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CÁLCULO VETORIAL

Grupo de Estudos do Ensino de Matemática - UDESC/Ibirama


Cálculo Vetorial

Elaboração: Ma. Janaı́na Poffo Possamai

Colaboradores: Ma. Andresa Pescardor


Edson Elias Citadin
M. Jarbas Cleber Ferrari
Paolo Moser
M. Rogério Simões

Instituição: UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina


CEAVI - Centro de Educação Superior do Alto Vale do Itajaı́

O Grupo de Estudos do Ensino de Matemática tem como objetivo produzir


material didático para servir de instrumento de apoio ao processo de
ensino-aprendizagem buscando qualificar e uniformizar a práticas das
disciplinas da grande área Matemática na UDESC/Ibirama, através de
um embasamento teórico claro, aprofundando os temas mais relevantes e
organizando os conteúdos em tópicos.

Em especial, fica o agradecimento ao monitor de Cálculo, Felipe


Bagattoli, que participou da elaboração desta apostila.

Ainda, destacamos que os resumos e exercı́cios foram extraı́dos de:


GONÇALVES, M. B.; FLEMMING, D. M. Cálculo B. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007.

Ibirama, 14 de dezembro de 2015.


Sumário

1 Funções vetoriais 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Curvas parametrizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.1 Parametrização de uma reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Parametrização de uma circunferência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.3 Parametrização de uma elipse. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.4 Parametrização de uma hélice circular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.5 Parametrização de uma ciclóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.6 Parametrização de uma hipociclóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.7 Parametrização de outras curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.1 Interpretação fı́sica da derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Comprimento de arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Derivada Direcional e Campos Gradientes 13


2.1 Campos escalares e vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.1.1 Representação gráfica de campos vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 Derivada direcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Gradiente de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.2 Campo gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.3 Interpretação geométrica do gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.4 Cálculo da derivada direcional usando o gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.5 O gradiente como direção de máxima variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.6 Exemplos de Aplicações do Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Divergência de um campo vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.2 Interpretação fı́sica da divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5 Rotacional de um campo vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5.2 Interpretação fı́sica do rotacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6 Campos Conservativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 Integrais curvilı́neas 25
3.1 Revisão de integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Integrais de Linha de Campos Escalares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1 Cálculo da Integral de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Integrais de Linha de Campos Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.4 Integrais Curvilı́neas Independentes do Caminho de Integração . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 Teorema de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4 Integrais de Superfı́cie 34
4.1 Representação de uma Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.2 Equações Paramétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2.1 Parametrização da Esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2.2 Parametrização de um cilindro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2.3 Parametrização de um cone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2.4 Parametrização de um parabolóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.2.5 Superfı́cies Suaves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.3 Integral de Superfı́cie de um Campo Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.4 Integral de Superfı́cie de um Campo Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.5 Teorema de Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.6 Teorema da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Referências 45
Capı́tulo 1

Funções vetoriais

1.1 Introdução

Definição FUNÇÃO VETORIAL Chamamos de função vetorial de uma variável real t, definida
em um intervalo I, a função que a cada t ∈ I associa um vetor f~ do espaço. Denotamos:

f~ = f~(t)

O vetor f~(t) pode ser escrito como

f~(t) = f1 (t)~i + f2 (t)~j + f3 (t)~k

Observamos que, dado um ponto P (x, y, z) do espaço, o vetor

~r = x~i + y~j + z~z

é chamado de vetor posição do ponto P .

Definição CURVA Dada uma função vetorial contı́nua f ~(t) = f1 (t)~i + f2 (t)~j + f3 (t)~k, t ∈ I,
chamamos curva o lugar geométrico dos pontos P do espaço que têm vetor posição f ~(t).

Se f ~(t) é o vetor posição de uma partı́cula em movimento, a curva C coincide com a trajetória da
partı́cula.

1
2 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

Exemplo 1.1 Descrever a trajetória L de um ponto móvel P, cujo deslocamento é expresso por

f~(t) = t~i + t~j + 3~k

1.2 Curvas parametrizadas


É intuitivo pensar que uma curva no plano ou espaço pode ser considerada como a trajetória de
uma partı́cula móvel que se desloca no plano ou no espaço durante um intervalo de tempo. Uma forma
de estudar tais trajetórias consiste em determinar as coordenadas de um ponto da curva em função
de um só parâmetro, como por exemplo, o tempo t. Podemos descrever tais curvas através de funções
de R em Rn . Esta descrição é chamada forma paramétrica da curva.
Sejam

x = x(t)

y = y(t)

z = z(t)

funções contı́nuas de uma variável t, definidas para t ∈ [a, b].

Essas equações são chamadas equações paramétricas de uma curva e t é chamado parâmetro.

Dadas as equações paramétricas de uma curva, podemos obter uma equação vetorial para ela. Basta
~ de cada ponto da curva. As componentes de r(t)
considerar o vetor posição r(t) ~ são precisamente as
coordenadas do ponto.
Escrevemos:

~r(t) = x(t)~i + y(t)~j + z(t)~z


1.2. Curvas parametrizadas 3

Observemos que, se as funções x = x(t), y = y(t) e z = z(t) são funções constantes, a curva
degenera-se em um ponto.

1.2.1 Parametrização de uma reta

• Reta no R2

Dada a equação cartesiana da reta no plano xy na forma reduzida y = ax + b, onde a e b são


constantes, podemos obter as equações paramétricas da reta fazendo:

x=t

y = at + b

Exemplo 1.2 Obter a representação paramétrica da reta do R2 dada por y + 3x − 4 = 0.

Exemplo 1.3 Parametrizar a reta do R2 que passa pelos pontos A(2, 3) e B(−1, 0).

• Reta no R3

A equação vetorial de uma reta qualquer, no espaço, pode ser dada por

~ = t~v
AP

P = A + t~v

sendo que a reta passa pelo ponto A, tem direção do vetor ~v e t um parâmetro real.
4 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

Considerando as coordenadas de A(x1 , y1 , z1 ) e as componentes do vetor ~v = (a, b, c), as equações


paramétricas da reta são:

x(t) = x1 + t · a

y(t) = y1 + t · b

z(t) = z1 + t · c

Exemplo 1.4 Determinar uma representação paramétrica da reta que passa pelo ponto A(2, 1, −1)
na direção do vetor ~b = 2~i − 3~j + ~k.

Exemplo 1.5 Determinar uma representação paramétrica da reta que passa pelo ponto A(2, 0, 1) e
B(−1, 1/2, 0).

1.2.2 Parametrização de uma circunferência.


Uma equação vetorial da circunferência de raio a, com centro na origem, no plano xy, é

~ = a cos t ~i + a sin t ~j,


r(t) 0 ≤ t ≤ 2π

Na figura abaixo, visualizamos o parâmetro t, 0 ≤ t ≤ 2π, que representa o ângulo formado pelo
eixo positivo dos x e o vetor posição de cada ponto da curva.

Do triângulo OAP, obtemos:


x(t) = a cos t

y(t) = a sin t

Quando a circunferência não está centrada na origem, a equação vetorial é dada por:

~ = (x0 + a cos t)~i + (y0 + a sin t)~j,


r(t) 0 ≤ t ≤ 2π
1.2. Curvas parametrizadas 5

Exemplo 1.6 Obter equações paramétricas da cirunferência x2 + y 2 − 6x − 4y + 4 = 0 no plano z = 3.

~ = 2~i + 3 cos t ~j + 3 sen t ~k representa uma cirunferência. Deter-


Exemplo 1.7 A equação vetorial r(t)
minar a correspondente equação paramétrica.

1.2.3 Parametrização de uma elipse.

Uma equação vetorial da elipse, no plano xy, com centro na origem e eixos nas direções de x e y é

~ = a cos t ~i + b sin t ~j,


r(t) 0 ≤ t ≤ 2π

Consideramos um ponto P (x(t), y(t)) da curva. Traçamos um arco de circunferência de raio a, e


outro de raio b, ambos centrados na origem.
Marcamos, respectivamente, sobre esses arcos os pontos A de abscissa x e B de ordenada y.
Do triângulo retângulo ONA, obtemos x = a cos t, e do triângulo OMB, y = b sin t.

Se a elipe estiver centrada em (x0 , y0 ) e seus eixos forem paralelos aos eixos coordenados sua
equação vetorial é

~ = (x0 + a cos t)~i + (y0 + b sin t)~j,


r(t) 0 ≤ t ≤ 2π
6 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

Exemplo 1.8 Escrever uma equação vetorial da elipse 9x2 + 4y 2 = 36, no plano xy.

Exemplo 1.9 Escrever uma equação vetorial da elipse da figura abaixo.

1.2.4 Parametrização de uma hélice circular.


A hélice circular é uma curva reserva (não está contido em um plano do espaço). Ela se desenvolve
sobre uma superfı́cie cilı́ndrica x2 + y 2 = a2 . Esse fato pode ser visualizado como segue.

