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PLANTAÇÃO DE
IGREJAS
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com grande satisfação que apresento a você as boas-vindas à disci-
plina Modelos de Plantação de Igrejas. Sou o professor Galaor Linhares Tupan Júnior,
pastor evangélico, e tenho trabalhado pela Igreja do Senhor há mais de 25 anos, junto
à Missão Cristã Elim. Nesse tempo, plantamos igrejas em várias cidades do território na-
cional, incluindo o interior do Amazonas. Agora, estamos também na Colômbia. Nosso
desejo é obedecer ao mandamento final de Jesus Cristo, avançando para a África, Ásia
e até os confins da terra. Cristo amou sua Igreja e deu sua vida por ela. Que seja assim a
vida daqueles que desejam segui-Lo.
Meu objetivo, ao escrever este livro, é despertá-lo(a) para a vocação missionária da Igre-
ja no mundo e instrumentalizá-lo(a) para a plantação de igrejas. No decorrer de seus
estudos, procure interagir com os textos, fazer anotações, realizar as atividades de es-
tudo e, acima de tudo, compreender como o conteúdo do livro pode se tornar realida-
de em suas ações. De muitas maneiras, você vai observar que seus estudos podem ter
aplicação prática em sua vida cristã, quer como um plantador de igrejas, quer como um
teólogo, ou, simplesmente, como um discípulo do Senhor Jesus Cristo.
Estaremos juntos para abordar os princípios básicos de plantação de igrejas, compre-
endendo biblicamente esse termo e verificando sua importância para a evangelização.
Nossos estudos consideram a teologia bíblica do plantio de igrejas. Vamos realizar uma
reflexão crítica sobre Missio Dei e o reinado de Deus, reconhecendo sua soberania frente
à plantação de igrejas. As citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Revista e
Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil.
Cremos que as promessas que Deus concedeu a Abraão são para todas as famílias da
terra. Reconhecemos que a Igreja do Senhor é uma só e desejamos que o evangelho
cumpra com seu propósito em diferentes línguas, tribos, povos e nações. Para isso, uma
compreensão adequada do significado de cultura é um pré-requisito para uma comu-
nicação eficaz das boas novas do evangelho. Vamos considerar a necessidade de utili-
zação de modelos adequados de plantação de igrejas, respeitando as diferenças trans-
culturais.
Teremos um momento para identificar qual é o perfil do plantador de igrejas e como
esse pode ser lapidado. Vemos, no chamado de Cristo, o desafio de depender daquele
que chama, e não de quem somos. Nossas fraquezas podem tornar-se uma oportunida-
de para a manifestação do poder e da graça de Deus.
Finalizando, vamos vivenciar o desafio da plantação de uma nova igreja, considerando
o exímio modelo do apóstolo Paulo, e estratégias essenciais para essa missão. Veremos
que o Espírito Santo é a pessoa central para o nascimento de uma igreja, o que pode ser
observado em Sua atuação poderosa em todo o livro de Atos dos Apóstolos. Como dis-
se o Senhor Jesus na Grande Comissão, em Mateus 28, 20: “[...] ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século”.
APRESENTAÇÃO
Espero que, ao término desta disciplina, os conceitos aqui ensinados sejam trans-
formados em novas congregações em áreas do mundo ainda não alcançadas, ou
sejam traduzidos no fortalecimento das congregações já existentes. “Até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (BÍBLIA, Efésios 4,13).
Um grande abraço, bons estudos e que Deus os abençoe.
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
33 Considerações Finais
37 Referências
38 Gabarito
UNIDADE II
43 Introdução
62 Cosmovisão e Contextualização
68 Considerações Finais
72 Referências
73 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
77 Introdução
87 Diferenças Transculturais
122 Referências
123 Gabarito
UNIDADE IV
127 Introdução
169 Referências
170 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
173 Introdução
208 Referências
209 Gabarito
213 Conclusão
Professor Dr. Galaor Linhares Tupan Junior
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
I
UNIDADE
PLANTAÇÃO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar biblicamente os termos relacionados ao plantio de igrejas.
■■ Descrever as fases do processo de plantio de igrejas.
■■ Conhecer os elementos presentes na plantação de igrejas.
■■ Considerar as abordagens históricas mais comuns nos últimos
séculos sobre plantio de igrejas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos
■■ O Plantio de Igrejas como Processo Orgânico
■■ Elementos Presentes na Plantação de Igrejas
■■ Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas
15
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a). Muita literatura tem sido escrita a respeito da Igreja e sua
missão. Desde as primeiras páginas do Antigo Testamento, observamos que o
pecado de Adão não abortou o plano original de Deus. Havia um caminho para
a reconciliação; mediante o qual o homem poderia ter sua comunhão com Deus
restaurada e reconstruída. Deus escolheu Abraão e seus descendentes para aben-
çoar o mundo. O aparente fracasso dos judeus, com a final rejeição do Messias
também não puderam invalidar o propósito divino.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PLANTIO DE IGREJAS - CONCEITOS E TERMOS
Esses dois termos caminham juntos no Novo Testamento, no qual lemos que foi
proclamado o evangelho, sempre verificamos que este foi depois demonstrado,
evidenciado, manifestado por meio do testemunho de vida.
Jesus chamou sua Igreja para pregar e viver. Lidório (2011) apresenta o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Processo é uma palavra com origem no latim procedere, que significa mé-
todo, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atin-
gir algum objetivo. Relativamente à sua etimologia, processo é uma palavra
relacionada com percurso, e significa ‘avançar’ ou ‘caminhar para a frente’”.
Fonte: Significados ([2017], on-line)1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Outra diferenciação abordada por Lidório (2011), Bastos (2010) e diversos auto-
res é entre igreja e templo. Para você, qual é a diferença?
Principalmente no Brasil, nosso conceito de igreja está atrelado a templo.
Quando falamos sobre plantio de igrejas, algumas vezes, pensamos no aspecto
do edifício e não em pessoas. Igreja não é estrutura, não é templo, não é insti-
tuição, mas são pessoas convertidas ao Senhor Jesus. Na África, por exemplo,
muitas igrejas se reúnem embaixo de árvores. Quem vai plantar uma igreja não
construirá, necessariamente, um templo, mas vai evangelizar, discipular, ajun-
tar convertidos, treinar líderes e acompanhar a igreja formada.
Jesus, que inaugurou a plantação da Sua Igreja na Terra, não construiu
nenhum templo. Em Atos, capítulo 2, há o relato de que a igreja louvava a Deus
no templo e de casa em casa. Ali estavam judeus, que preferiam o templo, demons-
trando suas raízes no judaísmo, e gentios que preferiam as casas. Embora houvesse
a preferência por lugares distintos para louvar a Deus, eles eram unânimes: os gen-
tios também iam ao templo e judeus também reuniam-se nas casas. Esse conceito
de união como marca da Igreja primitiva também é abordado nos comentários
de Atos, capítulo 2, da Bíblia Missionária de Estudos (2014).
Encontramos no texto de Alexandre Bastos, em Metodologia de Plantação
de Igrejas, o mesmo princípio apresentado:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O conceito de plantio de igrejas como processo orgânico é apresentado pelo
apóstolo Paulo em I Coríntios 3, 6, que diz: “Eu plantei, Apolo regou; mas o
crescimento veio de Deus”.
