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DISCIPLINA: PSICOLOGIA.
ACADÊMICOS:
OZIEL HENRIQUE DUARTE.
KENIO MAFIOLETTI.
DIEGO GOULART.
Porém, com a complexidade de necessidades humanas e dos princípios psicológicos em questões que
se pretendem resolver através de um determinado procedimento judicial, ampliou-se a busca da
compreensão dos comportamentos humanos que são levados ao Judiciário, primeiramente no campo
criminal (saber como e porquê o indivíduo comete crimes, mais tarde as questões familiares).
A Psicologia Jurídica é uma área que vem expandindo suas áreas de conhecimento e atuação, com
novas pesquisas e descobertas, e sobretudo com produções acadêmicas e científicas. Faz interface com
o Direito e necessita demarcar seu espaço de atuação; para tanto, vale-se de outros conhecimentos já
construídos da Psicologia para aliar seu trabalho ao do Judiciário, buscando uma atuação
psicojurídica a serviço da cidadania, respeitando o ser humano. Desta forma, embora haja muito ainda
a caminhar e construir enquanto identidade profissional, a Psicologia Jurídica atua ao lado do Direito
em diversas formas: no planejamento e execução de políticas de cidadania, observância dos direitos
humanos e combate à violência, orientação familiar, entre outras.
A evolução conjunta do Direito com a Psicologia gera, então, a Psicologia Jurídica, considerada
apropriada para abarcar as questões aí envolvidas, desenvolvida pelos psicólogos nomeados peritos e
os assistentes técnicos para dirimir controvérsias, no campo da psique, trazidas ao Judiciário, no que
se refere aos conflitos emocionais e comportamentais, através de laudos e pareceres que servem de
instrumentos indispensáveis para que o juiz possa aplicar a justiça.
É importante considerar também que a Psicologia Jurídica vem estruturando seu conhecimento
mediante o enlace com outras disciplinas com objetivos compartilhados: Psicologia, Direito,
Criminologia, Vitimologia, Antropologia, Sociologia, Medicina, Economia, Política e o amplo marco
das Neurociências podem contribuir para essa interface na busca desse importante objetivo que é a
compreensão do comportamento humano dentro das realidades sociais de cada contexto.
Mas os planos do ser e do dever ser não são elementos independentes: eles se justapõem e se
entrelaçam de maneira inextrincável em que um não pode ser compreendido sem o outro. Não é
possível entender o mundo da lei sem os modelos psicológicos que, direta ou indiretamente, o
inspiraram; em contrapartida, é impossível compreender o comportamento humano em qualquer de
seus níveis (individual ou grupal) sem compreender como a lei, enquanto direito positivo
(normatizado), constitui o self, a identidade social e mesmo a própria constituição e organização do
grupo social em que o indivíduo está inserido (família, instituição educacional, partido
administração territorial etc. Inclusive, nesse sentido,complementa que, por exemplo, quando a
Psicologia estrutura programas de prevenção e assessoria em políticas governamentais de orientação
dos comportamentos das famílias nos conflitos litigiosos, ou na repressão aos comportamentos
antissociais, estará atuando no âmbito do dever ser, porque então estará assumindo um compromisso
com a sociedade, de evitar o agravamento e a reincidência dessas situações que abalam e
desestruturam os princípios e valores sociais, mediante intervenções, consultorias, fomento aos
questionamentos e apresentação de propostas de alteração das normas jurídicas.
A Psicologia Jurídica como “a atividade do psicólogo relativa à descrição dos processos mentais e
comportamentais do sujeito, de acordo com as técnicas psicológicas reconhecidas, respondendo
estritamente à demanda judicial, porém sem emitir juízo de valor”. Isso porque, apesar de serem
frequentes os casos em que o psicólogo seja chamado a apontar comportamentos que “fogem” à
norma, o profissional jamais deve assumir essa função de valorar, julgar, rotular. Conforme se verá
adiante, essa postura atende exclusivamente à demanda da Justiça, mas é preciso que se esclareça ao
Judiciário (e, por vezes, ao próprio psicólogo, seduzido pela tentadora cilada de pretender usurpar
funções judicantes sem sequer exercer suas tarefas psicológicas adequadamente!) que a emissão de
juízo de valor, por exemplo em questões de litígio dos pais pela guarda de filhos menores, é antiético,
por vir carregado de preconceitos do que seja “um bom pai” ou “uma boa mãe”. O psicólogo deve
limitar-se a tão somente descrever e analisar os aspectos psicológicos envolvidos na questão, deixando
que os operadores do Direito decidam, não podendo perder de vista os compromissos éticos com a
liberdade, dignidade e igualdade do ser humano. Contudo, isso não significa que o psicólogo se exima
da responsabilidade: “embora não decidindo, está implicado naquele caso que perícia e responde pelo
seu laudo, pelas implicações das técnicas, pela sua análise e escrita”.Mencionamos também que o
psicólogo está implicado nos efeitos e consequências da medida judicial como um todo.A Psicologia
Jurídica surge nesse contexto, em que o psicólogo coloca seus conhecimentos à disposição do juiz
(que irá exercer a função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações
judiciais, trazendo ao processo judicial uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que
ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do julgador por se
tratar de um trabalho que vai além da mera exposição de fatos; trata-se de uma análise aprofundada do
contexto em que essas pessoas que acorrem ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui
aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não verbais, autênticos e estereotipados,
individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas.
A Psicologia trouxe uma importante contribuição para o Direito: humanizar o Judiciário na busca da
construção do ideal de justiça que é uma das mais impossíveis demandas dos indivíduos (o que não
significa que seja totalmente irrealizável).O ideal de Justiça significa que a Justiça deve permanecer
como objetivo ético, a ser alcançado sempre pela nossa subjetividade incompleta.
Muitas pessoas buscam o Judiciário com a esperança de que o poder decisório do juiz resolva seus
problemas emocionais. O que ocorre, porém, é uma transferência da responsabilidade de decisão para
a figura do juiz, buscando nele uma solução mágica e instantânea para todos os conflitos. Mas como
tais coisas não existem, os conflitos se intensificam e as dificuldades se perpetuam, levando a um
comprometimento das relações familiares, que tornam difícil, até impossível, qualquer tipo de
intervenção.O juiz, por sua vez, é visto como uma figura paternalista cuja função é tomar para si as
decisões e impor limites. Também é visto como o julgador, o que vai decidir o que é certo ou errado
em cada questão, e determinar quem “tem razão” no litígio.
Referências: