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Morra!

O Chamado da Cruz

N.M.Major
Direitos autorais©Norman.M.Major, 2021.
Este livro é disponibilizado para livre distribuição em sua forma
integral, e qualquer outro uso do conteúdo aqui apresentado
necessitará da correspondente citação.

Publicadora: Espada & Fogo, Publicações


"Em verdade, em verdade vos asseguro, que se o grão de trigo não
cair na terra e não morrer, permanecerá ele só; mas se morrer
produzirá muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá;
entretanto, aquele que odeia sua vida neste mundo, a preservará para a
vida eterna". (João 12:24-25)
Índice

Parte I - Entendendo a Morte


O Significado de Morrer 03
O Objectivo do Morrer 05
Quando morrer? 09

Parte II - Ser Morto


O Amor Mata 17
A Verdade Mata 19
O Espírito Santo Mata 25
A Obediência Mata 37

Parte III - O Fundamento da Morte


Morrer é Glorificar a Deus 41
Como Devemos Morrer? 49
Dedicado a todos os discípulos de Jesus Cristo
“Existem dois tipos de pessoas no mundo - apenas dois tipos. Não
preto ou branco, rico ou pobre, mas aqueles que estão mortos no pecado
ou mortos para o pecado. ”
- Leonard Ravenhill
Morra!

O Chamado da Cruz

"Rude cruz se erigiu


Dela o dia fugiu
Como emblema de vergonha e dor
Mas contemplo essa cruz
Porque nela Jesus
Deu a vida por mim, pecador"

(Harpa Cristã 291)


Parte I
Entendendo a Morte
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Morra!

O que é Morrer?

O
dicionário da Oxford University Press define como sendo a acção
ou o facto da morte; o fim da vida de uma pessoa ou organismo ou o
desaparecimento, gradual, de qualquer coisa que se tenha
desenvolvido poralgum tempo.
Para evitar má interpretação do que queremos tratar neste artigo
aproveitamos desde já a oportunidade, para aclarar que não se trata de morte
biológica; onde o cor po físico é clinicamente dado como morto. Trata-se sim da
morte do“ego”, morte do homem interior, cujo a principal característica depois de
cair no pecado é a busca de gratificação própria. O homem interior tende
naturalmente a buscar satisfazer suas próprias paixões, sua motivação é
egocêntrica; centrada nele próprio, egoísta. Em outras palavras trata-se de
destronar o próprio homem do seu próprio coração e abraçar o domínio de Deus
mais plenamente. É da morte daquele homem interior egoísta.

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Morra!

O Objectivo de Morrer?

“O qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não reiindicou


o ser igual a Deus, mas, pelo contrário, esvaziou-se a si
mesmo, assumindo plenamente a forma de servo e tornando-
se semelhante aos seres humanos. Assim, na forma de
homem, humilhou-se a si mesmo, entregando-se à obediência
até a morte, e morte de cruz” (Col 2:6-8)

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eus espera que nós morramos a fim de podermos ser
úteis para a obra redentora Dele (Col 1:24). O Senhor
disse “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em
recompensa da sua alma?” (Mt 16:26). A obra que nós temos a
realizar em Cristo é nada mais do que colaborarmos para a salvação
da alma dos que estão ainda perdidos no mundo. É participarmos
como membros do corpo de Cristo para o bem da igreja.

“Agora me alegro nos meus sofrimentos por vós e completo no meu


corpo o que resta das aflições de Cristo, em beneficio do seu Corpo,
que é a Igreja”
A existência do pecado exige a existência da morte, visto que
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Deus é vida e tudo fora de Deus está condenado a morte, porque em
Deus não há pecado. Deus é tão sábio que as coisas mais profundas
do evangelho estão codificadas na natureza.
Desde o momento da concepção o ser humano começa a morrer,
ele nasce chorando, com o medo da morte, cresce egoísta, envelhece e
morre. O homem volta no pó. Cristo nosso Senhor morreu na cruz,
mas começou a morrer desde o momento da sua concepção. Nossa
festa em Cristo não é somente na sua morte, mas essencialmente na
sua ressurreição, pois nela temos a confirmação do ensinamento em
João 12:24-25. Entretanto, o grão caiu na terra e morreu e assim
produziu muito fruto!
Sabemos que na criação de Adão e Eva, 1) Deus com suas
próprias mãos fez o homem a partir do pó, e 2) na concepção de
Cristo, O Verbo entrou no pó, visto que além de entrar no ventre da
Maria, 3) Ele se fez carne, ou seja, Ele se fez pó (João 1:14). Que
podemos notar de comum nestas três ocorrências? Deus se humilhou
nas três vezes. Deus tocou no pó e Deus entrou no pó e Deus se fez
pó. Este Deus que é Santo, Santo, Santo é também o ser mais
humilde. Entretanto, a santidade começa na humildade e a maior
humilhação do homem é a morte. Não importa quão rico seja o
homem, quão lindo, quão famoso, quão poderoso seja, no final, morre
e volta a ser pó. Mas nós estamos a falar da morte do “egoísmo”.
Vemos a necessidade da humildade para salvação, primeiro temos
de nos arrepender verdadeiramente, reconhecer que necessitamos da
vida, crer de coração que a vida é somente Jesus Cristo (Jo 1:4). Isto é
o grão cair na terra, é se humilhar diante de Deus, é o aceitar que nós
pecamos e que somos merecedores da ira de Deus. Aí nascemos para
Deus, nascemos-de-novo (Jo 3:5-8):
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito:
Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer,
e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde
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vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito
Obviamente, um organismo saudável depois de nascer começa a
crescer até se tornar maduro, e começar a reproduzir. Deste
organismo ou ramo da videira (João15:4-6) Deus espera muito fruto
(Gl 5:22-23). A formula para darmos muito fruto é morrer (Jo 12:24-
25). Pena que a maioria dos cristãos de hoje não querem buscar dar
muito fruto, alguns se contentam com pouco, alguns com
pouquíssimo e alguns nem se importam, estes últimos não
permanecem em Cristo, serão como os ramos que são jogados fora e
secam. Então, esses ramos serão juntados, lançados ao fogo e
queimados. Porém, esta morte não é por causa do fruto, mas é por
causa de Deus, obviamente que o próprio Deus é por si só a maior
razão para nos esvaziarmos até a morte. Foi assim com o Salvador na
cruz, deve ser assim com cada cristão!

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Morra!

Quando Morrer?

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orra o mais rápido possível é o desejo de Deus em
relação a você e eu. Morrer para nós mesmos, a fim de
vivermos para Deus. Morra nos desejos, nos sonhos,
nas ambições, nos hábitos, morra na pornografia, nas
conversas perversas, morra no invejar, no odiar, morra no querer ser
maior que os outros, no querer ter mais do que aquilo que Deus te dá,
morra no orgulho de tudo que não é o próprio Deus ou que não seja
do próprio Deus. Morra! É a melhor coisa que podemos fazer. Não
hesita em morrer, morrer em tudo que não agrada ao Senhor. Morra
na fofoca, morra no adultério, na fornicação, na bebedice, morra no
assistir promiscuidade, no ouvir perversão. Morra no aturar ambientes
imundos e profanos, no caminhar com inimigos da verdade, morra no
aturar piadas perversas e conversas imundas.
Só um morto é insensível; insensível aos apetites do corpo, pois a
carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se se
opõem um ao outro, de modo que não conseguimos fazer fazer o que
queremos (Gl 5:17). Nós queremos dar muitos frutos! E isso é a
vontade de Deus. Se morrermos, só prevalecerá o Espírito e este
produzirá o Seu fruto (Gl 5:22-23). Aquele tempo que tiras para ti,
entrega à Deus também, aquele estômago que te domina, entrega ao
domínio de Deus.
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Morra no servir ao Dinheiro, no querer ser respeitado pelos
homens, no buscar elogios dos homens, no querer agradar os homens;
morra em tudo isso. Temos de morrer, temos de pedir a Deus a morte
do nosso “egoísmo” pois é o empecilho para a vontade de Deus se
efectivar abundantemente em nós. Todo filho de Deus devia buscar
dar muito fruto, visto que é isso que Deus quer de nós.
“É sem duvida verdade que qualquer doutrina que vem de Deus,
leva nos à Deus; e aquela que não tende a promover a santidade não
vem.” George Whitefield
Antes de pensarmos em qualquer outro atributo de Deus,
devemos perceber que o único atributo repetido três vezes é relativo a
SANTIDADE de Deus. Em duas (Is 6:3 e Apoc 4:8) instancias na
bíblia encontramos o relato dos seres celestiais clamando:
"Santo, Santo, Santo é o Senhor". Obviamente, não é por mera
coincidência que os anjos repetiam três vezes o atributo. Embora o
número três representa o auge do poder de Deus ou glória da essência
de Deus, a eternidade de Deus, existe também uma mensagem
acrescida na repetição: Santo, Santo, Santo é o Senhor. Creio que
Santo, Santo e Santo é diferente de Santo, Santo, Santo. O primeiro
restringe a santidade a 3 vezes santo, mas o segundo, sem “e” amplia e
enfatiza esta SANTIDADE, mostrando a continuidade, ou eternidade
desta Santidade. Trata-se de um hebraísmo para dizer que a santidade
de Deus é imensurável.
A partir do momento que entendemos a diferença entre Santo,
Santo e Santo versus Santo, Santo, Santo, devemos mais facilmente
aceitar que: Deus é SANTO infinitamente, vezes eternamente. Isaías
ao ver o Senhor dos Exércitos se encheu de temor (Isaías 6) , sim,
temeu pela vida, lembrando o que havia sucedido ao rei Uzias (II
Cronicas 26| II Reis 15) que havendo-se fortificado, exaltou-se o seu
coração para a sua própria ruína, porque entrou no santuário do
Senhor para queimar incenso no altar. Ora, o santuário só podia
receber os levitas ou sacerdotes, segundo a Lei de Moisés, homens
consagrados para ministrar ao Senhor. O profeta ao olhar para Deus
deu conta de si próprio; num trono alto e sublime estava o Santo,
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a inexplicável profundidade da SANTIDADE de Deus fez com que o
pecado se tornasse explícito, visível, e insuportável e que o profeta
entendesse que era injustificável o seu estado.
“Então disse eu: aí de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de lábios impuros, e os
meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6:5)
“Ai de mim! Estou perdido!” concluiu o pecador diante do Santo,
Santo, Santo Deus, o profeta de Deus, famoso e temido, cogitou ser
merecedor de um castigo igual ou semelhante ao do rei Uzias, pois
entrara no santuário espiritual tendo os lábios sujos e estando ele
manchado de iniquidade. Quantos cristãos vivem confortáveis com o
pecado? Quantos vão a igreja dedicadamente, de domingo a domingo,
sábado a sábado e ouvem sermões e sermões mas não notam o Santo,
Santo, Santo assentado no SEU trono alto e sublime, nem dão conta
de si próprios, não notam de forma explícita, visível, e insuportável a
iniquidade que carregam?
O profeta notou a impureza dos seus próprios lábios. Qual é a tua
impureza? Quais são as tuas impurezas leitor? Quais são as tuas
impurezas escritor? Pensa nas tuas palavras e diz se os teus lábios
estão puros? Pensa nas pornografias e imundícias nos quais ofereces a
tua atenção e diz se os teus olhos estão puros? Pensa na tua inveja,
cobiça, infidelidade e diz se o teu coração está puro? Pensa no lucro
ilícito, no roubo, nas dívidas que não pagaste e diz se a tua mão está
pura? Pensa na fornicação, no adultério e diz se o teu corpo está puro?
Não se trata do exterior, trata-se do interior, pois a Torre de Babel
não é uma estrutura física, é uma estrutura espiritual, dentro de todo
homem pecador, a estrutura do orgulho, da autojustiça, cujo os
degraus e blocos são todos os pecados que existem. Pois Cristo
deixou claro que o pecado começa pela cobiça do mal, pela natureza
da intenção. O próprio Senhor diz:
Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos
digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura,
em seu coração, já cometeu adultério com ela. Se o teu olho direito te
leva a pecar, arranca-o
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e lança-o fora de ti; pois te é mais proveitoso perder um dos
teus membros do que todo o teu corpo ser lançado no
inferno. (Mt 5:27-29)
Obviamente, quando nascemos começamos como crianças e na
medida que vamos comendo bem e o tempo vai passando vamos
crescendo e crescendo até nos tornarmos adultos e envelhecermos e
morrermos. De igual maneira, quando nascemos-de-novo devemos
crescer em santidade, até morrermos totalmente para nós mesmo.
Essa morte é nada mais do que a insensibilidade total as sugestões
impuras. Jesus organizou a igreja com o propósito de aperfeiçoar os
santos para a obra do ministério, para que o Corpo de Cristo seja
edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade,
atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo.
"O objetivo é que não sejamos mais como crianças, levados de
um lado para o outro pelas ondas de doutrinas, nem jogados
para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela malícia de
certas pessoas que induzem os incautos ao erro." (Efe 4:11-14)
Em outras palavras, a vontade de Deus é que nós sejamos a
imagem e semelhança de Cristo; pensarmos como Ele, sentirmos
como Ele e agirmos como Ele, o processo que nos leva a atingir este
objectivo chamamos de: santificação. A bíblia diz isso em I João 3:2
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o
que havemos de ser, todavia, sabemos que quando Ele se manifestar,
seremos semelhantes a Ele, pois o veremos como Ele é”.
“o cristão deve se alegrar em aceitar que Deus use todas as
circunstâncias da vida para lhe ensinar a ser humilde” Andrew Murray
Embora esteja claro que o processo será cumprido quando Ele
próprio voltar, é mister que continuemos buscando a perfeição em
Cristo (Heb 6:1): ”Pelo que deixando os rudimentos da doutrina de
Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o
fundamento de arrependimento de obras mortas e de fé em Deus”.
Esta admoestação em outras palavras diz “já cremos em Deus, já
sabemos que é pela fé e não por obras que somos salvos, então
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Crescer e atingir a maturidade em Cristo passa por obedecermos a
Cristo, visto que, “se dissermos que cremos Nele e não o obedecemos
somos mentirosos”. Está escrito em João 14:23-24:
“Respondeu Jesus: "Se alguém me ama, obedecerá à minha
palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada
nele. Aquele que não me ama não obedece às minhas palavras.
Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são
de meu Pai que me enviou”
Agora que a palavra de Deus chega ao teu coração, aceite-a e
morra!

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Parte II
Ser Morto

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O Amor Mata

“Entretanto, o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência,


benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra
essas virtudes não há Lei”. (Gl 5:22-23)
“O amor é paciente; o amor é bondoso. Não inveja, não se
vangloria, nem é arrogante. Não se porta de maneira
inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece
facilmente, não guarda ressentimentos. O amor não se alegra
com a injustiça, pois sua felicidade está na verdade, tudo sofre,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Cor 13:4-6)
“Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por
causa dos seus amigos” (Jo 15:13)

O
amor nos leva a nos oferecermos a favor daqueles que
amamos. O amor nos leva a darmos tudo que temos
para o beneficio de quem amamos. Ora, se amarmos a
Deus de todo o coração, segue-se que por ele
entregaremos tudo, até a própria vida se for necessário. Não é isso que
Deus fez quando nos entregou seu próprio Filho (Rm 8:3)?
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho
Unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
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vida eterna” (Jo 3:16).
Morrer é a vontade de Deus para com o Seu povo. Morrer é a
ordem de Deus implícita nos dois maiores mandamentos; amarás ao
Senhor com todo o teu coração e amarás ao próximo como a ti
mesmo (Dt 11:1|Lv 19:18). Cristo o nosso Senhor, em quem não se
achou pecado, amou O Senhor com todo o coração, e amou ao
próximo como a Ele mesmo, e como consequência se esvaziou até a
morte.
“Agora, entretanto, Ele vos reconciliou no corpo físico de Cristo, por
meio da morte, para vos apresentar santos, inculpáveis e absolvidos de
qualquer acusação diante dele” (Col 1:22)

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Morra!

