Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/301749383
CITATIONS READS
0 1,429
1 author:
Erika Zanoni
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais
38 PUBLICATIONS 2 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Erika Zanoni on 01 May 2016.
ISBN: 978-85-63814-04-3
CDU 614.9
Editado por:
Victoria Pereira Bengoa
Rosângela Ribeiro Gebara
Melania Gamboa
2016
Sumário
15 Capítulo 1
Estratégias e práticas docentes direcionadas
ao ensino de bem-estar animal em grandes animais
16 O bem-estar animal no pré-abate: um aprendizado significativo
Marlyn Hellen Romero Córdoba
Capítulo 2
41 Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino
de bem-estar animal em pequenos animais
e à posse responsável de animais de estimação
42 Oficina de Enriquecimento Ambiental para animais em abrigo
Carmen Luz Barrios Gómez
88 Capítulo 4
Estratégias e práticas docentes de extensão
à comunidade para o ensino efetivo de bem-estar animal
Presidente
Federação Pan-Americana de Faculdades e Escolas de Ciências Veterinárias
O desenvolvimento humano através da história exigiu a Por isso, é importante que tomemos a sério este fenômeno
intervenção do homem sobre a natureza, do ambiente e abordemos com muito mais força e determinação, cada
que o rodeia. um em sua disciplina ou em sua função, a tarefa de contri-
Por muitos séculos, os seres humanos evoluíram e mudou buir, em primeiro lugar para diminuir a velocidade de de-
de um indivíduo para formas sociais primitivas, em segui- terioração e, ao mesmo tempo, aplicar medidas corretivas
da, constituindo a família e a sociedade. para reverter um pouco do que foi perdido.
O homem tem compartilhado com os outros membros de Parte desse trabalho é o que estamos vendo nos progra-
sua escala zoológica, as fontes de alimento, a água, o mas desenvolvidos pelo World Animal Protection, com
ar, as plantas, os minerais e as paisagens, mas sendo o ideias extraordinárias e planos de ação que enche-nos
Homo sapiens o “Rei da Criação” vem dispondo para de esperança, porque proteger os animais e lutar por seu
seu uso exclusivo estes bens de maneira caótico e egoísta
bem-estar beneficia diretamente aos seres humanos.
levando o planeta a uma encruzilhada crítica, que está se
transformando em um ambiente hostil para a vida. Nós médicos veterinários apoiamos e aplaudimos o traba-
E essa espiral evolutiva que atingimos em nossos dias, com lho da World Animal Protection e a edição deste livro que é
grandes e maravilhosos progressos científicos e técnicos, mais um grão de areia que apresenta para a humanidade,
esta em uma casa comum, que está caindo aos pedaços. tão necessitada de orientação e de boas notícias.
Presidente do PANVET
Introdução
A Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) é e desta forma fazer desta informação valiosa disponível
uma organização global não governamental, sem fins lu- para todos os professores e educadores, incentivando-os
crativos, com sede em Londres, que trabalha há mais de a replicar e a melhorar suas formas de ensinar Bem-estar
50 anos para a proteção e o bem-estar dos animais. Com animal.
14 escritórios em todo o mundo e programas em mais de
50 países, trabalha em quatro frentes principais: animais Este livro apresenta as 20 melhores estratégias que foram
de produção, animais em situações de desastre, animais selecionadas por um júri composto de membros da Ar-
em comunidades e animais silvestres. gentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba e Equador e com-
preende práticas didáticas nas áreas do ensino de bem-
A Proteção Animal Mundial é atualmente a única ONG -estar em animais de grande porte, em pequenos animais,
internacional dedicada ao bem-estar dos animais com no ensino de práticas humanitárias no ensino e pesquisa,
status consultivo junto à ONU, que trabalha em colabo- em projetos de extensão comunitária e alguns processos
ração com a OIE e que possui representação entre as
transdisciplinares.
instituições europeias.
Gostaríamos de oferecer um agradecimento especial à
Em 2014, o Programa de Educação da Proteção Animal,
Dra. Beatriz Zapata, à Dra. Carmen Gallo do Chile; à
com o apoio do Conselho Pan-Americano de Educação
Dra. Stella Huertas do Uruguai; ao Dr. Nestor Calderon
em Ciências Veterinárias (COPEVET), da Associação
da Colômbia; ao Dr. Maximino Mendez e Dr. Apollo
Pan-Americana de Ciências Veterinárias (PANVET) e da
Federação Pan-Americana de Faculdades de Ciências Carrasco do México; ao Dr. Jorge Quiroz da Costa Rica;
Veterinárias, lançou o concurso « Estratégias, práticas e à Dra. Carla Molento, ao Dr. Irã Oliveira e à Dra. Denise
atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar Leme do Brasil que colaboram com este livro, participan-
animal, destinado aos docentes das Faculdades de Me- do como juízes para a seleção das melhores estratégias
dicina Veterinária, Zootecnia e Ciências Animais a fim de que compõem este livro.
identificar as melhores e mais inovadoras estratégias e
Esperamos que este livro possa inspirar muitos professores
práticas de ensino em Bem-estar animal em nossa região.
através destes exemplos didáticos incríveis, e esperamos
Esta iniciativa surgiu a partir da necessidade de conhecer que possa inspirar os professores e lembra-los que sem-
a realidade educacional acerca do ensino de uma ciên- pre é possível mudar e melhorar o ensino de bem-estar
cia cada vez mais necessária, mas ainda pouco conhe- animal, ciência essa tão importante e relevante para a
cida e difundida em algumas partes do nosso continente formação atual do professional das Ciências Veterinárias.
Capítulo 1
Estratégias e práticas
docentes direcionadas ao
ensino de bem-estar animal
em grandes animais
Nome da área temática, programa ou disciplina dores de avaliação importantes, os quais têm tido pouca
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi implementação na indústria da carne devido, em parte, à
desenvolvid: falta de conhecimento e formação de recursos humanos
adequados.
Saúde Pública
Um dos desafios que os docentes universitários têm que
enfrentar é levar à aula os conteúdos e práticas que
definem sua matéria de ensino, transformando-os por
Introdução, contexto e justificativa meio de recursos didáticos e estratégias metodológicas
O pré-abate (período que inclui o embarque na fazenda em aprendizados significativos para os estudantes. Uma
até o abate) é uma etapa estressante para os animais, das estratégias para obter um aprendizado significa-
que gera perdas econômicas relacionadas a vísceras, tivo no ensino de BEA é a metodologia do aprender
perda de peso, mortalidade, alteração da qualidade fazendo, levando os estudantes a relacionarem o novo
da carne, entre outros. Da mesma forma, essa etapa conhecimento a conceitos prévios, situações cotidianas
impacta negativamente o bem-estar animal (BEA) porque e à própria experiência em situações reais. Nessa
os animais são submetidos a práticas cruéis, jejum pro- perspectiva, o vínculo da pesquisa com as atividades
longado e desafios ambientais que geram estresse físico docentes propicia condições ótimas para o aprendi-
e psicológico. Nas últimas décadas, os pesquisadores zado porque permite o questionamento dos conceitos
têm avançado no estudo do BEA, desenvolvendo indica- que embasam as práticas tradicionais de manejo no
1. Esta foi a estratégia vencedora do concurso “Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar animal”, organizado pela
World Animal Protection com o apoio da PANVET, COPEVET e a Federação de Faculdades de Medicina Veterinária e Zootecnia.
Bibliografia
Ballester, A. (2002), (Ed). El aprendizaje significativo en la práctica. Antoni Ballester Vallori.
Burton, R.J.F.; Peoples, S.; Cooper, M.H. (2012). Building “cowshed cultures”: A cultural perspective on the pro-
motion of stockmanship and animal welfare on dairy farms. Journal of Rural Studies, 28:174-87.
Heleski, C.R., Zanella, A.J., Pajor, E.A. (2003). Animal welfare judging teams- a way to interface welfare Science
with traditional animal Science curricula? Journal of Applied Animal Behavior Science, 81:279-89.
Koch, V.W. (2009). American veterinarian´s animal welfare limitations. Journal of Veterinary Behavior, 4(5):198-202.
Velarde, A., Dalmau, A. (2012). Animal welfare assessment at slaughter in Europe: Moving from inputs to out-
puts. Meat Science, 92: 244-51.
Nome do programa, área temática ou disciplina tente de cada estudante e de uma forma participativa,
onde ocorreu a prática organizar as informações de forma gráfica. A coleta de
informações pode então ser transformada em protocolos
Disciplina Avaliação Científica de Bem-estar Animal de avaliação de bem-estar em aulas práticas. Na sala
de aula o protocolo desenvolvido de forma colaborativa
é comparado com os protocolos validados. Um novo
Introdução, o contexto exercício de validação através de simulação com vídeos
e as razões para desenvolver interativos permite a harmonização das abordagens. As
informações são compiladas através de adesivos colori-
tal estratégia ou prática docente dos em cartazes para espécies de interesse.
A disciplina VPS5724-1/2 é ministrada para alunos
matriculados no programa de pós-graduação. Os alu- Objetivos pedagógicos alcançados
nos que participam apresentam conhecimentos diversos com a implementação desta
sobre bem-estar, saúde e produção animal que, de certa
forma, precisam ser aproveitados na disciplina para que
estratégia ou prática docente
a abordagem resulte em aprendizado efetivo. A propos- O objetivo é colocar a ciência de bem-estar animal pró-
ta é de trazer para a sala de aula o conhecimento exis- xima dos estudantes. A proposta é identificar elos para
e) caprinos;
f) equinos; Resultados pedagógicos obtidos
g) gatos;
Os estudantes desenvolvem competência teórica e
h) ovinos; prática para avaliar o bem-estar dos animais. Na ava-
liação do curso eles consideram esta metodologia muito
i) ratos;
importante. Essa metodologia foi testada em estudantes
j) suínos; de pós-graduação de áreas diversas. A forma como eles
k) peixes relacionam o conhecimento adquirido com os conheci-
mentos pré-existentes é realmente evidente. A avaliação
dos estudantes e a avaliação formal permitiram assegu-
No cartaz, um círculo com raio de 60 cm é demarca- rar que o aprendizado foi efetivo. Também foram feitas
do e dividido em quatro quadrantes. Os quadrantes competições entre os estudantes com simulações interati-
são marcados com as quatro áreas de interesse na vas e desta forma foi analisado o aprendizado.
avaliação do bem-estar animal: a) boa saúde; b) bom
alojamento; c) boa nutrição e d) bom comportamento.
Adesivos amarelos são oferecidos para que os estudan-
tes listem os indicadores baseados nos recursos para Impacto da estratégia ou prática
avaliarem o bem-estar, que deverão ser colados no res- docente nos alunos, nos animais,
pectivo quadrante. Eles também recebem adesivos rosa
que devem ser utilizados para listar nos quadrantes os
na comunidade, etc.
indicadores baseados nos animais que refletem a área A parte prática de implementação dos protocolos de
de interesse. Os estudantes também têm acesso a ade- avaliação do bem-estar é levado a efeito nas unidades
sivos circulares vermelhos, laranja e verde, que eles po- de produção da Universidade de São Paulo. Os ge-
dem utilizam para determinar, em cada espécie os riscos rentes das granjas participam ativamente, oferecendo
para o bem-estar que cada uma das áreas representa, informações para os estudantes e também contribuem
na opinião deles. Os dados são agrupados e uma ta- na formulação de perguntas mais objetivas. O processo
bela para avaliação de bem-estar é criada com escala de avaliação também oferece oportunidades para um
LIKERT ou VAS. Com esta tabela, os estudantes avaliam retorno imediato ao gerente da unidade sobre os pontos
o bem-estar dos animais. Depois disso, preparam um positivos e pontos negativos do processo produtivo rela-
relatório que é discutido na sala de aula e harmonizado cionados com o bem-estar animal.
Bibliografia
Ellingsen, K.; Zanella, A.J.; Bjerk, S,E.; Indreb, A. (2010). The Relationship between empathy, perception of pain
and attitudes toward pets among norwegian dog owners. Anthrozoos (Hanover), 23: 231-243.
Heleski, C.R., Zanella, A.J., Pajor, E.A. (2003). Animal welfare judging teams- a way to interface welfare Science
with traditional animal Science curricula? Journal of Applied Animal Behavior Science, 81:279-89.
Siegford, J.M.; Bernardo, T.M.; Malinowski, R.P.; Laughlin, K.; Zanella, A.J. (2005). Integrating animal wel-
fare into veterinary education: using an online, interactive course. Journal of Veterinary Medical Education,
32:497-504.
Nome da área temática, programa ou disciplina conceitos de fisiologia e conhecimentos básicos de pro-
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi dução animal, patologia veterinária e zootecnia. Ocupa
desenvolvida um lugar estratégico no currículo, visto que ocorre antes
da maioria das atividades práticas que os alunos realiza-
Bem-Estar Animal rão com os animais (clínica, sanidade, etc.).
Datos generales:
Fecha de la visita:..…………….
Lugar:………………………………………………………………
Ubicación: …………………………………………………………………………………..
Nº de animales: …… Raza:……………………
Chapinal, N; Dalmau, A.; Fàbrega, E.; Manteca, X.; Ruiz de la Torre, J.L.; Velarde, A. (2006). Bienestar del le-
chón en la fase de cebo. Rev. Avances en Tecnología Porcina 3:40-50.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar en animales de granja. ¿Qué es
el Bienestar Animal?. FAWEC.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Requeri-
mientos legales sobre bienestar en explotaciones de porcino. FAWEC.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2013). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Estrés en
los animales de granja: concepto y efecto sobre la producción. FAWEC.
González, C.; Civit, D.; Díaz, M.; FaverioI, M.; Lamboglia, M. (2013). Bienestar animal en ovinos en estableci-
mientos agropecuarios durante el transporte y en frigoríficos. Vet. Arg. Vol. XXX - Nº 29. Recuperado de: http://
bit.ly/1NCTHwG.
Horgan, R. (2007). Legislación de la UE sobre bienestar animal: situación actual y perspectivas. REDVET. Revis-
ta electrónica de Veterinaria 1695-7504. Volumen VIII Número 12B.
National Farm Animal Care Council (NFACC). (2014). Code of practice for the care and handling of pigs.
Canadian Pork Council and the National Farm Animal Care Council.
Mellor, D.J.; Bayvel, A.C.D. (2004). The application of legislation, scientific guidelines and codified standards
to advancing animal welfare. En: Global Conference on Animal Welfare: an OIE initiative. Paris, France; 23-25
February, 2004.
Ramírez, I.; Lílido, N. (2009). El bienestar animal. Revista Mundo Pecuario. V(3):158-164. Recuperado de:
http://bit.ly/1KQKydK
Tejeda Perea, A.; Telléz Isaías, G.; Galindo Moldonado, F. (1997). Técnica de medición de estrés en aves. Vet.
Méx., 28:145-151.
Temple, D.; Velarde, A.; Manteca, X.; Dalmau A. (2009). Evalaución del binestar animal mediante el protocolo
Welfare Quality® en el cerdo ibérico de uso extensivo: resultados preliminares. Revista Solo Cerdo Ibérico.
AECERIBER; Octubre 2009: 55-64. Recuperado de: http://bit.ly/1MXJQBJ
WSPA (World Society for the Protection of Animals) and University of Bristol. Recopilación de Conceptos sobre
Bienestar Animal. Módulo 13 y 14 “Animales de producción. Evaluación del bienestar”. WSPA.
Nome da área temática, programa ou disciplina a pessoas com capacidade econômica e terreno para
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi apadrinhar esses animais.
desenvolvida
A Universidade de Ciências Aplicadas e Ambientais
Grupo de Pesquisa em bem-estar Animal - U.D.C.A (U.D.C.A) vinculou-se a essa atividade para receber um
grupo de 1200 animais enquanto tramitam os processos
de adoção e entrega a um lar definitivo. A U.D.C.A. está
comprometida com o bem-estar animal (BEA). Dessa
Introdução, contexto forma, participou de feiras e fóruns de bioética e bem-
e justificativa da estratégia, -estar. Também colaborou no Seminário Nacional e In-
prática ou atividade docente ternacional de BEA (2001 e 2011) e incluiu o curso de
BEA em 2001.
Na Colômbia, a lei 769 de 2002 contempla a remoção
de veículos de tração animal, na qual as prefeituras de- A Universidade criou o Grupo de Pesquisa em BEA,
vem promover atividades alternativas e substitutas para composto por acadêmicos e estudantes que trabalham
as pessoas que tiram seu sustento desse tipo de veículo. para promover o BEA com enfoque nas diferentes espé-
Parte deste projeto é o acolhimento, a manutenção e a cies animais. A participação estudantil é essencial no
adoção dos animais, liderado pela Prefeitura de Bogotá, desenvolvimento do trabalho de extensão e da pesquisa.
implementando a campanha “Adote um amigo”, dirigida Além disso, o vínculo com o grupo é voluntário e comple-
Alguns resultados do projeto de pesquisa incluem estu- • Habilidade na busca de informação científica e uso
dantes com conhecimentos aprofundados em temas cien- correto das bases de dados da Universidade;
tíficos específicos, com habilidades em apresentações • Análise crítica de documentos científicos;
orais em público, disseminação do conhecimento e com
paixão pela pesquisa, visto que desejam vincular-se a • Organização da informação;
outros projetos. • Análise de resultados, discussão e desenvolvimento
de conhecimento;
Os resultados da brigada em saúde incluem o reconheci-
mento da abordagem clínica e segurança no manejo do • Reconhecimento da importância da ordem metodoló-
paciente. gica para a coleta de amostras;
• Fortalecimento das relações interpessoais;
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática • Confiança e segurança para apresentações em público;
ou atividade docente • Participação em diferentes eventos de pesquisa;
O grupo de bem-estar animal foca em atividades de • Interesse em continuar a se aprofundar no tema e
extensão, pesquisa e docência orientadas nas cinco vontade de pesquisar outros.
ACTIVIDAD
Identificación de los problemas conductuales en los caballos carretilleros de
Bogotá, Colombia, como indicador de bienestar animal y Brigada de Salud en
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
equinos.
Bibliografia
Barros, D.M.V. (2011). Estilos de aprendizagem na atualidade-volume 1.
Tadich, T.A.; Araya, O. (2010). Conductas no deseadas en equinos. Arch. Med Vet 42:29-41.
Congreso de la República. (2002). Ley 769 de 2002. (Agosto 6). Por la cual se expide el Código Nacional
de Tránsito Terrestre y se dictan otras disposiciones. Colombia.
Nome do programa, área temática ou disciplina Sabe-se que o manejo inadequado além de causar
onde ocorreu a pratica estresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente
a qualidade da carne em fatores como cor, pH, textu-
Etologia e Bem-estar animal ra e vida útil do produto, além de reduzir significativa-
mente o rendimento de carcaça.
Bibliografia
Baeta, F. da C.; Souza, C.F. (2010). Ambiência em Edificações Rurais: conforto animal. 2ª edição. Editora UFV.
Viçosa.
Broom, D.M. (2010). Comportamento e bem estar de animais domésticos. Tradução: Carl Forte Maiolino Mo-
lento. 4ª edição. Editora Manole. Barueri, SP.
Nome da área temática, programa ou disciplina muitos casos, não se conta com os recursos para a ma-
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi nutenção de condições de bem-estar animal adequadas
desenvolvida: e os animais sofrem de problemas comportamentais em
consequência da ausência de estímulo ambiental por
Disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal períodos prolongados de confinamento, os quais repercu-
tirão no reabandono e na diminuição das condições de
vida dos animais durante sua estadia no abrigo. Consi-
Introdução, contexto e justificativa da derando essa realidade, foi implementada uma “Oficina
estratégia, prática ou atividade docente de enriquecimento ambiental para animais em abrigo” na
disciplina de Etologia e Bem-Estar da Escola de Medicina
Atualmente no Chile existem por volta de 3,4 milhões Veterinária da Universidade Mayor do Chile, onde os
de cães, dos quais 1,4 milhões estão na capital. Dos estudantes visitam um abrigo e avaliam as necessidades
últimos, estima-se que 52,4% sejam cães comunitários e comportamentais que não são satisfeitas no local, e elabo-
21, 9 %, animais sem dono. A maioria desses animais que ram um item de enriquecimento ambiental. Aqui, o objetivo
perambulam diariamente pelas ruas não tem condições é aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina de
mínimas de bem-estar animal, fazendo parte de diversos Etologia e bem-estar animal, entre os quais, encontram-se:
problemas, como: reprodução indiscriminada, morte por Comportamento de cães e gatos, Definição de bem-estar
atropelamento, desnutrição, doenças, entre outros. Até animal, Indicadores de bem-estar em animais de compa-
o momento, o Chile não possui uma política integral de nhia, Avaliação científica do bem-estar animal, Problemas
controle de populações caninas que solucione a proble- frequentes apresentados pelos animais de companhia em
mática em nível nacional. Pessoas e ONGs de proteção abrigos, Enriquecimento ambiental nas mesmas espécies
criaram um número importante de abrigos para cães e e valorização do papel e das limitações dos abrigos de
gatos, nos quais, apesar de existirem boas intenções, em animais de companhia. Os estudantes realizam uma visita
Impacto da estratégia, prática Recomendações: para que uma atividade docente pos-
sa ser realmente bem sucedida e demonstrar seu poten-
ou atividade docente nos estudantes, cial completo, os docentes deverão estruturar e escrever
animais, comunidade, etc. todas as instruções do trabalho. Se não o fizerem, correm
o risco dos alunos não atingirem o objetivo desejado.
Essa atividade terá um impacto direto tanto nos estudan-
tes participantes da atividade, quanto nos animais que Para conseguir uma maior adesão à intervenção educa-
receberem os elementos trabalhados durante toda a tiva que deseja implementar, é fundamental introduzir de
prática pedagógica, e, de maneira indireta, na equipe maneira integral e idealmente presencial (visitar os animais
responsável da instituição do abrigo de animais e nos que serão abordados) o problema em que vão trabalhar.
futuros proprietários dos animais. Na sequência, é ela-
borada uma tabela com os principais indicadores de Apresentações de vídeos de experiências anteriores com
impacto dessa experiência pedagógica. alunos de outras gerações e as contribuições obtidas
com outras matérias permitem aumentar o entusiasmo
Indicadores de impacto: “Oficina de enriquecimento dos novos participantes.
ambiental em animais de abrigo”, 95 estudantes, oito
integrantes da equipe do abrigo “Unión de Amigos de O feedback positivo por parte das pessoas que estão
los animais”, 40 gatos, 95 cães, 20 adotantes. recebendo a intervenção ao grupo de profissionais
Anexos metodologia
Bibliografia
Armstrong, W.A; Oberg, C.; Orellana, J.J. (2011). Presencia de huevos de parásitos con potencial zoonótico
en parques y plazas públicas de la ciudad de Temuco, Región de La Araucanía, Chile. Arch Med Vet 43, 127-
134.
Coalición Internacional para el Manejo de Animales de Compañía (ICAM). Guía para el manejo humanitario
de poblaciones caninas. (2007). Recuperado de: http://bit.ly/1EZ4QVV
Ibarra, L.; Espínola, F.; Echeverría, M. (2006). Una prospección a la población de perros existente en las calles
de la ciudad de Santiago, Chile. Avances en Ciencias Veterinarias, 21: 33-39.
Sánchez, P.; Raso, S.; Torrecillas, C.; Mellado, I.; Ñancufil, A.; Oyarzo, C.; Flores, M.; Córdoba, M.; Minvielle,
M; Basualdo, J. (2003). Contaminación biológica con heces caninas y parásitos intestinales en espacios públi-
cos urbanos en dos ciudades de la Provincia del Chubut. Patagonia Argentina. Parasitol Latinoam, 58:131-135.
Torres, M.; López, J.; Solari, V.; Jofré, L.; Abarca, K.; Perret, C. (2005). Recomendaciones para el cuidado y
manejo responsable de mascotas y su impacto en salud humana. Comité de Infecciones Emergentes, Sociedad
Chilena de Infectología. Recuperado de: http://bit.ly/1UJK2Ue
Nome da área temática, programa ou disciplina O objetivo é que possam mudar a forma de ver o animal
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi hospitalizado de modo tradicional, para visualizarem
desenvolvida o BEA em pequenos animais já hospitalizados, nas
consultas e em cães de trabalho. É preciso que estejam
Medicina de Pequenos Animais conscientes de todas as ações que desenvolvem com os
animais que encontram.
No hospital, existem três cães de trabalho que são
Introdução, contexto e justificativa da usados para a prática de exame físico, e eles vivem nas
estratégia, prática ou atividade docente dependências do hospital e são usados como exemplo
Foi possível evidenciar, através de pesquisas e grupos fo- de aplicação de BEA em animais de companhia.
cais, que os estudantes, apesar de conhecerem e traba- É uma atividade que, embora faça parte de uma área,
lharem conceitualmente o bem-estar em anos anteriores não faz parte explícita das habilidades que devem ser
na área de produção animal, não administram os temas desenvolvidas nessa unidade. Ela nasceu da avaliação
básicos de bem-estar animal (BEA) nos animais de com- do módulo pelos estudantes do ano anterior, onde se
panhia, a menos que se trate de situações de maus-tratos denota a falta de integração do tema de bem-estar
graves e muito evidentes. Os alunos não reconhecem de
animal na capacitação recebida em 2013 pela WSPA
forma cotidiana as situações que podem favorecer ou
para docentes universitários na cidade de Valdívia e o
comprometer o bem-estar dos animais hospitalizados.
interesse demonstrado pelos atuais estudantes de abor-
Nesse contexto, será trabalhado, de forma inicial, o
dar essa temática.
conceito das cinco liberdades para deixá-las evidentes
no trabalho dos estudantes quando estiverem focados na Os estudantes são do nono semestre do curso, da área
área de pequenos animais. que se divide em ruminantes, equinos, produção e pe-
1. Primeira versão da ficha de bem-estar animal para Nos animais: no caso dos cães de trabalho, melhora do
analisar os pacientes hospitalizados. O objetivo é que seu ambiente, enriquecimento ambiental e, sobretudo, me-
essa ficha fique visível aos estudantes que passam pelo lhora de sua saúde mental; os estudantes conscientizaram-
hospital veterinário, que as ações realizadas nos pa- -se sobre o passeio dos animais como uma atividade de
cientes estejam relacionadas a alguma das liberdades distração, com turnos de passeios de duas a três vezes por
e que tratá-los bem seja algo que vá além da empatia, dia. Os animais estão muito mais tranquilos e equilibrados
mas um dever associado ao BEA do paciente. em comparação a antes do início dessas ações. Os gatos
2. Diagnóstico de ambiente com cães de trabalho, hospitalizados têm um ambiente mais agradável no hospi-
que, apesar de cumprir com o bem-estar animal, tal, com seu manejo facilitado por estarem mais relaxados.
é melhorável. Estão sendo montados planos para
Na escola: a ficha desenvolvida está permitindo o aces-
melhorar o espaço do alojamento, melhorar o
so a conceitos básicos de BEA aplicado por estudantes
espaço para brincadeiras, e o que se conseguiu
de anos anteriores que passam pelo hospital.
implementar para a saúde física e mental dos
cães é a criação da consciência de que passear Apoio da direção do curso em alguns custos associados
com eles é necessário, conseguindo que sejam às melhorias que os estudantes solicitaram para cada
passeados todos os dias, de duas a três vezes por área de trabalho.
dia, pelos estudantes de quinto ano, ou anos an-
teriores. A mudança de atitude dos estudantes em Apesar de o projeto ser uma atividade incipiente, ele fo-
relação aos cães de trabalho é visível, e os cães mentou a existência de um trabalho de autoavaliação e
estão mais calmos. Foi conquistado um compromis- processo de mudança do currículo ao integrar conceitos
so com a saúde mental dos cães de trabalho. de forma mais explícita do que ocorria antes.
Bibliografia
Curso WSPA para docentes universitarios, Universidad Austral de Chile 2013.
Nome da área temática, programa ou disciplina O presente projeto justifica-se pela necessidade evi-
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi dente de ensinar técnica e cientificamente à popula-
desenvolvida ção equatoriana sobre a responsabilidade implicada
na manutenção de um animal como parte da família
Etologia e Bem-Estar Animal (animal de estimação), pois é comum identificar polos
opostos de cuidados com os animais: antropomorfiza-
ção e maus-tratos.