Paulo e Apolo desempenharam diferentes serviços, Paulo plantou,
Apolo regou. A metáfora de semear e de cuidar da plantação é bem sig-
nificativa no que se refere às fases de implantação de uma igreja local.
Os trabalhadores nada seriam sem a intervenção divina no crescimen-
to da igreja plantada. O trabalho missionário é árduo, como o é o de
plantar e regar. A dependência de Deus é a chave para um crescimento
constante e duradouro (BÍBLIA, 2014, p. 1172).
Plantar, regar e fazer crescer estão relacionados com aspectos vitais de cresci-
mento, de realização contínua e prolongada. A plantação de igrejas permanentes
e verdadeiras depende, em primeira instância, do próprio Deus. Os cristãos são
a lavoura em que o Pai é o agricultor e cultiva a Cristo. Os ministros de Cristo
podem plantar e regar, mas somente Deus pode dar o crescimento.
Embora, biblicamente, uma igreja plantada seja considerada “lavoura de
Deus”, onde há o plantio, rega e o crescimento, ela também é considerada “edifí-
cio de Deus”, cujo único fundamento é Cristo Jesus. Quem O definiu como base
para o edifício foi Deus, em Seu supremo propósito. Programas e métodos de
crescimento não podem ser eficazes sem Cristo, que é a vida da igreja.
Conforme I Coríntios 3,12, simbolicamente, os materiais adequados para a
edificação de igrejas são ouro, prata e pedras preciosas, os quais são minerais. O
ouro pode representar a natureza divina do Pai, com todos os seus atributos; a
prata pode representar o Cristo Redentor, Sua morte na cruz, todas as virtudes
e atributos de Sua pessoa e obra. As pedras preciosas, por sua vez, representam
a obra transformadora do Espírito Santo com todos os atributos de Sua pessoa.
A ideia de transformação de “lavoura de Deus” em “edifício de Deus” mani-
festa o caráter de modificação que a experiência cristã produz em nós. Portanto,
plantação de igrejas constitui-se integralmente num processo espiritual.
Hesselgrave (1995), apresenta, em seu livro Plantar Igrejas, um estudo
detalhado e criterioso das etapas que envolvem o processo de plantar igrejas,
considerando que:
[...] a missão primária da Igreja e, portanto, das igrejas, é proclamar o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esta é a tarefa central à qual Cristo chama o Seu povo. Nela encontramos a essên-
cia e o método da missão. Quem ordena a tarefa é Aquele que tem autoridade
para fazê-la. Após Sua obediência até a morte, morte de cruz, Deus, o Pai, con-
cede ao Filho toda autoridade nos céus e na terra. Como já foi testado por seus
discípulos, o Espírito Santo nos concede poder e força enquanto cumprimos o
mandamento.
As instruções para o plantio de igrejas ficam claras nas ordens de Jesus e
são tomadas como base para o trabalho da igreja primitiva. Indicamos a seguir
essas fases ou etapas, resumidamente, que envolvem a plantação de uma igreja:
1. Ir: levar a palavra do Senhor a campos ainda não alcançados. Aqueles
que são comissionados a ir fazem parte da comunidade de discípulos.
Foram salvos pela fé na palavra da pregação, batizados, testemunhando
arrependimento e foram transformados pela obediência aos ensinamen-
tos do Senhor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais próxima e pessoal, com o propósito de que a nova congregação
tenha um governo local, ou para que esses sejam enviados a novos cam-
pos ainda não alcançados.
6. Acompanhar: as novas congregações devem ser acompanhadas, con-
tinuamente, para correção de desvios, encorajamento dos irmãos e
fortalecimento da liderança local, assim como sempre fazia o apóstolo
Paulo.
Nesse versículo Paulo resume, dentre todas as suas cartas, o processo de plan-
tio de uma igreja local e explica aos tessalonicenses os elementos essenciais que
fizeram a igreja em Tessalônica nascer tão rapidamente. A Bíblia Missionária
de Estudos (2014), apresenta comentários de Lidório, o qual considera o nasci-
mento da igreja um fruto da chegada do evangelho que:
1) Chega em palavra, do grego logos, ou seja, habilidade comunicacional,
sermão comunicado de forma inteligível na língua e cultura daquele que
está ouvindo.
vontade do Pai.
Em Atos, capítulo 17, Paulo e seus companheiros estavam em uma pequena cidade
chamada Tessalônica, na qual ele pregou o evangelho apenas por três semanas.
Aos sábados, ele evangelizava os judeus na sinagoga e, durante a semana, evange-
lizava gentios e judeus no mercado que ficava na praça central da cidade. Depois
de três a cinco semanas, nasceu uma igreja em Tessalônica, o que, mesmo para
Paulo, foi algo sobrenatural, uma vez que a plantação da igreja de Éfeso, por
exemplo, ocorreu em três anos.
Sobre o processo de plantação de igrejas entre os irmãos tessalonicenses,
Lidório (2011), faz uma paráfrase das palavras de Paulo:
[...] meus irmãos em Tessalônica, vocês ficaram impressionados com o
meu ministério? Não foi por isso que vocês se converteram. Vocês se
converteram porque o evangelho, que é o Senhor Jesus Cristo, chegou
até vocês. Chegou também em palavra humana, mas não foi isso que
transformou os seus corações, mas foi o poder de Deus e o Espírito
Santo que operou em vocês. E quanto a mim, Paulo, e meus compa-
nheiros, nós tínhamos certeza, plena convicção, de que nós estávamos
fazendo a vontade de Deus (LIDÓRIO, 2011, p. 7).
Segundo Lidório, sem tais elementos, a igreja em Tessalônica não nasceria, pois,
dentro do processo de espalhar o evangelho e plantar igrejas, nada acontecerá
sem o poder de Deus e a ação do Espírito Santo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E você? Tem procurado ter a plena certeza (pleroforia) de que está no centro
da perfeita vontade de Deus? Se você não tem esta certeza, busque-a do
Senhor e não defina os próximos passos da sua vida por qualquer critério
que não seja a vontade dEle.
(Ronaldo Lidório)
nos alerta que Igrejas são plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros,
nas casas, nas matas, nas aldeias, nos condomínios. Igrejas são plantadas
nos lugares onde estão aqueles que ainda não conhecem pessoalmente a
Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas precisa ter é a de ir aos luga-
res onde as pessoas estão.
■■ Oração: todos os lugares e épocas em que houve grande avanço mis-
sionário foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é
repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é
transmissão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para
uma convivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em Mateus 18, 18 a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado
nos céus, e tudo o que desligarmos na terra terá sido desligado nos céus”
e que, “se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qual-
quer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhe-á concedida por meu Pai,
que está nos céus”. Isso, obviamente, não significa, de modo algum, que
podemos forçar Deus a fazer o que Ele não quer, mas sim que podemos
reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu perfeito conhecimento
e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos nossas baterias”,
pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata que Jesus,
intensamente, trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava demô-
nios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia
com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão
e relacionamento com Deus. Ali, Jesus refletia, descansava e encontrava
refrigério para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm
tempo para orar, para refletir, não têm tempo para ter amizades, para
abrir o coração, não têm tempo para serem pastoreados. Caem em cila-
das malignas porque, no meio do cansaço, não percebem que “baixam a
sua guarda”. Então, tudo que é carnal ganha mais força, aquilo que é do
Espírito é colocado de lado. Assim, ficam mais vulneráveis e rendem-se
a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve ter uma forte vida
de oração e vigilância em Deus.