A Verdade Mata

A
doutrina de Cristo é a única receita válida para
santificação. Consoante vivermos segundo as palavras
Dele, assim a mesma palavra Dele nos vai santificar.

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim


como tu me enviaste
ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me
santifico a mim mesmo,
para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo
17:17-19)
Como Jesus Cristo santificou-se? Vivendo segundo as palavras
Daquele que lhe enviou, Jesus Cristo não se desviou da vontade do
Pai, se submeteu totalmente ao Pai Celestial, e em cada etapa de sua
vida na terra ele caminhava em direcção o cumprimento da missão
que lhe convinha cumprir na terra. Missão dolorosa (Is 53), mas a
mais honrosa. Por isso podemos ler (Heb 5:7-10):
Durante seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e
súplicas, em clamor e com lágrimas, àquele que o podia salvar
da morte, tendo sido ouvido por causa da sua reverente

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submissão. Mesmo considerando o fato de ele ser o Filho de
Deus, aprendeu a obediência por intermédio das aflições que
padeceu e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte de
salvação eterna para todos quantos lhe obedecem, tendo sido
nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque.
A santificação começa por olharmos para Cristo, depois olharmos
para nós e daí olharmos para o povo ao nosso redor e reconhecermos
que somos todos igualmente pecadores. Foi isso que aconteceu com
Isaías, foi isso que aconteceu com o criminoso na cruz, que
reconheceu que era digno do castigo que lhe impuseram.
Ora, a imagem de Deus é Cristo, "Ele é a cabeça do Corpo, que é
a Igreja; Ele é o principio e o primogénito dentre os mortos, a fim de
que em absolutamente tudo tenha supremacia, porquanto foi do
agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude e por intermédio
dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra
quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz e pelo seu sangue
vertido na cruz" (Col 1:12-20).
Olhar para Deus é ganhar consciência de Cristo, ora, nós não o
temos visto com os nossos olhos, mas pela fé temos aceito a sua
existência, temos crido realmente que Ele é o filho do Deus vivo e
eterno, e por esta fé somos salvos e temos a promessa da vida eterna
(Jo 3:16). Esta fé que nos faz conhecidos de Deus é do tipo que
resulta em obediência a palavra dele, visto que "aquele que diz: eu o
conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não
está a verdade, mas aquele que guarda a sua palavra, nele,
verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto
sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse
deve também andar assim como ele andou" (I Jo 2:3-6). A fé é olhar
para Cristo e aceitar tudo que Ele representa, e viver segundo a forma
que Ele viveu.

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Morra!
Cristo representa a graça de Deus, a justiça de Deus, a
misericórdia de Deus, a redenção, a justificação, a purificação e a
santificação. O sacrifício de Jesus Cristo na cruz é a fonte da nossa
santidade, de modos que ninguém pode ser mais santo que o tamanho
da cruz que carrega, por amor e pelo galardão nos céus. Por amor
porque Ele nos amou primeiro (I Jo 4:19), pelo galardão porque Ele
nos prometeuuma coroa de vida eterna (I Cor 9:25, Tiago 1:12, I Ped
5:4, Apoc 4:4).
“A graça nos dá poder para vivermos na santidade” Zac Poonen
A verdade é a palavra de Deus (Jo 17:17), Jesus é a verdade (Jo
14:6), Santo é Deus, por isso o Espírito de Deus é o Espírito da
Verdade (Jo 14:17) e é o Espírito Santo. Antes de termos em nós o
Espírito Santo não podíamos ser santos, santidade vem de Deus não
da carne ou mundo, por isso mesmo "não devemos amar ao mundo
nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede
do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece
eternamente" (I Jo 2:15-17).
“Sou Eu, YHWH, que vos fiz subir da terra do Egito para ser o
vosso Deus: sereis, portanto, santos. Porque Eu sou santo!” (Lev
11:45)
Em primeira João 3 lemos uma exortação enfática relativo a
necessidade de vivermos dignos de sermos chamados filhos de Deus.
Deus é santo, seus filhos devem manifestar os frutos da santidade
visto que em nós permanece a divina semente. Hoje, são muitos os
cristãos que não buscam uma vida separada para glória de Deus,
crentes que servem ao mundo e ao mesmo tempo servem a Deus,
crentes que glorificam a Deus com os mesmos lábios que acusam os
irmãos em Cristo, crentes que sabem que devem ser sal, mas parte da
sua vida são açúcar. Espalham a doçura dos prazeres ilícitos da carne.
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que
pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que
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pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive
pecando desde oprincipio. Para isto se manifestou o Filho de
Deus: para destruir as obras do diabo” João 3:7-8.
É fácil pecarmos, por isso deve haver sempre arrependimento em
nós! Nascer-de-novo tem o propósito de criar filhos de Deus,
maturos, crescidos no amor e na justiça, mas néscios no mal (I Cor
13:11). Não é a vontade de Deus criar eternas crianças no que tange a
espiritualidade (I Cor 3:1, I Cor 13:11). Temos hoje, muitos cristãos
sofrendo algo que podíamos chamar de “hipotireoidismo espiritual”;
esqueçamos a explicação científica do termo, mas trata-se daqueles
casos que uma pessoa com o corpo de um bebé tenha em realidade
uma idade adulta. Quantos ouvem a palavra a muitos anos, mas
continuam espiritualmente crianças? A vontade de Deus é que
cresçamos em Cristo e que possamos dar muito fruto (Jo 15:1-14):
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a
vara (ramo) em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa (poda)
toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.!Vós já estais
limpos, pela palavra que vos tenho falado.!Estai em mim, e eu
em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não
estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em
mim.!Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazer.!Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como
a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.!Se
vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em
vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.!Nisto é
glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.! Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós;
permanecei no meu amor.!Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo
que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e
permaneço no seu amor.!Tenho-vos dito isto, para que o meu
gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.!O
meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei.!Ninguém tem maior amor do que este, de
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Morra!
dar alguém a sua vida pelos seus amigos.!Vós sereis meus
amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
Caro leitor, se te consideras um ramo, será que estas em Cristo?
De que natureza são os teus frutos, são para a vida ou para a morte
espiritual? ( Lc 6:44|Rm 7:5|II Cor 9:10|Gl 5:16-26)? Oh, ramo, será
que caminhas para o fogo? Serás tu o ramo que deve ser lançado fora,
para secar, para te colherem e te lançarem no fogo e arderes? Será que
és o discípulo que sente-se constrangido quando ouve que “se não
guardares os mandamentos de Cristo, não permanecerás no amor
Dele, visto que Ele mesmo também guardou os mandamentos de Seu
Pai, e permanece no seu amor?” Será que almejas ser amigo de Cristo
fazendo o que a palavra dele manda? Será que sua vida se identifica
realmente com: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança, das quais coisas não há lei?
A palavra que foi traduzida em “limpa” não é um limpar como faz
uma mulher lavando o seu bebé, é um limpar ligado a árvore, é um
podar, um cortar daquilo que interfere no crescimento saudável de
uma árvore do qual se espera muito bom fruto. Este podar é o que
chamamos morrer. Deixar as partes do nosso ser que interferem com
o juízo da palavra de Deus serem removidas, com cortes ásperos e
precisos por parte de Deus, através da palavra, através de
circunstâncias, através de pessoas etc., mas que o próprio Lavrador é
o autor. Obviamente que dói! Dói dizer em atitudes e em
comportamento “seja feita a sua vontade em minha vida”

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Morra!

