3 HUMANISMO ............................................................................................ 15
4 EXISTENCIALISMO ................................................................................. 18
6 O conceito de Existência........................................................................... 21
11 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 44
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1 A CIÊNCIA MODERNA E A PSICOLOGIA
Fonte: www.istockphoto.com
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a partir de uma metodologia objetiva, quantificável, infalível. Ora, esta promessa
encheu os olhos e aqueceu o coração de todos aqueles que desejavam respostas
para suas questões.
A sociedade sonhava com o dia em que pudesse resolver seus problemas mais
urgentes como a cura de doenças, a produção de alimentos suficiente para todos, a
busca de uma justiça social e, principalmente, a superação das crenças religiosas que,
por muito tempo dominaram as mentes humanas, impedindo-as ou dificultando na
produção de um saber que se sustentasse em si mesmo.
A criação de um método científico foi extremamente bem-vindo na sociedade
da época. O método científico, foi profundamente marcada pela filosofia de Descartes
-penso, logo existo; pela metodologia científica de Bacon e pela teoria matemática de
Newton. Para Descartes, o mundo material deveria ser estudado com absoluta
objetividade, criando, a partir de então, a necessidade de neutralidade do
pesquisador.
As ideias de Bacon, sugeriram um método de busca de saber, ou seja, de
produção de conhecimento, que seguisse uma metodologia objetiva, passível de ser
repetida, testada e generalizada, crível, infalível.
Newton, com seu modelo matemático e uma postura reducionista, sugeriu que
o todo pode ser conhecido através da soma de suas partes. Seu modelo também
sugere uma temporalidade linear, uma relação absoluta de causa e efeito, de
determinismo e do primado da matéria. Então, o modelo mecanicista dominou o
pensamento científico até a bem pouco tempo. A ciência foi aceita como a via de
acesso a todo e qualquer conhecimento, passando a desvalorizar qualquer saber
produzido por outras vias. A crença existente era a de que o método científico
descrevia corretamente a realidade, sendo adotada como modelo pelos saberes que
se pretendessem científicos.
Para Feijo (2000), a racionalidade deveria superar qualquer paixão na busca
dos saberes científicos a partir dos paradigmas clássicos da ciência moderna. Além
disso, perseguindo a herança newtoniana, o mundo deveria ser compreendido como
um grande complexo, formado por partes contínuas, que somadas resultariam numa
totalidade. Para atingir uma compreensão e, posterior, domínio do todo, seria
necessário desmembrá-lo em partes, cognoscíveis através de um método objetivo,
seguido por cientistas neutros e racionais. Tal busca seria possível uma vez que as
leis do universo seguiriam uma causalidade mecanicista, e seriam regidas por uma
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temporalidade linear - com presente, passado e futuro bem marcados - autônomo e
independente do observador; assim como por um espaço constante e em repouso.
Uma figura metafórica que seria, como descreve a autora, “a imagem do universo
seria comparada a um grande relógio gigantesco, inteiramente determinístico” (p. 19).
A busca de verdades pela ciência moderna é marcada pelo estatuto de
cientificidade, sendo garantida pela construção de conceitos logicamente
parametrados e ausência de intimidade entre homens e mundo.
O modo técnico pelo qual o homem moderno habita o mundo tem estreita
relação, denuncia Critelli (1996), com sua necessidade de superar a insegurança do
seu ser ou, senão, esconder esta condição. Porém, não é porque os homens criaram
método, técnicas e processos que nos permitem controlar alguns fenômenos e criar
outros, que se alterou a condição ontológica de inospitalidade no mundo e de
liberdade humana. Pelo contrário, talvez tenha sido para esconder isso que a ciência
moderna tenha se lançado sobre o conhecimento e o controle do mundo,
transformando-os em coisa objetiva, e (que) tenha se afastado cada vez mais, de
qualquer tentativa de compreensão de sentido da vida” (p. 21).
O modelo de pensamento e produção de conhecimentos marcou
profundamente a sociedade ocidental desde o século XVIII até meados do século XX.
A partir daí o projeto da modernidade vem sofrendo grandes abalos na sua tão
propagada pretensão da busca de verdades universais. Aos poucos a humanidade foi
se dando conta de que a ciência moderna não seria capaz de compreender e
acomodar a diversidade e a complexidade da experiência humana concreta.
Chamou-se de saber pós-moderno aquele estado da cultura construído após
as transformações que afetaram as regras do jogo da ciência, da literatura e das artes
a partir do século XIX (LYOTARD, 1989).
Seu saber não se propõe a ser um instrumentalizador de poderes. Ele refina a
sensibilidade para o diferente e para suportar o incomensurável. Sob uma perspectiva
pós-moderna, não existe conhecimento absoluto, realidade cristalizada esperando
para ser conhecida e domado; um ensinamento universal, que se faça fora da história
ou da sociedade (FROTA, 2007).
No lugar disso, seu projeto propõe que o mundo e o conhecimento sejam vistos
como socialmente construídos. Isso significa pensar que todos nós estamos
engajados na construção de significados, em vez de engajados na descoberta de
verdades. Torna-se possível afirmar, deste modo, que não existe somente uma
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realidade, mas várias. O conhecimento não é único, e sim múltiplo, variável,
fragmentado e mutável, inscrito nas relações de poder, que lhes determinam o que
deve ser considerado como verdade e falsidade.
A verdade é compreendida como uma correspondência da verdade, uma
representação falseada, mas que, como tal deve ser tomada. Enquanto a verdade
para a ciência moderna é compreendida como veritas, verdade; a fenomenologia, a
compreende como aletheia, desvelamento, deixando clara a diferença de paradigma
entre elas. A verdade para a fenomenologia sabe-se transitória, parcial e incompleta.
Assim, muito menos pretensiosa. Na origem das psicologias existe uma tendência a
atuar como se os saberes psicológicos fossem “grandes narrativas”, e, como tal,
representassem o modelo essencialista da natureza humana.
