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CONTABILIDADE

COMERCIAL
Angelita Delfino
Apuração da ficha
de estoques pelos
métodos UEPS, PEPS
e média ponderada
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as principais características dos métodos UEPS, PEPS e


custo médio ponderado.
 Analisar os métodos de controle de estoque utilizando as fichas de con-
trole de estoque pelos métodos UEPS, PEPS e custo médio ponderado.
 Apurar o custo de mercadorias vendidas (CMV) e o estoque final do
custo médio ponderado, do UEPS e do PEPS.

Introdução
Os estoques são ativos de valor relevante dentro do patrimônio das
entidades, principalmente no comércio e na indústria.
Neste capítulo, você poderá conhecer os principais critérios de con-
trole de estoque — média ponderada, PEPS e UEPS —, identificar as
diferenças entre eles e saber quais são aceitos pela legislação brasileira.
A partir dos aprendizados que serão aqui oferecidos, você será capaz
de efetuar os registros nas fichas de estoque de acordo com os métodos
abordados. Além disso, você poderá apurar os valores de custo das mer-
cadorias vendidas (CMV) e do estoque final por meio dos três critérios,
analisando as diferenças entre os resultados encontrados com o uso de
cada um deles.
2 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

1 Métodos de avaliação dos estoques


De acordo com o CPC 16: “Os estoques compreendem bens adquiridos e
destinados à venda, incluindo, por exemplo, mercadorias compradas por va-
rejista para revenda ou terrenos e outros imóveis para revenda”. O documento
ainda afirma que os estoques “[...] também compreendem produtos acabados
e produtos em processo de produção pela entidade e incluem matérias-primas
e materiais, aguardando utilização no processo de produção, tais como: com-
ponentes, embalagens e material de consumo” (COMITÊ DE PRONUNCIA-
MENTOS CONTÁBEIS, 2009, documento on-line).
Em síntese, estoques são todos os bens produzidos ou utilizados na pro-
dução de produtos e as mercadorias adquiridas com objetivo de venda. Por
exemplo, no comércio constituem os estoques as mercadorias obtidas para
revenda e, na indústria, os estoques são as matérias-primas, os produtos em
elaboração, os produtos prontos e os materiais auxiliares.

De modo geral, os estoques “[...] representam valores expressivos na composição do


patrimônio das entidades; consequentemente, os critérios adotados para avaliá-los
são de extrema importância para a formação do resultado da entidade” (SANTOS et al.,
2015, p. 102). É, portanto, imprescindível entender os critérios de avaliação de estoques
existentes, bem como avaliar periodicamente o critério a ser usado pela entidade.

A fim de avaliar os estoques, também é necessário ter controle sobre os


valores e as quantidades movimentadas de cada item dentro da empresa,
visto que, na grande maioria das organizações, existem vários itens diferentes
a serem controlados. Então, para esse controle, há o inventário, que “[...]
consiste no processo de verificação da existência física dos estoques na em-
presa” (SANTOS et al., 2015, p. 103). Existem duas categorias de inventário:
o permanente e o periódico.
O sistema de inventário permanente “[...] consiste em manter controle
contínuo das entradas e saídas de mercadorias (em quantidades e valores) de
maneira que, a qualquer momento, se disponha da posição atualizada dos
estoques e do custo das mercadorias vendidas” (SANTOS et al., 2015 p. 112).
Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada 3

Esse método permite um melhor gerenciamento das compras e uma melhor


avaliação das vendas.
Já o inventário periódico:

[...] consiste em registrar todas as compras efetuadas durante o exercício numa


conta cumulativa, sem apurar o custo das mercadorias vendidas após cada
uma das operações de venda. Somente no final do exercício é inventariado o
estoque existente (estoque final) e apurado o seu respectivo valor” (SANTOS
et al., 2015, p. 112).

Ou seja, o registro da saída de um item do estoque não é efetuado no mo-


mento da venda, mas em um momento que a empresa estipula para registrar
acumuladamente diversas saídas. A partir daí, de acordo com Santos et al.
(2015, p. 112), pode ser calculado o CMV por meio da fórmula apresentada
a seguir.

