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História do Movimento
Psicanalítico
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Sumário
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Resumo da psicanálise nos EUA
Ana Camargo
Greice Michel
Odete Teresinha Bittencourt
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especialistas como James Putnam, ex-presidente da Associação neurológica
americana. Assim a psicanálise tornou-se sinônimo de psiquiatria, e nestes pais
a análise leiga não tinha nenhum valor.
No inicio da psicanálise Freud e os demais neurologistas dedicaram-se
mais ao estudo das neuroses e histerias e outros relacionados. Com a extensão
para a psiquiatria passam a estudar casos como boderline (fronteiriços ou ainda
limítrofes). Este desenvolvimento norte-americano da psicanálise possibilitou o
tratamento analítico para estes casos que antes não eram observados na
psicanálise.
Freud não aceitava pacientes psicóticos para tratamento analítico,
deixou apenas uma referência de que tais pacientes deviam se atendidos por
psiquiatras que tem atividade clinica voltada para tais. Nos EUA muitos estudos
se realizaram nesta área e ainda existem muitos estudos naquele país. A partir
daí os médicos passam a usar novas técnicas da qual resultou a psicoterapia de
orientação psicanalítica, com o tempo estas técnicas foram sendo incorporadas
pela psicanálise, havendo uma fusão entre a psicanálise e as terapias de
orientação psicanalíticas.
À medida que a psicanálise norte-americana se desenvolvia outras
instituições foram sendo criadas, tornando um verdadeiro movimento profissional
e corporativo em torno das instituições. Em 1911, Jones fundou a American
Psychoanalytic Association (ApsaA); no mesmo ano, Brill instalou, com Horace
Frink, a New psychoanalytical Society (NYPS) ( sociedade psicanalítica de Now
York), ; dois anos depois, White e Jelliffe criaram a psychoanalytic Review,
primeira revista americana de difusão do Freudismo. Em 1914, Putman e Isador
Coriat fundaram a Boston Psychoanalytic Society (BoPS).
Quando os psicanalistas europeus chegaram nos EUA já haviam
psicanalistas nativos atuando que geralmente eram médicos dos quais se
destacam: James Putnam, Obendorf, A.A.Brill, William Alanson White, Smith Aly
Jellife e Adolph Meyer. A formação médica destes psicanalistas possibilitou a
orientação psicossomática dentro da psicanálise, bem como a medicina
psicossomática. Sem dúvida isso enriqueceu muito a psicanálise, porém o fato
de nos EUA aceitarem apenas médicos nesta especialidade contrariava a
orientação de Freud que queria que a psicanálise fosse levar a psicanálise a
todas as áreas dos mais diversos campos científicos. Estas divergências
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causaram muitos conflitos entre os psicanalistas europeus e norte-americanos
liderados pelo próprio Freud levando as organizações psicanalíticas norte-
americanas se desvincular das organizações europeias.
A partir de 1925 a questão da análise leiga dividiu o movimento
psicanalítico internacional. No mesmo momento em que eram instauradas na
IPA (Associação Internacional de psicanálise) as regras o presidente da NYPS
(Sociedade de Psicanálise de Nova York), Brill se opôs firmemente aos
europeus e ao próprio Freud, recusando não médicos na profissão psicanalítica.
No ano seguinte, aumenta o conflito devido a publicação de Theodor Reik sobre
a questão da análise leiga. Em 1929 no congresso da IPA em Oxford, houve um
acordo internacional e a NYPS aceitou a filiação de analistas leigos, mas
aprovou uma clausula que recusavam a filiação de psicanalistas formados na
Europa. Assim todo imigrante era obrigado a refazer seus estudos de medicina e
também recomeçar seu currículo psicanalítico.A APsaA (Associação
psicanalítica Americana) mantinha o domínio do movimento internacional
principalmente pelo uso da sua língua em congressos de psicanálise. Em 1934,
no congresso da IPA em Lucerna, a clausula de Oxford foi anulada, havendo o
reconhecimento dos psicanalistas europeus, mês permanecia a medicalização
das obras de Freud em que segundo ele a psicanálise se tornou nos EUA "pau
pra toda obra" da psiquiatria. Em 1939 a Associação psicanalítica América se
torna independente da Associação psicanalítica internacional, dessa forma os
psicanalistas norte-americanos não dependiam da aprovação da organização
internacional.
Por conta disso os psicanalistas europeus que não eram médicos tinham
dificuldade para exercer a psicanálise naquele país e os que eram médicos eram
submetidos a exame de proeficiência na língua inglesa para receber a licença
médica e exercerem a psicanálise.
O rompimento das duas associações durou até 1948 quando Ernest
Jones representando a IPA (Associação Psicanalítica Internacional). Recupera
certa arbitragem nas organizações da APsaA (Associação Psicanalítica
Americana). Em 1930 Franz Alexander um psicanalista Húngaro se torna o
primeiro professor de psicanálise nos EUA, se destacando pelo seu trabalho
sobre psicossomáticas, tendo reconhecimento internacional. Nos anos trinta os
centros de estudos se proliferaram com a chegada de outros psicanalistas
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europeus, entre eles Sandor Rado, também Húngaro convidado a vir de Berlin
para ser diretor educacional do Instituto psicanalítico de Nova York.
Alguns institutos se mantinham firmemente nas teorias e técnicas
tradicionais e ficaram conhecidos como "ortodoxos" ou "conservadores", nesta
orientação se desenvolveu a teoria psicanalítica do ego fundamentada nas obras
de Freud, passando por Anna Freud e Heinz Hartmann. Ana ampliou o conceito
do ego, e a psicanálise passa a estudar as várias capacidades mentais humanas
construindo um campo teórico independente. Os demais institutos filiados a
associação psicanalítica americana que traziam inovação passaram a ser
chamados de liberais. Essa liberdade trouxe contribuições como da psicoterapia
psicanalítica ou da psicoterapia orientada psicanalítica.
Na Inglaterra havia dissidência entre Kleinianos e os Freudianos, nos
EUA era entre os ortodoxos e os liberais, dentro das organizações filiadas à
Associação Psicanalítica Americana, a divergência aumentou com o surgimento
de grupos não filiados.
Em 1941, Karen Horney, Clara Tompson, William Silverberg e outros
psicanalistas se desvincularam do instituto de Now York, por sentirem falta de
liberdade para inovações teóricas e praticas e fundaram a Associação para o
progresso da psicanálise, e também o instituto norte-americano de psicanálise.
Psicanalistas importantes se agregaram a esta associação dos quais se
destacam Erich Fromm e Harry Stack Sullivan que juntamente com Clara
Tompson, fundaram o Instituto William Allanson White ( em homenagem a
White, que introduziu a psicanálise no tratamentos das psicoses em Washington
e formou entre outros os psicanalista Smith Aly Jelliffe e Harry Stack Sullivan.
Outros psicanalistas se desligaram da Associação liderada por Karen Horney e
fundaram outros institutos.Um grupo liderado por Bernard Robbins, Jewtt,
Silverberg e Judd Marmor retirou-se da Associação e organizou o primeiro
instituto de ensino psicanalítico filiado em uma escola médica, no New York
Medical College., filiado a uma escola médica.
O instituto Willian Alanson White fundado por Erich Fromm, Harry Stack
Sullivan e Clara Tompson, se associou a Universidade de Columbia, de Nova
York dando um importante passo na história da psicanálise nos EUA ao aceitar
psicólogos, filósofos, assistentes sociais e outros estudiosos não médicos para a
formação em psicanálise. Posteriormente os seguidores de Harry Stack Sullivan
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se separaram do instituto para desenvolver uma abordagem desse autor a qual
denominaram de impessoal.