■■ Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira
bem clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao final de um
período de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as ativida-
des que serão desenvolvidas para se alcançar esses alvos. Na Unidade V
trataremos esse assunto de forma específica.
farão mais diferença no processo de plantar igrejas do que suas áreas de facili-
dade e habilidade. Na Unidade IV estudaremos aspectos específicos do perfil e
caráter desejados para o plantador de igrejas.
A perspectiva histórica do
plantio de igrejas, certamente,
encontra-se entrelaçada com
a história da missão cristã.
Páginas incontáveis têm sido
escritas a esse respeito. Nossa
narrativa histórica detém-se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ao processo seletivo de esco-
lha dos conteúdos a serem
abordados, considerando-se
que o volume dos aconteci-
mentos é muito vasto, em
diferentes locais geográfi-
cos. Levaremos em conta
aqui apenas alguns pontos
importantes. Hesselgrave,
analisando as abordagens
mais comuns nos últimos
séculos, diz que:
[...] os Reformadores dos séculos XVI e XVII recuperaram a mensagem
da Igreja, mas (na maior parte) estavam demasiadamente preocupa-
dos com os problemas da Europa para darem muito ímpeto às missões
noutras partes do mundo (HESSELGRAVE, 1995, p. 20).
embora tenha tido, na infância, uma formação modesta. Com sua dedicação
ao Senhor e estudos da Bíblia, Carey concluiu que a evangelização mundial era
a principal responsabilidade da Igreja de Cristo. Sua denominação não aceitou
suas declarações, dizendo que se Deus resolvesse converter os gentios o faria
sem a ajuda de Carey.
Em 1792 Carey publicou um livro de 87 páginas intitulado “Uma investi-
gação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios para a conversão dos
pagãos”. Este se tratava de uma avaliação do mundo de seus dias, que refletia a
necessidade urgente da proclamação do evangelho a todas as nações da terra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No mesmo ano ocorreu a organização da Sociedade Missionária Batista, e Carey
se ofereceu para ser o primeiro missionário enviado.
Menos de um ano depois, em junho de 1793, ele e sua família partiram para
a Índia como membros da mesma sociedade. Carey chegou em Hooghly no dia
11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era das missões além mar,
promovidas pela Inglaterra e Estados Unidos.
O trabalho de Carey na Índia foi excepcional e inusitado: ele tinha uma visão
missionária muito à frente do seu tempo, dedicando-se à causa cristã sem afron-
tar os aspectos da cultura local que não feriam os valores revelados por Deus
nas páginas da Bíblia Sagrada. Sua importância para o cristianismo na Índia
foi extraordinária. Junto com William Ward e Joshua Marshman, missionários
que se juntaram a ele em 1799, fundaram 26 igrejas, 126 escolas e traduziram
a Bíblia para 44 idiomas, além da vasta contribuição social que exerceu grande
impacto na Índia.
Lidório comenta que William Ward, companheiro e contemporâneo de
Carey, escreveu, em 1805, em um jornal criado pela equipe:
[...] ao plantarmos igrejas distintas, pastores nativos devem ser escolhi-
dos […] e missionários devem preservar suas características originais,
dedicando-se ao plantio de novas igrejas e supervisionando aquelas já
plantadas (LIDÓRIO, 2011, p. 15).
Lidório também cita Henry Venn e Rufus Anderson que começam a delinear a
necessidade de que as igrejas plantadas guardem autonomia e suficiência como
um organismo vivo:
Observaremos que o plantio de uma nova igreja não está pautado naquilo
que a força humana pode fazer, mas que igreja é obra de Deus e manifesta-
ção poderosa do Espírito Santo. Nada pode deter vidas que encontram em
Deus sua suficiência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A dificuldade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do dis-
cipulado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
34
Quando olhamos para o início da igreja vemos o quanto os irmãos viviam em oração.
Basta lermos os capítulos iniciais do livro de Atos e saberemos o porquê de tanto poder
em manifestação naqueles dias. Não era porque eles eram mais especiais do que nós,
nem pelo fato da igreja estar em seu início. A causa do poder estava na vida de comu-
nhão, de uma vida de oração.
O missionário e missiólogo Patrick Johnstone, em seu livro Intercessão Mundial, diz que:
“Quando o homem trabalha, o homem trabalha; quando o homem ora, Deus trabalha”.
Jorge Müller costumava dizer que “Um crente pode fazer mais em quatro horas, depois
de empregar uma em orar, que cinco sem orar”.
Precisamos entender que, para realizarmos a obra que o Senhor nos tem chamados, a
fazer, não seremos bem sucedidos se não orarmos. O poder ou a manifestação do poder
está numa vida de oração individual e congregacional.
No que tange à obra missionária – evangelismo de escopo mundial - temos aprendido
que podemos fazer a diferença no curso da vida de muitas pessoas por causa da nossa
vida de oração.
Em I Timóteo 2:4, a Bíblia nos diz que é a vontade de Deus que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Mas isto irá acontecer só porque
é vontade de Deus? Não!
Como já disse John Wesley: “Nos parece que Deus é limitado pela nossa vida de oração.
Ele nada faz pela humanidade a menos que alguém o peça para fazê-lo”.
Para que a vontade de Deus, expressa em I Timóteo 2:4 se cumpra, se faz necessário duas
ações do homem: orar e evangelizar.
Reinhard Bonnke diz em seu livro, Evangelismo por Fogo que “Evangelismo sem inter-
cessão é um explosivo sem um detonador. Intercessão sem evangelismo é um detona-
dor sem um explosivo”. Se juntarmos esses dois indispensáveis ingredientes, no entanto,
poderemos transformar o mundo, como foi dito com respeito a Paulo e Silas em Atos 17.
Precisamos ir, precisamos evangelizar e será a nossa oração que preparará o caminho
para nós passarmos. A nossa missão depende da nossa vida de oração!
Fonte: Verbo vida (2015, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.significados.com.br/processo/>. Acesso em: 19 maio. 2017.
2
Em: <http://verbodavida.org.br/lista-blogs/direto-da-agencia/vida-de-oracao-2>.
Acesso em: 19 maio. 2017.
GABARITO
olharmos para uma cidade carente do evangelho, orar por essa cidade, desper-
tar outros para oração e despertar parceiros para o projeto, enviar um plantador
de igrejas para o local, apoiar aquele que foi enviado até que pessoas se con-
vertam ao evangelho de Cristo e, assim, ver uma igreja nascer. Ninguém investe
em um negócio indefinido, os recursos sempre seguem a visão. As pessoas se
envolvem com aquilo que traduzem a elas convicção e paixão.
Oportunidade: há lugares onde nós temos muitas oportunidades para pregar
o evangelho, discipular pessoas e treinar líderes. Outros lugares são fechados,
com mínimas oportunidades. A questão não é quantas oportunidades nós te-
mos, mas quantas oportunidades nós usamos. Temos que pedir a Deus que os
nossos olhos sejam abertos para as oportunidades.
Teologia: ter como nosso guia a Palavra de Deus. Os projetos de crescimento e
plantio de igrejas não podem se afastar dos fundamentos teológicos. Segundo
Lidório (2011, p. 13), “nem tudo o que funciona é Bíblico”. Existem métodos que
são humanos, carnais e até mesmo malignos. Nós seremos cobrados por Deus
se formos infiéis aos Seus ensinamentos.