Enrolemos à volta da superfı́cie um triângulo retângulo flexı́vel ABC de modo que A seja o ponto
(a, 0, 0) e que o lado AB se enrole sobre a seção do cilindro no plano xy. A hipotenusa AC determina,
então, sobre a superfı́cie cilı́ndrica, uma curva chamada hélice circular.
Para parametrizar a hélice, consideremos um ponto P (x, y, z) da hélice cuja projeção no plano xy
é Q. O ponto P se originou do correspondente ponto M sobre a hipotenusa AC. A projeção de M é N
e obviamente P Q = M N . Temos ainda, AN = AQ = at.
Dessa forma, escrevemos

x(t) = a cos t

y(t) = a sin t

z(t) = P Q = AN tanθ = at tan θt,

onde θ é o ângulo agudo B AC.


b

Podemos fazer tan θ = m e escrever a equação vetorial da hélice circular como:


1.2. Curvas parametrizadas 7

~r(t) = (a cos t)~i + (a sin t)~j + am~k.

Sua forma lembra um parafuso de rosca à direita quando m > 0 e e um parafuso de rosca à
esquerda quando m < 0.

• No ano de 1953 os cientistas J. Watson e F. Crick descobriram que a estrutura da molécula de


DNA (ácido desoxirribonucléico) é de duas hélices circulares paralelas interligadas:

Figura 1.1: Hélice dupla do DNA

• A polarização de uma onda de luz é determinada pela curva descrita pelo movimento da extre-
midade do vetor “elétrico”; se omovimento é ao longo de uma hélice circular reta a luz é dita
circularmente polarizada.

1.2.5 Parametrização de uma ciclóide


A ciclóide pode ser descrita pelo movimento do ponto P (0, 0) de um cı́rculo de raio a, centrado
em (0, a), quando o cı́rculo gira sobre o eixo x.

As coordenadas do ponto P são:


8 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

x = OT − AP = at − a sin t = a(t − sin t)

y = AT = CT − AC = a − a cos t = a(1 − cos t)

Logo, a equação vetorial da ciclóide é

~ = a(t − sin t)~i + a(1 − cos t)~j


r(t)

Quando t varia de 0 a 2π obtemos o primeiro arco da ciclóide.

Figura 1.2: Ciclóide

1.2.6 Parametrização de uma hipociclóide

Uma hipociclóide é a curva descrita pelo movimento de um ponto fixo P, de um cı́rculo de raio b,
que gira dentro de um cı́rculo de raio a, a > b.

As equações paramétricas da hipociclóide são:

(a − b)
x(t) = (a − b) cos t + b cos t
b
(a − b)
y(t) = (a − b) sin t − b sin t
b

1.2.7 Parametrização de outras curvas

A seguir, encontraremos uma representação paramétrica para algumas curvas dadas como inter-
secção de duas superfı́cies.

Exemplo 1.10 Escrever uma equação vetorial para y = 5x + 3 no plano z = 2.

Exemplo 1.11 A intersecção entre as superfı́cies z = x2 + y 2 e z = 2 + y. Escrever uma equação


vetorial dessa curva.
1.3. Derivada 9

Figura 1.3: Figura Exemplo 1.11

Figura 1.4: Figura Exemplo 1.12

Exemplo 1.12 Representar parametricamente a curva dada pela intersecção das superfı́cies x + y = 2
e x2 + y 2 + z 2 = 2(x + y)

Exemplo 1.13 Representar graficamente as curvas C, dadas por:

1. f~(t) = t ~i + t ~j − (t2 − 4) ~k

2. ~g (t) = t2 ~i + t2 ~j + 3~k

3. f~(t) = 2 cos t ~i + 2 sin t ~j + 5 ~k

Exemplo 1.14 Determine, em R2 , as equações paramétricas de y − x2 + 1 = 0. Identifique a curva.

1.3 Derivada
Definição DERIVADA DE FUNÇÃO VETORIAL Seja f~(t) uma função vetorial. Sua derivada
é uma função vetorial f~0 (t), definida por:

f~(t + ∆t) − f~(t)


f~0 (t) = lim
∆t→0 ∆t
para todo t, tal que o limite existe.

Se f~(t) = f1 (t) ~i + f2 (t) ~j + f3 (t) ~k, temos

f~0 (t) = f10 (t) ~i + f20 (t) ~j + f30 (t) ~k


10 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

Figura 1.5: Exemplo 4

Geometricamente temos:

Seja f~(t) uma função vetorial derivável em um intervalo I. Quando t percorre I, a extremidade
livre do vetor f~(t) descreve uma curva C no espaço.

• Para cada t ∈ I, f~(t) é o vetor posição do correspondente ponto sobre a curva.

• Se f~0 (t) 6= 0, f~0 (t) é um vetor tangente à curva C. Seu sentido é o do movimento da extremidade
livre do vetor f~(t) ao crescer t.

Exemplo 1.15 Dada f~(t) = t ~i + t2 ~j, determinar f~0 (t). Esboçar a curva C descrita por f~ e os vetores
tangentes f~0 (1), f~0 (−1) e f~0 (0)

Exemplo 1.16 Determinar um vetor tangente à curva C, descrita pela equação vetorial ~g (t) = cos t ~i+
sin t ~j + ~k, t ∈ [0, 2π], no ponto P (0, 1, 1).

1.3.1 Interpretação fı́sica da derivada

Consideremos uma partı́cula em movimento no espaço. Suponhamos que, no tempo t, ~r(t) é o vetor
posição da partı́cula com relação a um sistema de coordenadas cartesianas. Ao variar t, a extremidade
livre do vetor ~r(t) descreve a trajetória C da partı́cula.

~r(t + ∆t) − ~r(t)


Assim, ~r(t + ∆t) − ~r(t) representa o deslocamento da partı́cula e a taxa média de
∆t
variação de ~r(t), ou velocidade média da partı́cula no intervalo de tempo ∆t.
1.4. Comprimento de arco 11

Portanto, quando ~r(t) for derivável, a velocidade instantânea sa partı́cula é dada por

~v (t) = r~0 (t)

e a aceleração da partı́cula é dada por

~a(t) = v~0 (t)

Exemplo 1.17 O vetor posição de uma partı́cula em movimento no plano é

1 ~
~r(t) = t ~i + j, t ≥ 0
t+1

Determinar o vetor velocidade e o vetor aceleração em um instante qualquer t.

1.4 Comprimento de arco


Seja C uma curva dada pela equação vetorial

~r(t) = x(t)~i + y(t)~j + z(t)~k, t ∈ [a, b]

Vamos calcular o comprimento ` de um arco AB, com t ∈ [a, b].


Seja
P : a = t0 < t1 < t2 < . . . < ti−1 < ti < . . . < tn = b

uma partição qualquer de [a, b], Indicamos por `n o comprimento poligonal de vértices

A = P0 = ~r(t0 ), P1 = ~r(t1 ), . . . , B = Pn = ~r(tn )

Então,

n
X
`n = | ~r(ti − ti−1 |=
i=1

Intuitivamente, podemos afirmar que, se o limite de `n quando n → ∞ existe, esse limite define o
comprimento ` do arco AB da curva C, ou seja.

`= lim `n, onde ∆ti =| ti − ti−1 |


max ∆ti →0

Na figura abaixo, visualizamos a curva C, em que a poligonal foi traçada para n = 6.


Assim, temos teorema que segue.
Teorema: Seja C uma curva suave parametrizada por ~r(t) (suave se ~r(t) possui derivada contı́nua),
a ≤ t ≤ b. Então o comprimento (`) do arco AB da curva C é dado por
Z b
`= | r~0 (t) | dt
a

ou
Z bp
`= [x0 (t)]2 + [y 0 (t)]2 + [z 0 (t)]2 dt
a
12 Capı́tulo 1. Funções vetoriais

Exemplo 1.18 Determine o comprimento do segmento de reta determinado pelos pontos A(−1, 2) e
B(2, 4).

Exemplo 1.19 Encontrar o comprimento do arco da curva cuja equação vetorial é ~r(t) = t ~i + t2/3 ~j,
para 1 ≤ t ≤ 4.

Exemplo 1.20 Encontar o comprimento da hélice circular ~r(t) = (cos t, sin t, t) do ponto A(1, 0, 0) a
B(−1, 0, π).
Capı́tulo 2

Derivada Direcional e Campos


Gradientes

2.1 Campos escalares e vetoriais


Definição CAMPO ESCALAR Seja D uma região no espaço tridimensional e seja f uma função
escalar definida em D. Então a cada ponto P ∈ D, f associa uma única grandeza escalar f (P ). A
região D, juntamento com os valores de f em cada um de seus pontos, é chamada campo escalar.

Exemplo 2.1 Se D é um sólido no espaço e ρ a densidade em cada um de seus pontos, ρ define um


campo escalar sobre D.

Exemplo 2.2 Seja D um sólido esférico de raio r cuja temperatura em cada um de seus pontos
é proporcional à distância do ponto até o centro da esfera. Usando um sistema de coordenadas
cartesianas, descrever a função escalar T que define o campo de temperatura em D.

Definição CAMPO VETORIAL Seja D uma região no espaço e seja f~ uma função vetorial defi-
nida em D. Então, a cada ponto P ∈ D, f~ associa um único vetor f~(P ). A região D, juntamente com
os correspondentes vetores f~(P ), constitui um campo vetorial.

Exemplo 2.3 Seja um fluido percorrendo um encanamento com fluxo constante. Se associamos a
cada ponto a velocidade do fluido nesse ponto, obtemos um campo de vetores F de velocidades do
fluido.

Figura 2.1: Campo de velocidade

Exemplo 2.4 Seja D a atmosfera terrestre. A cada ponto P ∈ D associamos o vetor ~v (P ) que
representa a velocidade do vento em P. Então ~v define um campo vetorial em D, chamado campo de
velocidade.

13
14 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

Exemplo 2.5 Uma superfı́cie metálica é aquecida por um lado de tal modo que perde calor pelo outro;
a forma que flui o calor na placa define um campo de vetores. Como é de esperar, vai das regiões mais
quentes para as mais frias.

Figura 2.2: Campo de velocidade

Exemplo 2.6 A corrente elétrica de magnitude I fluindo através de um fio induz um campo de vetores
ao redor do fio, chamado campo magnético.

Figura 2.3: Campo de velocidade

2.1.1 Representação gráfica de campos vetoriais


Pode-se representar graficamente um campo vetorial ~j definido em uma região D. Para isso,
tomamos alguns pontos P ∈ D e desenhamos o vetor f~(P ) com origem em P . Podemos visulizar o
campo vetorial, imaginando a seta apropriada emanando de cada ponto da região D.

Exemplo 2.7 Represente os seguintes campos vetoriais:


a) f~(x, y) = x~i
b) f~(x, y) = x~i + x~j
Quando um campo de vetores apresenta uma simetria circular é conveniente representá-lo em
coordenadas polares.

Exemplo 2.8 Seja F : R2 − 0, 0 → R2 definido por:


 
−y x
F (x, y) = , 2
x + y x + y2
2 2

Usando coordenadas polares:

1
F (r, θ) = (−sen(θ), cos(θ)), r>0
r
2.1. Campos escalares e vetoriais 15

O campo F tem direção igual à do vetor tangente ao cı́rculo de raio r centrado na origem:
Observe que kF (r, θ)k → +∞ se r → 0 e kF (r, θ)k → +0 se r → ∞. Este campo de vetores
esta relacionado ao fenomeno da água escoando de um ralo.

Exemplo 2.9 A figura abaixo mostra o esboço de diversos campos vetoriais que ocorrem nas aplica-
ções. Na figura (a) temos um campo de velocidade de um fluido em movimento, em (b) um campo
de força eletrostática, originário de duas cargas de sinais opostos. A figura (c) mostra um campo de
velocidade em um volante em movimento circular uniforme e em (d) vemos o campo de velocidade de
um redemoinho.
16 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

2.2 Derivada direcional


Suponha que estamos numa ladeira de uma montanha e desejamos determinar a inclinação da mon-
tanha na direção do eixo dos z. Se a montanha fosse representada pelo gráfico da função z = f (x, y),
então, já saberı́amos determinar a inclinação em duas direções diferentes, a saber, na direção do eixo
∂f ∂f
dos x utilizando (x, y) e na direção do eixo dos y utilizando (x, y). Neste parágrafo veremos
∂x ∂y
como utilizar derivada para determinar a inclinação em qualquer direção; para isto definimos um novo
tipo de derivada chamada direcional.

Definição DERIVADA DIRECIONAL Sejam A ⊂ R aberto, f : A ⊂ Rn → R uma função, x ∈ A


e ~v um vetor unitário de Rn . A derivada direcional de f no ponto x e na direção ~v é denotada por:

∂f
(x)
∂v

e definida por:

∂f f (x + t~v ) − f (x)
(x) = lim ,
∂v t→0 t
se o limite existe.

Exemplo 2.10 A função:


 2
 x y

se (x, y) 6= (0, 0),
f (x, y) = x4 + y 2

0 se (x, y) = (0, 0).

não é contı́nua na origem. No entanto, as derivadas direcionais no ponto (0, 0) e em qualquer


direção ~v = (v1 , v2 ) existem.

2.3 Gradiente de uma função


O gradiente da função escalar f (x,y,z), denotado por grad f, ou ∇f (x), é um vetor definido como:

∂f ~ ∂f ~ ∂f ~
grad f = i+ j+ k.
∂x ∂y ∂z

Exemplo 2.11 Se f (x, y) = x2 + y 2 . Analisar o gradiente de f .

Exemplo 2.12 Encontrar o gradiente dos campos escalares:

a) f (x, y, z) = 2(x2 + y 2 ) − z 2 ;

b) g(x, y) = x + ey .

Exemplo 2.13 Calcular o gradiente de f (x, y) = 2x2 + y 2 , em P (2, −1).


2.3. Gradiente de uma função 17

Exemplo 2.14 Em uma esfera metálica de raio 3 cm, a temperatura T (x,y,z) em cada ponto é
proporcional à distância do ponto até a superfı́cie da esfera, sendo 1 o coeficiente de proporcionalidade.
Representar geometricamente o campo gradiente gerado por T (x, y, z).
A temperatura é dada por:

p
T (x, y, z) = 3 − x2 + y 2 + z 2 .

2.3.1 Propriedades

Sejam f e g funções escalares tais que existam grad f e grad g e seja c uma constante. Então:
a) grad (cf ) = c grad f
b) grad (f + g) = grad f + grad g
c) grad(f · g) = f grad g + g grad f

g grad f − f grad g
d) grad ( f/g) =
g2

2.3.2 Campo gradiente

O gradiente de uma função escalar f (x, y, z) define um campo vetorial denominado campo gradi-
ente.

Exemplo 2.15 Esboçar o gráfico do campo gradiente gerado pela função

1
f (x, y, z) = (x2 + y 2 + z 2 ).
2

2.3.3 Interpretação geométrica do gradiente

Consideramos uma função escalar f (x,y,z) e suponhamos que, para cada constante k, em um in-
tervalo I, a equação f (x, y, z) = k representa uma superfı́cie no espaço. Fazendo k tomar todos os
valores, obtemos uma famı́lia de superfı́cies, que são as superfı́cies de nı́vel da função f.

Proposição
Seja f uma função escalar tal que, por um ponto P do espaço, passa numa superfı́cie de nı́vel S de
f. Se grad f 6= 0 em P, então grad f é normal a S em P.

Prova: Seja C uma curva no espaço que passa por P e esteja contida na superfı́cie de nı́vel S de f
Representamos C por

~r(t) = x(t)~i + y(t)~j + z(t)~k

Como C está contida em S, temos que

f (x(t), y(t), z(t)) = k.

Derivando em relação a t, vem

∂f dx ∂f dy ∂f dz d~r
+ + = 0 ou ∇f · = 0.
∂x dt ∂y dt ∂z dt dt
18 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

d~r
Como é tangente à curva C em P, segue que ∇f é normal à curva C em P.
dt

Como C é uma curva qualquer de S, concluı́mos que grad f é normal à superfı́cie S.

Exemplo 2.16 Determinar um vetor normal à superfı́cie z = x2 + y 2 no ponto P(1,0,1).


Exemplo 2.17 Determinar um vetor perpendicular à circunferência x2 + y 2 = 9 no ponto P (2, 5)

2.3.4 Cálculo da derivada direcional usando o gradiente

Seja ~a o vetor posição do ponto P. Então ~r(s) = x(s)~i + y(s)~j + z(s)~k = ~a + ~bs, onde s ≥ 0 é o
parâmetro comprimento de arco, é uma equação vetorial para a semi-reta C.

∂f
A derivada direcional (P), na direção ~b, em P, é a derivada da função f(x(s), y(s), z(s)) em
∂s
relação a s em P.
Supondo que f (x, y, z) possui derivadas parciais de 1a ordem contı́nuas e aplicando a regra da
cadeia, temos:

 
∂f ∂f dx ∂f dy ∂f dz
(P ) = + + (P ). (1)
∂s ∂x ds ∂y ds ∂z ds

Substituindo
 
dx dy dz
~r’(s) = , , = ~b
ds ds ds
∂f ~ ∂f ~ ∂f ~
e grad f = i+ j+ k em (1) vem
∂x ∂y ∂z

∂f
(P ) = ~b · grad f (P ). (2)
∂s

Exemplo 2.18 Determinar a derivada direcional de f (x, y, z) = 5x2 − 6xy + z, no ponto P (−1, 1, 0),
na direção do vetor ~v = 2~i − 5~j + 2~k.

2.3.5 O gradiente como direção de máxima variação

Proposição Seja f(x,y,z) uma função escalar que possui derivadas parciais de 1a ordem contı́nuas.
Então, em cada ponto P para o qual ∇f 6= 0, o vetor ∇f aponta na direção em que f cresce mais
rapidamente. O comprimento do vetor ∇f é a taxa máxima de crescimento de f.

∂f
Prova: Como (P) = ~b · ∇f, usando a definição de produto escalar, temos
∂s
2.3. Gradiente de uma função 19

∂f
(P ) = |~b| · |∇f | cos θ,
∂s
onde θ é o ângulo entre os vetores ∇f e ~b.

Como ~b é unitário vem

∂f
(P ) = |∇f | cos θ.
∂s

∂f
O valor máximo de (P) é obtido quando escolhemos θ = 0, isto é, quando escolhemos ~b com
∂s

a mesma direção e sentido de ∇f.

∂f
Nesse caso, (P ) = |∇f |.
∂s

Assim, o vetor ∇f aponta na direção em que f cresce mais rapidamente e seu comprimento é a
taxa máxima de crescimento de f.

Exemplo 2.19 Seja f (x, y, z) = z − x2 − y 2 .

a) Estando no ponto P (1, 1, 2), que direção e sentido devem ser tomados para que a função f cresça
mais rapidamente?
∂f
b) Qual é o valor máximo de (1, 1, 2)?
∂s

2.3.6 Exemplos de Aplicações do Gradiente

Exemplo 2.20 Seja T(x,y,z) = 10 −x2 − y 2 − z 2 uma distribuição de temperatura em uma região
do espaço. Uma partı́cula P1 localizada em P1 (2,3,5) necessita esquentar-se o mais rápido possı́vel.
Outra partı́cula P2 localizada em P2 (0, −1, 0) necessita resfriar-se o mais rápido possı́vel.

a) Qual a direção e o sentido que P1 deve tomar?

b) Qual a direção e o sentido em que P2 deve tomar?

c) Qual é a taxa máxima de crescimento da temperatura em que P1 e qual é a taxa máxima de


decrescimento da temperatura em P2 ?

Exemplo 2.21 Se
100xy
T (x, y) =
x2 + 4y 2 + 4
é a temperatura em graus Celsius, sobre uma lâmina metálica, x e y medidos em cm, determine a
direção de crescimento máximo de T a partir do ponto (1, 1) e a taxa máxima de crescimento de T ,
nesse ponto.
20 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

Exemplo 2.22 eja T (x, y) a temperatura da superfı́cie do oceano de uma determinada região do globo
1 1 1
terrestre. Supondo que T(x,y) é aproximadamente igual a x − x3 − y 2 + .
12 4 2
Exemplo 2.23
 
1 1
Qual é a taxa de variação da temperatura nos pontos P0 (2, 3) e P1 (4, 1), na direção nordeste √ ,√ ?
2 2
Qual é a taxa máxima de variação da temperatura em P0 ?

Exemplo 3: S

Exemplo 2.24

Exemplo 4: Suponha que o potencial numa lâmina plana é dado por:

−x2 +y 2
V (x, y) = 80 − 20xe 20

em volts, x e y em cm.
(a) Determine a taxa de variação do potencial em qualquer direção paralela ao eixo dos x.
(b) Determine a taxa de variação do potencial em qualquer direção paralela ao eixo dos y.
(c) Determine a taxa de variação do potencial na direção do vetor (1, 1).
(d) Qual é a taxa máxima de variação do potencial no ponto (1, 2)?
(e) Em que direção, a partir da origem, o potencial aumenta e diminui?

Exemplo 2.25

Exemplo 5: Uma lâmina metálica está situada no plano xy de modo que a temperatura T =
T (x, y), em graus Celsius, em cada ponto, seja proporcional à distância do ponto à origem. Se a
temperatura no ponto (3, 4) é de 150o C, pede-se:
(a) Ache a taxa de variação de T no ponto (3, 4) na direção (-1, 1).
(b) Em que direções a taxa de variação é zero?

Exemplo 2.26 A temperatura do ar em certa altitude é dada por f (x, y, z) = xy 2 z 3 + x2 yz 3 + x2 y 3 z.


Um avião está localizado no ponto (-1, 2, 1). Em que direção deve voar para que o motor resfrie o
mais rapidamente possı́vel?

2.4 Divergência de um campo vetorial


Se imaginamos um campo de vetores como um campo de velocidades de um gás ou de um fluido,
então a divergência do campo está relacionada com a expansão ou a contração do volume do gás pelo
fluxo do campo.

Definição DIVERGÊNCIA Seja f~ (x,y,z) = f1 (x,y,z)~i + f2 (x,y,z)~j + f3 (x,y,z)~k um campo vetorial


definido em um domı́nio D.
2.4. Divergência de um campo vetorial 21

∂f1 ∂f2 ∂f3


Se existem e são contı́nuas as derivadas , , , definimos a divergência do campo vetorial
∂x ∂y ∂z
f~, denotada por div f~, como a função escalar:

∂f1 ∂f2 ∂f3


div f~ = + + . (1)
∂x ∂y ∂z
Podemos interpretar (1) como
div f~ = ∇ · f~
 
∂~ ∂ ∂
= i + ~j + ~k ·(f1~i + f2~j + f3~k).
∂x ∂y ∂z
 
∂ ∂f1
Quando usamos essa simbologia, entedemos que o produto · f1 representa . Analoga-
    ∂x ∂x
∂ ∂ ∂f
mente, · f2 e · f3 = 3 .
∂y ∂z ∂z

Exemplo

Dado o campo vetorial f~(x,y,z) = 2x4~i + exy~j + xyz~k, calcular div f~.

2.4.1 Propriedades
Sejam f~ = (f1 , f2 , f3 ) e ~g = (g1 , g2 , g3 ) funções vetoriais definidas em um domı́nio D e suponhamos
que div f~ e div ~g existem. Então:
a) div (f~ ± ~g ) = div f~ ± div ~g
b) div (hf~) = h div f~ + grad h · f~, onde h = h(x,y,z) é uma função escalar diferenciável em D.

2.4.2 Interpretação fı́sica da divergência


Na Mecânica dos Fluidos, encontramos a equação da continuidade
∂p
div ~u + = 0, (1)
∂t
onde ~u = ρ~v , sendo ρ = ρ(x, y, z, t) a densidade do fluido e ~v = ~v (x, y, z, t) o vetor velocidade.

∂ρ
Reescrevendo a equação (1) na forma = - div ~u,vemos que a divergência de um campo vetorial
∂t
surge como uma medida da taxa de variação da densidade do fluido em um ponto.
Quando a divergência é positiva em um ponto do fluido, a sua densidade está diminuindo com o
tempo. Nesse caso, dizemos que o fluido está se expandindo ou, ainda, que existe uma fonte de fluxo
no ponto.
Quando a divergência é negativa, vale o oposto.
Se a divergência é zero em todos os pontos de uma região, o fluxo de entrada na região é exatamente
equilibrado pelo fluxo de saı́da. O fluxo não é criado nem destruı́do, ou seja, não existe fonte nem
sumidouro na região.
Se ρ = constante, isto é, a densidade não é função das coordenadas x,y,z nem do tempot, dizemos
que o fluido é incompressı́vel. Nesse caso, a equação da continuidade toma a forma div ~v = 0, e o
22 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

campo vetorial ~v é chamado solenoidal.

Exemplo 1: Um fluido escoa em movimento uniforme com velocidade ~v = x~j. Mostrar que todas
as partı́culas se deslocam em linha reta e que o campo de velocidade dado representa um possı́vel
escoamento incompressı́vel.

Exemplo 2: Um campo de escoamento compressı́vel é descrito por:

~u = ρ~v = 2xe−t~i − xye−t~j,

onde x e y são coordenadas em metros, t é o tempo em segundos, ρ e ~v estão em kg/m3 e m/s,


respectivamente. Calcular a taxa de variação da desnsidade ρ em relação ao tempo, no ponto P(3, 2,
2), para t = 0.

Exemplo 3: Quando uma função escalar f (x, y, z) tem derivadas de 2a ordem contı́nuas e div
grad f = 0 em um domı́nio, ela é chamada harmônica nesse domı́nio. Verificar se as seguintes funções
são harmônicas:

a) f (x, y, z) = x2 y + ey − z
b)f (x, y, z) = 2xy + yz.

Exemplo 4: Verificar a que equação da continuidade

∂ρ
div ~u + =0
∂t

pode ser escrita como

∂ρ
+ grad ρ · ~v + ρ div ~v = 0.
∂t

2.5 Rotacional de um campo vetorial


O rotacional de um campo de vetores que representa a velocidade de um ?uido, está relacionado
ao fenômeno de rotação do fluido.

Definição ROTACIONAL Seja f~(x, y, z) = f1 (x, y, z)~i + f2 (x, y, z)~j + f3 (x, y, z)~k um campo ve-
torial definido em um domı́nio D, com derivadas de 1a ordem contı́nuas em D. Definimos o rotacional
de f~, denotado por rot f~, como:

rot f~ = ∇X f~

Exemplo
Determinar rot f~, sendo f~ = xzy 2~i + xyz~j + 3xy~k.
2.6. Campos Conservativos 23

2.5.1 Propriedades
Sejam f~(x, y, z) = (f1 , f2 , f3 ) e ~g (x, y, z) = (g1 , g2 , g3 ) funções vetoriais definidas em um domı́nio
D com derivadas parciais de 1a ordem contı́nuas em D. Então:

a) rot (f~ + vecg) = rot f~ + rot ~g


b) rot(hf~) = h rot f~ + grad h X f~
onde h = h(x, y, z) é uma função diferenciável em D.

