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ÍNDICE
Índice……………………………………………………………………………. 2
Introdução…………………………………………………………………………. 3
Os Princípios básicos do Psicodrama Centrado na Pessoa……………………... 4
Aplicação prática dos pressupostos teóricos do Psicodrama……………………. 7
Análise compreensiva…. ……………...………………………………...…….... 13
Conclusão………………………………………………………………………... 15
Bibliografia……………………………………………………………………… 17
2
Psicodrama_____________________________________________________________
INTRODUÇÃO
“BRINCANDO ÀS ESCOLINHAS”
Abstract
With this experience, I intend to put into practice theoretical constructs of a Psychodrama, on the
perspective of Personal-Centred Approach, used for a group of children about 8 and 12 years.
Thus I intend to register significant changes occured in children behaviour and the way they practice.
Resumo
Com esta experiência, pretendo colocar em prática os constructos teóricos, de um Psicodrama, na
perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa, aplicados a um grupo de crianças com idades
compreendidas entre 8 e 12 anos.
Pretendo assim, registar as alterações significativas ocorridas no comportamento das crianças e o modo
como as vivenciam.
“Se a brincadeira para a criança é o seu modo natural de expressão, porque tentamos
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Psicodrama_____________________________________________________________
Logo após a criação por Moreno (1932) do Psicodrama, muitas diferentes formas da sua
aplicação se foram desenvolvendo. Este trabalho utiliza uma dessas formas, o
Psicodrama na perspectiva da abordagem centrada na pessoa. A Terapia Centrada no
Cliente pressupõe uma abordagem de ajuda às pessoas e a grupos em conflito, através
de um processo auto-dirigido de desenvolvimento pessoal, que é possível na sequência
da criação de uma relação particular, caracterizada por autenticidade 1, cuidado, e
empatia 2. Em consequência, quer as pessoas quer os grupos são capazes, quando postos
em condições de facilitação, de desenvolver os processos ajustados a eles próprios e de
resolverem os conflitos dentro do próprio grupo (Raskins, 1989).
O Psicodrama é antes de mais uma forma particular da Psicoterapia de Grupo,
partilhando nesta medida das características genéricas da Terapia de grupo. A dinâmica
da psicoterapia assenta principalmente no encontro. O método de base, em todos os
métodos derivados é o método da interacção terapêutica. A sua característica é a ajuda
recíproca que os participantes vivenciam. A sua finalidade é a facilitação das
potencialidades individuais e das potencialidades do grupo.
Historicamente o Psicodrama desenvolveu-se a partir do «jogo» e em torno de uma
dramatização em que, à semelhança do teatro, se representam cenas, que são o elemento
criador do espaço e da liberdade para espontaneidade, para a acção e para a interacção.
Assenta em três particularidades que o distinguem de outras formas de estar em grupo:
1. O envolvimento numa situação psicodramática;
2. O facto de se tratar de um «jogo»;
3. O facto do corpo ser posto em movimento e constituir uma forma especifica de
linguagem não dialógica.
A situação psicodramática é o elemento primordial do Psicodrama. De facto o
Psicodrama «actua» através da sua parte representada. Esta, por breve e imperfeita que
1
A autenticidade reside para Rogers na capacidade de os homens se aproximarem uns dos outros através
de uma comunicação que privilegia aquilo que é próprio de cada um, que faz parte da sua experiência
pessoal (Nogueira Dias, 2004).
2
A empatia surge quando o terapeuta é sensível aos sentimentos e às reacções pessoais que o paciente
experimenta a cada momento, quando pode apreendê-los «de dentro» tal como o paciente os vê, e quando
consegue comunicar com êxito alguma coisa dessa compreensão ao paciente (Rogers, 1960).
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seja, é sempre eficaz. Todos a sentem. Acontece uma forma de ver e uma maneira de
escutar diferentes. A pessoa não só é escutada como também se escuta a si mesma, no
seu próprio discurso, que o grupo lhe reflecte como discurso de um outro.
Quanto ao jogo psicodramático, é uma situação que se aproxima muito do «jogo» da
criança, e que se desenvolve à volta de um tema que é proposto ao grupo e assumido por
este. É um jogo sério, mas também como o das crianças, é uma fantasia. Isto é, é um
momento e um lugar de ressurgimento possível ou de aproximação nova da realidade ou
das potencialidades da pessoa que à partida é possibilitada pela segurança de tudo ser
«como se fosse», mas não ser na realidade.