Com estas ramificações causaram vários enfoques psicanalíticos nos
EUA. Além dos institutos apareceram mais organizações com abordagens de
psicanalistas ou ex-psicanalistas que não eram bem aceitos pela Associação
Psicanalítica Americana. Estes novos institutos fundados por seguidores de Carl
G. Jung (psicologia analítica), Alfred Adler, Theodor Reik, Otto Rank e Wilhelm
Reich (abordagens corporais), dentre outros proliferando ainda mais a
quantidade de abordagens neofreudianas ou ainda não-freudianas. Karen
Horney e Erich Fromm (abordagem humanista) Harry Stack Sullivan (abordagem
interpessoal), estes autores são precedentes à orientação neo-freudiana da
psicanálise.
Devido a dependência da psicanálise em relação a psiquiatria nos anos
60 a psicanálise entra em declínio nos EUA como descreve Erich Fromm em seu
livro A Crise da Psicanálise.
Entre 1965 e 1970, iniciou o declínio da psicanálise, tanto para a opinião
pública como nos centros de difusão do saber psiquiátrico, acompanhado de um
movimento antifreudismo mais violento que no início do século. Isso porque o
freudismo americano sempre foi de extrema fragilidade pela sua dependência
em relação a psiquitria e também em relação ao seu ideal adaptativo.
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equilíbrio necessário. No tratamento, o psicanalista deve fazer o papel do ego
forte.
Posteriormente Hartmann introduz a definição de Self a qual inspira
psicanalistas de correntes antagônicas à psicologia psicanalítica do Ego
(psicologia psicanalítica do self). Em 1950 Hartmann introduz uma distinção
entre o eu(ego), como instância psíquica, e o si mesmo (self), no sentido da
personalidade ou da própria pessoa, termo retomado por Winnicott, que
acrescenta referência fenomenológica, e por Kohut, que o transformou em uma
instância específica, a única que explica os distúrbios narcísicos.
Heinz Hartmann
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nos estudos do ego dentre eles Anna Freud, com livro publicado em 1936
intitulado O Ego e os Mecanismos de Defesa.
Contudo a maior pretensão de Hartmann era de criar uma psicologia
psicanalítica geral, que estudasse os aspectos psicopatológicos, mas também os
aspectos normais e funcionais, com o objetivo de ter uma teoria geral da
personalidade e do desenvolvimento.
Hartmann ampliou seu campo de investigação na psicanálise por
entender que a psicanálise teria um campo de investigação mais profundo, e
com uma organização mais coerente as suas proposições. Partindo desse
principio estudou as funções normais do ego como percepção, raciocínio,
memória, linguagem, compreensão, desenvolvimento motor e aprendizagem.
Todas estas funções ele denominou de "funções autônomas (primárias e
secundárias) do ego". Elas têm importância fundamental na adaptação do
indivíduo ao meio em que ele vive.
Suas contribuições teóricas trouxeram relevantes contribuições para
expansão e investigação da psicanálise o que o tornou um dos principais
teóricos da psicanálise.
HEINZ KOHUT
Estudo do narcisismo
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fixas, os rituais, o silêncio, estava sufocando e trazendo uma imagem negativa
para psicanálise.
Kohut apresentava ideias inovadoras, entendia que o self (si mesmo)
seria resultado de todos os investimentos narcísicos realizados pelo indivíduo.
Assim o narcisismo passou a ser sua principal investigação analítica.
Desenvolveu conceitos semelhantes ao de Winnicott como "falso self",
onde constatou que muitos distúrbios psíquicos tinham como causa uma
deficiência arcaica do self, ou seja, pessoas que não tiveram uma mãe amorosa,
se tornaram incapazes de desenvolver uma relação verdadeira com outras
pessoas. Para mascarar sua mutilação essas pessoas construíram uma
armadura, um si falso, puramente defensivo com o objetivo de superar os
ferimentos e humilhações sofridos, A partir dessa armadura defensiva as
pessoas não conseguiam estabelecer relações duradouras, agindo com excesso
de arrogância, ou com sentimento de inferioridade. Assim em 1959 define a
empatia como elemento central da técnica psicanalítica, em 1964 introduz o
termo de self grandioso, definindo a imago parental idealizada.
Kohut distinguia três espécies de relações tranferenciais que seriam a
idealizante que provem da imagem idealizada, a segunda de transferência em
espelho proveniente de um si grandioso enfim a contratransferência do analista
que respondia à transferência idealizante.
Portanto para Kohut o narcisismo seria uma doença da personalidade,
um equivalente a pulsão de morte freudiana, uma raiva e aniquilação do outro
que na verdade só queria proteger seu self.
Depois de 1970 Kohut estende os conceitos aos fenômenos coletivos,
interessando-se pelas formas paranóides de relação.
Faleceu aos 68 anos em Chicago deixando esta sua forma de
contribuição para tirar a psicanálise ortodoxa da crise institucional nos EUA.
Culturalismo e Etnopsicanálise
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A corrente culturalista norte - americana foi representada pelos
trabalhos da escola da Cultura e Personalidade, onde se reuniam no período
entre - guerras: Abram Kardiner, Ruth Benedict, Margareth Mead, Ralph Linton e
Cora Dubois.
1. Grupo da Corrente Culturalista Principal representante psicanalítico:
Abram Kardiner. (1891 - 1981). Análise didática: Sigmund Freud. Obra:
Minha análise com Freud. Usou pesquisas existentes para fazer seu trabalho
clínico. O localde trabalho: Universidade de Colúmbia, Cornell e Emory (Atlanta).
Ensinou suas concepções de Psicanálise e Antropologia.
2. Grupo da Etnopsicanálise
Pioneiro representante Psicanálise:
Géza Roehim. Nasceu: (1891) - Budapeste. Origem: Húngara.
Conhecimentos psicanalíticos: usou os distúrbios psicopatológicos,
oriundos de cada cultura.
Estudos teóricos: os distúrbios psicopatológicos de cada cultura. Pesquisa de
campo: estudou como cada cultura observa e classifica os distúrbios psíquicos.
Local da pesquisa de campo: Melanésia - Oceania.
Outro representante da Etnopsicanálise:
Georges Devereux.- Nasceu em Lugos, na Transilvânia - Romênia.
Estudos teóricos: associou suas teorias freudianas às de Claude Levi - Strauss.
Criou um tipo de antropologia da loucura, com base na Psicanálise, na
Psiquiatria e na Etnologia.
Filiados com ideias independentes
Eduard Hitschmann - (1871- 1957). Nasceu: Viena. (1895): graduou - se
na Escola Médica da Universidade de Viena. (1905): tornou-se membro da
Sociedade Psicanalítica de Viena (na época Sociedade Psicológica das Quartas
- feiras).
(1913): no eu estudo a respeito de Schopenhauer, intitulou
de:Psicanálise de um filósofo.
(1922): tornou-se diretor do Ambulatorium (primeira clínica psicanalítica
de (Viena).
(1938): Hitschmann foi diretor da clínica Ambulatorium. Os nazistas
dominaram a Áustria e fecharam a clínica.
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(1940): emigra para os Estados Unidos, onde se torna professor e
analista didata no BoPS Boston Psycchoanalytic Institute (Instituto Psicanalítico
de Boston).
Livros de Hitschmann: - As Teorias de Freud Sobre as Neuroses.
- Psicanálise de um filósofo.
Hitschmann reconheceu desta forma, o inconsciente no sentido atribuído
pela Psicanálise. Nunca adotou os princípios da Psicologia do Ego. Manteve a
orientação independente das grandes escolas de pensamento norte -
americano.
Otto Fenichel: (1897 - 1946) - Nasceu: Viena. Família: judaica. Em
(1918) - conheceu Psicanálise, através das teses de Siegfried Bernfeld. (1922) -
fez suas análises didáticas. (1934) - publicou o primeiro manual de Psicanálise:
para psicanalistas. (1945) - publicou o livro: A teoria Psicanalítica das Neuroses.
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Nos anos posteriores - I e II Guerra Mundial:
Europa: Muitos psicanalistas perseguidos na Alemanha e na Áustria. E
na Inglaterra e os Estados
Unidos: foram centros da Psicanálise e cada um desenvolveu a Psicanálise de
maneira diferente.