Fonte:www.lauraquiroga.es
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técnicas comportamentais clássicas “possuem um status físico para o qual as técnicas
usuais da ciência são adequadas e permitem uma explicação dos comportamentos
nos moldes da de outros objetos explicados pelas respectivas ciências.
A Psicanálise e o Behaviorismo formaram a primeira e segunda força dentro da
psicologia. A terceira força, Psicologia Humanista, surgiu como reação ao panorama
da psicologia norte-americana, dominado pela leitura mecanicista e determinística da
Psicanálise e do Behaviorismo. Maslow, conforme narra o autor, foi um dos principais
responsáveis pela criação de um movimento que pretendia, de início, unir tendências
que se opusessem ao behaviorismo e psicanálise, a partir de elementos fundantes de
sua identidade.
A partir daí, torna-se clara a negação da perspectiva pessimista e
psicopatologizante da metapsicologia freudiana. Além disso, a terceira força assume
a perspectiva holística e organísmica do ser humano e adota uma perspectiva
fenomenológica e existencial para a compreensão do homem. Assegura o autor:
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2 FENOMENOLOGIA E PSICOLOGIA HUMANISTA
Fonte: www.mindmeister.com
“ Com efeito nenhum filósofo do passado teve uma influência tão decisiva
sobre o sentido da fenomenologia como o maior pensador da França, René
Descartes. É a ele que ela deve venerar como seu verdadeiro patriarca. Foi
de um modo muito direto diga – se expressamente, que o estudo das
meditações cartesianas interveio na nova configuração da fenomenologia
nascente e lhe deu a forma de sentido que agora tem e que quase lhe permite
chamar – se um novo cartesianismo, um cartesianismo do século XX”.
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Para realizar seu projeto, Husserl parte de Descartes para criticá-lo no
estabelecimento de um subjetivismo solipsista caracterizado por uma consciência
definidora, mas que esquece os objetos e as relações que esta consciência
estabelece com o mundo.
O projeto de Husserl é de tornar a Filosofia o fundamento básico de todo o
conhecimento, ou mais especificamente fazer da filosofia uma ciência de rigor,
tomando por base as matemáticas. A fenomenologia se preocupa essencialmente
com o rigor epistemológico, promovendo a radicalização do projeto de análise crítica
dos fundamentos e das condições de possibilidade do conhecimento.
Além disso, a Fenomenologia como método, possibilitou o advento de uma forte
corrente de pensamento europeia, cujo legado ainda está para ser avaliado: o
Existencialismo, com todas as suas conotações e diversificações. Esta abordagem de
pensamento é muito bem representada em nosso século por figuras como Martin
Heidegger, Jean Paul Sartre, Karl Jaspers, Gabriel Marcel, Martin Buber e Emmanuel
Lévinas, apenas para citar alguns.
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Fonte: blogdopadregilberto.blogspot.com
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Foi sacerdote católico, tendo se ordenado em 1864, mesmo ano de seu
doutoramento em Filosofia. Entrou em confronto com a igreja por não aceitar o dogma
da infalibilidade papal, tendo por isto se retirado de sua cátedra em 1873 e se
convertido ao protestantismo em 1879.
O fundamental da psicologia brentaniana é que a experiência se baseia na
percepção interior, ao contrário do que propunham os sistemas psicológicos primevos
a apontar para a introspecção (observação interior). Com isto reage contra a análise
dos conteúdos da consciência conforme a psicologia experimental de Wilhelm Wundt
e contra a orientação naturalista tomada de empréstimo à física e à fisiologia.
Husserl nasceu na cidade de Prostnitz, na Morávia em 1859, entre os anos de
1876 a 1878 frequenta e se gradua em Matemática pela Universidade de Leipizig.
Baseado na obra de Brentano, Husserl desenvolve grande parte de sus ideias. Em
1882, Husserl obtém seu doutorado na Universidade de Viena com a tese “Sobre o
Cálculo das Variações”.
No ano seguinte, em Berlim, torna – se assistente de um ex professor seu,
Weirtrass. Em 1884, Husserl retorna a Viena e se afilia ao pensamento Brentano. Dois
anos depois renuncia à sua ascendência judaica, convertendo ao Luteranismo,
casando no ano seguinte com Malvine Steinschneider. Posteriormente torna – se livre
docente pela Universidade de Halle. Começa aí sua vida intelectual realmente
produtiva.
No ano de 1891 publica o primeiro volume da sua Filosofia Aritmética, obra que
ficou inacabada. Entre os anos de 1900 -1901, publica uma de suas obras capitais:
Investigações Lógicas. Cresce sua consideração, tanto que em 1906, é nomeado
professor da Universidade de Gottingen. Seus cursos sempre foram fonte de
questionamento e de desenvolvimento de suas ideias.
Definir a Fenomenologia talvez seja tarefa árdua. Na realidade, o próprio
conceito de definição carrega uma conotação de algo estático que ignora a própria
essência do termo.
O problema da Fenomenologia é um problema de fundamentação da ciência.
Husserl estabeleceu para si a tarefa de repensar os fundamentos. Eugen Fink, um
eminente conhecedor do pensamento husserliano, aponta a fenomenologia como um
“recomeço radical” uma retomada da busca das raízes. Constitui – se numa tentativa
de superação da dicotomia sujeito/objeto, através da apreensão das relações do
homem com o mundo.
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A Fenomenologia surge como uma crítica, no sentido original do termo, como
uma tentativa de pôr em crise o conhecimento vigente. Assim, surge com crítica à
psicologia positivista, objetiva, experimental, que como as demais ciências buscava
conhecimento absoluto ignorando a subjetividade.
Ao propor isso, a ciência constrói uma imagem de homem que não condiz com
sua realidade. O homem não é uma coisa, entre as coisas, e como tal não pode assim
ser considerado. O mundo é um objeto intencional com referência a um sujeito
pensante, o que invalida a objetividade absoluta.