2.5.2 Interpretação fı́sica do rotacional


O rotacional de um campo vetorial aparece em diversas situações da Fı́sica. Por exemplo:
a) Na análise de campos de velocidade na Mecânica dos Fluı́dos;
b) Na análise de campos de forças eletromagnéticas;
c) Pode ser interpretado como uma medida do movimento angular de um fluido, e a condição

rot ~v = ~0

para um campo de velocidade ~v , caracteriza os chamados fluxos irracionais;


~ = ~0, onde E
d) A equação rot E ~ é a força elétrica, caracteriza que somente forças eletrostáticas
estão presentes no campo elétrico.

Exemplo 1: Um corpo rı́gido gira em torno de um eixo que passa pela origem do sistema de
coordenadas, com vetor velocidade angular w
~ constante. Seja ~v o vetor velocidade em um ponto P do
corpo. Calcular rot ~v .

Exemplo 2: Um escoamento é representado pelo campo de velocidade

~v = 10x~i − 10y~j + 30~k.

Verificar se o escoamento é:


a) um possı́vel escoamento incompressı́vel;
b) irrotacional.

Exemplo 3: Para um escoamento no plano xy, a componente em y da velocidade é dada por


2
y − 2x + 2y. Determinar um possı́vel componente em x para um escoamento incompressı́vel.

2.6 Campos Conservativos


Definição CAMPO VETORIAL CONSERVATIVO Uma função vetorial f~(x, y, z) é conserva-
tiva em um domı́nio D ⊆ R3 se existe uma função escalar diferenciável u = u(x, y, z) definida em D
satisfazendo
∇u(x, y, z) = f~(x, y, z)

Podemos dizer que f~ é um campo vetorial conservativo em D e a função u(x, y, z) é chamada de função
potencial de f~ em D.
24 Capı́tulo 2. Derivada Direcional e Campos Gradientes

Exemplo 2.27 O campo vetorial

f~ = (4x + 5yz)~i + 5xz~j + 5xy~k

é um campo conservativo, pois a função u(x, y, z) = 2x2 + 5xyz é diferenciável em R3 e o seu gradiente
é f~. Portanto, u é uma função potencial para f~.

Observações:

(i) A função potencial não é única. Você consegue pensar em outra função u para o exemplo 2.27?

(ii) Este conceito é válido para funções vetoriais de duas, três ou mais variáveis.

Exemplo 2.28 A função vetorial f~ : R2 → R2 definida por f~(x, y) = (2x, 2y) é conservativa. Deter-
mine uma função potencial para f~.

Teorema

Seja f~ = (f1 , f2 , f3 ) um campo vetorial contı́nuo em um domı́nio U , com derivadas parciais de 1a


ordem contı́nuas em D. Se f~ admite uma função potencial U , então

rot f~ = ~0 para qualquer (x, y, z) ∈ U . (1)

Reciprocamente, se U for simplesmente conexo e (1) for verificada, então f~ admite uma função
potencial u = u(x, y, z) em U .
Observamos que (1) pode ser reescrita como

∂f1 ∂f2 ∂f1 ∂f3 ∂f2 ∂f3


= , = e = . (2)
∂y ∂x ∂z ∂x ∂z ∂y

Exemplo 2.29 Usando o teorema, o que podemos afirmar a respeito dos seguintes campos vetoriais
f~ em D?

a) f~ = 2x2 y~i + 5xz~j + x2 y 2~k em D = R3

b) f~ = (4xy + z)~i + 2x2~j + x~k em D = R3


−y ~ x ~
c) f~ = i+ 2 j em D1 = (x, y)|(x − 3)2 + y 2 < 1
x2
+y 2 x + y2
−y ~ x ~
d) f~ = i+ 2 j em D2 = (x, y)|1 < x2 + y 2 < 16.
x2
+y 2 x + y2
Capı́tulo 3

Integrais curvilı́neas

3.1 Revisão de integrais

3.2 Integrais de Linha de Campos Escalares

Nesta seção introduziremos o conceito de integral de linha de um campo escalar. Veremos que ela
constitui uma generalização simples e natural do conceito de integral definida.

De agora em diante, as considerações serão feitas para funções escalares de três variáveis, ou seja,

f : D ⊆ R3 −→ R
(x, y, z) 7−→ f (x, y, z)

No entanto, os conceitos são análogos para funções de duas variáveis.

Definição INTEGRAL DE LINHA DE CAMPO ESCALAR Seja C uma curva suave, orien-
tada, com ponto inicial A e o ponto terminal B. Seja f (x, y, z) um campo escalar definido em cada
ponto de C. Dividimos a curva C em n pequenos arcos pelos pontos

A = P0 , P1 , P2 , ..., Pi−1 , Pi , ..., Pn = B.

Denotamos por ∆Si o comprimento do arco P\


i−1 Pi . Em cada arco Pi−1 Pi , escolhemos um ponto
\
Qi .
Calculamos o valor de f no ponto Qi , multiplicamos esse valor por ∆Si e formamos a soma
n
X Z
f (Qi )∆Si . A integral de linha de f ao longo de C, de A até B, que denotamos f (x, y, z)ds, é
i=1 C

definida por

25
26 Capı́tulo 3. Integrais curvilı́neas

Z n
X
f (x, y, z)ds = lim f (Qi )∆Si
C max∆Si →0
i=1

quando o limite a direita existe.

A curva C é também chamada CAMINHO DE INTEGRAÇÃO.


Se a curva C é suave por partes, a integral de linha sobre C é definida como a soma das integrais
sobre Z
cada parte suave de C.
A f (x, y, z)ds também é denominada integral do campo escalar f com respeito ao comprimento
C
de arco C.

3.2.1 Cálculo da Integral de Linha


Para calcular a integral de linha, necessitamos de uma parametrização para a curva C, denotada
por ~r(t) = x(t)~i + y(t)~j + z(t)~k, t ∈ [t0 , t1 ], onde t é um parâmetro qualquer.

Para calcular a integral de linha fazemos:


Z Z t1
f (x, y, z)ds = f (x(t), y(t), z(t))|r~0 (t)|dt
C t0
Z
Exemplo 1: Calcular (x + 2y)ds, onde C é a semicircunferência dada na figura abaixo.

Z
Exemplo 2: Calcular (x2 + y 2 − z)ds, onde C é a hélice circular dada por
C

~r(t) = cos t~i + sin t~j + t~k, do ponto P (1, 0, 0) até Q(1, 0, 2π).
Z
Exemplo 3: Calcular xy ds, onde C é a intersecção das superfı́cies x2 + y 2 = 4 e y + z = 8.
C

3.2.2 Propriedades
As propriedades das integrais de linha são análogas às propriedades das integrais definidas.
Nas propriedades que seguem estamos supondo que C é uma curva suave ou suave por partes e
que f (x, y, z) e g(x, y, z) são funções contı́nuas em cada ponto de C.
3.2. Integrais de Linha de Campos Escalares 27

Temos
Z Z
a) kf (x, y, z)ds = k f (x, y, z)ds, onde k é uma constante.
C C
Z Z Z
b) [f (x, y, z) + g(x, y, z)]ds = f (x, y, z)ds + g(x, y, z)ds.
C C C

c) Se C é uma curva com ponto inicial A e o ponto terminal B; P um ponto de C entre A e B; C1


a parte de C de A até P e C2 a parte de C de P até B, então

Z Z Z
f (x, y, z)ds = f (x, y, z)ds + f (x, y, z)ds
C C1 C2

Z Z
d) f (x, y, z)ds = f (x, y, z)ds, onde -C representa a curva C orientada no sentido oposto.
C −C
Z
Exemplo: Calcular 3xy ds, sendo C o triângulo de vértices A(0, 0), B(1, 0), e C(1, 2), no
C
sentido anti-horário.

3.2.3 Aplicações

A seguir, desenvolveremos algumas aplicações das integrais curvilı́neas de função escalar.

Massa e centro de massa de um fio delgado


Consideremos um fio delgado de densidade variável, com a forma de uma curva C, como na figura
abaixo.

Vamos supor que sua densidade de massa ρ(x, y, z) seja constante sobre qualquer seção transversal
de áera S. Então o fio pode ser identificado com a curva C.
A função f (x, y, z) = ρ(x, y, z)S é chamada densidade linear de massa ou massa por unidade de
comprimento.
Se o fio é representado pela curva C da figura 9.8 e se a densidade no ponto (x, y, z) é dada por
f (x, y, z), então uma aproximação da massa da parte do fio entre Pi−1 e Pi é dada por

f (Qi )∆Si .

