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Introdução
No ensino das profissões que envolvem o projeto, as representações para compreensão são por meio do mundo
visual em que há uma inter-relação entre mensagem (projeto) e linguagem (gráfica). O processo de projeto inclui
estas duas linguagens que buscam se comunicar entre os diferentes agentes e atores envolvidos, seja no
desenho, leitura ou execução de um projeto.
É através da linguagem que as pessoas aprendem a se comunicar, ainda quando crianças. Mas, em qualquer
trabalho de projeto, o principal meio de comunicação é o desenho. Esta linguagem representada por desenhos,
ou seja, a linguagem gráfica, emprega todas as funções do cérebro: analíticas, intuitivas, sintéticas e emotivas.
As pessoas devem ter acesso às informações que elas necessitam, de forma clara e bem objetiva, visando a
compreensão de um projeto e sua correta execução. Então, como é possível utilizar as técnicas de representação
do desenho arquitetônico para isto? Qual a importância destas técnicas no processo de projeto? Como obter
resultados práticos e eficientes, agilizando todos os processos de modo a conceber projetos bem detalhados e
execuções rápidas e eficientes?
Neste capítulo, serão apresentados os fundamentos do desenho arquitetônico e as suas características
fundamentais. Ainda, abordaremos o desenho no processo de projeto, através dos meios de expressão e
representação e os instrumentos, materiais e técnicas de desenho (técnico e croquis). Vamos partir da
abordagem inicial de compreensão de todo processo, para a avaliação de boas técnicas de representação e
processos projetuais eficientes e claros.
Por fim, as técnicas de representação do desenho arquitetônico são importantes no processo de projeto pois
tornam o desenho arquitetônico claro e legível, sendo fundamental para que as tarefas e execuções sejam
desempenhadas de forma eficiente e com alto nível de confiabilidade.
Vamos estudar esse conteúdo a partir de agora, acompanhe!
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Breve história
O desenho começou a ser usado como meio de representação para projetos arquitetônicos ainda no período do
Renascimento. Porém, nesta época não haviam conhecimentos sistematizados da geometria descritiva, tornando
o processo simples, livre e sem nenhuma normatização ou padronização. Com a Revolução Industrial, as
máquinas que executavam projetos demandavam maior rigor e precisão, sendo necessária a padronização de
informações projetuais, visando evitar erros grosseiros na execução de produtos. Surge então, a partir do século
XIX, as primeiras normas de representação gráfica de projetos, incorporando a geometria descritiva, estudada no
século anterior (CHING, 2011; YEE, 2016; MONTENEGRO, 2017).
VOCÊ SABIA?
Chamamos de “croquis”, desenhos analíticos que buscam representar uma ideia ou proposta
de um projeto. Estes croquis buscam representar graficamente uma paisagem, um ambiente ou
um elemento de forma a transmitir a essência de um local de forma rápida e precisa. É uma
forma de documentar o que vemos, sem seguir regras ou padrões formais de desenho (CHING,
2011; YEE, 2016).
Para representar cada uma das etapas do desenvolvimento de um projeto de arquitetura que serão explanadas
na sequência, são necessárias habilidades práticas e treinamento constante por parte dos projetistas. Conforme
mencionamos acima, estes desenhos podem ser informais, feitos à mão livre ou em maquetes eletrônicas, de
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mencionamos acima, estes desenhos podem ser informais, feitos à mão livre ou em maquetes eletrônicas, de
acordo com a habilidade do desenhista. Em alguns casos, são necessários desenhos mais precisos, a fim de
explicar como uma arquitetura se articula e deve ser executada em seus mínimos detalhes.
Deste modo, segundo Andrade, Ruschel e Moreira (2011), o processo de projeto pode ser dividido em quatro
etapas: (1) análise; (2) síntese; (3) avaliação e; (4) representação. Para conhecê-las, clique nas abas a seguir.