Na Inglaterra se destacaram as abordagens Kleinianas: (referentes à
Melanie Klein, que influenciou a Psicanálise no Brasil) em contraposição á
abordagem clássica freudiana.
Nos Estados Unidos se destacaram:
As abordagens neofreudianas (Erich Fromm, Karen Horney e Harry Stack
Sullivan).
A Psicologia do Ego (Heinz Hartmann).
A Psicologia do Self (Heinz Kohut).
Os culturalistas e a Etnopsicanálise.
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na negligência que era feita na Psicanálise dos fatores sociais e econômico na
vida cotidiana do indivíduo.
Nos EUA se aproximou das correntes culturalistas, por estas abordarem
mais as questões sociais do que a Psicanálise ortodoxa.
Na cidade de New York desenvolveu um trabalho independente do
ortodoxo, atendia face a face. Não usava o divã. Utilizava as técnicas da
Psicanálise de grupo. Termo para denominar o trabalho Psicanalítico de Fromm:
Psicanálise Humanista.
O termo para denominar o trabalho Psicanalítico de Fromm: Psicanálise
Humanista. Erich Fromm lutou por uma atitude mais humanista e menos
autoritária. Manteve essa luta até o seu falecimento, na Suíça em 1980.
Karen Horney - Psicanalista. (1885 - 1952). Nasceu: Eilbeck - (cidade
próxima a Hamburgo) na Alemanha. Família: protestante. Pai não aprovava seus
estudos. Estudou: Medicina. Faculdade: Freiburg.
Em (1909) - mudou para Berlim, casou-se com Oskar Horney, Suas
análises didáticas: fez com Abraham e interrompeu. Final da II Guerra Mundial
fez análise com Hans Sachs.
- (1922) - Tornou - se a primeira psicanalista didata no corpo docente do
Instituto Psicanalítico de Berlim.
- No Congresso da IPA - (Berlim): criticou a tese freudiana sobre a
feminilidade.
- (1932) - Aceitou o convite de Franz Alexander e assume o cargo de
diretora assistente do Instituto de Psicanálise de Chicago.
- Mudou-se para os EUA, naturalizando -se norte - americana.
- Por algum tempo permaneceu como diretora nessa instituição, mas
logo saiu.
- Tornou-se professora na Sociedade Psicanalítica de Washington -
Baltimore.
- Em Nova York - foi aceita como membro da New York Psychoanalytic
Society, (NYPS).
- (1935) - Trabalha como analista didata e escritora. Muito sucesso e
popularidade foi invejada por seus colegas psicanalistas.
- (1937) - EUA: publicou o livro: A Personalidade Neurótica de Nossos
Tempos.
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- (1941) - foi forçada sobre pressão a abandonar a NYPS.
Obras literárias de Karen Horney: A Personalidade Neurótica de Nossos
Tempos e Novos Rumos na Psicanálise.
Contribuições de Karen Horney: Publicou de forma ampla suas novas
ideias, apresentando a primeira interpretação cultural da neurose. Horney
rompeu definitivamente com a orientação biológica de Freud. Propôs um novo
sistema psicanalítico), baseado nas Ciências Sociais e em suas próprias
observações com os pacientes. Destacava a importância da análise da situação
atual do paciente.
A Crise da Psicanálise: Erich Fromm no seu livro A Crise da Psicanálise
(10) esclarece a evolução e a crise da Psicanálise, na sociedade norte-
americana e que pode ser considerada atual. As causas que desencadeiam a
crise da Psicanálise Contemporânea são: - O declínio no número de estudantes
candidatos a treinamento didático em institutos Psicanalíticos.
A redução no número de pacientes que buscam a ajuda do psicanalista.
Nos anos recentes surgiram terapias concorrentes que reclamam obter melhores
resultados terapêuticos e exigir menos tempo e menos dinheiro. O psicanalista
da década anterior considerado o detentor da resposta às angústias mentais da
classe média urbana, está colocado na defensiva pelos seus competidores
psicoterapêuticos e está perdendo o seu monopólio terapêutico. Fromm
demonstra a necessidade da Psicanálise se atualizar e acompanhar o
desenvolvimento da sociedade atual. Enfatiza o quanto a Psicanálise foi a
pioneira na abertura de um novo trabalho e até mesmo de um novo mercado.
Mas seus representantes não se atualizaram em seu trabalho, então novos
profissionais (psicoterapeutas) passaram a concorrer com os psicanalistas,
utilizando técnicas atuais e renovadas. O principal problema apontado por
Fromm à chamada Crise da Psicanálise foi a mudança de uma teoria radical e
libertadora para uma teoria conformista.
No livro Ter ou Ser? (11) Fromm demonstra o quanto a sociedade
industrial falhou em sua promessa de felicidade irrestrita. A promessa estava
baseada na ideia de satisfação irrestrita de todos os desejos; o que convém à
sociedade de consumo da atualidade.
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Caracteriza o ter e o ser como posturas diferentes de vida. Fromm
demonstra o quanto a sociedade atual valoriza o ter em detrimento do ser e o
quanto esta tendência eterniza a neurose individual e a neurose social.
O medo à liberdade para Fromm manifesta-se no período em que
transcorre o Complexo de Édipo, quando a criança procura se libertar de sua
dependência infantil e procura tornar-se um indivíduo. O aspecto sexual pode
entrar em questão, mas não seria o fator principal da luta com os pais.
Fromm trouxe contribuições para a prática terapêutica na Psicanálise,
segundo ele, é necessário manter uma atitude de respeito pelo paciente e
durante a terapia, é importante ressaltar os comportamentos salutares do
paciente. Pretendia desenvolver no paciente o senso de integridade e um
respeito pelo seu verdadeiro eu, que traz como consequência um respeito e
amor autênticos às outras pessoas.
A Psicanálise pretende trabalhar como sendo um instrumento de
conscientização e libertação de neurose vivida pela civilização. Erich Fromm no
livro a Psicanálise da Sociedade Contemporânea (8) Erich Fromm realiza uma
das mais interessantes investigações da problemática da sociedade atual.
Fromm demonstra quanto o consenso é enganoso; enquanto critério de
normalidade.
Fromm demonstra o quanto a nossa sociedade atual é neurótica e o
quanto ela empurra para mecanismos de alienação. Sem estes mecanismos
(tais como programas de televisão ‘idiotizantes' violentos) as pessoas seriam
obrigadas a perceber a sua própria alienação e poderiam buscar hábitos de vida
mais saudáveis.
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reestudou o desenvolvimento humano, não apenas como derivado de aspectos
instintivos, mas a partir de aspectos culturais.
Com esta publicação Karen Horney rompe definitivamente com a
orientação biológica de Freud. Sua discordância partiu do conceito freudiano
acerca da psicologia feminina e fortaleceu-se por causa do seu postulado
relativo ao instinto de morte.
Em seu reestudo da sexualidade feminina, demonstrou que a inveja do
pênis, que assume caráter tão determinante dentro da teoria freudiana no que se
refere ao desenvolvimento da mulher, não é fator preponderante da sexualidade
feminina. A inveja do pênis tal qual ele formulou, seria realmente baseado nas
Ciências Sociais e suas próprias observações com pacientes.
No aspecto teórico, Karen Horney apresentou uma nova interpretação
para as pesquisas freudianas a respeito da compulsão de repetência: para ela
não aconteceria apenas uma repetição das situações da primeira infância, mas a
atitude original seria acrescentada e modificada através de sucessivas
experiências com figuras que representam os pais. De uma forma semelhante se
desenvolveria os outros processos neuróticos, cada qual dependendo do tipo de
vínculo desenvolvido com os pais e outras pessoas que representaram
autoridade.
As defesas neuróticas surgidas na infância geram novas defesas e cabe
ao analista deflagrar este sistema defensivo através da situação presente do
paciente. Horney também verificou que o paciente se torna enfermo não apenas
pelos fatos que enfrenta, mas também por estabelecer objetivos que o levam a
perseguir falsos valores que por não terem consistência e muitas vezes
antagônicos geram uma ansiedade secundária.
