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O ESPECTADOR EMANCIPADO Jacques Rancie ‘) vee a wmfmartinstontes | Paradoxos da arte politica Panes ohne da desi de perigee sits ata nsnaniegatan os poe sone |, Btsdtate ear desmaasttmagiomatou aeons Irland‘ sur gece pau ponder bs Tas | [Beata wer ese ne forma pee rac reer eos EOSIN Algune atta traneGrma och | ‘estituas monurentais os icanes miditios e pubiitéios ‘paranos fazerer tomar conscncia do poder desses cones sobre nossa percepgio; outos enterram silenciosamente ‘monumentoslnvistveis dedicasos aos horrors do sécul; "ung se empenham em mostrar-nos os “vieses" da represen taglo dominante das identdades subalternas, outros nos | topdem afina o ola dante das imagens de personagens ‘om dentidade latuante ou inifével: alguns artistas f {em os bmore eas méscras dos manifestantes cus s in sutgem contea © poder globalizada, outros se intraduzem com fleas identidades nas reuniGes dos podersos desee ‘mundo ou em suas redes de infrmagao ecomuricago,al- _gunsfazem em museus « demonstaro de navas maquina fecoigieas, outros poem nos subirbios carentes pequenas pedis ou diserets sinais de néon destinados a criar um, N ambiente novo, desencadeando novasrelagbes soca; um transporta para baits desfavorecldas as obrasprimas de lum museu, outros enchem as sales dos muses do ino de ‘ado por seus viitantes; um paga tabalhadoresinigrantes para que abindo sou prdpri tmley demonstem 3 vio lincia do sistema salaral, enquanto outa val trabalhar ‘como eaixa de supermercado para empenhar a arte na pei tica de restauragao dos elossoias, Avontade de rpolitzata estatiglse pres mulo dieses. Esa diversade no | Saipan aos eonaS ie Rieu eens ma ara Heine ae Serie se a ~eesasPeticas divergenies em um ponte enon: geal. tet onic: Pinter comanndechaes fen custlonts pul puma eas ee Sem toe peo pips eon Ea ounine: ease hag wn meee ee (2 dread miei xp seat ees {tag contin donnanie wens formas que eaerem attics © POIRIER subversivas. Supoe-se que sare ‘toma ievoEadGsqurido hos stra cols revokes, ue nos mobliza plo fata de maverse para fora do atlé ‘ou do museu equ nos transforma em cponentes do sist ma dominate a0 se negar como elemento dese sistema “Apresent-se sempre como evident pasagemt da asa a fet da etengao a resultado ano ser ques suponha © artista nab ou o destinatiri ner ’ politica da ate” € asim mareada por uma esr sia coletari Aeon ete sates aor © pensamento eas pris da arte mam eonteto sempre novo, Gostam de ns size que as estat anit: de ems sie yn nscale “0 tat, cla globlizasto do, aba pos-odsta da ado ge cE Mascot podeior a eBetn da are que T | | | | | talve team sido abalados um séeulo ou dois anes de to- das esss novidades. Gostaria, portant, de inverter a pers pectva habitual e ganhar certa distinc hitériea para fa nec ble repress Eig do siculo XVI, no Pe marieoen gus tado de das manetas. Ese vc supra tna tli Soe eee | “itn ea formas series sun a ai 50 feta “aertinens ¢ 3 pensanesos oe REE “rps que a natal ise devon erm ‘spac empl em que os tapctores erm cide din vere focaa da Bor comportamenton 00 Ides ¢ ox vos humanon © fae propunka gis de oasis qe deveram er ecanhecs par rts ‘omundo'emodsice de pensamentoe aio po inarou Cat Trade Mole enna aeons aor os pce; Mao Ge Vole ou Nao Side Leng & fig do aati e amare terinc, tsa voeao eal Cate etd spretemente dtante de nos maneta de Psa’ eset Noenano lea usa que Ie subj i eo prone de Segue en gen,o ete ‘oe =n ple de eto mest na exponen feos ua inalgao~ abo oe sgnon penal de certo etd dnposts pela vont de ur tor Recon ter emes signs empentarse em cea lure de reso tminds Bes etunegenda setinerte de prin dade ou de