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Se pudermos ajudar uma criança...

...não temos de passar anos a reparar um adulto.


Índice

1. Introdução
2. Primeiros Socorros em Pediatria
2.1 Febre
2.2 Convulsão febril
2.3 Vómitos
2.4 Diarreia
2.5 Feridas e Queimaduras
2.6 Hemorragias
2.7 Quedas e traumatismos
2.8 Desmaio
2.9 Choque Anafilático
2.10 Diabetes
2.11 Envenenamento
3. Conclusão
1. Introdução

A pediatria é uma área da saúde que requer bastante atenção, uma


vez que as crianças podem revelar-se uma verdadeira caixinha de
surpresas. Contudo, as crianças não são um adulto em ponto
pequeno, e como tal, a forma como atuamos tem de ser específica
e eficaz.
As situações de emergência na pediatria podem revelar-se muito
difíceis de resolver, seja por falta de conhecimento de como atuar
em determinada situação, ou pela vertente emocional.
De forma a colmatar algumas destas lacunas, e de modo a
promovermos o conhecimento de todos os que contatam
diariamente com crianças, surgiu este projeto. Esperemos que
estes conhecimentos possam ajudar-vos a resolver pequenas
situações que possam surgir.
2. Primeiros Socorros em Pediatria

A Pediatria é uma área bastante particular, uma vez que estamos


a lidar com crianças, sendo que, além de estarmos preparados para
resolver situações práticas também devemos estar preparados
para resolver as emocionais.
Este guia irá auxiliar a consolidar alguns conhecimentos para que
saibam lidar com as pequenas emergências do quotidiano.

2.1 Febre

A febre é definida como sendo a resposta fisiológica do nosso


organismo quando este se encontra a combater alguma infeção.
Isto resulta na subida da temperatura corporal acima dos valores
ditos “normais”.
Por ser uma resposta do nosso organismo contra algum agente,
devemos sempre identificar qual a sua causa para a podermos
tratar adequadamente.
Normalmente, a temperatura corporal varia entre os 36º e 37ºC,
sendo que durante a tarde podendo atingir os 38ºC. Além disso,
existem outros aspetos podem influenciar diretamente estes
valores, tais como, a idade, a atividade física, a forma de
avaliação da temperatura, e as próprias caraterísticas individuais.
O local onde é avaliada a temperatura também revela valores
diferentes.
Ainda existe muita controvérsia de qual o método mais certo para
nos indicar o valor mais próximo da nossa temperatura central.
Alguns estudos demonstram que a temperatura retal pode
apresentar valores mais precisos por ser endocavitária, contudo,
aquele que utilizamos mais vezes é o de medida na zona axilar.
Ainda assim, as diferenças não são muito significativas, e por isso
não se torna imprescindível escolher um método de eleição. O
importante é escolher um aparelho e um local anatómico e
manter-se fiel durante a avaliação e as reavaliações seguintes.
Para o tratamento da febre, os métodos farmacológicos são a
primeira escolha, sendo o paracetamol (Benuron) o antipirético
mais utilizado, e depois o ibuprofeno (Brufen).
Estes devem ser utilizados em caso de choro persistente, dor e/ou
desconforto, irritabilidade, diminuição da atividade física e/ou do
apetite e não de forma aleatória. Apesar de serem inócuos, usados
em excesso podem despoletar efeitos negativos na criança.
A administração de fármacos deve ser feita sempre de acordo com
o PESO da criança e não com a sua idade, e por isso, sempre com
o aconselhamento médico e não por espontaneidade dos
pais/educadores.
Nos quadros abaixo podem ver algumas diferenças entre o
paracetamol e o ibuprofeno. Não há nenhum estudo que
comprove a eficácia de alternar os dois medicamentos no mesmo
pico febril. A alternância deve ser a exceção e não a regra.
De entre os dois e em doses terapêuticas o paracetamol é o mais
aconselhado na idade pediátrica.
Grupo farmacêutico Analgésicos e antipiréticos