A Fenomenologia se opõe também ao naturalismo, que assinala o
comportamento como uma mera relação causa e efeito, e ao idealismo de Kant e
Hegel, que propunha o homem como um conjunto conceptual organizado.
No prefácio de seu livro Phénomenologie de la Perception, o filósofo francês
Maurice Merleau – Ponty – principal personagem da Fenomenologia pós husserliana
propõe a questão:
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Ao contrário do humanismo individual, a fenomenologia é um movimento
filosófico que se estruturou no início do século XX, através de Husserl. A palavra
Fenomenologia foi utilizada pela primeira vez pelo médico francês J.H. Lambert em
meados do século XVIII, para designar o estudo ou a "descrição da aparência", na
quarta parte do seu livro intitulado New Organon (1764).
Este sentido pré-husserliano é recolhido por Kant e retomado por Hegel na
Fenomenologia do Espírito já para designar a sucessão, por necessidade dialética,
dos fenômenos da consciência, desde as simples aparências sensíveis até o saber
absoluto. Sem se esquecer que o termo foi também utilizado por Hartman, Pirce e
Stumpf, chegamos ao sentido husserliano, anunciado na obra Logische Unter-
Suchunger (1900-1901) onde Fenomenologia é entendida como um método para
fundar a lógica pura, e, posteriormente, pensada por Husserl para fundamentar a
totalidade dos objetos possíveis.
É necessário lembrar que a concepção da Fenomenologia não foi colocada por
Husserl de maneira acabada na referida obra. Ela sofre uma evolução ao longo do
pensamento husserliano. Como nos mostra Van Breda no seu excelente artigo
Phenomenologie, existe, em Husserl, duas grandes concepções de Fenomenologia.
Na primeira, Husserl "define Fenomenologia como uma ciência filosófica
propedêutica, que tem como objeto a descrição das essências fundamentais para uma
problemática filosófica dada". A segunda concepção, que se desenvolveu a partir do
escrito de 1907, "Ideias para uma fenomenologia pura", proclama a fenomenologia
possuidora da seguinte tarefa:
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Fonte:edukaparadigma.blogspot.com
3 HUMANISMO
Fonte:sitedopsicologo.com.br
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humanista que se apresentou como a terceira força da Psicologia e como alternativa
a psicanálise de Freud, que tinha como preocupação central o estudo do inconsciente,
e a Psicologia behaviorista, que tinha como objeto de estudo o comportamento. A
psicologia humanista é um retorno ao estudo da experiência consciente.
Nós assistimos à invasão da sociedade pelo Eu, onde tudo, a partir dos anos
60, se estruturou tendo nas preocupações pessoais seu lugar privilegiado. A lei, a
seguir, formou-se depois da percepção de que a política não leva a nada: Sentir e
viver plenamente suas emoções. O impacto desta maneira de viver pode se sentir
também na psicologia e é descrita por Gomes assim:
Exemplos da atmosfera dominante podem ser vistas em frases que ficaram
célebres como a oração da Gestalt: 'Você cuide da sua vida que eu cuido da minha.
Eu estou aqui para não viver as suas expectativas e nem você está aqui para viver as
minhas'. Ou como Maslow (1968) costumava dizer que uma pessoa é valorizada não
pelo que ela produziu, mas pelo que pode vir a ser; ou ainda, na teoria rogeriana da
confiança irrestrita na pessoa".
Este clima de centramento no sujeito é a matriz de vários movimentos terápicos
e, hoje, a exacerbação do eu como centro, em tudo que se faz, provoca a onda de
técnicas de autoajuda que assistimos proliferarem na sociedade contemporânea.
A psicologia humanista procura entender a vida humana na sua totalidade e,
assim, a compreensão do homem pelos psicólogos humanistas é entendê-lo como um
ser que, em primeiro lugar, possui uma unidade. A diferença entre as diversas
abordagens está em que cada uma, ao descrever as características principais do
homem, sublinhará pontos diferentes. Como exemplo podemos citar Maslow, que
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coloca o acento sobre o projeto humano e na superação de si, quando fala das
experiências culminantes.
A ênfase sobre o ciclo da vida é outra característica da Psicologia Humanista.
Seus representantes têm enfatizado que a vida humana possui uma dinâmica na qual,
em cada fase da vida, o ser humano deve alcançar um certo grau de realização, a fim
de que possa, ao longo da vida, se estruturar como uma pessoa plena, integrada.
Ora, essa ênfase dos humanistas nos faz perceber que o homem é
compreendido, em primeiro lugar, como processo e evolução. Somente a partir deste
processo é que podemos compreender a sua estrutura. Assim, Poelman, em seu livro
"O homem a caminho de si mesmo", afirma que esse processo da evolução é inerente
à própria vida e que "essa evolução não ocorre ao acaso, mas segue uma certa
direção, tem um certo fim em vista; não é um processo que ocorre somente por acertos
e erros ou por tentativas desconexas, não é um vôo no escuro".
O conceito de auto realização quer acentuar que esse processo de crescimento
inerente à dinâmica da vida deve ser entendido na sua globalidade, isto é, no
desenvolvimento de todas as dimensões humanas, sejam elas biológicas,
psicológicas, espirituais e sociais. Gostaria de citar Rogers e Maslow como os
representantes mais significativos da explicitação das fases do processo de auto
realização do homem. Rogers, no seu livro "Tornar-se Pessoa", na quarta parte,
quando trata da Filosofia da Pessoa, traça características deste processo de auto
realização. Por outro lado, Maslow, no seu livro "Motwation and Personality", na parte
que trata da Teoria da Motivação humana, desenvolve as dimensões do ser humano
que devem ser atingidas no processo de auto realização.
Fonte: psicoativo.com
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O conceito de autodesenvolvimento nos ajuda a entender a evolução do ciclo
da vida do homem. Entre os humanistas citaria Bühler e um neoculturalista que traduz
bem este processo, Erikson. Enquanto Buhler mostra que o ser humano deve passar
por cinco fases, Erikson enumera oito fases, destacando sempre, em cada uma delas,
uma dialética entre dois polos opostos.
