DEFINIÇÃO: Ciência que estuda as causas das doenças, os das bombas eletrolíticas (dependentes de ATP – acumulo de
mecanismos que as produzem, os locais ode ocorrem e as Na+ no interior e acumulo de K+ no exterior), nas sínteses
alterações moleculares, morfológicas e funcionais. celulares, no pH intracelular.
- ADAPTAÇÃO: refere-se à capacidade das células, dos Quase que simultaneamente a esses processos, ocorre a
tecidos ou do próprio indivíduo de, frente a um estímulo, ativação do HIF-1, que é fator indutor do aumento de
modificar suas funções dentro de certos limites, para resistência à hipóxia em tecidos submetidos a isquemia
ajustar-se às modificações induzidas pelo estímulo. Ex: 1° transitória; esse mesmo fator também induz a produção do
pré-condiciona mento das células à hipóxia, que permite a HSP, uma proteína do choque térmico, e de proteínas
sobrevivência delas em condições de baixa disponibilidade antiapopitoticas, que ajudam a aumentar a capacidade da
de O2; 2° hipertrofia do retículo endoplasmático liso (REL) célula de resistir a agressões.
por substâncias nele metabolizadas; 3° hipertrofia muscular
Além disso, há ativação da ERITROPOETINA (percursora de
por sobrecarga de trabalho.
células vermelhas), do GLUT-4, do VEGF e da NO SINTETASE.
- LESÃO: é o conjunto e alterações morfológicas, A hipóxia também induz outros mediadores e receptores
moleculares e/ou funcionais que surgem nas células e que ativam rotas intracelulares ativadoras de genes que
tecidos após agressões. aumentam a adaptação não só à hipóxia, como também a
outras agressões.
Muitos agentes lesivos agem através da redução do fluxo
sanguíneo, logo reduzindo a passagem de oxigênio para as LESÕES REVERSÍVEIS INDUZIDAS POR HIPÓXIA
células, reduzindo a produção de ATP; há outros que atuam
Por conta da redução na síntese de ATP, por conta da
na redução da síntese de ATP através da inibição de enzimas
deficiência na fase fosforilativa da cadeia respiratória,
da cadeia respiratória; outros diminuem a produção de ATP
surgem várias alterações, como:
porque impedem o acoplamento da oxidação para as células
e reduz a produção de energia. Em todas essas situações, a - Redução de bombas eletrolíticas dependentes de ATP, o
redução da síntese de ATP vai acarretar na funcionalidade que leva à retenção de Na+ no citosol, aumento da
Vanessa Oliveira – Farmácia XVIII
osmolaridade e expansão isosmótica do citoplasma – início RADICAIS LIVRES
da lesão hidrópica.´
Os radicais livres são moléculas que apresentam um elétron
- Alteração da permeabilidade a outros íons, especialmente não emparelhado na sua última camada de valência, o que
Ca+2, quem saem dos depósitos – REL e da mitocôndria- permite que eles tenham alta afinidade por moléculas como
alcançam o citosol e ativam proteínas cinases Ca+2 lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos.
calmodulina-dependetes, as quais levam a desarranjo no
citoesqueleto. Diversas agressões produzem lesões por liberar radicais
livres: substâncias químicas produzem radicais livres quando
- Oferta excessiva de acetil-CoA às mitocôndrias, com cadeia são metabolizadas nas células; radiações ionizantes a água;
respiratória parcialmente inativada, provoca acúmulo de fumaça do cigarro e alguns alimentos oxidados.
pequenas gotas no citosol – esteatose. Esse acúmulo só não
é maior pois no início da Hipóxia, há um estímulo para LESÕES PRODUZIDAS POR RADICAIS LIVRES
inibição da síntese de ácidos graxos triglicerídeos.