Os estudantes buscam bastante o apoio gráfico a essa Até a data, um total de 1330 estudantes da educação
informação. Nesse momento, mostram fotos e desenhos. básica assistiu à palestra, sendo de 27 unidades educa-
O complemento é por meio de brincadeiras e, ao final, tivas dentro da cidade de Quito e Machachi. De acordo
o compromisso é selado com as crianças, de que voltem com as estatísticas em nível nacional, é apontado que
para suas casas e ensinem a seus pais como devem cada pessoa pertence a um núcleo familiar de indivídu-
manter seus animais de estimação com responsabilidade, os, por isso, estima-se que, se cada uma dessas crianças
com Bem-Estar Animal. disseminar a informação em suas casas, cerca de 5320
pessoas receberão indiretamente a mensagem.
A fase seguinte do Programa, que está planejada para
todo o ano de 2015, incluirá a avaliação quali-quantita- Os segundo e terceiro objetivos não foram quantificados,
tiva desse impacto. mas foi observado qualitativamente que, depois da apre-
Bibliografia
Farm Animal Welfare Council. (1992). FAWC updates the five freedoms. Veterinary Record, 17:3-57.
Instituto Nacional de Estadística y Censo (INEC). (2010). Resultados del Censo 2010 de población y vivienda
en el Ecuador. Recuperado de: http://bit.ly/1i5e6xz
Estratégias e práticas
docentes que fomentam o
uso humanitário de animais
em educação e pesquisa
Nome da área temática, programa ou disciplina estar livre de sofrimento e desconforto, de dor, lesões ou
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi doenças, de medo ou estresse. No ensino da Medicina
desenvolvida Veterinária, apesar do afeto e respeito pelos animais,
práticas como essas violam suas liberdades porque qual-
Disciplinas: Exame físico e Métodos de Exploração e quer ação, deliberada ou não, que afete o bem-estar
Introdução à Medicina Veterinária e à Zootecnia atual ou futuro de um animal com o objetivo de aprendi-
zagem pelo estudante é uma aproximação nociva.
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente A universidade moderna deve preparar seus estudantes
para desempenharem seu ofício de maneira adequada.
Em nosso exercício profissional, a coleta de amostras san- É fundamental, portanto, que se analise o processo edu-
guíneas e a administração de medicamentos ou soluções cativo por uma perspectiva dupla: como os nossos alunos
para a reposição de líquidos e eletrólitos são quase aprendem e, como consequência, o que e como ensiná-
rotineiras. Por isso, o profissional deve ter destreza e ha- -los (Ruiz Esteban, 2002). Historicamente, para lecionar
bilidade necessárias para coletar a amostra de maneira procedimentos em medicina veterinária, utilizam-se animais
adequada ou acessar corretamente o vaso sanguíneo, vivos. No entanto, na última década, foram produzidas
sendo que nos processos de formação busca-se o desen- novas tecnologias, como manuais, vídeos, imagens e
volvimento dessas habilidades violando conscientemente, simuladores de realidade virtual, buscando desenvolver
mas sem intenção, alguns direitos dos animais, como habilidades e destreza nos estudantes (Perez-Rivero &
Bibliografia
Fletcher, D.J.; Militello, R.; Schoeffler, G.L.; Rogers, C.L. (2012). Development and evaluation of a high-fidelity
canine patient simulator for veterinary clinical training. Journal of Veterinary Medical Education, 39:7-12.
Perez-Rivero, J.J.; Rendón-Franco, E. (2011). Validation of the educational potential of a simulator to develop
abilities and skills for the creation and maintenance of an intravenous cannula. Alternatives to Laboratory Animals:
ATLA, 39:257-260.
Ruiz Esteban, C. (2002). Algunas claves para la enseñanza en la educación superior de veterinaria. Anales de
Veterinaria de Murcia, 18:91-102. Recuperado de: http://bit.ly/1Lmwmth
Nome da área temática, programa ou disciplina aos estudantes a oportunidade de aprender e exercitar
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi uma técnica clínica, cometer erros e melhorar sem medo
desenvolvida: de prejudicar um paciente real.
Obter habilidades técnicas para colocação de um ca- A teoria fornece aos estudantes os conceitos necessários
teter venoso periférico, venopunção e intubação orotra- para a realização das técnicas clínicas, e também conta
queal em modelos de simulação animal. com o apoio de um documento que contém protocolos
detalhados com os passos necessários para a realiza-
Objetivos específicos ção de cada um dos procedimentos.
• Conhecer as técnicas clínicas rotineiras na clínica de pe- As aulas práticas são realizadas no laboratório de ana-
quenos animais, como a colocação de cateter venoso tomia, que tem espaço suficiente para o trabalho com
periférico, a venopunção e a entubação orotraqueal. os estudantes. No início da aula prática, é feita uma
• Compreender a utilização de modelos simulados demonstração de cada técnica. No laboratório, existem
para a formação de Médicos Veterinários de acor- três estações de trabalho, é exercitada uma técnica dife-
do com o manejo ético de animais para a docência rente em cada uma durante uma hora, e depois é feito o
e o bem-estar animal. rodízio até completar as atividades.
• Executar as técnicas clínicas rotineiras em simuladores de A técnica é realizada com respaldo de conhecimentos
baixa fidelidade para adquirir a habilidade desejada. anatômicos e apoio audiovisual, que consiste em vídeos
da mesma técnica realizada em pacientes reais. Nesses
vídeos, são mostradas técnicas bem sucedidas e também
Metodologia empregada erros comuns, para que os estudantes os conheçam e
A metodologia pedagógica aplica-se na disciplina de não os repliquem.
anatomia clínica que ocorre no 5o. semestre do curso de
Medicina Veterinária (de dez semestres no total). Esse Avaliação e feedback: A avaliação é somada através
curso possui três horas pedagógicas (135 min.) de classes de uma nota que mede a técnica em si, o número de
teóricas e três de atividades práticas por semana. As ati- repetições e o tempo de desenvolvimento. O feedback
vidades dividem-se em 15 práticas por semestre, dessas, é permanente durante cada prática e também na ava-
oito correspondem ao trabalho com simuladores, cinco ao liação. Além disso, é feita uma avaliação mediante uma
manejo com pacientes reais (duas práticas com pequenos pesquisa sobre a percepção dos estudantes diante da
animais, duas práticas com equinos e uma prática com bo- prática com modelos de simulação.
Anatomía Clínica
NOTA:
1º PRUEBA PRÁCTICA ANATOMÍA CLÍNICA
Nombre: Sección:
Firma:
Anatomía Clínica
Semana 05 Mayo 2014
RESULTADOS DE ENCUESTA DE EVALUACIÓN DEL USO DE SIMULADORES
Las respuestas fueron planteadas con escala de likert con las siguientes opciones: TA: Totalmente de acuerdo, A: De acuerdo, PA: Parcialmente de acuerdo,
N: Neutral, PD: Parcialmente en desacuerdo, D: Desacuerdo, TD: Totalmente en desacuerdo.
Se sumaron los resultados de TA, A y PA y se consideraron como percepción positiva (POS), asimismo los PD, D y TD para obtener la percepción negativa (NEG)
respecto a la pregunta planteada.
El uso de simuladores disminuye el sufrimiento animal. 84,6% (44) 11,5% (6) 0% 96,2% (50) 1,9% (1) 1,9% (1) 0% 0% 1,9% (1)
Hart, L.A.; Wood, M.W.; Weng, H. (2005). Mainstreaming Alternatives in Veterinary Medical Education: Resou-
rce Development and Curricular Reform. Journal of veterinary medical education, 32: 473, 480.
Scalese, R.J.; Issenberg, S.B. (2005). Effective Use of Simulations for the Teaching and Acquisition of Veterinary
Professionaland Clinical Skills. Journal of veterinary medical education. 32: 461-467.
Valliyate, M.; Robinson, N.G.; Goodman, J.R. (2012). Current concepts in simulation and other alternatives for
veterinary education: a review. Veterinarni Medicina, 57: 325–337.
Nome da área temática, programa ou disciplina levar em conta o bem-estar animal, onde se visa que os
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi animais não sofram sob o pretexto de que o estudante
desenvolvida adquira conhecimento. Este trabalho vem sendo desenvol-
vido por estudantes e docentes da Fundação Universitária
Anatomia, Embriologia e Reprodução animal Juan De Castellanos, é produto de busca de estratégias
que motivem e facilitem o aprendizado dos estudantes em
áreas como anatomia, embriologia e reprodução, sendo
implementadas pelos docentes duas estratégias: o Apren-
Introdução, contexto e justificativa da dizado Embasado em Problemas (AEP) e o Aprendizado
estratégia, prática ou atividade docente Orientado a Projectos (AOP). Por meio delas, eles pes-
quisam, desenvolvem e aplicam projetos que promovem
As universidades de hoje devem assumir uma atitude de o material de estudo dessas disciplinas, evitando que ani-
inovação, mudança e atualização de suas metodologias mais sejam afetados, porque um dos objetivos principais é
para melhorar a formação acadêmica dos estudantes; a proteger a saúde e o bem-estar dos estudantes e dos ani-
globalização e o uso da tecnologia promovem o aperfei- mais; obtendo como resultado a conservação de peças
çoamento diário do ensino, os meios de transmitir a infor- anatômicas e a criação de uma coleção de embriologia.
mação e o conhecimento. Na medicina veterinária e em Em cada um dos projetos, foram conservadas diferentes
outros cursos da área de saúde, o processo “Docente-Edu- peças anatômicas por meio de técnicas como transparen-
cativo” requer metodologia, procedimentos e meios de tização, diafanização, osteotecnia e plastinização, onde a
ensino capazes de absorver a maior quantidade possível matéria prima é cadáveres ou tecidos obtidos de animais
de conhecimento para transmiti-los aos estudantes (Correa que morreram naturalmente, em acidentes ou pacientes
Flavio, 2005), e durante muitos anos foi desenvolvido sem que vieram a óbito na clínica.
23-11-2013 13:00 PM Recambio Después de esto se colocó más claro el sistema, esperamos
nos permita observar en próximos días partes de su estructura
que a la fecha de hoy no se podían observar.
Se coloca todo en el frasco y se alista el líquido diafanizador,
así:
En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos
de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.
Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una
mezcla uniforme.
Se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un
lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de
extraños, se debe hacer observación sobre el material.
Esta lista para hacer los estudios que se requieran, esta muestra
tendrá una tapa flotante no fija con el ánimo de poder sacar la
paloma para su análisis y visualización.
Bibliografia
Correa Alarcón, F. (2005). Conservación de piezas anatómicas en seco mediante método de prives Revista
Electrónica de Veterinaria: REDVET, VI mayo 2005. Recuperado de: http://bit.ly/1MeJ17t
Cleves, D., Quiroga, M.A.; Villegas, A.C. (2009). Diafanización: Visualización del desarrollo óseo en fetos –
Universidad de los Andes: Procedimientos de Diafanización, 6-8.
Nome da área temática, programa ou disciplina dualidade e da obrigação moral diante de toda forma
onde a estratégia, prática ou atividade docente que de vida. Ainda que tenham ocorrido grandes avanços no
foi desenvolvida campo da saúde nos últimos 150 anos, os desafios pen-
dentes dão espaço ao aumento da pesquisa na América
Universidade Nacional da Colômbia - Cursos de Contexto Latina nesse campo. Nele, nem as regulamentações, nem
as leis, tiveram sucesso em cumprir com os padrões inter-
Introdução, contexto e justificativa da nacionais - ainda que existam guias com especificações
estratégia, prática ou atividade docente técnicas para produção, cuidado e uso, dentro das quais
se promove a aplicação do princípio dos “três erres”
A ética na pesquisa com animais tem um lugar de desta- como expressão de qualidade da pesquisa desenvolvi-
que no desenvolvimento científico atual, devido à urgên- da com cuidado e respeito pelos animais.
cia de manutenção de maiores padrões de qualidade
nos resultados obtidos a partir de seu uso e cuidado, Tal situação foi manifestada na Declaração de Basileia,
apoiado em valores de respeito e sensibilidade em assinada como compromisso que vincula aspectos téc-
relação à possibilidade de dor e sofrimento a que os nicos (uso) a éticos (cuidado) em uma ação frontal pelo
animais podem estar expostos. Da mesma forma, obser- desenvolvimento de uma pesquisa responsável com as
va-se a obrigatoriedade de cumprimento de normas e futuras gerações. Os programas de formação em vete-
princípios que garantam o rigor em seu desenvolvimento, rinária e ciências relacionadas não incluem a formação
em um contexto de reflexão e reconhecimento da indivi- em Ciência e Tecnologia de Animais de Laboratório, a
Foi realizada também uma avaliação da situação de Nossa experiência na Colômbia mostra como,
28 instituições que utilizavam animais para pesquisa, depois de 20 anos de trabalho permanente capa-
evidenciando e conhecendo as maiores limitações para citando um a um os pesquisadores e estudantes
tentar superá-las. Foi gerado um grupo interdisciplinar de interessados no tema, é possível repensar os esque-
professores representantes de todas as áreas que tinham mas de inclusão de animais em pesquisa. Geramos
relação com os animais para propor a política e impul- um modelo de trabalho com qualidade, mas com
sionar a conformação dos comitês de ética ao uso de compaixão, ou seja, tecnicamente muito forte e sus-
animais (CICUALES) dentro da instituição. tentado em valores também muito sólidos de respeito
e consideração pelos animais. Muitas vezes acon-
teceram situações onde no início os pesquisadores
Conclusões/observações/ solicitavam animais para seus projetos, e, visto que
recomendações nossa premissa era capacitá-los primeiro, ao final
Essa estratégia foi aplicada primeiramente na Colômbia do processo, eles optavam por outro plano ou outro
e agora no Chile, onde se abre um espaço para pesqui- modelo ou estratégia antes de usar os animais.
Cardozo de Martinez C.A.; Mrad de Osorio A. (2013). Comités de ética en investigación: ¿una necesidad
sentida o una realidad impuesta?. En: Bioetica. Lolas S.F.; De Freitas, J.G (Eds). Editorial Mediterráneo Santiago
de Chile y Buenos Aires Argentina.
Cardozo de Martinez C.A.; Mrad de Osorio A. (2013). Retos y dificultades para la conformación de comités
institucionales de cuidado y uso de animales (CICUAL) en Colombia. En: Retos y dilemas de los comités de ética
en investigacion. Velez, Ruiz y Torres Editores Académicos. Colección Textos de Medicina y Ciencias de la Salud
Editorial Universidad el Rosario. 295-319. Bogotá.
Garzón-Alvarado, D.A.; Ramírez-Martínez, A.M.; Cardozo de Martínez. C.A. (2012), Numerical test concern-
ing bone mass apposition under electrical and mechanical stimulus. Theoretical Biology and Medical Modelling
Journal. 9:14.