CMV = Ei + Co + Fretes − Dev. Co − Ef

onde:

 Ei = estoque inicial
 Co = compras
 Dev. Co = devolução de compras
 Ef = estoque final

É importante estar atento no momento de efetuar os registros dos valores


que integram os estoques, pois estes devem ser registrados pelo valor líquido
dos impostos recuperáveis. A fórmula apresentada é apenas uma base do que
integra o valor do CMV. Isso porque poderia haver, ainda, agregado o valor
de, por exemplo, um seguro sobre o estoque, impostos não recuperáveis, etc.
4 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

Para facilitar a sua compreensão, vamos aplicar a fórmula ao caso hipotético de uma
empresa com saldo inicial de estoques no valor de R$ 23.000,00. Durante um período
determinado, ela realizou compras de mercadorias no valor de R$ 104.500,00 (já líquido
de impostos recuperáveis) e, ao final desse período, apurou um estoque final de R$
22.500,00. Nesse exemplo, o CMV seria calculado da seguinte forma:

CMV = Ei + Co + Fretes – Dev. Co – EF


CMV = R$ 23.000,00 + R$ 104.500,00
+ 0 – 0 – R$ 22.500,00
CMV = R$ 105.000,00

Apuração do custo
São componentes do custo de aquisição, além do próprio valor da mercadoria,
todos os custos para ter essa mercadoria no estoque. Nesse sentido, Santos et al.
(2015, p. 113) observam que “[...] os custos de fretes e seguros sobre compras
integram o custo de aquisição”. Os autores ainda complementam afirmando
que também fazem parte do custo de aquisição os impostos não recuperáveis,
tais como o imposto sobre importação (II), as despesas aduaneiras e com
despachantes e o imposto sobre operações financeiras (IOF).
Importa lembrar que as mercadorias são adquiridas em diversos momentos,
em datas diferentes, e é comum que isso ocasione valores unitários desiguais
para os itens do estoque. Levando isso em consideração, faz-se necessário
determinar o critério a ser utilizado para fazer a valoração dos estoques e,
consequentemente, do CMV. A seguir, veremos os critérios que, entre os
diversos existentes, são os mais conhecidos: média ponderada, PEPS e UEPS.

Média ponderada

Na média ponderada (ou média ponderada móvel), adota-se como valor unitário
dos estoques o resultado obtido pelo cálculo da média entre todas as compras
em estoque. Como exemplo, vejamos o caso da empresa Z Ltda. Suponhamos
que ela tenha efetuado duas compras de um “produto A” (dois lotes) — o
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lote 1 foi adquirido em 4 de setembro, ao custo unitário de R$ 60,00; e o


lote 2, em 13 de setembro, ao custo unitário de R$ 70,00. Se um consumidor
efetivar uma compra em 17 de setembro, o custo da venda será registrado,
de acordo com a média ponderada, pelo valor unitário composto pela média
entre os lotes 1 e 2. Considerando-se que a compra da empresa Z Ltda. foi de
apenas um item no lote 1 e um no lote 2, o cálculo do custo dessa venda será
(60 + 70)/(1 + 1) = 130/2 = 65. O custo da venda foi, portanto, de R$ 65,00.

PEPS

No critério PEPS, também conhecido como FIFO (do inglês first in, first out),
os estoques e o respectivo custo da mercadoria que foi vendida são valorados
de acordo com os valores das primeiras compras. Por exemplo, vamos supor
que a empresa Z Ltda. tenha efetuado duas compras de um “produto A” (dois
lotes) — o lote 1 foi adquirido em 4 de setembro, ao custo unitário de R$
60,00; e o lote 2, em 13 de setembro, ao custo unitário de R$ 70,00. Se um
consumidor efetivar uma compra em 17 de setembro, essa venda terá, de
acordo com o método PEPS, seu custo registrado pelo valor de R$ 60,00, que
é o valor do primeiro lote que entrou no estoque. Por fim, cabe salientar que,
no critério PEPS, o controle de valor é feito por lotes de compras.