Análise
Síntese
A segunda etapa, denominada como síntese, está associada ao processo criativo e decisório. Para
Kalay (2004), a síntese é constituída de passos indiscutíveis na busca de soluções dos conflitos a
partir de compatibilização de formas, materiais, hierarquias de visuais, orientações
predominantes, iluminação e de outros tantos condicionantes que, quando articulados nesta etapa,
vão constituir a edificação.
•
Avaliação
A fase de avaliação visa medir e avaliar critérios qualitativos, garantindo que a solução proposta
seja a mais eficiente. Para esta etapa, existem técnicas, métodos e simulações que podem auxiliar o
projetista a atingir resultados satisfatórios e soluções potenciais. Segundo Andrade, Ruschel e
Moreira (2011, p. 90), “o objetivo é distinguir o que é compatível ou conflitante e estabelecer o
grau em que a solução proposta atende aos requisitos de desempenho definidos na fase de
análise”.
•
Representação
A última fase – representação - é a comunicação, por meio de desenhos, das fases anteriores. As
decisões que foram estabelecidas refletem em desenhos, modelos, perspectivas, anotações etc, que
servirão de registro de ideias para a perfeita execução de uma arquitetura – independentemente
de sua escala.
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VOCÊ QUER LER?
A realização de um projeto de arquitetura tem premissas próprias. No artigo “Arquitetura,
projeto e conceito”, de Carlos Alberto Maciel, você pode ler um estudo amplo, mas com foco no
desenho como mediador do processo projetual. Leia o artigo completo em: <http://www.
vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.043/633>.
Dando sequência aos seus estudos, no próximo subtópico, você aprenderá quais são as características
fundamentais do desenho arquitetônico. Vamos lá?!
Desta forma, entendemos como características fundamentais do desenho de arquitetura as plantas baixas,
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Desta forma, entendemos como características fundamentais do desenho de arquitetura as plantas baixas,
cortes, elevações e perspectivas que serão representativos após as quatro etapas citadas anteriormente. Para
que estas representações sejam legíveis à todas as áreas (engenharia elétrica, hidráulica, marceneiros,
carpinteiros, projetistas etc) precisam respeitar as normatizações técnicas, as quais definem a padronização de
linguagem e informação a ser reproduzida.
VOCÊ SABIA?
A NBR é a sigla utilizada para Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Desse modo, as NBRs são uma espécie de norma técnica – estabelecida em
um consenso de pesquisadores e profissionais de diversas áreas e aprovada por um organismo
nacional ou internacional. A ABNT é uma entidade privada e sem fins lucrativos, que visa a
padronização dos processos de projeto.
No próximo tópico, vamos entender os diferentes tipos de desenho e o papel de cada um no processo e
entendimento de projeto de arquitetura.
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VOCÊ SABIA?
Desenhos 2D são aqueles que possuem duas dimensões: largura e altura, ou seja,
bidimensionais. Os desenhos 3D, são aqueles que possuem três dimensões: largura, altura e
profundidade, ou seja, tridimensionais. Ambos são importantes na composição de projetos,
auxiliando nos desenhos técnicos e informativos (bidimensionais) e na compreensão
volumétrica e formal (tridimensionais).
Desta forma, apresentaremos brevemente os diferentes tipos de desenho para representação. Clique nas abas e
confira!
Os esboços são uma forma de representação de objetos de uma composição. São esboçados em uma configuraç
interessante é ao esboçar algum objeto, desenhar um triângulo, círculo ou quadrado para auxiliar a manter prop
Esboços e caso de desenhos 2D (foto). Em desenhos 3D, o auxílio de um cubo ou esfera pode ser útil para esta representação
linhas de
construção
Os croquis são muito utilizados na composição arquitetônica. É uma ferramenta entre mão-olho-cérebro (YEE
por croquis emprega elementos como linhas, tonalidades, texturas, formas e volumes. Se o projetista usar lápis, l
compor croquis monocromáticos (imagem). Existem ainda lápis e canetas indicadas para o desenho de croqui
chanfrada para que, o desenho possa representar movimentação e maior dinâmica.