Rodríguez, E.; Lolas, F.; Garbi-Novaes, M.R.; Cardozo de Martinez, C.A.; Castro, J.I.; Rodríguez, K.; Díaz, E.;
Lilian, P.; Moncayo, Mondragón, L.; Valencia-Marroquín, H.E. (2011). Integridad ética en la investigación en
latinoamérica Recuperado de: http://www.bioetica.uchile.cl/doc/Integridad_investigacion.pdf
Cardozo de Martinez C.A., Mrad de Osorio, A. (2012). Aspectos técnicos y éticos del cuidado y uso de ani-
males. (PABI). Recuperado de: http://bit.ly/1UERdT4
Cardozo de Martinez C.A. Hacia la conformación de una red iberoamericana de comités de cuidado y uso de
animales. En: Leon, F.J. (Ed). Etica Clínica y Comités de Etica en Latinoamerica. Santiago de Chile.
Cardozo de Martínez, C.A. (2010). Hacia la definición de una política nacional de uso y cuidado de animales.
Suma Sicológica 17: 85-95.
Cardozo de Martínez, C.A. Mrad de osorio, A. (2008). Etica en investigación con animales: una actitud respon-
sable y respetuosa del investigador con rigor y calidad científica. Revista Latinoamericana de Bioética, 8:46-71.
Cardozo de Martínez, C.A. Mrad de Osorio, A.; Maldonado, O.; Cely, G. (2008). Ética en investigación una
responsabilidad social. En: Cardozo de Martínez, C.A y otros. El animal como sujeto experimental: aspectos
técnicos y éticos. Centro Interdisciplinario de Estudios en Bioética, Vicerrectoría de Investigaciones Universidad
de Chile.
Cardozo de Martínez, C. A, Alvarez J. (2006). Etica en la investigación con animales. En: Lolas, F., Quezada,
A.; Rodríguez, E. (Eds) Investigación en salud, dimensión ética. Centro Interdisciplinario de estudios de bioetica y
Universidad de Chile.
Cardozo de Martínez, C.A. (2005). El respeto a toda forma de vida: el modelo animal experimental. En: VI Con-
gresso Brasileiro de Bioética, I Congreso de Bioética del Mercosur, 2005, Foz do Iguaçu. Anais do VI Congresso
Brasileiro de Bioética. Foz do Iguaçu: Sociedad Brasilera de Bioética.
Bibliografia
Bauman, Z. (2000). Modernidade líquida. Rio de Janeiro. Zahar.
Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro. Zahar.
Broom, D.M.; Fraser, A.F. (2010). Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4. ed. São Paulo. Ma-
nole.
Diniz, A.L.F.; Amend, F.R.G.; Fischer, M.L. (2013). Ética no uso de animais: percepção do aluno do ensino
fundamental e médio da rede pública e privada. Congresso Nacional de Educação Educere de 23 a 26 de
setembro de 2013. Recuperado de: http://bit.ly/1ElFb9n
Felipe, S.T. (2009). Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: Perspectivas éticas abolicionistas, bem-esta-
ristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Páginas de Filosofia,1(1):2-30.
Fischer, M.L. (2013). Utilização do blog como ferramenta didática no ensino superior. XI Congresso Nacional
de Educação Educere de 23 a 26 de setembro de 2013. Recuperado de: http://bit.ly/1KRl4gx
Grandin, T.; Johnson, C. (2010). O bem estar dos animais: proposta de uma vida melhor para todos os bichos.
Rio de Janeiro. Rocco.
Regan, T. (2006). Jaulas Vazias, encarando o desafio dos direitos dos animais. Porto Alegre. Lugano.
Estratégias e práticas
docentes de extensão à
comunidade para o ensino
efetivo de bem-estar animal
Nome do programa, área temática iniciadas no segundo semestre de 2010. O projeto tem
ou disciplina onde ocorreu a pratica como proposta principal inserir a guarda responsável de
animais domésticos como tema de relevância no ensino
Oficina de práticas pedagógicas, metodologia formal e informal e implementar políticas públicas para o
em Biologia e Ecologia, entre outras. bem estar animal, incluindo a organização de eventos na
área, o cadastramento e o acompanhamento da popula-
ção atual de animais domésticos, bem como dar apoio
Introdução, o contexto técnico a lares temporários e abrigos, além de trabalhar
e as razões para desenvolver com programas de esterilização voluntária, gratuita e/
tal estratégia ou prática docente ou de baixo custo dos animais domésticos. Essas ações
favorecem a diminuição do problema de abandono, maus
O Instituto Federal Goiano – Campus Ceres possui cursos
tratos, falta de conhecimentos básicos sobre as necessi-
de Licenciatura em Biologia, Licenciatura em Química,
dades e cuidados com os animais domésticos, bem como
Agronomia, Zootecnia, Ensino Médio e Técnico em In-
promovem o controle de zoonoses e acidentes ocasiona-
formática e Agropecuária, além de contemplar diversos
dos por animais soltos nas ruas.
programas do Ministério da Educação como Mulheres
Mil, PRONATEC, Educação à distância, entre outros. Na Foram firmadas parcerias entre os IFs Goiano, seus servi-
maioria dos cursos ofertados podem ser inseridos temas dores, educandos, entidades educacionais, empresas e
relacionados ao bem-estar de animais domésticos (BEAD). prefeituras dos municípios interessados, além da comuni-
As estratégias e práticas pedagógicas para o ensino efi- dade em geral. Essa cooperação entre os diversos seto-
caz de bem-estar animal aqui apresentadas, fazem parte res da sociedade é uma solução viável e real oferecida
do projeto “A sociedade e o bem-estar animal”, cadastra- aos municípios.
do em setembro de 2013, como projeto de extensão do
Instituto Federal Goiano, porém as ações e reflexões são Salienta-se que os municípios do Ceres e Rialma (Goiás,
anteriores ao cadastramento, sendo que as mesmas foram Brasil) não contam com projetos efetivos que promovam o
• Acompanhar a criação de lar temporário, desde a con- • FT Censo e monitoramento: levantamento de dados
cepção até a manutenção do local, considerando todo e cadastramento. Dois estudantes, agentes comunitá-
o contexto relacionado aos responsáveis pelos lares. rios e de saúde do município. Computador e maté-
rias de escritório. Avaliação: Censo/Apoio técnico à
• Acompanhar e dar apoio técnico aos lares temporá- prefeitura e comunidade
rios e abrigos não-formalizados.
• FT Pegando no Bicho: anjos, lares temporários e
• Contribuir na organização relacionada à esteriliza- lares e esterilização. Três alunos e voluntários das
ção voluntária e gratuita de parte da população
comunidades. Meio de transporte terrestre, pontos de
canino-felina dos municípios de Ceres e Rialma.
esterilização, remédios e acompanhamento dos lares,
• Organizar e promover mutirões de esterilização em apoio técnico à prefeitura e comunidade. Avaliação:
parceria com instituições formadoras de profissionais acompanhamento de no mínimo de oito animais cas-
médicos veterinários e veterinários, acompanhando o trados ao mês.
processo de cicatrização.
• Realizar cuidados básicos com cachorros e/ou gatos
doentes da população de baixa renda, animais da co- Conteúdos de bem estar animal
munidade e/ou errantes, em caso de extrema urgência. abordados na estratégia
• Contribuir com os municípios na criação e promoção ou prática docente
de políticas públicas e ações protetivas aos animais;
Saúde física do animal, principais doenças, como evitá-
• Realizar censos e monitoramento da população -las e tratá-las (vacinação, vermifugação e tratamento
canino-felina do município de Ceres e Rialma. básico). Higiene básica e manutenção considerando o
Bibliografia
Brasil. Lei N° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei dos Crimes Ambientais. Recuperado de: http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9605-12-fevereiro-1998-365397-publicacaooriginal-1-pl.html
GOIAS. Lei nº 17.767, de 10 de setembro de 2012. Dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos
e dá outras providências.
Instituto Nina Rosa. (2012). Controle Populacional de Cães e Gatos. Recuperado de: http://www.institutonina-
rosa.org.br/site/
Santana, H.J.; Santana, L.R. (2006). Revista Brasileira de Direito Animal. (2006). Vol. 1 nº 1. Recuperado de:
http://bit.ly/1EZ29Uh
Sociedade Mundial de Proteção Animal. (2005). Educação em bem-estar animal. Recuperado de: http://bit.
ly/1Q4o1hD
Rosemary Bastos
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina pertar o aprendizado dos discentes e introdução de novas
onde ocorreu a prática práticas de ensino. Desta forma, ao longo dos anos de
experiência na disciplina, ficou nítido que apenas transmitir
Bem-estar animal o conteúdo teórico da disciplina não era suficiente para ser
fixado pelos discentes surgindo assim a necessidade de que
Introdução, o contexto os discentes aplicassem estes conhecimentos além da sala
e as razões para desenvolver de aula - seja dentro ou fora da Instituição. Em complemen-
tal estratégia ou prática docente tação à metodologia utilizada, surgiu a ideia de trabalhar
com os discentes empregando a metodologia “aprendiza-
A disciplina bem-estar animal foi implantada na Instituição gem baseada em problemas”, que estabelece uma prática
no ano de 2007, a partir da visita da WSPA, com o intuito pedagógica centrada nos discentes. Este tipo de metodolo-
de incentivar a introdução do ensino de bem-estar animal no gia tem sido bastante aceito no meio acadêmico, sendo um
currículo do curso de medicina veterinária e após a realiza- método educativo surgido na Universidade de Maastricht.
ção do curso em docência em bem-estar animal. A Instituição Dentro deste contexto, os discentes estabelecem grupos de
acatou a introdução da disciplina, e, atualmente, discentes de trabalho para identificar os problemas relacionados à ques-
outros cursos (agronomia e zootecnia) também têm interesse tão do bem-estar animal, pesquisam, debatem colocando
em realizar a disciplina. A disciplina deu abertura para pales- suas opiniões e interpretam os resultados obtidos no sentido
tras/cursos sobre o tema dentro da Instituição, discussão em de produzir possíveis soluções ou recomendações. De
mesas redondas, entrevistas para jornais, cursos e abertura de acordo com a teoria do conhecimento, a problematização
linhas de pesquisa relacionadas ao tema. é destacada como elemento central na metodologia de
A utilização do material oferecida pela WSPA foi de fun- trabalho em sala de aula e, nesta linha, as perguntas devem
damental importância para iniciar a troca de saberes; des- provocar e direcionar de forma significativa e participativa
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
Livre para expressar comportamento natural Livre para expressar comportamento natural
de
r to
..
al
r to
..
al
ça
ça
ss
ss
o.
o.
Se
Se
er
er
fo
fo
t re
t re
nt
nt
en
en
G
G
e
e
on
on
me
me
do
do
es
es
e
e
sc
sc
m
m
r ta
r ta
e
e
se
se
De
De
Fo
Fo
o
o
po
po
ed
ed
õe
õe
om
om
M
M
es
es
l
l
rc
rc
r,
r,
Do
Do
sa
sa
es
es
pr
pr
Ex
Ex
Bibliografia
Berbel, N.A.N. (1998). A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou
diferentes caminhos? Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 2:139-154.
Cabral, H.S.R.; Almeida, K.K.V.G. (2014). Problem based learning: aprendizagem baseada em problemas
[resumo]. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, 2(edição especial) Faculdade Leão Sampaio.
Carine Vignochi, C.; Benetti, C.S.; Machado, C.L.B.; Manfroi, W.C. (2009). Considerações sobre a aprendiza-
gem baseada em problemas na educação em saúde. Revista Hospital das Clínicas de Porto Alegre, 29:45-50.
Rodrigues, M.L.V.; Figueiredo, J.F.C. (1996). Aprendizado centrado em problemas. Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, 29:396-402.
Erika Zanoni
Brasil
As sessões foram realizadas por terapeutas da área de • Fundamentos comportamentais: as bases do com-
saúde, educação ou em forma de palestra dos acadêmi- portamento dos animais utilizados foram estudadas
cos do curso de medicina veterinária, pelo período máxi- para a identificação dos possíveis sinais de estresse e
mo de uma hora, tendo água à disposição, cama e brin- distúrbios de comportamento.
quedos específicos aos animais. Os materiais utilizados • Medo, ansiedade e o sofrimento: conhecimento de
nas sessões terapêuticas foram: pente, cama e bebedor “comportamentos deslocados” ou estereotipias em
de água para animais; alimentos, ração e petiscos. que essas situações ficavam evidentes.
A observação do comportamento animal foi realizada • Mecanismos do estresse: estudos acerca de todo
pela equipe de médicos veterinários responsável por ga- mecanismo neuroendócrino que envolve o estresse.
rantir o bem estar desses animais em todas as sessões de • Transporte de animais de pequeno e médio porte
terapia e educação assistida por animais. Estabeleceu-se - cães e gatos: como esses animais eram transporta-
que quando observados sinais comportamentais compa- dos até as escolas para as sessões, o conhecimento
tíveis com ansiedade e medo, a sessão seria interrompi- de mecanismos para minimizar o estresse provocado
da imediatamente. pelo transporte se fez necessário.
Inicialmente os cães eram classificados de acordo Houpt • Avaliação do bem-estar animal: aprender a avaliar e
(2005) em: transportar para uma escala o bem estar animal.
100 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e provas da utilização da estratégia de ensino, prática ou atividade
Palestras
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 101
Sessões - assistida por animais Educação (AAE) e Terapia Animal - Assistida (AAT)
Bibliografia
Broom, D.M.; Fraser, A.F. (2007). Comportamento e Bem estar de animais Domésticos, 4ed., Manole.
Sgai, M.G.F.G.; Pizzutto, C.S.; Guimaraes, M.A.V. (2010). Estresse, estereotipias e enriquecimento ambiental
em animais selvagens cativos: revisão. Clínica Veterinária, São Paulo, 15 (88):88-98.