As duas interpretações estão baseadas no fato de que a vida é vivida como um
todo por uma pessoa que atinge seu pleno desenvolvimento no instante em que
percorre as diversas fases, cada uma com uma conquista integrativa, retratadas
através de seus sucessos e de seus fracassos.
4 EXISTENCIALISMO
Fonte: tig-saude-mental-cersam.webnode.com
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e de alguns literatos sobre a investigação de quem é o homem. Este movimento, que
se estruturou com mais força no entre guerras, isto é, entre 1918 e 1945, teve suas
raízes históricas no pensamento de Kierkegaard quando o filósofo dinamarquês se
opôs ao pensamento pós- hegeliano dominante do seu tempo. A ideia central de luta
de Kierkegaard era reagir contra o caráter universal, intelectual e determinista do
hegelianismo, afirmando o interesse pelo singular e pela vontade.
Segundo os historiadores, o movimento existencialista se iniciou na Alemanha,
em 1919, quando Barth publicou um comentário sobre a epístola aos Romanos e
Jaspers publicou A Psicologia da Mundividência. De um lado, o movimento
existencialista ganha forças justamente a partir da década de 20, uma vez que o entre
guerras foi um período de muito sofrimento, desespero e angústias. Estes temas se
tornaram os temas preferidos dos existencialistas, pois estes se preocupavam em
falar e refletir sobre o que o homem estava vivendo naquele instante. Por outro lado,
este movimento só veio a se expandir fora do contexto europeu a partir do fim da
segunda guerra mundial. A década de 50 foi, talvez, a década de divulgação do
movimento existencialista.
É necessário observar que, embora encontramos um número muito grande de
escritores ditos existencialistas, Büber, Bultmann, Guadini, Camus, Dostoevsky, entre
outros, só são considerados clássicos filósofos existencialistas Heidegger, Jaspers,
Sartre e Marcel. E uma segunda observação é que todos estes quatro filósofos, que
passaram para os anais da história da filosofia como os filósofos da existência,
utilizaram, cada um a partir de uma inspiração pessoal, o método fenomenológico para
concretizarem as suas reflexões sobre o homem.
A Filosofia da existência pode ser concretizada através de duas grandes
características. A primeira é que todos os filósofos e escritores procuram valorizar o
homem. A segunda é que todos procuram descrever e explicitar o modo concreto do
homem viver, isto é, refletindo sobre a angústia, a liberdade.
Salientamos que o desenvolvido até aqui visa explicitar a necessidade de um
cuidado de se detectar as diversas fontes da psicoterapia e, mais ainda, observar que
os três movimentos, que ora analisamos, possuem as origens mais diversas e ideias
forças diretrizes muito diferentes.
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5 TEORIA DA INTENCIONALIDADE
Fonte: queconceito.com.br
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designativa do objeto, em virtude de um processo mais radical, inerente à
própria consciência".
"A novidade, aqui, é que a consciência se esgota em visar algo que não é ela
mesma: ela se define pelo objeto que visa.
Assim, a ideia de intencionalidade que começou a ser desenvolvida por
Brentano e retomada por Husserl, vai se articular independentemente da ideia que o
sujeito e o objeto são duas substâncias separadas, justamente o contrário da filosofia
cartesiana onde o Cogito separa radicalmente o mundo do pensamento e a realidade
do corpo.
Podemos concluir com Forghieri dizendo que a intencionalidade é,
essencialmente, o ato de atribuir um sentido: é ela que unifica a consciência e o objeto,
o sujeito e o mundo. "Com a intencionalidade há o reconhecimento de que o mundo
não é pura exterioridade e o sujeito não é pura interioridade, mas a saída de si para
um mundo que tem uma significação para ele".
6 O CONCEITO DE EXISTÊNCIA
Fonte: www.resumoescolar.com.br
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Sartre, Jaspers, Heidegger, Marcel - cada um, a seu modo, utilizou o método
fenomenológico para elaborar a sua filosofia da existência, unido assim os dois
conceitos - fenomenologia e existencialismo. A segunda observação é que a
Psicologia Existencial não se baseia só nas filosofias "oficiais" do Existencialismo,
mas utiliza também os conceitos elaborados pelos outros escritores existencialistas
supracitados. Sem corrermos o risco de, sob o nome de Existencialismo, abrigarmos
todo tipo de pensamento anti-racionalista, é necessário procurarmos explicitar os
fundamentos teóricos, isto é, analisar e esclarecer nossas próprias pressuposições de
entendermos a existência humana.
Dentre a vasta temática das filosofias da Existência, podemos destacar as
categorias de Existência, ser-no-mundo, liberdade, o outro, a Angústia,
Temporalidade, o Amor etc. Escolhemos falar sobre a Existência pois é ela que nos
explicita melhor as dimensões do ser humano. A pergunta inicial seria a seguinte: é
possível definir o conceito de Existência? A palavra Existência, diz Jaspers, "é um dos
sinônimos da palavra realidade", mas, graças à maneira de como Kierkegaard a
acentua, ela tomou um aspecto novo: "ela designa o que eu sou fundamentalmente
por mim".
Existência não deve ser entendida no sentido trivial de ser-no-mundo, como
simplemente um ente no meio de outros entes. Ex-sistere deve ser compreendida
como ex = fora de e sistere = ter sua postura. Existir é, pois, ter sua postura fora.
A existência difere radicalmente do comportamento de todo os outros entes.
Nós somos o destino de nós mesmo. Esta postura, que está sempre em construção,
nunca acabada nos permite captar algumas características do existir humano. Em
primeiro lugar, existir é ir sendo, o que se fará através da escolha e da decisão. Em
segundo lugar, é estar em conflito consigo mesmo, e uma preocupação infinita de si
próprio. Em terceiro lugar, ela não é definível. Ela não pode tornar-se objeto.