Apresentações Oral, endovenosa e retal

Efeito antipirético 30-60 minutos


Mantem-se por 4-6 horas

Efeito secundário Hepatotoxicidade


Dosagem 10-15 mg/kg/dose

Intervalo de administração 4/4 ou 6/6 horas

Paracetamol

Ibuprofeno
Grupo farmacêutico Anti-inflamatórios não esteróides

Contraindicações Latentes < 6 meses


Efeito antipirético 30-60 minutos
Mantem-se por 6-8horas
Efeito secundário Toxicidade gastrointestinal
Dosagem 5-10 mg/kg/dose

Intervalo de administração 6/6 ou 8/8 horas

Quando se dá o pico febril surgem sintomas como calafrios e


extremidades frias. Nesse período não se deve agasalhar a
criança, podemos despir, mas evitar a exposição (despir
totalmente) de forma súbita. Após a administração do antipirético
devemos permitir a libertação do calor.
O arrefecimento através de toalhas e/ou banho é ainda discutível.
A temperatura da água deve ser aproximadamente 37ºC e o banho
não deve exceder os 10 minutos de duração, para evitar a descida
exacerbada da temperatura.
Todas estas medidas devem ser medidas associadas à toma de
antipiréticos uma vez que isolados podem favorecer a produção
de calor especialmente se a exposição for rápida.

2.2 Convulsão Febril

Ainda na linha da febre, quando a temperatura sobe de forma


repentina pode desencadear respostas como a convulsão.
A convulsão assemelha-se a uma descarga elétrica resultante do
aumento da suscetibilidade da criança à febre. Não se deve
exatamente à temperatura que a criança atinge mas sim à rapidez
com que a faz. É mais comum nas idades compreendidas entre os
6 meses e os 5 anos, normalmente autolimitada, benigna, e sem
sequelas a longo prazo.
As crianças com antecedentes de convulsões são mais suscetíveis
de as ter com maior frequência.
Como ocorre?

- A criança fica com o corpo endurecido, hirto;


- Executa movimentos de tremores quer com os membros
inferiores como superiores;
- Pode revirar os olhos ou mantê-los fixos;
- Espumar pela boca;
- Pode haver perda de controlo dos esfíncteres;
- Habitualmente dura menos de 5 minutos;
- Após a crise o corpo fica mole e a criança sente-se cansada pois
assemelha-se a um grande esforço físico.

O que fazer?

- Antes de mais devemos manter a calma;


- Não se deve colocar nada na boca da criança, inclusive os
dedos!
- Deitar a criança de lado e num local seguro de forma a evitar
traumatismos enquanto a convulsão ocorre;
- Contar o tempo da convulsão e observar os movimentos que a
criança realiza;
- Levar a criança ao hospital para ser observada.
- No fim, devemos avaliar a temperatura e administrar um
antipirético.

Se a situação for frequente, os pais devem estar preparados com


medicação adequada!

2.3 Vómitos

O vómito é a expulsão, voluntária ou involuntária, do conteúdo


gastrointestinal, pela boca, acompanhada pela contração dos
músculos abdominais. Pode ter na sua origem várias causas e é
um acontecimento frequente na idade pediátrica, e caraterizando-
se por ser uma resposta fisiológica, complexa e coordenada.
Se não for uma situação controlada pode levar a consequências
graves tais como a desidratação.
Devemos sempre tentar perceber em que circunstâncias ocorreu,
e se existiu ou não relação com o tempo das refeições.
Devemos estar sempre atentos ao cheiro e cor do vómito, para
perceber qual a sua origem e saber se há sintomas associados tais
como febre ou dor. O estado psicológico também pode
desencadear este tipo de acontecimentos, tais como, ansiedade,
mudanças recentes ….
O nosso objetivo primordial será tratar a causa do vómito e repor
o equilíbrio eletrolítico, através da reidratação. A reidratação
pode ser feita através da ingestão de líquidos com frequência, ou
através de soluções de hidratação oral, cuja composição serve
para repor possíveis desequilíbrios na composição corporal de
solutos como o sódio ou o potássio. Deve iniciar a alimentação
assim que possível.
Na idade pediátrica está desaconselhada a administração de
antieméticos exceto em situações muito específicas, pois podem
desencadear consequências graves.
Se a desidratação for moderada/grave, houver falência da
hidratação oral após o vómito, a idade for <3 meses, se a
criança apresentar mau estado geral, ou em caso de dúvida ou
insegurança deverá recorrer às urgências.