dstnla qos ipl ater estan Stim algnitnd da neta desta plo autor Dares io nome de mosel pelagic da ecca da are Fie modsiocotinu narendes podugkoe flere ence eunenperinen Sum da rds Lact 1couerto conte ple asain sto de {crear ques eprnntyio de resina stro age Io pbs neque ont opto milo doe peti gues see oot soba representa Ddominante ot eontes- tH at dos colonizados peo clonzadornos aude a escapar hoje ds lindas da epesrtagio dorinante das erade. ‘Ora, esse modelo fol qustonado 6 nos anos 16 de aun rR primes € 3 do Wage on Pnco na eae sar pecs [Cre core os peta) de Reus sea ena denna que ert em seu cern’ ada petena Gfo de moral do Mianropo de Male Alem do tage = TRtengBes de um aor, sta etn desgnavs agua cls thas fundamental: a rupture dain eta suposta po mo do represenativ ere perfomance dos corps tata, feu sett e seu efeto. Mali dard razBo&snceriade dese misanzopo cotta a hpotsa dos mundanos que Cerca? Dard razio 0 respeto cles elas exigncas da ‘ida em socedade conta sua interna? Al tambo problema aparentementesupeado il de anspor pars a fons stualdade: que espers a representa fran, tas poedee das glerian, da vine deta ow daqula in Satta de enero ico: eval cot seus crass? Simpatin sem consequénela pelos que softer? Ciera con trace ftgratos que faze da afl de populgbes ua Sportura de anlestag esti? Ox ingnagio cane ( ceuolar convent, que naquelaspopulages 45 v8 Stung degradante devia? “A questo €indecdvel, No que o arta vessein- tengSes dvidesas ou pric imperfe,dexando assim de {eras a bos Sra pas team os senimenos Densamentosapropiadr bung representads. © po | bem est na pépra fel, na pressuposigio dew Thum sensvel entre a producso de imagens, estos Ou Tp pcan ona sags ge SS ees cain demas Neer reendente que o testo lena sido 0 primeo a perceber fue estava em cris, hi maisde dis culo, um modelo no Gal meres artistas plisticos ainda hoje aceditarn ou fngem acreditac €porgie teato & 0 hgatende se etn amene as pressupoiges ea cortradgSes— que {la cota idea dein da ate. E no €surpreendente ‘que O Misano tena dado a ocasio exemplar paraiso, io que suppl tena aponta pan adn Cer. teatro poderia desmascaar os hipdcrits, see que ofege Ealerqus gover avonipotamento doe ipocrtan aces ‘glo por Opes Vhs dow sal oe perareras Seat Tienfos que nia siasmus?Vinte anos depois da Carla sare 5 espticuls, um deamaturgo que sinda conhava comm 0 teatro como institu mora, Schiller fia a demonstra {0 tetral de tais coisas opondo em Os bundles o hipé érita Franz Moor a seu irmao Karl, que leva eo ponto do rime o sublime da sinceridaderevoltada conta ahipoctsia do mundo. Qual igo esperar do confront de dois heres «que, agindo “em canformidade com a natuteza,agem como ‘monsttos? "Os elos da natureza estio rompides declare Franz. fabula de Os benolire levava so pants deruptra a figura ética da ein tata, Danociava os ids elernen- a nature: 8 Tera agtoilica de consiryco das aches, orl ds ans 3 Fun vas male nee ie “Spas te ees ne cs ‘Oishi elon ewes alka Belo politica da mensagem transmiida pelo dispositive repe- sentatho, Refee-se ao propio dispositive, Sua fssura poe 8 dona gue cic dae aly sonia Se ‘mensagens, dar modelos 04 cunisamadelos de comport ‘mento ou ensina a devifar as epresentasSes. Bla consist “Bobretido em disposiBes dos corpos, em recorte ce espagos «tempos singulares que definem maneias de ser, juntos cu separados,na frente cu no mei, dentro ou for, perto ou Tonge. Eo quea poltmica de Rousseau punha em evidéncia, ‘Mas ela imediiamente punha em curto-ciruito 0 pensa ‘mento dess eficia por meio de uma alternative demasia- do simples Piso gu ca ope cuvom bes de moral repeaentagio ® arte sat epeesentagio, Tae