O Espírito Santo Mata

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e o amor é fruto do Espírito Santo então a morte do homem
interior é produto do Espírito Santo. Se a água num copo é
misturada com um corante vermelho, naturalmente que a
água no copo se tornará vermelha. De igual modo, quando
alguém é baptizado pelo Espírito Santo a pessoa passa a manifestar os
frutos da santidade. Falar em línguas estranhas não é a característica
principal que identifica a presença do Espírito Santo, é a santidade,
por isso, mesmo se chama Espírito Santo e não Espírito da Língua
Estranha. O falso profeta pode falar em línguas estranhas, de facto, a
maioria fala; pode fazer milagres, sinais, profetizar etc., mas não pode
viver em santidade.
O Espírito da Verdade primeiramente manifesta a verdade, a
palavra, por essa razão os profetas do mal são todos falsos, NUNCA
podem ser profetas da verdade enquanto não tiverem o Espírito da
Verdade dentro deles. Nunca podem manifestar os frutos do Espírito
Santo enquanto não for o Espírito Santo a agir dentro deles! E o
Senhor deixa claro que pelos frutos os conhecereis.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:
adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,
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heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas
semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já
antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão
o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é:amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de
Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também
em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-
nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros (Gl 5:19-26).
Lamentavelmente, muitas igrejas se enchem com pessoas que
estão mais interessadas nas riquezas terrestres, na fama, no casamento,
na fofoca, na inveja, na inimizade, no rancor, na fornicação, no
adultério, no dizimo, na oferta, no milagre, no orar em línguas
estranhas etc., muito mais do que estão interessadas em ser santos,
como o Deus espera dos seus filhos. Cristo morreu na cruz para nos
fazer santos, o sacrifício Dele nos dá a força para não sermos escravos
do pecado. Prossigamos pois mortificando a carne e seus prazeres
concupiscentes. Cristo carregou a sua cruz para nela morrer. Porque
pensamos nós que quando Ele nos manda carregar a nossa cruz não é
com o propósito de morrermos nela (Mt 10:38)? Ninguém é mais
santo que a profundidade da cruz que carrega por amor a Deus.
Na cruz é onde morre o nosso ego, é onde a vontade de Deus é
realizada, é onde nós nos tornamos partes de Cristo (Gl 2:19-20). O
Espírito Santo nos conduz a cruz, nos seduz a negação do eu para a
glória do EU SOU. Não há nenhuma obra que temos de fazer para
crescermos em santidade, toda obra Cristo fez quando morreu na
Cruz, porém, só temos de nos deixar morrer. Mortos somos mais
úteis para Deus. Qual é o ponto máximo da fraqueza e da humilhação
além da morte (II Cor 12:9-10)? Não é Deus que habita com os
humildes (Is 57)? Não é o próprio Deus que poda os ramos para
poder produzir mais fruto (Jo 15)? Não sabeis vós que só os vivos
morrem? Morra hoje para que possas viver em abundância de Deus.
Continuemos morrendo para continuarmos vivendo cada vez mais
profundamente Nele. Morra! Disse um pregador:
26
Morra!
“minha esperança é que depois desta pregação alguns de vocês se
tornem participantes do vosso próprio funeral”
Segundo os especialistas de saúde quando alguém entra de jejum
seco; sem beber e sem comer, o corpo começa a comer-se, um
processo que pode ser considerado uma morte lenta. Imaginemos os
que jejuaram quarenta dias seco (Moisés e Cristo)? Jejuar é humilhar-
se, é enfraquecer-se, é um processo de morte. Porém, fica aqui uma
advertência, não entrar em jejum de tamanha proporção sem a
orientação do próprio Deus, muitos incautos se aventuraram e
acabaram cometendo suicídio em nome de Deus, por falta de
conhecimento.
Deus deixa claro que o jejum deve ser puro, livre de egoísmo,
deve ser nada mais do que uma consagração do nosso corpo, um
retiro das actividades típicas do nosso dia a dia para buscarmos a
Deus com súplicas, meditação, oração e actos de amor para com o
próximo e ao necessitado (Is 58:2-12):
Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os
meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não
deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da
justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus, Dizendo: Por
que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que
afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em
que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis
todo o vosso trabalho. Eis que para contendas e debates
jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como
hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum
que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que
incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si
saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao
Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes
as igaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e
que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o
faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e,
quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
27
N.M. Major
heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas
semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já
antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão
o reino de Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura
apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, ea
glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o
Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se
tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar
iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a
alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão
será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e
fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos;
e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas
águas nunca faltam. E os que de ti procederem edificarão as
antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em
geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador
de veredas para morar.
Não é o jejum que nos santifica é Deus, Ele é a fonte da
santidade. Se o jejum nos santificasse o Verbo não se faria carne (Jo 1-
14), bastaria o mundo todo jejuar para manter-se santo. Buscar a Deus
com amor e rendição aproxima Deus de nós, por isso está escrito (Tg
4:8-10):
Chegai-vos a Deus, e ele se achegará a vós outros. Purificai as
mãos, pecadores; e vós que sois de animo dobre, limpai o
coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Convertase o vosso riso
em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na
presença do Senhor e ele vos exaltará.
Cristo não aboliu o jejum, mas ensinou a forma recta que deve ser
efetuado (Mt 6:17-18). Para melhor entender como praticar as boas
obras, o jejum e a oração convém ler Mateus 6.
Não há como fugir do chamado a morte, se realmente somos
cristãos. Se temos de perder a cabeça por causa de Cristo que assim
seja, se temos de perder o mundo por causa do Reino de Deus que
assim seja, se temos de perder os nossos sonhos, desejos, dinheiro,
28
Morra!
orgulho, casas etc., que assim realmente seja. Que a vontade de Deus
seja feita em nós!
Vós sois a Luz
E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos:
que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos
que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas,
mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos
na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo
pecado (I Jo 1:5-7).
Cristo é a luz (Jo 1:4-5), Deus é luz, todo verdadeiro cristão tem o
Espírito da luz, por isso é luz (Mt 5:14-16). Obviamente, neste ponto
fica evidente que a escuridão é o pecado. A Luz é a verdade, a verdade
é a santidade. O contrário de santidade é iniquidade, o contrário de
santificação é profanação.
Caro leitor, olha bem para o teu coração, tens sido luz ou trevas?
Tens sido sal ou açúcar (Mt 5:13)? O açúcar não herdará o Reino dos
Céus, na Nova Jerusalém não haverá noite, desta feita, lá não entrará
escuridão alguma! Não é o pecado doce como açúcar? O mundo se
envolve de trevas, a iniquidade multiplica, o pecado contamina tudo a
nossa volta. O mundo entrou na igreja, a igreja se busca no mundo,
mas a igreja verdadeira se mantem luz e sal. Oh, por causa de
dinheiro, fama, poder, quantas igrejas não abraçaram a doçura da
moda mundana? Quantos não açucararam o louvor e a adoração com
as práticas mundanas? Quantos não profanaram o púlpito, com shows
gospel? Só há uma Super Estrela no nosso meio, Ele chama-se Jesus
Cristo.
Somos chamados para fora, separados para sermos luz e sal, para
sermos santos! Ser diferente do mundo, ser sal, ser luz é ser
semelhante a Cristo, é viver na verdade, na humildade, no amor, na
fidelidade, na coragem, na perseverança, no foco na coroa, é ser
integro e recto de coração. É pautar por viver segundo a palavra e
deixar a palavra exprimir-se em tua vida!!