Croquis
Os diagramas são parte de um pensamento projetual. É uma linguagem abstrata, por meio de diagramações g
setas, linhas (pontilhadas, tracejadas), símbolos, textos são importantes para explorar ideias. Os diagramas es
perspectiva dos projetos finais e um pouco de essência para o projeto construtivo. Podem ser bidimensionais
Diagramas
casos bidimensionais, sua forma mais comum de representação é através de esquemas ou gráficos à mão livre. S
“qualquer tipo de desenho pode ser usado como um diagrama conceitual”. O uso de diagramas permite um
melhor pensado, pois explora diversas ideias e possibilidades antes da execução ou representação final.
De acordo com Montenegro (2008), a palavra "perspectiva" deriva do latim e significa “ver através de...”. Toda p
“observador” e, onde um “objeto” é observado. As perspectivas cônicas são as que mais se aproximam da visão hu
e as linhas da visão convergem para pontos de fuga – que podem ser de um, dois ou três pontos. É uma for
desenho de fácil entendimento e leitura.
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Perspectivas
paralelas e
cônicas
As perspectivas paralelas são diferentes pois, conforme o nome sugere, são caracterizadas pelas linhas do de
paralelas ao desenho original. Em ambos os casos, é uma forma gráfica de representação de desenhos tridimensi
projeções paralelas representam formas volumétricas combinando elementos como comprimento, largura e pro
vistas (lateral, superior e frontal) em uma única vista (imagem acima). Estas projeções podem ainda, ser axo
projetantes perpendiculares ao plano projetado e paralelas entre si- e; obliquas – linhas projetantes obliqua
paralelas entre si.
Enquanto as perspectivas paralelas e cônicas possuem uma configuração tridimensional dos desenhos, as p
mostram essa projeção de forma direta. Estas projeções são plantas, cortes e elevações (imagens).
Projeções
ortogonais
Plantas, cortes e elevações são representações gráficas ortogonais, em duas dimensões (bidimensionais). A
desenho técnico, que representa a base de uma casa ou edifício, cotado a um metro e meio (1,5m) de altura da
baixa possui uma escala específica, com medidas reais de móveis e do imóvel. Você pode imaginar que uma res
cortando as paredes, portas, janelas exatamente a 1,50m do piso. Você está olhando de cima, então, irá ver o des
Plantas,
cortes,
elevações
alguns detalhes da residência. A planta baixa pode ser técnica ou humanizada. A planta técnica contém in
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alguns detalhes da residência. A planta baixa pode ser técnica ou humanizada. A planta técnica contém in
execução como: medidas, escalas, metragem quadrada dos ambientes, nomes dos ambientes, informaçõe
humanizada representa os móveis, revestimentos de piso, jardins e afins. Esta representação usa cores e sombras
As elevações ou fachadas também são representações gráficas de um projeto de arquitetura, em que são
projetadas as arestas do volume (planta baixa). São as vistas principais de uma edificação: frontal, posterior,
lateral direita e lateral esquerda. É uma forma de visualizar a edificação do lado externo. Nas elevações devem
aparecer os vãos de esquadrias (portas e janelas), elementos da fachada (materiais e acabamentos), telhados,
sombras, vegetação etc.
A representação das fachadas expressa a forma e a massa da estrutura. A quantidade de elevações a ser
desenhada é variável, ficando a critério do desenhista. Porém, quanto maiores e mais completas forem as
elevações, mais fácil é sua execução e perfeição no resultado final.
Os cortes são uma representação gráfica ortogonal da construção. Estes, buscam mostrar a dimensão vertical da
edificação, em uma espécie de “fatia”. Imagine um bolo, cortado em diversos pedaços e transfira essa imaginação
para a edificação. O corte irá mostrar como as paredes são feitas, onde passam pilares e vigas, a altura da
edificação, como são detalhados os forros e a cobertura.