quedo sopara a cona da perormange atistia a de vida coletiva, Aa plo dos teatro ela ope 0 povo em ato, ‘festa civea em que acidade se apresentaasi mesma, coro faziam os efebos espartanos celebratos por Putarco, Rous sea zetomava assim a polémica insuguel de Patz, por Go mentza da mimese tear a boa mimese: a coreogata da cidade em ato, movida pr seu principio exptual ace ‘a, eantando ¢ dangando sua propria unidade. Esse part aligma designa o lager da poica da arte, mas para ogo depois subir a arte ea pola juntas Subst davies 5 pretensio da represeragio a corgi os tostumes ¢ 96 ‘Pensamentos por um modelo arin no sen as por corpos ou imagens repesentados, mas estio di. Ietamenteencatnados er COSTUMES it RodDe Ge ate somiidade Esse mode argu shar o que chemamos de GodemigadY com ban se una arte que se tornou forma de vida Teve seus ponies ‘momen no pret quatel d sculo XX a obra de ake {ota o care do povo em ao, asinfona futurist ou constr, tista do novo mundo metéica, Esa formas esa bem Jonge para tris. Mas o que continua pert € 0 modlo de arte que deve suprimir-se a si mesma, de tate que deve Inverter sua git, transformando oespetader en ato de Performance arttca que fz rte sar do museu para ace ela um gesto na rua, ou anula dentro do pp muse a separa entre arte vida, O que se opbe ented pedagogia Inert da mediagiorepesenativa& outa pedagogies ie mediate tia. ssa plaice entre dss podagoyias des ‘ne creo no qual ainda hoje est frequentementeoncere, 4a boa parte da reflxdo sobre a politi da art. (ra, essa polaridade tend a obscuecer a exstincia de uma tera fora de efcdia da arte, que metece pro Brlamente o nome deefiraestética, pos & propia de. ime estético da ate, Me tata-se de uma ef parado. 2al: € a efiscia da prpriaseparalo, da descontinadade entre as formas sensivts da produto atsten as forees seit ras das quaisoseapectadores, os eters ence ‘uvints se apropria desta, Aeficiia eatin 6a eficiia de uma cisténca ede uma neutralizagio. Esse panto mere se esclarecmenta. A “distinc” esttca na verdade fae socada por certa soctolgia&contemplaio entice da be lez, que esconderia os fundamentos sociis da produ ~~ artistica ede sua recepcoe contrarlaria, assim, a conscia~ Cia erica da ealdade e dos meios de agit nela. Mas essa erties dena escpar o que constitu 0 principio dessa dis- tania e de sua eticica: a suspensio de qualquer relasio determinavel ene a intengio do artista, a forma sense) apresentada num hgar de ate, o oar de um espectadar e tum estado de comuniade, Essa disjungio pode ser emble- matizada, na époea em que Rousseau escrevia sua Cara so- bn os espetdeulos, pela descrigio aparentementeinofensiva ‘de uma escultura antiga, descric feita por Winckelmann, da estétua conhecida como Tors do Belvedere. A ruptura ‘que essa andlse realiza em relagio ao paradigma represen tativo consiste em dais pontos essenciais. Prineicamente, ‘sa estdtua esté desprovida de tudo 0 que, no modelo re ‘resentativ, possibitava define a beleza expressva © 0 ‘ariter exemplar de ume figura: no tem boca para peoferie uma mensagem, sto paraexpresar um sentimento, mem ‘bos para comandar ou executar uma ago. Apesat dist, ‘Winckaimann decid convert-1a na esta do her avo ‘entre todos, Hercules, oher6i dos Doze Trabalhos. Mas fez dela um Hércules em repouso,acolhdo depois de seus tra- balhos no dmago dos deuses.E dessa personagem acs cle fez o tepresentante exemplar da beleza grea, filha da Nberdade grega~ liberdade perdida de um povo que nfo conleda 4 sepatacio entre atte e vida, A esttua exprime, pols avd ce um povo, como. festa de Rousseau, mas ese ovo jf foi cubtraido, esti presente apenas naqucla figura ‘clos, que ndo