” of the International Society for Knowledge Organization (ISKO-
BRASIL). 48 publications were found. The search was characterized as regular over the years, with
specific growth between the years 2017 and 2019. The authors who had the most publications in the
domain were José Augusto Chaves Guimarães, Fábio Assis Pinho and Suellen Oliveira Milani, with 13,
9 and 8 publications, respectively. In the ranking of institutions, are UNESP, UNIRIO and UFMG leading
the first 3 places of institutions that most appear in the affiliation of the authors of the area. It is
concluded that despite being reduced, research in the field is growing and should continue to deepen
the ethical aspects in the Knowledge Organization.
Keywords: Ethic; Knowledge Organization and Representation; Domain Analysis.
INTRODUÇÃO
21
assuntos. Guimarães (2000, p. 65) afirma que a ética se configura como um “estudo
do bem-fazer ou do bem-agir no âmbito da interação humana, pressupondo uma
concepção de homem como ser livre, autônomo e dono de suas próprias idéias e
atos”. Ela nos conduz a refletir sobre a dignidade do ser humano e a forma como eles
se comportam ao interagir uns com os outros, e em busca desse bem agir em
comunidade estabelecer um conjunto de valores morais que mais se enquadram
naquele momento, naquela comunidade e naquele contexto.
Assim, a criação de processos, produtos, instrumentos da ORC acaba por
refletir comportamentos e padrões éticos de determinadas comunidades discursivas,
literaturas específicas ou domínios. Sabendo que esses instrumentos carregam
padrões éticos e valores morais do ponto de vista daqueles que os constroem, e para
além disso, alguns se propõe a representar sujeitos em âmbito universal ocasionando
problemas de pluralismo ético-social, no qual vieses e preconceitos (MILANI, 2015)
entram em conflito no momento de representação desses sujeitos, observa-se que a
representação de um assunto/temática será feita de acordo com a concepção que os
criadores desses instrumentos têm do mundo.
Nessa perspectiva, assa pesquisa teve como objetivo mapear a produção
nacional sobre o domínio da ética na Organização e Representação do
Conhecimento, evidenciando as diversas interrogações críticas nos discursos dos
autores de Ciência da Informação no Brasil.wes\
1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa pesquisa se caracteriza por ser uma pesquisa bibliográfica com enfoque
quali-quantitativo com aporte metodológico da Análise de Domínio (HJØRLAND,
2002), fazendo um estudo bibliométrico, considerado por Hjørland como um dos
métodos para realizar a análise de domínio. Como destaca Smiraglia (2011 apud
Guimarães, 2014, p. 15):
a análise de domínio caracteriza-se pelo estudo dos aspectos
teóricos de um dado entorno, geralmente representado por
uma literatura ou comunidade de pesquisadores, constituindo
um meio para a geração de novo conhecimento acerca da
interação de dada comunidade científica com a informação.
(SMIRAGLIA, 2011 apud GUIMARÃES, 2014, p. 15).
22
atores sociais que o conformam (autores, instituições, periódicos), quanto os temas
que eles desenvolvem. Para isso, compreendemos domínio como “um corpo de
conhecimento, definido social e teoricamente como o conhecimento de um grupo de
pessoas que compartilham compromissos ontológicos e epistemológicos” (Hjørland,
2017).
O mapeamento foi baseado no levantamento e análise de artigos e trabalhos
em três universos: i) Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência
da Informação (BRAPCI); ii) Anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da
Informação (ENANCIB); e iii) Série "Estudos Avançados em Organização do
Conhecimento " da International Society for Knowledge Organization (ISKO-BRASIL).
Para Ribeiro (2001, p. 47) “a análise de domínio pressupõe a identificação
clara dos limites e do contexto do assunto que está sob análise.” Sendo assim, as
delimitações se apresentam:
2 RESULTADOS E DISCUSSÕES
16
5
4 4
3
22 2
1 1
20042007200820092011201220132014201720182019
Publicações
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa (2020).
24
Tabela 1 – Quantidade de Tabela 2 – Quantidade de
publicações por autor no domínio publicações por instituição no
Ética na Organização e domínio Ética na Organização e
Representação do Representação do
Conhecimento Conhecimento
AUTORIA FREQUÊNC INSTITUIÇÃ FREQUÊNC
IA O IA
GUIMARÃES,
13 UNESP 16
J.
A. C.
PINHO, F. A. 9 UNIRIO 14
MILANI, S. O. 8 UFMG 11
MIRANDA, M.
6 USP 9
L.
C. de.
ALMEIDA, C.
4 UFSC 7
C.
de.
LIMA, G. S. 4 UFF 6
MOURA, M. 4 UFPB 6
A.
NASCIMENTO,
F. A. 3 UFBA 5
FUJITA, M. S. L. 2 UFRJ 4
SILVA, A. P. da. 2 IBICT 3
SILVA, F. G. da. 2 UFPE 3
TRIVELATO, R.
M. da S. 2 UDESC 2
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2020).
2.2 PERIÓDICOS
25
Os periódicos e eventos da área nos possibilitam visualizar um panorama das
pesquisas que estão sendo realizadas e publicadas no país de forma regular dada a
sua periodicidade. São 15 periódicos, nos quais apenas os dois primeiros lugares do
ranking publicaram acima de 2 pesquisas. Todos os demais publicaram apenas uma.
A partir dos dados da tabela acima, verifica-se que os periódicos Informação &
Informação da Universidade Estadual de Londrina e Liinc em revista da Universidade
Federal do Rio de Janeiro lideram a lista de periódicos que mais detém publicações
sobre a temática. As regiões sul e sudeste do país mais uma vez se destacam pela
presença com a maioria de suas revistas preenchendo a lista de periódicos que mais
publicam pesquisas na área no Brasil.
26
Conhecimento (SOCs); discussões sobre bias/biases/vieses na ORC, discussões
sobre etnia/raça; discussões sobre religião; discussões sobre questões de gênero;
discussões sobre sexualidade, feminismos e demais discussões sobre conflitos éticos
e estudos abordando as incongruências dos SOCs.
Numa perspectiva geral, percebe-se que as categorias temáticas identificadas
são resultadas de uma visão eurocêntrica que serviu de alicerce para a criação dos
sistemas de Organização e Representação do Conhecimento. O eurocentrismo foi um
dos responsáveis pela geração de intolerância, preconceito e exclusão de cunho
cultural, religioso, étnico, político, social e econômico, assumindo diferentes
expressões no decorrer da história.
A colonização do saber, as relações de poder e de dependência que se
estabeleceram em decorrência do eurocentrismo são intimamente expostas nos
SOCs. Segundo Quijano (2014),
Dessa forma, todos os eixos da vida dos indivíduos passam a ser contados e
moldados a partir da vivência, cultura, costumes da hegemonia eurocêntrica e
estadunidense.
Os conflitos éticos também se estabelecem como forma de negação de
determinadas características ou valores, como por exemplo as questões de étnicas,
na qual grupos étnicos estão tendo sua existência sistematicamente negada nesses
instrumentos, assim como ocorre com as características no âmbito religioso, com
exemplos bastante conhecidos como nos sistemas de classificação, no qual
determinadas classes apresentação: “religiões cristãs vs. religiões não-cristãs”.
Explicitando que a escolha na classificação, para designar religiões, parte da
contraposição a uma religião, neste caso: a cristã (caso de categorização dicotômica).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os problemas e conflitos éticos que observamos hoje, sempre existiram e são
decorrentes das relações que países colonizadores tem com o restante dos países
que foram colonizados. O domínio da ética na Organização e Representação do
27
Conhecimento está se estabelecendo como um campo promissor, mas ainda
incipientes, considerando o número reduzido de registros coletados. Os valores éticos
vigentes fazem a muitos questionar as limitações dos SOCs, principalmente ante a
representação decente da sociedade.
A pesquisa mostrou que grande parte dos estudos sobre esse mesmo tema
são associados aos métodos da Análise de Domínio, que contribui para que os
pluralismos, individualidades, subjetividades de cada comunidade discursiva e as
características desses grupos sejam levadas em conta, amenizando os problemas e
dilemas provocados pela aplicação de conceitos acríticos dos padrões universais nos
instrumentos da Organização e Representação do Conhecimento amplamente
usados nas bibliotecas no mundo todo.
É importante ressaltar que apesar desta pesquisa ter como objetivo mapear a
produção sobre o domínio da ética, as discussões que podemos fazer com base nos
resultados ainda não foram esgotadas e por isso é reiterada a necessidade de
estudos futuros que continuem os debates sobre essa temática e sobre os desafios
de ajustar seus instrumentos para que se tornem instrumentos eticamente aceitáveis
e/ou criar possibilidades externas as classificações que solucionem e proporcionem o
transpasse de obstáculos que a área necessita superar.
REFERÊNCIAS
BASE DE DADOS REFERENCIAL DE ARTIGOS DE PERIÓDICOS EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO. BRAPCI. Curitiba, 2009. Disponível em: www.brapci.inf.br. Acesso em: 09 set.
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28
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análise de domínio. 2001. 173 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro / IBICT, 2001.
29
JOÃO RODRIGO SANTOS FERREIRA
E-mail: joaorsferreira@gmail.com
PAULO RICARDO SILVA LIMA
E-mail: pauloricardoadmpublic@gmail.com
EDIVANIO DUARTE DE SOUZA
E-mail: edivanioduarte@gmail.com
RESUMO: O cenário pandêmico provocado pela disseminação do novo coronavírus, que vem
marcando o ano de 2020, intensificou discussões sobre as ambivalências da informação em meio ao
caos infocomunicacional, ocasionando assim uma desordem informacional, promovida, muitas vezes,
intencional ou não, por líderes de opinião e/ou por seus seguidores. Este trabalho busca discutir a
responsabilidade desses sujeitos como geradores, disseminadores e compartilhadores de informação,
no contexto pandêmico. Destarte, considera ser necessário que os líderes de opinião e usuários de
informação desenvolvam competências, informacional e midiática, bem como assumam uma postura
moral e ética para minimizar os efeitos da desordem informacional e promover a segurança social.
Palavras-chave: Competência em informação; Desordem da informação; Fake news; Líderes de
opinião; Pandemia.
ABSTRACT: The pandemic scenario caused by the spread of the new coronavirus, which has marked
the year 2020, intensified discussions about the ambivalences of information in the midst of
infocommunicational chaos, thus causing an information disorder, often promoted, intentionally or not, by
opinion leaders and / or by your followers. This paper seeks to discuss the responsibility of these
subjects as generators, disseminators and sharing of information, in the pandemic context. Thus, it
considers it necessary for opinion leaders and information users to develop Information and media
literacy, as well as to assume a moral and ethical stance to minimize the effects of informational disorder
and promote social security.
Keywords: Competence in information; Information disorder; Fake news; Opinion leaders; Pandemic.
1 INTRODUÇÃO
O cenário pandêmico do novo coronavírus, que marca o ano de 2020,
intensificou discussões sobre o poder da informação, verdadeira e falsa, em meio à
desordem de informação. Com efeito, a guerra de versões sobre o vírus
desconhecido, sobretudo, acerca das formas de prevenção e contenção invadiu os
principais canais de comunicação, popularizou conceitos como desinformação e fake
news, evidenciou a desordem informacional e vulnerabilizou a sociedade. Esse
contexto sofreu forte interferência das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (TDICs), na medida em que redimensionaram as formas de produção,
consumo e comunicação da informação e mitigaram as barreiras de espaço e tempo,
dando aos processos infocomunicacionais alto poder de alcance e penetrabilidade.
30
Neste cenário, discute-se a responsabilidade de líderes de opinião que têm
habilidade de influenciar, inspirar, comandar e motivar, e possuem alta capacidade de
atrair respeito e admiração. Esses líderes, autoridades religiosas, dirigentes políticos,
celebridades do mundo do entretenimento e blogueiros, entre outros, costumam
exercer forte influência naqueles que os aceitam e os seguem.
As competências em informação e em mídia, ou apenas competências
infocomunicacionais, são capazes de orientar as ações e reações das pessoas
perante às dificuldades impostas, a promoção de valores morais e ético, e a
ponderação acerca da atuação de líderes de opinião geradores e disseminadores de
informações, bem como daqueles que as recebem e as compartilham.
Considerando que, numa sociedade que valoriza a informação, um cenário
caótico se constrói a partir de inverdades e de atuações oportunistas. Então,
problematizar o papel do líder de opinião, agente de manifestações públicas com
potencial de causar desordem de informação, pode contribuir para o desenvolvimento
de uma postura social mais crítica e, consequentemente, combater ou minimizar o
caos informacional e a insegurança social.
Por reunir publicações de cunho científico e documentos que não foram tratados
científica e analiticamente, o resumo traz uma revisão bibliográfica e documental,
acerca do papel dos líderes de opinião no contexto pandêmico, numa abordagem
qualitativa, por buscar compreender subjetivamente os fenômenos comportamentais
relativos ao objeto de estudo (LAKATOS; MARCONI, 2019).
31
descontrolado desarranjo informacional. A partir de Recuero e Gruzd (2019), observa
que fake news e desinformação estão correlacionadas, pois têm por base conteúdos
falsos. Nessa perspectiva, Botei (2017), esclarece que a disseminação de informações
falsas para manipular e desinformar existiu em todos os períodos históricos, ratifica a
relação entre esses e evidencia alguns efeitos negativos.
A discussão é mais complexa do que os termos sugerem, principalmente, ao
considerar o contexto regido pelas TDICs que redimensionaram as tradicionais mídias
de comunicação, disponibilizaram novos canais, dinamizaram os fluxos
infocomunicacionais e fragilizaram as barreiras de tempo e espaço.
Wardle e Derakhshan (2017) subdivide a desordem informacional em
desinformação, informação incorreta e má-informação. Ao distinguir esses
desarranjos, os autores relacionam a desinformação e a informação incorreta à
veiculação de conteúdos falsos sendo que, no primeiro caso, são criados
deliberadamente com intenção de prejudicar terceiros e, no segundo, não há intenção
de causar dano. Já a má-informação refere-se a informações verdadeiras, porém,
nocivas, uma vez que também são usadas para infligir danos.
Para melhor entender a motivação da desordem da informação e cogitar
possíveis soluções, Wardle e Derakhshan (2017) recomendam considerar três
elementos, a saber, o agente, a mensagem e o intérprete. Os autores chamam a
atenção para as pessoas que estão criando e distribuindo aqueles tipos de conteúdo e
o que as motiva a isso; para o tipo, o formato e/ou as características da mensagem,
uma vez que estes elementos refletem muito sobre a intenção do agente; e para ação
e reação dos sujeitos que recebem a mensagem.
Ao se buscar entender os problemas relacionados à desordem informacional, é
preciso considerar não apenas o teor das mensagens, mas também a intenção por
trás delas, pois, independentemente de sua veracidade ou falsidade, elas trazem
consigo as intenções de seu produtor. Ademais, o medo e a insegurança que
compõem o cenário pandêmico são capazes de desestabilizar a capacidade de
discernimento dos indivíduos acríticos e torná-los vulneráveis aos oportunistas que
manifestam seus interesses e vontades através das mensagens que disseminam.
Em virtude da alta disseminação de incertezas provocada pelo caráter falso ou
especulativo, muitas vezes, sem cunho científico, das informações relativas ao novo
coronavírus, nota-se que um quadro pandêmico se mostra altamente favorável à
32
propagação da desordem da informação. Com efeito, buscar entender, monitorar e
moderar as ações dos agentes, das mensagens e dos intérpretes revela-se uma
solução para evitar ou minimizar possíveis desequilíbrios infocomunicacionais.
O respaldo do líder de opinião e o elevado nível de engenhosidade das fake
news as transferem credibilidade e torna árdua a efetivação do monitoramento e da
moderação. Oliveira e Souza (2018, p. 18) entendem que as notícias falsas mais
prejudiciais são “[...] aquelas que passam pelo crivo da crítica superficial ou possuem
intermediadores ditos de confiança, seja pela posição social que ocupam ou por sua
legitimidade naturalmente concebida pela maior parte da população [...]”. Além disso,
vale destacar que a ação e a reação moderadas dos agentes dependem também de
seus valores morais e éticos, visto que isso norteará suas intenções.
33
Muitos desses líderes não têm qualquer tipo de formação e assumiram esse
posto pela aparência, pelo uso de marcas ou pelo seu modo de abordagem. A grande
questão é que eles têm liberdade para se posicionar sobre algo que não tem
competência, como, por exemplo, saúde, segurança e educação.
Ao assumir o cargo presidencial e entendendo o grau da máxima
responsabilidade sobre a nação, o eleito presidente brasileiro não manteve uma
postura exigida conforme a probidade do cargo e posição. Diante disso, foi
reproduzido o comportamento inadequado e inesperado diante uma situação onde a
desfortuna, desespero e incredulidade são reportados como consequência de atos
impensáveis transmitidos pelo atual presidente. Desde o início da pandemia, este líder
tem utilizado as redes sociais eletrônicas para minimizar os efeitos e os riscos do
vírus, ao tratar o patógeno como “gripezinha” ou “resfriadinho” (BBC, 2020), e alertar
seus seguidores sobre supostas fraudes dos números de casos e de mortes
provocadas pela COVID-19.
Comportamento semelhante a este foi assumido pelo pastor brasileiro Silas
Malafaia, cujas ações excederam demasiadamente suas atribuições precípuas de líder
religioso e conselheiro espiritual e assumiram uma postura insalubre diante do quadro
pandêmico, criando uma corrente de descrença no que se refere à existência do novo
coronavírus e dos casos noticiados no país. Sem crivo científico, as mensagens
veiculadas pelo pastor em seus perfis nas redes sociais foram apagados, pelas
referidas redes, por se tratar de conteúdo desinformativo (BARRETTO; MATSUI,
2020).
Ações dessa natureza têm potencial de ludibriar os seguidores, fazendo com
que os mesmos não acolham as medidas básicas de proteção, gerando a sensação
de algo passageiro e não perigoso, contrariando as orientações das Secretarias
Estaduais de Saúde, do Ministério de Saúde e da Organização Mundial de Saúde
(OMS). O fato é que acompanhado de tais atitudes o número de casos no Brasil
aumentou significativamente, agravando o quadro pandêmico e colocando o país entre
as maiores taxas de letalidade do mundo. Isso coloca esses líderes de opinião numa
posição crítica, cuja irresponsabilidade concorre com a saúde e a segurança da
coletividade.
Há no Brasil e no mundo inúmeros líderes que não acreditam naquilo que vem
sendo proferido pelas autoridades no assunto e as descredibilizam. Em 17 de outubro
34
de 2020, o influenciador digital e preparador físico ucraniano Dmitriy Stuzhuk veio a
óbito por complicações oriundas do coronavírus (BRITO, 2020). Antes disso, o
influenciador vinha fazendo uso das redes eletrônicas afirmando que o vírus não
existia. Importante destacar que, apenas no Instagram, o influenciador possuía mais
de um milhão de seguidores. Isso demonstra que muitas pessoas tinham interesse no
seu trabalho e nos seus conteúdos, tomando-o como uma pessoa de referência.
Esses, como tantos outros líderes de opinião, usam os canais sociais
eletrônicos e alcançam inúmeras pessoas em um curto tempo, ampliando seu poder
de atuação. Um fato agravante é que o contexto pandêmico exige das pessoas tomar
decisões e reações imediatas, privando-as do tempo necessário para avaliar as
informações que as afetam ou para monitorar e moderar as ações de seus produtores.
Isso pode interferir na capacidade individual e coletiva de discernimento, abrindo
precedentes para atuações oportunistas e manipuladoras.
Nessa senda, Cesar e Saldanha (2019, p. 179) entendem que “O cotidiano
ambientado pela mídia facilita a transformação da informação difundida pelo líder em
opinião que pode vir a orientar o liderado por meio de um processo de assimilação,
baseado na confiança e, no caso dos religiosos, também na fé.”. Por isso, é essencial
destacar a importância das competências do sujeito, informacionais e/ou midiáticas,
como importantes instrumentos norteadores das ações e reações de cada um deles.
35
O processo de midiatização passou a exigir da sociedade maior competência
para absorver e manusear o aparato tecnológico utilizado nos processos
infocomunicacionais e para lidar com o alto volume de informações que circula.
Dudziak, Ferreira e Ferrari (2017, p. 220) entendem que esse tipo de
competência “[...] incorpora tanto o conhecimento da estrutura, economia e função dos
sistemas de mídia de massa na sociedade quanto habilidades analíticas para ‘ler’ o
conteúdo estético e ideológico das mensagens de mídia.”. Isso permite ampliar o
entendimento de competência midiática e inferir que o sujeito deve estar preparado
para lidar não somente com o suporte tecnológico e suas consequências, mas
também com as informações inscritas e mediadas por tais suportes.
Assim, à competência midiática, deve-se somar a competência em informação,
que, no entendimento de Dudziak (2010), é resultado da mobilização de um conjunto
de conhecimentos, habilidades, atitudes e recursos direcionados às ações que
identificam e definem a informação necessária para a resolução de problemas, o
preenchimento de lacunas informacionais e a tomada de decisões.
O ambiente digital passou a exigir coordenação entre essas duas esferas
complementares, visto que muitos sujeitos precisam enfrentar os desafios impostos
pelo aparato tecnológico e pelo intenso fluxo infocomunicacional. Torna-se deficiente
aquele que possui domínio das tecnologias usadas nesses processos e não tem
competência para julgar o conteúdo das informações, e vice-versa.
O sujeito parcialmente competente estaria vulnerável às informações falsas e se
tornaria mais um elemento acrítico a serviço da desordem e do caos. É o que
acontece, por exemplo, quando um líder de opinião veicula uma fake news e seus
seguidores compartilham sem ao menos questionar sua veracidade. Ocorre que,
apesar de ter acesso à informação, os seguidores não têm a competência necessária
para julgá-la, e, se a tem, faltam-lhes os freios morais e éticos.
A aproximação entre essas competências resulta no desenvolvimento de
sujeitos mais capacitados para viver numa sociedade marcada pelo intenso fluxo
infocomunicacional. “A competência em informação e a competência midiática podem
ser úteis para que as pessoas saibam como acessar, avaliar e usar a informação
presente nas mídias.” (OTTONICAR; BELLUZZO, 2018, p. 47-48).
As competências infocumunicacionais tornam-se, então, pré-requisitos
essenciais ao razoável posicionamento dos sujeitos perante os infortúnios favorecidos
36
pela desordem de informação às bases que asseguram a manutenção do exercício da
cidadania, visto que aqueles que as possuem podem ter a postura crítica para agir em
favor de seus anseios pessoais e/ou em prol da coletividade.
Como forma de promover a melhor atuação dos sujeitos, soma-se àquelas
competências a evocação de valores morais e éticos, que devem balizar as ações
tanto daqueles que produzem e disseminam informações, quanto daqueles que as
recebem e as compartilham.
É importante esclarecer, a partir de Martins (1996), que a ética é uma
fundamentadora de princípios da vida, enquanto a moral se refere ao conjunto de
regras de condutas para que os sujeitos possam conviver dentro de um domínio
sociocultural. Há de se analisar a ética como uma ação reflexiva dos sujeitos e suas
interações, ao passo que a moral cuida em prover as regras de convivência.