102 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Educação Humanitária em Bem-estar Animal
Marcia Marinho
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina grades curriculares dos cursos de graduação na área
onde ocorreu a prática das Ciências Agrárias. Em nossa Unidade, a disciplina
de Comportamento e Bem-estar animal foi criada, em
Comportamento e Bem-estar Animal 2000, com a finalidade de unificar o ensino nas três
unidades da Universidade Estadual Paulista, sendo
então, oferecida como disciplina optativa para os
alunos dos 3º e 4º anos do curso de Graduação em
Introdução, o contexto Medicina Veterinária. Como proposta de estratégias e
e as razões para desenvolver práticas pedagógicas para o ensino efetivo em Bem-
-estar, foram utilizados como diferencial de aprendiza-
tal estratégia ou prática docente gem, princípios da Educação Humanitária que foram
associados e introduzidos ao conteúdo programático
A introdução da disciplina de Bem-estar animal (BEA)
da disciplina. Ressalta-se ainda que a interdisciplina-
ocorreu devido a uma exigência externa, e a pressão
ridade foi adotada, estabelecendo um link multidisci-
da sociedade diante da constatação científica da plinar, fazendo com que a disciplina de BEA interaja
senciência animal. A capacidade de sentir dor e de com as demais disciplinas que compõem a grade
consciência deixou de ser um estado atribuído exclusi- curricular, também temos como proposta tornar a disci-
vamente aos seres humanos. A disciplina de bem-estar plina obrigatória.
animal fundamenta-se pela ciência do bem-estar, por
princípios éticos que considera as atitudes do homem Nesta perspectiva, a disciplina vem sendo consolidada
com os animais e a legislação que determina a forma com a finalidade de enriquecer o projeto político peda-
como somos obrigados a tratá-los. gógico do Curso de Medicina Veterinária, consolidado
os princípios da Educação Humanitária em Bem-estar
A partir daí, e de inúmeras pressões da sociedade a animal. Construindo, assim, o conhecimento, fundamenta-
disciplina de Bem-estar animal vem sendo incluída nas do nas premissas do ensino e do aprendizado, corrobo-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 103
rando para o surgimento de mudanças paradigmáticas BEA); II EDUHBEA aplicados aos animais de companhia;
no exercício profissional e da cidadania. de produção; silvestres; biotério, de entretenimento e de
trabalho; e III Propostas de EDUHBEA, que são apresen-
tadas na forma de projetos de extensão e de pesquisa,
Objetivos pedagógicos alcançados desenvolvidos pelos alunos em sala de aula.
com a implementação desta
Diferencial de Aprendizagem:
estratégia ou prática docente
O objetivo do curso é a formação de um profissional Educação Humanitária - Princípios da Educação Huma-
generalista, apto a compreender e traduzir as necessi- nitária serão associados ao conteúdo programático da
dades de indivíduos, grupos sociais e comunidades com disciplina de BEA compondo assim o complexo Educa-
relação às atividades inerentes aos médicos veterinários ção Humanitária em Bem–estar Animal (EDUHBEA)
no exercício de sua profissão. Considerando-se a impor-
tância desse profissional no contexto socioeconômico e Interdisciplinaridade - Estabelecer um currículo integrado
político do país, como cidadão comprometido com os e articulado entre EDUHBEA e as demais disciplinas
interesses e os permanentes e renovados desafios que interligadas que compõem a grade curricular. Sob esta
emanam da sociedade, o profissional deve desenvolver perspectiva haverá a substituição gradual de cadáveres
suas responsabilidade com as vocações regionais e com de animais por manequins, e softwares auxiliando nas
a preservação dos ecossistemas, com o desenvolvimento aulas de Anatomia, Técnicas Cirúrgicas e Clínicas.
da agropecuária, a produção de alimentos , a saúde
animal e pública, sem comprometer o futuro do homem Pensamento crítico e reflexivo – Promover e incentivar o
e da humanidade. Neste contexto, busca-se estimular e debate, buscando soluções práticas fundamentadas no
fomentar o pensamento crítico e reflexivo, corroborando manejo humanitário.
assim, para a construção do conhecimento como fator
Metodologia: Após a administração do conteúdo teó-
transformador. Pelo exposto o presente projeto teve por
objetivo: Formar e capacitar médicos veterinários ge- rico, promoveremos atividades práticas como visitas a
neralistas, fundamentados nos princípios da Educação fazendas, criações de animais, centro de controle de
Humanitária em Bem-estar-animal; Promover e fomentar zoonoses, zoológicos e biotérios, com a finalidade de
o pensamento crítico e reflexivo, pelo debate em sala estabelecer um diagnóstico da situação. Como ferramen-
de aula, estimulando a busca por soluções práticas, ta prática, utiliza-se um questionário que contém informa-
fundamentadas no manejo humanitário; Propugnar pela ções sobre o sistema de criação, a ambiência, presença
excelência da qualidade de vida da população, das ou não de enriquecimento ambiental, além da resenha
comunidades, bem como da produção, da saúde e do do animal, composto das seguintes informações: escore
bem–estar animal; Promover o equilíbrio ecológico e o corpóreo, grau, intensidade e local de lesão, avaliação
desenvolvimento sustentável em sintonia entre a pecuária do estado mental, que inclui estereotipia, interatividade
e o meio ambiente; Lutar e zelar pela valorização da intra e inter-espécie ou animal não responsivo.
medicina veterinária como ciência ética e fundamen-
tada nos direitos dos animais; Promover o respeito e a Abordam-se questões a respeito das condições sanitá-
proteção aos animais em todas as esferas do processo: rias do rebanho, para animais de produção e trabalho,
seja no ensino, na pesquisa ou na extensão; Fomentar a colônias para biotérios, zoológicos e ou do animal
valorização da cidadania e da ética na Medicina Vete- quando de companhia. Posteriormente, ao diagnóstico
rinária com o objetivo de promover a construção de uma da situação, são elaborados projetos de pesquisa e de
sociedade justa ilibada fundamentada nos princípios extensão, fundamentados nos princípios da Educação
da educação humanitária e do bem-estar animal. (Texto Humanitária em Bem-estar animal. Ainda neste contexto,
adaptado do Projeto Político–Pedagógico do Curso de busca-se: desenvolver projetos em ação conjunta com a
Medicina Veterinária, 2013). comunidade e o poder público, como as campanhas de
castração em massa, chipagem de animais, campanhas
de vacinação e de práticas de bem-estar animal. Partici-
Metodologia empregada par de projetos de conscientização da população sobre
Pressupostos teóricos e metodológicos são ministrados em práticas sanitárias, guarda responsável e senciência ani-
aulas teóricas expositivas e práticas, compartimentadas e mal; e por fim, estimular a participação dos alunos, junto
correlacionadas em três módulos principais: I Conceitos aos Comitês de Ética em Experimentação Animal da
fundamentais de BEA e de Educação Humanitária (EDUH- unidade, primando por um ensino ético e responsável
104 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Critérios de avaliação: os alunos para serem aprovados, 9. Abate de animais de produção; abate como “pro-
deverão apresentar um projeto fundamentado ou um cesso”; aspectos relacionados ao pré-abate, embar-
programa circunstanciado fundamentados nos princípios cadouro, sala de espera, jejum transporte; efetividade
da Educação Humanitária em Bem-Estar-animal, sendo da legislação sobre a proteção de animais ao aba-
de comum acordo com o docente. te; métodos humanitários de abate; identificar a prote-
ção legal dos animais no momento do abate;
10. Eutanásia; critérios para eutanásia técnicas e proce-
Conteúdos de bem estar dimentos.
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Resultados pedagógicos obtidos
1. Introdução ao Comportamento Animal; bases
Projetos desenvolvidos ao longo da implantação da
fundamentais do comportamento e Educação Hu-
disciplina:
manitária; ciência, ética e lei; introdução à ética do
bem-estar animal; estabelecer pontos de vista dife-
2004 - Realização do Curso FOCA, em nossa Uni-
rentes sobre o “status moral” de um animal; conhecer
dade em parceria com a Prefeitura Municipal de
as principais teorias éticas e sua relação com os
Araçatuba e a Secretaria do Estado de São Paulo.
animais; reflexão e argumentos éticos sobre animais;
bem-estar físico, mental e natural; conceito de necessi- 2006 - Projeto “Conscientizar para o bem–estar”
dade; bem-estar e morte; antropomorfismo; Atividade lúdica, compartimentado em dois módu-
los: modulo I apresentado na forma de um teatro
2. Avaliação do bem-estar e as cinco liberdades; con-
de fantoches, que realiza apresentações junto as
ceito e o uso potencial das cinco liberdades;
escolas das redes públicas e privadas do ensino
3. Diferença entre fatores que afetam o bem-estar (da- fundamental, módulo II voltado para o ensino mé-
dos do sistema) e o desempenho real de bem-estar dio com palestras expositivas..
(efeitos); usar o conjunto Severidade, Duração e
2009 - Projetos “Cuidados e boas práticas de Bem-
Número (SDN) para quantificar o bem-estar;
-estar animal”: Consiste de um projeto comparti-
4. Indicadores fisiológicos de Bem-estar; estudar a re- mentado em Práticas de Bem estar aplicados a
lação entre bem-estar e fisiologia; investigar de que Cães e Gatos com ênfase na Guarda Responsá-
forma o sistema nervoso autônomo e neuroendocrino vel, em animais de Centro de Controle de Zoo-
estão associado às alterações do bem-estar; avalia- nose (CCZ) e ou abrigos. Práticas de Bem estar
ção dos indicadores, fisiológicos, hormonais e compor- aplicados a animais em cativeiro (Zoológico): Rea-
tamentais e fisiologia do estresse; os prós e os contra lização de palestras para os funcionários dos zoos
dos diferentes indicadores de avaliação do bem-estar; sobre segurança, zoonoses e práticas de BEA. Ela-
5. Indicadores Comportamentais; estereotipias; esco- boração de atividade prática de enriquecimento
lhas do animal; ambiental. Auxiliamos na confecção de mobiliário
e de brinquedos, e realizamos a documentação
6. Indicadores imunológicos e de produção de bem- em forma de vídeo. Práticas de Bem-estar animais
-estar animal; compreender a relação entre bem-estar de produção: Palestras sobre o manejo sanitário,
e doença e desempenho de produção; quantificação visando capacitar os trabalhadores, enfatizando
de doença e produção; o respeito mútuo e o desenvolvimento sustentável
7. Avaliação e manejo do bem-estar em grupo, entender principalmente para pequenos proprietários rurais
os princípios da avaliação do bem-estar em nível de ou em assentamentos, distribuímos material para
grupo; reconhecer as aplicações da avaliação em ser utilizado em práticas confeccionados a partir
nível de grupo; gerenciamento da saúde e do bem-es- de material reciclável do tipo garrafinha pet.
tar em sistemas de grupo; princípios da avaliação do 2011 - Projeto ECOVET: Foi idealizado a partir da pro-
bem-estar (métodos, aplicações, pesquisa); esquemas
posta do plantio de mudas de árvores, como parte
de certificação voluntária; legislação; ferramenta para
das atividades de recepção dos alunos. Visando a
assessoria – medicina preventiva; gestão da saúde e
arborização planejada do nosso campus, e a integra-
do bem-estar; programas de saúde para rebanhos;
ção entre veteranos e ingressantes, propiciando assim
8. Interações homem-animal: companhia, utilidade, a construção do aprendizado pela sedimentação do
trabalho, selvagens e produção; conhecimento considerando-se a dinâmica da natu-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 105
reza. Ao grupo que obtiver êxito no desenvolvimento para a melhoria do bem-estar animal junto às criações,
da árvore será contemplado com um premio simbólico biotérios e abrigos. Ainda neste escopo, a elaboração
“Premio ECOVET”, concedido ao término do curso, de projetos em sanidade animal, voltados para peque-
durante a formatura. nas criações, carroceiros e assentamentos contribuiu
para a redução das doenças, melhorando a produtivi-
2013 - Práticas de Bem estar aplicados a Animais de
dade e consequentemente a promoção não só do bem-
Biotério: Enfatizamos os princípios éticos, a legis-
-estar animal, como também do indivíduo, e do ambiente.
lação e manejo humanitário e senciência animal.
Com este escopo realizamos um Workshop intitula- Participamos de iniciativas junto ao zoológico bus-
do “Práticas de Bem-estar aplicados a animais de cando capacitar os tratadores e técnicos, auxiliamos
Biotério”, com a finalidade de capacitar, técnicos, no desenvolvimento de atividades de enriquecimento
pesquisadores e alunos para BEA. ambiental junto aos animais em cativeiro e na ela-
boração de sugestões de melhoria para os recintos.
Atividades de Pós Graduação: ministramos a Disciplina Estimulamos e promovemos campanhas de educação
de Tópicos em Bem-estar animal para os alunos do Cur- humanitária e conscientização para o bem-estar
so de Pós-Graduação em Ciência Animal, orientamos animal junto às escolas, fóruns, câmaras e plenárias,
teses de Dissertação de Mestrado. Ressalta-se ainda, provendo a guarda responsável, o manejo e as boas
que participamos de eventos científicos com a apresen- práticas de bem-estar animal.
tação de trabalhos em congressos, simpósios e reuniões
científicas e acadêmicas com a elaboração e a publi- Promovemos e participamos de eventos, juntamente com
cação dos resultados na forma de textos científicos que o poder público e a sociedade com o objetivo de auxi-
são publicados em revistas indexadas da área, provendo liar na construção de políticas publicas inteligentes que
assim a difusão do conhecimento. culminou com a criação de um Conselho Municipal de
Proteção e Defesa dos Animais de Araçatuba. Diante da
parceria firmada entre a universidade, o poder público e a
Impacto da estratégia sociedade, criamos um elo em prol de atividades voltadas
ou prática docente nos alunos, para o bem-estar animal e coletivo. Na medida em que a
educação atua como um fator transformador corroboran-
nos animais, na comunidade, etc do para o surgimento de mudanças paradigmáticas no
Diante do conjunto de atividades desenvolvidas ao exercício profissional e da cidadania, juntos voltados para
longo dos anos, verifica-se crescente preocupação a construção de uma sociedade justa fundamentada nos
com o bem-estar dos animais nas diferentes esferas do pilares da educação e do bem-estar animal.
processo produtivo e de criação. A conscientização do
corpo técnico, pesquisadores e alunos sobre a senciên-
cia, como também a introdução de conceitos sobre o Conclusões/observações/
bem-estar animal e a educação humanitária vem sendo recomendações
incorporada em nosso meio acadêmico por muitos
colegas, facilitando a interdisciplinaridade e contribuin- Pelo exposto, concluímos que o aprendizado demanda
do para a construção de uma dinâmica plena voltada de um processo contínuo e linear. À medida que o co-
para o bem-estar animal. nhecimento é sedimentado, adquirisse o saber. Como
em qualquer processo construtivo somente o conheci-
Nesta mesma perspectiva acreditasse embora, de forma mento tecnológico por si só não basta é fundamental
empírica, que mais de mil animais tenham sido atendidos associá-lo ao desenvolvimento de práticas, que juntas se
junto aos programas (de boas práticas, castração e associem na busca por soluções.
guarda responsável) desenvolvidos em nossa unidade.