Continuidade: o plantador de igrejas deve manter constância e permanência
no acompanhamento dos trabalhos realizados. Muitos projetos de plantio de
igrejas são interrompidos, porque na fase do ajuntamento dos convertidos o
plantador da nova igreja se ausenta. O momento de ajuntar é essencial para
a consolidação da nova igreja. Mesmo depois da igreja plantada é necessário
manter a continuidade. Isso é nitidamente observado no ministério do apóstolo
Paulo. Ele plantava uma igreja, voltava para ajustar, mandava alguém para visi-
tar, escrevia e enviava cartas, articulava o estabelecimento de lideranças. Orava
pelas igrejas plantadas e as acompanhava permanentemente, visando seu for-
talecimento.
Prática: abundante evangelização. Um dos maiores entraves para plantio de
igrejas é a pouca evangelização. Há muita expectativa de que as pessoas se con-
vertam, mas, com pouca evangelização. Lidório (2011) nos alerta que Igrejas são
plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros, nas casas, nas matas, nas aldeias,
nos condomínios. Igrejas são plantadas nos lugares onde estão aqueles que ain-
da não conhecem pessoalmente a Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas
precisa ter é a de ir aos lugares onde as pessoas estão.
Oração: em todos os lugares e épocas, onde houve grande avanço missioná-
rio, esse avanço foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é
repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é trans-
missão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para uma con-
vivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina, em Mateus 18, 18
a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que
desligarmos na terra terá sido desligado nos céus” e que, “se dois dentre vós,
sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pe-
GABARITO
direm, ser-lhe-á concedida por meu Pai, que está nos céus”; isso, obviamente,
não significa, de modo algum, que podemos forçar Deus a fazer o que Ele não
quer, mas sim que podemos reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu
perfeito conhecimento e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos
nossas baterias”, pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata
que Jesus, intensamente, trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava
demônios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia
com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão e re-
lacionamento com Deus. Ali, Jesus refletia, descansava e encontrava refrigério
para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm tempo para orar,
para refletir, não têm tempo para ter amizades, para abrir o coração, não têm
tempo para serem pastoreados. Caem em ciladas malignas porque, no meio do
cansaço, não percebem que “baixam a sua guarda”. Então, tudo que é carnal
ganha mais força, aquilo que é do Espírito é colocado de lado. Assim, ficam mais
vulneráveis e rendem-se a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve
ter uma forte vida de oração e vigilância em Deus.
Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira bem
clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao final de um período
de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as atividades que serão
desenvolvidas para se alcançar esses alvos.
Liderança local: o bom plantador de igrejas é aquele que pensa em ir embora
no dia em que chega. Ele aspira estabelecer aquela obra para adentrar em no-
vos campos. Por isso, ele identifica, dentre os novos convertidos, pessoas que
possam ser treinadas para a futura liderança local daquela igreja.
5.
• A dificuldade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do discipu-
lado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas.
• A demora na introdução dos convertidos à vida diária da igreja, diluindo o
valor da comunhão e integração além de gerar crentes imaturos, sem fun-
ções, desafios ou envolvimento.
• A despreocupação com os fundamentos teológicos e atração pelos meca-
nismos puramente pragmáticos.
• A ausência de sensibilidade social e cultural, pregando um evangelho sem
sentido para o contexto receptor. Uma mensagem alienada da realidade
da vida.
• A excessiva pressa no plantio de igrejas, gerando comunidades superficiais
na Palavra e abrindo oportunidades reais para o sincretismo ou nominalis-
mo.
• O excessivo envolvimento com a estrutura da missão ou da igreja, desgas-
Professor Dr. Galaor Linhares Tupan Junior
TEOLOGIA BÍBLICA DO
II
UNIDADE
PLANTIO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Assinalar a interdisciplinaridade entre Teologia e Missiologia.
■■ Compreender a soberania do reinado de Deus na plantação de
igrejas.
■■ Compreender os critérios teológicos para o plantio de igrejas.
■■ Refletir sobre cosmovisão e contextualização no processo bíblico de
proclamação da mensagem.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Acordo entre Teologia e Missiologia
■■ Reflexão Crítica sobre Missio Dei e Reinado de Deus
■■ Orientação Teológica para o Plantio de Igrejas
■■ Cosmovisão e Contextualização
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INTRODUÇÃO
Para que todas as famílias da terra sejam alcançadas pelo evangelho, neces-
sitamos plantar igrejas nas cidades, nos povoados, em lugares longínquos e nas
tribos de diferentes etnias. Observaremos o modelo do apóstolo Paulo, que con-
siderou o desafio de evangelizar e plantar igrejas entre todos os povos, mas sem
separar a ação missionária da doutrina bíblica correta. Apresenta-se, para nós, a
necessária interdependência entre teologia e plantação de igrejas: uma não pode
sobreviver sem a outra.
Faremos uma reflexão crítica sobre a Missio Dei e o reinado de Deus, buscando
conciliar Missão e Evangelização. Atualmente, sabemos que o mundo organiza-
cional aborda enfaticamente missão como a razão de ser de uma organização.
Na missão, tem-se destacado o que a empresa produz, sua expectativa de êxito
futuro e como espera ser identificada pelos clientes e pelo mercado; entretanto,
quando abordamos a Missão de Deus, não estamos falando de nenhum empre-
endimento humano, mas do propósito supremo de Deus em redimir Sua criação.
Na finalização da unidade, trataremos a relevância de conhecermos os con-
textos culturais em que a evangelização ocorre, seus objetivos, limitações e a
necessidade de que o conteúdo teológico não se perca.
Bons estudos!
Introdução
44 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ACORDO ENTRE TEOLOGIA E MISSIOLOGIA
Ronaldo Lidório (2011) faz uma análise de aspectos que, historicamente, tra-
zem limitações ao processo de plantio de igrejas. Essas limitações esclarecem, de
certa forma, a tendência do afastamento entre teologia e missiologia ocorrido
em diversas partes do mundo. Nossa intenção é permitir a problemática, com
vistas à construção de um entendimento teológico apropriado. Consideremos
algumas das limitações indicadas por Lidório (2011):
a) Como o assunto de plantio de igrejas está ligado à metodologia e pro-
cesso de campo, a tendência é avaliá-lo mais pelos resultados que produz do
que por seus fundamentos teológicos. Lidório (2011, p. 5), classifica esse fato
como “abordagem pragmática”, o qual traz a possibilidade de se deixar de
lado “o que é bíblico e teologicamente evidente” por aquilo que é prático e traz
melhores resultados; contudo, o divórcio entre teologia e missiologia não acon-
tecerá sem graves consequências e prejuízos para o plantio de igrejas. Portanto,
teremos como premissa de nossa abordagem acadêmica as raízes teológicas do
trabalho realizado pelos apóstolos no estabelecimento da igreja primitiva. Sua
ação é descrita na Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo e seu processo de
semeadura do evangelho deve ser observado. Não devemos nos fundamentar
por meio daquilo que funciona, mas pelo que é bíblico e teologicamente correto.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Significados ([2017], on-line)1.
Lidório (2011), apresenta o risco de termos igrejas evangelizadoras que não vivem
a palavra de Deus. Esse entendimento eclesiológico não dispensa a Igreja da
prioridade da proclamação do evangelho. Ainda que a evangelização não seja a
única característica procurada por Deus em Sua Igreja é uma prioridade urgente
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para a salvação de um mundo perdido que necessita ser reconciliado com Deus.