Neste livro Karen Horney afirma que todos nós podemos ter conflitos e
isto não significa que estejamos num estado neurótico. Os nossos desejos e
interesses podem entrar em choque com os desejos e interesses de outras
pessoas.
Para Karen Horney para resolvermos nossos conflitos precisamos
investigar quais os nossos verdadeiros sentimentos e a partir disto tomar
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decisões que tenham mais sentido para nós mesmos. Também é necessária
segundo Horney a capacidade para renunciar a um dos aspectos em choque e
assumir a responsabilidade pela decisão tomada.
Segundo Horney o conflito neurótico ocorre de forma inconsciente.
Nossos problemas de ansiedade, depressão, indecisão, inércia, alheamento,
incoerência e outros são resultantes de nossos conflitos interiores não
resolvidos, por isto à necessidade de identificação dos conflitos que os geraram.
Para explicar a origem destes conflitos Horney afirmava que a criança
apresenta uma ansiedade básica que é a sensação de estar sozinha e indefesa
em um mundo hostil, onde diversos fatores podem acarretar insegurança na
criança como dominação direta ou indireta, indiferença, comportamento
caprichoso, falta de orientação, ausência de respeito pelas necessidades
individuais, responsabilidades excessivamente grandes ou reduzidas,
superproteção, ter que tomar partido em desavenças entre os pais e assim
sucessivamente.
Para Horney a criança tentando encontrar meios para se desenvolver e
lidar com os problemas que o mundo lhe apresenta, desenvolve estratégias
inconscientes para enfrentar seus medos. Estas estratégias se tornam traços de
caráter permanentes que vão moldar a personalidade deste individuo em
desenvolvimento. E assim se formam nossas tendências neuróticas.
A partir destas tendências surgem os conflitos que podem gerar três
atitudes principais: 1.Aproximação, 2.Oposição e 3.Afastamento. E em cada uma
destas posturas um dos elementos pode ser exagerado e levar a uma tendência
de se sentir 1.Incapacidade; 2.Hostilidade e 3.Isolamento.
Outra atitude que o individuo pode encontrar para lidar com os
problemas é a formação da imagem idealizada, ou seja, uma imagem onde o
neurótico julga que ele é, sente que pode ou deve ser. Consciente ou
inconsciente esta imagem é sempre distante da realidade, embora a influencia
por ela exercida na vida da pessoa é bastante real. E, quanto mais irreal a
imagem tanto mais fará a pessoa vulnerável e ávida por afirmação e
reconhecimento exteriores.
A formação destas imagens idealizadas pelo indivíduo é inconsciente.
Por isto para Horney a imagem idealizada fomenta a arrogância e a imagem
genuína fomenta a verdadeira humildade.
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Karen Horney define como externalização quando a pessoa não
consegue mais justificar suas dificuldades e limitações por querer preservar a
imagem idealizada de si, ela escapa da percepção de si mesma e observa tudo
como se estivesse do lado de fora. Não admite se observar e justifica tudo como
se proveniente do mundo de fora. A externalização é um mundo amplo onde a
transferência da responsabilidade é uma porta apenas. Os defeitos, os
sentimentos são sentidos como se fossem de outra pessoa, ela não se apercebe
de suas atitudes para consigo mesma; exemplificando, ela terá a impressão de
que alguém está zangado com ela quando, na verdade, é ela que está zangada
consigo própria.
A externalização é uma forma de não entrar em contato com os nossos
conflitos interiores e estes conflitos podem levar a atitudes de medo,
empobrecimento da personalidade, desesperança e também tendências sádicas.
Horney propõe como solução para estes conflitos a modificação das
condições internas da personalidade que propiciaram o seu desaparecimento.
Logo, para que haja uma transformação verdadeira a pessoa precisa conhecer a
si mesma.
CONHEÇA-SE A SI MESMO
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- observação de nossos pontos fracos (nossas tendências neuróticas)
A auto-observação é fundamental para nossa autoanálise e Horney
sugere para esta autoanálise o mesmo método de associação livre utilizado pela
Psicanálise, podendo anotar ou não as associações realizadas.
O ponto mais marcante nesta obra de Karen Horney é a nossa constante
necessidade de autoconhecimento e, portanto, de autoanálise por toda a nossa
existência.
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Na teoria das relações interpessoais ele sustenta que o ser humano é
produto da interação com outros seres humanos e que a personalidade emerge
das forças pessoais e sociais que atuam sobre nós.
As pessoas são motivadas por necessidades e Sullivan distingue duas
categorias amplas de necessidades: necessidade de satisfação e necessidade
de segurança. Ambas estão entrosadas. A primeira trata as necessidades
biológicas e a segunda envolve os processos culturais.
Para Sullivan a maior parte dos problemas psicológicos resulta das
dificuldades encontradas pela necessidade de segurança, pois a segurança está
relacionada com um sentimento de pertencer, de ser aceito; em outras palavras
a aprovação pelos pais e outros inculta um sentimento de bem-estar; a
desaprovação, por outra parte, envolve uma sensação de insegurança, de
ansiedade.
Sullivan também acreditava que a ansiedade é uma força potente na
formação do indivíduo, mas ao mesmo tempo ela é restritiva e compromete a
observação, diminuindo discernimento e dificultando o aprendizado. A ansiedade
na infância é provocada pela desaprovação dos outros. Assim na busca de evitar
uma sensação de desconforto, a partir deste estado de alerta que o eu se
desenvolve. Os aspectos do eu que provocam desaprovação tendem muitas
vezes a serem dissociados e não serem reconhecidos pela pessoa como uma
parte dela mesma. Em outras ocasiões estes aspectos que provocam
desaprovação continuam conscientes, mas com o ‘rótulo de que isto é mau'.
Todos os aspectos da personalidade que não foram ou não são aceitos
geram problemas com relação a autoestima do indivíduo. Para Sullivan é muito
difícil transcender a cultura para viver o eu, pois todas as tentativas de ruptura
geram ansiedade. Assim, a terapia entraria para produzir modificações no auto-
sistema do indivíduo.
Sullivan também acredita que as relações interpessoais acontecem num
nível que extrapola o relacionamento pessoal entre duas pessoas fatuais. "Pode
existir neste relacionamento as ‘personificações fantásticas", nas quais a pessoa
busca a idealização de um objeto de amor ou o "parceiro perfeito". Quando a
pessoa se relaciona com a personificação de sua fantasia, Sullivan denominou
este processo de distorção paratática. Um dos objetivos da sua terapia é
demonstrar à pessoa estas distorções e aproximá-la da realidade.
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O grande valor das teorias de Sullivan é o seu empirismo, já que seus
conhecimentos são resultantes da observação de seus pacientes. Para ele a
cura ocorreria com a elucidação gradual do paciente sobre o que estaria
acontecendo entre o paciente e as demais pessoas, acentuando os aspectos
paratáticos, em conjunção com um crescente discernimento interior.
Sullivan trouxe importantes inovações técnicas no tratamento de
pacientes esquizofrênicos e obsessivos
De seu trabalho com esquizofrênicos aprendeu a importância em adotar
um critério de contato mais flexível na terapia como deixá-los em posições que
os deixassem a vontade: de pé, sentado, caminhando...
As peculiaridades do terapeuta revelaram-se também mais
perturbadoras para o psicótico do que, aparentemente, com o neurótico e,
portanto, impunha-se, no primeiro caso, uma humildade maior, um maior tato e
conhecimento, uma atitude menos autoritária, se o analista quisesse obter a
confiança do paciente. Essas alterações que são essenciais ao tratar com
psicóticos, provaram também ser valiosas com outros tipos de casos.
Sullivan também observou a facilidade dos obsessivos em falarem além
do necessário. Isso, concluiu ele, era devido ao desenvolvimento de sistemas
substitutivos de pensamentos, delineados para afastar os pacientes das áreas
impregnadas de ansiedade.
