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Apostila básica- Trabalhista II

1-FÉRIAS
Introdução/História
 férias foi objeto de conquista ao longo dos séculos.

 No início não era direcionada para toda a classe de trabalhadores, mas a certo grupo de
empregados (século XIX).

 Em 1821, a Dinamarca, através de lei, passou a conceder uma semana de férias aos
empregados domésticos no mês de novembro.

 Depois a França, por meio de um Decreto Imperial, passou a autorizar um descanso


de 15 (quinze) dias aos funcionários públicos, não os estendendo aos empregados.

 A Inglaterra, por sua vez, em 1872 promulgou lei tratando das férias destinada
especificamente aos empregados das indústrias.

 No Brasil, as férias foram concedidas aos empregados do Ministério da Agricultura


por meio do Aviso Ministerial (Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas
em 18 de dezembro de 1889) No ano seguinte, mais precisamente em 17 de janeiro de
1890, as férias anuais remuneradas foram concedidas aos ferroviários e operários
diaristas pelo Aviso Ministerial de 17 de janeiro de 1890.

 No século XX, houve substancial avanço na regulamentação das férias com o advento
do Decreto n.º 4.982, de 24 de dezembro de 1925, que ampliou as férias remuneradas
de 15 (quinze) dias para os empregados de estabelecimentos bancários, comerciais e
industriais, abrangendo uma gama significativa de pessoas.

 Decreto n.º 23.103, de 19 de agosto de 1933, cuidou das férias dos empregados de
instituições de assistência privada, de estabelecimentos bancários e comerciais; já o
Decreto n.º 3.768, de 18 de janeiro de 1934, estabeleceu férias para os empregados da
indústria, de empresas de comunicação, transporte, serviços públicos e jornalísticas.

 A temática das férias continuou a ser regulada pela Lei n.º 222, de 10 de julho de
1936, pela Lei n.º 229, de 10 de julho de 1936, pela Lei n.º 450, de 19 de junho de
1937, e pelo Decreto-Lei n.º 505, de 16 de junho de 1938.

 Com o advento da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, o direito de férias


passou a ser regulamentado de forma abrangente, esclarecendo que o Capítulo IV do
Título II da CLT recebeu nova redação com o advento do Decreto-Lei 1.535, de 13 de
abril de 1977

 Importante:

 A Constituição de 1934 foi a primeira no Brasil a prever as férias anuais remuneradas.


 A Constituição de 1937, no art. 137, passou a estabelecer o direito do operário em
gozar das férias desde que preenchido o período aquisitivo nela fixado.

 A Constituição de 1946, a Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional n.º 1 de


1969 também consagraram o instituto das férias que posteriormente foi agasalhado
pela Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de
1988, que inovou concedendo, além do gozo de férias anuais remuneradas, o direito
do empregado em receber um terço a mais que o normal. (MARTINS, 2012, p. 417)

CONCEITO DE FÉRIAS: direito do empregado em não trabalhar por certo período,


percebendo a remuneração devida.

 férias integram o conjunto de descansos outorgados pelo Direito do Trabalho e são


definidas como o lapso temporal devidamente remunerado, concedido pelo
empregador anualmente, constituído por diversos dias sequenciais (em regra, trinta
dias) em que o empregado pode sustar a prestação dos serviços e sua disponibilidade
perante o empregador com a finalidade de se recompor, de recuperar as energias.
(DELGADO, 2016, p. 1075).

 Inclusive o artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que
toda pessoa tem direito a repouso e lazer com limitação razoável das horas de trabalho,
além de férias periódicas remuneradas. (mitigação direitos).

 A ONU quanto as férias revela uma preocupação mundial com a saúde e a segurança
do trabalhador e consagra a proteção do instituto por diversos países.

FUNDAMENTOS:

 Importante saber que o respeito aos descansos semanais remunerados, às limitações da


jornada de trabalho e aos feriados não asseguram ao trabalhador o descanso de que
precisa para recompor suas energias na execução de tarefas cotidianas.

 Decorrido um ano de trabalho consecutivo, é evidente que já se acumularam no


empregado toxinas que não foram eliminadas de forma satisfatória, sofrendo o
organismo com as implicações da fadiga. (SÜSSEKIND; MARANHÃO; SEGADAS;
TEIXEIRA, 2004, p. 873)

 As razões de ordem biológica fundamentam a concessão de um período de férias


anuais remuneradas para assegurar ao trabalhador uma higiene mental,
proporcionando um período de descanso, o que permite seu retorno em melhores
condições físicas e psíquicas. (BARROS, 2016, p. 482)- ademais as férias também
integram uma estratégia para combater os problemas referentes à segurança e à saúde
no ambiente de trabalho.(DELGADO, 2016, p. 1080).

 Há também a relação do direito das férias é a circulação de riquezas e o aquecimento


da economia, haja vista a movimentação de pessoas dentro e fora do país.
 As férias não se funda somente na preservação da saúde do trabalhador e na
preservação da produtividade: pois abrange também ao progresso social e econômico.
(SÜSSEKIND; MARANHÃO; SEGADAS; TEIXEIRA, 2004, p. 874).