express nenhum sentimento eno peopde nenhuma ao por imitar. Fst 6 0 segundo porta esta ‘est subtrae & todo e qualquer contmam que garanta uma relago de causa e feito entre a intengdo de um artista, um modo de recepsio por um pilin e cera configuragio da vida coetva, ‘A descrgfo de Winekelmann desenhava, assim, rodeo de na efcéciaparadoval, quero passava por um ssplemento de expresso ou de movimiento, mas ao ont ‘ro, por uma subtasio ~ por indiferenca ou passvidado ra dlical= no por um enraizamento numa forma de vida, mas pela distincia entre duas esruturas da via coetiva, Bate paradowo Schiller esenvolveria em suas Lettres sur Tiucr- Fon esthstique de home (Cartas sabre a educriexicn do omen), definindo eficéciaesttca como efciia de uma suspensio, O“instinto de jogo” prprio & experiéncia neu- ftaliza aoposiGo que tradicionalments caractrizave sate ‘eaeu envaizamento sora: a arte e defini pela imposigfo atva de uma forma & matériapassiva esse efit acoadu- ‘hava com uma hieraruia social na qual os homens de inte Ligne ativa domninavam os homens da pasivdade mate "a, Para simbolizar a suspensio desse scordo tradicional entre @estrtura do exerico artistco ea de wm mundo herdrquico, Schiller no descrevia um corpo sem cabera, ‘mas uma cabesa sem corpo, ada Jno Ludoois, carateiza da também por uma indiferenga radical, por uma auséncia radical de preocupagio, vontade e fnalidade, que neutali- ‘zava_a propria oposigio entre atvidade e passividae, ‘ise paradono define a configurasae a “police” da- dqullo que chamo regime estético da arte, em oposgio a0 ‘egime da mediagio representativaeao da imeciaterétca, [flea esttica significa propelamente fica da aus- ppensio de qualquer relagio difeta entce a produto das for- mas da arte ea produgio de um efeito determinado sobre ‘um piblico determinado. & esttua de que Winckslmann ‘0 Schiller nos falar fo! a figura de um deus, oeemento de ‘um cultorelgiso e ivi, mas jé nao o &.J4 nao usta reniuma f€ e ndo significa nenfuma grandeza social J nfo produznenhuma cortesio dos costumes nem nenfua mobilizasio dos corpos.Iéndo we dirige a nenhum pablco expect, mas ao piblico anénimo indeterminade dos vi- ‘Stantes de ruses e dos letores ce romances, Ela hes ‘ferecida de mesma maneira coma & possvloferecer uma Virgem florentina, uma cena de eabaré holandés uma tige- Ja de rutas oa uma banca de pees da maneira como ser80 ‘oferecidos mais tae os rey-made, mercadorias desvia {as ou cartazesdescolados. Essa obras agora et30 sepa ‘das das formas de vida que haviam dado ensejo& sua pro- lugSo: formas mais ou menos micas da vida coletiva do Povo grego; formas modernas da dominacio mondrquia, relgiosa ou aristocrtca qu conferiam uma destinagio acs produtos das belas-ates,Aduplatemporaidade da estos _rega, que agora é arte nos museus porque no 0 ea nas ‘ceriménias cies de ouzora, define uma dupa elagio de separagdo e no separacdo entre ate e vido. E por terse constitudo ao redor da esttua desvinculada de Sua dest= ago primeira que o museu ~entendido no como simples onstrgio, mas como forma de recore do espago comum € odio specifi de vsiblidade ~ pode aather mais ards qualquer outa forma de objeto do mundo profane, também assim desvinculado. também por isso que em 08505 das cle poders presta-se a acolher mdos decirculagio dein formagdoeformas de discuss politica que tentam opor- ‘as modos dominantes de informarée e dscussio sabre as {quesides comans. ‘A ruptura etic instalou, assim, ua singular fr- ma de efi a eficicia de uma desconexdo, de ma 7 tra da relsio entre as produgées das habilades artistas cos fins soiais definidos, entre formas sensei sign cagdes que poder nelas ser lidase efeitos que elas podem produzr. Pode-se dizer de outro modo: a eficcia de um Alissenso. O que entendo por dssenso nio € 0 conflito de ‘elas ca sentimentos. & 0 conflito de virios regimes de sensoralidade.