Reduzindo de forma significativa a população canina e Como recomendações sugerimos: que todo o conteúdo
felina, principalmente das ruas do município. Colaboran- da disciplina seja associado a dinâmicas práticas; a
do também para a redução das zoonoses e consequen- interdisciplinaridade é outro fator importantíssimo no êxito
temente, dos maus tratos. da consolidação plena da disciplina. E no âmbito da
extensão há que se estabelecer parcerias entre a univer-
Outro ponto importante foi a capacitação de técnicos, sidade, o poder público, e a sociedade, buscando em
pesquisadores e alunos sobre o manejo humanitário e ações conjuntas a consolidação de uma sociedade justa
técnicas de contenção, favorecendo sobremaneira a fundamentada nos princípios da Educação Humanitária
redução dos maus tratos e da violência. Primando assim, e no bem- animal.
106 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Projeto “Conscientizar para o bem–estar”
PROEX 4958
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 107
BEM-ESTAR ANIMAL E ZOONOSES:
CUIDANDO DE NOSSOS AMIGOS!
Animal não é brinquedo - cuide bem de seu amigo!
Texto elaborado :
Erivelto Correa de Araújo Junior- Médico Veterinário Aluno do Curso de Pós-Graduação em
Ciência Animal do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária
da
UNESP – Campus de Araçatuba
Colaboração :
Alunos de Graduação :Fernanda Pires Rosa; Rodrigo Garcia Barros; Felipe Sales dos
Santos.
Cilene Vidovix Táparo - Ass. Sup. Acadêmico II.
Ilustração da capa: Telênia Tavares de Almeida Albuquerque.
Ilustrações do texto: www.goole.com.br
Coordenadora:
Profa.Adjunto. Márcia Marinho da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP –
Campus de Araçatuba
Bibliografia
Alcock J. (1997). Animal behaviour: evolutionary approach. 6 th ed. Sunderland: Sianuer Associetes.
Arnold, G.; Dudzinsk, M.L. (1978). Ethology of free ranging domestic animals. Amsterdan Elsevier Scientific Pu-
blishing company.
Beauchamp, T.L.; Childress, J.F. (1994). Principles of biomedical ethics. 4th ed.. Oxford University Press.
Broom, D.M.; Johnson, K.G.; (1993). Stress and animal welfare. Chapman and Hall.
Dawkins, M.S. (1998). Through our eyes only? A journey into animal consciousness. Oxford University Press.
Konarska, M.; Stewart, R.E.; Mccarthy, R. (1989). Habituation of sympathetic-adrenal medullary responses fo-
llowing exposure to chronic intermittent stress. Physiology and Behavior 45: 255-261.
Manning, A.N.; Dawkins, M.S. (1998). An Introduction into Animal Behaviour. 5th ed. Cambridge University Press.
Rollin, B.E. (1999). An Introduction to Veterinary ethics: Theory and cases. Iowa State University Press.
UNESP: Projeto Político –Pedagógico. (2013). Curso de Medicina Veterinária –FMVA. 41p.
Webster, A.J.F. (1995). Animal welfare: A cool eye towards eden. Blackwell
Word Society for the Protection of Animals (WSPA) (2003). Conceitos em bem-estar animal: um roteiro para
auxiliar no ensino de bem-estar animal em faculdades de medicina Veterinária. London: WSPA.
108 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Capítulo 5
Estratégias e práticas
pedagógicas transversais
e/ou transdisciplinares
para o ensino efetivo de
bem-estar animal
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 109
Construindo o conceito de bem-estar animal na
UFFS (Campus Realeza) por meio da metodologia
da problematização: desafios da prática
pedagógica
Nome do programa, área temática ou disciplina de medicina veterinária da UFFS apesar de contemplar
onde ocorreu a prática: o componente curricular (CC) de BEA, oferece no final
do curso, com apenas dois créditos.
Grupo de estudos em Bem-estar Animal
O BEA é uma nova ciência, indispensável aos profissionais
que trabalham em torno da interação entre humanos e ani-
mais e deve estar relacionado com conceitos como: neces-
Introdução, o contexto sidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capa-
e as razões para desenvolver cidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade,
tal estratégia ou prática docente medo, tédio, estresse e saúde. O currículo dos cursos de
medicina veterinária é dedicado à manutenção da saúde
Juntamente com as questões ambientais e de segurança física dos animais, prestando-se atenção à criação, à nutri-
alimentar, o bem-estar animal (BEA) está entre os três ção, à higiene, à medicina preventiva e ao tratamento de
maiores desafios que confrontam a agricultura e a pro- ferimentos e doenças; no entanto, menos atenção foi dada
dução animal. No entanto, historicamente os cursos de ao estudo de como animais se sentem frente às condições
Medicina Veterinária resistem em incorporar o BEA como de vida que lhes são impostas pelo ser humano.
disciplina específica considerando que o tema deve ser
tratado como a ética, que permeia as outras disciplinas, Para o curso de medicina veterinária da UFFS, questio-
sem a necessidade de particularizá-lo. A matriz do curso nou-se: por que não construir o componente curricular,
110 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
de forma gradativa, envolvendo a comunidade acadê- O ser professor, no contexto atual, exige certa ousadia
mica, antes de sua oferta regular? O que sabem/conhe- aliada a diferentes saberes, bem como a consciência
cem os sujeitos (alunos, professores, comunidade exter- da complexidade que envolve o ato pedagógico. O
na) sobre o conceito de BEA? Diante da situação, foi professor é um profissional que deveria dominar a arte
criado um grupo de estudos em BEA, como um espaço de reencantar, de despertar nas pessoas a capacidade
e ensino-aprendizagem, de discussão, de diálogo com de engajar-se e mudar. A partir dessa intenção primeira,
as comunidades acadêmica/externa para que fosse outros objetivos foram delineados: conhecer a percep-
construído uma concepção de BEA na UFFS. No que diz ção da comunidade acadêmica sobre o tema bem-estar
respeito ao processo pedagógico e curricular, compreen- animal; criar a cultura universitária para as questões
demos que todo conhecimento que perpassa o processo científicas, éticas e legais com relação à produção e ao
formativo precisa ser significativo para quem aprende. uso do animal pelo homem; dialogar com os sujeitos
A tendência de aumento do número de instituições que envolvidos na cadeia produtiva de produtos de origem
ofertam a disciplina de BEA no Brasil está descrita na animal sobre as questões relacionadas com o bem-estar
literatura e provavelmente está relacionada à compre- animal; investigar na comunidade externa a percepção
ensão de que, ao inserirem a disciplina de BEA em seus sobre bem-estar animal; propor ações educativas com a
currículos, as universidades aumentam a adequação dos educação básica, provocando crianças e jovens a discutir
seus egressos ao mundo de trabalho atual e contribuem as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança
para um avanço na ética da relação ser humano-animal. alimentar e bem-estar animal; propor ações na comunida-
de externa de orientação para as questões ambientais, de
Tendo como desafio despertar na comunidade acadêmi- sustentabilidade, de segurança alimentar e BEA; propor
ca a vontade de construir um componente curricular em ações de pesquisa que investigue as questões ambientais,
bem-estar animal, de forma coletiva, participativa e signifi- de sustentabilidade, de segurança alimentar e bem-estar
cativa, rompendo com práticas educacionais tradicionais animal; instigar o poder público local a rever as normas/
de ensino, centradas na cultura da transmissão por meio legislação para as questões ambientais, de sustentabilida-
de aulas expositivas, é que se adotou a “metodologia de, de segurança alimentar e BEA; sistematizar todo esse
da problematização a partir do Arco de Maguerez”. movimento e conhecimento produzido como ferramenta
A metodologia da problematização busca aumentar a para trabalhar o ementário no componente curricular de
capacidade do aluno enquanto sujeito participante e Etologia e Bem-estar animal ofertado no nono período do
transformador da realidade social; estimula o desenvol- curso de medicina veterinária para os estudantes da UFFS.
vimento do aluno de forma coletiva, para que ele seja
preparado para os desafios da sociedade.
Metodologia empregada
Aplicação da MP com o arco de Maguerez:
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta • 1ª etapa - Observação da realidade e elaboração
da situação-problema: o CC de BEA é ofertado no
estratégia ou prática docente nono semestre, no curso de medicina veterinária. Era
O componente curricular de Etologia e Bem-estar animal preciso conhecer e construir o conceito de BEA da
no curso de medicina veterinária da UFFS, Campus Re- UFFS, aprovamos o projeto “O BEA na concepção
aleza, é ofertado somente no nono semestre. O aluno dos estudantes da UFFS”. Envolvidos: três professores,
está praticamente saindo da universidade. O tema é quatro alunos.
superficialmente tratado em outros componentes curricu- • 2ª etapa - Definição dos pontos-chave: foram iden-
lares. Portanto, a intenção da aplicação da metodologia tificados pelo grupo os pontos-chave a serem estu-
da problematização com o arco de Manguerez – como dados e discutidos, que sustentariam a resolução da
estratégia pedagógica, foi construir gradativamente o situação-problema: BEA; senciência; cinco liberda-
conceito de bem-estar animal envolvendo os alunos do des; relação humano-animal; legislação de proteção
curso de medicina veterinária, a comunidade acadê- animal; educação humanitária. Um marco de referên-
mica, o local e o entorno. Para atingir o objetivo, era cia é uma relação de conceitos que se entrelaçam
necessário romper com o processo tradicional (formal) e através desta mutualidade cria-se uma correlação
de ensino. Queríamos falar de BEA, antes de apenas de significados e valores para uma determinada
cumprir com um conteúdo programático fechado em uma concepção e ação. Nesse momento iniciamos uma
carga-horária restrita, e terminal. ação paralela para consolidar percepções/concei-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 111
tos em BEA (A construção do conceito de educação bem-estar a bem-estar pobre, considerando todas as
humanitária nas escolas: ensinando o BEA). O grupo suas variáveis. O BEA não é um atributo conferido
cresceu, somos oito. pelo homem, mas uma qualidade inerente à vida do
animal. O conceito de BEA deve obrigatoriamente
• 3ª etapa – Teorização: momento em que os sujeitos
incluir suas necessidades biológicas e etológicas, o
passam a perceber o problema e indagar o porquê
evitar do sofrimento, do medo e da dor.
dos acontecimentos observados nas fases anteriores.
Uma teorização bem desenvolvida leva o sujeito a Os animais são seres sencientes e, portanto, credores de
compreender o problema, não somente em suas ma- tratamento humanitário. Um indivíduo que experimenta dor,
nifestações baseadas nas experiências ou situações, sofrimento e prazer, pode ser considerado sob o ponto de
mas também os princípios teóricos que os explicam. vista filosófico um ser senciente, atributo que o torna objeto
Ampliarmos nossa situação-problema para a comu- de consideração moral e obriga ao ser humano cumprir
nidade externa - o grupo foi conhecer a percepção com os seus deveres e atender os seus interesses.
sobre BEA dos consumidores e profissionais médicos
veterinários do município de Realeza, PR. Somos em A maioria das tentativas dos cientistas de conceituar o bem-
dez. Somos reconhecidos como Grupo BEA. -estar animal resume-se em três pontos de vista que expres-
• 4ª etapa – Hipóteses e Soluções: o grupo concluiu sam diferentes tipos de preocupações com a qualidade de
que essa quarta etapa aconteceu precocemente, vida dos animais: a) os animais devem sentir-se bem, isto
mesclada com as etapas anteriores, porque à me- é, não serem submetidos ao medo, à dor ou estados desa-
dida que as discussões aconteciam, o grupo foi se gradáveis de forma intensa ou prolongada; b) os animais
consolidando, e muitas ações foram implantadas. devem funcionar bem, no sentido de saúde, crescimento e
Esta etapa deve ser bastante criativa; esse momento funcionamento comportamental e fisiológico normal; c) os
deve superar os conhecimentos e as ações ante- animais devem levar vidas naturais através do desenvolvi-
riores que visam à realização de alguma mudança mento e do uso de suas adaptações naturais.
daquela parcela da realidade estudada. Foi o que
A avaliação do BEA é outro desafio com o qual os pro-
aconteceu. O grupo percebeu que era o momento
fissionais envolvidos nesta área se deparam. Os critérios
de conversar com os agricultores familiares produ-
utilizados para avaliar o BEA são convencionalmente
tores de leite (projeto-O BEA na percepção dos
divididos em dois grupos: medidas «baseadas nos re-
produtores de leite da agricultura familiar do municí-
cursos», relacionadas com o ambiente onde o animal se
pio de Realeza, PR). O que aprendemos com essa
encontra, e medidas «baseadas no animal», que dizem
experiência possibilitou ousar, e implantamos os
respeito ao estado do animal. A Farm Animal Welfare
segundo projeto de pesquisa, “BEA: avaliação das
Council (FAWC) preconiza cinco princípios básicos, as
cinco liberdades em gado de leite da agricultura
cinco liberdades a serem atendidos em relação ao BEA:
familiar do município de Realeza, PR”.