 Cinco são os fundamentos para a concessão das férias:

 1) fisiológico, já que o excesso de trabalho acarreta a fadiga, sendo necessário um


descanso prolongado para repor as energias do empregado;

 2) econômico: o trabalhador descansado trabalha com mais satisfação, o que


consequentemente acarreta o aumento de produtividade;

 3) psicológico, provocando a ajuda do equilíbrio mental do obreiro;

 4) político, por viabilizar uma melhor relação entre empregado e empregador;

 5) cultural, propiciando a abertura do beneficiário das férias para outras culturas


e ideias. (RUSSOMANO, 2005.)

Equilíbrio orgânico do obreiro.

Interessante observar: A sexta turma do TST julgou um caso emblemático, consubstanciado


pelo Recurso de Revista n.º 1185-72. 2010.5.10.0017, outorgando dano moral no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a uma gerente de uma empresa de publicidade em Brasília, que
trabalhou por quase treze anos, recebendo um salário de R$ 18.305,00 (dezoito mil trezentos e
cinco reais), por ter passado cinco anos sem sair de férias. Para o ministro Augusto César, o
empregador, ao privar a empregada de gozar das férias, causou à mesma uma lesão de ordem
moral, afetando o direito à convivência familiar, social e ao direito fundamental ao lazer.

NATUREZA JURIDICA

*férias têm caráter dúplice e geram direitos e deveres tanto para o empregado quanto para o
empregador.

*Em relação ao empregado, as férias tem natureza jurídica de direito público e não podem ser
renunciadas, já que o empregado terá o direito de não trabalhar durante trinta dias
consecutivos, recebendo sua média remuneratória e o dever de não laborar para empregador
diverso, exceto na hipótese preconizada no artigo 138, CLT .

Art. 138 – Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador,
salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido
com aquele

* férias constituem um direito-dever para o trabalhador e são irrenunciáveis, já que visam à


proteção da integridade física e psíquica dele.
*Para o empregador, a concessão das férias, quando devidas, reveste uma obrigação de fazer,
qual seja, de conceder as férias e de dar, ou seja, de remunerar o aludido período. O
empregador também tem o direito de exigir que o empregado não trabalhe durante as férias.

* empregado e empregador possuem direitos e deveres no que concerne ao instituto das


férias.

* férias constituem um direito público subjetivo, que não é passível de renúncia ou de


transação entre as partes, que compõe a relação de emprego. (GRONDA, 2012).

* Convenção 132 da OIT em seu art. 12 estabelece a nulidade de pleno direito de todo acordo
realizado com o objetivo de privar o trabalhador de gozar do direito ao período mínimo de
férias mediante pagamento de indenização ou de qualquer outro modo.

Não é possível a substituição das férias por pagamento em dinheiro durante o cumprimento do
contrato, não se podendo premiar a prática da “venda de férias” que ocorre por vezes no
ambiente laboral face ao caráter imperativo das mesmas.

Todavia a Consolidação das Leis do Trabalho mitiga o caráter imperativo do instituto ao


permitir a conversão pecuniária de 1/3 das férias, o que é chamado na prática de abono
celetista das férias (DELGADO, 2016, p. 1083), desde que respeitado o limite imposto pela
legislação.

Obs: Se porventura, as férias não forem usufruídas na vigência do contrato de trabalho: elas
poderão ser pagas no momento da rescisão contratual, caso claro de conversão da obrigação
de fazer em valor equivalente em espécie, ou seja, em obrigação de dar (pagar), passando a ter
natureza jurídica indenizatória, exceto nos termos do art. 449, CLT, e do art. 148, CLT,
quando constituirão crédito privilegiado na falência, dissolução da empresa ou recuperação.
(CASSAR, 2014, p. 777).

* natureza jurídica das férias, pode se verificar a presença de um aspecto positivo e de um


aspecto negativo- o 1º é visto pelo dever do empregador em conceder as férias e efetuar o
pagamento da respectiva remuneração; já o aspecto negativo consiste na vedação da prestação
de serviços pelo empregado e na vedação direcionada ao empregador de exigir o trabalho
durante o período das férias. (MARTINS, 2012, p. 420).

 Férias -após o decurso de um ano de serviço prestado a outra parte da relação


contratual: constitui direito dele que decorre também de uma necessidade fisiológica e
psicológica.

Aquisição e Duração

O ordenamento jurídico brasileiro possui regramento específico para a aquisição e concessão


das férias anuais remuneradas.

O art. 129 da CLT estatui o direito do empregado ao gozo anual de um período de férias; logo
na sequência, o art.130, caput, e o art. 130 - A, caput, estipulam um critério objetivo para a
aquisição das férias pelo obreiro.
O período aquisitivo é aquele que terá de ser cumprido pelo empregado para que ele adquira o
direito às férias, e como regra é o lapso temporal de um ano de serviços prestados ao
empregador, isto é, corresponde a cada ciclo de doze meses do contrato de trabalho.
O marco inicial do período aquisitivo corresponde ao primeiro dia do contrato de trabalho, o
qual será incluído para fins de contagem do prazo.

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