A massa total M do fio é aproximadamente igual a soma


28 Capı́tulo 3. Integrais curvilı́neas

n
X
f (Qi )∆Si .
i=1

Portanto, pela definição, obtém-se


Z
M= f (x, y, z)ds.
C

O centro de massa (x, y, z) é dado por

Z Z Z
1 1 1
x= x f (x, y, z)ds y= y f (x, y, z)ds z= z f (x, y, z)ds
M C M C M C

O ponto (x, y, z) é também chamado centro de gravidade. A coincidência do centro de gravidade


com o centro de massa vem da hipótese de que o campo gravitacional da Terra é uniforme. Algumas
experiências nos mostram que essa hipótese não é inteiramente correta. No entanto, para quase todos
os problemas de Mecânica, ela é usada.

Exemplo 1: Calcular a massa de um fio delgado com forma de um semicı́rculo de raio A, consi-
derando que a densidade em um ponto P é diretamente proporcional à sua distância à reta que passa
pelos pontos extremos.

Exemplo 2: Calcular as coordenadas do centro de massa de um fio delgado que tem a forma da
hélice

~r(t) = 2 cos t~i + 2 sin t~j + 5t~k, t ∈ [0, 2π],

se a densidade no ponto (x, y, z) é x2 + y 2 + z 2 .

Momento de Inércia
Cada ponto material em um corpo em rotação tem uma certa quantidade de energia cinética. Um
ponto material P, de massa m, a uma distância r do eixo de rotação, tem uma velocidade v = wr,
1
sendo w a velocidade angular do ponto P. A energia cinética de P é dada por mr2 w2 .
2

Para um corpo composto de massa puntiforme discreta, a energia cinética total é dada por

1
K = (m1 r12 + m2 r22 + ...)w2 (4)
2
3.3. Integrais de Linha de Campos Vetoriais 29

O somatório que aparece em (4) define o momento de inércia do corpo em relação ao eixo de
rotação considerado.
Se o fio delgado tem densidade variável f (x, y, z), fazendo considerações análogas às que foram
feitas na Subseção 9.1.5, concluı́mos que o momento de inércia do fio em relação a um eixo L é dado
por
Z
IL = δ 2 (x, y, z) f (x, y, z)ds, (5)
C

sendo δ(x, y, z) a distância do ponto (x, y, z) de C ao eixo L.

Exemplo
Um arame tem a forma de um semicı́rculo de raio 4. Determinar seu momento de inércia em
relação ao diâmetro que passa pelos extremos do arame, se a densidade no ponto (x, y) é x + y.

3.3 Integrais de Linha de Campos Vetoriais


Definição INTEGRAL DE LINHA DE CAMPO VETORIAL Seja C uma curva suave dada
por ~r(t), t ∈ [a.b]. Seja f~ = f~(x, y, z) um campo
Z vetorial definido e limitado sobre C. A integral
curvilı́nea de f~, ao longo de C, que denotamos f~ · d~r, é definida por
C

Z Z b
f~ · d~r = f~(~r(t)) · ~r 0 (t)dt,
C a

sempre que a integral a direita existe.


30 Capı́tulo 3. Integrais curvilı́neas

Z
Quando a curva C é suave por partes, definimos f~ · d~r como a soma das integrais sobre cada
C
parte suave de C.
Se o campo f~ tem componentes f1 , f2 , f3 e ~r(t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ [a, b], a integral curvilı́nea
de f~ ao longo de C pode ser reescrita como
Z Z b
f~ ·d~r = [f1 (x(t), y(t), z(t)) x0 (t)+f2 (x(t), y(t), z(t)) y 0 (t)+f3 (x(t), y(t), z(t)) z 0 (t)]dt. (1)
C a

A equação (1) nos sugere a notação


Z Z
~
f · d~r = (f1 dx + f2 dy + f3 dz),
C C

tradicionalmente usada para representar a integral curvilı́nea de um campo vetorial.

3.3.1 Propriedades
Anteriormente vimos as propriedades da integral de linha de campo escalar f. As propriedades (a),
(b) e (c) permanecem válidas para a integral de linha de um campo vetorial f~. A propriedade (d) é
substituida por:
Z Z
f~ · ~r = − f~ · d~r.
−C C

Além dessas propriedades, convém destacar a relação existente entre a integral de um campo ve-
torial e a integral de um campo escalar. Temos a seguinte proposição:
Z
Exemplo 1: Calcular (2xdx + yzdy + 3zdz) ao longo da:
C

a) parábola z = x2 , y = 2, do ponto A(0, 2, 0) ao ponto B(2, 2, 4);


b) linha poligonal A O B, onde O é a origem.
Z
Exemplo 2: Calcular f~ · d~r, sendo f~ = (xz, xy, yz) e C o caminho poligonal que une o ponto
C
A(1, 0, 0) ao ponto B(0, 2, 2), passando por D(1, 1, 0).

Exemplo 3: O campo de velocidade de um fluido em movimento é dado por

~v = (−y, x).

Calcular a circulação do fluido ao redor da curva fechada C = C1 ∪ C2 ∪ C3 .

Representação gráfico do campo vetorial ~v .

3.4 Integrais Curvilı́neas Independentes do Caminho de Integração


Para introduzir as integrais curvilı́neas independentes do caminho de integração, vamos analisar o
exemplo abaixo.
3.4. Integrais Curvilı́neas Independentes do Caminho de Integração 31

ExemploZ
Calcular [sin xdx − 2yzdy − y 2 dz] ao longo de C, de A(0, 2, 0) até B(2, 2, 4), onde C:
C

a) é a parábola z = x2 , y = 2

b) é a poligonal AMB, M (1, 0, 0).

Definição INTEGRAL INDEPENDENTE DE CAMINHO DE INTEGRAÇÃO Seja f~ um


campo vetorial contı́nuo em um domı́nio D do espaço. A integral
Z
f~ · d~r
C
32 Capı́tulo 3. Integrais curvilı́neas

é dita independente do caminho de integração em D se, para qualquer par de pontos A e B em D,


o valor da integral é o mesmo para todos os caminhos em D, que iniciam em A e terminam em B.

Teorema
Seja u = u(x, y, z) uma função diferenciável em um domı́nio conexo U ⊂ R3 tal que f~ = ∇u é
contido em U. Então,
Z
f~ · d~r = u(B) − u(A),
C

para qualquer caminho C em U, unindo o ponto A ao ponto B.

Exemplo:Z Verificar que o campo vetorial f~ = sin x~i − 2yz~j − y 2~k é um campo conservativo em
R3 . Calcular f~ · d~r ao longo de qualquer caminho C de A(0, 2, 0) até B(2, 2, 4).
C

Teorema
Se f~ = (f1 , f2 , f3 ) é um campo vetorial contido em um domı́nio conexo U ⊂ R3 , são equivalentes
as três afirmações seguintes:
a) f~ é o gradiente de uma função potencial u em U, ou seja, f~ é conservativo em U.
b) A integral de linha de f~ é independente do caminho de integração em U.
c) A integral de linha de f~ ao redor de todo o caminho fechado simples em U é igual a zero.

Exemplo: Verificar se f~ = (ex+y + 1)~i + ex+y~j é um caminho conservativo em R2 . Em caso


afirmativo calcular

Z (1,1)
f~ · d~r
(1,0)

Z (1,1)
sendo que a notação significa integral de linha ao longo de qualquer caminho de (1, 0) a (1, 1).
(1,0)

3.5 Teorema de Green


Esse teorema expressa uma integral curvilı́nea ao longo de uma curva fechada no plano como uma
integral dupla sobre a região limitada pela curva.

Teorema:

Sejam C uma curva fechada simples, suave por partes, orientada no sentido anti-horário, e R a
região fechada delimitada por C. Se f~ = (f1 , f2 ) é um campo vetorial contı́nuo com derivadas parciais
de 1a ordem contı́nuas em um domı́nio D quem contém R, então:

I Z Z  
∂f2 ∂f1
f1 dx + f2 dy = − dxdy
∂x ∂y
C R
3.5. Teorema de Green 33

I
Exemplo 1: Usando o teorema de Green, calcular [y 2 dx + 2x2 dy], sendo C o triângulo de vér-
C
tices (0, 0), (1, 2) e (0, 2), so sentido anti-horário.
I
Exemplo 2: Calcular f~ ·d~r, ao longo da circunferência x2 +(y −1)2 = 1, no sentido anti-horário,
Cp
sendo f~ = (4x2 − 9y, 9xy + y 2 + 1).

Exemplo 3: Área de uma região plana como uma integral curvilı́nea ao longo de seu
contorno
Usando o teorema de Green, podemos expressar a área de uma região R como uma integral curvi-
lı́nea ao longo de seu contorno.

x2 y 2
Calcular a área delimitada pela elipse + = 1.
4 9
Capı́tulo 4

Integrais de Superfı́cie

A maioria dos objetos da natureza são tridimensionais, porém, em muitos casos para estudá-
los, sem perda de generalidade, nós desconsideramos uma caracterı́stica essencial desses objetos: a
dimensão. Por exemplo, uma partı́cula pode ser representada por um ponto (dimensão zero), um
fio de metal por uma curva (dimensão um), uma membrana ou lâmina de metal por uma superfı́cie
(dimensão dois) e um avião por um sólido (dimensão tres).
Neste capı́tulo existem dois tipos de objetos de nosso interesse: os sólidos e as superfı́cies. De forma
intuitiva podemos dizer que os sólidos são os objetos de dimensão 3 em R3 ou, equivalentemente, os
que possuem volume e as superfı́cies são objetos de dimensão 2 em R2 ou, equivalentemente, os que
possuem área, mas tem espessura irrelevante.
Vários conceitos técnicos que serão vistos mais adiante, tem definições rigorosas que estão fora do
contexto destas notas e por isso ficaremos apenas com ideias geométricas.

