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Bióloga, Dra, Profa Instituto Educacional Oswaldo Quirino S.C. Ltda. - Faculdade de Farmácia, R. Brigadeiro Galvão, 540, CEP 01151-000 Barra Funda-SP.
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Ecóloga, M.Sc., Doutoranda, UNESP - Rio Claro, CEP 13500-970 Rio Claro-SP. E-mail: biotita@uol.com.br
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Informação pessoal obtida através do Engenheiro Agrônomo Cirino Corrêa Júnior da EMATER-PR, em fevereiro de 2000.
agudas e em número de três forman- ainda, que a planta também é usada contra espécies do gênero Passiflora. Segundo
do um falso cálice. Flores solitárias diarréia, asma, insônia, dores de cabeça de Tyler et al. (1988), é administrada geralmen-
e axilares com pedúnculo curto. Fru- procedência nervosa e neurastenia. te na forma de chá das flores e frutos secos,
tos ovais ou oblongos, às vezes re- Vale & Leite (1983) relatam que grande sendo o extrato também empregado em vá-
dondos, casca grossa e muito lisa, parcela da população que vive no interior, rios produtos farmacêuticos da Europa. Os
amarela na variedade flavicarpa. Se- utiliza o maracujá como tranquilizante. constituintes responsáveis pelo efeito anti-
mentes pequenas, cinza-escuras, Já sobre P. edulis, Castro & Chemale depressivo têm sido isolados, porém o FDA
achatadas e numerosas, imersas na (1995) apontam ser esta uma planta empre- classificou esta espécie como um produto
massa sucosa do fruto (Castro & gada para insônia, convulsões, pânico e não seguro ou não efetivo.
Chemale, 1995). ansiedade; enquanto que Martins et al. Teske & Trentini (1997) afirmam que
c) Passiflora edulis var. Verrucifera: tre- (1998) dizem que as folhas, sob forma de Passiflora alata apresenta os seguintes
padeira robusta com folhas triloba- infusão, são usadas contra inquietação constituintes químicos: alcalóides indó-
das, dentado-glandulosas nas mar- nervosa, irritação freqüente e insônia. De licos; flavonóides; glicosídeos cianogê-
gens, de até 20cm de comprimento; acordo com Silva et al. (1998) o infuso de nicos; álcoois; ácidos; gomas; resinas;
flores solitárias, sobre pedúnculos folhas desta espécie é utilizado para o tra- taninos, agindo como depressor inespe-
axilares, apresentam sépalas exter- tamento da depressão, insônia, dor de cífico do sistema nervoso central, o que re-
namente esverdeadas e fortemente cabeça e nevralgias. sulta em uma ação sedativa, tranqüilizante
carenadas; baga globosa, mais ou P. alata foi enfocada por Corrêa Júnior e antiespasmódica da musculatura lisa.
menos glabra, arroxeada quando ma- et al. (1994) e Moresco & Oliveira (1995). Indicam ainda que, devido à presença da
dura, em outras variedades alaran- Os primeiros autores relatam indicação po- passiflorina, substância similar à morfina,
jada ou amarelo-áurea (Pio Corrêa, pular do infuso das folhas como calmante relato também feito por Pio Côrrea (1984), é
1984). e para insônia; no segundo trabalho as um medicamento de grande valor terapêu-
d) Passiflora quadrangularis L.: tre- autoras citam o uso da infusão para ansie- tico como sedativo e que, apesar de narcó-
padeira que apresenta gavinhas. Fo- dade, insônia e como calmante. tico, não deprime o sistema nervoso central.
lhas membranáceas, ovais, alternas Seu uso diminui por instantes a pressão
COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA arterial e ativa a respiração, deprimindo a
e oblongas, com até 20cm de compri-
mento por 10cm de largura; flores A importância de pesquisas científicas porção matriz da medula, e ainda possui
hermafroditas e aromáticas, medindo sobre o uso medicinal do maracujá, se- efeitos analgésicos pelos quais é usada
cerca de 10cm a 12cm de diâmetro gundo Vale & Leite (1983), é principalmente, contra nevralgias.
com pétalas de tom variável entre o devido às diversas preparações comercia- Vale & Leite (1983) verificaram que o
róseo e branco. Frutos ovais, com lizadas tendo como princípio o extrato fluido extrato aquoso das folhas de maracujá tem
até 20cm de comprimento por 15cm ou etanólico de passifloráceas. uma baixa toxicidade e que o extrato de P.
de diâmetro, amarelos quando ma- A espécie de maracujá Passiflora edulis apresenta uma atividade depressora
duros (Martins, 1989). incarnata, segundo Masson et al. (1998), geral do sistema nervoso central.
é indicada para ansiedade, insônia, hiper- Cunha et al. (1998) confirmaram a ação
Corrêa Júnior et al. (1994) indicam que tensão arterial, taquicardia, palpitações, ansiolítica e sedativa de P. edulis, sendo
somente P. alata consta da Farmacopéia mialgias. Esta espécie apresenta os seguin- esta atividade atribuída a diversos consti-
Brasileira, obra que agrupa todas as plantas
tes princípios ativos: flavonóides, traços tuintes, alcalóides e outros e, mais recente-
que, no Brasil, já foram estudadas do ponto
de alcalóides indólicos, traços de heterosí- mente, aos flavonóides. Trabalhando com
de vista farmacológico.
deos cianogênicos e traços de óleo essen- essa espécie, estes autores confirmaram o
cial de composição ainda não definida. potencial farmacológico da planta através
USO POPULAR Estes mesmos autores afirmam ainda que a da avaliação neurofarmacológica destes
Várias são as obras que tratam do uso droga seca deve conter, pelo menos, 0,3% compostos, de forma que venha a estabe-
popular de plantas, de modo geral. Balba- a 0,4% de flavonóides expressados como lecer os mecanismos eventuais a mecanis-
chas (1957) recomenda o infuso de folhas hiperosídeo e, pelo menos, 0,8% de flavo- mos de ação destas substâncias.
de Passiflora quadrangularis em casos de nóides expressados em vitexina. Fazendo uma revisão de literatura so-
alcoolismo crônico, asma, coqueluche, con- Nos Estados Unidos, em 1978, o Food bre a constituição química de espécies de
vulsão infantil, delirium-tremens, diarréia, and Drug Administration (FDA), órgão Passiflora L., Pereira et al. (1998) obser-
disenteria, dor de cabeça nervosa, erisipe- responsável pela liberação de alimentos e varam que as espécies Passiflora alata
las, úlceras, nevralgias, tétano, crises ner- medicamentos, declarou que não tinha re- Dryander e Passiflora incarnata L., pos-
vosas e neurastênicas, insônias e tosses cebido a validade científica para a Passiflora suem comprovada ação hipnótica/seda-
de origem nervosa. Martins (1989) diz que incarnata, para uso do extrato dessa planta tiva, devido à presença de flavonóides e
as folhas são usadas como diurético, eme- como sedativo ou auxiliar em casos de insô- de alcalóides, sendo a espécie Passiflora
nagogo, calmante, anticonceptivo e anti- nia. Essa espécie também é conhecida como incarnata L. registrada como oficial na
febril; as raízes são empregadas como maracujá e apresenta propriedades seme- Farmacopéia Européia e a Passiflora alata
antiinflamatório e anti-helmíntico. Explica, lhantes àquelas encontradas nas outras Dryander registrada como oficial na Farma-