29
N.M. Major
Alguns traduzem mal “todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas convém”, tiram a frase fora do contexto, fazendo dela o
pretexto para viverem acomodados num evangelho que mima o
pecado. Em I Coríntios 6:12-20, o Apóstolo Paulo se levanta contra a
conduta impura e o desvio dos preceitos básicos do evangelho, de
facto, muitos estavam a abusar da graça, tornando-a em libertinagem
(Jd 1:4). Oh, como muitos cristãos tem negado Cristo com suas vidas,
mas abraçando Cristo com os seus lábios (Mt 15:18).
Paulo, na autoridade de porta-voz de Deus, estava a repreender a
conduta impura, e em nada fazia apologia ao mínimo sequer do
pecado. Ele na verdade estava a esclarecer que embora as restrições da
Lei, como o “não toques”, “não coma” “guarda o sábado” ou a
“circuncisão” fossem ultrapassadas na Graça, certos princípios devem
ser observados; na verdade Cristo nos liberta da escravidão da carne,
sua ressurreição nos deu o poder de viver segundo a justiça dele.
Como podemos conciliar um evangelho que diz “tudo me é lícito,
inclusive de fornicar, adulterar, assassinar, mentir, roubar, invejar,
odiar, amar a mim mesmo, ser gananciosos, arrogante, presunçoso,
blasfemo, desrespeitoso aos pais, ingrato, ímpio, não ter amor, ser
incapaz de perdoar, caluniador, sem domínio próprio, cruel e inimigo
do bem, mas nem tudo convém”?
Se o nosso Senhor reprendeu a Satanás citando a Lei (Mt 4:10),
porque será que nós, inferiores a Cristo, achamos que podemos
responder a satanás com o “tudo me é lícito”? Obviamente, não é
lícito tentar ao Senhor, não é lícito prostrar-se e adorar a luxúria, não é
lícito amar o mundo e tudo que nele há, não é lícito confiar em si
próprio ou num outro ser além de Deus, não é lícito mentir, não é
lícito divorciar-se excepto no caso de adultério, não é lícito roubar,
não é lícito servir a Mamon etc. E é claro que não convém fazer o que
não é lícito, pois o principio da sabedoria é o temor ao Senhor (Prov
9:10) ele é aquele que é capaz de lançar a alma no inferno (Lc 12:5).
Muitos de tanto ler as escrituras com os “óculos” de algumas
correntes teológicas, sem a direcção do Espírito Santo, acabam
extrapolando o essencial e o óbvio; não adiante pedir perdão a Deus
30
Morra!

enquanto não perdoarmos os que pecaram contra nós (Mat 6:14-15)!


É simples e claro como Cristo ensinou. Perdoar por honra ao Pai é
dizer não ao ego.
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" ( Mt 5:20 )
Se o pecado fosse algo tão básico e tão insignificante o Verbo não
teria se feito carne (Jo 1:14) e Cristo não teria sido crucificado!! Sim,
notemos que a bíblia diz (Mt 1:21):
“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos pecados deles”
O julgamento continua sendo este; que a luz veio ao mundo, e os
homens, até muitos que com os lábios confessam crer em Cristo,
amam mais as trevas do que a luz; porque as suas obras continuam
más. Pois praticam o mal e aborrecem a luz e não se chegam a luz, a
fim de não serem arguidas as suas obras. Quem pratica a verdade
aproxima-se da luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque
são feitas em Deus (João 3:16-21).
Judas 1:22-23 diz “ E compadecei-vos de alguns que estão na
dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede
também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada
pela carne”. Até que ponto, caro leitor, detestas o pecado? Até que
ponto foges o pecado? Até que ponto a fé te fortificou contra a
carne?
“o problema com o pecado não é levar pessoas ao inferno, é roubar a
glória de Deus” John Owen Roberts
Não importa que tipo de evangelho ou teologia seguimos, a
verdade é que Deus é Santo, Santo, Santo e Ele é inimigo daqueles
que amam o mundo (Tg 4:4). Até que ponto és inimigo do mundo?
Até que ponto pensas e ages como o mundo? Até que ponto o
mundo te odeia (Jo 15:19)?
O evangelho não é apenas palavras, é espírito e vida (Jo 6:63), o
evangelho é a demonstração do Espírito e do poder de Deus ( I Cor
2:1-5), é o poder para a salvação daquele que crê (Rom 1:16); lembra
31
N.M. Major
que Cristo veio para salvar-nos do pecado (Mt 1:21)? Então, existe
uma diferença entre você ontem e você hoje? Continuas te
arrependendo genuinamente e sendo aperfeiçoado continuamente?
Não será que continuas no mesmo vício pecaminoso? Não será que
continuas fofocando, criando intrigas, sendo desleal nos negócios,
fornicando, sendo ganancioso, preso no materialismo, com medíocre
intimidade com Deus, com pouco zelo à palavra de Deus?
Cristo realmente nos liberta da fornicação, do adultério, da
masturbação, da pornografia, da fofoca, da inveja, do orgulho, da
ganância, das drogas e etc., não importa os milhões de pecados que a
carne possa apresentar, a verdade é que Deus continuará eliminando o
mal pela raiz, não pelos frutos, visto que agora somos filhos e Deus, e
ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que,
quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos
como ele é (I Jo 3:2).
Cristo, o Santo, é aquele que se esvaziou e foi exaltado (Fl 2:7), já
o Diabo é aquele que se orgulhou e foi humilhado (Is 14:12-16). A
igreja de Cristo é santa (Ap 19:7-8) mas a sinagoga de satanás é grande
(Ap 18:2). O santo é humilde, o rebelde e profano é orgulhoso; se
apresenta altivo, se engrandece aos próprios olhos.
Ora bem, caro leitor, qual o principal desejo de seu coração,
humilhar-se ou te tornares grande? Grande pregador? Grande
cientista? Grande teólogo? Grande profeta? Qual é a tua percepção de
ti mesmo, consideras, honestamente, os outros como superiores a ti
mesmo (Fil 2:3)? Ou pensas que só tu conheces? Só tuas opiniões são
grandes opiniões?
Talvez és do tipo que tem grandes argumentos? Grandes
revelações? Sua dimensão é tão grande, que só pregas em grandes
igrejas? És tão ungido que para pregares têm de te dar grandes somas
de dinheiro? Te consideras grande servo de Deus? És um grande
cantor gospel, só cantas em grandes palcos? Oh, “Caiu! Caiu a grande
Babilónia” e porque pensas tu, que também és grande, que não cairás?
Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em
nós habita tem ciúmes? Antes, ele dá maior graça. Portanto
32
Morra!
diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti
as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso
riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos
perante o Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4:5-10).
E tu leitor, será que percebes quando o Espírito faz ciúmes? Serás
tu o soberbo, a soberba que a Deus resiste (Act 7:51)? Será que a tua
vida está sujeita a Deus? Será que tens resistido ao diabo? Ou tens
cooperado com o diabo se justificando com o “tudo me é lícito” ou
com “ a carne é fraca”? Tens te achegado a Deus? Como estão as suas
mãos; não estarão sujas de dívidas que não pagas? Como estão os teus
olhos; não estarão manchadas de pornografia, de filmes e novelas de
imundícia? Como estão os teus lábios; não estarão sujos de
blasfémias, de palavras torpes vindas do teu coração impuro? Quem
pensas que enganas, vivendo uma vida de hipocrisia, de orgulho e
soberba, praticando as obras da escuridão as escondidas? Arrependa-
te, admita sua vida miserável, e busca o Senhor, na verdade só Ele é
capaz de te conceder a transformação que almejas e o perdão que
ressuscita.
Não importa que denominação cristã fazes parte, a verdade
continua sendo: Se você ama a Jesus Cristo, obedecerás aos seus
mandamentos (Luc 6:49). E ele pedirá ao Pai, e ele te dará outro
Conselheiro para estar com você para sempre, o Espírito da verdade.
O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas
você o conhecerá, pois ele viverá com você e estará em você (Jo
14:15-17). Será que amamos o Senhor? Não adianta responder que
sim, se a tua vida mostra que não lhe obedeces! Não mintas a ti
mesmo, seria aumentar pecado sobre pecados.
Amados, o outro Conselheiro não é o espírito da mentira! Não é
um espírito segundo os caminhos perversos do mundo, nem para os
que amam o mundo. Olhando para muitos “cristãos” vemos as
marcas do mundo, olhamos para muitos “templos” ou igrejas e
notamos mais o mundo do que o Espírito da verdade. Vimos o
33
N.M. Major
espírito da mentira, da sensualidade, da corrupção, da rebeldia, da
inveja, do ódio, da apostasia, da divisão, da grandeza da Babilónia, da
religiosidade.
Infelizmente, os cristãos de hoje são bem iguais aos judeus no
tempo de Moisés, preferem morrer por causa dos bens materiais,
consideramos a santificação como “um lugar mau, que não é de
cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para
beber” (Num 20:3-5). Mas Cristo o Senhor deixou claro que de nada
vale ganhar o mundo inteiro e perder a nossa alma (Lc 9:25), e que
devemos buscar as coisas santas, as coisas do céu em primeiro lugar
(Mt 6:33), o Espírito ainda alerta que o amor ao mundo é inimizade
com Deus (Tg 4:4). Quem investe seu coração as coisas do mundo é
ainda do mundo (Lc 12:30) e por causa da cobiça ao dinheiro muitos
se desviam da fé e se atormentam em meio a muitos sofrimentos (I
Tm 6:10).
“Caros irmãos, falo convosco como conhecedores da Lei. Acaso não
sabeis que a Lei tem autoridade sobre uma pessoa enquanto ela vive”
(Rm 7:1)
O fim da Lei é a morte (Heb 9:16-18). Amados, Cristo o Nosso
Senhor se ofereceu a morte (Heb 7:27) pois Ele e somente Ele foi
achado santo, o sacrifício perfeito para satisfazer a Lei (Lv 6:25| Ex
30:10| Hb 9). Se realmente estamos em Cristo morremos com Ele,
crucificamos as obras da Lei da carne, e devemos ser adoradores com
consciências perfeitas e puras (Hb 9:9). Ora, Cristo foi aperfeiçoado
pela obediência da vontade de Deus, porque pensamos nós que
devemos ignorar a vontade de Deus a favor das nossas próprias
vontades egoístas?
A Lei trouxe a bênção e a maldição (Dt 11:26), mas como todos
pecaram (Rm 3:23|Jr 23:10), segundo a Lei da carne (Rm 7:23), que é
a satisfação do ego, todos caíram na maldição. Assim, Deus por amor
a Ele próprio (Is 43:25) decidiu nos amar e ofereceu um sacrifício
único que pagasse pelos pecados do mundo (Jo 3:16), este Cordeiro se
fez maldição para nos livrar da maldição fruto da nossa submissão a
Lei do pecado (Gl 3:13).
34
Morra!