Diante de toda problemática apresentada quanto às possíveis fragilidades na
definição de uma teologia correta para a prática missiológica, consideramos que
nenhuma ação missionária deve ser tratada de forma isolada, mas deve ter sua
prática consolidada em toda teologia bíblica. Temos como fonte e motivação o
próprio Deus. Nesse sentido Peters (2000, p. 32), cita Webster: “[...] nós come-
çamos, então, onde a missão começa, com Deus”.
Outro teólogo contemporâneo que nos
auxilia no entendimento da conciliação entre
Teologia e Missiologia é Charles Van Engen
(1996). Ele considera, em seus estudos, que as
igrejas locais têm uma razão de serem multifa-
cetadas no que diz respeito à sua participação no
mundo, por meio da comunhão, proclamação,
serviço e testemunho. Devido ao grande número
de agências missionárias sem qualquer vínculo
denominacional, as igrejas locais, como agen-
tes missionários, ficaram relegadas a celeiros de
candidatos e fontes de suporte financeiro. Muitas
agências, organizações e instituições missioná-
rias são os únicos agentes missionário de Deus.
Dessa forma, a Eclesiologia passou a não ser tratada como assunto sério na
discussão dessas instituições. Por outro lado, as igrejas locais se divorciaram, mui-
tas vezes, da própria natureza, propósito e papel como comunidade comprometida
com a missão de Deus neste mundo. Ambos os aspectos não podem ser teologi-
camente admissíveis, mas, muitas vezes, se consolidaram na prática. Assim, no
pensamento da grande maioria dos cristãos, as palavras “igreja” e “missão” pas-
saram a expressar dois tipos diferentes de sociedade.
Van Engen (1996), tem como tese principal que à medida em que as congre-
gações locais são estabelecidas, a fim de alcançar o mundo por meio da missão,
elas se tornam de fato o que elas já são pela fé: povo missionário de Deus. Quando
a palavra “missão” é usada no singular está se referindo a Missio Dei, e quando
a palavra é usada no plural (missões), refere-se aos diversos meios pelos quais
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a Missio Dei é realizada.
Lidório aponta três perigos quando a Teologia e Missiologia não são perce-
bidas como parceiras:
1. Usar Deus como um instrumento para realizar nossos propósitos
no plantio e crescimento de igrejas em lugar de servi-lo no cumpri-
mento de Seus planos na Terra (I Coríntios, 3:11).
Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos
pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei,
Ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a
todos os que se arrependem e creem. A nossa presença cristã no mundo
é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de di-
álogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. [...]
Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o
custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e
negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova
comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo,
o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.
Fonte: Lausanne (1974, on-line)2.
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DE DEUS
Segundo Bosch (2002), Karl Barth foi um dos primeiros teólogos a apresentar
a missão como atividade de Deus quando, em 11 de abril de 1932, expôs um tra-
balho na Conferência Missionária de Brandemburgo, em Berlim, na Alemanha. A
influência de Barth no pensamento missionário atingiria seu auge na Conferência
de Willingen, em 1952. Em Willingen, reapareceu um antigo termo: Missio Dei
(expressão derivada do latim, que significa missão de Deus). Foi lá que a ideia
da Missio Dei emergiu de maneira clara, com a compreensão de que a missão é
derivada da própria natureza de Deus, sendo colocada no contexto da doutrina
da Trindade, e não da Eclesiologia ou da Soteriologia. Outro nome que se desta-
cou na Conferência de Willingen foi o de George Vicedom, autor da famosa obra
“Missio Dei: An Introduction to the Science of Mission”. A ênfase de Vicedom foi
de que Deus é o sujeito ativo da missão. Por isso, Barth diz que a Teologia enga-
ja-se em fazer o papel do anjo que lutou com Jacó, formulando e colocando as
perguntas certas a cada momento da igreja e da sua missão.
[...] estabelecida a “diversidade”, grandeza, excelência e glória de Deus,
tornando todas as suas obras dependentes dEle. De uma maneira es-
tranha e silenciosa, essa Teologia deixou de lado o conceito bíblico do
Deus vivo, do propósito de Deus, do Deus da história, da ação e dos
relacionamentos existenciais, do Deus de aqui e agora, do Deus que
está atualmente executando seu plano e programa, do Deus que é um
Deus sociável, um Deus de missão. Dessa forma, a Teologia se ocupou
mais como Deus celestial do que com o Deus da criação, o Deus sem-
pre presente na salvação e em missões. Essa inadaptação naturalmente
conduz a um divórcio entre Teologia e missões (PETERS, 2000, p. 33).
Peters afirma que, apenas se a missão tiver sua fonte, sua natureza e autoridade
no Deus trino e uno, ela pode realmente gerar uma motivação duradoura e
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ja). A igreja deixa de ser a remetente para ser a remetida. A missão não é
primordialmente uma atividade da igreja, mas um atributo de Deus. Deus
é um Deus missionário. Compreende-se a missão, desse modo, como um
movimento de Deus em direção ao mundo; a igreja é vista como um ins-
trumento para essa missão (BARRACA, 2010, on-line)3.
Nessa ideia, compreendemos missão tendo início no próprio Deus. Como nos
edifica e alegra pensar que Deus é um Deus missionário e que missão é uma
obra essencialmente de Deus.
Participar da missão é participar do movimento de amor de Deus para
com as pessoas, visto que Deus é uma fonte de amor que envia (BOS-
CH, 2002, p. 468).
O sentido ampliado da Missio Dei foi trazido por Bosch e nos detalha o caráter
missionário de Deus:
[...] a doutrina clássica da Missio Dei como Deus, o Pai, enviando o
Filho, e Deus, o Pai e o Filho enviando o Espírito, foi expandida no
sentido de incluir ainda outro - movimento - Pai, Filho e Espírito Santo
enviando a Igreja para dentro do mundo (BOSCH, 2002, p. 467).
trevas não prevaleceram contra ela. [...] e o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como
do unigênito do Pai (BÍBLIA, João 1,1-5 e 1,14).
toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra (BÍBLIA, Atos 1,8). [...]
todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras lín-
guas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (BÍBLIA, Atos 2,4).
Vivemos no tempo em que a Igreja do Senhor, como corpo, do qual Cristo é o
Cabeça, se constitui na presente dispensação de Deus para o mundo. Estamos no
século XXI com o desafio de restabelecer paradigmas concretos para atendimento
da missão de Deus, conforme Bosch aponta em sua obra Missão Transformadora:
[...] desde os anos 1950 tem havido uma notável escalada no uso do
termo “missão” entre os cristãos [...] Ela designava: a) Envio de mis-
sionários a um território especificado; b) as atividades empreendidas
por tais missionários; c) a área geográfica em que os missionários atu-
avam; d) a agência que expedia os missionários; d) o mundo não cris-
tão ou “campo de missão”; e) o centro a partir do qual os missionários
operavam no “campo de missão”. Num contexto ligeiramente diferente
esse termo também podia designar: g) uma congregação local sem um
pastor residente e que ainda dependia do apoio de uma igreja mais an-
tiga, estabelecida; h) uma série de serviços especiais destinados a apro-
fundar ou difundir a fé cristã, em geral num ambiente nominalmente
cristão. Se estabelecermos uma sinopse mais especificamente teológica
de “missão”, assim como o termo tem sido usado tradicionalmente, ob-
servaremos que ela foi parafraseada como: a) a propagação da fé; b)
expansão do reinado de Deus; c) conversão dos pagãos; d) fundação de
novas igrejas (BOSCH, 2002, p. 17).