Cada filósofo, através de seus escritos, procura precisar as características de
Existência. Heidegger deve ser lembrado como, talvez, o que fez um esforço
gigantesco na sua obra Ser e Tempo para analisar a estrutura da Existência,
mostrando a estrutura Dasein, o estar fora de si e estar-no-mundo. Por isso, vai falar
de existência autêntica e existência mantêutica.
No aprofundamento do pensamento de Heidegger, vamos encontrar
Binswanger que, mostrando o limite das análises heideggerianas, quando
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compreende o Dasein como cuidado (Sorge), mostra que o amor (Liebe) é uma outra
dimensão do Dasein (de Existência) que não mereceu atenção dos filósofos.
Fonte: www.slideshare.net
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De acordo com Leal (2005) pode- se falar em psicoterapia como um tratamento
que permite melhorar um mal-estar anterior tratando – se de um tratamento implica,
ainda que de maneira subtil, uma doença. Wampold (2001) define a psicoterapia como
“um tratamento interpessoal baseado em princípios psicológicos e envolve um
terapeuta treinado e um cliente com doença mental, problema ou queixa. Cabe ao
terapeuta então remediar essa doença, problema ou queixa. Contudo, mais
recentemente o foco já não está na doença mental.
A psicoterapia é um processo entre duas pessoas onde é possível o cliente
refletir sobre experiências passadas, presentes e futuras, compreendê-las e viver de
forma mais prazerosa consigo próprio (Ribeiro, 2013). As psicoterapias implicam um
quadro teórico subjacente. Estes quadros teóricos podem ser definidos como “as
teorias, as hipóteses e os modelos que sustentam as práticas e as intervenções de
qualquer disciplina científica” (Leal, 2005).
Existem diferentes quadros teóricos desde o psicanalítico, ao cognitivo,
passando pelo existencial, entre outros. O modelo teórico subjacente a este trabalho
é o existencial, contudo antes de se falar em que consiste este modelo, importa referir
que são necessárias técnicas para se aplicar o modelo.
De acordo com Tejera (1970, p82, citados por Ribeiro, 1986) as técnicas da
entrevista psicológica são definidas como “um conjunto de regras práticas… as quais
tendem a garantir a liberdade de decisão e aquela ajuda de intervenção por parte do
psicólogo na dinâmica do encontro psicólogo-sujeito”.
As técnicas devem ser aplicadas não com o propósito de gerar algum
fenómeno, mas em consequência desse fenómeno. Devem surgir da necessidade ou
da importância do momento (Ribeiro, 1986).
Um modelo teórico pode ser definido como um conjunto de crenças ou como
uma teoria única sobre como fazer com que a pessoa ou paciente consiga mudar algo
em si, num contexto terapêutico (Ogles, Anderson, & Lunnen, 1999). Os modelos
estão baseados numa série de princípios que incluem técnicas terapêuticas
específicas (Castonguay & Beutlei, 2006, citados por Ogles et al., 1999). Por sua vez
Goldifried (1980, citados por Ogles et al., 1999) refere que estas técnicas são definidas
como extensões das crenças do modelo teórico. Entende-se desde já esta relação
muito próxima entre técnicas e modelos teóricos e é de fácil entendimento que
dependendo do modelo teórico subjacente as técnicas utilizadas serão diferentes.
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Em 1936, surge uma ideia que progressivamente foi ganhando terreno não só
na investigação em psicoterapia, mas também na sua prática propriamente dita.
Fonte:www.scoop.it
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estudos apontavam já para ganhos semelhantes entre as várias psicoterapias, desde
cognitivas a psicanalíticas, a psicoterapia existencial precisava também de o mostrar.
Elliott et al. (2004) apresenta então alguns resultados referentes a terapias
experienciais, nas quais englobavam as terapias existenciais, as terapias centradas
no cliente e a terapia Gestalt. Alguns resultados são importantes serem descritos,
desde logo a eficácia desta terapia experiencial quando ao final da mesma, ou seja,
as pessoas depois da terapia mantinham os ganhos. Em seguida foi feita uma
comparação entre as terapias experienciais com as terapias não experienciais, sendo
que tal como outras terapias já o tinham feito, os resultados apontaram para níveis de
eficácia semelhantes, ou seja, não existe diferença entre as diferentes terapias. E
mesmo numa comparação exclusivamente feita com as terapias cognitivas-
comportamentais não foram encontradas diferenças significativas (Elliott et al., 2004),
o que tendo em conta que foi um dos motivos, divergência face ao modelo cognitivo-
comportamental, que levou ao aumento exponencial da investigação em psicoterapia
existencial deu um enorme impulso e motivo para que a investigação aumentasse.
Alguns conceitos teóricos da corrente existencialista foram também colocados
em “prática” já que se encontrou esses mesmos conceitos relacionados com o
processo de mudança em psicoterapia. Desde logo toda a essência do existencialismo
remete para a noção de experiência enquanto algo único, individual e diferente para
cada indivíduo.
A atitude terapêutica tem também uma relevância fundamental neste modelo
(Walsh & McElwain, 2001). Repare-se que em ambos os conceitos denota-se
variáveis tanto da relação terapêutica, como das características individuais da pessoa
como também aspetos mais específicos de todo o processo psicoterapêutico estando
por isso este modelo relativamente em linha com a evidência das Task Forces
referidas anteriormente. Relativamente aos temas ou a assunções deste modelo
importa referir que já existe uma vasta evidência empírica que sustenta a sua
importância.
Destaca-se entre outros a noção de liberdade versus limitação, ou seja, como
o sujeito encara o fato de o ser humano não ter uma autonomia absoluta e viver com
limitações. Os dados empíricos sustentam que esta noção de liberdade, o pensar
sobre, permite uma maior reflexão pessoal por parte do paciente e isso está ligado ao
sucesso na terapia.