Pensar numa postura moral e ética no ambiente digital é considerar, pelos
menos, os produtores e os receptores de conteúdo. No discutido contexto pandêmico,
por exemplo, se munidas de valores morais e éticos, as ideias e ações dos líderes de
opinião passariam por filtros que poderiam desencorajar sua postura manipuladora e
oportunista. Da mesma forma, esses mesmos valores conduziriam as reações dos
liderados, munindo-os de sensatez perante as atitudes de seus líderes ou das
consequentes adversidades.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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39
RENATO SOUZA DA SILVA
E-mail: renatinhho2016@gmail.com
MÁRCIO HENRIQUE WANDERLEY FERREIRA
E-mail: marcio.wferreira@hotmail.com
Abstract: It proposes to start from the universe of national scientific production in information science,
restricted to the analyzed period. It discusses from the perspective of the production of the works
produced, considering the importance for Information Science. It discusses the research problem based
on a question about how this production behaves, qualitatively, in relation to national production. It aims
to identify scientific production and analyze it from an evaluative point of view, in numerical relation, in
view of the evaluation forms of the funding agencies. It describes the dilemmas imposed on national
production, and presents an analysis of the quantitative data available in Lattes, including those of some
indicators that make up the sample. It adopts exploratory research of an applied nature with a qualitative
and quantitative approach. It uses the lattes codes of researchers from the Graduate Programs in the
Northeast, in the area of Information Science. It adopts the scriptlattes tool v8.13, as a tool for automatic
data collection of the lattes curricula, limited to the period between 2014 and 2019. It concludes that the
data presented from the main Northeastern scientific productions are growing, and that the programs
have been consolidating themselves as active agents in research in Brazilian Information Science.
1 INTRODUÇÃO
42
qualitativas, pode-se tomar como base os problemas do acesso devido seu pouco
investimento em face da educação brasileira com relação à pesquisa.
Concorrem igualmente para essas dificuldades, as relações administrativas que
podem conter e apresentar alguns conflitos entre os agentes envolvidos nos
programas de bolsas do governo, principalmente em intercambio. Contudo, a maioria
das equipes envolvidas nesse tipo de trabalho podem ser multidisciplinares e
apresentaram diferentes pontos de vista as serem trabalhados pela gestão (COSTA;
CONCEIÇÃO, 2017).
Outrossim, a gestão de Tecnologia da Informação, por exemplo, deve
estabelecer as regras que a equipe de pesquisa vai utilizar e direcionar. Além disso,
devem ser definidas diretrizes para a realização do trabalho em conjunto a fim de obter
uma maior sinergia e harmonia no desenvolvimento de atividades coletivas de
pesquisa, de modo a dividir os custos de algumas pesquisas que necessitam de
investimento constantemente (UFRN, 2019).
Incumbe, da mesma forma, levar em consideração os aspectos de ordem
financeira, principalmente de alunos que vieram das classes menos favorecidas da
sociedade brasileira, ou seja, dos que sempre cursaram seu nível superior tendo de
trabalhar, pois a cada dia, está cada vez mais complicado a utilização e
disponibilidade de maiores somas de tempo exclusivo para pesquisa, a fim de ofertar
uma excelente produção nesse aspecto.
Tecnicamente, informa-se que o fenômeno da tecnologia da Informação se faz
estabelecido no vértice da especialização, não podendo admitir um nível menor nos
currículos de seus agentes (UFRN, 2019). Existe ainda a necessidade de se continuar
com as capacitações no sentido se estar sempre atualizando a equipe, em face das
novas técnicas e equipamentos disponíveis o mercado, sendo observada uma
cronologia que absorva os seguintes momentos históricos, de acordo com Moura e
Queiroz (2015):
a) de 1962 até 1969 - aparecimento da Ciência da Informação, com primeiras
perspectivas discursiva. Considera-se o início da classificação denominada conceitos
e definições;
b) de 1970 a 1989 - busca de princípios, metodologia e teorias particulares com
delimitação do terreno epistemológico, abaixo de modificações das novas tecnologias;
43
c) de 1990 em frente - estabilização da classificação denominada e de
princípios, meios e teorias; perspectiva discursiva da natureza e relações
interdisciplinares.
O campo de escrita acadêmica (revistas e periódicos) se trata de um novo
dilema a ser perseguido pelos alunos que trabalham e estudam ao mesmo tempo,
principalmente em regiões com maiores problemas sociais como o Nordeste brasileiro.
Pois a apresentação das novas tecnologias, cada vez mais necessárias no
desenvolvimento de um trabalho científico, exige aprimoramento de atuações diante
das demandas que são cada vez mais complexas e requerem uma dedicação mais
exclusiva do aluno.
Em um sentido mais amplo, as demandas são sempre remodeladas de acordo
com cada tipo de pesquisa a ser realizado. No âmbito exterior, a organização
acadêmica que cuida dessa atividade é remodelada a cada contexto histórico e
precisou se adaptar as novas exigências das pesquisas brasileiras, as quais sempre
permearam dificuldades com relação a incentivos governamentais (UFC, 2019).
Neste sentido, há experiencias de ensino que dependem no sentido mais social,
de aceitar a possibilidade de atuação diante de demandas de acessibilidade como os
atendimentos especializados a certos alunos, que em algumas instituições federais de
ensino, recorrem a assistência acadêmica (assistência social) para pagar aluguel,
alimentação etc. (MOREIRA; MUELLER; VILAN FILHO, 2020).
Com base no que foi proposto pela UFC (2019), observam-se os destaques que
deram para a Ciência da Informação um caráter científico e social: a) Revistas
científicas; b) Bancos de dados; c) Recursos da Internet; d) Comunidades científicas;
e) Empresas e comunidades profissionais de pesquisa; e) Cursos e elementos de
ensino em Ciência da Informação.
A sociedade possui o direito de receber dessa atividade o melhor atendimento
disponível, portanto, um manejo que deve ser realizado diante das possíveis
mudanças de comportamento e readaptação do ambiente externo da pesquisa, em
que se necessita de ações governamentais que possam motivar a entrada de maiores
investimentos no ensino superior e na pesquisa, os quais se tornam dilemas que
geram conflitos na produção cientifica nacional, os quais serão abordados com maior
ênfase no próximo subtópico.
44
3 DILEMAS E CONFLITOS IMPOSTOS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL
4 METODOLOGIA
Para atingir ao objetivo geral proposto nesta pesquisa, é necessário descrever o
percurso metodológico utilizado no seu alcance. Para isso, de acordo com Gil (2009),
a pesquisa apresenta-se como sendo exploratória, utilizando-se de um caráter quali-
quantitativo, com base nos estudos métricos da informação. Aplica-se, portanto, um
estudo bibliométrico com a utilização dos dados dos pesquisadores da plataforma
lattes e de repositórios da amostra, em seguida realiza discussões e reflexões sobre a
interação com a literatura, que se dispõe das análises, permitindo uma maior
identificação do universo da produção nordestina em ciência da informação no período
analisado.
Para a coleta de dados, utilizou-se os códigos dos currículos lattes de 114
pesquisadores dos PPGCI de 7 instituições do Nordeste, os professores foram
46
escolhidos de acordo com a seguinte divisão: 14 do PPGCI/UFPE; 12 do PPGCIUFC;
21 do PPGCI/UFBA; 12 do PPGCI/UFAL; 17 do PPGIC/UFRN; 25 do PPGCI/UFPB; 13
do PPGCI/UFS. Os códigos Lattes foram utilizados no software scriptlattes que extraiu
os dados dos currículos da plataforma lattes do CNPq. O período escolhido para
coleta e análise foi de 2014 a 2019. Após a coleta dos dados, foram consultados os
dados sobre as produções e orientações dos docentes.
Optou-se por apresentar 2 gráficos principais que pudessem facilitar a
compreensão dos resultados obtidos. No gráfico 1 será possível verificar a produção
de artigos em periódicos científicos. Esses dados de produção são importantes pois
dimensionam o fluxo de produção acadêmica dos pesquisadores, e indica,
quantitativamente, como ocorre essa produção ao longo do período analisado. Já no
gráfico 2, identificarão os resultados da quantidade de dissertações orientadas e
finalizadas pelos orientandos dos pesquisadores. Esses dados podem indicar o índice
de formação de novos mestres na Ciência da Informação Nordestina ao serem
comparados a nível nacional.
No gráfico 1 é possível identificar que nos últimos 6 anos existe uma tendência
no acréscimo da produção científica em artigos de periódicos pelos pesquisadores dos
PPGs. Percebe-se que de 2015 a 2018 a produção total ficou acima de 200 artigos por
ano. Ressalta-se que a pesquisa foi aplicada em novembro de 2019, e por isso, muitos
47
dados do referido ano não foram compilados. As razões que podem indicar um
aumento da produção científica neste quesito, ao longo do período, podem ter relação
com as necessidades dos programas em se adequar às exigências da CAPES, para
permitir a continuidade do seu funcionamento. Os programas necessitam de uma
produção científica mínima, para receberem investimento e ainda crescerem em suas
avaliações quadrienais. Neste caso, um dos pontos mais importante identificados nas
fichas de avalição da CAPES, são as publicações qualificadas do Programa por
docente permanente. Dessa maneira, existe uma necessidade quantitativa de uma
produção crescente e constante ao longo do tempo para que os programas continuem
atuando nas suas atividades de Ensino e Pesquisa.
Em seguida, podem ser observados os dados de produção de dissertações de
mestrado no período:
Gráfico 2 – Total de dissertações produzidas
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
49
comparar os dados coletados na plataforma lattes com as avaliações fornecidas pela
CAPES, e verificar a consolidação dos programas na CI brasileira.
REFERÊNCIAS
50
ALZIRA KARLA ARAÚJO DA SILVA
E-mail: alzirakarlaufpb@gmail.com
FLÁVIA DE ARAÚJO TELMO
E-mail: flaviaaraujo.t@gmail.com
JOANA FERREIRA DE ARAÚJO
E-mail: joanah028@gmail.com
DÂMARIS QUEILA PAREDES OLIVEIRA DOMICIANO
E-mail: dqparedes@gmail.com
Resumo: A extensão universitária, um dos pilares das Universidades, precisou ser reinventada durante
a pandemia do Coronavírus (Covid-19), através de práticas inovadoras de aprendizagem como o uso
das redes sociais online, que constituíram uma base forte de compartilhamento de informações neste
cenário. Assim, o estudo mapeou as ações de inovação e aprendizagem por meio das redes sociais
online dos projetos de extensão do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da
Paraíba. Para tanto, partiu de uma pesquisa descritiva e documental, com abordagem qualiquantitativa,
utilizando-se de coleta de dados por meio de questionário eletrônico com os(as) coordenadores(as) dos
referidos projetos de extensão. Para as análises, fez-se uso de inferência crítico-reflexiva. Nos
resultados, caracterizaram-se os projetos e o perfil dos(as) coordenadores(as) e identificaram-se as
ações de inovação e aprendizagem em ambientes de redes sociais online, destacando-se o Instagram,
Facebook, podcast, lives, sites, Linktree, drive e uso de plataformas como o Google Meet. Conclui-se
que a inovação na extensão universitária foi impulsionada pelo uso de ferramentas digitais para
compartilhamento de conteúdo científico em plataformas remotas e redes sociais online, fomentando o
aprendizado e endossando as redes sociais como aliadas na efetivação dessas ações.
Abstract: University extension, one of the columns of University needed to be reinvented whilst the
Coronavirus pandemic (Covid-19), through innovative practices learning such as the use of online social
51
networks, which constituted a strong base of information in this scenario. Thus, the study mapped the
innovation actions and learning trough online social networks and the extension projects of the
Department of Information Science at the Federal University of Paraíba. Therefore, it started from a
descriptive and documentary research, with qualitative approach, using data collection through an
electronic questionnaire with the coordinator's of the referred extension projects. For the analyses,
critical-reflective inference was used. In the results, the projects and the profile coordinators were
characterized and the innovation and learning actions were identified in online social networking
environment, highlighting Instagram, Facebook, podcast, lives, sites, Linktree, drive and use of platforms
like Google Meet. It is concluded that innovation in the university extension was driven by the use of
digital tools for sharing scientific content in remote platforms and online social networks, fostering
learning and endorsing social networks as allies in the effectuation of these actions.
1 INTRODUÇÃO
No recente contexto da pandemia do Coronavírus (Covid-19), as ações de
ensino, pesquisa e extensão foram reinventadas e intensificaram-se como basilares ao
processo de ensino e aprendizagem e de pertencimento institucional.
A comunidade científica e acadêmica, imbuídas do desejo de colaborar,
compartilharam conhecimentos em redes sociais e apresentaram-se como essenciais
no “novo normal”. Aulas, lives, eventos e atividades em plataformas remotas de
comunicação, vídeos em redes sociais e podcasts, por exemplo, tornaram-se
indissociáveis e fundamentais para o ensino, a pesquisa e a extensão.
“As redes sociais possuem uma característica importante na relação ensino-
aprendizado: a colaboração entre os seus participantes.” (REINERT et al., 2010, p. 7).
Afinal, são espaços sociais favoráveis ao compartilhamento e ao ensino-
aprendizagem, colaborando com a inovação pedagógica (ZENHA, 2014/2016).
No tocante a extensão na Universidade Federal da Paraíba a Pró-Reitoria de
Extensão (PROEX/UFPB) publicou uma Instrução Normativa para readequação dos
projetos, com base no uso das ferramentas digitais (UNIVERSIDADE..., 2020). Neste
ínterim, questiona-se: Quais as práticas inovadoras de aprendizagem foram
idealizadas ou adotadas pela extensão durante a pandemia, considerando as redes
sociais online, para prosseguimento e aprimoramento de suas atividades?
Para responder esta pergunta, realizou-se uma pesquisa de campo que primou
pelos projetos de extensão coordenados por docentes do Departamento de Ciência da
Informação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da
Paraíba (DCI/CCSA/UFPB) vigentes em 2020.
Mapearam-se ações de inovação e aprendizagem por meio das redes sociais
online dos projetos de extensão do DCI/CCSA/UFPB. Para tanto, caracterizaram-se os
52
projetos e o perfil dos(as) coordenadores(as); compararam-se ações planejadas antes
da pandemia e as adaptações para o período pandêmico e; identificaram-se ações de
inovação e aprendizagem em ambientes de redes sociais online.
Discute-se a respeito de aprendizagem e inovação na extensão universitária,
interação e gestão de conteúdos nas redes sociais online. Colabora-se, portanto, para
mapear ações e conteúdos criativos que, certamente, representam práticas valiosas
de inovação e gestão de conteúdos e de compartilhamento em redes.
53
A inovação social é “uma intervenção iniciada pelos atores sociais, para atender
a uma aspiração, satisfazer uma necessidade, aportar uma solução ou beneficiar uma
oportunidade de ação, a fim de modificar as relações sociais” (BOUCHARD;
LÉVESQUE, 2010, p. 6-7, tradução nossa). Na extensão, os professores precisaram
inovar em ações didático-pedagógicas.
4 METODOLOGIA
54
A pesquisa caracterizou-se como descritiva e documental, pois descreve os
fatos que se pretende observar (PRODANOV; FREITAS, 2013), neste caso, as ações
inovadores e de aprendizagem empenhadas pelos projetos de extensão vinculados ao
DCI/CCSA/UFPB. Alicerçado em uma abordagem qualiquantitativa, os dados obtidos
foram analisados conforme opiniões e vivências expressas e também representados
segundo números e percentuais.
A pesquisa documental baseou-se nos sete projetos coordenados por docentes
do DCI/UFPB vigentes em 2020, sendo seis na modalidade PROBEX, inseridos nas
áreas de Comunicação (1), Cultura (2), Direitos Humanos e Justiça (1) e Educação (2);
e um UFPB no Seu Município inserido na área de Educação (1).
Um questionário online, elaborado no Google Formulário, com perguntas
abertas e fechadas, foi enviado para os(as) seis coordenadores(as) por e-mail e
recebido entre outubro e novembro de 2020, obtendo-se 100,00% de resposta.
Identificou-se: a) perfil dos(as) coordenadores(as) - nível acadêmico e área de
formação; b) perfil dos projetos - tempo que vem sendo desenvolvidos e
interdisciplinaridade nessa composição; c) redes sociais online – tipo de rede social,
conteúdo compartilhado, ações planejadas e adaptações no período pandêmico,
pontos favoráveis e desfavoráveis dessa adaptação e; d) ações inovadoras - de
aprendizagem e interação em redes sociais online. A análise ocorreu a partir de
inferência crítico-reflexiva.
55
interdisciplinaridade entre os colaboradores(as) nas áreas de Arquivologia,
Biblioteconomia, Direito, Gestão Pública, História, Letras, Pedagogia e Saúde.
Os resultados sobre as redes sociais online revelaram que todos os projetos
possuem rede social, entre as quais se apresentaram: Instagram com 28,00% (7),
Facebook 20,00% (5), YouTube 16,00% (4), Twitter 12,00% (3), Site 12,00% (3),
WhatsApp 4,00% (1), Linktree 4,00% (1) e Google Drive 4,00% (1).
Percebeu-se a predominância do Instagram, usado por todos os projetos,
seguido do Facebook, para divulgação das ações de extensão, mas também o uso de
novas dinâmicas como o WhatsApp, Linktree e Google Drive para compartilhar
conteúdos. Este dado corrobora com o Relatório Digital 2020 October Global Statshot
no qual constatou o uso mais frequente dessas duas redes sociais online.
Quanto aos conteúdos compartilhados nessas redes sociais, têm-se
informações a respeito de eventos e fatos relevantes nas áreas de Ciência da
Informação (Projeto A); posts, informações sobre eventos e ações desenvolvidas
(Projeto B); vídeos, fotos, áudios relacionados às etapas do projeto (Projeto C);
Gestão Documental e retirada de RG's no Estado da Paraíba (Projeto D);
planejamento, escrita científica, normalização no padrão ABNT e apresentação de
trabalhos voltados para estudantes do ensino superior (Projeto E) e médio (Projeto G);
orientações arquivísticas e informações relevantes sobre a Covid-19 (Projeto F).
O conteúdo é compartilhado segundo “informações sobre eventos [...]” (Projeto
A); em formato de “posts [...]” (Projeto B); “vídeos, fotos, áudios relacionados às etapas
do projeto” (Projeto C), apresentando informações importantes como, por exemplo,
“[...] sobre a retirada de RG'S no Estado da Paraíba” (Projeto D). Além destes, também
se verificaram informação com formato de “[...] lives, depoimentos em áudios,
perguntas e respostas, esclarecimento de dúvidas, enquetes nos stories, artes com
divulgação das ações, fotos com registros das ações [...]” (Projeto E); otimizando a
“divulgação sobre o projeto [...]” (Projeto F) e, por fim, “[...] postagens do tipo mapa
mental e conceitual, diário de estudos, vídeo em lettering, post-it e challenge no
aplicativo TikTok [...]” (Projeto G). Esses resultados demonstram a variedade e a
dinamicidade dos formatos de publicação.
De acordo com Zenha (2014/2016, p. 22), “[...] a aprendizagem acontece no
momento em que os usuários dos grupos se propõem a trocar e compartilhar
56
informações a respeito de um assunto para realizar uma determinada finalidade [...].”
Esta troca fica evidente nas redes e formatos utilizados pelos projetos de extensão.
Identificaram-se as ações previstas e as estratégias adotadas durante a
pandemia para dar continuidade à execução dos projetos, conforme Quadro 1.
Projeto A: Compartilhamento As ações sempre foram As ações sempre foram previstas para
das mídias virtuais do previstas para acontecer acontecer na Internet.
Laboratório de Tecnologias na Internet.
Intelectuais – LTi. (PROBEX-
Comunicação)
57
Educação) adaptações.
58
Os pontos desfavoráveis indicaram “As demandas urgentes e o pouco tempo
para adaptar os projetos” (Projeto B), o “Distanciamento social” (Projeto C); “[...] a não
execução do projeto in loco [...]” (Projeto D) e ter que “Aprender a usar diversas
ferramentas tecnológicas rapidamente [...]” (Projeto E). Soma-se a isso, a necessidade
de “[...] Possuir várias plataformas e aplicativos [...” (Projeto G). Um dos(as)
coordenadores(as) acredita “[...] que houve a adaptação necessária, o início foi mais
complexo, agora não vejo pontos desfavoráveis” (Projeto F).
Apesar das dificuldades, percebeu-se que foi possível adaptar e desenvolver as
ações de extensão remotamente. Assim, o estímulo à interação e ao aprendizado
através das redes sociais online foi promovido por meio do “público [que] curte e
compartilha posts [...]” (Projeto A); dos “convites de participação, divulgação” (Projeto
B), das “Oficinas, lives abertas” (Projeto C); das “Enquetes [...] stories com conteúdos
interativos, lives com chat ao vivo, respostas às dúvidas pelo direct do Instagram,
postagens dinâmicas com texto e áudio [...]” (Projeto E).
Essa dinamicidade instiga o público alvo a acompanhar e interagir com os
projetos, “Através de orientações realizadas por metodologias dinâmicas possíveis de
serem aplicadas com o uso da tecnologia [...]” (Projeto F). Além disso, percebeu-se a
preocupação em utilizar-se de “[...] legendas das postagens com texto claro e uso de
linguagem descomplicada [...]” (Projeto G), estimulando a construção de diálogos nos
comentários e facilitando a compreensão do conteúdo compartilhado.
Por fim, têm-se as ações inovadoras para aprendizagem e interação com os
conteúdos em redes sociais online, destacando-se: “Palestras online, uso do Google
Forms” (Projeto B), “Planejamento e execução de lives, artes informativas [...],
reuniões e oficinas de forma remota” (Projeto D), “Lives no Instagram e YouTube,
compartilhamento de conteúdo por vídeos, drive, Linktree [...] site, podcast” (Projeto
E), além disso, o “Uso do YouTube para comunicação, compartilhamento de
conteúdos no Instagram [...] como mapas mentais e conceituais, diário de estudos,
vídeos em lettering, post-it e challenges no aplicativo TikTok, compartilhamento do
drive e criação do Linktree e [...] cartilha [...].” (Projeto G).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inovação e aprendizagem dos projetos de extensão do DCI/CCSA/UFPB,
ancoradas nas adaptações exigidas pela pandemia da COVID-19, destacaram os
59
ambientes de redes sociais online como propícios para interações sociais acadêmicas
e científicas entre grupos de interesses comuns, através do compartilhamento de
conteúdo em formatos dinâmicos, como as lives, vídeos explicativos e artes,
indicativos de como a extensão universitária se reinventou durante a pandemia. As
redes sociais contribuíram para continuidade das ações extensionistas e possibilitaram
a geração de conteúdo digital em formatos diversos.
Entre as redes sociais online destacaram-se Instagram, Facebook, YouTube,
Twitter, Site e a ampliação de estratégias de interação e compartilhamento com a
utilização do WhatsApp, Linktree e Google Drive. Em relação às ações inovadoras
sobressaíram-se lives, vídeos, YouTube, Linktree e Drive, challenges do TikTok, artes
e vídeos em lettering e conteúdos em podcast, fortalecendo a inovação na forma de
compartilhar conteúdo científico em rede social online.
Ressalta-se a importância de estudos que ampliem a identificação do uso das
redes sociais para inovação e aprendizagem na extensão universitária, de modo que
mais ações inovadoras possam ser descobertas e compartilhadas.