1. Livre de sede e fome; 2. Livre de desconforto; 3. Livre
• 5ª etapa – Aplicação à realidade: Acredita-se que de dor, lesões, doenças; 4. Liberdade para expressar o
o arco se completou, pois nesta metodologia pelo comportamento normal; 5. Livre de medo e estresse. Atu-
menos uma ação deve ser realizada dentro da apli- almente, as profissões que trabalham com animais pas-
cabilidade proposta, buscando a transformação da sam por uma transformação central para atender a valo-
realidade existente. Começamos na contramão do rização do BEA, com uma demanda de conhecimento e
processo. Não começamos com o ensino formal da atuação nesta área. Ao inserir o ensino de BEA em seus
sala de aula; não somos um grupo de pesquisa; e só currículos, as universidades aumentam a adequação dos
fomos dialogar com a comunidade externa, depois seus egressos ao mundo do trabalho atual e contribuem
de conhecer a realidade interna e entorno. Próxima para um avanço na ética da relação ser humano-animal.
etapa, institucionalização do Grupo BEA da UFFS. A educação é a maneira mais eficiente de informar, mu-
dar hábitos, valores e transformar as pessoas em difuso-
ras de conhecimento e em vigilantes ativos.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente Resultados pedagógicos obtidos
Bem-estar animal é um conceito de dimensão ampla, Quando iniciamos em 2011, percebia-se uma resistên-
e se apresenta em um continuum, desde alto nível de cia por parte da comunidade acadêmica em discutir as
112 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
questões relacionadas ao BEA. Um dos pontos positivos nas ações do Grupo BEA. A pesquisa e as atividades de
do Grupo BEA foi verificar que os alunos participantes de- ensino têm permitido a compreensão da realidade e, a
sempenharam o papel de “facilitadores” na comunidade extensão, a possibilidade de transformá-la.
acadêmica. Geralmente os alunos que procuravam o grupo
BEA, estavam motivados por algum dos membros. Outra
forma de trabalhar o componente curricular de EBEA foi à Impacto da estratégia
inserção de colóquios envolvendo outros docentes da UFFS, ou prática docente nos alunos,
numa proposta de diálogo entre o BEA e seus componen- nos animais, na comunidade, etc.
tes curriculares. Serviram de exemplo e fonte de referência
nas aulas os resultados das ações de extensão e pesquisa Na instituição: O grupo, em três anos gerou cinco proje-
do Grupo BEA. Desde a criação do Grupo BEA foram tos de extensão e quatro projetos de pesquisa. Em maio
aprovados seis projetos de extensão, quatro projetos de de 2014 o Grupo aprovou o Projeto Cultural - O Teatro
pesquisa, um projeto de cultura, quatro trabalhos de conclu- como Ferramenta de Educação Humanitária: as Cinco
são de curso. Esses projetos não surgiram por acaso, foram Liberdades do Bem-Estar Animal.
sempre pensados para responder as questões fundadoras Na comunidade externa: O Grupo BEA tem uma ca-
do Grupo BEA. Entrevistamos os estudantes dos cursos de minhada com a comunidade realezense. Muitas por
graduação em medicina veterinária, nutrição e licenciatura demanda da sociedade carente em experimentar um
em biologia. Dos três cursos entrevistados, somente no curso diálogo com a academia, e outras pela carência da
de medicina veterinária o bem-estar animal aparece como universidade em significar seu papel social na comunida-
componente curricular obrigatório. de onde ela está inserida. O maior indicador de impacto
das atividades do Grupo BEA foi o estabelecimento
Os resultados mostraram que a percepção dos estu- de parcerias: Prefeitura Municipal de Realeza; Escolas
dantes sobre BEA ainda é muito focada na dimensão da rede municipal/particular de ensino; Câmara de
biológica. Repetimos o mesmo questionário, para os Vereadores: O Grupo BEA teve um espaço na tribu-
mesmos alunos do curso de medicina veterinária, antes na da Câmara de Vereadores de Realeza (segunda
de cursarem o componente curricular em EBEA (dois sessão/2014), para apresentação do Grupo BEA e
anos e meio depois). Verificou-se que o conceito de BEA informações sobre o conceito e importância do BEA. O
foi mais elaborado, junto com as questões biológicas, Grupo BEA pediu a parceria e apoio aos vereadores
apareceram conceitos éticos. A percepção do conceito para a elaboração do Projeto Lei para a criação do
de BEA também foi investigada com os profissionais Fundo Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal; Feira
médicos veterinários, com os consumidores de produtos do Produtor; Sindicato Trabalhador Rural; Radio Clube
de origem animal e com os agricultores familiares, to- de Realeza Propriedades da Agricultura Familiar. Muitas
dos do município de Realeza. Os médicos veterinários propriedades são usadas para as aulas de campo do
apresentaram respostas muito parecidas com as obtidas componente curricular de Etologia e Bem-Estar Animal.
dos estudantes da UFFS, demostraram um pouco mais
Os animais: O contato do Grupo BEA diretamente com
de conhecimento com relação à legislação referente ao
os animais é muito recente. Iniciamos com projetos de
tema. Consumidores e agricultores declaram conhecer o
pesquisa de avaliação do bem-estar, e agora temos três
assunto, mas conseguiram definir bem-estar animal.
trabalhos de conclusão de curso em andamento. Indireta-
O Grupo BEA desenvolveu atividades educativas para mente, fazendo ações de e para educação humanitária
o BEA nas escolas da rede municipal e particular, com acredita-se que as pessoas conheçam um pouco mais
alunos e professores do ensino fundamental. Retornamos sobre os animais não humanos e percebam que eles têm
com uma proposta ampliada: consolidar a construção do necessidades imprescindíveis para viver bem, não impor-
conceito de bem-estar animal na comunidade realezense tando o “uso” que se faça dele.
(escolas, rádio, câmara de vereadores, praça, feira do Alunos: Quando iniciamos as atividades do Grupo, tínha-
produtor), provocando mudanças de percepção, de va- mos poucos alunos que procuravam informações sobe as
lores e de comportamento com relação ao tema. Todos atividades do grupo. Com o passar do tempo, a atuação
os momentos vivenciados pelo Grupo BEA, foram e são do Grupo na comunidade acadêmica foi despertando o
importantes, tanto para a formação plena e humanizada interesse e muitos estudantes espontaneamente buscavam
de profissionais atentos às necessidades e anseios da a participação no grupo. A maioria deles iniciou as ativi-
sociedade, como para fomentar a pesquisa, a extensão dades de forma voluntária. Passaram pelo Grupo, desde
e o ensino na UFFS. A tríade ensino, pesquisa e extensão, 2011 (de forma efetiva, e não eventual), mais de 20 estu-
trabalhada de forma articulada, tem sido uma realidade dantes. Os alunos procuram o Grupo para participação
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 113
das atividades (temos uma lista de voluntários na espera). na realidade, intencionalmente, para interferir sobre ela,
Optamos por não manter um número muito grande de demonstrando uma relação de coerência entre o pensar e
participantes porque o grupo tem atividades quinzenais o fazer, entre a teoria e a prática, entre o discurso e ação.
(estudo) e em alguns momentos semanais, como os par-
ticipantes são de cursos e fases diferentes, temos um pro- A riqueza dessa metodologia está em suas característi-
blema no ajuste dos horários das reuniões. O Grupo BEA cas e etapas, mobilizadoras de diferentes habilidades
participou da gincana do Bem-Estar Animal promovida
intelectuais dos sujeitos, demandando, no entanto, dispo-
pela WSPA em 2011 (300o. lugar) e em 2012 (100o.
lugar) – “Veterinários da Fronteira”. No curso de medicina sição e esforços pelos que a desenvolvem no sentido de
veterinária, temos quatro alunos orientados por professores seguir sistematizadamente a sua orientação básica, para
do Grupo; e quatro alunos com projetos que abordam alcançar os resultados educativos pretendidos.
o tema BEA, orientados por outros docentes do curso de
medicina veterinária. No grupo temos alunos do curso de Valoriza-se neste processo educacional a mudança de
medicina veterinária, nutrição e ciências biológicas. comportamento que, embora aconteça de forma gradu-
al, completa-se com a passagem da intenção para ação.
As ações desenvolvidas pelo Grupo BEA foram quanti e
Conclusões/observações/ qualitativamente significativas no sentido de consolidar as
recomendações questões sobre o bem-estar animal, ora tento um caráter
Concluindo esse relato (porque não concluímos o percurso), educativo/informativo, ora avaliando na prática o BEA.
podemos dizer que um dos grandes desafios deste século
é a crescente busca por metodologias inovadoras que pos- Há um número significativo de trabalhos que divulgam
sibilitem uma práxis pedagógica capaz de ultrapassar os os resultados da aplicação dessa metodologia, elabo-
limites do treinamento puramente técnico e tradicional, para rada particularmente para o ensino superior.
efetivamente alcançar a formação do sujeito como um ser
ético, histórico, crítico, reflexivo, transformador e humanizado. Concluindo este trabalho, recorremos a Paulo Freire e seu
convite para uma constante reflexão/ação quando diz
Selecionamos a Metodologia da Problematização com o “saber que devo respeito à autonomia, à dignidade e à
Arco de Maguerez, porque é uma alternativa metodoló-
identidade do educando e, na prática, procurar a coerência
gica com potencial transformador e dialógico, que parte
de uma parcela da realidade e retorna para ela, visando com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algu-
transformá-la em algum grau. Esta metodologia possui cin- mas virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira
co etapas e inclui um movimento que influi na ação prática inautêntico, palavreado vazio e inoperante” (FREIRE,2000).
114 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Atividades de extensão nas Escolas
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 115
Bibliografia
Berbel, N.A.N. (1996). Metodologia da Problematização no Ensino Superior e sua contribuição para o plano
da praxis. Semina, 17:7-17.
Bordenave, J.D.E.; Pereira, A.M.P. (2004). Estratégias de ensino-aprendizagem. 25ed. Rio de Janeiro: Vozes.
Broom, D.M. (2005). Animal welfare education: development ad prospects. Journal of Veterinary Medical Edu-
cation, 32:438-441.
Broom, D.M.; Molento, C.F.M. (2004). Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – Revisão. Archives
of Veterinary Science, 9:1-11.
Duncan, I.J.H. (2005). Science-based assessment of animal welfare: farm animals. Revue Scientifique et Techni-
que (International Office of Epizootics), 24:483-492.
Estol, L.R. (2004). Animal welfare in the veterinary curriculum. En: Global Animal Welfare Conference, 2004,
Paris. Anais.OIE, 51-63.
Farm Animal Welfare Council–FAWC. (2009). Farm animal welfare in Great Britain: past, present and future.
London, United Kingdom: Farm Animal Welfare Council.
Fraser, D.A. (1997). Scientific conception of animal welfare that reflects ethical concerns. Animal Welfare, 6:187-205.
Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra,
2000.
Hurnik, J.F. et al. Farm Animal Behaviour: Laboratory Manual for 10-439. University of Guelph, Guelph, ON,
145p. 1995.
Molento, C.F.M. (2005). Bem-estar e orodução animal: aspectos econômicos. Archives of Veterinary Scien-
ce,10:1-11.
Molento, C.F.M.; Bond, G.B. (2008). Produção e bem-estar animal - Aspectos éticos e técnicos da produção
de bovinos. Ciênc. Vet. Tróp., Recife-PE, 11:36-42.
Molento, C.F.M.; Calderón, N. (2009). Essential directions for teaching animal welfare in South America. Rev.
Scientifique et Technique, 28:617-625.
Pimenta, S.G.; Anastasiou, L.G.C. (2008). Docência no ensino superior. 3 ed. São Paulo: Cortez.
Pinheiro Machado Filho, L.C.; Hötzel, M.J. (2000). Bem-estar dos suínos. Anais do V Seminário Internacional de
Suinocultura (p. 70-82). São Paulo.
Quadros, J.; Molento, C.F.M. (2008). Ensino de bem-estar animal para médicos-veterinários no Brasil: atuali-
zação 2008. En: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 35. Conbravet, 2008.
Webster, A. (1994). Animal Welfare: A Cool Eye Towards Eden. Oxford: Blackwell Science.
116 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Conhecer o comportamento dos animais
em ambiente natural para promoção do
mínimo de bem-estar
Nome do programa, área temática ou disciplina estresse dos animais e, consequentemente, garantir o
onde ocorreu a prática mínimo de bem-estar animal. O curso está em uma locali-
dade com um dos menores IDH do País, convivendo com
Bases Teóricas e Tópicos Especiais em Comportamento caninos que são as maiores vítimas de leishmaniose do
Animal País (maior índice) e sem controle de crescimento popu-
lacional, vivenciando práticas de tratamento e transporte
de animais em péssimas condições, como por exemplo,
suínos amarrados em bicicletas e uma cultura local de
Introdução, o contexto maus tratos e consumo de carne oriunda de animais
e as razões para desenvolver silvestres como iguana e primata.
tal estratégia ou prática docente
Diante do exposto acima e considerando a minha forma-
O curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Cam- ção acadêmica como etólogo, resolvi inserir no currículo
pus de Soure (Ilha do Marajó) possui aproximadamente do curso uma disciplina optativa que fosse capaz de for-
quatro anos e seu Projeto Político Pedagógico (PPC) mar uma opinião discente e cidadã mais crítica sobre os
contempla algumas disciplinas como Zoologia e Fisiolo- direitos dos animais. A disciplina “Bases Teóricas e Tópicos
gia. No entanto, tais disciplinas abordam as mais varia- Especiais em Comportamento Animal” já foi ofertada em
das categorias comportamentais dos animais de forma duas turmas nos últimos dois anos e desperta muito interes-
muito superficial, subestimando alguns comportamentos se por parte dos alunos do curso de Biologia que serão
que são indispensáveis para minimizar e/ou impedir o futuros docentes da Rede Pública de Ensino no Município e
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 117
proximidades. A disciplina inclui saídas de campo, na qual Conteúdos de bem estar
uma delas é realizada em colaboração com uma Médica
Veterinária (doutora e ex-docente da Universidade Federal animal abordados na estratégia
Rural da Amazônia) considerada uma dos maiores criado- ou prática docente
res de búfalos do País, com ênfase em comportamento e Introdução ao comportamento animal; introdução
Bem-estar dos mesmos. Trata-se de um trabalho em que os ao estresse e bem-estar animal: eixo HPA e efeitos
alunos serão agentes multiplicadores no intuito de minimizar da corticosterona e do cortisol; noções de bem-estar
o sofrimento dos animais da região e cobrar, como futuros em animais de companhia e de produção: manejo,
formadores de opinião, um mínimo de respeito aos animais,
instalações, densidade populacional, agonismo,
garantindo-lhes uma boa qualidade de vida.
agressão, etc., evolução, adaptação e função dos
comportamentos (ontogenia comportamental); custos
Objetivos pedagógicos alcançados e benefícios do comportamento; genética e fisiologia
com a implementação desta do comportamento; mecanismos neurais do controle
estratégia ou prática docente do comportamento; ritmos biológicos, ambientais e
endócrinos; comportamento alimentar; comportamento
• Apresentar os conceitos básicos de comportamento anti-predador e anti-parasitário; comportamento sexu-
animal; al; comportamento social; evolução da cooperação
• Demonstrar os comportamentos dos animais em am- (altruísmo), custos da vida em grupo e ecologia com-
biente natural e suas necessidades enquanto cativos; portamental e comunicação animal.
• Apresentar conceitos básicos relacionados com es-
tresse e bem-estar animal;
• Construir uma consciência crítica sobre os direitos
Resultados pedagógicos obtidos
dos animais de companhia e de produção; Os resultados pedagógicos são constatados em di-
versos âmbitos, como por exemplo, um maior índice
• Sensibilizar e conscientizar futuros educadores sobre
os maus tratos animais presentes no município; de envolvimento dos discentes nas atividades corre-
latas com a disciplina, menores taxas de evasão do
• Conscientizar os discentes sobre o papel individual curso, melhores rendimentos na referida disciplina e
na garantia dos direitos dos animais; outras afins.