26
A intersubjetividade é também um tema frequente e importante no modelo
existencial, no sentido em que todo o ser humano é um ser em relação com os outros
e, portanto, existe toda uma dinâmica entre paciente e terapeuta a ser considerada.
Neste âmbito detecta-se um grande desinteresse por este conceito nos estudos já
feitos, de perceber se há um encontro entre ambos ou não, já que as perspectivas de
um face a outro são muitas vezes distintas. Outro aspecto prende-se com a
autenticidade, na abertura face ao outro. A este nível, estudos apontam para que
quanto maior for a abertura à experiência de contato com o outro maior probabilidade
de ocorrer mudança em psicoterapia.
27
individual, que reflete a escolha originária que o indivíduo fez de si e que aparece em
todas as suas realizações significativas, quer ao nível dos sentimentos, quer ao nível
das realizações pessoais e profissionais.
O mundo interno exprime-se na simbolização (categorias cognitivas que
representam a experiência na sua ausência), na imaginação (recombinação de
categorias mentais que se assemelham à experiência, mas sem interação com o meio)
e juízo (avaliação em relação à experiência), associadas à intimidade, ao amor, à
espontaneidade e à criatividade. O processo de individuação opõe-se ao conformismo
com as normas e papéis sociais, o que conduz a um funcionamento estereotipado e
inibidor da simbolização e da imaginação.
Fonte: allevents.in
O que é estar-no-mundo
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1996, 1998) e o processo terapêutico seria a exploração do mundo do cliente nas suas
várias dimensões (Cohn, 1997):
Física – É o mundo natural (Umwelt), o da relação do indivíduo com os
aspectos biológicos do existir e com o ambiente e que envolve as suas atitudes
em relação ao corpo, aos objetos, à saúde e à doença e no qual se exprime em
permanência uma procura de domínio sobre o meio natural, que se opõe a
submissão e aceitação das limitações impostas, nomeadamente pela idade e
pelo ambiente. O sentimento de segurança é aqui dado pela saúde e bem-estar
Social – É o mundo da relação com os outros ( Mitwelt), do estar-com e da
intersubjetividade onde se revela e descobre o que se é, mundo que envolve
as atitudes e os sentimentos em relação aos outros, tais como amor/ódio,
cooperação/competição, aceitação/rejeição e partilha/isolamento. Inclui os
significados que os outros têm para nós, quer sejam os familiares, os amigos
ou os colegas de trabalho, significados que dependem das modalidades da
nossa relação com eles. Esta dimensão relacional é uma premissa fundamental
do modelo existencial (Spinelli, 2003)
Psicológica – É o mundo da relação consigo próprio (Eigenwelt), da existência
subjetiva e fenomenológica de si mesmo, da construção do mundo pessoal,
com auto percepção de si, da sua experiência passada e das suas
possibilidades, recursos, fragilidade e contradições, profundamente marcado
pela procura da identidade própria, assente na autoafirmação e numa
polaridade de atividade/passividade
Espiritual – É o mundo da relação com o desconhecido (Ueberwelt), que
envolve uma relação com o mundo ideal, a ideologia e os valores, onde se pode
exprimir o propósito da existência individual, numa tensão permanente entre o
propósito/absurdo e esperança/desespero.
Fonte:www.mulheresid.com.br
30
Consciência da solidão – Implica a experiência de isolamento, com medo da
separação. A ansiedade emerge do conflito solidão/sociabilidade
Consciência da falta de sentido – Implica a experiência de vazio e
desespero associado ao absurdo de existir. A ansiedade emerge do conflito
falta de sentido/projeto e a coragem é a capacidade para continuar em direção
ao futuro apesar do desespero.
31
Fonte:www.altoastral.com.br
32
Denominando-a ansiedade neurótica, desproporcionada ao perigo, May
contextualizou-a como resultado das tentativas feitas pelo indivíduo para diminuir ou
negar a ansiedade resultante do confronto com os dados da existência. Assim, a
ansiedade neurótica poderia significar, por exemplo, negação do medo da morte,
negação da liberdade de escolha, evitando assumir responsabilidades ou
conformismo com as normas sociais impostas. Assim, serviria para proteger o
indivíduo contra a ansiedade que emerge dos dados da existência, na medida em que
resultaria da tentativa de reduzir ou negar a ansiedade ligada à existência, na busca
duma existência segura, certa e livre de ansiedade.
Desta maneira, o que denominamos por sintomas em psicopatologia poderiam
ser considerados como possibilidades escolhidas: ao escolher não se confrontar
diretamente com a ansiedade associada aos conflitos existenciais, o indivíduo poderia
perturbar-se mentalmente. Isto é, os sintomas derivariam de escolhas não autênticas
que, não reduzindo a ansiedade associada aos dados da existência, apareceria sob a
forma de ansiedade neurótica. Portanto, os sintomas poderiam ser compreendidos
como expressões parciais da forma como o indivíduo constrói o seu mundo. Ou, se
quiser, o desajustamento é o resultado de uma escolha do próprio indivíduo, que
experimenta uma inabilidade para contatar com o mundo e consigo mesmo,
mantendo-se bloqueado num falso projeto de ser, uma forma pouco autêntica de
realizar o projeto. Por exemplo, o esforço do indivíduo neurótico para ser o que deseja
afasta-o da possibilidade de ser o que é (Erthal,1999). Isto não significa, de modo
algum, que o indivíduo seja culpado pela perturbação mental que experimenta.
Apenas quer dizer que a perturbação mental se relaciona compreensivelmente com
as modalidades de construção do seu-mundo.
Com Yalom (1980), o comportamento perturbado surge diretamente associado
ao fracasso na resolução dos conflitos existenciais, entendidos estes como confrontos
entre o indivíduo e os dados da existência. Ou seja, são definidas modalidades de
perturbação mental especificamente associadas ao medo da morte, ao medo da
liberdade de escolha, ao medo do isolamento e à falta de sentido.