Aqui, Paulo está nos afirmando que Deus fez Sua vontade conhecida a nós. Paulo
está falando sobre o plano eterno de Deus para o universo, por meio das gera-
ções. Esse trecho das Escrituras engloba toda revelação de Deus, começando
desde o livro de Gênesis, passando por toda a escritura, até se completar no
livro de Apocalipse. Por meio de sua obra e obediência perfeita, Jesus alcançou
o centro de todas as coisas. Em última análise, toda criação será unida debaixo
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do senhorio de Cristo. Não somente na terra, mas também nos céus, Cristo está
estabelecendo ordem e perfeita sintonia por meio de Sua obra.
É muito importante atentar para a centralidade do Senhor Jesus Cristo apon-
tada pelas escrituras. Nossa missão surge a partir da missão de Deus, que está
contemplada em toda narrativa bíblica. Temos que entender que a Bíblia não é
um livro cheio de regras, doutrinas e promessas, embora esses pontos estejam
presentes. Fundamentalmente, a Bíblia é a história do universo desde a criação
até chegarmos na nova criação. Essa história a qual Paulo está se referindo é a
missão de Deus.
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nos, mas pela fidelidade às Sagradas Escrituras” (LIDÓRIO, 2011, p. 12). Já
abordamos os riscos de se plantar igrejas sem o padrão bíblico das Escri-
turas. Nem sempre o que é bíblico traz grandes resultados. Nem sempre
o que traz grandes resultados é bíblico. A falta de fidelidade às Escritu-
ras é a grande responsável pelo nominalismo e sincretismo religioso.
3. “O plantio de igrejas não deve ser uma ação definida pelo conhecimento
do evangelho, mas por sua proclamação” (LIDÓRIO, 2011, p. 13). A
maior tarefa de um plantador de igrejas é a proclamação do evangelho,
conforme afirma Lidório:
[...] trabalho social, ministério holístico e compreensão cultural jamais
irão substituir a clara comunicação do evangelho, nem justificar a pre-
sença da igreja. O conteúdo do evangelho exposto em todo e qualquer
ministério de plantio de igrejas deve incluir: a)Deus como Ser Criador
e Soberano (Efésios 1:3-6); b) O pecado como fonte de separação entre
o homem e Deus (Efésios 2:5); c) Jesus, Sua cruz e ressurreição como o
plano histórico e central de Deus para redenção do homem (Hebreus
1:1-4); d) O Espírito Santo, como o cumprimento da Promessa e en-
carregado de conduzir a Igreja até o dia final (LIDÓRIO, 2011, p. 34).
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do Reino e cumprir a missão de Deus. Por isso, deve multiplicar-se pelo mundo.
A seguir, apresentaremos uma quadro elaborada por Ott e Wilson (2013),
que mostra aspectos essenciais da igreja e nos auxilia a reconhecer os elemen-
tos que devem estar presentes em uma igreja verdadeira, a qual corresponde aos
parâmetros bíblicos.
Quadro 1 - A Essência da Igreja
Natureza Marcas
Uma Doutrina correta
Santa Ministração fiel dos sacramentos
Universal Disciplina da igreja
Apostólica Fé pessoal
Propósito Metáforas
Testemunho, “martyria” Povo de Deus
Comunhão, “koinonia” Corpo de Cristo
Serviço, “diakonia” Rebanho de Deus
Proclamação, “kerygma” Noiva de Cristo
Adoração, “leiturgia” Templo de Deus
Sacerdócio Real
Fonte: Ott e Wilson (2013, p. 21).
No que diz respeito aos propósitos, vemos uma abordagem mais prática contem-
plada em Atos 2, 42, que descreve as atividades básicas da igreja. As metáforas
apresentadas apontam o relacionamento de Cristo com a sua Igreja e são observa-
das nas páginas do Novo Testamento, principalmente no livro de Efésios. Baseado
nessa discussão, apresentamos a definição de Ott e Wilson de uma igreja local:
[...] uma igreja local é uma comunhão de crentes em Jesus Cristo
comprometidos a reunir-se regularmente para propósitos bíblicos
sob uma liderança espiritual reconhecida (OTT; WILSON, 2013,
p. 22).
Essa definição básica inclui vários elementos-chave apontados por Ott e Wilson,
quais sejam:
1. Crentes: a igreja é composta de pessoas que têm experimentado
a salvação através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo de
acordo com o Evangelho, tendo confessado por meio do batismo.
Eles desejam ser discípulos fiéis de Jesus Cristo, regenerados e ca-
pacitados pelo Espírito Santo. São o povo de Deus.
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mas reuniões regulares são. Um pastor remunerado não é indispensável, mas líderes
reconhecidos são. “Adesão a um credo em particular ou distintivo denominacio-
nal não é obrigatório, mas a fidelidade à verdade bíblica e seus propósitos é. (OTT;
WILSON, 2013, p. 23)”. O profundo conhecimento espiritual é um alvo, mas a
obediência no seguir a Cristo é o compromisso mais essencial que se deve buscar.
Esses objetivos devem ser acompanhados até que sejam alcançados, pois, ainda
que demore algum tempo, os valores e a visão desses alvos devem estar presen-
tes desde do início da plantação da igreja.
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COSMOVISÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Cosmovisão e Contextualização
64 UNIDADE II
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sentido teológico não se perca e a comunicação seja eficaz, se faz necessário o
processo de contextualização.
Ainda, de acordo com Hesselgrave (1995), destaca algumas perguntas que
devem ser consideradas pelo comunicador do evangelho, as quais ajudaram na
contextualização da mensagem, de maneira que as doutrinas bíblicas sejam comu-
nicadas numa linguagem compreensível ao auditório, sem perder sua fidelidade
às Escrituras. Apresentamos essas perguntas de forma adaptada:
1. Em que aspectos os ouvintes terão maior probabilidade de compreender
erroneamente a mensagem?
2. Quais crenças religiosas dos ouvintes são semelhantes à doutrina cristã
e podem formar pontes conceituais para a comunicação da mensagem?
(Cuidado neste ponto. O que consideramos semelhanças podem ser ape-
nas aparentes semelhanças, ocasionando mal-entendidos significativos,
a não ser que sejam tratadas com cuidado).
3. Quais preocupações do auditório-alvo são atingidas pela autoridade e
clareza da mensagem de Cristo?
4. Quais adaptações da mensagem já foram realizadas com êxito para este
tipo de auditório ou auditórios semelhantes?
Cosmovisão e Contextualização
66 UNIDADE II
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• Apresentar Cristo é a finalidade maior da contextualização. A Igre-
ja deve evitar que Jesus Cristo seja apresentado apenas como uma
resposta para as perguntas que os missionários fazem - uma solu-
ção apenas para um segmento, ou uma mensagem alienígena para
o povo alvo (LIDÓRIO, 2011, p. 20-21).
Quando uma pessoa ou um povo passa a ter uma experiência com Jesus e o
conhece como salvador pessoal, encontrará uma forma de expressá-lo e adorá-lo
em sua cultura e aplicará a palavra de Deus em sua cosmovisão. Assim nascem
as igrejas multiculturais. Por isso, o que mais importa na vida de um(a) plan-
tador(a) de igrejas é que ele(a) proclame a palavra de salvação, considerando a
teologia da contextualização.