A direção dos cortes varia bastante. É importante que a edificação seja cortada em locais onde tenham
informações importantes que precisam ser mostradas, como escadas, caixas d’água, coberturas, piscinas etc. Os
cortes são em geral nomeados de longitudinais e transversais. O corte longitudinal passa no maior sentido da
edificação, enquanto o corte transversal no menor sentido da edificação. Independentemente disto, o sentido do
corte deverá ser mostrado em planta baixa. Essa forma de representação, é parametrizada pela ABNT.
Esboço
Ajuda a compor um desenho e fornecer uma ideia de como ficará o produto final. Os esboços são simples, não
seguem normas. Para desenvolver esboços com qualidade é necessário treinamento constante, para aprimorar a
habilidade manual, a perfeição do traço.
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Croquis
Seu objetivo é registrar um objeto ou paisagem que se vê. Sua origem remota ao início do século XIX e significa
esboçar. O croqui não precisa ter grande refinamento, embora existam projetistas que conseguem resultados
encantadores, verdadeiras obras de arte. Você também pode, basta exercitar a observação e reprodução de
paisagens ou objetos. De modo geral, o croqui não representa uma ideia acabada. Também não é uma forma de
representação coletiva, é muito individual na qual o indivíduo pode representar sua experimentação, percepção
ou sensação.
Diagramas
Os diagramas são parte de um pensamento projetual. É uma forma de representação ao qual o projetista gera e
As plantasideias
organiza baixas auxiliam
para a leitura da
posteriormente disposição de
formaliza-las. móveis,
É uma portas
forma e janelas, detalhes
de ancoragem filosóficaespecíficos. É na onde
para o projeto, leitura
o
de
objetivo é explicar o projeto. Por meio de diagramas ou gráficos, o desenhista pode explorar soluçõese
plantas que conseguimos identificar o tamanho de esquadrias (portas e janelas), paginações (pisos
revestimentos), mobiliário em
alternativas e a ancoragem geral,
para lareiras, churrasqueiras,
a visualização de um projeto,banheiras etc. Para
o pensamento que
visual e aseja compreensível
interpretação devem
correta do
haver cotas (medidas) em toda a planta, nomenclatura dos ambientes, a metragem quadrada de cada ambiente.
leitor. É por meio de linhas, pontos, formas geométricas e textos que uma construção pode ser representada em
Podem
termos ainda, ter informações
de movimentação dealternativas, mas lembrando
pessoas (circulação), que informações
uso dos nunca são demais!
espaços (zoneamento), análise da implantação
Os cortes têm
(terreno), a função
cortes de mostrarouaodoleitor
de implantação locale eexecutor
análise detalhes em altura.
da volumetria. ComUma vez queesboços
diagramas, “fatia” aeedificação,
croquis é
permite compreender
possível um o péquase
entendimento direito (altura
total deprojeto
de um piso à ou
teto), os detalhes
proposta de forros,
projetual. São osvigas, pilares.
primeiros Auxilia
passos paraainda
que asa
compreender detalhes mais
ideias sejam reproduzidas específicos
e possa, então,que precisam
iniciar ser vistos
os projetos em ecorte
técnicos como alturas
com padrões e desníveis de piscinas,
de normatização.
detalhes de ângulos em lareiras e churrasqueiras entre outros.
As vistas, elevações ou fachadas auxiliam a compreender a volumetria externa. Em uma edificação, se não
houverem fachadas bem representadas graficamente, entendemos essa edificação como uma caixa branca. Deste
Perspectivas e projeções
modo, bem representadas, entendemos as cores, os tipos de revestimento, a forma geométrica de telhados etc.
Plantas etc.
Os desenhos que envolvem plantas, cortes e elevações são formas de representação mais técnica, que os citados
A boa representação
anteriormente. Estes nos
são permite imaginar
representações come visualizar
o objetivoade
forma final de um
transformar projeto,gráfico
o desenho seja eleem
arquitetônico ou dee
um projeto real
interiores. Para
funcional. Falamos
isto,muito aqui em arquitetura,
as normatizações ABNT são mas o desenho
muito é a forma
importantes, universalque
objetivando de representação de qualquer
todos os profissionais que
coisa, qualquer
participam espaço,possam
da prática paisagem ouaum
fazer simples
correta objeto.
leitura.