Morrer é submeter a nossa vontade a vontade de Deus. É


glorificar a Deus abraçando de todo coração e todo conhecimento os
propósitos divinos; revelados pela palavra através da inspiração do
Espírito. Morrer é se entregar a fé, dedicandose a prática das palavras
de Cristo. É caminhar em direcção de Deus sem olhar para as coisas
do mundo que devem ficar atrás, ao contrario da esposa de Ló que
por amor a vida se tornou numa estátua de sal (Gn 19:26).
Caro leitor, estás vivo ou estás morto? Como se encontra a tua
consciência? Está pura e perfeita ou perversa e materialista? Quanto
tempo dedicas a meditação da palavra? Será que as novelas, os filmes,
o facebook, o whatsapp, e os teus próprios assuntos não te ocupam
mais a mente, o coração do que os negócios de Deus? Vives o
evangelho que ouves ou pregas? Ou és mais um destes crentes
medíocres que ouve ouve mas nunca aprende?

35
N.M. Major

36
Morra!

A Obediência Mata

“Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós


sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”
(At :51)

A
té quando vamos resistir o Espírito de Deus? Quando te
submetes aos teus próprios motivos em detrimento
daquela voz santa que te propõe o caminho de Deus,
preferes criar o teu próprio paraíso fora do paraíso de
Deus. Este teu paraíso egoísta te leva a preguiça, te leva ao sono
espiritual (Jonas 1:5-6), te levará a morte ou ao sofrimento se não
ouvires a voz de Deus. Porque queres acabar no estômago de um
grande peixe amado e amada (Jonas 1:17)?
Porque não se entregar a Deus incondicionalmente, e propor em
teu coração honrar a Deus e não se contaminar como fez Daniel (Dn
1:8) ou buscar em Cristo um elogio por parte do Pai Celestial, do tipo
“...observaste o meu servo....? Porque ninguém há na terra semelhante
a ele, homem integro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal”
(Jó 1:8)? É impossível se desviar do mal?
“Bem aventurados são os humildes de espírito, porque deles é o reino
dos céus”
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as
37
N.M. Major
mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai
ocoração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Convertase o vosso
riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos na
presença do Senhor, e ele vos exaltará (Tiago 4:8-10)
Portanto, humilhai-vos até a morte! Não há nenhuma obra a ser
feita por nós, só precisamos aceitar a ordem do Espírito e deixar que a
palavra nos mate. Morra!! De facto não morrer é uma desobediência a
Deus. Por isso o decreto diz que
“Quem ama a sua vida perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua
vida guardá-la-á para a vida eterna” (João 12:25)
Não é um facto que a verdade mata a mentira? Ou que a luz
dissipa a escuridão? Por isso, pela palavra da verdade (que são as
escrituras sagradas) a mentira em nós deve morrer, a fornicação, a
infidelidade, a inveja, o orgulho e o egoísmo devem morrer. Basta
abraçar a verdade que a morte da mentira é um facto, basta abraçar a
luz que a morte da escuridão é um facto, por isso morra!
A ordem está clara, morra no pecado e nos desejos do ego, a favor
da palavra de Deus! Nossa rebelião é manifeste desde o momento que
em nosso coração discutimos contra essa ordem de Deus, inventando
razões egoístas, que no fundo resumem a seguinte atitude de uma
criança má educada, que levanta a voz ao Pai em confrontação
dizendo “ não preciso me submeter a tua palavra, eu farei as coisas do
meu jeito”.