2.4 Diarreia

A diarreia define-se como o aumento da frequência das dejeções


associado à diminuição da consistência das fezes. Resulta do
aumento da excreção intestinal de água e solutos, devido a um
desequilíbrio intestinal.
Normalmente pode durar cerca de 3 a 5 dias, e a sua etiologia
pode ser bacteriana ou vírica, sendo mais comum a última. No
entanto, é um problema auto limitado, e pode ter outros sintomas
associados com os vómitos e a febre.
Fatores de risco:
- Idade < 12 meses
- Dejeções > 8/dia
- Vómitos >2/dia
- Desnutrição
- Aleitamento artificial
Tal como os vómitos, em consequência desse desequilíbrio pode
ocorrer desidratação. Devemos por isso estar atentos aos sinais
para despistarmos as situações mais graves.
Graus de desidratação

Ligeira Moderada Grave


% perda (aguda em 24-
<5 5-10 >10
48h de peso corporal)*
Estado geral Bom, alerta Irritado Letárgico ou inconsciente
Sede Normal Sedento Dificuldade em beber
Olhos Normais Encovados Muito encovados
Mucosas Húmidas Secas Muito secas
Pele Sem prega cutânea Prega cutânea
Prega cutânea acentuada
Densidade urinária <1020 1020-1030 >1030

*% perda de peso = (peso anterior - peso atual/peso anterior) x 100

Tal como no caso dos vómitos a nossa prioridade será tratar a


causa, e se necessário corrigir a desidratação e iniciar a
realimentação assim que possível.
Se a desidratação for moderada/grave, houver falência da
hidratação oral após o vómito, a idade for <3 meses, se a
criança apresentar mau estado geral, ou em caso de dúvida ou
insegurança deverá recorrer às urgências.

2.5 Feridas e Queimaduras

As feridas e/ou queimaduras são lesões que ocorrem na pele, e a


sua definição depende da sua causa.
Normalmente a ferida é causada por algum traumatismo, queda
ou contato com algum objeto perigoso. Muito comum de ocorrer
em idade infantil uma vez que as crianças pela curiosidade e
constante desenvolvimento, sem recear o perigo, se encontram
mais suscetíveis a acidentes e perigos.
Se a ferida for superficial designa-se de escoriação, mas se atingir
tecidos mais profundos designa-se de ferida incisa.
Devemos sempre tentar perceber qual a extensão e profundidade
da ferida para atuarmos de acordo com a necessidade da criança.
Cuidados imediatos:

- Limpar a ferida com soro fisiológico ou água corrente para


limpeza da ferida e remoção de corpos estranhos que possam estar
em contato com a ferida;
- Podemos inicialmente proceder à desinfeção da ferida (ex:
betadine), mas posteriormente utilizar cremes protetores
indicados para a cicatrização adequada da ferida. OS
desinfetantes como o Betadine podem atrasar a cicatrização. A
formação de uma crosta sob a ferida transmite uma falsa sensação
de cicatrização.
- Cobrir a ferida com compressas ou outro tecido limpo. Não
utilizar algodão, pois este pode deixar fibras no interior da ferida
promovendo a infeção da mesma e consequentemente atraso na
cicatrização.
- Se a ferida provocar uma hemorragia, devemos colocar uma
compressa e exercer pressão para que ela seja controlada.
Dependendo da ferida poderá ser necessário recorrer ao hospital
ou centro de saúde. Se a ferida for extensa, profunda, ou a
hemorragia for difícil de controlar, deve procurar ajuda de um
profissional de saúde para que possa tratar da mesma da melhor
forma possível e com o material que considerar necessário.
Se a profundidade da ferida for considerável, poderá ser
necessário recorrer à sutura para a sua cicatrização. Na idade
pediátrica é frequente o uso de cola sintética em locais que sejam
desprovidos de pêlo, pois é mais confortável para a criança, ou
ainda as tiras de sutura hipoalergénicas (steri strip) quando a
profundidade da ferida assim o permite.
Se for necessário suturar, os pontos poderão ser removidos cerca
de 5 a 10 dias depois, dependendo do lugar e profundidade da
mesma. As tiras de sutura cutânea também podem ser aplicadas
nestas situações, posteriormente para evitar estiramento dos
tecidos e promover a cicatrização.
Duas semanas após poderão ser aplicados cremes hidratantes na
cicatriz para melhorar a sua aparência. Devemos também protege-
la do sol, seja com protetor solar ou vestuário.