Cosmovisão e Contextualização
68 UNIDADE II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos encerrando esta unidade de estudo, considerando que muitas das infor-
mações aqui tratadas podem ser incorporadas à vida cristã diária, quer como
teólogo, ministro do evangelho, discípulo do Senhor Jesus, quer como missio-
nário ou plantador de uma nova igreja.
Você pode entender o quanto a base teológica correta é importante para a
plantação de igrejas. De que adianta levantarmos um grande edifício que possa
desabar, ou edificarmos em um fundamento não aprovado por Deus?
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Por isso, todo nosso trabalho deve ser traçado pela missão de Deus. Um
Deus missionário nos concede todo recurso e direção teológica para estabelecer-
mos seu reino e para fazermos Sua vontade. As ações missionárias consistentes
não podem caminhar divorciadas da Teologia, bem como a Teologia Bíblica não
pode caminhar sem forte expressão missionária.
Cabe a nós entendermos que a mensagem cristã é abrangente e universal.
É destinada a todos os homens de todas as épocas e de todas as culturas sobre
a face da terra. Porém, os contextos culturais em que Deus a revelou e em que
a mensagem é levada são bem distintos. Para que o sentido da palavra não se
perca no processo de comunicação, a contextualização se faz primordial. Temos
que perceber e considerar as diferenças culturais e de cosmovisão para comuni-
car a mensagem do evangelho adequadamente.
Alguns aspectos da antropologia missionária foram abordados no decor-
rer dos nossos estudos. Sempre é fascinante considerarmos e aprendermos
mais sobre as diferentes culturas, o que nos faz refletir sobre paradigmas, nos-
sos modelos e definições.
Na próxima unidade avançaremos nesse desafio. Vamos considerar, tam-
bém, o tema Modelos de Plantação de Igrejas, que é o nome da nossa disciplina.
Como podemos usar modelos preestabelecidos diante de realidades culturais
tão diferentes? Juntos, vamos encontrar essas respostas.
1. Missiologia e Teologia não devem ser tratadas como áreas separadas de estudo,
mas como disciplinas complementares. A Teologia não apenas coopera com a
Igreja ao fazê-la entender o sentido da Missão e a base para o plantio de igrejas,
como também provê o entendimento bíblico motivacional para o evangelismo.
Qual a importância da conciliação entre teologia e missiologia frente ao de-
safio de plantar igrejas?
2. Como nos edifica e alegra pensar que Deus é um Deus missionário e que missão
é uma obra essencialmente de Deus. O sentido ampliado da Missio Dei foi tra-
zido por Bosch e nos detalha o caráter missionário de Deus. Explique qual é o
sentido ampliado da Missio Dei, o qual engloba também o papel da Igreja.
3. Ott e Wilson (2013), dizem que: “plantação de igrejas é o ministério que, através
do evangelismo e discipulado, estabelece comunidades reprodutivas do reino
de crentes em Jesus Cristo que estão comprometidos em cumprir os propósitos
bíblicos sob a orientação de líderes espirituais locais”. Acompanhando essa de-
finição de igreja, cite dois alvos de curto prazo que sinalizam que a igreja
está plantada.
4. Cada ser humano possui uma visão e interpretação diferente do mundo, isso diz
respeito à sua cosmovisão. Segundo o que foi abordado ao longo da unidade, o
que é cosmovisão e qual sua implicação no plantio de igrejas?
5. Lidório (2011) apresenta Jesus como maior modelo de contextualização da men-
sagem. Aos judeus, Jesus falava mencionando cobradores de impostos, aos fari-
seus, Jesus falava sobre hipocrisia na adoração e práticas religiosas. À multidão,
narrava sobre plantações, pão e trigo. Cite um dos pressupostos fundamen-
tais, apresentado por Lidório (2011) para que a teologia da contextualiza-
ção seja preservada.
70
O Refúgio Secreto
durante a Segunda Guerra Mundial, famílias judias na Holanda
vivem dias de incerteza. Elas podem ser capturadas pelos nazistas
a qualquer momento, e uma mulher cristã encontra uma saída. Ela
passa a esconder os judeus na parte debaixo de sua casa. O filme nos
testemunha como é possível permanecer fiel ao Senhor, mesmo em
meio à depredação de uma cultura.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
2
Em: <http://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausan-
ne-pt-br/pacto-de-lausanne>. Acesso em: 22 mai. 2017.
3
Em: <https://estudos.gospelmais.com.br/missio-dei.html>. Acesso em: 22 mai.
2017.
4
Em: <http://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/compromisso-da-
-cidade-do-cabo-pt-br/compromisso>. Acesso em: 22 mai. 2017.
73
REFERÊNCIAS
GABARITO
CULTURAS E MODELOS DE
III
UNIDADE
PLANTAÇÃO DE IGREJAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a importância do chamado de Deus.
■■ Entender o que é cultura e os impactos das diferenças transculturais.
■■ Conciliar cultura com formatos de igrejas e modelos de plantação.
■■ Identificar alguns modelos de plantação de igreja.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O chamado de Deus é para todos
■■ A cultura e as diferenças transculturais
■■ Compreendendo culturas, formatos e modelos
■■ Modelos de plantação de igrejas
77
INTRODUÇÃO
Introdução
78 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de
teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e
te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão
benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3)
“Para que a benção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim
de que recebêssemos, pela fé o Espírito prometido. Ora, as promessas foram
feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como
se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é
Cristo.” (Gálatas 3:14, 16)
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (Mateus 1:1)
“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que
devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.” (Hebreus 11:8)
Vemos, no chamado de Deus a Abraão, uma promessa ampliada a toda raça adâ-
mica por meio de Cristo, o descendente de Abraão. A bênção de Abraão é o meio
para que todas as famílias da terra sejam alcançadas. Dois povos estão incluídos
nessa promessa, os filhos espirituais - que pela fé nasceram de novo em Cristo e
tornaram-se descendentes de Abraão pela fé - e o próprio povo judeu - a des-
cendência terrena de Abraão.
Lidório (1996), faz uma pergunta primordial para entendermos o chamado
de Deus no Antigo Testamento: A quem Deus se revelou? Se a resposta for: ape-
nas a Israel, estaremos perante um Deus nacional. Se cremos que Deus intentou
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alcançar todas as famílias da terra, então estaremos perante um Deus que pre-
tende ser conhecido e adorado por todas as nações.
De acordo com Gálatas 3,14, a bênção prometida consiste na dispensação
do próprio Deus concedido ao homem, por meio do Seu Espírito, nesse tempo
e por toda a eternidade. Deus prometeu dar a Si mesmo aos descendentes de
Abraão como uma bênção. De acordo com Gênesis, essa bênção viria a todas as
nações por meio do descendente de Abraão, que é Cristo.