REFERÊNCIAS
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60
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e realização de Atividades de Extensão enquanto vigorarem as recomendações de
isolamento social no enfrentamento à Pandemia de Coronavírus (Covid-19). João
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61
GT 2
GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO NAS
ORGANIZAÇÕES
62
ALEXANDER WILLIAN AZEVEDO
E-mail: alexander.azevedo@ufpe.br
Abstract: The study presents a reflection of oriental thinking in relation to knowledge management,
based on the conception of theorists who study the management practice. The context of the historical
origins of recognition recognition management is presented, the assumptions made by the Japanese and
Chinese. The methodological path started from the need to examine the knowledge management
present in the theoretical and documentary conjuncture. The study indicated as a main result that the
oriental conception of knowledge management is complex and is linked to the process of creation,
transfer and application of knowledge in associations, assuming a concept resulting from everyday
experiences and practices in associations.
63
Keywords: Knowledge Management, Oriental Thinking, Management .
1 INTRODUÇÃO
2 PERCURSO METODOLÓGICO
67
do conhecimento organizacional entre pessoas e departamentos de empresas para
geração de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços. Assim,
percebe-se a importância desta construção cultural para o mercado chinês,
considerando a inovação que o guanxi pode proporcionar.
Desta forma, as empresas chinesas visam compreender e utilizar o guanxi para
ganhar vantagem competitivas sobre os concorrentes na geração de conhecimento,
bem como no gerenciamento desse ativo intangível. De acordo Peng e Luo (2000), o
guanxi por tratar-se de relações ou conexões sociais com base em interesses e
benefícios mútuos, as relações entre pessoas acontecem em ambientes recíprocos
para troca de conhecimento.
Assim, existe uma necessidade de aprofundamento de estudos sobre o guanxi
e sua relação com gestão do conhecimento entendimento no ocidente, visando
absorção dos aspectos teóricos e metodológicos ainda pouco compreendidos.
69
Na fase da externalização, segundo Nonaka e Takeuchi (2008) é a articulação
do conhecimento tácito em conceitos explícitos, na medida em que o conhecimento
tácito se torna explícito (tácito para explícito) expresso por meio de metáforas,
analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.
Já a combinação, tem como princípio a padronização do conhecimento, em
manuais ou guias de trabalho e incorporá-lo a um produto (explícito para explícito). A
internalização, conforme se verifica no espiral do conhecimento, ocorre quando novos
conhecimentos explícitos são compartilhados na organização e outras pessoas
começam a utilizá-los para aumentar, estender e reenquadrar seu próprio
conhecimento tácito (explícito para tácito) (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Para Nonaka e Takeuchi (2008), nas organizações o conhecimento pode ser
explícito e tácito, indicando o interesse dos autores orientais pelo modelo proposto por
Polanyi (1958; 1966). O conhecimento explícito é formal, sistemático e objetivo,
podendo ser manifesto em palavras, números ou sons e compartilhado na forma de
dados, fórmulas científicas e recursos visuais, entre outras formas.
Já o conhecimento tácito está relacionado a ações pessoais, indutiva e
circunstancial, “enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim
como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora” (NONAKA e TAKEUCHI,
2008, p. 19).
O conhecimento tácito e explicito apesar das diferenças conceituais, Nonaka e
Takeuchi (2008) compreendem que ambas podem interagir entre um e outro, ou seja,
o conhecimento tácito precisa ser convertido em explícito para que seja validado e
transformado e gerar inovação almejado pelas organizações. Assim, na abordagem
oriental o conhecimento representa um ativo sensível e valioso para organização, pois
permitem combinar e converter experiências em conhecimentos.
Para Nonaka e Takeuchi (2008) existem duas dimensões da criação do
conhecimento: uma epistemológica, na qual se encontram o conhecimento explícito e
o conhecimento tácito; a outra ontológica, cuja premissa é que o conhecimento só
pode ser criado pelo indivíduo, para então ser sucessivamente ampliado pela rede de
interações, podendo tornar-se caracterizada como grupal, organizacional ou
interorganizacional.
Nessa perspectiva é possível observar que o conhecimento é o elemento
essencial como fonte de vantagem competitiva que necessita ser gerenciado nas
70
organizações na visão japonesa, referendando o pressuposto de que o conhecimento
existente nas pessoas é um recurso indispensável pelas organizações que tem
recebido investimentos como capital intelectual.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
71
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RESUMO: Esta pesquisa objetiva analisar os artigos presentes na BVS sobre GC e caracterizá-los
quanto aos autores, palavras-chave e as tendências de estudos. A literatura científica aborda vários
exemplos da aplicação da GC nas organizações públicas, entre as quais podemos destacar as
organizações da saúde pública. A área de saúde humana não é restrita aos cuidados diretos nesta
espécie, mas sim, toda a conjuntura política, social, organizacional e individual que envolve este
humano. É um estudo com objetivos exploratório e descritivo, que utilizou a bibliografia como principal
fonte de dados, uma coleta Bibliométrica e sua abordagem é qualitativa e quantitativa. O principal
instrumento para coleta e análise dos dados foi o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyse (PRISMA). As buscas ocorreram no período entre 13 a 15 de outubro de 2020 na
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde recuperamos 16 artigos pertinentes a este estudo. Os
resultados apontam que os autores formam parcerias para publicação de um artigo sobre GC e saúde e
em seguida essa relação é dissolvida; também, indicam a interdisciplinaridade que a GC agrega ao
conhecimento científico, bem como seu potencial de aplicabilidade em outras áreas além da Ciência da
Informação, em especial aquelas ligadas à saúde humana como medicina, enfermagem, odontologia,
psicologia, entre outras.
73
Abstract: This research aims to analyze the articles present in the VHL on KM and characterize them as
to the authors, keywords and study trends. The scientific literature addresses several examples of the
application of KM in public organizations, among which we can highlight public health organizations. The
area of human health is not restricted to direct care in this species, but rather, the entire political, social,
organizational and individual context that involves this human. It is a study with exploratory and
descriptive objectives, which used the bibliography as the main source of data, a Bibliometric collection
and its approach is qualitative and quantitative. The main instrument for data collection and analysis was
the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyze (PRISMA). The searches took
place from October 13 to 15, 2020 at the Virtual Health Library (VHL), where we retrieved 16 articles
relevant to this study. The results show that the authors form partnerships to publish an article on KM
and health and then this relationship is dissolved; they also indicate the interdisciplinarity that KM adds to
scientific knowledge, as well as its potential for applicability in areas other than Information Science,
especially those related to human health such as medicine, nursing, dentistry, psychology, among
others.
1 INTRODUÇÃO
74
A exemplo dos estudos que podem contribuir para essa nova realidade no
âmbito organizacional, sobretudo nas organizações de saúde, que atuam diretamente
com a problemática exposta, temos os estudos sobre a GC, que possuem o intento de
criar mecanismos que promovam a criação, internalização e compartilhamento de
conhecimentos individuais em nível organizacional, que venham a contribuir com o
desenvolvimento do capital intelectual, resultando em uma eficácia dos serviços de
combate à pandemia por estas organizações.
Dessa forma, foi feita a seguinte indagação: nos artigos de periódicos
indexados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), quais as tendências de estudos
em GC estão sendo utilizadas na área de saúde? Para responder esta
problemática, objetivamos analisar os artigos presentes na BVS sobre GC e
caracterizá-los quanto aos autores, palavras-chave e as tendências de estudos.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
76
fonte, utilizamos a coleta Bibliométrica como uma técnica que permite inferir
estatisticamente a bibliografia científica sobre determinado tema.
O principal instrumento para coleta e análise dos dados foi o Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyse (PRISMA) ou em tradução
livre os Itens principais de relatório para revisões sistemáticas e meta-análises. A
recomendação PRISMA consiste em uma lista de checagem com 27 itens que quanto
mais for seguida, maior confiabilidade metodológica agrega a pesquisa. Quem utiliza a
revisão sistemática se beneficia ao entrar em contato com uma pesquisa menos
sujeita a vieses e que pode apresentar estimativas mais próximas da verdade
(GALVÃO; PANSANI, 2015). No que concerne a seleção dos trabalhos, apresentamos
na Tabela 1.
77
utilizadas para dar maior precisão aos resultados. A julgar a multiplicidade de idiomas
que a respectiva base indexa, utilizamos os termos em português e inglês. Um critério
de exclusão aplicado foi de que apenas artigos de periódicos foram elegíveis, tendo
em vista que este é o formato mais utilizado pelos pesquisadores em razão da rapidez
da divulgação com os pares. (MARCONI; LAKATOS, 2017)
Inicialmente foram recuperados 120 trabalhos, após a exclusão de duplicatas
(36 artigos que apareceram mais de uma vez) e de 24 que não eram artigos de
periódicos, foram identificados que 16 destes possuíam pertinência com o escopo
deste trabalho, formando nossa amostra. Portanto os resultados apresentados neste
artigo, são um recorte da literatura sobre o tema.
Os 16 artigos que serviram como insumo para este estudo, tiveram 58 autores e
apenas um deles voltou a trabalhar o assunto. Barry Robson (Royal Society of
Medicine, Reino Unido) foi autor dos artigos publicados em 2020 “The use of
knowledge management tools in viroinformatics: example study of a highly conserved
sequence motif in Nsp3 of SARS-CoV-2 as a therapeutic target” e “Computers and
viral diseases: preliminary bioinformatics studies on the design of a synthetic vaccine
and a preventative peptidomimetic antagonist against the SARS-CoV-2 (2019-nCoV,
COVID-19) coronavirus”, ambos publicados na renomada revista Computers in Biology
and Medicine, este periódico também é o único que aparece mais de uma vez nesta
amostra. Podemos perceber as relações de autoria e colaboração entre os 58 autores
na Figura 1.
78
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.
79
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.
80
Já os autores Carley, Horner, Body e Mackway-Jones (2020); Coutinho e
Padilla (2020) demonstram que as informações que chegam para aqueles que lidam
diretamente com pacientes com Covid-19 são inúmeras e, as vezes, conflitantes,
gerando um aumento da carga de trabalho por destes (GONZÁLEZ-AGUÑA et al.,
2020). Por outro lado, durante uma crise sanitária é imprescindível que, não apenas os
profissionais da área, como a população em geral compreenda os protocolos de saúde
pública e tenham meios de aplicá-los no dia-a-dia. Portanto, cabe aos líderes
governamentais, políticos e institucionais (HANNEY et al.) orientarem corretamente e
seguirem os protocolos adequados para evitarem o aumento de casos tendo em vista
o fácil contágio (Mahomed, 2020; Putrino et al., 2020).
Um outro ponto de convergência entre os autores, é de que a tecnologia é
fundamental em todo o processo relacionado à Covid-19, desde a detecção de casos
até a elaboração de vacinas. Kassaye et al. (2020) criaram um sistema que pode
auxiliar nesse rastreio de casos, Fusco et al. (2020) indicaram a aplicação de
blockchain e de inteligência artificial para a contenção do risco de novas “ondas” de
Covid-19, Robson (2020a; 2020b) usou a GC com inteligência artificial na descoberta
do genoma do Covid-19, e, por fim, Wexner, Hoyt e Cortés-Guiral (2020); Yan, Zou e
Mirchandani (2020) avaliaram que apenas pelo uso da GC o gestor conseguiu instituir
uma nova cultura organizacional para tornar mais rápida a comunicação entre
funcionários de um hospital.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
81
Concluímos este artigo com a convicção de que o objetivo proposto foi
alcançado e a problemática respondida, sem, no entanto, com a intenção de esgotar o
tema, mas sim, trazer à luz da ciência um conteúdo que viabilizará novas pesquisas,
de modo a indicar ao leitor os principais autores e textos disponíveis na literatura
científica sobre GC e a atual crise sanitária decorrente da pandemia de SARS-CoV-2.
REFERÊNCIAS
Abstract: It emphasizes the importance and the impact of the management of digital archival
documents for an effective information management of the Electronic Judicial Process System, of the
Regional Labor Court of the 13th Region. It aims to analyze the existence of document management in
the system of that Court, through e-Arq Brasil. Methodologically, it is classified as exploratory and
descriptive, documentary and field research and uses interviews as a data collection technique. The
results are demonstrated through comparative tables and analyzed based on content analysis. It
concludes that the system presents positive aspects in the initial actions of document management,
however, the phases of evaluation, destination and elimination of documents, is not fulfilled, causing
accumulation of documentary mass that can harm the stages and information flow of the system,
compromising the procedural judgment and loss of organizational memory.
1 INTRODUÇÃO
O poder judiciário brasileiro vem buscado alternativas para que a justiça seja
mais célere e eficiente, visto o congestionamento processual existente. Desta forma, o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou, em parceria com alguns tribunais, o
software do Sistema de Processo Judicial Eletrônico (PJe), constituindo-se uma
solução para a padronização da gestão e tramitação de processos judiciais eletrônicos
nos tribunais do país (BRASIL. CONSELHO..., 2010).
Nesse contexto, a Gestão da Informação (GI) além de tratar a informação
registrada em todas as etapas, tem por intuito promover a obtenção de conhecimento
84
adquirido tanto pelas pessoas que trabalham e consultam os documentos na unidade,
bem como pela organização que detém tal patrimônio informacional (GRÁCIO, 2012).
Sabe-se que os documentos arquivísticos são essenciais para obtenção de
informação e de conhecimento, que propiciam valor às organizações, sendo uma
premissa básica da gestão da informação. Admite-se que a gestão de documentos
deve ocorrer não apenas em meio físico, mas é essencial no meio digital para
preservar as características do documento e as informações nele contidas.
O Sistema PJe se destaca enquanto ferramenta indispensável para o
gerenciamento, tramitação e armazenamento dos processos judiciais dos tribunais de
justiça brasileiros, que o adotaram como solução eletrônica processual, e que a gestão
de documentos digitais e a gestão da informação são mecanismos eficazes e
intrínsecos para o adequado armazenamento, busca, recuperação, uso,
compartilhamento e preservação de processos.
O estudo analisa a existência da gestão documental no sistema PJe do Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) da 13ª Região, por meio do documento e-Arq Brasil. Para
tanto, aborda a importância da gestão de documentos como base para gestão da
informação; realiza pesquisa documental e de campo sobre gestão documental em
meio digital no sistema PJe; e compara a existência e o cumprimento dos principais
requisitos da gestão de documentos digitais do e-Arq Brasil em relação ao sistema
PJe.
Este resumo expandido está dividido em introdução, gestão de documentos
digitais e gestão da informação no poder judiciário, procedimentos metodológicos,
apresentação dos resultados, e considerações finais e referências.
3 METODOLOGIA
86
A pesquisa caracterizou-se quanto aos objetivos como exploratória e descritiva,
do tipo documental e de campo e com abordagem qualitativa, utilizando-se da análise
de conteúdo como técnica de análise de dados.
Na fase exploratória envolveu levantamento bibliográfico e realizou entrevista
para melhor compreensão do objeto investigado (PRODANOV; FREITAS, 2013). O
levantamento de literatura explorou os temas gestão de documentos arquivísticos
digitais, gestão da informação e sistema de processo judicial eletrônico. Já a entrevista
realizou-se com um membro da Comissão Permanente de Avaliação e Destinação de
Documentos (CPAD) do TRT 13ª Região.
Na fase descritiva os fatos sobre o objeto foram observados, descritos, classificados e
interpretados sem interferência do pesquisador na situação (ANDRADE, 2010). O
estudo descreveu as funções do sistema em relação à gestão de documentos e as
necessidades e observações relatadas pelo entrevistado.
A pesquisa documental permitiu examinar as fontes de informação primária
(GIL, 2002) sobre o PJe, tais como resoluções, cartilhas e manuais sobre o sistema e
a gestão de documentos no poder judiciário. Em campo obteve-se informações sobre
o problema o qual se desejava obter uma resposta, solução ou validar uma hipótese
(PRODANOV; FREITAS, 2013). Por isso, além do levantamento da literatura, foi-se ao
campo de pesquisa que consistiu no Fórum Trabalhista Maximiano Figueiredo – TRT
13ª Região, localizado na cidade de João Pessoa, para verificar e visualizar o que
ocorria no ambiente e objeto estudado.
A abordagem qualitativa por trabalhar “[...] com um universo dos significados, motivos,
das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2009, p.21),
favoreceu a análise sobre o tema proposto, os documentos que se referiam ao PJe
enquanto sistema de gerenciamento de informações e documentos, tal como o
discurso do entrevistado.
Por fim, na fase de análise de dados utilizou-se a análise de conteúdo
conceituada por Bardin (2006) como um conjunto de diversas técnicas de análise de
comunicações registradas em documentos, discursos políticos, anúncios, falas em
entrevista, ou seja, tudo que envolve a linguística. Assim, os dados analisados foram
divididos por categorias a partir da temática central da gestão arquivística de
documentos digitais para melhor compreensão dos resultados.
87
4 RESULTADOS
No que tange a etapa de captura, o sistema PJe cumpre quase todas as ações desta
fase. No entanto, a partir da análise dos dados coletados, percebeu-se a ausência da
indexação, a falta de uma área específica para elaborar descrições sobre os
processos judiciais, cabendo apenas aos metadados oferecerem um resumo sobre
alguns detalhes do processo.
Além do mais, os processos arquivados tanto provisoriamente, quanto em definitivo,
apesar de estarem separados, ocupam a mesma plataforma/espaço de
armazenamento. Contudo, percebeu-se que o alinhamento e correspondências
positivas nas ações de captura e também de classificação e restrição de acesso.
89
de valor secundário são eliminados. há eliminação de processos.
Recolhimento: os documentos que são No sistema PJe não há recolhimento dos
avaliados com valor secundário, de acordo processos avaliados como secundário, pois
com a legislação/jurisdição arquivística do não existe a política e prática de avaliação
órgão a qual pertence. Os documentos e destinação dos processos.
recolhidos devem vir acompanhados de
instrumentos que lhe identifiquem.
Fonte: Baseado em Brasil. Conselho Nacional de Arquivos - 2011; PJe CSJT - 2020; Dados da pesquisa
- 2020.
90
Percebe-se pelo relato do entrevistado, que não só ele, como também o
MEMOJUTRA, bem como os profissionais da informação do poder judiciário, em
especial os da justiça do trabalho, têm pressionado os desenvolvedores do software
PJe para modificações e inclusões de critérios e etapas da gestão de documentos
para além de propiciar a eficiência do acesso às informações, garantir a preservação e
autenticidade dos processos ao longo do tempo.
O entrevistado também relatou que a Comissão de Avaliação de Documentos do
referido Tribunal utiliza a tabela de temporalidade, bem como realiza a destinação de
documentos, seja para eliminação ou para guarda permanente. No entanto, como já
se sabe, os processos judiciais eletrônicos não são avaliados, impossibilitando sua
eliminação ou guarda permanente de forma a garantir sua autenticidade e acesso a
longo prazo, visto a falta de repositório confiável e estratégias de preservação digital.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
91
REFERÊNCIAS
92
JOANA FERREIRA DE ARAÚJO
E-mail: joanah028@gmail.com
LUCIANA FERREIRA DA COSTA
E-mail: lucianna.costa@yahoo.com.br
Abstract: In the sphere of teaching activities at universities, there is academic monitoring that provides
the autonomy and training of monitors, instigating the development of competences, skills and
knowledge, among them, on information and knowledge management. In this context, the objective of
this research is to highlight the importance of information and knowledge management in the monitoring
activity developed in the discipline Methodology of Scientific Work. Methodologically, the research is
bibliographic, descriptive and field, with a quantitative and qualitative approach. Data collection took
place by applying a questionnaire via Google Forms. The results point the adoption of strategies based
on the principles of information and knowledge management in order to facilitate the monitoring
experience and measure better interaction in the teacher-monitor-student relationship, among them:
orientation meetings, participation in a classroom. classroom, face-to-face doubts; online monitoring via
WhatsApp; study meetings preparation of material and organization of competitions. It concludes that the
monitoring helps a lot in the academic formation of the students who receive it. In addition, it allows the
monitor to learn about teaching, allowing to realize, also, the importance of information and knowledge
management in the teaching-learning process.
1 INTRODUÇÃO
As atividades de ensino, pesquisa e extensão constituem o tripé fundamental
das universidades brasileiras, portanto deve-se empregar a elas igual importância em
sua execução por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) (ORTEGA, 2016).
Na esfera das atividades de ensino, especificamente, encontram-se as práticas de
monitoria, que permitem a aproximação entre o discente monitor e o fazer docente, por
meio do apoio e acompanhamento de atividades de ensino e aprendizagem,
93
observando e auxiliando no planejamento, organização e exercício das atividades
propostas no Plano da disciplina (VICENZI et al., 2016).
A monitoria, segundo Garcia, Silva Filho e Silva (2013), compreende um
trabalho pedagógico em que o professor orienta e é apoiado pelo discente monitor –
escolhido com base no domínio de conteúdo e experiência em determinada área do
conhecimento –, auxiliando o professor no processo de ensino-aprendizagem da
classe em que estão atuando. Cabe salientar, todavia, que o monitor não substitui o
papel do docente, mas o ampara e participa ativamente de algumas atividades, dentro
e fora da sala de aula, desenvolvendo habilidades e competências (CENTRO
UNIVERSITÁRIO SÃO JUDAS, 2018).
Nesse ínterim, soma-se à monitoria a aplicação do processo de gestão da
informação, como estratégia capaz de aferir mais qualidade, eficiência e eficácia no
ensino e aprendizagem, permitindo alcançar maiores índices de satisfação e
assimilação dos conteúdos, tendo em vista a preocupação com relação à abordagem
e materiais ofertados, agregando valor à informação compartilhada e propiciando um
ambiente de troca de informações e aprendizado de forma constante e significativa.
(TARAPANOFF, 2006).
Nesse contexto, empreendeu-se pesquisa com o objetivo de analisar a
atividade de monitoria acadêmica desenvolvida no âmbito da Disciplina de
Metodologia do Trabalho Científico (MTC) do Curso de Graduação em Biblioteconomia
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 1, a partir da relação com a Gestão da
Informação.
95
Este processo, ao ser executado desde o início das atividades de monitoria,
permite a definição sistemática das metas a serem atingidas e alinham as ações com
vistas a atender as demandas dos alunos da disciplina MTC; egressos do ensino
médio que, comumente, não tiveram contato com o conteúdo programado, fato que
pode implicar o enfrentamento de dificuldades ao longo de sua formação acadêmica.
3 METODOLOGIA
Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica e de campo, realizada em ambiente
acadêmico, uma vez que faz uso de “[...] técnicas específicas, que têm o objetivo de
recolher e registrar, de maneira ordenada, os dados sobre o assunto em estudo [...]”
(ANDRADE, 2010, p. 131). A coleta dos dados, referente ao corpo discente atendido
na monitoria (realizada entre 12 de fevereiro e 14 de outubro de 2019) em questão, foi
realizada por meio da aplicação de um questionário online, elaborado na plataforma
Google Forms, composto por perguntas abertas e fechadas. As questões subsidiaram
caracterizar os sujeitos quanto a idade e a disciplina MTC quanto a relevância, ao nível
de dificuldade de compreensão e aplicabilidade. Vale ressaltar que, para o
desenvolvimento desta pesquisa, optou-se por preservar a identidade dos
respondentes.