Queimaduras

As queimaduras são lesões na pele originadas por exposição ou


contato direto com um agente, seja térmico, químico ou
radioativo. A profundidade da lesão depende da temperatura e
duração da exposição ao agente.
Dependendo os tecidos lesados podem ser classificados em
primeiro, segundo, terceiro e quarto grau.
As queimaduras de primeiro grau atingem apenas a epiderme, é
uma queimadura superficial, provoca dor e ligeiro edema.
As queimaduras de segundo grau, são de gravidade moderada, há
formação de bolha de água (flictena), provoca dor e inchaço e
atingem não só a epiderme como a derme.
As de terceiro grau são consideradas as mais graves e atingem os
tecidos mais profundos, como músculo, osso e tecido adiposo,
não causando dor pois danificam também os nervos.
A extensão da queimadura pode ser facilmente estimada através
da atribuição de uma percentagem a cada parte do corpo. Assim,
podemos facilmente perceber qual a gravidade da queimadura.
Nas crianças acima dos 5% já é considerada queimadura
moderada, e a partir dos 10% já será considerado grave,
relacionado igualmente a sua profundidade. As queimaduras
superficiais não são consideradas nesta classificação.
Cálculo da extensão das queimaduras

Cuidados imediatos:

Os objetivos dos cuidados imediatos são parar o processo lesivo,


cobrir a queimadura, tranquilizar a criança, e levá-la às urgências
se necessário.

- Deve-se de imediato arrefecer a queimadura com água fria, em


imersão lenta, pois ajuda no alívio da dor e do edema. O gelo e a
água gelada estão contraindicados, pois a vasoconstrição
brusca pode aumentar a lesão pelo frio.
- Se o agente da queimadura for químico, deve lavar o local da
lesão com água corrida, cerca de 30 minutos.
- As roupas queimadas devem ser removidas, EXCETO se
estiverem coladas à pele.
- A queimadura deve ser coberta com um pano húmido e limpo.
Evita contaminação e aderência do tecido na ferida.
- O penso protetor ou produto em creme pode ser indicado para
conforto e promoção de uma cicatrização mais rápida.
- Se a queimadura for de 2º grau não deve furar a bolha sem
condições de assepsia pois a pele fica exposta e pode infetar
rapidamente. Deve-se vigiar a ferida e se detetar algum sinal de
infeção, deverá procurar ajuda de um profissional de saúde.

2.6 Hemorragias

A hemorragia é a saída de sangue em consequência da rutura de


um vaso sanguíneo, seja ele capilar, artéria ou veia.
Artéria – o sangue sai em jato e é vermelho vivo
Veia - Sangue vermelho escuro que sai de forma lenta mas
continua
Capilar – Saída de sangue discreta mas contínua
Quanto à sua localização, pode ser interna ou externa. Se for
interna pode dividir-se ainda em visível (se o sangue for visível
pelo exterior da pela - hematoma) ou não visível (quando o
sangue não é percetível pelo exterior). A hemorragia externa é
facilmente reconhecível uma vez que o sangue se exterioriza por
uma ferida existente na pele.

Hemorragia interna
Ocorre em sequência de traumatismos fortes, quedas, feridas
penetrantes (armas de fogo, armas brancas), fraturas ou nos
politraumatizados.
Apesar de na hemorragia interna não ser visível a perda de
sangue, podemos sempre estar atentos a alguns sinais e sintomas
que nos indicam que ela está a ocorrer, tais como:
- Palidez
- Sede
- Sensação de frio (tremores)
- Pulso rápido e fraco
- Alteração do estado de consciência

O que fazer?
- Acalmar a criança e tentar mantê-la acordada
- Desapertar-lhe a roupa
- Mantê-la confortavelmente aquecida
- Colocá-la em posição lateral de segurança (PLS)