A terceira e última particularidade do Psicodrama é pôr em movimento o corpo, que tem
a sua própria linguagem. Experimenta-se a vivência do espaço onde se tecem as
relações entre os corpos, permitindo a expressão corporal, as atitudes, as mímicas, que
são uma forma de expressão dos sentimentos e dos afectos e que poderá estar em
harmonia ou em desacordo com a expressão verbal. O psicodrama conduz-nos ao limite
entre a palavra e o corpo, onde nasce a emoção.
O DESENVOLVIMENTO DA SESSÃO
A forma de desenvolvimento de cada sessão, realizada neste trabalho, obedece a um
esquema elaborado por João Hipólito (Hipólito, 1988) que se divide em quatro tempos:
1º Tempo – tempo de elaboração e concretização da cena a representar;
2º Tempo – tempo de representação;
3º Tempo – tempo de explicação do vivido;
4º Tempo – tempo de visionamento da gravação vídeo da representação.
O 1º Tempo (elaboração e concretização da cena) surge inicialmente, e está
relacionado com a capacidade que cada um tem de pensar em cenas para dramatizar. De
facto a abertura de uma sessão é sempre com uma interrogativa proposta pelo
facilitador 3: «Se alguém tiver uma proposta para representação? 4». Esta interrogação,
3
É o elemento que orienta e dirige o Psicodrama. Neste processo, o Facilitador, partindo de uma atitude
de aceitação confirmativa incondicional de cada pessoa e do movimento do grupo e de uma atitude de
compreensão empática, está em cada momento disponível para uma escuta compreensiva de cada um dos
participantes bem como para uma escuta do discurso do próprio grupo, movendo-se em permanência
numa dialética individual /grupal.
Como elemento charneira da fronteira realidade – representação, o facilitador está em permanência numa
dialética real/imaginário, repondo no aqui e agora do grupo, o vivido da representação. (Marques-
Teixeira, 1989)
4
Depois de ter lido o artigo do Professor Marques-Teixeira, achei que deveria adaptar ao modelo
estrutural das sessões de Hipólito, a interrogação que dá inicio à sessão psicodramática. De “Alguém tem
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que fica no ar, é o fermento inicial dessa capacidade de «pensar em cenas». Assim cada
participante é livre de propor uma cena para ser representada, cuja escolha é rectificada
por consenso após elaboração.
O momento da concretização da proposta é mais heterogéneo havendo uma maior
participação do grupo na ajuda à concretização da cena proposta. Assim é necessário
criarem-se personagens, definir um enquadramento e uma interacção.
O 2º Tempo (representação) é o tempo central e identifica o Psicodrama e as técnicas
dramáticas em geral. Caracteriza-se pela acção dramática, em que os actores
(participantes que incarnam personagens) interactuam entre si no enquadramento
definido e aceite pelo grupo. Ao grupo, é possível observar o desenrolar da
dramatização e posteriormente pronunciar-se sobre a forma como a viveram.
O 3º Tempo (explicitação do vivido), em que há a participação de todo o grupo,
constitui a ponte, facilitada pelo imaginário, para as vivências mais profundas da
pessoa. Cada actor e os participantes podem agora exprimir a sua vivência ou a sua
elaboração, privilegiando-se num primeiro momento os actores e num segundo, todo o
grupo.
O 4º e último Tempo (visionamento do vídeo), constitui um aspecto importante desta
metodologia, em que a introdução da técnica de vídeo possibilita aos participantes que
representaram, um distanciamento em relação à própria experiência vivida no momento
da dramatização, vendo-se a eles próprios através dos seus olhos. É mais uma
possibilidade de tomada de consciência das discrepâncias entre o que foi proposto e o
que foi dramatizado, e constitui uma possibilidade de repor ao grupo o sentido da acção,
no contexto global da acção.
alguma cena a propor para se dramatizar?”, para “Se alguém tiver uma proposta para representação?”.
Por achar ser uma interrogação de compreensão mais simples, apelativa e eficaz.
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Na maioria das sessões foram efectuadas gravações vídeo, exceptuando na primeira e na última.
6
Actividades de ocupação dos Tempos Livres.
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visível nos elementos que representaram papeis menos dominantes. Estes adoptaram
posturas mais passivas e obedientes.
Após o visionamento das imagens da dramatização, alguns elementos apresentaram
níveis elevados de excitação, pelo que se tornou difícil na terceira sessão conter a sua
euforia, e tomar o controlo da mesma.
7
A directora do Centro chama-se Cláudia.