€ por isso que a arte, no regime da separa- {0 estética, acaba por tocar na politica, Piso disseng0 esta Po ceme da police, Potica nso & em primero lags ver ‘cio do poder ou lita poo poder. Seu Smbito nfo & defi dd, em primelro lugar, pals les e instituigSes. A primeira ‘queso poltca saber que cbjetose que suieitos S20 vis dds poressasinsttuigbes eesss lei, que formas de rlagao definem propriamente uma comunicade politic, que obje- tos esss relagies vicar, que sueltos slo apts» designar esses obefos ea ciscut-os. A politica € a ativdad que re configura os mbitos senses nos qual se definem abjtos comuns. Ela rompe a evidénca serve da onder “natural” que desta os indivduos e o8 grupos a2 comando ou & Obedinea, vida pblic ou vid pivads, votando-oso- tells pele en TENSTEE ee gsc nae Spice hae hr reste Rtg ae nce eine 2 naa ote grap A Sclipat cree oraeageeta Ses ten a secmnsetert cee dete aern mec oteemsene per er fap ne ei beaten ia Etpapece eer ame a pattaderss shee emmne on fone bimse define como expericia de disens, opts adap Stamatis ty ts oe Sunk earnest en ice games dread nr Shiva eee in sn Sigs ie te Sse rome ere nore ode experiéncia. F nisso que a estétua do Torso, mutilada ¢ Ec ua iio es ccpunesarsi te eae Sopeteas aaa ines ame aie i [ela ndo hi gat (Que no te mize: precsas mudar devia, A vida deve ser mudada porque 2 estétua mutilada define wma superice que “mira” 0 espectador de todos 05 gates; em tras plavras, porque a passividade da esti- tua define uma eficécia de género novo. Para campreendet ‘ssa fase enigma avez sea preciso atentar para outra histéria de membros e de olla que ooorre nama outa cena bom diferente, Durante a revlugio francesa de 1848, um jamal revolaciondrio oper, Le Tas des travails, pu bhicou um texto aperentemente “apoiieo” a dascrgso da jornada de trabalha de urn operisio marcenere,ocupade 8 taquear um aposento por conta do patrio edo dono do l= gat, Ora, o que est no cee da descrigio €adisjuncio en tre aatividade dos bagos a do cha, que subtral o mare ‘elo a esas duas dependéncias. "Acreduando-se em casa, enquanto ndo termina 0 sposento queers taqueando, ele gosta de sua disposigio; se jane sabre para um jardim ou domina wm horizonte pitoreso, por tm instante seus bragoe param e em ponsa~ ‘ent ele plana para a espagosa perspectiva, a fim futla ‘melhor que os donos cas Rabitagdesvizinhas.”* Tse olhar que se separa dos brags efende oespaqo dla ativdade submisea destes para nla inserir 0 espago de ‘uma inatividade ive define bem um dssenso, chaque de dis regimes de sensorialdade, Esse chogue marca uma ‘subversio da economis “poli” das competincias.Apo- erar-e da perspectivaé i definir ua presenga um espa- go que nfo € 0 do “teabalho que nfo espera. € romper @ Alviso entre os que esto submetidos & necessidade do ra- baho dos bragos e os que dispem daliberdade do ola. pr fim, apropriar-se desse lhar perspectvo tradicional mente assocado ao poder daqueles para os quas conve. gem a linhas dos jrdins francesa as do eifeo social Essa aprpriago extética nfo se identifica com a Musto de «qe falam sorglogos como Bourdieu Fla define a constitu 0 de outro coepo que fro ast “adaptado”& diviso po Trial de lugares, anges e compotincias sociais, Portanto, ‘EG “at ne ge iio & por erro que esse texto “apaliticn® aparece sam jomal ‘opera durante uma primavera sevolucondria. A poss ligede de uma vor coletiva dot operdrios passa eno por essa ruptura estética, por essa