Não se deve dar de comer nem beber


Levar a criança de imediato ao hospital chamando o 112

Hemorragia externa

- Aplicar uma compressa esterilizada sobre a ferida ou um pano


limpo na ferida, exercendo pressão firme conforme o local e a
extensão da ferida. NÃO ESQUECER DO USO DE LUVAS
PARA EVITAR INFEÇÕES!
- Se as compressas ficarem saturadas de sangue, devemos colocar
mais mas sem nunca retirar as primeiras (para manter o processo
de coagulação que já está a ocorrer).
- Devemos pressionar o local cerca de 10 minutos, e se a
hemorragia cessar, no final, devemos colocar um penso
compressivo.
- Se a hemorragia for demasiado abundante, devemos deitar a
vítima horizontalmente, de modo a melhorar a oxigenação do
cérebro.
- Caso a hemorragia ocorra em algum membro, podemos elevá-
lo.

Epistaxis (Hemorragia nasal)

A hemorragia nasal, muito frequente nas crianças, resulta da


rutura dos vasos sanguíneos da mucosa do nariz.
Resulta na saída de sangue do nariz, por vezes em quantidade
abundante e persistente, sendo que por vezes pode também sair
pela boca.

O que fazer?
- Devemos sentar a vítima com a cabeça alinhada com o corpo
(Não inclinar a cabeça para trás)
- Devemos realizar compressão na narina que está a sangrar
durante cerca de 10 minutos.
- Aplicar gelo (não em contato direto), para promover a
vasoconstrição.
- Se a hemorragia perdurar mais de 10/15 minutos, deve levar a
criança ao hospital.
Não esquecer de colocar luvas para evitar contato direto
com o sangue!
2.7-Quedas e traumatismos

As crianças são na maioria das vezes imprevisíveis e os acidentes


acontecem. Seja por queda ou por outro motivo, os traumatismos
acontecem.
As quedas são o acidente mais comum nas crianças, e são a
principal causa das lesões traumáticas. Devemos estar atentos,
reconhecendo e adaptando os produtos que não sejam seguros.
Se o traumatismo resultar apenas na lesão da pele e ou tecidos
moles, podemos proceder à aplicação de gelo (protegido) para
diminuir o inchaço e aliviar a dor. Se do traumatismo resultar uma
feria, tratar como descrito anteriormente.
Resultante do traumatismo pode ocorrer formação de equimose
(nódoa negra), quando atinge os vasos capilares, ou de hematoma,
quando atingem vasos de maior calibre.

Traumatismo craniano

- A vítima pode apresentar feridas no couro cabeludo ou


hematoma
- Pode haver perda de consciência ou confusão
- Aumento da sonolência
- Vómitos
- Perturbação do equilíbrio
- Uma das pupilas pode estar mais dilatada
- Alguma parte do corpo pode paralisar
- Saída de sangue pela boca, nariz e/ou ouvidos

O que fazer?

- Acalmar a vítima
- Mantê-la confortável e aquecida
- Providenciar transporte para o hospital

Traumatismo da face

- Colocar a vítima numa posição confortável, de preferência


sentada.
- Lavar a face com água ou soro fisiológico para evitar obstrução
das vias respiratórias
- Se suspeitar de fratura deve imobilizar o maxilar
- Transportar de imediato para o hospital
Traumatismo do tórax

Este tipo de traumatismo é grave pois pode afetar as estruturas


essenciais da ventilação. Devemos estar atentos aos sintomas:
- Dificuldade respiratória
-Lábios roxos
- Pulso fraco e rápido
- Agitação e confusão

Devemos tentar acalmar a vítima e coloca-la numa posição


confortável, sempre virada para o lado que foi afetado.
Providenciar de imediato transporte para o hospital.

Traumatismo da coluna vertebral

- Impossibilidade de realizar movimentos


- Dor no local
- Possível perda de sensibilidade nas extremidades (mãos/pés), ou
outra parte do corpo
Nestas situações, com a ajuda de outra pessoa, devemos
imobilizar a criança. Devemos deita-la horizontalmente e com o
corpo alinhado, até que chegue a ambulância.