Finalizamos neste subcapítulo itens referentes ao desenho de arquitetura. No próximo item, iniciamos
apresentando os instrumentos e materiais que são utilizados para a representação do desenho de arquitetura e
que auxiliam para a boa representação gráfica. Continue acompanhando!
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1.3 Instrumentos, materiais e técnicas de desenho
Neste subcapítulo falaremos sobre as ferramentas e materiais básicos que são utilizados em desenhos, sejam
eles técnicos ou desenhos representativos como os croquis. Os instrumentos e materiais são importantes
ferramentas de trabalho e devem ser tratados com zelo, pois auxiliam na qualidade e facilidade da representação
de projetos, croquis e esboços. Se não forem utilizados de forma correta e com o devido cuidado para
manutenção e uso, podem comprometer a qualidade e resultado final de uma imagem gráfica e diminuir o tempo
de vida útil como produtos.
A intenção deste item é apresentar a diversidade de instrumentos e ferramentas disponíveis no mercado e
básicos que auxiliem no desenho e ensinar a usá-los de forma adequada. Acompanhe a seguir.
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Quadro 1 - Diferença entre os tipos de mina em lápis e lapiseiras.
Fonte: CHING, 2011, p 11.
As lapiseiras podem ser divididas entre lapiseiras de mina grossa e lapiseiras de mina fina. Aprenda mais sobre
elas, clicando nas setas abaixo.
As lapiseiras de mina grossa utilizam minas (grafite) comuns de 2mm. Em uma de suas pontas, elas possuem um
mecanismo propulsor que, quando acionado permite expor ou retrair a ponta da mina. Estas lapiseiras são muito
utilizadas no desenho de esboços ou croquis, permitindo uma coordenação motora menos rígida.
As lapiseiras de mina fina utilizam grafites de 0,3, 0,5, 0,7 e 0,9mm. Elas também possuem mecanismos
propulsores que avançam ou retraem a ponta da mina. Estas lapiseiras são muito utilizadas no desenho técnico,
permitindo que as minas sejam utilizadas conforme a espessura que se deseja representar. Paredes, por
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permitindo que as minas sejam utilizadas conforme a espessura que se deseja representar. Paredes, por
exemplo, utilizam minas mais grossas e pesadas – como a 0,9mm-; e pisos ou móveis, utilizam minas mais finas,
pois elas necessitam de menos pressão e espessura – 0,3 ou 0,5mm.
Outro instrumento muito utilizado no desenho são as canetas. A caneta nanquim produz linhas de tintas precisas
e uniformes. As espessuras iniciam pelas extremamente finas (0,13mm) até algumas bem grossas (2mm). Para
as canetas nanquins, existe uma padronização especificada pela Organização Internacional de Padronização
(ISSO), que define oficialmente quatro espessuras: 0,25, 0,35, 0,5 e 0,7mm.
Como a caneta nanquim possui tinta em seu tubo, a ponta tubular (Figura 11) deve ser longa o bastante para
ficar afastada da régua ou de algum instrumento auxiliar. As pontas devem estar sempre limpas, evitando
vazamentos ou ressecamentos e após o uso manter as canetas tampadas.
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Fonte: CHING, 2011, p.12.
As réguas mais utilizadas para o desenho são as réguas T e as réguas paralelas. As réguas em T possuem uma
barra transversal em uma de suas extremidades. Esta cabeça desliza ao longo da borda de uma prancheta como
um guia, para estabelecer e desenhar linhas retas paralelas (CHING, 2011). Estas são relativamente baratas e são
portáteis, variando de 80, 100 a 120cm. Não devem ser utilizadas para corte, salvo que sejam réguas de metal.
Outro modelo de régua disponível e muito útil no desenho de linhas paralelas é a régua paralela. As réguas
paralelas possuem um sistema de cabos (linhas) e roldanas que permitem que a régua deslize sobre uma
superfície (prancheta). Estas possuem um preço mais elevado e nem sempre podem ser portáteis. Estão
disponíveis nas dimensões de 80, 100 a 120cm.
