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CURSO: DIREITO.

DISCIPLINA: PSICOLOGIA.

PROFESSORA: DAIANE BARBOZA.

ACADÊMICOS:
OZIEL HENRIQUE DUARTE.

CLAUDIA CARDOSO GOMES.

KENIO MAFIOLETTI.

DIEGO GOULART.

RESENHA: A ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA INTERFACE COM A JUSTIÇA.


Resumo: O presente trabalho pretendeu apresentar um panorama geral da formação e expansão da
Psicologia Jurídica, e particularmente daquela aplicada ao Direito. Com isso, busca-se a
fundamentação epistemológica, os princípios filosóficos do Direito, e a maneira como a Psicologia
pode realizar a interface com o Direito para compreender o comportamento humano.Nos últimos
tempos, observou-se uma profunda e importante comunicação entre a Psicologia e o Direito. Esse
fenômeno deriva de uma necessidade, cada vez crescente, de se redimensionar a compreensão do agir
humano, à luz dos aspectos legais e afetivo-comportamentais.

Porém, com a complexidade de necessidades humanas e dos princípios psicológicos em questões que
se pretendem resolver através de um determinado procedimento judicial, ampliou-se a busca da
compreensão dos comportamentos humanos que são levados ao Judiciário, primeiramente no campo
criminal (saber como e porquê o indivíduo comete crimes, mais tarde as questões familiares).

A Psicologia Jurídica é uma área que vem expandindo suas áreas de conhecimento e atuação, com
novas pesquisas e descobertas, e sobretudo com produções acadêmicas e científicas. Faz interface com
o Direito e necessita demarcar seu espaço de atuação; para tanto, vale-se de outros conhecimentos já
construídos da Psicologia para aliar seu trabalho ao do Judiciário, buscando uma ​atuação
psicojurídica ​a serviço da cidadania, respeitando o ser humano. Desta forma, embora haja muito ainda
a caminhar e construir enquanto identidade profissional, a Psicologia Jurídica atua ao lado do Direito
em diversas formas: no planejamento e execução de políticas de cidadania, observância dos direitos
humanos e combate à violência, orientação familiar, entre outras.

A evolução conjunta do Direito com a Psicologia gera, então, a ​Psicologia Jurídica​, considerada
apropriada para abarcar as questões aí envolvidas, desenvolvida pelos psicólogos nomeados peritos e
os assistentes técnicos para dirimir controvérsias, no campo da psique, trazidas ao Judiciário, no que
se refere aos conflitos emocionais e comportamentais, através de laudos e pareceres que servem de
instrumentos indispensáveis para que o juiz possa aplicar a justiça.

É importante considerar também que a Psicologia Jurídica vem estruturando seu conhecimento
mediante o enlace com outras disciplinas com objetivos compartilhados: Psicologia, Direito,
Criminologia, Vitimologia, Antropologia, Sociologia, Medicina, Economia, Política e o amplo marco
das Neurociências podem contribuir para essa interface na busca desse importante objetivo que é a
compreensão do comportamento humano dentro das realidades sociais de cada contexto.

A Psicologia e o Direito são áreas do conhecimento científico voltadas para a compreensão do


comportamento humano. Porém, diferem quanto ao seu objeto formal: a Psicologia volta-se ao mundo
do ​ser​, e tem como seu ponto de análise os processos psíquicos conscientes e inconscientes,
individuais e sociais que governam a conduta humana; o Direito, por sua vez, volta-se ao mundo do
dever ser​, e supõe a regulamentação e legislação do trabalho interdisciplinar entre médicos,
advogados, psiquiatras e psicólogos jurídicos.