Traumatismo abdominal

Lesão na zona abdominal que pode lesar os órgãos ou provocar


alguma fratura.
Se houver dano nas vísceras, poderá ocorrer hemorragia interna.
Devemos estar atentos a sintomas como:
- Dor local
- Sede
- Palidez e suores frios
- Arrefecimento
- Alteração do estado de consciência

Devemos colocar a criança numa posição


confortável e aquecida, em posição sentada
com as pernas fletidas. Devemos mantê-la
acordada e calma, e providenciar transporte
para o hospital.

Não dar de comer nem de beber!

Traumatismos das extremidades

Entorses
A entorse designa-se como a lesão do tecido mole de uma
articulação.
Geralmente resulta em dor no local, imediata ou gradual,
acompanhada de edema (inchaço).
Pode causar incapacidade de mobilização da articulação, por
vezes imediata ou gradual.
O que fazer?

- Devemos impedir a mobilização da articulação, imobilizando o


membro e elevando-o
- Aplicar gelo ou água corrente para diminuir a dor e o edema
- Levar a criança ao médico para observação.

Pronação dolorosa
A Pronação dolorosa é a lesão mais frequente do cotovelo na
idade pediátrica. Consiste numa luxação da articulação do
Cotovelo em consequência de uma movimento brusco, muito
quando a criança é puxada pelo braço quando este se encontra em
extensão completa.
A brincadeira mais comum que origina esta lesão é a brincadeira
do “baloiço”

O tratamento da luxação consiste numa manobra de redução


efetuada pelo médico que rapidamente coloca a articulação na sua
posição correta.
Ter em atenção que após o primeiro acontecimento a
probabilidade da lesão voltar a acontecer é maior.

2.8 - Desmaio

O desmaio, ou a perda súbita de consciência acontece quando o


cérebro não está a ser oxigenado adequadamente. O corpo reage
com a perda da consciência, resultando na queda.
Tem a duração de apenas 2-3 minutos.
Causas
- Excesso de calor
- Cansaço
- Jejum
- Permanecer de pé durante muito tempo
Sintomas
- Palidez
- Suores frios
- Falta de força
- Pulso fraco
Se a criança estiver prestes a desmaiar

- Sentá-la e colocar-lhe a cabeça


entre as pernas para que haja
rápida oxigenação do cérebro
- Devemos mantê-la confortável e
refrescada
- Podemos oferecer bebidas
açucaradas como chá ou café

Se a criança se encontrar desmaiada

- Deitá-la de forma confortável, colocar a cabeça de lado e erguer


as suas pernas
- Devemos manter a
criança confortável e
aquecida, num local
arejado.
- Logo que a criança
recupere devemos
oferecer uma bebida
açucarada e levá-la ao médico para ser observada.
Espasmos de choro:
Os espasmos de choro, levam dezenas de crianças todos os anos a
consultas de pediatria. Ocorrem entre os 6 meses e os 4 anos e consistem
numa sequencia típica de eventos que se iniciam de forma reflexa a um
fator desencadeante, que levam a criança a chora, expirando
prolongadamente, sem a devida inspiração compensatória, o que
origina uma sincope e em casos mais extremos uma crise convulsiva.

Não se trata de uma situação grave e desaparece com o inicio da idade


escolar. O ideal nestas situações é agir de forma a não favorecer a
reincidencia desta situação, uma vez que muitas das vezes são utilizadas
como forma de manipulação pelas crianças. Em caso de desmaio ou
sincope, proceder de acordo com as manobras apresentadas
anteriormente.

2.9 Choque anafilático

O choque anafilático é uma reação alérgica grave que pode levar


ao encerramento da garganta, impedindo a respiração adequada e
podendo levar à morte em poucos minutos. Deve portanto ser
tratado o mais rápido possivel.
Os Primeiros Sintomas de choque anafilatico são:
• Aumento da frequência cardíaca
• Dificuldade em respirar
• Dor abdominal
• Náuseas e vómitos
• Pele pálida e suada
• Prurido (comichão)
• Tonturas
• Paragem cardio respiratória
Estes sintomas podem surgir segundos ou horas após o contacto
com a substância que causa a reação alérgica.
O procedimento apos o choque anafilatico singe-se ao rápido
pedido de ajuda. Nos casos conhecidos de alergia o utente
normalmente é acompanhado no seu dia a dia com uma seringa
pré preparada que contém medicação que ajuda no tratamento
imediato do choque anafilático. Nestes casos é necessário
procurar junto dos pertences da vítima uma seringa pré
preenchida com Adrenalina, mais conhecida como ANAPEN,
sendo de aplicação fácil, mesmo por cima da roupa da vítima.
Só uma atuação rápida e precisa é que facilita e apressa o socorro
a estas vítimas. Manter a calma torna-se portanto uma regra de
ouro.