33
9 OBJETIVOS DA PSICOTERAPIA EXISTENCIAL
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br
Tendo em conta que não existe uma, mas sim várias propostas de psicoterapia
existencial, apenas podem delimitar-se objetivos gerais uma vez que cada proposta
tem os seus objetivos específicos (Deurzen-Smith, 1996):
- Facilitar ao indivíduo uma atitude mais autêntica em relação a si próprio;
- O conceito de autenticidade assume aqui importância central. Trata-se de um
processo gradual de auto compreensão com a finalidade do sujeito vir-a-ser mais
verdadeiro e coerente consigo próprio, para que possa responder às situações com
sentimento de domínio e maior percepção de controle pessoal.
Para Cohn (1997), trata-se de ajudar o cliente a libertar-se das consequências
perturbadoras da negação e evasão no seu confronto com os dados da existência,
acendendo a uma forma de existir mais autêntica
- Promover uma abertura cada vez maior das perspectivas do indivíduo em
relação a si próprio e ao mundo;
– Esta abertura, que consiste num trabalho focalizado na relação do indivíduo
consigo mesmo, pode ser promovida através da facilitação de uma auto avaliação das
suas crenças, valores e aspirações que sirva para atingir maior clareza na exploração
das suas experiências.
34
O foco é a autoconsciência, enquanto consciência de si mesmo, em particular
a autoconsciência do tempo perdido (possibilidades perdidas) e da necessidade de
viver agora. O principal objetivo é proporcionar o máximo de auto--Consciência para
favorecer um aumento do potencial de escolha (Erthal, 1999).
Clarificar como agir no futuro em novas direções
Trata-se de facilitar a abertura a novas possibilidades de vir-a-ser, diferentes
das desenvolvidas até aí e de acordo com o seu projeto, em relação ao qual
se facilita o confronto. Pretende-se ajudar o cliente a descobrir o seu poder de
autocriação e a aceitar a liberdade de ser capaz de usar as suas próprias
capacidades para existir.
O foco é a autodeterminação, enquanto poder do indivíduo de decidir o que
lhe convém ser e fazer, exercendo a sua liberdade de escolha. Trata-se de
facilitar a abertura à construção de novas alternativas:
Facilitar o encontro do indivíduo com o significado da sua existência;
Trata-se de promover o confronto e a reavaliação da compreensão que o
indivíduo tem da vida, dos problemas que tem enfrentado e dos limites
impostos ao seu estar-no-mundo.
O foco é a procura de sentido que permite a auto realização, enquanto tudo o
que o indivíduo é capaz de vir-a-ser;
Promover o confronto com e a superação da ansiedade que emerge dos
dados da existência, nomeadamente da inevitabilidade da morte, da liberdade
de escolha em situação, da solidão e da falta de sentido para a vida.
Em síntese, trata-se de facilitar ao indivíduo o desenvolvimento de maior
autenticidade em relação a si próprio, uma maior abertura das suas perspectivas
sobre si próprio e o mundo e, ainda, de ajudar a clarificar como é que poderá agir no
futuro de forma mais significativa. O centro é a responsabilidade da liberdade de
escolha do indivíduo.
A palavra-chave é construção, uma vez que se trata de desafiar o indivíduo a
ser o construtor da sua existência.
Tendo em conta que a psicoterapia existencial não é conceitualizada como um
tratamento nem como uma terapêutica da perturbação mental, nem se focaliza
necessariamente no alívio dos sintomas, mas que é essencialmente um processo de
confronto com as potencialidades e de mudança pessoal, os indivíduos que mais
podem beneficiar são os que:
35
Apresentam um pedido de ajuda no qual já mostram a percepção de que os
seus problemas são acerca do existir e não uma forma de patologia, ou que
acabam por reconhecer isto ao fim de algumas entrevistas;
Consultam por motivos relacionados com crises pessoais e/ou psicopatologia
mas conseguem relacionar o seu mal-estar com a sua trajetória existencial;
Têm interesse genuíno em aumentarem o seu autoconhecimento e auto
compreensão, isto é, re-situarem-se em relação a si próprios e à situação que
vivem;
Desejam ser mais autênticos, considerando mais o futuro do que o seu
passado nos momentos de tomada de decisão e que querem desenvolver
expressões mais significativas nas suas relações com os outros;
Desejam pensar sobre si próprios e sobre os significados que atribuem aos
seus comportamentos e relações interpessoais;
Enfrentam crises pessoais, tais como luto, separações, desemprego, transição
de fase do ciclo de vida, solidão e anomia;
Estão em confronto com doença física grave ou pelo menos percepcionada
como ameaçadora, ou com consequências de acidentes e/ou incapacidades
Têm facilidade em verbalizar sobre as suas experiências, ideias intenções,
emoções e Sentimentos;
Têm interesse genuíno em aumentarem o seu autoconhecimento e auto
compreensão, isto é, re-situarem-se em relação a si próprios e à situação que
vivem;
Desejam ser mais autênticos, considerando mais o futuro do que o seu
passado nos momentos de tomada de decisão e que querem desenvolver
expressões mais significativas nas suas relações com os outros;
Desejam pensar sobre si próprios e sobre os significados que atribuem aos
seus comportamentos e relações interpessoais;
Enfrentam crises pessoais, tais como luto, separações, desemprego, transição
de fase do ciclo de vida, solidão e anomia;
Estão em confronto com doença física grave ou pelo menos percepcionada
como ameaçadora, ou com consequências de acidentes e/ou incapacidades
Têm facilidade em verbalizar sobre as suas experiências, ideias intenções,
emoções e sentimentos;
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Em princípio, a psicoterapia existencial não beneficiará significativamente
indivíduos que procuram apenas alívio de sintomas, em que o mal-estar que motiva o
pedido de ajuda está exclusivamente relacionado com representações de doença,
buscam dependência ou não desejam ou temem pôr-se em questão, não desejando
confrontar-se com as suas contradições e possibilidades de mudança.