Em Hebreus 11,8 vemos que Abraão saiu pela fé, não sabendo para onde
estava indo, por isso tornou-se o pai de todos os que creem. Lidório (1996) relata
uma pequena parte da grande visão transcultural de Deus descrita nas páginas
do Antigo Testamento, na qual Abraão e seus filhos espirituais levaram o evan-
gelho da salvação a todos os povos espalhados pela terra:
■■ Abraão deu testemunho do Senhor aos Cananeus, Filisteus e Heteus
(Gênesis 21:22-34; 23:1-12; 13:14-18);
■■ José foi testemunha do Senhor entre os Egípcios (Gênesis 41:1-16);
■■ Moisés testemunhou do Senhor aos Egípcios além de trazer consigo Jetro,
seu sogro Midianita (Êxodo 5:1-3; 18:1-12);
■■ Noemi testemunhou do Senhor a Rute e Orfa, que eram Moabitas (Rute
1:3-9, 16 e 17);
■■ Elias foi usado por Deus para ser bênção a uma viúva em Sidom (I Reis
17:8-16);
■■ Eliseu testemunhou a Naamã que era Sírio (I Reis 5:1-15);
O livro de Salmos também nos demonstra que o povo de Israel era consciente
da visão transcultural do seu Deus:
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Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todas as terras.
Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas
maravilhas (BÍBLIA, Salmos, 96,1.3).
Reina o Senhor, tremam os povos. Ele está entronizado acima dos que-
rubins; abale-se a terra. Celebrem eles o teu nome grande e tremendo,
porque é santo (BÍBLIA, Salmos, 99,1.3).
Com os profetas do Velho Testamento essa condição não foi diferente. Eles pro-
fetizaram às terras do mar e aos povos de longe, como Isaías:
[...] ouvi-me, terra do mar, e vós povos de longe. Mas agora diz o Senhor,
que me formou desde o ventre […] sim diz ele: pouco é o seres meu ser-
vo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os remanescen-
tes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha
salvação até à extremidade da terra (BÍBLIA, Isaías, 49,1-6).
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A CULTURA E AS DIFERENÇAS TRANSCULTURAIS
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mundo, interfere na existência física do ser humano, opera com uma lógica pró-
pria e se mantém dinâmica”. A cultura envolve tudo que se faz numa sociedade e
tem influência direta nas relações sociais, políticas e de poder. De uma maneira
simples, é todo e qualquer tipo de manifestação do ser humano. De época em
época a cultura sofre mudanças, que determinam novos hábitos e costumes.
Cada sociedade apresenta uma cultura específica com características pró-
prias que sofrem influência do ambiente no qual esta cultura se encontra inserida.
Roupas, comidas e até a forma de falar e se comunicar variam de cultura para
cultura, dependendo do ambiente. Percebe-se o grande desafio estabelecido para
plantação de igrejas.
Lloyd Kwast apresenta um modelo útil para compreensão da cultura como um
sistema concêntrico de atributos: a visão de mundo, as crenças, os valores, o com-
portamento e o habitus, que é acrescentado por Pierre Bourdieu. Kwast adverte:
[...] este modelo de cultura é muito simplista para poder explicar a
variedade de componentes e relações complexas existentes em cada
cultura, todavia, é a própria simplicidade do modelo que o recomen-
da como esboço básico para qualquer um que vá estudar a cultura
(KWAST, 1987, p. 441).
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Na questão educacional, por exemplo, existe um critério do que é verdadeiro
acerca do homem, sua inteligência, sua capacidade de resolver problemas. Nessa
questão, a cultura é definida pela maneira como as coisas são percebidas, apren-
didas e compartilhadas.
Não descartamos a hipótese de que numa mesma sociedade pessoas dife-
rentes, embora possam possuir comportamentos e valores semelhantes, podem
professar crenças diferentes. Nesse aspecto Kwast explica:
[...] este problema é resultante da confusão dentro da cultura entre
crenças operacionais (crenças que afetam valores e comportamen-
to) e crenças teóricas (convicções expressas em palavras e que têm
um impacto praticamente nulo sobre os valores e o comportamento)
(KWAST, 1987, p. 440).
DIFERENÇAS TRANSCULTURAIS
Diferenças Transculturais
88 UNIDADE III
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arranjo funciona bem, pois quando duas pessoas iguais concordam em
se encontrar às dez, cada uma aparece por volta das dez e quarenta e
cinco, esperando que a outra faça o mesmo. O problema surge quando
um americano se encontra com um árabe e marca reunião para às dez
horas. O americano aparece às dez, a “hora certa” segundo ele. O árabe
aparece às dez e quarenta e cinco, a “hora certa” segundo ele. O ameri-
cano acha que o árabe não tem nenhum senso de tempo (o que não é
verdade), e o árabe é tentado a pensar que os americanos agem como
servos (o que também é falso) (HIEBERT, 1987, p. 449).
Como turistas, é mais fácil enfrentar as diferenças culturais, pois sabemos que,
a qualquer momento, estaremos de volta à nossa realidade. O choque cultural
ocorre quando percebemos que aquela será a nossa vida por um longo período,
principalmente quando se trata de uma mudança em função de um chamado
missionário. E, nesse caso, somente o chamado pode ser um contra-ponto para
enfrentar o sentimento de desorientação numa cultura diferente.
Diferenças Transculturais
90 UNIDADE III
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conhecer como funciona a outra cultura. Nossa primeira tarefa ao en-
trarmos em uma nova cultura é estudar os seus costumes. Mesmo mais
tarde, sempre que parecer que alguma coisa está errada, devemos pre-
sumir que o comportamento das pessoas faz sentido por elas, e reanali-
sar nossa própria compreensão de sua cultura (HIEBERT, 1987, p. 453).
vista. “Crescemos em uma cultura e aprendemos que seus modos são os modos
certos de fazer as coisas. Qualquer pessoa que faça de maneira diferente não é
muito civilizada” (HIEBERT, 1987, p. 453).
O etnocentrismo se constitui em nossa predisposição em avaliar os com-
portamentos das pessoas de outras culturas pelos padrões e valores de nossas
próprias culturas. Mas, da mesma forma somos avaliados. O indiano também
se choca ao perceber que usamos talheres que estiveram inúmeras vezes na boca
de outras pessoas. Hiebert (1987) aponta que quando nos relacionamos, além de
entender as pessoas, precisamos derrubar as barreiras que separam as pessoas
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Diferenças Transculturais
92 UNIDADE III
Como você traduziria ... cordeiro de Deus... (João 1:29) para o esquimó,
língua na qual não existe qualquer palavra ou qualquer experiência com
animais que nós chamamos de ovelhas? Você criaria uma nova palavra e
acrescentaria uma nota no rodapé para descrever a criatura que não tem
significado no seu pensamento? Ou será que você usaria uma palavra
como ...foca..., que tem mais ou menos o mesmo significado na cultura
deles que ...cordeiro... tem na Palestina? [...] Em outras palavras, se numa
língua encontramos a palavra cordeiro, só precisamos encontrar a palavra
na outra língua para um mesmo tipo de animal e as pessoas entenderão o
que estamos querendo dizer. Mas não é isto necessariamente que aconte-
ce. Na verdade, geralmente acontece o contrário. As mesmas formas não
carregam os mesmos significados nas diferentes línguas. Quanto mais li-
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teralmente traduzirmos a forma, maior o perigo de perdermos o signi-
ficado. Um exemplo desta variação e significados dados à mesma forma
encontra-se na história do Natal. Na Palestina os pastores eram homens
devotos e respeitados. Na Índia os pastores são os beberrões das vilas, e nas
representações teatrais sobre o Natal mais do que uma vez eles subiram ao
palco completamente bêbados. Neste caso a forma foi mantida, mas per-
deu-se algo do significado. A mesma perda pode ocorrer sempre quando
traduzimos formas culturais tais como cultos ao redor da fogueira, árvores
de Natal e cruzadas evangelísticas (HIEBERT, 1987, p. 453-454).