2.10 Diabetes

A diabetes é uma doença crónica, caracterizada por uma


disfunção do pancreas ao produzir insulina. Uma hormona
extremamente importante no controlo dos níveis de açucar no
sangue.
Assim sendo é comum o utente diabetico, quando não consegue
controlar adequandamente os níveis de insulina no sangue,
apresentar sintomatologia compativel com a baixa (hipoglicemia)
ou elevação (hiperglicemia) dos níveis de açucar.
A sintomatologia destes dois estados pode ser distinguida através
da segunte tabela:

Hiperglicemia Hipoglicemia
Nauseas e Vomitos
Sensação de Fome
Fraqueza Muscular
Fraqueza Muscular
Pele Avermelhada e Seca
Pele Pálida, húmida e sudurese
Sensação de Sede
Tonturas e Nauseas
Hálito Cetónico, adocicado
Tremores
Aumento da Freq. Ventilatória
Confusão Mental
Confusão Mental

A forma mais rápida de diagnosticar o estado glicémico é através


de uma pesquisa de glicemia quando o aparelho está junto do
doente.
Os cuidados imediatos, requerem a ativação imadiata de ajuda
112.
No caso de se tratar de uma hipoglicemia confirmada e caso o
utente esteja consciente poderá ser administrada papa de açucar
(açucar diluido em pouca quantidade de água.
2.11 Envenenamento

O envenenamento resulta do contato do organismo com um


veneno. Este pode ser introduzido por via digestiva, respiratória
ou por contato pela pele.

Se a causa do envenenamento for alimentar, pode originar suores


e arrepios, acompanhados por dor a nível adbominal, náuseas,
vómitos, diarreia, vertigens, desmaio, agitação e confusão.
Nesta situação devemos tentar perceber como ocorreu, manter a
vitima calma e encaminhá-la para o hospital por ser uma
situação de urgência.

Se a causa for medicamentosa, devemos perceber qual o


medicamento e quantidade ingerida, avaliando simultaneamente
sintomas como vómitos, perda de consciência, conolência,
confusão, dificuldade respiratória…
Recolher toda a informação face ao envenenamento junto da
vitima acerca das condiçoes do acontecimento.
Ligar de imediato ao Centro de Informação Antivenenos (CIAV)
do INEM, e dar toda a informação recolhida.
Providenciar trasnporte urgente para o hospital, e não
provocar o vómito nestas situações!
No caso de a causa serem produtos tóxicos, devem estar atentos
a sintomas semelhantes aos descritos anteriormente, e mais uma
vez recolher toda a informação possível junto da vítima.
Se contactar com os olhos devemos lavar com água corrente
durante 15 minutos mantendo as pálpebras afastadas, e não
plaicar qualquer produto.
Em contato com a pele, retirar toda a roupa contaminada e lavar
a zona com água durante 15 minutos.
Se for por inalação, devemos retirar a vitima do local intoxicado.
Em qualquer uma das circunstâncias, deve recolher toda a
informação do acidente e ligar de imediato ao CIAV .

CIAV – 808 250 143


3-Conclusão

As crianças podem ser um alvo fácil no que concerne a acidentes.


Por isso, estar preparados para tomar as primeiras atitudes em
determinadas circunstâncias pode ser importante.
Sempre que nos sintamos incapazes ou com dúvidas devemos
sempre ligar ao 112 para que tenhamos assistência e ajuda
especializada.
A vertente emocional é dos aspetos mais importantes a cuidar
quando lidamos com as crianças. Mais do que rapidez no
tratamento do problema, devemos zelar pela tranquilização da
criança, e pela sua proteção e aconchego.
Esperemos que estes conhecimentos tenham sido úteis para
enriquecer o vosso leque face aos primeiros socorros a prestar em
algumas situações de emergência que podem ocorrer no nosso
quotidiano.

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