UEPS

No critério UEPS, também conhecido como LIFO (do inglês last in, first out),
os estoques e o custo da mercadoria que foi vendida são valorados a partir do
valor da última compra realizada. Para exemplificar, pensemos novamente na
empresa Z Ltda. e as suas duas compras de um “produto A” (dois lotes) — o
lote 1 tendo sido adquirido em 4 de setembro, ao custo unitário de R$ 60,00; e
o lote 2, em 13 de setembro, ao custo unitário de R$ 70,00. Se um consumidor
efetivar uma compra em 17 de setembro, o registro do custo da venda será,
pelo método UEPS, de R$ 70,00, que foi o valor pago pelo último lote a entrar
no estoque. Assim como no PEPS, no UEPS o controle de valor também é
feito por lotes de compras.
Conforme o CPC 16, o custo dos estoques “[...] deve ser atribuído pelo uso
do critério Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou pelo critério do custo
médio ponderado” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2009, documento on-line).
Pode-se verificar, portanto, que o critério UEPS não é citado pelo docu-
mento como uma opção de valoração dos estoques. Isso se dá porque, como
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nos informam Santos et al. (2015, p. 115), esse critério “[...] não é permitido
pela legislação fiscal, por apresentar o maior custo das mercadorias vendidas”.
Tal justificativa pode ser complementada pela colocação de Padoveze et al.
(2010, p. 111):

A legislação tributária brasileira não admite avaliar os estoques pelo método


Último a Entrar, Primeiro a Sair (Ueps), porque na adoção desse método,
em um regime econômico em que há inflação, a tendência é de que todos
os estoques fiquem subavaliados, o que diminui o lucro líquido do exercício
social e, por consequência, o valor dos tributos com o Imposto de Renda e
com a contribuição social.

Em resumo, o critério UEPS não é aceito porque oferece ao fisco arreca-


dação de impostos em valor menor do que se apurado pelos demais métodos,
quais sejam, o PEPS e a média ponderada.

Um outro tipo de avaliação de estoques é o preço específico, utilizado quando é


possível determinar um preço de custo específico para cada unidade em estoque. No
entanto, esse tipo de avaliação não se aplica a muitos casos. Um caso particular que
poderia empregar esse método é o comércio de veículos usados, no qual cada unidade
em estoque para venda tem seu custo único e próprio (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 109).

Cabe ressaltar, ainda, a importância de se utilizar o método correto para


valorar os estoques. Isso porque o processo de avaliação dos estoques influencia
diretamente no balanço patrimonial e no resultado do exercício, e, conforme
Iudícibus e Marion (2016, p. 295), “[...] seus efeitos são imediatamente sentidos
no Patrimônio Líquido, sendo assim, é necessário demonstrar sua movimen-
tação na Demonstração de Resultado de Exercício (DRE).”
Também se deve estar atento à orientação do CPC 16 acerca do uso do
critério escolhido pela entidade: “A entidade deve usar o mesmo critério de
custeio para todos os estoques que tenham natureza e uso semelhantes para a
entidade. Para os estoques que tenham outra natureza ou uso, podem justificar-
-se diferentes critérios de valoração” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS, 2009, documento on-line).
Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada 7

Além disso, o ideal é que não ocorram mudanças frequentes no critério


escolhido, pois isso dificultaria processos de projeções (para orçamentos,
por exemplo), bem como prejudicaria a comparabilidade das informações ao
longo dos anos.

2 Fichas de controle dos estoques


Hoje em dia, as fichas de estoque são, na maioria das vezes, elaboradas por
meio de sistema próprio. Na Figura 1, é apresentado um modelo, o qual será
aqui usado didaticamente a fim de promover uma melhor compreensão do
funcionamento em cada um dos critérios de valoração dos estoques.

Figura 1. Ficha de controle de estoques.

Pode-se verificar que o nosso modelo de ficha (ou tabela) se divide em


três grandes colunas:

 a coluna das entradas demonstra a movimentação de todas as compras,


ou seja, entradas de estoque;
 na coluna de saídas, são registradas todas as vendas, ou seja, as saídas
de estoque;
 por fim, há a coluna que demonstra o saldo atualizado após cada mo-
vimentação, seja ela de entrada ou saída.

Ademais, é possível observar que cada uma dessas colunas é subdividida


em outras três colunas: quantidade, valor unitário e valor total.
Independentemente do critério adotado, usa-se o mesmo modelo de ficha. A
diferença nos resultados é gerada pelo modo como se procede a movimentação
dos itens dentro da ficha, e o valor unitário utilizado nas saídas (vendas) é o
que causa esse impacto.
Vale ressaltar a necessidade de haver uma ficha para cada item (tipo) de
estoque. Em uma fábrica de pães, por exemplo, deve existir uma ficha para
farinha de trigo, outra para óleo, outra ficha para fermento e assim por diante.
8 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

A seguir, veremos como efetuar a movimentação em cada um dos três


métodos. Para isso, usaremos um mesmo exemplo, com os mesmos lança-
mentos, para movimentar as fichas de estoques. Peguemos, então, o caso de
uma empresa que já possuía um estoque inicial de um produto (adegas de
vinho, por exemplo). No decorrer do mês, ela fez algumas movimentações de
compras e vendas, conforme demonstrado na Figura 2.