10 ENCONTRO TERAPÊUTICO
Fonte:oferplan.elcorreo.com
37
10.1 Características da relação existencial em terapia
Fonte:www.e-tlaxcala.mx
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As grandes finalidades relacionam-se com facilitar ao cliente o aceitar-se (como se é),
querer-se (a si mesmo), sentir-se e escolher-se. Na entrevista clínica de avaliação
inicial é necessário considerar um conjunto de focos e dinâmicas existenciais.
Entre os focos salientam--se: experiência subjetiva, intencionalidade, liberdade
e responsabilidade, escolhas, autenticidade e o mundo pessoal (dimensões da
existência, sonhos).
Entre as dinâmicas existenciais salientam-se a incorporação do passado e do
futuro no presente e, também, o comprometimento para vir-a-ser.
Fonte: harmonizandovinculos.com
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Utilizar a atitude fenomenológica na abordagem dos conteúdos
temáticos que estão implícitos nas produções discursivas do indivíduo,
dos seus valores e crenças pessoais, explorando as suas construções
mais significativas sobre si próprio e o mundo.
Qual a minha natureza essencial? Quais as minhas qualidades? O que
é importante para mim? Quais as pessoas mais importantes para mim?
O que é o mundo? É seguro ou ameaçador?).
O método fenomenológico é usado para compreender o existente tal
como ele é e se escolhe;
Confrontar com as limitações existenciais, nomeadamente no que
concerne à auto decepção/frustração (ajudando a redescobrir as
oportunidades e desafios esquecidos), à angústia existencial (facilitando
a consciência das limitações provenientes da inevitabilidade da morte),
à culpabilidade existencial, às consequências das escolhas passadas e
futuras (reconhecendo limitações e possibilidades) e as contradições
próprias relacionadas com sucesso/fracasso, liberdade/necessidade e
certeza/dúvida.
Facilitar a exploração do mundo pessoal
Em relação às quatro dimensões da existência (física, psicológica, social
e espiritual) para identificar prioridades e impasses, bem como eventuais
preocupações em níveis particulares da existência, o que exige a
facilitação de uma atitude expressiva de auto exploração e envolvimento
emocional. Inclui também a eventual exploração dos sonhos, entendidos
como mensagens do sonhador para si próprio e refletindo as várias
dimensões da existência
Facilitar a elucidação de significados, encorajando uma atitude de
procura focalizada em si próprio, com abertura à autodescoberta para se
encontrar (
Como se identifica a si próprio e ao mundo? O que é que lhe interessa
realmente neste momento? Que conflitos encontra? Quais são os
desejos? Quais são os obstáculos?).
40
Porque não? Haverá outras possibilidades?
Encoraja a reflexão, cria uma oportunidade para a auto exploração e pode gerar
alternativas
Poderia...?
Promove o confronto com a responsabilidade existencial e com a liberdade
O que terá feito para criar essa situação?
Permite aumentar a consciência da autoria das suas escolhas
O que é que isto quer dizer para si?
Solicita uma compreensão do significado dos acontecimentos para o próprio
O que vai fazer para o futuro?
Perspectiva a possibilidade de vir-a-ser
Será que poderia fazer de outra maneira?
Proporciona a possibilidade de mudança ao desafiar o cliente a compreender
como poderá fazer outras escolhas.
Pretende-se facilitar o confronto ativo do cliente com o seu projeto,
questionando a sua existência e facilitando a abertura à construção de alternativas,
para que possa mudar o presente e o futuro. Esta reconstrução alternativa da
experiência destina-se a proporcionar mudança e deve ter em conta que a mudança
terapêutica é um processo de construção gradual que implica comprometimento com
o desejo (projeto), escolha e ação.
Trata-se de ajudar o outro a ser o seu nome (o“quem”), fazendo aquilo que
deseja e se permite, convertendo a história na sua história e a realidade individual em
realização pessoal.
Procura-se ativar as zonas de desenvolvimento potencial da pessoa do cliente
que se integrem no seu projeto, para que ele possa cuidar de si e da situação.
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10.3 Atitudes e qualidades profissionais e pessoais desejáveis
Fonte: vilamulher.uol.com.br
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A compreensão empática, enquanto partilha baseada na intuição participante,
uma aproximação que permitirá ressoar as referências internas do outro tal como ele
as experimenta e que alternará com o distanciamento analítico que permite a distância
terapêutica óptima para a compreensão da totalidade da existência do cliente.
No seu conjunto, as atitudes de autenticidade, aceitação incondicional e
compreensão empática permitem o escrutínio do nível de consciência que o cliente
tem sobre a sua experiência (para facilitar uma maior consciência de si) e, também,
compreender a importância que ele confere ao futuro ou ao seu passado nas decisões
pessoais. Pode questionar-se se existem qualidades desejáveis para ser terapeuta
existencial. Para além dos conhecimentos teóricos e do treino profissional que são
necessários, a natureza específica da psicoterapia existencial torna desejável a
presença de certas características pessoais e de certa experiência de vida. Entre as
características pessoais destacam - se: capacidade de autorreflexão, atitude de
procura de significados e abertura a várias perspectivas.
A experiência de vida envolve diferentes experiências profissionais em
diferentes contextos, experiência de crises existenciais e de conflito satisfatoriamente
resolvidas e capacidade de lidar com um número muito diverso de contradições,
atitudes, sentimentos, pensamentos, valores e experiências. A relação terapêutica
deverá caracterizar-se por um movimento para a reciprocidade positiva, no interior de
uma relação real em desenvolvimento
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11 BIBLIOGRAFIA
Correia, E., Cooper, M., & Berdondini, L. (2014). Práticas da psicoterapia existencial
em Portugal e no Brasil: Alguns dados comparativos. Fenomenologia e práticas
clínicas, pp. 47-72.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
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Leal, I. (2005). Inicição às Psicoterapias. Lisboa: Fim de Século.
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