• Lipídeos poli-insaturados podem sofrer ataques de
As alterações citadas são consideradas reversíveis e radicais livres, que transferem o elétron para um carbono do
chamadas genericamente de DEGENERAÇÕES. Ao fim da lipídeo, originando um Lo (lipídeo com um radical livre
hipóxia, a célula recompõe a atividade metabólica, reajusta centrado em carbono). Lo reage com O2, originando um
o equilíbrio hidroeletrolítico e volta ao seu aspecto normal. radical lipoperoxila (Lo + O2 → –LOOo). –LOOo pode agir
sobre outro lipídeo, transferindo o elétron desemparelhado
EFEITOS DA REPERFUSÃO / LESÃO INDUZIDA POR para um carbono, originando um novo Lo, e assim
REPERFUSÃO sucessivamente (peroxidação em cadeia), alterando várias
moléculas lipídicas de membranas. Ao atuar em outros
A reperfusão é a volta de vascularização à um tecido que
lipídeos, LOOo transforma-se em um hidroperóxido (LOOH),
tinha perdido sua vascularização. Esse tipo de processo é
que pode se decompor em aldeídos (malondialdeído e 4-
muito presente em infartos que não são fuminantes, que
hidroxinonenal); hidrocarbonetos voláteis, como etano e
com aparelhagens medicas especificas, consegue-se
pentano, são também produtos finais da peroxidação de
desobstruir o vaso, voltando assim a vascularização.
lipídeos insaturados. A principal repercussão dessas
Entretanto, a volta da vascularização pelo processo de
modificações é lesão de membranas celulares, por causa da
perfusão agrava a lesão no tecido. Isso ocorre por conta da
peroxidação de lipídeos.
formação de radicais livres a partir das primeiras moléculas
• Proteínas. Quando peroxidadas, cisteína e histidina
de O2 que chegam ao tecido após recuperação do fluxo
originam resíduos oxidados que podem ser detectados,
sanguíneo. Esses radicais livres são favorecidos pela
servindo como indicadores de peroxidação de proteínas.
presença da xantina oxidase, que é originada da xantina
Resíduos de tirosina podem ser nitrados por ação do
desidrogenase durante a hipóxia.
peroxinitrito; hipoalitos podem descarboxilar aminoácidos a
Além dos radicais, que são capazes de peroxidar as aldeídos e halogenar tirosina e resíduos heterocíclicos
membranas, existem outros mecanismos: (a) maior (adenosina, NAD etc.). Em proteínas, radicais sulfidril em
capitação de Ca+2 pelas células anóxicas, em virtude da volta resíduos de cisteína são alvos fáceis de radicais livres. Tais
do fluxo sanguíneo, aumentando a quantidade de íons nos alterações podem provocar mudanças conformacionais nas
tecidos; (b) produção de radicais livres pelo leucócitos na proteínas, podendo alterar a sua função (p. ex., o sítio ativo
parede dos vasos, prontos para exsudar; (c) chegada súbita de enzimas) ou induzir sua degradação em proteassomos.
de plasma, produzindo choque osmótico nas células, cujos • Ácidos nucleicos. Radicais livres interagem com
mecanismo de controle de permeabilidade já estão ácidos nucleicos formando timina-glicol e 4-oxoguanina. No
alterados. DNA, radicais livres podem formar adutos e causar quebras
na molécula, favorecendo mutações.
O choque osmótico leva à tumefação súbita da célula e à
ruptura de suas membranas, favorecendo a irreversibilidade
do processo.
Mas até o aparecimento de lesões irreversíveis, podem ser - Alterações nas membranas das mitocôndrias levam {à
encontradas as seguintes modificações: expansão da matriz interna e ao desaparecimento de cristas
– cristólise, formando estruturas floculares. A lesão
- As membranas celulares se alteram por perda de moléculas mitocondrial leva à abertura dos poros de permeabilidade
estruturais e pela incapacidade de repor os componentes transicional, permitindo a saída de íons que resulta em
perdidos; diminuição do potencial de membrana e redução da
fosforilação oxidativa.
- O nível elevado de Ca+2 no citosol ativa fosfolipases e
aumenta a demolição dos lipídeos da membrana - Os lisossomos tornam-se tumefeitos e perdem a
citoplasmática, que se torna mais fraca e passa a apresentar capacidade de conter hidrolases, que são liberadas no
bolhas na superfície; o excesso de Ca+2 também altera a citoplasma e que iniciam autólise – digestão de
polimerização e a associação de proteínas dos filamentos componentes celulares que permite evidenciar que a célula
intermediários, bem como induz a ativação de protease morreu – quando as enzimas lisossômicas passam para o
Ca+2 calmodulina-dependentes – desacoplamento do citosol, a células já está morta, porém essa não é a causa da
irreversibilidade da lesão.