Figura 2. Operações ocorridas no estoque.

Na sequência, demonstraremos como essa movimentação fica em cada


um dos critérios de avaliação de estoque.

UEPS
Pelo critério UEPS, como já exposto, o último item a entrar no estoque é o
primeiro de que será dada baixa na ficha de estoque. Essa movimentação,
lembremos, é contábil. Utilizando os lançamentos apresentados na Figura
2, temos, pelo critério UEPS, a ficha de controle de estoques apresentada na
Figura 3.

Figura 3. Ficha de estoque — UEPS.


Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada 9

Na ficha apresentada, pôde-se observar que, por esse critério, ao ser efetuada
uma venda pela empresa, o registro feito de baixa de estoque considerou o
custo unitário da última compra realizada (R$ 420,00), e não o custo unitário
do que a empresa tinha em estoque inicial (R$ 400,00). Também foi possível
observar que, na coluna destinada ao saldo, o controle foi mantido por blocos,
de acordo com as aquisições realizadas.

Lembre-se que o critério UEPS não é aceito pela legislação brasileira. Portanto, ele não
deve ser utilizado para a elaboração dos demonstrativos financeiros.

PEPS
Como já foi aqui apresentado, o PEPS consiste em registrar as saídas de
acordo com o item mais antigo em estoque. Assim como no caso do UEPS,
os saldos aqui também serão controlados por blocos, de acordo com cada
compra realizada. Na Figura 4, é apresentada a movimentação do estoque.

Figura 4. Ficha de estoque — PEPS.

Observe-se na ficha apresentada que, pelo PEPS, ao ser efetuada uma venda
pela empresa, o registro feito de baixa de estoque considerou o custo unitário
do que se tinha de mais antigo em estoque. Ou seja, foi considerado o saldo
10 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

inicial (R$ 400,00), e não o custo unitário da última compra — conforme


havíamos feito no exemplo da Figura 3, quando foi empregado o método UEPS.

Média ponderada
A média ponderada consiste em registrar as saídas de acordo com a média
entre todos os valores dos itens que estão em estoque. Diferentemente do que
pôde ser observado nas Figuras 3 e 4, na média ponderada o saldo é controlado
também pela média de todos os saldos em estoque, conforme apresentado na
Figura 5.

Figura 5. Ficha de estoque — média ponderada.

O cálculo realizado para obter a média é simples. No exemplo apresentado,


foram somadas as quantidades do saldo inicial e da compra (30 + 10 = 40),
o que também foi feito com o valor total do saldo inicial e da compra (R$
12.000,00 + R$ 4.200,00 = R$ 16.200,00). Na sequência, houve a divisão do
montante total em moeda pela quantidade total (R$ 16.200,00/40 = R$ 405,00),
chegando-se a um resultado que é um valor unitário constituído pela média.
No momento da venda, o registro do valor unitário é essa média, a qual será
alterada sempre que houver novas compras.

3 Custo das mercadorias vendidas e estoque


final
Agora que já conhecemos o funcionamento das fichas de estoque a partir da
abordagem dos três métodos de avaliação de estoques, podemos entender
como proceder com a apuração do valor do estoque final, bem como do custo
das mercadorias vendidas (CMV). Para saber o valor do CMV e do estoque
final, vamos verificar a movimentação nas fichas de cada um dos métodos.
Cada uma das três colunas principais — entradas, saídas e saldo — tem
a função de demonstrar uma informação. A coluna das entradas demonstra
Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada 11

o total de compras realizadas no período. Se observarmos as Figuras 3, 4


e 5 (que se referem, respectivamente, aos métodos UEPS, PEPS e média
ponderada), teremos o mesmo valor: um total de compras de 15 unidades ao
valor total de R$ 6.250,00.

CMV
Já a coluna que representa a movimentação das saídas (as vendas) demonstra
o valor do CMV. Vale lembrar que a planilha de controle de estoques, inde-
pendentemente do método utilizado, é toda preenchida com valores de custo
de aquisição.
Na Figura 6, há um resumo com os valores de CMV em cada um dos
critérios estudados. As informações apresentadas foram extraídas da coluna
de saídas das Figuras 3, 4 e 5.