Em paralelo, para levantamento das atividades desenvolvidas pela monitora,
utilizou-se o registro de frequência mensal, submetida ao Sistema Integrado de Gestão
de Atividades Acadêmicas da UFPB (SIGAA/UFPB), em que são pormenorizadas as
ações executadas, por esta razão é, também, uma pesquisa documental. A
representação dos resultados seu deu por meio de gráficos, característica que
emprega as abordagens quantitativa e qualitativa. A análise se deu a partir de reflexão
crítico-reflexiva sobre os dados obtidos, expostos no item a seguir, em associação às
práticas e informações utilizadas, com os estágios de GI propostos por Davenport e
Prusak (1998).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A priori, faz-se salutar as atividades empenhadas pela monitora durante o
período de execução do Projeto de Monitoria. Ao iniciar as práticas fora feita uma
reunião, momento em que a docente supervisora e monitora conversaram a respeito
do programa da disciplina, observando o planejamento do conteúdo programado
96
segundo as necessidades de informação dos alunos, as metodologias de ensino e
avaliação a serem adotadas; momento que se enquadra no primeiro estágio do
processo de GI proposto por Davenport e Prusak (1998).
A partir desta reunião permaneceu acordada a realização de um Plantão de
Dúvidas presencial, uma hora antes da aula, nas terças e quintas, a fim de atender às
demandas dos discentes e enfatizar os pontos nos quais sentem mais dificuldade;
além do acompanhamento online através da criação de um grupo no WhatsApp, o
qual foi intensamente utilizado na interação entre discentes e monitora, destacando o
apoio das Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino-aprendizagem. Esse
acompanhamento busca estender o processo de identificação das necessidades por
todo o período de monitoria, uma vez que, através dos diálogos, é possível perceber
os pontos que precisam ser reforçados e as informações necessárias para sanar suas
dúvidas.
Houve, ainda, a participação da monitora como ouvinte em sala de aula; guia
em visitas dirigidas aos setores essenciais como: coordenação do curso, Biblioteca
Setorial, Departamento de Ciência da Informação, Laboratório de Informática e
Laboratório Biblioteca Escola, ação denominada “Tour Acadêmico”; correção de
atividades extraclasse; auxílio aos alunos, por meio de reunião de estudos e ensaios
para apresentações de seminários (Figura 1). As ações desenvolvidas, por sua vez,
encontraram-se em consonância às experiências mencionadas por Vicenzi et al.
(2016), Centro Universitário São Judas (2018) e Chaves et al. (2020).
98
Fonte: Arquivo Pessoal – 2019.
99
Fonte: Dados da pesquisa – 2019.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
101
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https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/7303/6470. Acesso em: 27 nov.
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não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998.
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TARAPANOFF, k. (org.). Inteligência, informação e conhecimento. Brasília: IBICT;
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Disponível em: https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1257/1254.
Acesso em: 27 nov. 2020.
102
SUZANA DE LUCENA LIRA
E-mail: suzanallira@hotmail.com
MARCO ANTÔNIO A. LLARENA
E-mail: llarenaifpb@gmail.com
EDCLEYTON BRUNO SILVA
E-mail: biblioebfs@yahoo.com.br
DANIELLE HARLENE MORENO
E-mail: danielleharlene@gmail.com
103
SOCIAL KNOWLEDGE MANAGEMENT: Virtual Communities of
practice in evidence
Abstract: This paper approaches the Communities of practice as a Knowledge Management strategy in
the social context of learning and sharing knowledge in area of Information Science. The current
pandemic conjecture highlights the emergent construction process of “new normal”, where people are
able to interact virtually and share successful practices in development of their activities. Aims to analyze
the publications on virtual communities of practice in recent years in paper of Information Science. This
is a bibliographic, descriptive and exploratory research, aiming to analyze the characteristics of virtual
communities of practice. As for procedures, it is classified as quanti-qualitative. The research was carried
out on Journals Portal of the Coordination for Improvement of Higher Education Personnel, in search of
materials for construction of theoretical foundation and sources of information that addressed research in
other sources related to virtual community of practice. The results show that the term ‘virtual’ is not a
differential, as the trend is the use of the community of practice effected by technological mediation. The
selected articles demonstrate representativeness of theme in Knowledge Management journal. There
has been a regularity of production on theme in recent years. The analyzed categories score concept,
area, objective and innovation of virtual community of practice.
1 INTRODUÇÃO
104
reinventar, de desaprender e aprender novamente. É a revalorização do processo de
aprendizagem e de aquisição de conhecimento reconhecidos como poderosas
ferramentas dessas “novas formas de gestão social do conhecimento” (POZO, 2004,
p. 36).
A Ciência da Informação (CI) tem uma forte dimensão social e humana, acima e
para além da tecnologia, como estabelece Saracevic (1999). A informação envolve a
motivação pessoal e a intencionalidade, sempre conectadas com um horizonte social,
do qual fazem parte a cultura e as ações desempenhadas. Na conjuntura pandêmica
atual, a aprendizagem de forma virtual torna-se emergente para construção de um
“novo normal”, onde as pessoas podem interagir virtualmente, trocar ideias, construir
conhecimentos juntos e partilhar práticas bem sucedidas no desenvolvimento de suas
atividades. Por conseguinte, faz-se necessário estudar as comunidades virtuais de
prática (VCoP), para se analisar a tendência evolutiva desta estratégia de Gestão do
Conhecimento na Ciência da Informação. Para tanto, vislumbra-se o questionamento:
Como está configurado na Ciência da Informação o comportamento da temática
comunidade virtual de prática nos últimos anos?
Portanto, define-se como objetivo analisar as publicações sobre comunidades
virtuais de prática nos últimos quatro anos (2016 - 2020) em artigos indexados nos
periódicos de Ciência da Informação.
105
As CoP’s para Lira (2019, p. 25) são consideradas estratégias utilizadas pela
GC para favorecer o compartilhamento de conhecimento, formadas por grupos de
pessoas que em “meio presencial ou virtual, podem expor ideias e experiências,
partilhar problemas e juntos encontrar soluções”.
Nos anos 1990, Lave e Wenger (1991) definiram CoP como grupo de pessoas
que compartilham um interesse ou uma paixão por um tópico, e que aprofundam seu
conhecimento pela interação numa base continuada. Com o passar do tempo, muitos
autores foram desenvolvendo outras conceituações e, até 2014, as autoras Wilbert,
Dandolini e Steil (2018) identificaram definições e contextos de utilização das CoP’s,
revelando elementos comuns na caracterização destas, tais como: informalidade nas
relações, voluntariedade na adesão, regularidade de interações, e intencionalidade de
aprendizagem pessoal ou de resolução de problema na organização. Essas
características permanecem nas conclusões a que chegaram, com as atualizações
realizadas pelas autoras no período de 2014 a 2017. Elas complementam que o
engajamento mútuo, o empreendimento conjunto e o repertório compartilhado são os
três elementos descritos por Wenger (1998), a continuar dimensões imprescindíveis
para a CoP.
Em entrevista a Omidvar e Kislov (2014, p. 269), Wenger-Trayner explica que
“se pessoas aprendem juntas, o resultado é uma comunidade de prática”, confirma a
importância da abordagem de aprendizagem como um fenômeno decorrente da
interação social na concepção de CoP’s, numa gestão social do conhecimento.
Parafraseando Vinícius de Morais, famoso pela frase “A vida é a arte do encontro”,
pode-se afirmar que “compartilhar é a arte do encontro”.
As autoras Wilbert, Dandolini e Steil (2018, p. 112) concluem que a pesquisa
sinalizou uma adoção gradual da mediação tecnológica, em que “as CoP’s serão
sinônimas de VCoP’s, e o adjetivo “virtual” passa a não acompanhar o termo CoP
como um diferencial”. Nesse caso, justifica-se a quantidade de artigos recuperados em
número pouco expressivo, uma vez que o termo ‘virtual’ foi elemento destacado na
presente pesquisa.
Para definir a Comunidade Virtual de Prática, primeiramente deve-se entender
que as Comunidades de Prática são realizadas por pessoas que compartilham o seu
conhecimento. Logo a VCoP, de acordo com Jones (1997), é uma espécie de espaço
106
público de comunicação e de conteúdos gerados pelos membros que interagem como
agentes de intercâmbio social.
Essa reunião de pessoas em torno de objetivos comuns tem sido alvo de
pesquisadores que investigam grupos, equipes e utilizam interações tecnológicas,
transcendendo as barreiras temporais e geográficas, pelo que as CoP’s passaram a
ser designadas por VCoP’s (WILBERT, 2015).
Wilbert (2015, p.52) apresenta algumas definições de VCoP a partir de pesquisa
na Scopus em que a expressão “comunidade(s) virtual de prática” é explicitada nos
artigos, seja no título, resumo ou palavras-chave. Por meio da Figura 1, considerando
as palavras contidas nos conceitos, é possível visualizar na nuvem de tags o destaque
da palavra “online”, sinalizando a importância da web para conexão entre os membros.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
107
Trata-se de uma pesquisa, conforme sugere Gil (2010), caracterizada como
bibliográfica, do tipo descritiva, e de cunho exploratório, visando analisar o
comportamento das VCoP’s. Quanto aos procedimentos da pesquisa, pode ser
classificada como quanti-qualitativa, uma vez que usa mensuração de dados
quantitativos e analisa qualitativamente os resultados.
A pesquisa foi realizada no Portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Optou-se pela “busca
avançada”, utilizando as expressões: “Virtual Communities of Practice” (mais inclusão
do elemento booleano AND) e “Information Science”, em busca de identificar as
comunicações que estão relacionadas à temática no campo da Ciência da Informação.
A busca também foi realizada por meio dos termos em língua portuguesa, utilizando as
seguintes técnicas: “qualquer” (título; assunto); termos exatos; data de publicação dos
últimos quatro anos (entre os anos de 2016 e 2020). A análise utilizou como critérios
artigos que apresentassem as expressões no título, no resumo ou nas palavras-chave.
A busca recuperou 10 (dez) artigos, sendo 09 (nove) em língua inglesa e 01
(um) em língua portuguesa, conforme Quadro 1. O tratamento dos dados foi realizado
de forma manual com o emprego de planilha Excel para formatação de quadros,
figuras e gráficos apresentados.
A categorização dos dados baseou-se em aspectos que caracterizam VCoP’s
em desenho baseado na pesquisa de Wilbert et al. (2017, p.115), cujos dados dos
estudos selecionados foram analisados quanto a: a) conceito de VCoP; b) área do
conhecimento; c) objetivo da comunidade virtual; d) CoP como apoio à inovação.
Foram analisados também os periódicos e o número de publicações por ano. A análise
permitiu a elaboração de considerações acerca do objeto proposto.
110
configuração de tecnologia à CoP, senso de comunidade virtual, política regulamentar
de VCoP, melhor forma de projetar sistema para uso eficaz, ciclo de vida do
conhecimento, oferece extensão geográfica, autonomia temporal, diversifica práticas,
novas ferramentas viáveis de VCoP e gestão de conteúdos gerados nas VCoP’s.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANTONACCI, G.et al. It is rotating leaders who build the swarm: social network
determinants of growth for healthcare virtual Communities of Practice. Journal of
knowledge management, vol. 21 Nº. 5, 2017, pp. 1218-1239.
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ABSTRACT: In Information and Knowledge Management, information users have a predominant role in
internal environments and in the strategic processes of organizations. The aim of the study is to reflect
about information user as a protagonist of Information and Knowledge Management in the internal
113
environments of organizations. The research is characterized as bibliographic, exploratory and
descriptive with qualitative approach. The theoretical foundations of the research are originated from
Information Science and are based on the concepts of information user, protagonism, and Information
and Knowledge Management. It is concluded that users which act in organizations need to seize upon
information and to exercise their protagonism to delineate strategies of Information and Knowledge
Management.
1 INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais a informação tem desempenhado um papel cada vez mais
central na vida social, cultural e política. A informação tornou-se um bem valioso e
estratégico para as pessoas e organizações. Entretanto, o grande desafio é a
qualidade da informação acessada e como selecionar a informação obtida para
diferentes usos.
Santos e Valentim (2014) referem que a dinâmica dos fluxos informacionais é
determinante para a efetividade das organizações e ressaltam a importância dos
processos relacionados à gestão da informação e do conhecimento.
Os fluxos informacionais são “[...] etapas que compreendem os momentos de
interação e transferência da mensagem entre um emissor e um receptor”
(RODRIGUES; BLATTMANN,2011, p. 47). Assim, as pessoas, os usuários da
informação, são os atores nesse processo que se inicia a partir de uma necessidade
de informação e termina no seu uso.
[...] o sujeito que atua socialmente em ambientes e práticas
relacionados à informação também se caracteriza como sujeito da ação
protagonista, tanto porque apoia toda essa dinâmica, quanto porque
sua própria ação interfere nesse processo (GOMES, 2017, p. 28)
114
da Informação e se baseiam nos conceitos de usuário da informação, protagonismo e
gestão da informação e do conhecimento.
115
Rolim e Cendón (2013) referem dois momentos marcantes para a emergência
dos estudos de usuários: os estudos da Escola de Chicago, na década de 1930 e os
estudos de 1948 da Conferência da Royal Society quando foram apresentados dois
trabalhos sobre as necessidades de usuários de informação científica.
Ao longo do tempo, os estudos de usuários centraram sua atenção em
diferentes tipos de usuários: físicos, tecnólogos, administradores, professores,
estudantes, dentre outros. Esses estudos realizaram-se sob diferentes abordagens
(CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015).
Essas abordagens dialogam com os paradigmas da Ciência da informação,
defendidos por Capurro (2003). Na abordagem tradicional, centrada na unidade de
informação, o usuário é um sujeito passivo, um mero utilizador dos sistemas de
informação. Nela predominam os estudos quantitativos. Essa abordagem vincula-se
ao paradigma físico da Ciência da informação. A abordagem alternativa corresponde
ao paradigma cognitivo da Ciência da informação e é centrada no usuário da
informação. Emergem nessa abordagem os estudos de necessidades de informação,
de comportamento informacional e metodologias qualitativas. A abordagem
sociocultural considera os sujeitos como inseridos em mundos construídos
socialmente. Caracteriza-se pelo uso de diversos aportes teóricos, sobretudo das
Ciências Sociais e Humanas como a Etnometodologia, Fenomenologia, Hermenêutica,
Interacionismo Simbólico, entre outros. A informação é considerada uma construção
coletiva. Essa abordagem corresponde ao paradigma social da Ciência da informação
e surgem, então, os estudos das práticas informacionais. (TANUS, 2014).
A presente pesquisa volta sua atenção para os usuários internos de
organizações e o protagonismo social.
[...] O protagonismo tem relação conceitual com o sócio-interacionismo
e com o paradigma social da CI ao deslocar seus atores para o papel
principal, por revelar uma dimensão pessoal e ao mesmo tempo plural
de convivência com o outro, com a comunidade a qual pertence,
promovendo ações de diversos níveis, inclusive informacionais, e
potencializado uma dinâmica social e cultural no seu contexto, e na
sociedade (FARIAS; VARELA, 2018, p.35).
116
3 USUÁRIO DA INFORMAÇÃO COMO PROTAGONISTA DA GESTÃO DA
INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
117
o está adquirindo, modifica-se a estrutura de conhecimento
preexistente e se converte em novo conhecimento numa dinâmica que
nunca se iguala ao conhecimento anterior.
118
gestão do conhecimento utiliza métodos, técnicas e instrumentos que
levam os sujeitos a compartilharem, socializarem e sistematizarem o
conhecimento (SARDELARI; CASTRO FILHO; HENRIQUE, 2016, p. 5).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
119
O papel do usuário da informação possui uma relevância muito grande para a
devida efetivação da gestão da informação e do conhecimento. Os ambientes internos
perpassam por processos organizacionais a cada momento no desenvolvimento de
suas atividades tendo como protagonistas os usuários.
Refletir nessa perspectiva de gerenciamento da informação e do conhecimento
com o protagonismo dos usuários de informação, explicita também o
compartilhamento como fator que evidencia possibilidades de relações que juntas se
complementam. Para Sveiby (1998, p. 27) “o conhecimento e a informação crescem
quando são compartilhados; uma ideia ou habilidade compartilhada com alguém não
se perde, dobra”. Logo, se justifica o papel dos usuários de informação como
fundamental para a disseminação do conhecimento, assim como a necessidade e uso
da informação nos ambientes internos das organizações.
Conclui-se que os usuários que atuam nas organizações necessitam se
apoderar de informações e exercerem seu protagonismo para delinear estratégias de
gestão da informação e do conhecimento.
FINANCIAMENTO
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122
GESTÃO DE DOCUMENTOS PARA A EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA:
UM ESTUDO DE CASO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO.
RESUMO: A Universidade Federal de Pernambuco é uma instituição de ensino superior que possui
grande relevância para o Estado, assim como para o país. Em suas atividades diárias são produzidas
vastas quantidades de informações, sejam de cunho administrativo, seja de cunho técnico-cientifico.
Desse modo, faz-se necessária a aplicação de procedimentos arquivísticos aos documentos, tendo em
vista o gerenciamento eficiente destes. Nesse contexto, o objetivo deste estudo é o de explorar como
ocorre a gestão de documentos na UFPE, a partir de informações coletadas com as unidades do
Protocolo e do Arquivo Geral. Em termos metodológicos, a pesquisa configura-se pela abordagem
quanti-qualitativa, bem como pelas tipologias exploratória e descritiva. A coleta de dados ocorreu
através de entrevistas do tipo semi-estruturada com servidores técnico-administrativos do Protocolo e
do Arquivo Geral. Como resultado, identificamos que a gestão de documentos ocorre na UFPE,
necessitando da padronização dos procedimentos por todos os setores da instituição.
ABSTRACT: The Universidade Federal de Pernambuco is a higher education institution that has great
relevance for the state, as well as for the country. In their daily activities, vast amounts of information are
produced, whether administrative or technical-scientific. Thus, it is necessary to apply archivistics
procedures to documents, with a view to their efficient management. In this context, the objective of this
study is to explore how records management occurs at UFPE, based on information collected from the
Protocol and General Archive units. In methodological terms, the research is configured by the quanti-
qualitative approach, as well as by the exploratory and descriptive typologies. Data collection took place
through semi-structured interviews with technical-administrative servers of the Protocol and the General
Archive. As a result, we identified that records management takes place at UFPE, requiring
standardization of procedures by all sectors of the institution.
1 NTRODUÇÃO
123
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é uma instituição de ensino
superior que possui grande relevância para o Estado, assim como para o país. Em
suas atividades diárias são produzidas vastas quantidades de informações, sejam de
cunho administrativo, seja de cunho técnico-cientifico. Desse modo, faz-se
necessária a aplicação de procedimentos arquivísticos nos acervos da instituição
para que a documentação produzida e/ou recebida obtenha o gerenciamento
adequado e possa auxiliar no cumprimento dos objetivos institucionais. Outrossim,
no âmbito da administração pública, a gestão de documentos é um compromisso
fundamentado na Constituição Federal (artigo 216, §2º), na já mencionada Lei Nº
8.159/91, bem como na Lei Nº 12.527/11 que é referente ao acesso à informação.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é o de explorar como ocorre a
gestão de documentos na UFPE, a partir de informações coletadas com as equipes
do Protocolo e do Arquivo Geral. Este estudo é um desdobramento da pesquisa
PIBIC intitulada ‘Por um sistema de arquivos da Universidade Federal de
Pernambuco: do mapeamento à proposta’, desenvolvida entre 2019 e 2020.
2 GESTÃO DE DOCUMENTOS
125
dos processos administrativos. Destarte, é imprescindível a aplicação dos
procedimentos da gestão de documentos em uma instituição de ensino superior,
tanto para o tratamento e organização dos registros decorrentes das atividades-
meio, quanto das atividades-fim.
3 METODOLOGIA
1
Entrevista concedida por 1, Entrevistado. Coordenação de Protocolo Geral. [jul. 2020]. Entrevistador: Beatriz de Oliveira
Barbosa. Recife, 2020. 1 arquivo mp4. (41min15s).
127
2
Ibidem, 2020.
3
Ibidem, 2020.
4
Ibidem, 2020.
5
Entrevista concedida por 1, Entrevistado. Coordenação de Protocolo Geral. [jul. 2020]. Entrevistador: Beatriz de Oliveira
128
Barbosa. Recife, 2020. 1 arquivo mp4. (41min15s).
6
Ibidem, 2020.
7
Os entrevistados estão indicados como AG1, AG2 e AG3.
8
Entrevista concedida por AG1, Entrevistado; AG2, Entrevistado; AG3, Entrevistado. Coordenação de Arquivo Geral. [jul.
2020]. Entrevistador: Beatriz de Oliveira Barbosa. Recife, 2020. 1 arquivo mp4. (1h29min59s).
129
9
O SIGAD consiste em “[...] um conjunto de procedimentos e operações técnicas, característico do sistema de gestão
arquivística de documentos, processado por computador. Pode compreender um software particular, um determinado número
de softwares integrados, adquiridos ou desenvolvidos por encomenda, ou uma combinação destes” (CONARQ, 2011,
p. 10). O e-ARQ Brasil estabelece os requisitos mínimos para um SIGAD.
10
Entrevista concedida por AG1, Entrevistado; AG2, Entrevistado; AG3, Entrevistado. Coordenação de Arquivo Geral. [jul.
2020]. Entrevistador: Beatriz de Oliveira Barbosa. Recife, 2020. 1 arquivo mp4. (1h29min59s).
11
Ibidem, 2020.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
130
informações previsto no inciso XXXIII do art. 5 o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no §
2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de
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131
GT 3
POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO, QUALIFICAÇÃO E
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
EDILSON TEIXEIRA BARBOSA FILHO
E-mail: edilsonteixeira48@gmail.com
LUCIANA FERREIRA COSTA
E-mail: lucianacarioca@gmail.com
RESUMO: Este estudo objetiva analisar a percepção sobre o fenômeno do produtivismo acadêmico
pelos docentes do núcleo docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da
Informação em funcionamento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do Brasil.
Metodologicamente, a pesquisa é bibliográfica e descritiva, pautando-se na abordagem qualitativa.
Utiliza o questionário como instrumento de coleta de dados. Os dados obtidos são tratados e
descritos à luz do arcabouço teórico. Como resultado, aponta que os docentes investigados, em sua
maioria, percebem o produtivismo acadêmico como uma realidade de exigências de grandes
proporções em suas atividades e que a ênfase recai nas questões quantitativas da produção
científica. Conclui que a lógica produtivista altera o modo de vida dos docentes, confirmando que o
produtivismo acadêmico pode afetar não apenas a performance no trabalho, mas reverberar em
sérios problemas de saúde, a exemplo da ansiedade, do estresse e da síndrome de Burnout ou
síndrome do esgotamento profissional que são atualmente responsáveis pelo afastamento do
trabalho por determinado período de tempo. Transtornos que podem ter se agravado mais ainda com
a pandemia de COVID-19 neste ano de 2020.
Abstract: This research aims to analyze the perception of academic productivism on the activities
developed by professors linked to the Graduate Programs in Information Science in Brazil,
emphasizing the ongoing programs in the North, Northeast and Center-West regions of the country.
Metodologically, this research nature is bibliographic and descriptive, anchored in the qualitative
approach. The data collection is done through the application of a questionnaire, with data processed
from the cientific literature. The results reveal that the majority of the investigated group recognizes the
demands and emphasis on the quantitative aspect of scientific production and the perception of the
productivist logic on their way of living.It concludes, confirming that the productivism can affect not
only the work, but can also cause health problems such as anxiety, stress and the Burnout syndrome
responsable for taking time off work for a certain period of time. Disorsders that way have worsened
even more with the COVID-19 pandemic this year 2020.