Esta orientação de Harry Sullivan passou a ser conhecida nos estados
Unidos como Psicanálise interpessoal.
PSICANALISTAS INDEPENDENTES:
OTTO RANK
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psíquico é inconsciente na pessoa e encontra expressão através dos sonhos e
de outros atos psíquicos.
De 1906 a 1915 Rank foi secretário da Sociedade Psicanalítica de Viena
e nesta época escreveu o seu segundo livro O Mito do Nascimento Do Herói
onde explicava os mitos como sendo produto de desejos e fantasias humanas.
Nesta temática Rank fez um paralelo entre o mito e a evolução do
próprio individuo que passa por um período de revolta natural contra o pai para
depois amadurecer Otto Rank foi o primeiro analista sem formação médica a
atender paciente.
Em parceria com Ferenczi escreveu o livro Perspectivas da Psicanálise
onde ataca a rigidez das regras psicanalíticas e propõe uma teoria dita como
‘teoria ativa, preconizando tratamentos curtos e limitados previamente no tempo
assim como um recentramento no presente (em vez de reconduzir o paciente a
sua estória passada e ao seu inconsciente, Otto julgava preferível solicitar a
vontade consciente do paciente na situação atual como estímulo a sua cura,
única maneira de fazê-lo sair da passividade masoquista no qual ele se
refugiava).
O trabalho mais famoso de Otto Rank foi o livro O Trauma do
Nascimento (1924) onde expressa que cada indivíduo apresenta ao nascer uma
ansiedade de separação, que ele chamou de ansiedade primária' e que seria o
elemento mais importante para o desenvolvimento da pessoa e para a formação
da neurose.
Sua nova tese provocou antagonismos por parte de psicanalistas mais
próximos a Freud, o que provocou seu afastamento do movimento psicanalítico
ortodoxo.
Vítima de intensa campanha de calúnias orquestradas por Jones,
Sullivan e Abraham Arden Brill, Rank foi excluído da American Psychoanalytic
Association (APsaA) e consequentemente da IPA.
Apesar deste afastamento, muitas ideias de Rank são usadas por
psicanalistas ortodoxos, independentes e mesmo por outros psicoterapeutas.
Rank continuou seu trabalho como psicanalista independente,
professando a doutrina freudiana e faleceu algumas semanas depois da morte
de Freud.
23
THEODOR REIK
24
Theodor Reik popularizou a Psicanálise nos Estados Unidos evitando
linguagem puramente técnica, escrevendo com uma linguagem mais acessível
às pessoas em geral sem diminuir o alto nível de suas obras e reflexões.
Apesar de não ser aceito nos meios ortodoxos americanos, Reik
trabalhou naquele país como psicanalista independente e sua obra contribuiu
muito para criar nos Estados Unidos um ambiente muito favorável ao
desenvolvimento da Psicanálise.
Faleceu em 1969 acometido por uma crise cardíaca.
25
Internacional de Psicanálise) os autores independentes e outros que se
afastaram da psicanálise.
KKARL ABRAHAM.
HANNS SACHS.
26
Nascido em Viena (1870 a 1947).
Em 1904 formou-se em direito. Em 1909 começou a participar da
Sociedade Psicológica das Quartas-feiras, também participou do Comitê
Secreto. Co-editor da Imago junto com Otto Rank. Psicanalista didata do Instituto
Psicanalítico de Berlim. Foi trabalhar em Boston como psicanalista didata e
professor em universidades e hospitais, foi um dos poucos profissionais não
médicos a realizar um trabalho de instrutor na escola médica de Harvard. Com
Otto Rank, escreveu: A Significação da Psicanálise para as Ciências Mentais.
Em 1942 é publicado seu livro: O Inconsciente Criativo.
ALFRED ADLER.
27
Adler em 1910 começou a estudar os sentimentos de inferioridade. Fundou
a Sociedade para a Psicanálise, que surgiu com uma abordagem diferente de
Sigmund Freud, por isto, foi considerado um desertor, dissidente.
Em 1912, a sociedade adleriana adotou o nome de Associação para a
Psicologia Individual, ele deixou de utilizar o divã, diminuiu a quantidade de
sessões semanais, realizava uma conversa livre. Para Adler, o papel do
terapeuta seria o de demonstrar ao indivíduo as suas atitudes de engano a si
mesmo. Em 1926 seu trabalho adquiriu dimensão internacional.
MAX EITINGON.
VIKTOR TAUSK.
28
Nascido em Zsilina - Eslováquia. (1879 a 1919).
Fez direito e tornou-se advogado. Tausk se voltou para a psicanálise
esperando que a nova ciência o ajudasse a superar os fracassos de sua vida
amorosa e intelectual. Era obcecado pelo ódio ao pai, foi analisado por Freud,
enfrentou muitos problemas, inclusive financeiros, acabou se suicidando. Tausk
escreveu o texto: Da gênese do aparelho de influenciar no curso da
esquizofrenia. Estudou o delírio persecutório.
Paul Federn
29
Ele participou com regularidade da antiga Sociedade Psicológica das
Quartas-Feiras. Este grupo conversava sobre assuntos que eram vistos até
como escárnio pelos médicos acadêmicos da época, tais como sexualidade
infantil, a interpretação dos sonhos, o inconsciente e o papel da sexualidade na
gênese das neuroses.
Seguindo os pensamentos avançados de Freud, Paul Federn, observou
a mente e os pensamentos humanos além de uma visão puramente física do
cérebro. Através de um exame minuncioso da atividade mental no processo
analítico, ele chegou à conclusão de que os estímulos provenientes de uma
região cerebral não eram transmitidos apenas através das fibras condutoras
para outras regiões. Ocorreria também uma transmissão por ondas, e esta
transmissão também poderia ocorrer de cérebro para cérebro, fenômeno que
atualmente é classificado como PES (Percepção Extrassensorial).
Federn desenvolveu importante trabalho para o tratamento dos
psicóticos, enquanto Freud não aceitava muito bem a ideia de se tratar
analiticamente estes pacientes, ele não apenas tratava como também
desenvolveu conceitos próprios a este respeito. Para ele os pacientes psicóticos
possuiriam um ego fraco e pro este motivo poderiam ser auxiliados pela
Psicanálise, que trabalharia no sentido de fortalecer o ego.
Ele também desenvolveu textos sobre a psicologia do ego, teoria e
orientação psicanalítica que se tornou muito importante nos Estados Unidos.
Aos 79 anos de idade ele suicida-se com um tiro na cabeça, pois tinha
câncer na bexiga e sabia que uma segunda cirurgia não teria êxito. Podemos
considerar atualmente que foi uma espécie de eutanásia, para um homem que
estava muito cansado e não queria passar pelo sofrimento de uma segunda
cirurgia em vão.
30
OSKAR PFISTER
31
HERMAN RORSCHACH
A psicanálise na Inglaterra
32
O grande divulgador e introdutor da Psicanálise na Inglaterra foi Ernest
Jones, mas antes dele outros autores citaram Sigmund Freud na literatura
britânica.
Foi Ernest Jones quem introduziu a Psicanálise também no Canadá.
Em 1926 aportou na Inglaterra a psicanalista que viria trazer a
fundamentação teórica para a Psicanálise britânica: Melanie Klein. A partir dela
formou-se uma nova corrente de pensamento psicanalítico, intitulada Kleiniana,
à qual pertencia a maior parte dos psicanalistas britânicos.
Melanie Klein trouxe várias inovações ao campo psicanalítico e ao
mesmo tempo uma divisão entre os psicanalistas ingleses, sendo que alguns
acolheram com entusiasmo as suas teorias ("Grupo A" - Kleiniano) e outros não
aceitaram estas inovações ("Grupo B" - Freudiano).
Havia ainda um grupo de psicanalistas que procurava conciliar as teorias
de Melanie Klein com as teorias freudianas (Independentes _ grupo
intermediário).