4.1 Representação de uma Superfı́cie


Em geral, uma superfı́cie em R3 pode ser descrita como um conjunto de pontos (x, y, z), que
satisfazem uma equação da forma

f (x, y, z) = 0 (1)

sendo que f uma função contı́nua


A equação (1) é chamada representação implı́cita de S.

Se for possı́vel resolver a equação (1) para uma das variáveis em função das outras, obtemos uma
representação explı́cita de S ou de parte de S.

34
4.2. Equações Paramétricas 35

Exemplo 4.1 A equação

x2 + y 2 + z 2 = a2

é uma representação implı́cita da esfera de centro na origem e raio a.

Podemos resolver essa equação, por exemplo, para z em função de x e y, e obtemos duas soluções
dadas por:
p p
z= a2 − x2 − y 2 e z = − a2 − x2 − y 2

Cada uma das equações anteriores constitui uam representação explı́cita de parte da esfera. A
primeira representa o hemisfério superior e a segunda, o hemisfério inferior.

1 1
Exemplo 4.2 A equação x + y + z = a, a > 0, é uma representação implı́cita do plano inclinado
2 3
que corta os eixos coordenados x, y e z nos pontos (a, 0, 0), (0, 2a, 0) e (0, 0, 3a), respectivamente.

4.2 Equações Paramétricas


Seja S uma superfı́cie no espaço. Se os pontos de S são determinados pelas equações

x = x(u, v)
y = y(u, v)
z = z(u, v)

sendo que x, y, z são funções contı́nuas das variáveis de u e v, definidas em uma região conexa R
do plano uv, as equações acima são chamadas equações paramétricas de S.
Se denotamos por ~r(u, v) o vetor posição de um ponto qualquer (x(u, v), y(u, v), z(u, v)) da super-
fı́cie, temos
36 Capı́tulo 4. Integrais de Superfı́cie

~r(u, v) = x(u, v)~i + y(u, v)~j + z(u, v)~k

Dessa forma, a superfı́cie S, parametrizada pelas equações paramétricas, pode ser representada
pela equação vetorial

~r(u, v) = x(u, v)~i + y(u, v)~j + z(u, v)~k, (u, v) ∈ R

Exemplo 4.3 A equação vetorial

~r(u, v) = u~i + v~j + (u2 + 1)~k,

sendo que −2 ≤ u ≤ 2 e 0 ≤ v ≤ 5, representa uma superfı́cie parametrizada em R3 .

4.2.1 Parametrização da Esfera


A figura (10.7) mostra uma esfera de raio a, centrada na origem, em que marcamos um ponto
P (x, y, z) e dois ângulos u e v. O ângulo u é o mesmo que em coordenadas polares, e o ângulo v é
formado pelos segmentos OP e OPo .
Do triângulo retângulo Po OP , temos que

OPo = a cos v e z = a sin v

Do triângulo retângulo Po OP1 , temos que

x = OPo cos u e y = OPo sin u

Substituindo OPo , nas duas últimas equações, obtemos x = a cos v cos u e y = a cos v sin u.

As equações

x = a cos v cos u
y = a cos v sin u
z = a sin v

constituem uma parametrização da esfera.


A equação vetorial correspondente é dada por

~r(u, v) = a cos v cos u~i + a cos v sin u~j + a sin v~k.


4.2. Equações Paramétricas 37

π π
Fazendo 0 ≤ u ≤ 2π e − ≤ v ≤ , as equações paramétricas descrevem toda a esfera.
2 2

Para obter uma parametrização de uma parte da esfera, devemos determinar os correspondentes
valores de u e v. Por exemplo, uma parametrização do hemisfério superior é dada pelas equações
π
paramétricas, onde 0 ≤ u ≤ 2π e 0 ≤ v ≤ .
2
Observamos que a parametrização da esfera dada pelas equações paramétricas não é única.
Outra parametrização muito usada é dada por

~r(u, v) = (a sin v cos u, a sin v sin u, a cos v),

onde 0 ≤ u ≤ 2π e 0 ≤ v ≤ π.
Nessa parametrização, os parâmetros u e v coincidem com os ângulos θ e φ das cordenadas esféricas.

Exemplo 4.4 Obter uma parametrização da parte da esfera x2 + y 2 + z 2 = a2 , que está no 1o octante.

Exemplo 4.5 Determinar uma parametrização da parte da esfera

x2 + y 2 + z 2 = 16, acima do plano z = 2.

Exemplo 4.6 Obter uma parametrização da esfera

x2 − 2x + y 2 − 4y + 4 + z 2 + 1 = 4.

4.2.2 Parametrização de um cilindro


Consideremos um cilindro vertical dado pela equação x2 + y 2 = a2 .
Seja P (x, y, z) um ponto qualquer sobre o cilindro. Devemos introduzir dois parâmetros u e v e
obter as coordenadas de P como funções de u e v.
Na figura abaixo, representamos o cilindro, em que visualizamos geometricamente os parâmetros
u e v. O parâmetro u é o mesmo que em coordenadas polares e v coincide com z.
Podemos observar que

x = a cos u, y = a sin u e z = v.

Portanto, uma parametrização do cilindro é dada por


38 Capı́tulo 4. Integrais de Superfı́cie

~r(u, v) = a cos u~i + a sin u~j + v~k,

com 0 ≤ u ≤ 2π e −∞ < v < +∞.

Exemplo 1: Obter uma parametrização da parte do cilindro x2 + y 2 = 4, 0 ≤ z ≤ 5, delimitada


pelos semiplanos y = x e y = 2x, com x ≥ 0.

Exemplo 2: Obter uma parametrização do cilindro x2 + z 2 = a2 .

4.2.3 Parametrização de um cone


A figura abaixo mostra um cone circular, no qual denotamos por α o ângulo formado pelo eixo
positivo dos z e uma geratriz do cone.
Dado um ponto qualquer P (x, y, z) do cone, sejam u o ângulo polar e v a distância de P até a
origem.
Do triângulo retângulo P OP2 , temos z = v cos α e OPo = v sin α.
Do triângulo retângulo Po OP1 , vem x = OPo cos u e y = OPo sin u.
Substituindo OPo nas equações, obtemos

x = v sin α cos u e y = v sin α sin u.

Portanto uma parametrização da figura abaixo é dada por

~r(u, v) = v sin α cos u~i + v sin α sin u~j + v cos α~k.

Fazendo 0 ≤ u ≤ 2π e 0 ≤ v ≤ h, a equação acima descreve um cone de altura h cos α.


Exemplo 1: Obter uma parametrização do cone gerado pela semi-reta z = 3y, y ≤ 0 quando
esta gira em torno do eixo positivo dos z.

p
Exemplo 2: Obter uma parametrização do cone z = − x2 + y 2 .

4.2.4 Parametrização de um parabolóide


A figura abaixo mostra um parabolóide z = a2 (x2 + y 2 ). Esse parabolóide pode ser parametrizado
fazendo
4.2. Equações Paramétricas 39

x = u, y = v e z = a2 (u2 + v 2 ).

Nesse caso, a equação vetorial será dada por

~r(u, v) = u~i + v~j + a2 (u2 + v 2 )~k,

sendo que u e v podem assumir quaisquer valores reais.

Observamos que, muitas vezes, as próprias variáveis x e y são usadas como parâmetros.

Nesse caso, a equação vetorial é reescrita como

~r(x, y) = x~i + y~j + a2 (x2 + y 2 )~k.

Uma outra parametrização do parabolóide z = a2 (x2 + y 2 ) é dada por

~r(u, v) = (u cos v, u sin v, a2 u2 ),

com 0 ≤ v ≤ 2π e 0 ≤ u ≤ +∞.
Nessa parametrização, os parâmetros u e v coincidem com as coordenadas r e θ das coordenadas
polares.

Exemplo: Obter uma parametrização da parte do parabolóide z = 2(x2 + y 2 ) abaixo do plano


z = 8.

4.2.5 Superfı́cies Suaves


Vimos anteriormente que uma curva suave não possui pontos angulosos. Analogamente, uma su-
perfı́cie suave ou regular é caracterizada pela ausência de arestas.

Dizemos que uma superfı́cies é suave por partes se S pode ser dividida em um número finito de
partes suaves.

Exemplos

a) Planos, parabolóides, cilindros e esferas são superfı́cies suaves.


b) O cone não é uma superfı́cie suave.
40 Capı́tulo 4. Integrais de Superfı́cie

c) A superfı́cie de um cubo é uma superfı́cie suave por partes, pois pode ser dividida em seis partes
suaves. Cada parte corresponde a uma face do cubo.
d) A figura (a) mostra esboços de superfı́cies suaves e a figura (b) mostra algumas superfı́cies
suaves por partes.