É importante observar o tamanho da folha que irá se usar antes de comprar uma régua paralela. Segundo a
ABNT, as folhas fariam do tamanho A6 até A0. A folha de ofício convencional é a A4.
Os esquadros também são um importante instrumento de desenho, pois guiam o traçado das linhas verticais e
linhas com ângulos mais específicos. Juntamente com as réguas paralelas ou em T, que o desenho técnico pode
ser representado graficamente. O esquadro tem um ângulo reto e dois de 45º ou um ângulo de 30º e outro de
60º.
Existem em esquadros de diversos tamanhos. Os menores são úteis para desenhos de áreas pequenas,
hachuramentos ou como guia para escritas – desenho de letras. Os maiores são muito utilizados no desenho de
arquitetura. Podem ainda ser de diversos materiais, mas os mais eficientes são os feitos de acrílico transparente
por sua durabilidade, resistência e facilidade de limpeza. Basta um pano umedecido com álcool para utiliza-lo
novamente. Não é indicado que sejam usados como régua, tampouco para corte de materiais.
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Figura 5 - Os esquadros são um importante instrumento de trabalho.
Fonte: Vector Stall, Shutterstock, 2018.
Existem ainda os esquadros reguláveis, os quais tem um braço móvel que é mantido no lugar por um parafuso e
uma escala que permite medir os ângulos. Eles são menos utilizados, porém muito funcionais par desenhar
inclinações de telhados e coberturas ou escadas.
Os compassos também são instrumentos utilizados, principalmente para o desenho de círculos e raios
indeterminados. O valor dos compassos varia bastante, desde valores baixos para compassos de plástico ou mais
simples até valores consideráveis para modelos mais resistentes, metálicos e com maiores opções de adaptação
e ajustes. É indicado usar minas mais leves para que deslizem com mais facilidade e conforto no papel. Para
círculos maiores, alguns compassos permitem afixar um extensor ou ainda, existem compassos que já possuem
um prolongador. As minas podem ser ajustáveis, deste modo permite que se utilizem minas mais finas ou mais
grossas.
Os transferidores são muito úteis como instrumentos para medir e marcar ângulos. Estes também são
produzidos em diversos materiais, os quais indicamos sempre os transferidores em acrílico, pelos mesmos
motivos dos esquadros.
Uma ferramenta muito interessante de trabalho são os gabaritos. Eles possuem aberturas que guiam o traçado
de formas predeterminadas, como círculos, equipamentos sanitários (de banheiros) entre outros. Ainda, existem
gabaritos em diversas escalas ou séries graduadas baseado em frações de múltiplos de uma polegada.
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Figura 6 - Modelos de gabarito.
Fonte: Ching, 2011, p.17.
Existem ainda outros equipamentos auxiliares, como borrachas, mata-gatos e bigodes. As borrachas devem ser
macias, para facilitar apagar as marcas do desenho e não borrar o grafite. As mais indicadas são as borrachas de
vinil ou de plástico PVC. Os mata-gatos possuem cortes de várias formas e tamanhos para limitar a área a ser
apagada. É uma máscara fina de aço inoxidável muito eficiente para proteger a superfície do desenho. Os bigodes
são pequenas escovas que ajudam a limpar e manter a superfície do desenho libre de restos de borrachas e
outras partículas de sujeira.
Outro instrumento muito importante no desenho de arquitetura é o escalímetro. Como o nome remete, é uma
espécie de “régua”, utilizada para trabalhar com as escalas do desenho. A escala refere-se a uma proporção que
determina a relação entre uma representação e o tamanho real daquilo que é representado (CHING, 2011). Ou
seja, quando um projeto está em escala 1:25, significa que o desenho está 25 vezes menor que o tamanho real, se
tiver em escala 1:100, 100 vezes menor que o real e assim sucessivamente.