1 NOTAS INTRODUTÓRIAS
133
O conhecimento científico, na sociedade contemporânea, convertido em
capital intelectual, vem ganhando cada vez mais destaque, sendo esse produzido,
essencialmente, nas instituições públicas de ensino superior no Brasil por meio da
pesquisa acadêmica. Com vistas a impulsionar a produção desse conhecimento as
agências de fomento estabelecem critérios de avaliação que põe em relevo a
quantidade das publicações. Desse modo, os docentes de cursos de graduação e,
sobretudo, com vinculação à pós-graduação, acumulam cada vez mais volume de
trabalho, frustrações e, em alguns casos, adoecem devido as exigências em termos
numéricos. Com olhar voltado aos agravantes ocasionados por esse fenômeno no
meio acadêmico, identificam-se estudiosos e suas publicações, a exemplo dos
brasileiros Curty (2010), Pimenta (2015), Sampaio (2016) e Andrade, Cassundé e
Barbosa (2019) e dos portugueses Santiago e Carvalho (2015), que descortinam as
consequências do fenômeno - produtivismo acadêmico - que se mostram mais
evidentes no contexto da pós-graduação devido aos critérios das agências de
avaliação e de fomento que regulam os PPG.
Inegavelmente, os programas de pós-graduação (PPG) são considerados loci
privilegiados de práticas científicas, produção de conhecimento e formação de alto
nível (VELLOSO; VELHO, 2001), daí o interesse em investigar a temática
produtivismo acadêmico, na área da Ciência da Informação, no contexto dos PPG.
Assim, a questão que norteou a pesquisa foi: Qual a percepção dos docentes do
núcleo permanente dos PPG em Ciência da Informação acerca do produtivismo
acadêmico?
No presente estudo, de modo a responder esta questão e atingir o objetivo
proposto, empreendeu-se a pesquisa em relato de modo a
aprofundar o conhecimento sobre o tema do produtivismo acadêmico, fenômeno
presente em todas as áreas do conhecimento, a fim de elucidar como este vem
reverberando não apenas no contexto laboral, mas na vida e na saúde dos
docentes.
2 PRODUTIVISMO ACADÊMICO
134
do trabalho intelectual (ALVES, 2014). Para além disso, demonstra o risco que
intelectuais, cientistas e acadêmicos corriam se não cumprissem as metas impostas
pelos órgãos de financiamento, pelas universidades e pelo mercado.
A máxima publish or perish é o símbolo da pressão social para que
intelectuais, cientistas e acadêmicos publiquem cada vez mais, e seu decanto é
também um símbolo de decadência visível da universidade como instituição do
saber, onde o pensamento reflexivo e competente é substituído pelo culto à
produtividade sem critérios (CURTY, 2010).
Conceituando produtivismo acadêmico, Trein e Rodrigues (2011) o concebem
como, a partir de sua materialização em artigos, como “fetiche-conhecimento-
mercadoria” que contribui para o “mal-estar” da academia brasileira. A adoção do
produtivismo acadêmico, em solo brasileiro, remete ao final dos anos 1970 e, de
forma legitimada, aos anos 1990 (GODOI; XAVIER, 2012).
Na perspectiva de Rego (2014), o produtivismo acadêmico é encarado como
a obrigação do pesquisador de publicar, quase que exclusivamente, em periódicos a
fim de ser avaliado, já que as publicações nas revistas geram indicadores de
qualidade do pesquisador, apesar da relevância questionável das publicações.
Por sua vez, Camargo Jr. (2014) aborda que esse fenômeno se caracteriza
pela pressão exercida junto aos pesquisadores para publicar sempre e cada vez
mais. Essa obrigação por produzir pode chegar a níveis insustentáveis e
insuportáveis, impactando negativamente não só a qualidade das publicações, mas
a vida e a saúde dos profissionais acometidos por esse fenômeno.
Inclusive, sobre o exposto até aqui, destaca-se uma polêmica reportagem
publicada no jornal Folha de São Paulo, em fevereiro de 1988, que divulgou o que
ficou conhecida como “a lista dos improdutivos”. A lista foi elaborada com base na
relação de 1.108, de 4.398 professores da Universidade de São Paulo (USP), que
1
não apresentaram produção científica nos anos de 1985 e 1986 . Este fato colocou
a produção docente como pauta em reflexões e debates intelectuais (SAMPAIO,
2016).
É de fato que a pesquisa é a dimensão mais prestigiada entre as demais
atividades – ensino, extensão e gestão - que fazem parte do trabalho docente. Esse
prestígio se deve às contribuições que o capital intelectual trouxe para os sistemas
produtivos, fazendo com que docentes/pesquisadores ganhassem maior visibilidade
social (NÓVOA, 2007; VOSGUERAU; ORLANDO; MEYER, 2017).
135
Em contrapartida, a partir da pesquisa que as universidades e os docentes
envolvidos nessa atividade são avaliados. A forma de avaliação da pós-graduação
no Brasil intensifica o trabalho dos docentes/pesquisadores, promovendo um cenário
de exclusão, alienação e estranhamento no trabalho a partir de processos de
avaliação que se baseiam em critérios quantitativos de produção acadêmica
(SGUISSARD, SILVA JÚNIOR, 2009; VIZEU; MACADAR, GRAEML, 2014).
O modelo de avaliação valoriza prioritariamente a produção científica,
provocando o deslocamento da centralidade na docência para a centralidade na
pesquisa. Apesar de reconhecerem o caráter positivo da centralidade na pesquisa
no âmbito da pós-graduação, a literatura científica destaca alguns aspectos
negativos e não resolvidos do modelo de avaliação, como a “ausência de uma
fórmula razoável e rápida para avaliar a qualidade da produção científica em termos
de impacto social e científico dos produtos na qualidade de vida” e também a
situação do ““surto produtivista” em que a quantidade se institui em meta e o que
conta é publicar” reverberando na “banalização de formas legítimas de produção”
(KUENZER; MORAIS, 2005, p.1348).
Nas palavras de Pimenta (2014, p. 158) “é a produção de saberes reduzida à
corrida por publicação e aos pontos que gerar.” A autora discute que o sistema de
avalição da pós-graduação é basicamente alicerçado sobre as publicações. Ao
analisar os documentos de área para sua tese, Pimenta concluiu que esse “ranking”
torna as relações entre os docentes mais competitivas e ansiosas, uma vez que a
permanência dos professores nos PPG depende dos pontos somados no Currículo
Lattes durante o período de avaliação, antes trienal e atualmente quadrienal. Nesse
sentido, as metas estabelecidas geram pressão hierarquizada no âmbito da pós-
graduação, onde as pró-reitorias de pesquisa e pós-graduação são pressionadas
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que
por sua vez exercem pressão nos coordenadores, que cobram a produção do corpo
docente para garantir uma boa pontuação no sistema de avaliação (CAFÉ, 2017).
Renata Curty (2010, p. 34) disserta sobre a tônica da sociedade
contemporânea: “publicar a qualquer custo, publicar seja lá o que for publicar como
forma de sobrevivência profissional” e acredita que, em nome de pretensa
otimização da produtividade, a ascensão profissional obedece a parâmetros cada
vez mais quantitativos. Indo além, a autora acredita que é inevitável que a ênfase no
quantitativo, em se tratando da produção intelectual e científica, acentua o
desvirtuamento das universidades.
136
Diversos estudos apontam para o modelo de avaliação das agências de
fomento como um dos principais fatores para propagação do “surto produtivista”.
Sobre isso, Curty (2010, p. 60) acredita que “na academia o consenso sobre a
necessidade da avaliação, como processo contínuo, pode ser unânime”, mas
adverte que esta unanimidade é insustentável por não considerar as especificidades
de cada área do conhecimento, sendo vigente o estabelecimento de “critérios únicos
e unitários para avaliar programas e produções tão distintos”.
3 METODOLOGIA
A pesquisa possui natureza bibliográfica e descritiva, sob abordagem
qualitativa, e tem como recorte o enfoque na percepção dos docentes acerca do
produtivismo acadêmico.
Os atores da pesquisa foram os docentes do núcleo permanente dos PPG em
Ciência da Informação. O universo de atores totalizou 104 docentes e a amostra
totalizou 38 docentes, sendo está configurada pelos que responderam ao
instrumento de coleta de dados aplicado, que foi um questionário elaborado via
Google Forms, com garantia de anonimato do respondente. O questionário foi
enviado aos docentes para o seu e-mail pessoal e institucional, em maio de 2020.
A finalidade deste instrumento foi recolher dados sobre a percepção dos
atores acerca do produtivismo acadêmico. Compuseram a pesquisa oito programas
das regiões norte, nordeste e centro-oeste, a saber: Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação da Universidade Federal do Pará (PPGCI/UFPA);
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da
Bahia (PPGCI/UFBA); Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Sergipe (PPGCI/UFS); Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB);
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de
Alagoas (PPGCI/UFAL); Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE); Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará (PPGCI/UFC);
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília
(PPGCINF/UnB).
137
A análise e interpretação dos dados se deu a partir das respostas dos
docentes, devidamente identificadas pelo código “D” seguida de numeração (de 1 a
38), as quais foram analisadas mediante cruzamento com a literatura.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
138
A cobrança/valorização por/de uma quantidade de produção
exacerbada para atender critérios de órgãos de fomento como a
CAPES. (D.30)
139
[...] Esse espaço-tempo invadido passa a fazer parte da sua rotina
ocasionando estresse e distanciamento familiar. (D.6)
[...] É uma lógica que precisa ser refutada, mas, a mim me parece
que a maioria virou uma manada de seres obedientes à histeria da
produção agônica e fria, em detrimento do hedonismo da pesquisa,
que liberta e alegra, sem roubar de nós a visão crítica do mundo e
de seus fenômenos. (D.8)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
141
NÓVOA, António. O Regresso dos professores. In: Conferência desenvolvimento
profissional de professores ao longo da vida. Lisboa, Portugal, 2007.
PIMENTA, Alessandra Giuliani. (Des)caminhos da pós-graduação brasileira; o
produtivismo acadêmico e seus efeitos nos professores pesquisadores. Tese
(Doutorado em Educação) - Universidade Federal da Paraíba, 2015.
SAMPAIO, Patrícia Passos. Ser (in)feliz na universidade: sofrimento/prazer e
produtivismo no contexto da pós-graduação em Saúde Coletiva/Saúde Pública.
2016. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Universidade de Fortaleza, 2016.
SANTIAGO, Rui; CARVALHO, Teresa; FERREIRA, Andreia. Changing knowledge
and the academic profession in Portugal. HigherEducationQuarterly, v. 69, n. 1, p.
79-100, 2015.
SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JUNIOR, João dos Reis. Trabalho intensificado
nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009.
VELLOSO, Jacques; VELHO, Léa Maria Leme Strini. Mestrandos e doutorandos
no país: trajetórias de formação. Brasília: Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior, 2001.
VIZEU, Fábio; MACADAR, Marie Anne; GRAEML, Alexandre Reis. Produtivismo
acadêmico baseado em uma perspectiva habermasiana. Cadernos EBAPE. BR,
v. 14, n. 4, p. 984-1000, 2016.
VOSGERAU, Dilmeire Sant’Anna Ramos; ORLANDO, Evelyn de Almeida; MEYER,
Patricia. Produtivismo acadêmico e suas repercussões no desenvolvimento
profissional de professores universitários. Educ. Soc., Campinas, v. 38, n. 138, p.
231-247, 2017.
142
MARIA MERIANE VIEIRA ROCHA
E-mail: meriane.vieira@gmail.com
ROSILENE AGAPITO DA SILVA LLARENA
E-mail: rosilenellarena@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
143
CoV-2) e sua doença consequente: a COVID-19. Diante de tal cenário pandêmico,
de comprometimento à saúde física e mental, e decorrentes sofrimentos e perdas
exponenciais, a sociedade da informação convive com uma avalanche de
(des)informações inquietantes em plena crise sanitária.
Neste panorama desafiador todas as atividades estão sofrendo modificações
para atenderem as demandas causadas pela excepcionalidade do momento,
essencialmente a partir da admissão oficial de pandemia pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) nos idos de março de 2020. Por conseguinte, medidas sugeridas
e/ou determinadas pelas autoridades alteraram o quadro normal das ações,
sobretudo de mobilidade e proteção individual: quarentena, isolamento domiciliar,
isolamento físico, lockdown, distanciamento social, além do uso obrigatório de
máscaras em ambientes públicos.
O cenário emergente de incertezas e insegurança potencializadas por picos
de desinformação – enquanto a sociedade, por meio das pesquisas científicas, não
produz a esperada vacina e/ou define medicação/tratamento eficaz para combater a
COVID-19 – coloca a informação como protagonista na construção de uma narrativa
adequada e verdadeira que possa contribuir, efetivamente, no combate aos efeitos
da pandemia e com outros aspectos sociais (econômicos, políticos, educacionais
tec.) que, também, se encontram afetados por este e outros motivos.
Desse modo, se visualiza que a implantação de políticas de informação claras
e acessíveis à sociedade seja fundamental para combater, simultaneamente, dois
vírus: o causador da doença e o propagador de desinformação, inclusive com
narrativas negacionistas ao quadro pandêmico. Ademais, os profissionais da
informação devem exercer papel não apenas de mediador dessa informação, mas
contribuintes na construção de políticas de informação visando o despertar crítico, a
edificação da sociedade da informação por meio da boa utilização da informação, a
disseminação da informação confiável e a construção de cidadãos evolutivos e
coletivos no enfrentamento do momento de crise e na busca de soluções.
Nesse interim, fez-se necessário realizar uma revisão de literatura sobre
“políticas de informação”, enquanto consideração das macro e micropolíticas em
diferentes escalas espaciais (GONZÁLES DE GÓMEZ, 2002), e sobre a pós-
verdade como disseminação de notícias falsas (fake news) no ambiente on-line
(BEZERRA, CAPURRO E SCHNEIDER, 2017), relacionando-as ao momento
pandêmico. Tal procedimento fez-se importante para entender o contexto e sinalizar
144
disponibilidade confiável de informação, sobretudo neste cenário delineado pelo
SARS-CoV-2.
Para tanto, este manuscrito, além desta introdução, é composto de quatro
seções: as considerações teóricas enfocando realidade e perspectivas das políticas
de informação e pós-verdade em cenário pandêmico; a trilha metodológica; os
resultados e análise dos dados; e as considerações finais.
145
informação. Nesse caso, podem ser tanto políticas tácitas ou explícitas, micro ou
macro políticas. Desse modo envolvem as tomadas de decisão e as práticas que
adaptam as condições sob as quais podemos aprender sobre os fatores
informacionais de interesse público do mundo em que vivemos, envolvendo,
também, os atores políticos e sociais, as instituições e seus processos
informacionais.
No contexto atual, essencialmente no cenário pandêmico, as políticas de
Informação adquirem nova dimensão entre as políticas públicas de modo a orientar
governos e lideranças em suas estratégias. Tornam-se, ainda mais relevantes
quando relacionadas ao desenvolvimento das áreas de informação com o objetivo
de redefinir os seus escopos e abrangências a fim refletir e superar com ações
concretas os contextos em tempos de pós-verdade.
O termo “pós-verdade” (post-truth) eleito em 2016 como “o termo do ano”,
pela Universidade de Oxford, diante do contexto de eleição presidencial nos Estados
Unidos e do Brexit (processo de saída da Grã-Betanha/Reino Unido da União
Europeia por meio do voto popular), “[...] se relaciona ou denota circunstâncias nas
quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que
apelos à emoção e a crenças pessoais”2.
Nesse contexto atual, o Oxford Dictionaries (2017) esclarece que a
informação e seu fluxo se caracterizam, no espaço da web, pela quantidade e
versatilidade expondo uma linha, cada vez mais tênue, que separa uma pessoa bem
informada de uma desinformada (ou mal informada). Isso contribui para o
fortalecimento de um fenômeno que parece ter renascido com força relevante nesse
ambiente: a era da pós-verdade, na qual o compartilhamento ininterrupto e
indiscriminado de informações pode transformar, por exemplo, a internet num
ambiente onde ‘inverdades’ se espalham com muita frequência e mais rapidamente
do que os fatos reais. Essas ‘inverdades’ ganham espaço, cada vez maior no
ambiente virtual, por meio da veiculação de notícias falsas (fake news).
Diante do exposto, percebe-se a relação entre os termos: de um lado dispõe-
se da política de informação que prioriza coerência e objetividade, orientando as
ações de informação para tomadas e decisão e, do outro lado, entende-se que a
pós-verdade sinaliza o momento em que a informação perpassa por um contexto de
2
Disponível em: < https://en.oxforddictionaries.com/word-of-the-year/word-of-the-year-2016. Acesso
em: 26 out. 2020.
146
desinformação e manipulação utilizando-se da internet, por meio das mídias e redes
sociais, para disseminação de mentiras causando enorme instabilidade na confiança
e opiniões públicas (ESCOBAR, 2017).
O entendimento dessa relação é de suma importância para que as políticas
de informação possam cumprir seu objetivo em colocar à disposição dos cidadãos o
maior número de informações possíveis, ao passo que se combate a desinformação,
em especial, diante desse cenário pandêmico desencadeado pelo SARS-CoV-2,
desde dezembro de 2019 (quando o primeiro caso do mundo foi registrado na
China). Tal cenário vem apresentando desdobramentos de várias naturezas,
inclusive de dificuldades de acesso às informações confiáveis para melhor entender
e combater os males da crise sanitária instalada.
147
Ademais, as políticas de informação servem como instrumento integrador podendo
ser compreendidas como um dos pilares fundamentais para ampliação da
visibilidade institucional no que se refere à produção do conhecimento e ao sentido
de pertencimento a uma narrativa verdadeira da experiência humanitária.
E a ciência com isso? Diante do problema da pós-verdade na ciência, Sousa
(2017) afirma que o conhecimento das necessidades de informação dos usuários e a
relação deles com a informação recebida nas redes sociais e por aplicativos de
mensagens, impulsionam o fazer diário dos profissionais da informação para a
mediação informacional. Deste modo, considerando o cenário pandêmico, a ciência
vem sendo negada por governos que sinalizam e/ou defendem políticas de
informação ‘negacionistas’ em relação às ciências em geral (essencialmente às
voltadas para a saúde) e dos procedimentos orientados, inclusive, pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Nesse sentido, as políticas de informação, refletidas no contexto da Ciência
da Informação (CI), devem estar voltadas para as tomadas de decisão junto às
organizações sociais e para as práticas que adaptam as condições sob as quais
podemos aprender em relação aos fatores informacionais de interesse público,
incluindo-se os interesses que envolvem “a grande crise sanitária” e seus
desdobramentos. Além disso, devem envolver, também, os atores políticos e sociais,
as instituições e seus processos informacionais cujas decisões passem a compor as
agendas governamentais a fim de contribuir com as soluções dos problemas sociais,
econômicos, educacionais, pandêmicos etc. Desse modo, a informação acessível e
desinformação combatida podem potencializar a luta de superação no atual cenário
pandêmico.
3 TRILHA METODOLÓGICA
148
verdade e pandemia; e, c) quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa
caracteriza-se por análise de conteúdo (AC) simples, pois, analisa os temas
sinalizados numa perspectiva relacional, considerando o cenário pandêmico e o
contexto da sociedade da informação.
Na BRAPCI (com filtro título, palavras-chave e resumo) foi realizada buscas
avançadas pelos termos: “política de informação”, “pós-verdade” e “pandemia”,
combinados em pares, usando elemento booleano AND e restrição de
temporalidade ao ano de 2020. A isto se justifica a necessidade em entender como
têm sido refletidas essas questões no próprio período de pandemia. Apenas a busca
pelos termos “Pós-verdade AND pandemia” revelou quatro artigos e um editorial.
Diante dessa limitação foram, também, analisados artigos minerados por meio de
buscas simples na web para contemplar a relação entre os termos “política de
informação” e “pandemia”. Portanto, a amostra encontrada foi analisada
considerando seus títulos, seus resumos e suas palavras-chave. A coleta dos dados
foi manual e atendeu aos critérios, anteriormente, discriminados, resultando em 5
artigos para análise.
149
BLATTMANN; transformação em época transformação em época de COVID-19 ÀGORA:
BAHIA (2020) de COVID -19 Arquivologia em debate contribui na Arquivística
brasileira com o pensar, a crítica, o saber-fazer.
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente que estudos desta natureza nem são conclusivos, nem exaustivos.
Envolvem conceitos complexos que demandam adaptação às realidades distintas e
150
pesquisas complementares. Logo, inexistiu, nesta investigação, a pretensão de
esgotar a discussão sobre o tema e sim contribuir para elas, em especial, no campo
da Ciência da Informação.
Constatou-se a necessidade em discutir, construir e efetivar políticas de
informação voltadas para a disseminação da informação verídica, eficaz e com
credibilidade e para a edificação de competências em informação que capacitem as
pessoas a engajar-se, criticamente, ao movimento de valorização da verdade. A
isso, junta-se a necessidade de fomento às novas formas de ação e lutas por meio
de políticas de informação que privilegiem mobilizações sociais, essencialmente,
aquelas voltadas para redes sociais.
Constatou-se, ainda, por meio da análise dos artigos minerados, que as
discussões sobre a relação entre a pandemia e a pós-verdade estão implícitas nos
conteúdos abordados pelos autores dos artigos. Porém, não se constata o assunto
diretamente nos títulos e resumos. O mesmo acontece ao discutir sobre as políticas
públicas de informação e sua relevância e efetividade no combate ao coronavírus e
às questões de pós-verdade e desinformação, relacionadas tanto à crise sanitária
atual quanto às questões de interesses políticos.
REFERÊNCIAS
151
GONZÁLEZ DE GOMEZ, Maria Nélida. Da política de informação ao papel da
informação na política contemporânea. Revista Internacional de Estudos
Políticos, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 67-94, abr. 1999.
LIMA, C. R. M.; SáNCHEZ-TARRAGÓ, N.; MORAES, D.; GRINGS, L.; MAIA, M. R.
Emergência de saúde pública global por pandemia de covid-19. Revista Folha de
Rosto, v. 6, n. 2, p. 5-21, 2020.
MUNGUAMBE, R. M. T. P.; FREIRE, G. H. A. A competência informacional dos
técnicos da Biblioteca Central da Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique
no uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. Revista Analisando
em Ciência da Informação, v. 4, n. 2, 2016.
PÓS-VERDADE. In: DICIONÁRIO Oxford Languages. Disponível em:
https://en.oxforddictionaries.com/word-of-the-year/word-of-the-year-2016. Acesso
em: 10 nov. 2020.
PRADO, S.; GRACIOSO, L. S.; COSTA, L. S. F. O papel da memória institucional
para a gestão universitária: contribuições para a consolidação da UMMA na
UFSCAR. Informação & Informação, v. 24, n. 3, p. 409-432, 2019.
PREGER, G. F. Cenários especulativos pós-pandêmicos: a catástrofe sanitária e as
redes solidárias. Revista P2P e Inovação, v. 7, p. 32-70, 2020.
TIBURI, M. Pós-verdade, pós-ética: uma reflexão. In: DUNKER, C. et al. Ética e
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SOUZA, A. R.; JÚNIOR, F. A. A economia solidária como resposta à crise
pandêmica e fator de outro tipo de desenvolvimento. Revista P2P e Inovação, v. 7,
p. 8-25, 2020.
SOUSA, A. O papel do bibliotecário como mediador no contexto na era da pós-
verdade. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 13, n. esp.
CBBD 2017.
152
GT 4
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
153
DOUGLAS FARIAS CORDEIRO
E-mail: cordeiro@ufg.br
Abstract: The advent and accessibility of information and communication technologies has raised a
problem that has affected society in a notable and considerable way: the circulation of fake news.