4.3 Integral de Superfı́cie de um Campo Escalar

De certa forma, as integrais de superfı́cie são análogas às integrais curvilı́neas. Definimos as in-
tegrais curvilı́neas usando uma representação paramétrica de uma curva. Definiremos as integrais de
superfı́cie usando uma representação paramétrica da superfı́cie.

Definição

Seja S uma superfı́cie suave, representada por ~r(u, v), (u, v) ∈ R. Seja
Z Z f um campo escalar definido
e limitado sobre S. A integral de superfı́cie de f sobre S, denotada por f dS, é definida pela equação
S
ZZ ZZ
∂~r ∂~
r
f dS = f (~r(u, v)) × du dv
∂u ∂v
S R

quando a integral dupla aZdireita


Z existe.
Se S é suave por partes, f dS é definida como a soma das integrais sobre cada pedaço suave
S
de S.
Se S é dada na forma explı́cita por z = z(x, y), então
s  2  2
ZZ ZZ
∂z ∂z
f dS = f (x, y, z(x, y)) 1 + + dxdy
∂x ∂y
S R

sendo que R é a projeção de S sobre o plano xy.


4.4. Integral de Superfı́cie de um Campo Vetorial 41

ZZ
Exemplo 1: Calcular I = (z − x2 + xy 2 − 1)dS, onde S é a superfı́cie
S

~r(u, v) = u~i + v~j + (u2 + 1)~k, 0 ≤ u ≤ 2 e 0 ≤ v ≤ 5.


ZZ
Exemplo 2: Calcular I = x2 z dS, onde S é a porção do cone z 2 = x2 + y 2 que está entre os
S
planos z = 1 e z = 4.
ZZ
Exemplo 3: Calcular I = (x + y + z) dS, onde S = S1 ∪ S2 é a superfı́cie representada na
S
figura abaixo.

4.4 Integral de Superfı́cie de um Campo Vetorial


Anteriormente, vimos que a integral curvilı́nea de um campo vetorial depende do sentido de per-
curso sobre C, isto é, depende da orientação da curva. Analogamente, veremos que a integral da
superfı́cie de um campo vetorial dependerá do lado da superfı́cie escolhido para integração. Todas as
superfı́cies consideradas serão superfı́cies orientáveis.

Definição

Sejam S uma superfı́cie suave, representada por ~r(u, v) = x(u, v)~i + y(u, v)~j + z(u, v)~k, (u, v) ∈ R,
e ~n = ~n(u, v) um vetor unitário, normal ~
Z Za S. Seja f um campo vetorial definido sobre S. A integral de
superfı́cie de f~ sobre S, denotada por f~ · ~ndS, é definida pela equação
ZZ Z ZS
∂~r ∂~
r
f~ · ~n dS = f~(~r(u, v)) · ~n(u, v)

× du dv (1)
∂u ∂v
S R

quando a integral a direita existe.


Se a superfı́cie S é suave por partes, a integral é definida como a soma das integrais sobre cada
pedaço suave de S.
ZZ
Cálculo de integral f~ · ~n dS
S
42 Capı́tulo 4. Integrais de Superfı́cie

Seja ~n1 o vetor normal unitário de S, dado por

∂~
r ∂~
r
×
~n1 = ∂u ∂v
∂~
r ∂~
r
∂u × ∂v

Podemos ter ~n = ~n1 ou ~n = −~n1 . Portanto, substituindo em (1), vem


ZZ ZZ  
∂~r ∂~r
f~ · ~n dS = ± f~(~r(u, v)) · × du dv (2)
∂u ∂v
S R
ZZ
Exemplo 1: Calcular f~ · ~n dS, sendo f~ = x~i + y~j + z~k e S a superfı́cie da esfera representada
S
por

π π
~r(u, v) = (a cos u cos v, a sin u cos v, a sin v), 0 ≤ u ≤ 2π, − ≤v≤ .
2 2

Exemplo 2: Seja S a superfı́cie


ZZ do parabolóide ~r(x, y) = (x, y, x2 + y 2 ), (x, y) ∈ R, onde R =
(x, y)|x2 + y 2 ≤ 4. Determinar f~ · ~n dS, sendo f~ o campo vetorial dado por f~ = (3x, 3y, −3z).
S
ZZ
A Notação (f1 dydz + f2 dzdx + f3 dxdy)
S

Se a superfı́cie S é representada por ~r(u, v) = x(u, v)~i + y(u, v)~j + z(u, v)~k, (u, v) ∈ R, o vetor
∂~r ∂~r
× pode ser escrito na forma
∂u ∂v

∂~r ∂~r ∂(y, z)~ ∂(z, x)~ ∂(x, y) ~


× = i+ j+ k.
∂u ∂v ∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)

Assim, se o campo vetorial f~ é dado por f~ = f1~i+f2~j+f3~k, usando a equação (2), podemos escrever
ZZ ZZ ZZ ZZ
∂(y, z) ∂(z, x) ∂(x, y)
f~·~ndS = ± f1 (~r(u, v)) dudv ± f2 (~r(u, v)) dudv ± f3 (~r(u, v)) dudv.
∂(u, v) ∂(u, v) ∂(u, v)
S R R R

Essas integrais lembram a fórmula de mudança de variáveis para integrais duplas e sugerem a
notação tradicional.
ZZ ZZ
f~ · ~ndS = (f1 dydz + f2 dzdx + f3 dxdy).
S S

4.5 Teorema de Stokes


Anteriormente, vimos que, sob certas condições, uma integral curvilı́nea no plano pode ser trans-
formada em uma integral dupla, pelo teorema de Green.
O teorema de Stokes constitui uma generalização do teorema de Green para o espaço tridimensional
e pode ser utilizado para transformar determinadas integrais curvilı́neas em integrais de superfı́cie, ou
vice-versa.
Além disso, ele é de grande importância em aplicações fı́sicas.
4.6. Teorema da Divergência 43

Teorema

Seja S uma superfı́cie orientável, suave por partes, delimitada por uma curva fechada, simples,
suave por partes, C. Então, se ~g é um campo vetorial contı́nuo, com derivadas parciais de 1a ordem
contı́nuas em um domı́nio que contém S ∪ C, temos
ZZ I
rot ~g · ~ndS = ~g · d~r, (1)
S C

onde a integração ao longo de C é efetuada no sentido positivo determinado pela orientação de S,


como mostra a figura

Se o campo ~g tem componentes g1 , g2 , g3 , (1) pode ser reescrita como


I ZZ      
∂g3 ∂g2 ∂g1 ∂g3 ∂g2 ∂g1
(g1 dx + g2 dy + g3 dz) = − dydz + − dzdx + − dxdy.
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
C S
Z
Exemplo 1: Usando o teorema de Stokes, calcular I = (y 2 dx + z 2 dy + x2 dz), onde C é o
C
contorno da parte do plano x + y + z = a, a > 0 que está no 1o octante, no sentido anti-horário.

Exemplo 2: Seja S a parte do gráfico de z = 9 − x2 − y 2 , z ≤ 0 com normal exterior. Determinar


ZZ
rot~g · ~ndS, sendo~g = (3z, 4x, 2y).
S
Z
Exemplo 3: Calcular I = (sin zdx − cos xdy + sin zdz), onde C é o perı́metro do retângulo
C
0 ≤ x ≤ π, 0 ≤ y ≤ 1, z = 3 no sentido anti-horário.

4.6 Teorema da Divergência

O teorema da divergência expressa uma relação entre uma integral tripla sobre um sólido e uma
integral de superfı́cie sobre a fronteira desse sólido.
Esse teorema também é conhecido como teorema de Gauss e é de grande importância em aplicações
fı́sicas.
44 Capı́tulo 4. Integrais de Superfı́cie

Teorema

Seja T um sólido no espaço, limitado por uma superfı́cie orientável S, Se ~n é a normal unitária
exterior a S e se f~(x, y, z) = f1 (x, y, z)~i + f2 (x, y, z)~j + f3 (x, y, z)~k é uma função vetorial contı́nua que
possui derivadas parciais de 1a ordem contı́nuas em um domı́nio que contém T, então
ZZ ZZZ
~
f · ~n dS = div f~ dV
S T

ou
ZZ ZZZ  
∂f1 ∂f2 ∂f3
(f1 dydz + f2 dzdx + f3 dxdy) = + + dxdydz
∂x ∂y ∂z
S T
ZZ
Exemplo: Calcular I = [(2x − z)dydz + x2 dzdx − xz 2 dxdy], onde S é a superfı́cie exterior do
S
cubo limitado pelos planos coordenados e pelos planos x = 1, y = 1 e z = 1.
Referências Bibliográficas

[1] GONÇALVEZ, M. B.; FLEMMING, D. M. Cálculo B. 2 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2007.

[2] VILCHES, M. A.; CORRÊA, M. L. Cálculo. vol 3. IME, UERJ.

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