O escalímetro de arquitetura tem graduações em suas bordas para que desenhos em escala possam ser medidos
diretamente em centímetros e metros (CHING, 2011). Os escalímetros possuem seis lados nas seguintes escalas
de arquitetura: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. Existem alguns modelos chanfrados com dois lados e quatro
escalas e outros com quatro lados e oito escalas. Ainda, modelos de 15 e 30cm de comprimento.
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Figura 7 - Escalímetro de arquitetura.
Fonte: 135pixels, Shutterstock, 2018.
Falamos até aqui nos tipos de equipamentos que podem ser utilizados para o desenho, porém, além dos
equipamentos existem diferentes superfícies, e estas influenciam muito no resultado final. Cada tipo de papel ou
filme possui uma facilidade, principalmente no que diz respeito ao uso de sobreposições que permitem fazer
desenhos ou traços seletivos em uma folha e identificar o que está abaixo dela.
Veja no quadro um resumo dos tipos mais utilizados de papéis.
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Figura 8 - Diferentes tipos de papeis para desenho.
Fonte: Elaborado pelo autora, adaptado de CHING, 2011.
Recapitulando, vimos neste subitem os instrumentos e materiais de desenho, suas aplicabilidades, forma de uso,
e algumas dicas e indicações. Que tal começar a criar esboços com os materiais que acabamos de ensinar? A
qualidade de seu desenho depende de habilidade, mas também de muito treinamento.
No próximo item, iniciamos as convenções gráficas para desenho. Você sabia que linhas ou linhas tracejadas são
diferentes e possuem significados específicos? Continue acompanhando.
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Figura 9 - Funções das linhas no desenho de arquitetura.
Fonte: Elaborado pelo autora, adaptado de CHING, 2011.
Com essas ferramentas, materiais e instrumentos, é possível iniciar o processo projetual de representação
gráfica. Vamos, então, no próximo tópico, estudar alguns aspectos fundamentais para desenvolver croquis.
A seguir, apresentaremos todas as informações para lhe auxiliar a iniciar o processo de elaboração de croquis.
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A seguir, apresentaremos todas as informações para lhe auxiliar a iniciar o processo de elaboração de croquis.
Acompanhe.
Croquis conceituais são sínteses desenhadas rapidamente que representam uma série de ideias
alternativas do projeto para uma concepção imaginada. Tais visualizações podem ser imagens
iniciais brutas ou com certo refinamento, desenvolvidas por meio de desenhos. Embora possuam
uma natureza experimental, os croquis conceituais pretendem representar a realidade do projeto em
seu estado idealizado e essencial (YEE, 2016, p. 36).
Desta forma, primeiro as imagens são construídas e formalizadas na mente e depois esboçadas. Ou seja, primeiro
é um processo mental e depois um ato físico. É muito importante desenvolver a habilidade de esboçar, pois ajuda
a evoluir a representação de ideias e o refinamento de desenhos.
Popularmente, os arquitetos costumam dizer que o melhor local para desenvolver um croqui é no relaxamento
de um bar e na simplicidade de um guardanapo. Ou ainda, que as melhores ideias vêm no descanso da noite,
então tenha sempre um caderno de croquis na sua cabeceira de cama.
CASO
Em uma primeira reunião com um cliente, o arquiteto recebeu e captou várias informações de
necessidades e desejos de um jovem casal. Eles queriam uma residência ampla, com espaços de
pé direito alto, janelas voluptuosas e um pátio grande para animais. Porém, o escritório estaria
entrando em férias coletivas, e todos os profissionais ficariam ausentes pelo período de 15
dias. Após a reunião, o arquiteto se reuniu com seus colaboradores, que participariam do
processo projetual deste cliente e destacou:
• As informações gerais que o cliente queria;
• Representou croquis de todas as necessidades recebidas em reunião.
Diante do uso de croquis, no retorno das férias, a equipe pode retomar o projeto e de forma
visual e relembrar todas as solicitações feitas pelo jovem casal. Essa abordagem, com o uso de
desenhos aleatórios, foi útil para que a representação não ficasse apenas em textos, que
poderiam ser compreendidos ou distorcidos. O croqui se tornou um registro de imagem,
facilitando o desenho e processo criativo iniciado posteriormente.