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propostas levantadas. Não passou em claro o facto de ter sido este elemento o
protagonista da sessão anterior. Este comportamento e postura incorrecta da sua parte
levaram a que todo o grupo exercesse sobre si uma posição de contestação, acabando
por não aguentar a situação e saindo do grupo. Assim o grupo aprendeu, que uma vez
aceite uma proposta, todos os elementos devem fazer um esforço em acatá-la, e apoiar o
protagonista na realização da mesma da melhor maneira.
Foi também possível observar, a partir das representações efectuadas, uma boa
capacidade de apreensão do mundo dos adultos por parte das crianças, através dos
conteúdos das conversas mantidas entre as personagens e pelas próprias representações
em si.
Relativamente ao protagonista, regista-se que ao contrário dos anteriores, revelou
sempre um distanciamento e pouca capacidade de controlo ou liderança, acabando todos
por ter uma actuação mais individual, dispersa e até mesmo ausente. Foi possível
portanto, observar fenómenos de grupo, de liderança mais propriamente, e a influência
do comportamento do protagonista sobre o desempenho dos restantes elementos do
grupo.
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Este recinto poderá proporcionar a cada criança uma zona segura, onde ela poderá extravasar os seus
sentimentos sem receios e, assim, aceitando-os e entendendo-os, desabrochar a original unicidade do seu
ser (Axline, 1964).
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Devo por fim realçar, que nestas últimas sessões persistiu sempre uma atmosfera de
confiança e de alegria entre todos os elementos do grupo, e entre estes e o
Psicólogo/Facilitador. Foi extremamente gratificante ver nesta parte final do trabalho, a
união e a coesão que todos manifestaram entre si.
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ANÁLISE COMPREENSIVA
Sendo certo que o homem nasce, cresce e morre, fazendo a sua caminhada a par e passo
com os outros, os grupos constituem para ele lugares de aprendizagens e referências de
inspiração, tanto para os papeis que têm de desempenhar, como para as formas de
pensar, sentir e agir.
Mas as relações grupais são alternadas entre o equilíbrio e o desequilíbrio, quer no que
se refere aos processos cognitivos, quer aos afectivos e emocionais.
É próprio dos grupos a competição, a imposição do poder, os conflitos, a ordem e a
desordem. Tratando-se de grupos familiares, de companheiros ou organizacionais, estes
processos estão sempre neles presentes.
Baseando-nos na Abordagem Centrada na Pessoa, proposta por Carl Rogers, bem como
nos instrumentos conceptuais das ciências sociais e humanas, podemos equacionar um
quadro de condições que, postas em acção, podem facilitar as relações grupais e o
desenvolvimento humano (Nogueira Dias, 2004).
É com este pensamento, que partilho na integra, que início esta análise. De facto não
posso esquecer que por detrás da técnica psicodramática, existe um grupo de crianças
que partilha diariamente os mesmos espaços.
Com a criação do grupo do Psicodrama, surgiu a oportunidade de trabalhar estas
crianças, de uma forma bastante diferente da habitual. Este factor funcionou, por si só,
como alavanca fornecendo-lhes interesse e motivação suficiente para ultrapassar as
exigências iniciais do método.
Por várias razões optei por formar um grupo aberto. Desde logo, porque se assim não
fosse, teria que mexer na orgânica de funcionamento da instituição, e isso, era de todo
desaconselhado. Por outro lado, previa que alguns elementos, fruto da imaturidade de
pensamento, da pressão e da excitação inicial, não conseguissem acompanhar a
experiência do princípio ao fim. Por último, imperialmente achava que necessitava de
mais tempo, espaço e crianças disponíveis, para que a experiência realizada fosse
constituída por um agrupo fechado.
Embora reconheça que alguns acontecimentos se propiciaram pelo facto do grupo ser
aberto, de outro modo, o facto das crianças se conhecerem e frequentarem os mesmos
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CONCLUSÃO
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Talvez haja mais compreensão e beleza na vida quando os raios ofuscantes do sol
forem suavizados pelos contornos da sombra. Talvez haja raízes mais profundas numa
amizade que sofreu tempestades e as venceu. A experiência que nunca desaponta ou
entristece, que nunca toca nos sentimentos, é uma vivência neutra com pequenos
desafios e variações de cor. Quando sentimos confiança, fé e esperança de que
podemos concretizar os nossos objectivos, isto constrói dentro de nós um manancial de
força, coragem e segurança.
Somos personalidades que crescemos e nos desenvolvemos como o resultado de todas
as nossas experiências, relacionamentos, pensamentos e emoções. Somos uma
totalidade que, fazendo-se, faz a própria vida.
Virgínia M. Axline
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BIBLIOGRAFIA
Artigos:
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