38
Morra!

Parte III
O Fundamento da Morte

39
N.M. Major

40
Morra!

Morrer Glorifica a Deus

P
ode um Pai que ama o seu bebé de menos de 200 anos de
idade, lhe dar ordens por mero capricho? Será que os pais
que proíbem os filhos a não brincar com fogo, ou
introduzir objetos metálicos em fichas eléctricas o fazem
por capricho?
Nós somos criancinhas diante de Deus, como podemos nos
comparar com O Pai que vive de eternidade a eternidade? Mesmo que
tivéssemos 1 bilhão de anos de idade, cheios de experiencia e
conhecimento, continuaríamos sendo iguais a um recémnascido
diante de Deus. Entretanto, todo o mandamento de Deus é o reflexo
de umarealidade perigosa que nós devemos evitar através da
obediência, para o nosso próprio bem. Deus não tem nada a perder
com a perdição do homem, nem nada a ganhar com a salvação do
homem, visto que isto não mudaria nada dos seus atributos, Ele é
Deus, e não varia (Ex 3:14). Ele É!
Assim, por amor a Ele próprio (Is 43:25), este Verdadeiro Deus
nos amou (João 3:16) e nos convida a morrer nos nossos caminhos
egoístas e abraçar os caminhos Dele, que são perfeitos e justos e
sublimes totalmente! Humilha-te, aceita que és um bebé, fraco,
impotente, incapaz e que Ele está certo em tudo que diz. Abraça a
41
N.M. Major
palavra Dele e abandone a tua resistência suicida e a tua falta de
educação. Enquanto não morrermos para o mundo e para o egoísmo
a nossa felicidade será sempre uma ilusão, visto que só amando a
Deus de todo coração e de toda nossa mente saberemos o bom sabor
da existência.
O prazer de Deus consiste em salvar de graça os miseráveis que
nós nos tornamos, quando vivemos segundo a lei da carne, porém,
esta salvação está disponível para aqueles que se humilham, negando-
se a si próprios, ao aceitar que suas vidas egoístas, rebeldes e impuras
só lhes fazem merecedores do lago de fogo. Ao dobrar seus corações
diante da palavra de Deus (Sl 119:47) por meio do arrependimento
genuíno, crendo em Cristo como Senhor e Salvador estes abraçam a
morte da carne, que é a força da vida eterna.
“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o
poder, porque todas as coisas criaste, sim, para teu prazer elas são e
foram criadas” (Ap 4:11)
O relato da criação em Géneses 1 mostra como Deus na medida
que foi criando as coisas, olhava para elas e concluía que eram boas,
mas quando fez Adão e Eva o Senhor viu que era muito bom (Gn
1:31). Significa que nossa criação deu prazer ao próprio Deus, porém,
após pecarmos, nossa vida é rebelde e como resultado não dá prazer a
Deus. Morrer para o mundo é voltar a dar prazer a Deus, o homem
perfeito que não traiu o Pai Celestial é o Senhor Jesus, o que implica
que o prazer de Deus é que nós nos tornemos semelhantes a Cristo
em tudo.
“...até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do
Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
estatura da plenitude de Cristo” (4:13)
O homem deve entender que não existe para buscar seu próprio
prazer, mas para dar prazer Naquele que lhe fez existir. O evangelho
verdadeiro não trata em como um homem vai a busca do Senhor, mas
como O Senhor por misericórdia vai a busca do homem.
Infelizmente, muitos rebeldes continuam resistindo o Espírito e a
verdade da palavra, aumentando a estatística dos que não conhecem a
42
Morra!
felicidade e dos que podem passar a eternidade sem chegar de
desfrutar a verdadeira felicidade. O inferno é terrível demais para
imaginar. Para você que ainda não se rendeu, a palavra de Deus para ti
é “arrependa-te e submeta-se a Deus”! Ele diz para todos os homens
presos na lei da carne:
“Lançai de vós todas as vossas transgressões com que
transgrediste e criai em vós coração novo e espírito novo; por
que morreríeis ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na
morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Convertei-vos e vivei”
(Ez 18:31-32)
Arrependimento é aceitar de todo o coração que estavas errado
em todos os teus caminhos egoístas, e pedir o perdão sincero a Deus,
Ele é digno e misericordioso para perdoar e te dar o Espírito Santo. A
melhor coisa que um homem pode fazer é arrepender-se e ser
baptizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados; e
receberá o dom do Espírito Santo (Act 2:38). A palavra de Deus é a
água que purificará a sua consciência, que limpará o interior da sua
alma (João 4:10, 15:3|I Pd 3: 21). Arrependa-te, vira de direcção,
deixando de caminhar para esquerda e virando e prosseguindo para a
direita, na direcção da luz, da verdade, da vida eterna.
“Assegurou-lhes Jesus: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida.
Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6)
Na mortificação da carne, pela obediência a palavra de Deus está
o segredo da multiplicação e da vida. O pão (João 6:32) deve ser
quebrado, só depois repartido para alimentar os milhares de famintos,
assim Cristo se entregou a morte da cruz, para nos alimentar com o
seu corpo e seu sangue. Ele foi traspassado pelas nossas transgressões
e moído pelas nossas iniquidades (Is 53:5). Da morte de Cristo nós
obtivemos vida, vida em abundancia.
“Em verdade, em verdade vos afirmo: se não comerdes a carne do
Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida
dentro de vós”
Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército; havia
com ele trinta e dois reis, e cavalos, e carros. Subiu, cercou a
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Samaria e pelejou contra ela. Enviou mensageiros à cidade, a
Acabe, rei de Israel, que lhe disseram: Assim diz Ben-Hadade:
A tua prata e o teu ouro são meus; tuas mulheres e os
melhores de teus filhos são meus. Respondeu o rei de Israel e
disse: Seja conforme a tua palavra, ó rei, meu senhor; eu sou
teu, e tudo o que tenho. (I Reis 20:1-4)
“E afastando-se uma vez mais, orou dizendo: Ó meu Pai, se este cálice
não puder passar de mim sem que eu o beba, seja feita a tua vontade”
Morrer é render-se completamente, deixando de apresentar
qualquer resistência. É dizer a Deus: seja conforme a tua palavra e a
tua vontade, ó Rei, meu Senhor; eu sou Teu, e tudo o que tenho.
Morrer é na verdade o estado de absoluto descanso, por isso, morrer
não é obra nenhuma, é o contrário mais exacto de obra. Morrer é
semelhante a lançar a toalha branca num combate de boxe, ou em Jiu-
Jitsu algo como bater a mão no chão em forma de rendição face a
submissão (Kafriqui) do oponente.
Submeter-se, render-se, desistir de nós mesmo é na verdade um
acto de juízo perfeito. Para que morrer ou sofrer danos desnecessários
por causa do nosso orgulho próprio, nosso egoísmo? É preciso medir
as consequências da nossa renitência ante a um adversário totalmente
Inderrotável!
“Lançai de vós todas as vossas transgressões com que
transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois,
porque morreríeis, ó casa de Israel”
A força esmagadora do adversário é a relevância da nossa
submissão ou rendição. Quem és ó carne para combater contra Deus?
Quão fútil é investir nossa mente e nosso coração contra Deus. Os
incrédulos resistem, não lançam a toalha ao tapete, não batem a mão
no chão em submissão, e quanto mais se rebelam contra Deus mais
próximos ao inferno caminham. A renitência do incrédulo lhe leva a
morte eterna. A submissão do cristão lhe leva a vida eterna. Se a
toalha não é lançada ao tapete obviamente que os golpes do
adversário não descansarão sobre o corpo do insubmisso, talvez
lançarão a toalha tarde demais, depois de ter o crânio danificado, os
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Morra!
dentes arrancados e o queixo quebrado, infelizmente, alguns até
morrem (vão ao inferno).
“Homens duros de entendimento e incircuncisos de coração e de
ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo. Da mesma forma
como agiram vossos pais, assim vós fazeis também” (Actos 7:51)
Temos de nos render ante a força esmagadora da palavra de Deus,
ante ao juízo do Espírito Santo, Ele que incontáveis vezes nos sugere
os caminhos de Cristo, a humildade, ao esvaziar-se ante a Deus e ante
aos homens. Qual cristão nascido de novo pode dizer com
honestidade que diariamente não surge em seu interior sugestões de
esvaziamento? Quando invejas alguém, não surge uma voz te dizendo
“cuidado com a inveja”? Quando debates alguém e começas a te irar,
não vem uma voz que te diz “a nossa luta não é contra carne e nem
contra o sangue”? Quando buscas os aplausos ou elogios das pessoas,
não ouves “o orgulho precede a queda, cuidado com isso”?
“Portanto, caros irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis o vosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável
a Deus, que é o vosso culto espiritual” (Rm 12:1)
Morrer é aceitar Cristo em nosso corpo, em nosso coração.
Deixar de resistir a palavra de Deus e submeter-se a direcção de Deus
em discordância com o mundo. O mundo enterra os mortos, os
mortos cheiram mal, o podre deve ser separado dos vivos. Os
cadáveres são postos em caixões e seus túmulos são cobertos de terra
e cimento.
Da mesma forma o egoísmo ou o orgulho próprio deve ser
separado do cristão, sua vida integra em Cristo será um escândalo aos
carnais, sua separação não é por distancia física, mas distancia moral,
distancia de princípios, distancia de motivações, distancia de
interesses, distancia de interpretação da realidade. Por isso, morra e
apodreça, deixa que o aroma de Cristo seja exalado de nossas vidas (II
Cor 2:15).
Deus resiste aos orgulhosos ou egoístas (Tg 4:6-7). O egoísmo é a
assinatura da nossa consciência caída. Vale a pena sujeitar-se a Deus e
resistir o Diabo, ele fugira de nós. Humilhemo-nos na presença do
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Senhor, e Ele nos exaltará, não se trata de uma falsa humilhação, que
religiosamente produz a aparência de humildade, mas de uma atitude
que nasce da convicção da força de Deus, revelada em sua palavra e
inspirada pelo seu Espírito. Parte de compreendermos que não
adianta lutarmos contra o Invencível, que em tudo Ele está certo pois
é Infalível. Parte do aceitar que a melhor coisa que podemos fazer na
nossa existência é seguir os caminhos Dele, pois Ele é Incorruptível,
Aleluia!
Assim, podemos concluir que existe uma estreita relação entre a
palavra, que é a verdade, e o Espírito que nos convence da verdade.
Quando mergulharmos na verdade, entenderemos a grandeza do
nosso oponente, e rapidamente nos renderemos. Enquanto estamos
nesta terra, com este corpo não glorificado, temos o dever de morrer
continuamente, pois vivemos de morte a morte, segundo a palavra
que é a força de Deus.
“ Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia
todo; somos considerados como ovelhas para o matadouro” Rom
8:36.
Uma outra linda instancia de morte, é o que o Apostolo Paulo
exorta a igreja de Coríntios (II Cor 6:4-10):
Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em
tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,
nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos
jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no
Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder
de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, Por honra e por
desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo
verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como
morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como
contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a
muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.
É simplesmente dizer “Sim Pai, seja feita a sua vontade”, dizer
com o coração e não com a boca, com comportamento e não com
teorias. Falar de morte é fácil, morrer quantos estão disponíveis?
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Morra!
Quantos pregam muito bem mas vivem muito mal? Quantos ensinam
muito bem mas obedecem muito mal?
Dia após dia surgem escândalos no seio dos cristãos, é normal
ouvirmos os mundanos dizerem “ se ser cristão é ser como o fulano,
prefiro nem ir a igreja”. O problema da igreja moderna é que ela se
tornou moderna deixando de ser santa. Santidade é separação,
separação é morte. Falta morte na igreja, morte do mundo no coração
do povo de Deus. Quando será que entenderemos que o nosso
oponente é Justo, Santo, Misericordioso e Inderrotável?