dissociagdo das manciras toperirias de set. Poi para os dominades a questo nunca Fai tomar conseléncia dos mecanlamos de dominaglo, as ‘ilar um cope votado a outea cosa, que no a dominapo. Como nos indica 0 mesmo marceneto, ndo se trata de adquirirconhecimento da situaglo, mas das “‘pebxbes” que Sejam inapropriadas a essa stuagio. O que produz esas plxdes, esas subversdes na disposicio dos corpos no & festa ou aguela obra de arte, mas as formas deolhar cores: ppandentes a formas novas de exposigio das obras, as for mas de sua exeténciaseparada.O que forma um corpo ope iro reoluciondro no éa piturarevoluiondia, quer ola Seja rovolucionévia no sentido de David, quer no de Dela ‘croix Elem mais a possibiidade de tais obras serern vistas ro espagoneutzo do muse ot mesma nas reproduges das encilopéias por preso médio, onde sio equivalentes 3s «que onter coneavam 0 poder dos res, a glia das cidades antigas os mistrios da ( que funciona, em certo sentido, & uma vacincia E ‘0 que nos ensina uma iniclaivaatistico-poiicaaparente- mente paradonal que atvalmente se desenvoive num dos ‘subsrbios de Pars euj carder explosivo se manifestou na rebelit do outono de 2005: tm daqueles sbirbios marca dos pela elegagio sociale pela violencia das tensbes inter tnicas. Numa dessa cdades, um grupo de artistas, Campe- ‘ment wbain [Acampamento urbano], mentou um projto ‘esttico na contramio do discurso dominant que expla a rise dos suburbs” pela pera do elo social causada pelo inaividualiemo de massa. Com o tiula “Jeet Nous” (Eu © [Nés],o ntuto fot moblizar uma parte da populagio para ‘car um espago aparentemente petadoxal: im expaso “to talmente init, fgile improdutivo", um lugar abetto a tadose soba proteyao de todos, mas que sé pasa ser ocu ‘pado por uma pessoa para a contempiago ou a medkagio sollttla, O aparente paradoxo dessa ita coletiva por um Juga neo ¢ simples de resolver: a possibildade de estar sozinhola) aparece como forma de elo social, dimen soda vida socal que, precisamente,¢mpossbiitada peas ‘condighes de vida naquoes subsnbios. Aquele lugar vazio desenh ao inverso uma comunidade de pessoas que te numa possblidade defiarsozinhas. Signiiaa igual ca- cidade dos membros de uma coletividade par serum Ea «jo juan posse ser atrbuido a qualquer outro ecriar astm, com base no modelo da universaldade estética Kantian, ‘uma nova espécie de Né, uma comunidade etic ou dis- sensual. O lugar vazo, inti « improdutiva define ume rupture na distbuigio normal das formas da existéncia sensivele das ‘compettncas"e “incompetincias” aca vin~ culadas. Num filme lgado 2 esse projet, Syvie Blacher ‘mostrou habitants com camisetas ostentando uma fase {que cada pessoa haviaescohido, potato, algo como um Jema estéico. Ente aquelas frases, lembro-me dest, em que uma mulher veld diz com suas palaveas o que olugat Se propa formula: “Quero uma pala vais qu ev pose preencher”| ‘A partir dat €possielenuncia oparadowo da rl entre are e politica. Arte e potice tim a ver uma com a jutra como formas de dissenso, operagbes de reconfigura- ‘ho da experiéncia comum do sensvel, Hi uma esttice da politica no sentido de que of stos de subjetivasio politica rdefinem o que é visivel,o que se pede dizer dele © que sujtos sto capazes de fazé-lo, Hi uma politea da estética ‘no sentido de que as novas formas de circulagio da plavr, de exposigi do visivel e de produ das altos determi nam capacidades novas, em ruprua com a antiga config rao do possvel Hd assim, uma politica da arte que pre cade as poltias dos artistas, uma politica da arte como reootte singular dos objetos da experéncia com, que funciona por simesma,independentemente dos deseo que ‘ovartists possam ter de sorvr esta ou aquea causa, O ee todo mused iva ou do teatro te aver com as divisbes Ade espago tempo ecom os mados de apresentagia sensivel «que instituem, antes de dizer respeita a9 contido desta oi daguc bra. Mase fon deine nem una ett Biola dare se nen un cote ae ‘elds arte porn sg pen Alo que scams pais da ate porta & 0 exelgamero de lgas hetrgénes ‘on pis Hao ur pe haa pli da ne schol, nang pala datos deca epee pi un gine de aN regime etn dre oguct dar ootiigodec (= mtaliadng pda da Sesion cobs nus de Fenbiade inlet, erature das erp tes heroines guladedov see npr aroniato dag quem asaboedigers Tee ‘ropa dtnoma oni ata donna a forma degra pierce dete, iss de eonerdo da expr sere Deena 9 camps ada a epi etn an Git tear nants pops pos dae isn ce eateries line fue eteeem s ‘esque do perenne dss das ropes ‘tec donceat ete quo detects tegen ds altar eno ls dtembare ot ton de sage plea, Nowe qu hem sgundo hg seit dos ats gure proponsnat osrekrercnsdoeed vise eerueivel montage lo ea van mane de Cate eto o suena er asin vie, eens 0 the nl evs erecna com oct de ree Fuprs no sis seeds peeps ena dns bvaftn tae tra a Fes eres de umm magn opot so mano ral betas th qe ez daemon mun moth epee io sntel oma de ean mands gos ‘Sais ton contin tbe rover ene se Enea ea raltdeosnglarCocmam, ovis cn Sear Ee buh mats coma Soop ste mana peep dos wrecnerne ee ‘esos mans erection oat ort como nosso mundo é povoado de acontecmentose figuras. ‘Oromance moderna, assim, realizou certa democratizagio dda experincia.Transgredindo as hierarquis entre sujet, acontecimentos, percepcbeseencadeamentos que governa- ‘vam a fico elisia, ele cotebula pata uma nova distri- Duigo das formas de vide posses para todos. Mas nfo hé principio de corrspondéneia determinado entre essa - ropolitias da redescrgio da experiineia e a constiuicio Ge coletivos politicos de enunciago, ‘As formas da expericiaesttcae os modos da fe- 0 criam assim uma paisagem inédita do visve, formas ov de individualidades e coneades, rtmos diferentes de apreensio do que ¢ dado, escalas novas. Nio o fazem da manera espectica da avidede polities, que cia formas de enunciagio coletiva (us). Mas formam 0 tecido dissensual no qual se recortam as formas de constr de objets as possbildades de enaneiagso subjtivn prprias & ago dos foletivos polices. Enquaro a polities propriamente dita onsst na produgo de suites que do voz aos anénimos, 2 politica propia 8 arte no regime esttizo consist na ela boragdo co mundo sensvel do andnimo, dos mods do s:> ‘dou, do qual emergem os mundes préprios do ns alt= ‘co. Mas & media que pasa pela upturaestéia, ese efei- to nose presta a nentum cdlculo determindve, oj esa indeterminagéo que pretenderam ulrapassar as grandes motapoliticas que atibutam 3 arte ataela de ‘ransfcemagio redical das formas da experéncia sen “las quiseram fsa arelacdo entre o trabalho de produseo atistca do sso eo trabalho deciag politica do ns, 8cus- ‘a de fazer dele um tnico e mesmo processo de transfor- ‘magio das formas da via, &custadea arte assumira trea de se suprimir na realizago de sua promesea istic. ‘A poltica da ate” & assim, feta do entrlacamento de utsgica: alogia das formas da experncia esta, do trabalho fccional ea das estratégins metapolticas, Ease entolagamento tambo implica tm entangamento sing lare contaditco entre as rs formas de efisicia que tentet defini a Wégica representativa que quer produairefeos pela epresetagies a lgic esttica que pred efeitos pla spenaio do fins representatives ea logic ca, que quer {que as formas da arte eas formas da politica se identfiquem

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