Governments and private entities have made efforts to tackle this problem, through, for example,
projects to raise awareness among society and fact-checking programs. Considering the Covid-19
pandemic scenario, such actions end up demanding greater attention. This paper proposes to carry
out an analytical study, using data analysis, to understand the panorama of fakes news in the health
area, based on analyzes carried out with the publications published by the project Saúde sem Fake
News, from the Brazilian Ministry of Health.
Keywords: Covid-19; Fake news; Misinformation; Data Analytics; Text Mining.
1 Introdução
154
saúde, abrangendo o coronavírus como mais uma de suas pautas, repleta de
promessas não comprovadas de possíveis curas naturais e teorias
conspiracionistas. Todo este cenário está envolto pelas incertezas naturais que
rondam uma doença pouco conhecida, como é o caso da Covid-19.
Envolto neste ambiente que propicia a circulação de fake news, o Ministério
da Saúde criou, ainda antes do surgimento da pandemia da Covid-19, em 2018, um
projeto de enfrentamento à desinformação batizado como Saúde sem Fake News,
voltado ao esclarecimento e verificação de notícias falsas que circulam na Internet.
De acordo com relatório apresentado, durante o primeiro ano de atuação, o projeto
conseguiu realizar 11,5 mil atendimentos, contemplando um total de 104 registros
classificados como fake news (AGÊNCIA BRASIL, 2019), com destaque para temas
como: vacinação, alimentação e câncer (VIEIRA; SILVA; CORDEIRO, 2019).
A importância característica de ações de enfrentamento à desinformação é
algo fundamental e esperado, principalmente no âmbito da saúde e em situações
que demonstram uma maior sensibilidade, como o caso de uma pandemia. Diante
disso, para além das ações de combate, é interessante ainda compreender as
especificidades que permeiam as fakes news e sua circulação, dentro das quais, os
conteúdos que são veiculados e compartilhados. Neste sentido, este artigo tem
como proposta realizar um estudo exploratório e análise de padrões sobre o
conjunto de publicações disponibilizadas pelo projeto Saúde sem Fake News. Os
resultados alcançados apresentam as variações quantitativas temporais, assim
como os indicativos de termos e temas abordados nos conteúdos tratados pelo
projeto.
155
de maneira literal, significam notícias falsas, possuindo um caráter deliberadamente
fraudulento, cuja falsidade pode ser verificada, e, além disso, imitam uma fonte
noticiosa legítima para aparentar credibilidade (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017).
O consumo e replicação de conteúdos desinformativos, como as fake news,
provoca, diversas vezes, a eclosão de certas reações características de um cenário
da pós-verdadeiro, onde emoções como entusiasmo, desconfiança exacerbada e
medo fortalecem crenças pré-existentes e incitam muitos sujeitos a terem uma visão
romântica de processos políticos e sociais complexos (D’ANCONA, 2018).
Neste enquadramento, podem ser analisadas diversas questões acerca da
temática da saúde, que se mal compreendida, pode levar a comportamentos
geradores de risco, como a tomada de decisão em torno da não vacinação, a
ingestão de medicamentos sem acompanhamento médico e a adoção de
tratamentos alternativos, sem comprovação científica, em substituição aos
protocolos baseados nas melhores evidências. No contexto da Covid-19, os
comportamentos geradores de risco giram em torno da abstenção, por parte de
certos indivíduos, da obediência às medidas para evitar o contágio, como o uso da
máscara, do álcool em gel e a desobediência do isolamento social recomendado.
Em março de 2020, a OMS, Organização Mundial de Saúde, reconheceu o
estado de pandemia da Covid-19, situação a partir da qual surgiu a necessidade de
medidas de contenção do contágio e manejo da doença cujas nuances ainda eram
desconhecidas. Especialmente diante do cenário pontuado, a presente pesquisa se
faz necessária por se compreender que a desinformação na área da saúde é
potencialmente letal.
3 Metodologia
156
característica o fato de serem iterativas e interativas. As atividades que
compreendem o KDD são: seleção, pré-processamento, transformação, mineração
de dados e interpretação (RISTOKI; PAULHEIM, 2016).
Em consonância com o objetivo do artigo, a amostra de dados a ser
trabalhada se refere ao conjunto de dados das publicações veiculadas no portal do
projeto Saúde Sem Fake News, do Ministério da Saúde. É importante destacar que
os sites do Governo Federal passaram por uma reformulação e reestruturação,
nesse sentido, o novo portal do Ministério da Saúde não possui um link direto para
as análises publicadas no âmbito do referido projeto, sendo que as mesmas se
encontram disponíveis no espelho do portal anterior, ainda acessível 3.
As publicações foram extraídas através da utilização de uma solução
baseada em Web Scraping (MITCHELL, 2015), a qual permitiu, inicialmente, a
listagem íntegra de todas as publicações do projeto Saúde sem Fake news e,
posteriormente, a extração dos atributos de interesse: título, data de publicação e
texto.
Na etapa de pré-processamento foram utilizadas rotinas baseadas em
expressões regulares, para procedimentos de limpeza no sentido de remover
eventuais links presentes nos textos, e para classificação dos conteúdos nas
seguintes classes: Covid-19 Fake News, Covid-19 Verdade, Outros Fake News,
Outros Verdade. A identificação dos grupos foi feita com base na ocorrência de
termos como: covid, coronavírus, “é falso”, “é fake news”, “é verdade”, “não
compartilhe”.
Na etapa de transformação foram geradas duas saídas, uma primeira
seguindo o formato CSV (comma separated values), constando dos atributos de
identificação de data e de classes, e um segundo arquivo em formato textual,
utilizado como entrada para aplicação das soluções de mineração de texto.
A etapa de mineração de dados se refere a um conjunto de processos e
procedimentos que são utilizados, de forma algorítmica, para análise de bases de
dados, de forma encontrar padrões, tendências, associações, anomalias, entre
outros, podendo tanto ter seu foco em análises descritivas ou exploratórias
(AMARAL, 2016). No presente trabalho, é realizada inicialmente uma análise
exploratória do conjunto de dados, de modo a evidenciar a evolução temporal das
publicações realizadas junto ao projeto do Ministério da Saúde, em face das classes
3
https://antigo.saude.gov.br/fakenews/
157
identificadas, com destaque para o período que sucede a determinação de
pandemia por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, os dados
textuais obtidos foram analisados através do software Iramuteq 4, possibilitando a
geração dos grafos de similitude para todas as classes identificadas. A partir da
obtenção dos resultados, os mesmos são interpretados em face das questões
abordadas previamente sobre desinformação e fake news, assim como fatores
relacionados a políticas públicas de saúde no âmbito do Brasil e do mundo, os quais
podem influenciar a potencialização deste tipo de fenômeno.
4 Resultados e discussões
4
http://www.iramuteq.org/
158
destaque está ligado ao fato de que para os registros relacionados à Covid-19, 53
(64,6%) foram classificados como fake news, enquanto 29 (35,4%) como verdade.
Figura 2. Série temporal quantitativa categorizada por “fake news” e “verdade” (apenas classe
“Outros”).
159
recomendações da Organização Mundial de Saúde para a higienização das pessoas
e dos objetos.
Figura 3. Série temporal quantitativa categorizada por “fake news” e “verdade” (apenas classe
“Covid”).
160
por meio de redes de contatos, dando aos usuários que as recebem um certo grau
de confiança ao notar a presença da palavra “informação”, como forma de
comprovar uma mensagem fidedigna.
Finalmente, o grafo da Figura 4-d, onde os conteúdos sobre outros assuntos
foram classificados como verdadeiros, evidenciam informações detectadas como
verdadeiras ou informativas acerca do câncer (grupo vermelho), destacando também
as palavras “consumo”, “risco” e “evidências”, elucidando os fatores que podem levar
à referida doença. O grupo vermelho está diretamente ligado ao grupo azul, que
contém termos comumente encontrados em notícias sobre o desenvolvimento do
câncer, como fatores alimentares. O grupo roxo, que destaca os termos “saúde” e
“doença”, volta a falar sobre vacinação, entretanto, a presença da palavra
“recomendação” mostra que houve informações positivas sobre a temática em
questão, provavelmente suscitadas pelas campanhas de vacinação ocorridas no
período, que visam estimular o uso das vacinas como um ato de promoção da
saúde.
5 Considerações finais
A desinformação na área da saúde não é uma novidade dos dias atuais.
Entretanto, conforme pontuado neste artigo, trata-se de um fenômeno que se
ampliou devido à facilidade de interação entre os usuários das redes sociais virtuais.
Os resultados apontam que na temática da Covid-19, há um destaque para a
circulação de fake news relativas às vias de contágio da doença e também sobre as
medidas de higienização necessárias para frear a contaminação, de modo que ao
mesmo tempo em que as fake news se alastram, as ações informativas baseadas
em evidências científicas também têm circulado, especialmente aquelas ligadas às
iniciativas das agências de fact-checking, que têm atuado mais fortemente no
combate à desinformação neste período de pandemia. Por outro lado, nos registros
não relacionadas à Covid -19, observa-se que as fake news estão relacionadas
principalmente aos malefícios da vacinação, ou, para os conteúdos verídicos,
assuntos em torno de assuntos como câncer, alimentação e manutenção da saúde,
incluindo ainda o tema da vacinação, provavelmente derivado das campanhas de
incentivo ao uso das vacinas ocorridas no período pesquisado. Conclui-se que o
cenário evidenciado deixa patente a atualidade e a pertinência do assunto, o qual
deve motivar investigações futuras no sentido de compreender o papel da
161
informação baseada em evidências científicas no combate à desinformação
circulante nas diversas ambiências sociais.
REFERÊNCIAS
162
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pandemic&Itemid=1926&lang=en. Acesso em 13 nov. 2020.
163
ÉTICA E EMPREENDEDORISMO DIGITAL
Abstract: Cyberspace is full of possibilities for entrepreneurs to develop businesses and achieve
better results in the creation and commercialization of their products and services. However, many
companies have used unethical practices to achieve success in the competitive race, misusing
customer data. In view of the above, this discussion addresses ethics in digital entrepreneurship. To
chieve this turpose, a qualitative bibliographic research was adopted. It infers that others of moral and
ethical precepts can create problems for a society, and bring inconvenience to the company.
Keywords: Cyberspace. Digital Ethics. Digital Entrepreneurship.
1 INTRODUÇÃO
164
aceitáveis de convivência, é preciso que preceitos morais e éticos sejam importados
para o ciberespaço.
É certo que a evolução tecnológica trouxe inúmeros benefícios, e isso não
deve ser desconsiderado. Contudo, toda grande mudança exige ajustes e
adaptações, para que a nova realidade se enquadre da melhor forma possível aos
valores preexistentes da sociedade. Tal assertiva é ratificada, por exemplo, pelas
adaptações que o ordenamento jurídico brasileiro vem sofrendo para tratar, de forma
mais incisiva, sobre o uso da internet e do aparato digital enquanto ferramentas
infocomunicacionais. A lei 12.965, de 26 de abril de 2014, conhecida como Marco
Civil da Internet, impõe regras sobre a preservação da privacidade, dos dados
pessoais e segurança dos usuários de serviços digitais no Brasil.
Apesar dos valores morais e éticos permearem o mundo dos negócios, é
comum observar práticas contrárias a tais valores sendo cometidas pelas empresas,
principalmente no atual contexto que tem a informação como subsídio para o
desenvolvimento destas. É pacificado pela literatura que a informação é elemento
utilizado pelas estruturas organizacionais como potencial desenvolvedora de novas
políticas, como formas de desenvolver produtos e serviços, e como fator estratégico
de se angariar novos valores tanto no mundo físico quanto no ambiente virtual
(SCHNEIDER; PIMENTA, 2018).
Assim, o presente trabalho tem como objetivo discutir práticas antiéticas
aplicadas pelas empresas no ambiente digital a partir de um levantamento das
principais características desse espaço ocupado pelas empresas; apontando as
práticas antiéticas mais comuns no ambiente em discussão.
Logo foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, que “[...] é um tipo
específico de produção científica: é feita com base em textos, como livros, artigos
científicos, ensaios críticos, dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, resenhas,
resumos [...]” (LAKATOS; MARCONI, 2019, p.32). Assim, para compreender a
questão da ética nas organizações e no contexto digital, foram revisados autores
nacionais e internacionais que tratam da temática, uma vez que a preocupação com
a ética no ciberespaço é de relevância global.
No tocante aos objetivos suscitados, foi realizada uma abordagem qualitativa,
que como observado por Flick (2009, p.23) os principais aspectos desse tipo de
pesquisa se desdobra “[...] no reconhecimento e na análise de diferentes
perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como
165
parte do processo de produção de conhecimento; e na variedade de abordagens e
métodos.”.
2 DESENVOLVIMENTO
166
2019). São nos ambientes digitais que os empreendedores têm buscado o sucesso
organizacional. Através de páginas na web e perfis nas redes sociais eletrônicas, as
empresas alcançam maior visibilidade dos seus produtos e serviços, e
consequentemente cativam novos clientes (ROMO; ROMERO, 2017). Porém,
percebe-se que muitos gestores estão utilizando esses meios tecnológicos de forma
abusiva e invasiva, concorrendo assim para práticas imorais e antiéticas. Quando,
por exemplo, um internauta se depara com anúncios de produtos pesquisados
anteriormente nos sites que compõem a rede de comércio eletrônico, fica claro que
suas intenções de compra foram mapeadas. Isso, em muitos casos, acontece sem o
consentimento ou ciência do indivíduo, ferindo, no mínimo, princípios morais e
éticos. Esse tipo de situação invasiva pode gerar desconforto e consequente
insatisfação dos indivíduos.
Isso chama a atenção para a ação dos aplicativos capazes de capturar e
armazenar informações dos usuários, sem seu consentimento, gerando imensos
bancos de dados com informações pessoais que podem ser usadas para criar
produtos e serviços específicos para cada indivíduo, configurando uma forma
invasiva de manipulação. A empresa Google, por exemplo, está sendo processada
no Estado do Novo México, Estados Unidos, por acessar informações sigilosas e
individuais de alunos que utilizam a plataforma Google Education, como localização
geográfica, histórico de navegação, listas de contatos e gravações de voz, sem o
consentimento dos pais e das instituições de ensino, para fins publicitários (COX,
2020). Em 2018, o Grindr, aplicativo de relacionamentos homossexuais,
compartilhou, com outras empresas, dados de indivíduos portadores de HIV,
números telefônicos, e-mails e outras informações pessoais, como também fez uso
destes para desenvolver nova função no aplicativo que alerta o usuário para fazer o
exame de HIV a cada três e seis meses (BARIFOUSE, 2018). Os dois exemplos
evidenciam formas de violação e o uso indevido de dados de caráter pessoal e deixa
claro que valores morais e éticos devem nortear as ações dos aplicativos e de seus
desenvolvedores e usuários, visto que tais ações invasivas contrariam políticas de
segurança e de proteção de dados e ofendem direitos fundamentais.
No campo da filosofia, a ética está intrinsecamente ligada às atitudes
humanas dentro de um contexto social, “[...] é um conjunto de normas, princípios e
razões que um sujeito compreendeu e estabeleceu como diretriz de sua conduta.”
(CLAVO, 2008, p. 120). Nessa linha, os princípios internalizados pelo indivíduo
167
justificam uma ação e seus efeitos, e a ética se faz presente numa reflexão antes de
agir, como: a empresa tem responsabilidade social? Será que essa ação é benéfica?
Para quem?
No contexto administrativo, “[...] a ética nas organizações são normas morais
e pessoais aplicadas nas atividades e nos objetivos das empresas, caracterizando-a
como uma constituição a partir das pessoas que nas organizações atuam através de
suas crenças e princípios que aprenderam na sociedade.” (BERGAMASCO et al,
2017, p. 7). Como as organizações estão em constante interação com diversos
públicos, é necessário que estas adotem padrões éticos que visem satisfazer as
necessidades dos clientes e construir um ambiente produtivo e que respeite as
diversidades do capital humano, responsável pelo funcionamento do negócio.
O conceito de ética digital permeia uma série de implicações sociais, sendo o
maior desafio “[...] criar um equilíbrio que nos seja favorável nos inevitáveis
dualismos: claro – escuro; vantagem – desvantagem; ou, ainda, custo – benefício do
desenvolvimento tecnológico.” (MAGGIOLINI, p.586, 2014). Assim, esse equilíbrio
deve ser pensado de forma a atender todos os stakeholders, uma vez que os
preceitos éticos são capazes de provocar efeitos diversos nos lucros
organizacionais, na credibilidade e sobrevivência dos negócios no âmbito capitalista
(ASHLEY et al, 2005).
Existem algumas atitudes que são práticas comuns das empresas com sítios
virtuais que causam desconforto para os clientes e acabam sendo muitas vezes
invasivas, o que colabora para a insatisfação do público-alvo, a saber: o envio
demasiado de e-mail spam e violação dos dados dos clientes, por exemplo.
Para melhor ilustrar, basta pensar que quando se pretende fazer aquisições
de determinados serviços ou produtos numa loja virtual, o usuário é obrigado a criar
uma conta, para isso, ele deve informar alguns dados pessoais, a saber: e-mail,
nome completo, CPF, endereço, informações bancárias e telefone. De posse dessas
informações, visando ter maior abrangência de marketing, algumas instituições
começam a enviar e-mails de spam para os usuários, com ofertas diversas. Além
desta, tem ainda casos em que os aplicativos mapeiam os gostos e costumes dos
indivíduos e cedem esses dados para empresas que os usa para criar e oferecer
produtos e serviços com base no perfil de cada cliente.
O email spamming ou spam “[...] consiste na conduta de enviar mensagens
não solicitadas, geralmente publicitárias, por correio eletrônico, a uma massa de
168
usuários da rede.” (ZANELLATO, 2002, p.189). Esse tipo de mensagem
normalmente contém informações sobre os mais diversos temas, como conteúdo
educacional, propaganda de materiais digitais, entre outros. Apesar de parecer uma
atitude simples e inofensiva, essas mensagens podem conter vírus que acabam
danificando os sistemas computacionais do usuário, enchendo as caixas de e-mails
com conteúdo desnecessário e violando a privacidade das pessoas através de
cookies. É uma forma de invasão que pode também ser prejudicial.
Os cookies são ferramentas utilizadas para filtrar informações de usuários no
meio digital. De forma técnica,
169
O indivíduo que cometer tal delito pode receber como pena a detenção, de
três meses a um ano, e multa. O supracitado código também prevê que, aquele que
comercializa, cria e distribui sistemas de invasão também são penalizados, podendo
receber um aumento de um sexto a um terço, se o delito resultar em perdas de
cunho econômico. Também se aumenta a pena de seis meses a dois anos,
culminando em multa, se da invasão forem obtidas informações sigilosas, como
segredos comerciais e industriais. (BRASIL, 1940).
Outro instrumento jurídico criado com a finalidade de proteger os dados e
direitos fundamentais dos cidadãos no âmbito digital é a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD) de 2018. De acordo com a lei, os sujeitos responsáveis pelo controle
de dados pessoais e sensíveis, ao violarem as regras de proteção e segurança de
tais dados, podem sofrer penalidades de cunho administrativo, como por exemplo:
advertências, multas, infrações e até proibição do exercício de atividades
relacionadas a tratamento de dados. (BRASIL, 2018).
Diante disso, é notório observar que o Brasil conta com alguns instrumentos
legais que visam garantir a integridade dos dados dos usuários, bem como sua
privacidade, como forma de inibir a violação destes por quaisquer indivíduos ou
empresas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
170
importante que sejam adotadas práticas de segurança e preservação de dados de
caráter pessoal; que sejam criadas políticas internas sobre a não violação do
conteúdo informacional dos clientes; e que sejam desenvolvidas formas de
marketing e propaganda menos invasivas.
Quanto às formas de manipulação, é preciso que valores morais e éticos
permeiem a atuação dos empresários do ciberespaço, para que os usuários/clientes
não sejam induzidos a agir de forma contrária aos seus anseios, movidos pela falta
de conhecimento ou pelo impulso.
Cultivar valores morais e éticos é parte da solução para a maioria dos
problemas ligados aos abusos cometidos no ciberespaço. Dessa forma, os
empreendedores não apelariam para o uso ferramentas eletrônicas para capturar e
utilizar dados e informações dos usuários sem seu consentimento.
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RESUMO: A prática de influência digital surge para potencializar a criação de conteúdo pelo próprio
usuário através das mídias sociais. Por meio delas, o público autentica o sujeito como formador de
opinião e passa a compartilhar suas informações originadas em blogs, vídeos, fotos e podcasts. Essa
pesquisa objetiva mostrar a abordagem da Covid-19 sob a ótica do influenciador digital na plataforma
YouTube, a partir dos canais “Você Sabia?” e “Nostalgia”. A pesquisa qualitativa-descritiva, por meio
da análise de conteúdo, foi escolhida como método para se alcançar os resultados propostos. Os
173
dados mostram a preocupação dos criadores dos canais em alertarem a população com informações
e cuidados que auxiliem na prevenção contra o vírus. Conclui-se a importância das mídias sociais
como espaços para produção de conteúdo e disseminação de informações.
Palavras-chave: influenciador digital; divulgação científica; práticas informacionais; mediação da
informação.
ABSTRACT: The practice of digital influence arises to enhance the creation of content by the user
himself through social media. Through them, the public authenticates the subject as an opinion maker
and starts to share his information originated in blogs, videos, photos and podcasts. This research
aims to show Covid-19's approach from the perspective of digital influencer on YouTube platform,
from the channels “Você Sabia?” and "Nostalgia". Qualitative-descriptive research, through content
analysis, was chosen as a method to achieve the proposed result. The data show the concern of
channel creators in alerting the population with information and care to help prevent the virus. It
concludes the importance of social media as spaces for the production of content and dissemination of
information.
Keywords: digital influencer; scientific divulgation; informational practices; mediation of information.
1 INTRODUÇÃO
São muitos os desafios que a ciência enfrenta ano após ano e o surgimento
do coronavírus representa um deles; caracterizada atualmente como Covid-19, a
doença foi descoberta em 2019 (conforme sua nomenclatura) na China e desde
então se alastrou pela maioria dos países, atingindo o nível de pandemia. Alguns
institutos de pesquisa vêm desenvolvendo estudos em laboratórios que busquem
identificar a cura do vírus, evitando assim o aumento do número de mortos.
A quantidade exacerbada de informações nas mídias sociais e sites de
notícias a respeito do vírus tem gerado diversas interpretações, resultando no
compartilhamento constante de notícias falsas (ou fake news) pelos diversos meios
de comunicação, especificamente a Internet. Segundo dados de uma pesquisa feita
pela Avaaz5, aproximadamente 110 milhões de pessoas acreditam em pelo menos
uma fake news relacionada à pandemia, onde plataformas como WhatsApp e
Facebook são citadas como principais fontes de informação.
Apesar da atualização de informações divulgadas por cientistas e portais de
notícias, observa-se que ainda existem fatores que influenciam na recepção
negativa desse conteúdo pelo público leigo. Para auxiliar na mediação da
informação sobre o coronavírus, bem como diversos assuntos, os influenciadores
digitais participam como atores nos processos infocomunicacionais 6 ao
compartilharem conteúdos que são disseminados em suas redes sociais.