Posteriormente, um outro expoente importante da Psicanálise inglesa
viria a trazer novas contribuições teóricas principalmente para a Psicanálise
realizada com grupos e o nome dele era Wilfred Bion, que se formou dentro da
corrente kleiniana.
Com o surgimento do nazismo as grandes sociedades psicanalíticas do
continente europeu praticamente desapareceram. Em alguns países, o nazismo
as destruiu (pelo fato de Freud e grande parte de seus seguidores serem de
origem judaica), enquanto em outros países estas sociedades foram
marginalizadas ou reduzidas a um mínimo de atividade ou ainda obrigadas a
suspenderem suas atividades.
Sendo assim muitos psicanalistas alemães e austríacos (dentre outras
nacionalidades) aportaram em Londres e foram trabalhar naquela cidade com os
seus conceitos psicanalíticos.
Estes conceitos entraram em choque com os conceitos kleinianos e
liderados por Anna Freud, os psicanalistas da Europa continental se opuseram
às inovações kleinianas.
Mas depois das grandes controvérsias de 1942 se reconheceram três
tendências que foram os grupos dos: kleinianos, annafreudianos e
33
independentes. O grupo kleiniano influenciou muito os movimentos ortodoxos da
América Latina, notadamente no Brasil e Argentina.
Mesmo com estas inovações teóricas, os representantes da psicanálise
ortodoxa britânica (BPS) não evitaram a esclerose de sua instituição. A partir do
estabelecimento destes três grupos, as inovações e atualizações científicas
eram mal vistas e muitos psicanalistas inovadores foram obrigados a sair desta
instituição, trabalhando de forma independente ou formando correntes
psicanalíticas independentes.
Vejamos a seguir a vida e a obra de alguns dos expoentes mais
importantes da Psicanálise britânica:
ERNEST JONES
34
Como implantador da Psicanálise na Inglaterra, ele funda em 1919 a
Sociedade Britânica de Psicanálise (BPS) e no ano seguinte o International
Journal of Psycho-Analysis (IJP).
Em 1926 ele ajuda Melanie Klein a se instalar definitivamente em
Londres e aceita suas inovações, incomodando Freud e principalmente Anna
Freud.
Em 1949, ele começou a redação da importante biografia de Freud,
intitulada Vida e Obra de Sigmund Freud e esta obra foi completada em sete
anos, apresentando três volumes muito detalhados. Jones teve um papel
importantíssimo na Psicanálise, ao formar o comitê para a proteção do trabalho
e da própria integridade e saúde de Freud.
Foi ele quem organizou a remoção de Freud de Viena, na época em que
os nazistas estavam perseguindo o pai da psicanálise. Foi ele também que
abrigou e acolheu Freud em seu exílio na Inglaterra. Jones faleceu em 11 de
fevereiro de 1958, e suas cinzas repousam no crematório de Golders Green,
próximas às cinzas de Freud.
MICHAEL BALINT
35
Na Inglaterra ele casou-se com Enid Albu-Eichholtz, foi analisada por
Winnicott. Sua esposa lhe apresentou uma prática denominada case work, que
consistia na troca de informações sobre casos clínicos, reunindo médicos e
psicanalistas.
Este trabalho foi aprimorado, gerando a prática denominada grupos
Balint que permitiram estender a técnica psicanalítica a uma melhor
compreensão das relações entre os médicos e os doentes nos serviços de
pediatria e de medicina geral, humanizando-as.
Balint inovou na Psicanálise com o conceito de falha básica que
corresponde a uma "zona" pré-edipiana caracterizada pela ausência, em certas
pessoas de uma terceira parte estruturante e com isso de toda realidade objetal
externa.
A existência desta falha, segundo ele não permite a instauração de uma
contratransferência, obrigando o analista a proceder a um novo arranjo do
quadro técnico que permita aceitar a regressão do paciente.
36
Psicanálise da criança: Melanie Klein, Anna Freud e Winnicot.
Então pude entender que para Freud a fase oral, anal, fálica são as
fases que formam a personalidade da criança. Já o período de latência ocorre
pouco desenvolvimento sexual e no período genital ocorre o interesse pela vida
sexual.
37
Melanie Klein
38
Em 1932 Melanie publicou seu livro: Psicanálise da criança, no qual
revela os processos mentais da infância, com destaque na inveja e sua natureza
agressiva.
O desenvolvimento da criança.
Melanie diz que mãe e bebê estão ligados por sentimentos conscientes
e inconscientes.
Fernanda Plácido Reinaldo diz: O recém nascido
começa a receber as influências do meio, vai aos
poucos se construindo como ser na sua existência,
adquirindo conhecimentos, aprendendo através do
uso dos seus sentidos. (2009, p.258)
39
Melanie interpretava as brincadeiras das crianças e os interpretava, de
modo a entender o que se passava com elas, mas também poderia utilizar
desenhos ou relatos de sonhos para fazer suas interpretações .
Jane da Costa diz que: Segundo a
Psicanálise, o sonho surge como um recurso
do psiquismo para lidar com conteúdos
reprimidos e complexos da vida afetiva,
assim como para lidar com conflitos difíceis
de solucionar na vida de vigília. (2009,
p.297)
ANNA FREUD
Ana Nasceu em Viena em 1895 foi à caçula dos seis filhos de Freud e
Martha. Anna após ser impedida pela família de estudar medicina iniciou sua
vida profissional como professora primária.
Anna Freud e Melanie iniciaram na psicanálise fazendo seus estudos
com crianças, mas as duas não tinham as mesmas ideias.
Seu primeiro estudo Foi: "Fantasias e devaneios diurnos de uma criança
espancada" apresentado em 1922.
Em 1927 publicou seu primeiro livro "O tratamento psicanalítico das
crianças".
No ano de 1925, Anna criou o seminário de crianças, onde formava
terapeutas especializados em aplicar a psicanálise na educação de crianças.
Criou uma escola para filhos de analisando, com a ajuda de Erik Erikson, Peter
Blos e Eva Rosenfeld. Anna Freud queria dar continuidade aos trabalhos de seu
pai Sigmund Freud.
Anna tornou se uma das mais importantes guardiãs ortodoxia freudiana,
defendendo as concepções de seu pai, quando Otto Rank se afastou do
movimento psicanalítico. Antes de desempenhar seu papel na Inglaterra Anna
criou um pensionato para crianças pobres em Viena.
Em 1938 com o nazismo na Áustria Anna fugiu com sua família para
Londres.
40
Quando voltou para a Inglaterra alguma coisa já tinha mudado, os
psicanalistas tinham um referencial kleiniano, trabalhando com seus pacientes
de forma diferente dos psicanalistas Vienenses.
Em 1936, Anna Freud escreveu seu trabalho mais apreciado: O ego e os
mecanismos de defesa. Nessa obra sua visão psicanalítica começa a caminhar
para a adolescência.
Anna Freud criou o curso de formação de analistas de crianças. E em
1952 uma clínica de terapia e pesquisa psicanalítica Hampstead Childe Terapy
clinic para aprender suas teorias. A criança apresenta resistências ao tratamento
devido: Não sentir-se obrigada a fazer análise; elas pensam mais em si do que
nos ganhos com análise; elas preferem estar atuando; sente-se mais rígida do
que um adulto em análise.
Anna utilizava-se dos seguintes materiais para o atendimento de
crianças.
Interpretações de sonhos, fantasias, desenhos, brincadeiras e também
informações dos pais sobre a criança.
Todos esses recursos ela utilizou em sua clinica, no qual dirigiu vários
projetos, desde 1951 ligados a crianças e adolescentes, pesquisou os problemas
do desenvolvimento infantil.
A interrupção das patologias segundo Anna se processa dentro de três
linhas de desenvolvimento.
Amadurecimento;
Adaptação;
Organização.
E para finalizar terminou pesquisando sobre os resultados da guerra na
mente das crianças e seus comportamentos institucionalizados, assim publicou o
livro em parceria com Dorothy Burlingham.