Figura 6. Comparativo do CMV apurado pelos três métodos.

Se não houvesse mais movimentação nos estoques, seriam esses os valores


apresentados como CMV na demonstração do resultado do exercício (DRE).
Pode-se observar que, embora as quantidades sejam iguais nos três métodos,
os valores diferem.
O método UEPS utiliza, para fins de apuração e registro do CMV, o valor
unitário da compra mais recente (da última compra), e, como é possível observar,
esse método apurou o maior CMV (R$ 1.260,00). Tal fato justifica o que já foi
aqui mencionado: por apurar o CMV de maior valor, o uso desse método afeta a
DRE de forma a gerar um lucro menor e, consequentemente, uma arrecadação
de impostos inferior à gerada pelos demais métodos. Isso ocorre, é claro, se
considerarmos uma economia (do país) inflacionária, isto é, com oscilação
constante nos preços — os quais, nesse cenário, costumam aumentar.
Por outro lado, o critério PEPS apurou o menor CMV (R$ 1.200,00), pois
utilizou como valor de custo o das compras mais antigas, que tinham valor
unitário menor. Já o valor apurado pela média ponderada ficou entre os demais
valores (R$ 1.215,00), o que se deve ao fato de ser registrado pela média entre
todas as compras de itens que ainda estão em estoque.
12 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

Estoque final
A última coluna da ficha de estoque é a que apresenta o saldo. Ao final da
coluna, após a última movimentação, está o saldo de estoque final. Na Figura
7, há uma tabela resumindo os valores de saldo em cada um dos critérios
estudados. As informações contidas nessa tabela foram extraídas da coluna
de saldo das Figuras 3, 4 e 5.

Figura 7. Comparativo do estoque final apurado pelos três métodos.

Se não houvesse mais movimentações no estoque, seriam esses os valores


de estoque final apresentados no balanço patrimonial. Pode-se observar que
as quantidades são iguais nos três métodos. Os valores, porém, diferem. Na
comparação do saldo final, é possível verificar que o método UEPS apurou
o menor saldo de estoque final, pois reduziu os estoques atuais com valor
unitário maior. Já o método PEPS gerou o maior saldo, uma vez que procedeu
a saída pelos valores mais antigos e mais baixos. Por fim, o método da média
ponderada ficou entre os dois.
As diferenças encontradas a partir da comparação entre os critérios nos
possibilitam ver as implicações que o método adotado tem sobre os valores
que serão levados ao resultado da empresa, ou seja, o reflexo que o CMV
tem no lucro (ou prejuízo) da empresa. Além disso, tal análise nos possibilita
entender esses reflexos no saldo de estoques levados ao balanço patrimonial.
No Quadro 1, são apresentadas essas diferenças entre os métodos.

Quadro 1. Diferenças de resultados entre os três métodos

Método Estoque final CMV Lucro bruto

PEPS Maior Menor Maior

UEPS Menor Maior Menor

Média ponderada Médio Médio Médio


Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada 13

É importante compreender que, se todas as compras fossem efetuadas


pelos mesmos valores, ou seja, não tivessem variação no preço de compra dos
estoques, os três métodos apurariam os mesmos valores de CMV e estoque
final. Porém, isso não ocorre em economias inflacionárias, e, conforme Iu-
dícibus et al. (2010, p. 115), “Critérios diferentes levam a valores de estoque
e resultados líquidos também diferentes”.

Neste capítulo, pudemos aprender sobre métodos aplicados ao controle


e à avaliação de estoques. Eles se enquadram como modelos de inventário
permanente de estoque, nos quais se consegue verificar o custo de cada venda
efetuada pela empresa, bem como obter o saldo dos produtos em estoque a
qualquer instante. Esses são fatores que proporcionam aos profissionais da
área uma significativa melhora na gestão de estoques.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico – CPC 16 (R1)


– Estoques. Brasília: CPC, 2009. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documen-
tos/243_CPC_16_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 14 set. 2020.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
IUDÍCIBUS, S. et al. Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, C. L. et al. Fundamentos de Contabilidade: aplicações. 22. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2010.
SANTOS, J. L. et al. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2015.

Leitura recomendada
ATHAR, Raimundo Aben. Introdução à contabilidade. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
14 Apuração da ficha de estoques pelos métodos UEPS, PEPS e média ponderada

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