5
Estado de Minas. Coronavírus: fake news atinge 110 milhões de brasileiros. Disponível em
https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/05/21/interna_bem_viver,1149424/coronavirus-
fake-news-atinge-110-milhoes-de-brasileiros.shtml. Acesso em 6 nov. 2020;
6
174
Caracterizados pela interação e presença no ambiente digital com outros
usuários, essas personalidades se destacam pelo comportamento diferenciado,
adotando uma linguagem informal com a finalidade de conseguirem popularidade e
prestígio através de seus seguidores; diferente das celebridades tradicionais, os
influenciadores buscam levar conteúdo a um público segmentado, razão pela qual
atuam em vários nichos de mercado, desde o entretenimento ao meio
científico/acadêmico.
O portal da Revista Exame (2020)7 mostra um estudo publicado no periódico
BMJ Global Health explicando que um a quatro vídeos divulgados no YouTube
contém informações enganosas sobre o coronavírus. Utilizando sua popularidade,
os influenciadores buscam evitar a propagação de notícias falsas, além de
informarem sobre a mobilização de institutos de pesquisa para alcançarem a cura do
vírus.
O presente trabalho busca analisar o papel do influenciador digital na
disseminação de conteúdo acerca da Covid-19 no Brasil, durante o período da
pandemia. A escolha e análise de canais no YouTube se deu a partir de rankings
apresentados na plataforma SocialBlade, que mostram a sua relevância por meio
das principais métricas de mídias sociais.
Com o passar dos anos, a ciência passou a se preocupar não apenas com
teorias e descobertas em laboratórios, mas também a qualidade dos conteúdos
divulgados para o público em geral. A razão é que o uso da linguagem adotada por
grupos específicos, quando não interpretada corretamente, dá margem para a
existência de ruídos na comunicação; em outras palavras, as pessoas leigas tendem
a ler ou escutar discursos tendenciosos interpretando a informação de forma
displicente.
Sobre a comunicação e a divulgação científica, Bueno (2010) trata a respeito
de suas diferenças: enquanto a comunicação científica busca restringir seu público
com a transferência de informações para cientistas e pesquisadores sobre teorias,
7
Portal Exame. Um a cada quatro vídeos sobre covid-19 no YouTube tem informação enganosa.
Disponível em: https://exame.com/tecnologia/um-a-cada-quatro-videos-sobre-covid-19-no-youtube-
tem-informacao-enganosa/. Acesso em 6 nov. 2020.
175
conceitos e inovações, a divulgação científica dirige-se às demais pessoas. Mais
especificamente, esta última trata da “[…] utilização de recursos, técnicas, processos
e produtos (veículos ou canais) para a veiculação de informações científicas,
tecnológicas ou associadas a inovações ao público leigo” (BUENO, 2009, p.162).
Uma das coisas que o autor cita é a importância da alfabetização científica
não se manter em um processo unilateral, mas ter como finalidade o diálogo ao abrir
espaço para a inserção de novas ideias originadas em debates. Além disso, deve
enfatizar a C&T inserindo a contribuição de instituições que patrocinam e investem
em inovações visando seu lucro.
Diante desse cenário, as mídias sociais funcionam como veículos de
comunicação on-line que, ao contrário dos meios tradicionais (ex.: jornal, televisão e
rádio), potencializam a interação entre usuários de diferentes lugares no mundo; é
graças a elas que o usuário pode manifestar suas opiniões livremente, utilizando as
plataformas digitais no compartilhamento desses conteúdos.
A cultura dos influenciadores mostra a necessidade de se gerar uma
compreensão maior acerca dos fatos científicos. Há uma certa dificuldade quanto à
aceitação da mensagem transmitida pela comunicação primária (entre cientistas e
pesquisadores) e a secundária (senso comum). Albagli (1996) explica as
observações de Tressel, acerca do aprendizado gradual do ser humano, que ocorre
a partir de experiências, conceitos e habilidades.
176
de dados e informações que requerem a presença do mediador, sendo este
pensado de acordo com o tipo de ambiente, perfil do mediando e gênero de
mediação (BORTOLIN; SANTOS NETO, 2015); para cada espaço (informacional,
cultural, educacional e social) podem ocorrer diversas mediações, visto que, como
relatado anteriormente, o sujeito é um ser pluralizado.
O processo de interferência em diversos contextos gerando novos
conhecimentos caracteriza as práticas informacionais, estudo mais recente sobre os
estudos de usuários. Nele compreendemos que o processo de busca pela
informação é uma prática social (SAVOLAINEN, 2007) que, por sua vez, representa
uma prática informacional. Em outras palavras, as ferramentas digitais não atuam de
forma isolada, mas trabalham criando uma interação entre as dimensões coletivas e
individuais que envolvem o comportamento humano.
A participação de seguidores no universo dos próprios influenciadores é um
exemplo dessa interação, sejam sugerindo conteúdos ou trazendo feedbacks e
compartilhando os vídeos em suas redes sociais; além disso, esses usuários
participam garantindo a autenticidade do próprio influenciador através das diversas
métricas.
Diante da popularidade desses indivíduos, muitas marcas vêm adaptando
seus discursos e contratando-os para divulgarem o seu propósito ao consumidor on-
line. A facilidade com que o discurso de um influenciador alcança determinada
quantidade de seguidores demonstra uma estratégia eficaz para o sucesso da
empresa. Isso porque há uma familiaridade entre seu discurso e as necessidades do
público.
Muitos influenciadores vêm trabalhando para aproximar a ciência do cotidiano
das pessoas. Existem inúmeros canais que abordam sobre assuntos de cunho
científico, onde alguns conseguem atrair muitos seguidores trazendo conteúdos de
difícil compreensão a partir da linguagem informal (CARVALHO, 2016). Nesse
aspecto, os youtubers se destacam pela utilização de recursos da plataforma;
segundo a autora, “cientistas e pesquisadores que possuem interesse e/ou
facilidade na comunicação audiovisual têm explorado essas ferramentas”.
Em contextos como a descoberta da Covid-19, a ciência vai além das
descobertas em laboratórios, buscando informar a população sobre a sua existência
177
e orientando sobre os cuidados necessários quanto ao contágio pelo vírus. Os meios
de comunicação tradicionais vêm exercendo seu papel, mas os influenciadores
mantêm uma linguagem mais fácil de ser assimilada pelo público leigo.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para alcance dos objetivos desse trabalho, optou-se pela pesquisa
qualitativa-descritiva, a partir da análise de conteúdo. Esse método é caracterizado
por Bardin (2011, p. 47) como sendo
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
178
captar todo áudio do computador com o auxílio de players, navegadores e
programas. Nesse caso, optou-se pelo Google Docs para armazenamento dos
textos. Posteriormente, cada transcrição foi inserida em um gerador de word cloud9
(ou nuvem de palavras), a fim de identificar a quantidade de palavras repetidas e se
elas estavam associadas a Covid-19.
9
Gerador de Word Cloud. Disponível em https://www.wordclouds.com/. Acesso em 6 nov.
2020.
179
Alguns fatos presentes nos vídeos foi a preocupação de Lukas Marques e
Daniel Molo (“Você Sabia?”) se preocuparem em manter os cuidados, evitando
assim a contaminação de um membro da equipe; em determinado momento do
vídeo “A Cura do Coronavirus”10, os youtubers justificam o porquê de Lukas ser o
único a não utilizar a máscara durante as gravações:
10
MARQUES, L; MOLO, D. A Cura do Coronavírus. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=hlda8AdVIm0. Acesso em 6 nov. 2020.
11
CASTANHARI, F. O pior está por vir: as maiores dúvidas sobre o Coronavírus. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=cBuF9_YBaDM. Acesso em 6 nov. 2020.
180
para tá disponível para todo mundo. Uma coisa muito importante:
Cuba não desenvolveu nenhuma vacina pro coronavírus; se você ver
isso na internet, saiba que é fake news.
(CASTANHARI, 2020)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
181
que, quando utilizadas de forma ética, promovem formatos de parceria entre
cientistas e influenciadores (neste caso, a partir de estudos no YouTube). Mesmo
sendo utilizadas para fins pessoais, é nítido ver que a rápida disseminação e o
alcance de informações nesse ambiente tornam-se uma vantagem para o maior
reconhecimento da ciência.
REFERÊNCIAS
182
GT 5
INFORMAÇÃO, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
183
EMEIDE NÓBREGA DUARTE
E-mail: emeide@hotmail.com
LUCIANA FERREIRA COSTA
E-mail: lucianacarioca@gmail.com
RAYAN ARAMIS DE BRITO FEITOZA
E-mail: rayanbritof@gmail.com
ROSILENE AGAPITO DA SILVA LLARENA
E-mail: rosilenellarena@gmail.com
184
MEMORY OF THE MEETING OF STUDIES ON SCIENCE,
TECHNOLOGY AND MANAGEMENT
Abstract: It addresses the memory of scientific production related to the Meeting of Studies on
Science, Technology and Information Management, based on scientific production that makes up the
event in the period from 2010 a 2019. As for the object of study, it is considered as descriptive and
documentary research. The analyse of the documentary that makes up 334 papers through the
following indicators: the type of authorship, identification of the authors and the most frequent
institutions and finally the most frequent keywords as representation of the tems. The results indicate
that a significant number of works are in multiple authorship, that there is a nucleus of more productive
authors in the editions of the event, that the Federal University of Pernambuco and the Federal
University of Paraíba have a strong presence and that among the 10 most frequent themes, Memory,
Information management and Information Science are quite significant in quantitative terms. It
concludes that the Meeting of Studies on Science, Technology and Information Management is a
consolidated event and space for articulation and dissemination of scientific production by researchers
in the field of Information Science and the related areas.
1 INTRODUÇÃO
185
resoluções cujo objeto é a informação no contexto emergencial da pandemia de
COVID-19.
Considerando as abordagens anteriores e a atual, percebeu-se a
necessidade de refletir sobre a memória científica do evento, partindo da seguinte
questão: Qual a configuração dos trabalhos apresentados no ENEGI no período de
2010 a 2019? Para tanto, definiu-se como objetivo abordar a memória do Encontro
de Estudos sobre Ciência, Tecnologia e Gestão da Informação (ENEGI), a partir da
produção científica que compôs o evento no período de 2010 a 2019. O trabalho
está dividido em quatro seções além desta Introdução, as quais apresentam o
referencial teórico acerca da memória científica, seguido da metodologia e
posteriormente, dos resultados e as análises. Por fim, as considerações finais e as
referências.
2 MEMÓRIA CIENTÍFICA
186
consolidação dos registros de conhecimento que ficam para a sociedade (PRADO,
2018).
A memória científica, segundo Prado (2018), é formada a partir da
coletividade, ou seja, por meio das relações sociais que podem acontecer na
produção da ciência e essas relações podem ser especificamente oriundas de
grupos de pesquisa, por uma determinada comunidade acadêmica e, também, pela
comunidade científica. Para a autora, há diversos atores que participam dessa
dinâmica, como: pesquisadores, técnicos, funcionários de universidades, de centros
de pesquisa, acadêmicos (estudantes e professores), entidades que servem como
campo de exploração de pesquisa, autoridades acadêmicas, entre outros.
Nesse sentido, compreende-se que a memória científica, a partir das
influências de relações desses diversos atores, contempla a preservação e
manutenção do conhecimento gerado por meio da ciência. Essa, por sua vez, é
originada a partir do ethos científico, principalmente no princípio do comunismo
(MERTON, 2013) e do compartilhamento do conhecimento científico.
Considerando que o compartilhamento do conhecimento científico se dá por
meio de diversos canais formais e informais - eventos e seus anais, periódicos
científicos, livros, redes sociais científicas, entre outros, é fato que esses canais são
condutores de informações científicas relevantes para construção da memória
científica de uma determinada área ou campo que congregam e institucionalizam
uma determinada ciência.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo é classificado como bibliométrico (ao apresentar as incidências e
características relacionadas aos autores) e como cientométrico (ao revelar as
tendências temáticas de estudos da área) e de natureza quali-quantitativa. A
investigação se caracteriza como pesquisa descritiva por analisar e descrever a
configuração da produção científica do ENEGI ao longo de suas edições (2010-
2019), trazendo à tona a memória do evento. Também se caracteriza por
bibliográfica e documental ao realizar o mapeamento dos anais do evento.
O estudo se deu por meio das seguintes etapas: a) Mapeamento dos anais a
partir de acesso às páginas web do evento; b) Descrição dos anais e dos Grupos de
Trabalho do evento; c) Levantamento e análise do corpus documental mediante os
seguintes indicadores: tipo de autoria dos trabalhos, se única ou múltipla; a
187
identificação dos autores com mais trabalhos no evento; as instituições mais
presentes no evento, enquanto vinculação institucional dos autores; os temas
evidenciados nos trabalhos a partir das palavras-chave mais incidentes.
188
Tecnologias e métodos aplicados à gestão da informação em instituições
2012
públicas e privadas
A gestão da informação como fator de inovação e empreendedorismo ético-
2013
sustentáveis
Big Data e a era da contextualização dos dados para a competitividade
2014
organizacional
2015 A gestão da informação e do mercado de trabalho
2017 Sem definição do tema geral
2018 Sem definição do tema geral
189
altera para sete grupos, em 2017, não informa os grupos temáticos e, em 2018,
passa para cinco grupos temáticos, permanecendo até o ano vigente de interesse da
pesquisa (2019). Percebe-se que o GT Gestão da Informação e do Conhecimento
nas Organizações permanece inalterado desde o início e, os outros ajustaram-se
nos seguintes: Organização, representação, produção e uso da informação e do
conhecimento; políticas de informação, qualificação e atuação profissional;
Tecnologia da informação e comunicação; e Informação, memória e patrimônio.
Entre os organizadores do evento no período 2010 a 2019 destacaram-se
alguns professores, nomeadamente sobressaem André Felipe de Albuquerque Fell
(4), Fábio Assis Pinho (4), Alexander Willian Azevedo (3), Luciana Paula Vital (2),
Fábio Mascarenhas e Silva (2), Célio de Andrade Santana Júnior (2), Sílvio Luiz de
Paula (2) e Nadi Helena Presser (2), conforme Quadro 3. Registra-se que no ano de
2011, na comissão organizadora aparecem os nomes de dois autores, além dos
organizadores.
Quadro 3 - Organizadores e dados gerais do ENEGI
Ano Nomes dos organizadores Editora ISBN
Fábio Assis Pinho
Luciana Paula Vital
2010 Néctar 978-85-60323-30-2
Alice Cristina do Sacramento;
Marcelo Gomes de Souza
Erick Dawson de Oliveira (autor)
Sílvio César de Castro (autor)
2011 Fábio Mascarenhas e Silva Néctar 978-85-60323-31-9
Guilherme Alves Santana
Luciana Paula Vital
André Felipe de Albuquerque Fell
2012 Fábio Assis Pinho Néctar 978-85-60323-42-5
Fábio Mascarenhas e Silva
Alexander Willian Azevedo
2013 André Felipe de Albuquerque Fell Néctar 978-85-60323-45-6
Fábio Assis Pinho
Alexander Willian Azevedo
2014 André Felipe de Albuquerque Fell Néctar 978-85-60323-50-0
Célio Andrade de Santana Júnior
Alexander Willian Azevedo
2015 André Felipe de Albuquerque Fell Néctar 978-85-60323-53-1
Célio de Andrade Santana Júnior
Antônio de Souza Silva Júnior
2017 Néctar 978- 85- 60323-57-9
Bruno Tenório Ávila
Sílvio Luiz de Paula Néctar 978-85-60323-57-9
2018
Nadi Helena Presser
Sílvio Luiz de Paula
2019 UFPE 978-85-415-1150-6
Nadi Helena Presser
Fonte: Coleção dos Anais do ENEGI (2010/2015, 2017/2019)
190
Percebe-se que os anais do evento, durante o período de 2010 a 2018, foi
realizado formalmente sob a responsabilidade da editora Néctar. A partir do ano de
2019 passou à responsabilidade da UFPE. Cada evento apresenta um número
distinto de International Standard Book Number (ISBN). Além destes dados
recuperados e apresentados sobre o evento Encontro de Estudos sobre Ciência,
Tecnologia e Gestão da Informação, os melhores trabalhos são publicados em
números especiais de periódicos da área de gestão e podem ser acessados nas
próprias coleções.
191
Natanael Vitor Sobral, Célio Andrade Santana com seis trabalhos cada autor. Já
com cinco trabalhos cada, destacam-se os autores Emeide Nóbrega Duarte, Isa
Maria Freire e Marcio Bezerra da Silva.
Por sua vez, o levantamento das instituições mais incidentes no evento,
caracterizando as instituições dos autores dos trabalhos, seguiu o mesmo valor de
corte citado anteriormente, ou seja, incidência a partir de cinco. Assim, evidenciou-
se que as instituições mais presentes no evento foram a UFPE com 398 incidências,
seguida da UFPB com 79, Universidade Federal do Cariri (UFCA) com 31,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com 30, Universidade Federal
de Alagoas (UFAL) com 17, Universidade Federal do Maranhão (UFMA) com 10,
Universidade Federal de Goiás (UFG) com nove, Universidade Federal da Bahia
(UFBA) e Universidade de Brasília (UnB) com sete, cada, Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho
(UNESP) com seis, cada. Este resultado confirma os nomes dos autores
supracitados com maior número de trabalhos, sobretudo, oriundos da UFPE,
instituição que sedia o ENEGI, seguida da UFPB.
Por último, em relação às palavras-chave mais frequentes no corpus
documental analisado, levantou-se o total de 1.351 palavras-chave, reconhecendo
que estas traduzem o contexto dos trabalhos, ou seja, são representativas do
conteúdo dos mesmos, podendo ser uma atribuição livre dos autores dos
documentos ou, conforme estabelece a Norma 6028 – Resumo - da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), extraídas de vocabulário controlado. Dito
isso, as 10 palavras-chave mais incidentes, em observância também ao valor de
corte de frequência a partir de cinco, foram: Memória (F= 49), Gestão da Informação
(F=43), Ciência da Informação (F=29), Repositório Institucional (F=14), Gestão do
Conhecimento (F=12), Museu (F=12), Informação (F=11), Redes Sociais (F=11),
Arquitetura da Informação (F=10), Tecnologia da Informação e Comunicação (F=10).
As palavras-chave descritas, bem como outras, são apresentadas na nuvem de
palavras em sequência:
192
Fonte: Elaborado a partir de Wordcloud.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa em relato objetivou abordar a memória do ENEGI a partir da
produção científica veiculada no evento entre 2010 e 2019. Constata-se que o
ENEGI é um evento consolidado e se configura como espaço de articulação e
veiculação da produção científica de pesquisadores da área da Ciência da
Informação e afins.
Identificou-se um núcleo de autores mais produtivos nas edições do evento,
com significativa participação em termos quantitativos. Os destaques em
participação do evento foram os autores pesquisadores com contribuições científicas
oriundas de Programas de Pós-graduação em CI das universidades nordestinas.
Tanto que, nessa linha, as instituições mais presentes no evento foram a UFPE, com
expressiva incidência, seguida da UFPB, UFCA e UFRN.
No bojo das discussões do evento, em linha com os grupos temáticos e
ementas deste, aparecem, a partir das palavras-chave, as temáticas Memória,
Gestão da Informação e Ciência da Informação como as mais fortemente incidentes
nos trabalhos analisados, embora outros temas figurem nas discussões do evento.
193
Em síntese, percebe-se que a tendência do ENEGI, realizado como “Estudos
sobre Ciência, Tecnologia e Gestão da Informação” é se expandir, considerando o
desenvolvimento do Grupo de Trabalho da ANCIB GT4- Gestão da Informação e do
Conhecimento, no contexto da Ciência da Informação.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Durante a Ditadura Militar no Brasil, houve momentos de estigma no controle social,
político e econômico, acarretada de acontecimentos sob modo de investigação, censura, repressão e
distintas de coerção perante a sociedade. No Estado de Pernambuco ocorreu à atuação do
Departamento Ordem Política e Social (DOPS), um órgão que tinha como o papel de silenciar de
maneira atroz aos indivíduos que poderiam vir a desempenhar ações contrárias as ideologias
estabelecidas pelo governo. Com isso, a pesquisa tem como objetivo realizar uma análise teórica
sobre o DOPS-PE, baseados em suportes informacionais da arquivologia. Sendo aplicado o método
dedutivo de caráter descritivo e explicativo, de cunho qualitativo, com delineamento de coleta de
informações exclusivamente de analise documental e bibliográfica, através de pesquisa minuciosa
durante o processo de elaboração dos resultados. Percebe-se que o DOPS–PE tem como pratica a
investigação, censura, repressão, disseminação e manipulação da informação, interferindo na
convivência da sociedade. Contudo o Departamento foi marcado por momentos de opressões, apesar
da fragilidade documental que aflige na reconstrução histórica social registrada nesse período.
Abstract:During the Military Dictatorship in Brazil, there were moments of stigma in social, political
and economic control, caused by events in the form of investigation, censorship, repression and
different forms of coercion before society. In the State of Pernambuco, the Department of Political and
Social Order (DOPS) took place, an organ whose role to atrociously silence individuals who may come
to opposing actions suchas ideologies related to the government. With this, the research aims to carry
out a theoretical analysis on the DOPS -PE, based on informational support of archivology. Being
applied the deductive method of descriptive and explanatory character, of qualitative nature, with
194
design of collection of information exclusively of documentary and bibliographic analysis, through
meticulous research during the process of elaboration of the results. It can be noticed that DOPS – PE
has as practice investigation, censorship, repression, dissemination and manipulation of information,
interfering in society's coexistence. However, the Department was marked by moments of oppression,
despite the documentary fragility that afflicts the social historical reconstruction recorded in that period.
1 INTRODUÇÃO
12
“Qualquer informação que seja registrada em uma forma que somente um computador possa processar e que
satisfaça a definição de um documento/registro.” (tradução nossa).
195
A pesquisa tem como proposta apresentar analise teórica relacionada ao
DOPS-PE, baseando-se em pesquisas nestes suportes informacionais
arqueológicos evidenciando a importância da arquivologia no período histórico
brasileiro.
Adotou-se o método dedutivo em que é alicerçada uma pesquisa descritiva e
explicativa, com cunho de natureza qualitativa, com delineamento aderido em coleta
de informações exclusivamente em análise documental e bibliográfica. A partir dos
métodos, pode ser desenvolvida a construção do corpo teórico da
pesquisa,realizados pelos levantamentos de informações sobre o período do DOPS
no Estado de Pernambuco nos em meados das décadas de 30 á 60, mediante
aplicação de coleta de dados por intermédio de documentos arquivísticos eletrônicos
através do Brasil Nunca Mais e Memória Digital especifico ao objeto pesquisado e
também através de elementos biográficos de diversificadas interpretações com
embasamento em livros, portais de periódicos como:SCIELO, BRAPCI, CAPES,
dentre outros. Com isso, tendo finalidade de fundamentação teórica relacionadas ao
marco do DOPS-PE, apresentando um contexto histórico tão difícil, porém,
necessário para a construção de saberes em períodos em que pensamentos
retrógrados estão cada vez mais evidentes.
196
público, os cidadãos terão acesso a documentos, fatos, fotos sobre a
ditadura, assim como é o Brasil Nunca Mais e o Arquivo Nacional.
III. Preservação :a prioridade principal da arquivologia é a preservação e
conservação dos documentos. Na arquivologia denomina-se a teoria das três
idades em que definem o tempo de vida do arquivo e assegura principalmente
seu aspecto de preservação. Sobre a Teoria das Três idades, Paes (2005,
p.21) classifica de primeira idade ou corrente, arquivo de segunda idade ou
intermediário e arquivo de terceira idade ou permanente.