Compreendemos que o aspecto fundamental de um croqui conceitual é ser o ponto de partida para uma
construção de linhas, geometrias e formas, e mais tarde traduzir-se em um projeto arquitetônico com linhas mais
regradas e normatizadas. Eles possuem uma importância fundamental pois é o meio mais eficaz de ir registrado
e desenvolvendo ideias à medida que elas acontecem.
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Figura 10 - Croqui conceitual X projeto executado.
Fonte: YEE, 2016, p. 73.
Como os croquis não carecem de escala, é interessante durante a evolução da habilidade, trabalhar com folhas
milimetradas para ter noção da proporção, que auxilia, e muito, na representação gráfica. Desta forma, os
rabiscos tornam-se vitais para o trabalho acontecer.
Segundo Yee (2016, p. 74), “muitas vezes, esses rabiscos altamente imaginativos são desenvolvidos sem
observar as restrições pragmáticas encontradas no mundo físico (ex., gravidade, clima etc.). O que significa é que
estes conceitos, o que os croquis querem representar significa muito sobre pensamento e imaginação”.
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Figura 11 - Croqui representativo de uma fachada - arquitetura
Fonte: Elaborada pelo autora, baseado em CHING, 2011.
Croquis ainda podem ser feitos através da modelagem digital, com o auxílio de softwares gráficos. Estes modelos
são tão úteis quanto os desenhos à mão livre, porém demandam mais tempo, investimento e conhecimento dos
programas. Nem sempre temos tempo hábil para desenvolver um croqui em realidade virtual.
Desta forma, finalizamos esse capítulo te desafiando a trabalhar com o croqui à mão livre, treinando em ocasiões
e paisagens diferentes. Experimente reproduzir um objeto e depois vá aumentando a escala e complexidade de
sua reprodução. É o treinamento que leva a excelência! Bom trabalho!
Síntese
Chegamos ao final do capítulo. Aprofundamos nosso conhecimento sobre o desenho arquitetônico, mas
principalmente sobre os instrumentos que são o pontapé inicial no processo de projeto, compreendendo que os
meios de expressão são muito importantes para uma representação gráfica compreensível a todos. O desenho de
arquitetura faz parte de um processo projetual que auxilia a execução de bons projetos com eficiência e
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arquitetura faz parte de um processo projetual que auxilia a execução de bons projetos com eficiência e
organização quando bem compreendidos e lidos por fornecedores, projetistas e executores.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender a importância do desenho arquitetônico no processo de projeto e sua relação com as
técnicas de representação gráfica para obter resultados legíveis a todos os profissionais envolvidos;
• reconhecer as características fundamentais do desenho arquitetônico, os elementos e padrões de
desenho;
• compreender os diversos tipos de desenho e o papel representativo de cada um no processo de análise,
entendimento, representação e apresentação de um projeto de arquitetura;
• conhecer a diversidade de instrumentos, materiais e superfícies que podem ser utilizadas no desenho
técnico e o papel de cada um, quando são mais eficientes e a forma de usar e cuidar de instrumentos
evitando seu desperdício ou custos desnecessários;
• compreender a representação por croquis, a qual é muito importante e fundamental no processo
criativo e representativo e os aspectos fundamentais de croquis descritivos, incluindo técnicas e
ferramentas, proporções e parâmetros.
Bibliografia
ANDRADE, M. L. V. X. de; RUCHEL, R. C.; MOREIRA, D. de C. O processo e os Métodos. In. KOWALTOWSKI, D. C. C.
K; MOREIRA, D. de C.; PETRECHE, J.R.D.; FABRICIO, M.M. O processo de projeto em arquitetura. São Paulo:
Oficina de Textos, 2011.
CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.
DOMINGUEZ, Fernando. Croquis e perspectivas. Porto Alegre: Masquatro, 2011.
GIESECKE, F. E. Comunicação Gráfica Moderna. Porto Alegre: Bookman, 2002.
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