Mas os planos do ser e do dever ser ​não são elementos independentes: eles se justapõem e se
entrelaçam de maneira inextrincável em que um não pode ser compreendido sem o outro. Não é
possível entender o mundo da lei sem os modelos psicológicos que, direta ou indiretamente, o
inspiraram; em contrapartida, é impossível compreender o comportamento humano em qualquer de
seus níveis (individual ou grupal) sem compreender como a lei, enquanto direito positivo
(normatizado), constitui o ​self​, a identidade social e mesmo a própria constituição e organização do
grupo social em que o indivíduo está inserido (família, instituição educacional, partido
administração territorial etc. Inclusive, nesse sentido,complementa que, por exemplo, quando a
Psicologia estrutura programas de prevenção e assessoria em políticas governamentais de orientação
dos comportamentos das famílias nos conflitos litigiosos, ou na repressão aos comportamentos
antissociais, estará atuando no âmbito do ​dever ser​, porque então estará assumindo um compromisso
com a sociedade, de evitar o agravamento e a reincidência dessas situações que abalam e
desestruturam os princípios e valores sociais, mediante intervenções, consultorias, fomento aos
questionamentos e apresentação de propostas de alteração das normas jurídicas.

A Psicologia Jurídica como “a atividade do psicólogo relativa à descrição dos processos mentais e
comportamentais do sujeito, de acordo com as técnicas psicológicas reconhecidas, respondendo
estritamente à demanda judicial, porém sem emitir juízo de valor”. Isso porque, apesar de serem
frequentes os casos em que o psicólogo seja chamado a apontar comportamentos que “fogem” à
norma, o profissional jamais deve assumir essa função de valorar, julgar, rotular. Conforme se verá
adiante, essa postura atende exclusivamente à demanda da Justiça, mas é preciso que se esclareça ao
Judiciário (e, por vezes, ao próprio psicólogo, seduzido pela tentadora cilada de pretender usurpar
funções judicantes sem sequer exercer suas tarefas psicológicas adequadamente!) que a emissão de
juízo de valor, por exemplo em questões de litígio dos pais pela guarda de filhos menores, é antiético,
por vir carregado de preconceitos do que seja “um bom pai” ou “uma boa mãe”. O psicólogo deve
limitar-se a tão somente descrever e analisar os aspectos psicológicos envolvidos na questão, deixando
que os operadores do Direito decidam, não podendo perder de vista os compromissos éticos com a
liberdade, dignidade e igualdade do ser humano. Contudo, isso não significa que o psicólogo se exima
da responsabilidade: “embora não decidindo, está implicado naquele caso que perícia e responde pelo
seu laudo, pelas implicações das técnicas, pela sua análise e escrita”.Mencionamos também que o
psicólogo está implicado nos efeitos e consequências da medida judicial como um todo.A Psicologia
Jurídica surge nesse contexto, em que o psicólogo coloca seus conhecimentos à disposição do juiz
(que irá exercer a função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações
judiciais, trazendo ao processo judicial uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que
ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do julgador por se
tratar de um trabalho que vai além da mera exposição de fatos; trata-se de uma análise aprofundada do
contexto em que essas pessoas que acorrem ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui
aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não verbais, autênticos e estereotipados,
individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas.

A Psicologia trouxe uma importante contribuição para o Direito: humanizar o Judiciário na busca da
construção do ideal de justiça que é uma das mais impossíveis demandas dos indivíduos (o que não
significa que seja totalmente irrealizável).O ideal de Justiça significa que a Justiça deve permanecer
como objetivo ético, a ser alcançado sempre pela nossa subjetividade incompleta.

Muitas pessoas buscam o Judiciário com a esperança de que o poder decisório do juiz resolva seus
problemas emocionais. O que ocorre, porém, é uma transferência da responsabilidade de decisão para
a figura do juiz, buscando nele uma solução mágica e instantânea para todos os conflitos. Mas como
tais coisas não existem, os conflitos se intensificam e as dificuldades se perpetuam, levando a um
comprometimento das relações familiares, que tornam difícil, até impossível, qualquer tipo de
intervenção.O juiz, por sua vez, é visto como uma figura paternalista cuja função é tomar para si as
decisões e impor limites. Também é visto como o julgador, o que vai decidir o que é certo ou errado
em cada questão, e determinar quem “tem razão” no litígio.
Referências:

Albornoz, A. C. G. (2001). Adoção: aspectos psicológicos. Psico, 32 (2), 195-206.

Altoé, S. E. (2001). Atualidade da psicologia jurídica. Psibrasil Revista de Pesquisadores da


Psicologia no Brasil, 2. Recuperado em agosto 2006, disponível em www.estig.
ipbeja.pt/~ac_direito/psicologiarevistasest.html

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