Ainda sobre arquivos corrente, intermediário e permanente Lopes
(2004, p.118) observar:
Arquivo corrente: é aquele em que os documentos são frequentemente
utilizados [...]. Arquivo intermediário: neste momento os documentos não
estão mais em uso corrente, seu arquivamento é transitório e a função deste
arquivo é principalmente assegurar a preservação guardando
temporariamente e aguardando o cumprimento dos prazos estabelecidos
pelas comissões de análise sendo eliminado ou guardado definitivamente,
para fins de prova ou pesquisa. Arquivo permanente: no momento em que
os documentos ‘perdem’ seu valor administrativo, aumenta a sua
importância histórica [...]. Sua função é a de reunir, conservar, arranjar,
descrever e facilitar a consulta de documentos oficiais não-correntes,
tornando-os acessíveis e úteis no momento em que solicitados seja para
atividades administrativas ou históricas.
13
A finalidade do Decreto 4.073/2002 foi regulamentar a Lei nº 8.159. A normalização da lei veio onze
anos depois da sua publicação. O decreto define: I - estabelecer diretrizes para o funcionamento do
Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos
de arquivo [...]. No artigo n° 10, o SINAR tem por finalidade e em sua primeira competência definir
que os documentos arquivísticos devem: I – promover a gestão, a preservação e o acesso às
informações e aos documentos na sua esfera de competência, em conformidade com as diretrizes e
normas emanadas do órgão central [...].
197
arquivístico e sendo esse o maior desafio e embate para a preservação
destes documentos em ambientes digitais.
IV. Sigilo e segurança: ainda que muitos documentos estejam abertos ao público,
vários se encontram em sigilo. É o caso, por exemplo, de documentos da
Biblioteca do Vaticano, ou do próprio acervo do DOPS. Muitos materiais se
encontram em segredos, ainda que inúmeros estejam liberados em
dispositivos digitais. Em cada uma das fases do ciclo vital dos documentos,
os sigilos devem ser modificados de acordo com os fatos ou atos que
atestam.
De acordo com Camargo (2009), os documentos de arquivo não diferem de
outros documentos pelo seu aspecto físico ou por ostentarem sinais especiais
facilmente reconhecíveis. Entende-se que além do fato do acesso informacional, o
documento arquivístico tem seu valor notório no processo de desenvolvimento na
sociedade e das atividades do poder publico ou privado.
Destarte, quando observamos os arquivos sobre ditadura, estamos
registrando em nosso hipocampo toda a informação registrada e contida no
documento arquivístico. O que ocorre não é uma supervalorização da arquivologia,
todavia, a sua necessidade para a história é inegável. É necessário compreender
que sem ela, nossa historicidade e nosso passado seriam meramente “invisíveis”. A
ditadura e o DOPS foram marcantes para a história do Brasil, e independentemente
de onde tenhamos acesso, a arquivologia está lá, intrinsecamente e
extrinsecamente.
198
antiga Repartição Central de Polícia (RCP) atuava na segurança publica do estado,
de modo que paulatinamete estruturou o controle e a vigilância social no Estado,
tendo como serviço á censura às diversões públicas e nas ficalizações de casas de
cômodos e hotéis, trabalhos noturnos de mulheres e de jogos no geral.
Em meados 1930, ocorreu uma modelagem pormenorizada nos conjuntos de
serviços, tendo a centralização e reordenação das maquinas administrativas, sendo
originado na Revolução de 30 por Getúlio Vagas. Pernambuco era considerado um
dos estados problematicos com relação as ordem publicas, devido a revolucionarias
tradições presentes nos estados ao longo de sua trajetoria histórica. A Secretaria
de Segurança Pública (SSP-PE) criada estruturalmente no ano de 1931 tinha uma
adjecção ao Palácio dos Campos das Princesas, havendo ocupação de prédiosna
Rua da Aurora, próximo ao núcleo de comamando do governo. Neste local
promoviam diligência de controle e limpeza social com atos repressivos, devido a
grandes índices criminais de tipologias opostas as ordens políticas e sociais.Em um
cenário político providenciado em um sinal de alarde, Pernambuco continha grande
recorrência de crimes considerados subversivos, dando uma concepção policial nos
anos 1935, ao qual se deu a um movimento extremista.Neste mesmo ano, surge
um movimento Intentona Comunista em Pernambuco e em outros estados do Brasil
(Rio de Janeiro e Rio grande do Norte), considerado um divisor para as forças
armadas e órgãos de segurança. Com a tentativa de captura de poder pelo partido
comunista brasileiro, sendo reprimido, o Estado provês com propósitos de
severidade em punir atos considerados subversivos, lesivos à ordem e a segurança
nacional. A Lei nº 71, da Delegacia de Ordem Política e Social, sendo criada em 23
de dezembro de 1935, acabou surgindo devido a uma conjuntura que ameaçava o
status quo da ordem vigente e do Estado. O denominado Departamento de Ordem
Política e Social (DOPS), tornou-se um semblante do mais inibido órgão público,
realizando uma devassa no cotidiano dos indivíduos. Apresentando atribuições
como,
1.Proceder inquérito sobre crime de ordem política e social;
2. Exercer as medidas de polícia preventiva e controlar os
serviços cujos fins estivessem em conexão com a ordem
política e social;
3. Combater o comunismo. (Legislação Estadual de
Pernambuco Lei nº 71 DE 23/12/1935)
199
Com o seu surgimento, ocorreram alterações peculiares nas características
da Delegacia de Ordem Política e Social, entre elas: a permuta assídua nas
atribuições administrativas a distinguir de outros órgãos, especificamente as
funções regimentais ao longo de sua execução. A mutação ocorria diretamente em
conexão à conjuntura político-social de cada era, a modificação ocorrida em sua
estrutura administrativa excogitava a desordem social.
Foram ocorridas modificações nas nomenclaturas (Figura 01) e nos longos
percursos do organismo repressivo do Estado, quando se é citado os órgãos entre
os anos de 1935 a 1960, as delegacias se denominavam de DOPS.
Para a instalação de um regime de execução no Brasil, se dá início através
do que se procede a partir dos anos 60, com a ampliação e reorganização do órgão
onde ocorre a modificação ao se referir DOPS, que acaba se tornando
Departamento.
Figura 1 – Modificações das nomenclaturas do DOPS-PE
Fonte: http://obscurofichario.com.br
200
amparos das leis, porem outros infringiam os princípios legais, morais e éticos, na
busca de recolher confissões e provas, em busca de uma delação.
Fonte: http://obscurofichario.com.br
201
indicasse subversão. Como aponta Leitão (2011, p.21),muitas vezes
desses exercicios, a expressão dessa luta assume formas cruéis:
tortura, morte, censura, fogueira, silêncio, esquecimento.Com a
realização dessas atividades teve como resultado a criação de
prontuários individuais e funcionais ( Figura 03), para suspeitos que
passavam a ser um objeto de constante vigilância e investigação,
devido a pratica de construção e formação de opiniões, adotado contra
os valores e normas estabelecidas pelo sistema.
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-3
IV. Repressão: no DOPS, a repressão era uma das ações dos agentes do
órgão, diversos seguimentos sociais passavam por essa inibição
principalmente os Movimento Estudantil (Figura 04), eram aplicadas
na existência de ações consideradas subversivas, ocorrendo
aberturas de prontuários aos envolvidos, com junções de provas
incriminatórias, no intuito de construir um dossiê-processo. As
Informações eram legitimadores pela repressão, pois o mecanismo de
poder do DOPS-PE infligia significados, a informação tornou se um
202
elemento que vai se gerado e transmitido em diversos órgãos oficias
de segurança e impregnando em instituições. Também as
informações chegavam a órgãos não oficias compostas por
colaboradores anônimos que operavam como informantes infiltrados
em repartições públicas de diversificadas instâncias de modo
camuflado
Essas ações realizavam vigilância dos órgãos de informação no intuito de
disseminar e manipular dados coletados, servindo como provas para legitimar os
esquadrinhamentos de indivíduos sobre desconfiança.
Os registros polícias construída pelas coletas era constituída através de
etapas como tratamento e difusão da informação, passavam se por uma series de
procedimentos burocráticos para seu registro e circulação desses informes pelos
órgãos de vigilâncias.
Fonte: http://www.snh2015.anpuh.org
203
O controle social conectado aos movimentos culturais em Pernambuco, os
artistas em ativação, passavam por fichamentos que propagavam comportamentos,
ideias, gêneros, descrições de atividades laborais e entre outros detalhes que não
deixavam de serem despercebido pelos agentes. Com esses registros relacionados
aos artistas (Figura 05) elaborados pelo DOPS/PE, fornecia se dados sobre a
extensão de onde trabalhavam.
Fonte: https://www.diariodepernambuco.com.br
Fonte: http://obscurofichario.com.br
204
Ao longo do período do funcionamento da DOPS/PE, órgãos observavam
diversos segmentos sociais, para execução de melhores práticas de controle e
vigilância, numa demonstração de que já detinham um alto nível de infiltração. A
carta cartográfica aduz uma análise no poder de articulação do organismo policial
durante o período de monitoramento das ações de vidas de indivíduos e coletivas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Estado de Pernambuco o Departamento de Ordem Política e Social
(DOPS), ocorreram momentos de controle social marcadas por características
repressivas, pelo fato da presença de ideias que contradiziam e ameaçavam as
ideologias estabelecidas pela ordem social e política. Durante o período de gestão
do DOPS-PE, a funcionalidade administrativa e as intervenções nas rede de
informações instalada no país, foram pontos que tornaram marco presente na
história de Pernambuco, podendo ser resgatado através de registros arquivísticos.
Pode ser constatada a relevância frágil na preservação de documentos
arquivísticos perante o Estado. Em parte, essas informações relatam todo o contexto
autoritário ocorrido em alguns Estados inclusive o de Pernambuco durante o regime.
As documentações a respeito do DOPS - PE contém o papel de relatar fontes que
contribuem para a reconstrução histórica do passado recente e poder reavivar a
importância do conhecimento de uma sociedade.
REFERÊNCIAS
AQUINO, M. A. No coração das trevas: o DEOPS/SP visto por dentro. In: AQUINO,
M. A. et al. (Org.). No coração das trevas: o DEOPS/SP visto por dentro. São Paulo:
Arquivo Público do Estado; Imprensa Oficial, 2001. p. 15-19.
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Direito à verdade e à memória:
comissão especial sobre mortos e desaparecidos políticos. Brasília: Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, 2007.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Arquivos pessoais são arquivos. Revista do
Arquivo Público Mineiro, p. 29-39, 2009.
CARDIA, Mirian Lopes. DOI-CODI. HTML. [S. l.]: Arquivo Nacional, 5 set. 2017.
SÉRIE “ESTRUTURA DA REPRESSÃO DA DITADURA MILITAR. Disponível em:
http://www.arquivonacional.gov.br/br/difusao/arquivo-na-historia/696-doi-codi.html.
Acesso em: 23 out. 2020.
Fundo: Documentos Impressos – APEJE. In, Legislação Estadual de Pernambuco
Lei nº 71 DE 23/12/1935. Coleção de Leis e Decretos de Pernambuco Recife:
Imprensa Oficial, 1935-1937.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
205
RODRIGUES. Ana Márcia Lutterbach. A teoria dos arquivos e a gestão dos
documentos. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v.11 n.1, p. 102-117, jan./abr.
2006.
SILVA, Marcília Gama. DOPS: A Lógica da Vigilância e do Controle Político e Social
em Pernambuco entre 1930 e 1958. Recife: Editora da UFPE, 2014.
206
SIMONE ROSA DE OLIVEIRA
E-mail: simonerosa.ufpe@gmail.com
RESUMO: Este artigo vem com a proposta de traçar algumas linhas a serem amadurecidas no
desenvolver de uma pesquisa sobre a estetização do cotidiano. Desde as impressões sobre as
fotografias de família do final do século XIX, onde o gosto era definido pela padronização estética dos
fotógrafos da época. Até essa nova roupagem estética do século XXI permeada pela forma de
experenciar o cotidiano das famílias. Seria uma nova estética do cotidiano?
Abstract: This article comes with the proposal to draw some lines to be matured in the development
of a research on the aestheticization of everyday life. From the impressions of family photographs of
the late 19th century, where taste was defined by the aesthetic standardization of photographers of the
time. Even this new aesthetic clothing of the 21st century permeated by the way of experiencing the
daily lives of families. Would it be a new everyday aesthetic?
Keywords: Domestic Media; Family Photos; Daily; Contemporaneity; Artist Capitalism; Memory.
1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao século XXI com a sensação que vivemos uma vida em função
das imagens como Flusser diz acima. Um mundo de múltiplas cores e
possibilidades, as mais diversas se comparado à monocromia do século XIX que
estampava rostos sisudos, poses e vestimentas que ostentavam um certo poder
hierárquico. Um bom exemplo são as fotografias das famílias aristocráticas de
engenho de Pernambuco do final do século XIX e início do século XX – eram rostos,
posturas, roupas e o próprio cenário (em sua maioria os estúdios fotográficos do
Recife). Essas fotografias eram transformadas em objeto decorativo, assim como os
móveis, cada família imprimia nessas coleções de imagens (que compunham seus
álbuns e porta-retratos das salas de estar) o retrato de si mesma, ou seja, deixavam
demarcado no campo do visível, uma estética que privilegiava a pose (tradição da
época devido à lentidão das chapas e o funcionamento dos aparelhos fotográficos)
com suas vestimentas elegantes em conjunto com os objetos que simbolizassem um
status social.
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Nas fotografias, do tipo carte-de-visite ornamentava móveis das casas de
família, mas também servia para presentear um ente querido. Seria uma forma de
representar cada família deixando sua marca na sociedade? Sendo assim, é
possível pensar a fotografia como consumo doméstico. O posicionamento
econômico dos retratados mostrava desde as vestimentas, a pose, o semblante
sisudo em cada rosto, o cenário de fundo, a disposição hierárquica de cada membro
da família na foto, os adereços, os objetos e, claro, havia também uma estética
predominante para demarcar “o cotidiano” na época.
O álbum ou os porta-retratos provocam essa nostalgia e estabelece uma
intimidade, um encontro entre os indivíduos que se conhecem ou que estão sendo
vistos pela primeira vez.
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Autor: C. Barza
Notas: Coleção Francisco Rodrigues.
carte de visite, 8,8 x 5,5 cm
Local: Recife, Pernambuco, Brasil
Palavras-chave: Grupo
Fonte: FR-04104
Idioma: Português
Propriedade: Fundaj
Disponibilidade: Fundaj – Cehibra
Local Físico: FR-04104
Fundo Documental: Coleção Francisco
Rodrigues
Com a popularização dos aparelhos fotográficos que Flusser (1985, p.17, 36)
chamou de “patriarca de todos os aparelhos”, “o mais simples e relativamente o mais
transparente de todos os aparelhos,” a vida cotidiana parece está cada vez mais
‘fotografável’, surge uma necessidade de registrar tudo como forma de ‘provar’ a
existência e a presença num determinado acontecimento social: “eu estive ali”, “eu
fiz aquilo, realizei, participei”. Susan Sontag (2004, p.34,35) contribui nesse sentido
dizendo que “não seria errado falar de pessoas que tem compulsão pela fotografia
fazendo da própria experiência uma maneira de ver” e complementa: “hoje, tudo
existe para terminar numa foto” (SONTAG, 2004, p.35). Este comentário de Sontag
não poderia ser mais atual.
Já a fotografia do século XXI vem com uma linguagem própria, criativa, que
se beneficia dos recursos técnicos da era digital para compor estilos. O pensar
fotográfico a partir da realidade contemporânea veio mudando e é possível visualizar
o surgimento de uma nova forma de ver o cotidiano através das imagens. Seria uma
nova estética do cotidiano e do efêmero? Cruz e Araújo (2011, p.1) levantaram essa
hipótese com base em Chalfen (2002, p.143) que apresentou um estudo sobre mídia
doméstica. Aquela construída a partir de um consumo privado e pessoal, porém com
fins de consumo privado e pessoal. Estamos diante de formas mediadas de
comunicação audiovisual que promovem mudanças na forma de pensar a imagem.
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Nesse artigo, evidencia-se o processo social de comunicação visual mediado
pelo lar. E nesse terreno – o lar – torna-se um lugar possível para uma experiência
do cotidiano, um ambiente cheio de simbolismo pincelado com toques sutis de uma
intimidade que antes não era exposta, e a maioria de nós sequer imaginaria
registrar.
Mike Featherstone (1995) diz que na era pós-moderna, existe uma certa
autonomia dos indivíduos em relação às suas escolhas, sendo assim, busca fazer
um entendimento do que seria o consumo em relação aos variados estilos de vida e
o surgimento de uma hierarquia do gosto. Para Featherstone (1995), estilo de vida
remete à individualidade, auto expressão e uma consciência de si estilizada. Seria o
estilo produzido pela mídia doméstica numa era de capitalismo artista? No livro, a
estetização do mundo – viver na época do capitalismo-artista, Lipovetsky e Serroy
(2015), explicam:
O capitalismo artista tem de característico o fato de que cria valor
econômico por meio do valor estético e experimental: ele se afirma
como um sistema conceptor, produtor e distribuidor de prazeres, de
sensações, de encantamento. Em troca, uma das funções
tradicionais da arte é assumida pelo universo empresarial. O
capitalismo se tornou artista por estar sistematicamente
empenhando em operações que, apelando para os estilos, as
imagens o divertimento, mobilizam os afetos, os prazeres estéticos,
lúdicos e sensíveis dos consumidores. O capitalismo artista é a
formação que liga o econômico à sensibilidade e ao imaginário; ele
se baseia na interconexão do cálculo e do intuitivo, do racional e do
emocional, do financeiro e do artístico (2015, 43).
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tecnológicos, os indivíduos se comunicam pelas afinidades de gosto, não somente
pelo poder aquisitivo. Porém, não significa que não haja mais distinção social.
Se retomar às fotografias do final do século XIX, aquelas, por exemplo, das
famílias de engenho da Coleção Francisco Rodrigues ilustradas neste artigo, é
perceptível que a estética não se dava pelo gosto, os indivíduos não tinham essa
multiplicidade, essa opção de escolher para expressar seu estilo próprio, mas
seguiam um padrão pré-estabelecido na época: fotografias do tipo carte de visite,
posturas, padrões, acessórios e roupas compunham o cenário da foto que iria
perpetuar nos álbuns de memória daquelas famílias.
Portanto, na contemporaneidade surge essa designação de capitalismo artista
de Lipovetsky e Serroy (2015) com o intuito de não apenas designar uma economia
estética, mas um indivíduo em constante movimento, consumidor da sua própria
arte. O bem de consumo é o próprio cotidiano embelezado pelo lúdico, pelas
sensações, pelo prazer de ser ou estar belo.
É comum no mercado fotográfico atual, profissionais envolvidos nessa
economia estética. Ofertas das mais variadas. O produto de consumo é o cotidiano.
Conhecidos como fotógrafos de eventos como casamento, batizado, festas de
aniversário, entre outras que irão captar imagens com poses e também os
“momentos descontraídos”. Mas, também aqueles com a proposta de fotografia
documental de família, aqueles que pretendem representar o cotidiano, da maneira
mais simples, casual.
Essa proposta diferencial da fotografia documental é muitas vezes
questionada pelo seu papel social de fato e confundida com a fotojornalismo. No
entanto, é uma vertente que aposta numa variedade de temas que vai desde o
social às fotografias de viagens, de guerra, entre outras. O propósito é se aproximar
de uma determinada realidade, trazer à tona um olhar mais profundo do outro. Um
trabalho poético, um gênero que herdou do fotodocumentarismo dos anos 30 a ideia
de um testemunho da verdade. O que os fotógrafos atuais estão propondo é um
trabalho documental que busca preservar esses “momentos únicos” do cotidiano de
famílias, livres das poses e formalidades outrora já conhecidas para oferecer um
álbum que pretende perpetuar as memórias afetivas através de imagens estáticas e
audiovisuais. A “ideia” é o trabalho livre, que agora não é o fotógrafo amador que
circula no âmago da família, mas alguém que vem de fora, que realiza uma pesquisa
prévia para realizar esse trabalho.
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Para fins de trazer essa temática para discussão, convém ilustrar com alguns
exemplos de fotografias de famílias de fotógrafos do Rio de Janeiro (Carolina Pires)
e São Paulo (RenatoDPaula):
Carolina Pires por ela mesmo – Fotografias têm cheiro de lembranças. Hoje é
só um retrato, amanhã, história. Eu fotografo tudo na minha vida, eu tenho a câmera
como minha testemunha. E é isso que eu adoro fazer! Vamos construir suas
memórias em forma de imagens? (PIRES, 2017)
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Fonte: Renato Dpaula, 2017
Renato Dpaula por ele mesmo - Existe uma mágica e uma beleza no dia a
dia das famílias que não precisam ser posadas ou fabricadas. Diferente do ensaio
de família dirigido, o conceito da fotografia de família documental é vocês serem
fotografados sem poses, um dia todo. Um Dia na Vida da sua família, documentando
tudo, seja na hora de preparar e tomar o café da manhã juntos, ler um livro com os
filhos, brincar, ir ao mercado fazer compras, preparar o almoço, enfim, aquilo que a
sua família é e faz no dia a dia. Eu trouxe para minha fotografia de família aquilo que
já existia na minha fotografia de casamento, uma fotografia documental cheia de
emoção e simplicidade que resgatará para as famílias momentos importantes da
vida delas. Mais do que fotos como um catálogo de moda, eu quero olhar pra trás e
ver fotos que retratem quem nós éramos de verdade (DPAULA, 2017).
Cenas do cotidiano dessas famílias que poderiam parecer corriqueiras e
banais são apresentadas nesses trabalhos como uma experiência estética. Embora,
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desde 1980 já foi possível constatar trabalhos espalhados pelo mundo, como de
Thomas Ruff , Patrick Faigenbaum, Andreas Gursky, entre outros cujos trabalhos
partiam da ideia de representação do real e do cotidiano nas diversas maneiras.
Sobretudo, sob o ponto de vista da arte como meio de refletir sobre o papel da
fotografia na representação do real na contemporaneidade. Um cotidiano estetizado,
capaz de transformar o modo de ver e de experenciar o mundo através das
imagens?
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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interpessoal. As fotografias produzidas no ambiente doméstico, por exemplo, irão
compor um cenário de pequenas histórias “escolhidas” para dar entendimento a
novas e maiores histórias.
A estetização do cotidiano na era contemporânea é um fato e também está no
modo de produzir mídia doméstica. Surge uma nova estratégia estética com
finalidade mercantil nos diversos setores de consumo, inclusive o de imagem
(publicidade, jornalismo, design). Uma sociedade que busca a realização de si nas
sensações imediatas, nos prazeres, estetizando a própria vida, reinventando-se. O
ideal estético é o de uma vida feita de prazeres.
Para Tamisier (2007, p.9): “a fotografia contemporânea não nos faz mais
descobrir o mundo dos outros, mas sim ela se apresenta como uma imagem de
nossa visão, como o reflexo narcísico de nossa própria apreensão do mundo.” Com
base nisso, poder-se-ia dizer que está surgindo uma nova estética que busca o
entendimento do mundo do outro por meio do cotidiano na contemporaneidade?
REFERÊNCIAS
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