Winnicott
41
No ano de 1923, foi nomeado para trabalhar em um hospital
especializado em crianças, como médico assistente, permaneceu trabalhando
durante quarenta anos, como pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista.
Foi analisado por dez anos pelo senhor James Strachey, Winnicott ao
observar a guerra instalada na Sociedade, manteve uma postura independente.
Manteve sua postura, pois seu analista estava o encaminhando para análise
didática com Melanie Klein no ano de 1935 a 1941.
Melanie e Winnicott possuíam visões diferentes sobre as ênfases aos
aspectos ambientais.
Winnicott coloca a importância da mãe como um suporte para a criança
que é indefesa, a mãe possui condições adequadas de amor, carinho, afeto para
que a criança desenvolva seu ego de maneira agradável.
Ele trouxe muitas contribuições para a psicanálise, dentre elas entendia
que o desenvolvimento da psique da criança se da com relações parentais,
fazendo uma comparação de mãe boa e mãe ruim.
Em 1939 e 1962 foi um dos conferencistas mais solicitados pela
população da Inglaterra.
Winnicott sempre pertenceu a Associação Internacional de psicanálise,
mas não foi um ortodoxo, ao contrario desenvolvia muito pouco as práticas
ortodoxas.
Em 1948 teve problemas cardíacos e infelizmente em 1971, faleceu
subitamente.
42
Participou do movimento de Psicologia do ego nos Estados Unidos, em
seu livro: Infância e sociedade afirmavam que o ego poderia ser receptivo a
todas as mudanças sociais.
Ele elaborou a teoria psicossocial do desenvolvimento. Erikson acredita
numa sequência ordenada de fases no desenvolvimento do ego, que abrange
todo o ciclo da vida. Para ele cada estágio se caracteriza por uma tarefa
especifica do desenvolvimento que precisa ser realizada para atingir o estágio
seguinte.
7)Meia-Idade-Geratividade X Estagnação
Em 1950 escreveu seu livro Infância e sociedade, no qual formulou a sua teoria
epigenética. A partir disso especificou seus estudos para o estágio da adolescência.
Erikson diz que a adolescência é uma crise normativa, ou seja, uma fase normal
do desenvolvimento com um conflito de maiores proporções, e este conflito contribui para o
processo de formação da identidade. Para ele seria necessária uma pedagogia da
adolescência, para superar os conflitos das gerações.
Pelo visto, Erikson era muito preocupado com a adolescência, visto que é uma
fase de mudanças para todos os adolescentes, fases de preocupação, fuga, perdas,
ganhos, enfim uma fase delicada na vida de todos.
43
BIBLIOGRAFIA
FEIST, Jess; FEIST, Gregory. Teorias da Personalidade. Tradução: Ivan Pedro
Ferreira Santos, Cecília Mattos, Wilson Grestani. São Paulo: Mc Graw Hill, 2008.
44
A PSICANÁLISE NA FRANÇA: LACAN, DOLTO E MARIE
BONAPARTE
Flávio Rodrigues
Miguelina Souza Nunes
Rejane Caetano Soares
45
Assim, sua procura pela antropologia de Lévi-Strauss, a filosofia
dialética de Hegel culmina na observação empírica na Linguística de Saussure,
abrindo para o paradigma linguístico do inconsciente.
Sua teoria está pautada no estruturalismo, assim sofre influencias
desta corrente teórica que é encabeçada por Saussure e Lévi-Strauss.
Objetivamente diz que a fala é individual e idiossincrática do individuo, porém a
ferramenta principal é o significante que é significado pela língua em cultura,
sendo um fenômeno social-histórico.
Portanto a reinterpretação do inconsciente como sendo uma
linguagem permite ao analista Lacaniano a leitura de determinado discurso
individual em determinada unidade.
A estruturação desta "cadeia de significantes" (KEPPE, p.307) é
descrita por estágios pré-definidos por Lacan como sendo o Real, o Imaginário e
o Simbólico, que seriam respectivos as fases do desenvolvimento infantil
descrita por Freud, que seriam: Fase Oral, Fase anal e Fase fálica, em que
ocorreriam os estágios de desenvolvimento do sujeito que seriam a
"necessidade, a demanda e o desejo" (KEPPE, p.308). A constituição do sujeito
se dá através da busca pelo falo imaginário, em que o individuo pode em fim se
desenvolver como sujeito integral, que supera a fase do espelho, onde o ‘outro'
deixa de ser uma imagem e passa ser o ‘eu', que é sujeito individual havendo
por fim o reconhecimento de si.
A alteridade seria a percepção de sujeito individual que tem
identificação com sua própria imagem, que é aquilo que o outro não pode ser
nunca e que jamais haverá a possibilidade de ser. Neste momento a busca pelo
falo se inicia, chamado por Lacan como "A Metáfora de Nome [...] o pai tem a
função do Nome, ou a Lei-do-Pai ou ainda apenas Lei" (KEPPE, 2006 p.312).
Neste pensamento existe a falo do falo onde a mãe preenche com o
pai, nesta dialética a criança tende a querer se tornar o falo, já que o desejo da
mãe tem outro objeto de desejo que não é a criança e sim o pai. Por outro lado,
o pai ao investir afetivamente nesta dialética, arranca o seio da mãe o bebê e
entra nesta díade, neste momento a ‘Lei', torna-se, simbolicamente uma
realidade sentida pelo bebê. Simbolicamente, entre a mãe e o filho existe uma
simbiose, que somente por um agente externo, que é o pai pode ser rompida.
"No momento do declínio do complexo de Édipo, a criança deixa de acreditar
46
que o seu pai seja o falo, para perceber que o seu pai apenas transmite o falo"
(KEPPE, 2006 p.312).
Temos assim, a formação narcísica que depende da superação do
Complexo Édipo, está luta entre o Outro psíquico (que é o pai) e o ‘eu' tem como
final a morte do pai (o Outro psíquico), e o casamento com a mãe que é o ser
desejaram substituindo o desejo pelo seio. Ao perceber a herança do pai, o filho
se torna pai e recebe o falo que transmitira ao seu filho, que conforme Kepper "o
homem passa a seu filho o nome (e as normas) que recebeu de seu pai e o ideal
do ego assim formado entrará em luta e interação com o ego ideal do estágio do
espelho. O conflito edípico se desenrola nesta situação, em três estágios." (2006
p.314).
FRANÇOISE DOLTO
47
psicanálise. Nesta entidade, ela trabalhava como psicanalista didata, formando
muitos analistas. A nova sociedade de psicanálise francesa recém-criada
também solicitou sua filiação na Associação Internacional de Psicanálise (IPA).
Dolto e Lacan decidiram fundar uma instituição que não estivesse
mais vinculada à IPA e que funcionasse de forma independente. Em 1964,
fundam a Escola Freudiana de Paris (EFP), onde Dolto prosseguiu seu trabalho
com o Seminário de psicanálise de Crianças.
Em 1977 Dolto inicia uma interpretação psicanalítica dos
Evangelhos. Em 1979 ela criou em Paris à primeira ‘Casa Verde', para lidar com
crianças até três anos de idade, com o propósito de evitar os traumas da entrada
na pré-escola e manter a segurança que a criança adquiriu no nascimento. Este
empreendimento foi bem-sucedido e muitas instituições semelhantes foram
abertas em outros países, tais como Canadá, Rússia e Bélgica. Ela faleceu em
1988, devido a uma fibrose pulmonar.
Marie Bonaparte
48
Tal fato contrapõe-se as teorias, de mesmo cunho, elaboradas por
Melanie Klein e Karen Horney. No entanto, a análise de vida e obra de Edgar
Allan Poe, foi seu texto mais importante.
Marie Bonaparte, em 1926, foi membro fundador da Sociedade
Psicanalítica de Paris e, presidenta honorária, poucos anos antes de morrer,
dentre os 12 membros fundadores dessa Sociedade, cita-se: René Laforgue,
Rudolph Loewenstein, Edouard Pichon, Adrien Borel, Ray mond de Saussure e
René Allendy. Principal organizadora do movimento psicanalítico francês,
também traduziu as obras de Freud para seu idioma. Ela retirou Freud e seus
familiares da perseguição nazista e, assim, ele pôde viver num exílio em
Londres.