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Morra!

Como Devemos Morrer?

“ ...Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua
cruz, e siga-me” (Marcos 8:34)

C
omo se explica a falta de amor dentre os cristãos, se não
por falta do morrer do egoísmo dentro de nós? Como se
explica a peste da teologia da prosperidade, se não por
falta do evangelho da morte, que é a crucificação do
mundo e suas concupiscências? Se trata-se da verdade da palavra e do
Espírito Santo, então devemos nos perguntar que palavra está sendo
pregada e que espírito domina em nosso meio? Na cruz Cristo
crucificou a vontade própria e o corpo, e é o mesmo que o evangelho
se propõe a fazer em todo e cada cristão. Como se explica os
“receba”, “determina”, “ toma-posse” se não por uma falta de
discernimento da verdade? Ora, o Espírito de Deus não é o espírito
de “receber” ou de “tomar posse” mas sim o Espírito de “dar”; Ele
revela, ensina, guia, cuida, cura, protege, salva. Ele é o Espírito de
Jesus Cristo, por isso Jesus não veio “receber” nem veio “tomar
posse” mas veio salvar, veio ensinar, veio guiar, veio cuidar, veio
proteger, veio morrer! O evangelho verdadeiro não tem o espírito de
“receber” mas o Espírito de dar.
“Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas”

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(João 10:11)
É no dar a nossa vida a favor da vontade de Deus que nós
morremos para nós e vivemos para Deus. É no esquecermos dos
nossos direitos egoístas e focarmos nos nossos deveres ante os
pensamentos do Deus que servimos, é no doarmos a nós mesmo a
favor do próximo que é glorificado o Nosso Pai Celestial. Pela força
da verdade, a palavra e pela convicção do Espírito Santo que nos leva
a amar ao Senhor acima de nossa própria vida:
Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de
mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é
digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após
mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e
quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á. (Mt
10:37-39)
Morrer é aplicar o coração a amar a Deus na capacidade do nosso
ser, só quem morre no seu egoísmo pode amar ao próximo como a si
mesmo. Porque enquanto o foco de nossa vida for o bem-próprio
obviamente a nossa vida será voltada a realizar a nossa vontade e não
de Deus, e quem tem vontade justa, sábia, perfeita, santa para além de
Deus?
O inferno é a casa justa do egoísta, visto que o egoísta é
insaciável, seus desejos próprios são como cancro, se multiplicam e
devoram tudo a sua volta, porque não se preocupam com nada a sua
volta excepto na satisfação de um desejo que muda de forma tão logo
realizado, se tornando outro desejo continuamente insaciável. Um
único egoísta fora do inferno representaria a maior ameaça a um
universo regrado no amor. Por isso, foi justo que os egoístas (Lúcifer
e seus anjos) tivessem sido lançados fora do céu, é justo que Adão e
Eva foram lançados fora do Éden e é justo que todo pecador não
arrependido seja lançado no inferno. Só o inferno se equipara com a
insaciabilidade do egoísmo!
Na igreja só há espaço para fofoca porque os fofoqueiros ou
fofoqueiras fofocam com os vivos! Imagina contar uma fofoca a um
morto? Obviamente a fofoca morreria aí, na boca da fonte da fofoca.
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Morra!
Há muita inveja na igreja porque tem muitos vivos na igreja, como
pode um morto invejar alguém ou que reacção se espera de um morto
sendo invejado? Há muitos problemas nos casamentos, muitos
divórcios, porque os cônjuges são vivos, bastava pelo menos um
morrer para si próprio para que houvesse paz, que resposta um morto
daria a uma falta de respeito? Que resposta um morto daria a uma
afronta? Que ciúmes um cadáver pode fazer? Que traição um morto
pode realizar para com sua esposa?
Nos púlpitos se houve muita pregação frouxa e carnal, porque
muitos pregadores não mortificaram a carne, ainda não morreram
para si próprios, e suas mensagens carregam restos ou pedaços deles
próprios, interferindo assim com a mensagem que deve ser Dele
próprio, para glória Dele próprio, através do Espírito Dele próprio.
Nós nascemos de novo para morrer de novo. Pode um morto
produzir os frutos da carne viva (Gl 5:19-21)? Como podemos
discutir com um morto? Como pode um morto se irar? Como pode
um morto se achar maior que o pó? O mundo é melhor sempre e
somente quando morremos para nós próprios. Morra, apodreça e
desapareça! Deixa Cristo viver em ti, deixa Cristo exalar seu perfume a
partir de ti (Gl 2:20), diminuamo-nos até ao pó para que Ele cresça
(Jo 3:30).
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas”
(Mt 11:29).
“Quem é injusto, faça injustiça ainda, e quem está sujo, suje-se ainda;
e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado
ainda” (Ap 22:11).
“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu
testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte” (Ap 12:11).
Não há nada mais nobre do que deixar o amor e juízo de Deus
aniquilar o nosso egoísmo para longe do nosso coração.
“Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor (Ap 14:14).
Que Deus abençoe!

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