Marie também lutou pela continuidade da análise leiga (não-médica)
então proposta pelo próprio Sigmund Freud. Ela salvou os manuscritos de
Freud, na perseguição nazista, como já havia feito anteriormente com outros
textos dele, mas o mais importante foi à correspondência entre Freud e Fliess.
Quando Freud soube disso, queria reavê-los e até comprá-los de Marie, pois não
os queria publicados e, ela não os vendeu, teve firmeza e recusou, guardando-
os muito bem num cofre e, muito depois as cartas foram levadas a Londres. A
cerca de mais ou menos doze anos depois da morte de Freud, ela, em
colaboração de Anna Freud e Ernest Krebs, publicou trechos importantes dessas
cartas.
Então, Marie Bonaparte passou a ser uma principal representante da
ortodoxia francesa e uma antagonista de Jacques Lacan.
49
A HISTÓRIA DA PSICANALISE NO BRASIL, NA ARGENTINA E LEITURA DE
FREUD
ESTÁGIO EM VIENA
50
No Rio de Janeiro houve dois psicanalistas didatas:
Mark Burke, de formação Kleineana (indicado por Ernesto Jones)
Werner Kemper, de origem alemã. Neste período houve entre estes dois
psicanalistas algumas divergências teóricas e administrativas, divindindo-se
então em dois grupos psicanalíticos no Rio de Janeiro, reconhecidos pela
Associação Psicanalítica Internacional. O grupo Werner kemper foi reconhecido
em 1958 pela API, denominado Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro. E o
grupo liderado por Marck Burke foi reconhecido em 1959, denominando-se
Sociedade Brasileira de Psicanálise.
No Rio Grande do Sul, foi fundado o Centro de estudos Psicanalíticos de
POA, com Cirus Martins e Celestino Prunes, dentre outros psicanalistas. Em
1963, a Sociedade Psicanalista de POA foi também reconhecida pela API.
Em PE, três grupos mereceram destaque nesta região.
1° - O núcleo de psicanalise de orientação ortodoxa. O circuito psicanalítico de
Recife, foi considerado um grupo expressivo da psicanalise na região
pernambucana. Onde manteve grande ligação com o circuito psicanalítico de
Belo Horizonte, este grupo se caracteriza pelo formalismo e regras das
sociedades de psicanalise. Outro grupo importante é o Centro de Estudos
Freudianos, com abordagem lacaniana.
A PSICANÁLISE NA ARGENTINA
51
argentina muito aberta, aceitando todas as orientações bem fundamentadas da
psicanálise.
Após alguma s reivindicações por alguns estudantes na Argentina contra
o autoritarismo, as organizações psicanalíticas também foram questionadas, e
estas reivindicações fundavam-se que a psicanálise deveria voltar-se também
para as questões sociais, e com esta cisão e os questionamentos dentro da
APA, surgio uma nova Associação Psicanalitica denominada Associação
Psicanalitica de Buenos Aires(APdeBA), que fora filiada a IPA em 1977.
Em meio a tantas mudanças nas áreas políticas na Argentina, o
ambiente psicanalítico turbou-se o bastante, pois o governo ditador achava que
o freudismo e marxismo era o responsável pela degeneração da humanidade,
porque colocavam em risco o capitalismo do mercado.
E como a perseguição política foi intensa, muitos psicanalistas foram
perseguidos e torturados, muitos ate morriam, e eram tidos como desaparecidos,
dentre estas circunstâncias, muitos deles optaram pelo exílio. Em meio a
situação política o lacanismo se instalou na argentina a partir de 1964, e em
1974 dezenove psicanalista fundaram a Escola Freudiana de Buenos
Aires(EFBA), que seguia o modelo da Escola Freudiana de Paris.
Em 1.951, o Professor Dr. Enzo Azzi (Doutor em Medicina e Cirurgia e
em Psicologia Experimental e Educacional), veio atuar na recém-formada
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
PSICANÁLISE INTEGRAL
53
ou estatal, juros extorsivos, exploração do trabalho, uso irracional dos recursos
naturais, consumismo desenfreado).
DIVULGAÇÃO INTERNACIONAL
A PSICANÁLISE NA ARGENTINA
54
formação didática convencional; em 1942, esse grupo fundou a Associação
Psicanalítica Argentina (APA), reconhecida no ano seguinte pela IPA.
55
Em Chaves-Resumo das Obras Completas (Ed Atheneu, 1998), pode
ser encontrada visão abrangente e resumida das obras completas de Sigmund
Freud, de onde se pode escolher leituras mais interessantes ou que mereçam
aprofundamento. Sucintamente, pode-se ler um resumo:
56
experiência traumática, eles podem revelar, através de associações, as
experiências de que são procedentes. O paciente possui em sua memória a
lembrança do fato traumático e esta lembrança está pronta para emergir, quando
se faz associações com o material não esquecido. Freud percebeu, porém, que
alguma força impedia que estas lembranças se tornassem conscientes, força
que retinha estas mesmas lembranças no inconsciente. Identificou, nestas
forças, duas portas, que fecham estes conteúdos psíquicos no inconsciente,
portas que representam recalque e resistência. O trabalho do psicanalista,
então, consiste em abrir de forma apropriada estas duas portas, retirando os
conteúdos do inconsciente e fazendo com que o paciente substitua um conteúdo
inadequado pela consciência e pela vazão saudável desta energia retida.
Ele entendia que nesta busca dos conteúdos psíquicos duas forças
antagônicas se colocam em operação, uma delas o esforço consciente do
paciente para trazer à tona o material inconsciente, e a outra força é a
resistência, tentando impedir que o material recalcado e os seus derivados surja
à luz.
57
Quarta Conferência - Sexualidade infantil e neurose: Freud, aqui, trabalhou sua
teoria da sexualidade, demonstrando que os sintomas neuróticos são
provenientes de perturbações na vida erótica do indivíduo, perturbações estas
que ocorrem na infância, mesmo que a criança não apresente sexualidade
madura. Nesta fase, a criança obtém prazer em regiões específicas do corpo, as
chamadas zonas erógenas. As inibições que são impostas ao desenvolvimento
natural da sexualidade provocam as perversões e o infantilismo na vida sexual,
sendo as perversões provocadas por uma pulsão que permanece independente
e substitui o objetivo normal pelo seu próprio objeto sexual. O desenvolvimento
sexual prejudicado também provoca uma predisposição para a neurose.
Gradiva de Jensen
Foi esta a primeira análise de uma obra literária publicada por Freud,
sendo que ele já havia publicado comentários sobre Édipo Rei e Hamlet, em seu
58
livro A Interpretação de Sonhos. Freud teve a atenção voltada para a obra
Gradiva, de Wilhelm Jensen (1.837-1.911). O texto freudiano foi escrito em 1906
e publicado em 1907.
Totem e Tabu
59
O desenvolvimento da civilização teria acontecido através do
desenvolvimento do sentimento de culpa, combinado com os instintos, para
resultar no processo de angústia. Na mesma obra, Freud discorre sobre o
Complexo de Édipo, que teria surgido desde os primórdios da civilização, uma
vez que estaria na origem de todo o processo civilizatório o desejo do filho que
pretendia matar o pai para ficar com o poder e satisfazer os seus desejos pela
mãe.
O Mal-Estar na Civilização
Moisés e o Monoteísmo
60
Sua hipótese era de que Moisés teria sido egípcio e que da cultura
egípcia teria transmitido ao povo hebreu a religião monoteísta, despertando
pronunciado antagonismo tanto dos religiosos judeus, como dos cristãos, sendo
essa tese até hoje polêmica e pouco aceita nos meios culturais e entre os
próprios psicanalistas.
61