• Preparar e formar cidadãos que possam cobrar do
Poder Público algumas medidas que visem o Bem- A disciplina contribuiu com o surgimento de Trabalhos
-estar animal. de Conclusão de Curso (TCC) relacionados ao tema
e participação de um discente como apresentador de
pôster no Encontro Nacional de Etologia na Universida-
Metodologia empregada de de São Paulo (USP) no ano de 2013.
As aulas foram ministradas de forma expositiva com o
uso de recurso audiovisual (projetor de slides) durante o
semestre e duas vezes por semana, com carga horária
total de 102 horas. Os assuntos foram divididos em
Impacto da estratégia ou prática
categorias comportamentais e foram realizadas leitu- docente nos alunos, nos animais,
ras e apresentações (em duplas) de artigos científicos na comunidade, etc.
correlacionados ao tema comportamento e bem-estar
animal. Foram apresentados (em grupo de quatro alu- Os discentes apresentaram maiores rendimentos em
nos) seminários sobre a mesma temática anteriormente disciplinas correlacionadas, exemplificaram as suas
mencionada. A disciplina conta com uma visita a uma mudanças de condutas em relação aos animais e,
fazenda particular do Município onde a criadora é uma paulatinamente, estão modificando a forma de agir e
Médica Veterinária (Doutora, ex-docente UFRA) citada pensar de seus colegas, amigos e familiares.
na “Introdução”. Nesta atividade os alunos conhecem a
rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem ou O maior impacto na comunidade está previsto no
evitem o estresse animal, bem como algumas estratégias momento em que a primeira turma se formar (2015) e
adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o má- que os discentes iniciarem o seu papel de educador
ximo de bem-estar aos animais. multiplicando ações voltadas para o bem-estar animal.
118 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Conclusões/observações/ Uma pequena massa crítica de discentes pode iniciar um pro-
recomendações cesso de cobrança pessoal e do poder público local para a
implantação de ações que promovam o bem-estar animal.
Com a implementação da estratégia, pode-se concluir
que se trata de uma atividade que alcançará resultados É válida a sugestão de que outros docentes envolvam
em longo prazo. No entanto, iniciar tais ações em uma os seus colegas de trabalho e extrapolem as ativida-
população carente em todos os quesitos e perceber uma
des para as escolas do município inserindo a temática
alteração comportamental em uma minoria que seja,
confirma que é possível contribuir com a redução do no cotidiano da mesma em forma de dinâmicas, pales-
sofrimento animal oriundos de maus tratos. tras, oficinas, etc.
Visita fazenda particular do município - rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem o estresse animal,
estratégias adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o máximo de bem-estar aos animais.
Bibliografia
Alcock, J. (2001). Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9ª ed. Artmed. Ed.
Barnes, R.S.K.; Calow, P.; Olive, P.J.W. (1995). Os invertebrados - uma nova síntese. Atheneu Ed., São Paulo.
Del-Claro, K. (2002). Comportamento Aniamal. Uma introdução à ecologia comportamental. Livraria Conceito.
Hickman, C.P.J.R.; Roberts, L.S.; Larson, L. (2004). Princípios integrados de Zoologia. 11ª. ed. Guanabara Ed.
Rio de Janeiro.
Krebs, J.R.; Davies, N.B. (1996). Introdução à Ecologia Comportamental. Atheneu Ed., São Paulo.
Ruppert, E.; Barnes, R.D. (1996). Zoologia dos invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 119
PIBAS - Programa Integral de Bem-estar Animal
Sustentável. Universidade “Ignacio Agramonte”.
Camagüey, Cuba
Nome da área temática, programa ou disciplina onde a É necessário reconhecer Dewey, que formulou uma das
estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida primeiras e mais importantes contribuições do ensino
como atividade prática, com seu famoso princípio peda-
Prática Veterinária e Curso Especial de José Marti aplica- gógico de aprender pela ação (“learning by doing”) e
do à profissão sua proposta não menos relevante de formar alunos que
combinem as capacidades de busca e pesquisa com as
atitudes de abertura mental, responsabilidade e honesti-
Introdução, contexto e justificativa da dade; tecendo uma rede com pontes que conectam as
estratégia, prática ou atividade docente capacidades latentes de alunos, docentes e comunida-
de. Quando essas capacidades se juntam, a única coisa
O tema bem-estar animal é importante em nível social, que permanece inalterável é a evolução constante.
legislativo e profissional. Além disso, pesquisadores e
políticos vinculam o bem-estar animal à segurança do ali- A Faculdade de Ciências Agropecuárias da Universida-
mento, sugerindo que, com a melhora do bem-estar ani- de de Camagüey tem participado, de forma contínua,
mal, são produzidos alimentos inócuos e seguros. Man- com bons resultados desde 2008, de diversos fóruns
ter o bem-estar dos animais implica no respeito às cinco científicos, como: Dias das Ciências, Fóruns Estudantis
liberdades (Brambell, 1965). Esses conceitos coincidem e Eventos Provinciais, Nacionais e Internacionais, onde
com cinco grandes campos de estudos da produção e foram estreitados vínculos de colaboração e intercâmbio
reprodução, nutrição, projeto de alojamentos, sanidade acadêmico, entre os quais se destaca a Escola Agro-
animal, comportamento animal e fisiologia. pecuária Provincial N°1, Governador Gregores, Santa
120 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Cruz, Argentina. Esse vínculo e cooperação permitiram Metodologia empregada
o desenvolvimento da temática do Bem-estar Animal
com uma visão holística, já que, como explicado, essa A que aplicamos é a que contempla as etapas essenciais da
colaboração é de importância fundamental para que metodologia científica: reconhecimento do problema, busca
os alunos ampliem sua visão sobre o bem-estar animal de informação, formulação da hipótese, escolha das estraté-
em outros países e com outro enfoque, por um lado uni- gias de resolução e confirmação ou negação da hipótese.
versitário, mas, por outro lado, muito mais amplo devido
às características do conhecimento. O principal objetivo Proposta de Programa: (Para Grupo Científico Estudantil)
desse projeto foi contribuir com a formação de especia-
Distribuição por Forma de Ensino: aula - 60 Horas, prá-
listas com uma visão atualizada da problemática mundial
tica laboral - 60 horas, avaliação através de entrega e
e nacional relativa à sanidade animal, dos principais en-
discussão de protocolo de pesquisa (capa do projeto a
foques do seu desenvolvimento e das tendências atuais.
aplicar) e oficina final - duas horas. Distribuição por tipo
Os projetos, conteúdos e estratégias de ensino de Ciên- de aula: conferências - 14 horas, seminários - 14 horas,
cias da Educação devem, portanto, adequar-se aos inte- aulas práticas - 32 horas, em um total de 60 horas.
resses e experiências dos estudantes, permitindo a constru-
Processo de avaliação dos estudantes: ao início de cada
ção de novos modelos explicativos de feitos e fenômenos
aula (conferência), e o tema a ser desenvolvido na ofici-
nos diferentes contextos e campos do conhecimento. A
aula, os âmbitos institucionais, como a extensão universitá- na final (último encontro) é indicado
ria, se transforma em espaços de intercâmbio, de formas Elaboração de um protocolo de pesquisa e avaliação
distintas de ver, pensar e viver a vida cotidiana.
de destrezas e habilidades que os estudantes vão adqui-
rindo. *Realizado no Projeto comunitário, assim como a
viagem dos estudantes a Havana, ao Zoo Nacional e
Objetivos, habilidades e/ou ao Aquário Nacional.
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia, Oficina Final Integradora: o relatório da pesquisa da
prática ou atividade docente PL é recebido com uma semana de antecedência e os
trabalhos são expostos (com as temáticas entregues
• Contribuir para o desenvolvimento de ações educa- no primeiro encontro). Essas exposições são avaliadas
tivas que propiciem e facilitem a aquisição de habi- individualmente, mas são apresentadas em equipe de
lidades de indagação e divulgação, que permitam pesquisa (compostas por três a quatro estudantes).
o descobrimento e a apropriação tanto de valores,
quanto de princípios e metodologias, próprios das Métodos para a disseminação e aplicação dos princípios
ciências e da tecnologia, fornecendo um espaço de bem-estar animal: pesquisa sobre práticas de manejo e
adequado para o aperfeiçoamento e aprofundamen- condições de exploração, entrega de material informativo,
to do saber como construção social. embasamento teórico com apoio de material audiovisual,
realização de dias de campo e /ou visitas para a avalia-
• Fomentar e desenvolver habilidades de comunicação
ção prática e demonstração, discussão e intercâmbio de
dos estudantes através da exposição dos trabalhos
experiências e avaliação anônima pelos participantes.
de ciência e tecnologia
• Realizar projetos de ciência e de tecnologia das
instituições participantes. Conteúdos de bem-estar animal
• Intercâmbio de experiências educativas entre os dife- que incluem a estratégia, prática
rentes participantes.
ou atividade docente
• Promover o intercâmbio e a participação colabora-
Em nossa Faculdade, ensinamos o BEA como tema den-
tiva dos estudantes com as diferentes Associações e
tro de disciplinas ou matérias como:
Fundações de Bem-estar Animal da América Latina e
do Caribe (comunicação por e-mail). Prática Veterinária
• Implementar dentro do evento CYTDES (Ciência e
Tecnologia por um Desenvolvimento Sustentável) em • C. Generalidades (Introdução e marco conceitual)
nossa Universidade a realização de um Simpósio Cinco Liberdades ou Direitos. S. Filme Temple Gran-
dedicado à Bioética e ao Bem-estar Animal. din. Cine debate.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 121
• S. Legislação Nacional e Internacional relacionada Epizotiologia
ao Bem-estar Animal (em conjunto com professores
da Faculdade de Direito) • C. Animais em desastres. Gestão de riscos.
• CP. Entrega do Guia de Pesquisa de BEA, que será Atividades de extensão Universitária.
utilizado no curso. Busca de informação e contato
dos estudantes com sites de BEA da América Latina • São coordenadas e são convidados tanto especialis-
e do Caribe. tas em BEA nacionais, quanto internacionais
• PL. Avaliação do bem-estar animal e Indicadores
Fisiológicos.
Pensamento Martiano vinculado à profissão.
• BEA Animais de companhia. Problemas de bem-estar
em grupos de animais e suas implicações (cães, ga-
• Atividade extraclasse (José Martí: a proteção e o BEA)
tos, Aquário Nacional e Zoológico Nacional)
• S. Uso de alternativas na Educação Veterinária (LABTED)
• CP. Montagem da apresentação de apresentação
• CP. Busca de sites dedicados ao BEA em PowerPoint.
• TF. Apresentação e/ou Exposição de trabalhos, pes-
quisas em BEA
Fisiologia
• C. Bem-estar Animal e Ética (Clínica Veterinária) A Faculdade continuará ensinando estudantes de pré
• CP. Realização de pesquisas com clientes (Clínica e pós-graduação, mas, ao converter o estudo em uma
Veterinária). atividade para toda a vida, ao invés de algo que deixa-
mos de fazer quando nos tornamos “adultos”, as escolas
terão que se organizar para um ensino para toda a vida.
Zootecnia e saúde As escolas terão que se converter em “sistemas abertos”.
• C. Bem-estar Animal e Produção Animal Sustentável. Agora precisamos de um novo axioma: “Quanto mais
instrução uma pessoa tem, mais frequentemente ela
• Conteúdo: os sentidos do animal, o princípio da zona
precisará de mais educação e cultura”. Mas existe algo
de fuga, desenho das instalações, dispositivos de
mais importante: a manutenção do acesso à educação
imobilização, manejo e estresse, abate humanitário, o
superior aberto, sem levar em conta a idade ou creden-
bem-estar animal no manejo e o processamento.
ciais educativas anteriores, é uma necessidade social.
• CP. Processamento estatístico das pesquisas. Cada indivíduo deve poder, em qualquer etapa da sua
122 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
vida, continuar sua educação formal e se capacitar para Contribuir para o estabelecimento de uma relação huma-
um trabalho do saber (aqui se sobressai o território da na significativa entre docentes, estudantes, especialistas,
carreira acadêmica dos mais velhos). ambiente familiar e sociedade em geral.
A formação do saber é o maior investimento em qual- Tornar públicas as expressões na esfera do conhecimen-
quer país. Com certeza, o retorno que um país ou to, a educação e a indagação que gerem reconheci-
empresa recebe do saber será cada vez mais um fator mento e inclusão social (Associações como: ANSOC
determinante de sua competitividade. De forma crescen- (Surdos mudos), ANCI (Cegos e deficientes visuais) e
te, a produtividade do saber será decisiva no sucesso ACLIFIM (pessoas com problemas físicos motores), todas
econômico e social e no rendimento econômico global. membros do Clube de 120 anos da AMECA).
E sabemos que existem grandes diferenças de produtivi-
dade em escala mundial entre indústrias e entre organi-
zações individuais. Conclusões/ observações/
recomendações
Contribuímos para a formação de líderes de BEA, capazes
Impacto da estratégia, prática ou de reconhecer os benefícios tanto éticos, quanto produtivos
atividade docente nos estudantes, das boas práticas de trabalho e de imobilização por meio
do ensino de princípios de manejo embasados no compor-
animais, comunidade, etc. tamento animal. Nesse contexto, é interessante o retorno do
Nos animais: contribui para o resgate, a melhoria e a bem-estar animal, que resultará em mais e melhor qualidade
proteção animal e quantidade de alimentos inócuos e seguros.
*Com ênfase em espécies autóctones ou endêmicas A educação superior está entrando em um novo período
(hispano-americanas). histórico, onde a experiência acumulada determinará
um salto qualitativo notável, com grandes perspectivas
Nos Estudantes: estimular atitudes, valores e vocação para o desenvolvimento integral dos nossos países, que
com senso ético e profissional no futuro médico veteri- resultará no ápice exitoso de todos os projetos de BEA
nário. Transformar o cenário ao convertê-los de simples existentes a favor do aumento da qualidade de vida dos
espectadores a protagonistas ativos, uma vez que de- povos da América Latina e do Caribe.
sempenham o papel de promotores culturais do BEA.
Recomendações:
Institucional: viabilizar algumas necessidades de pesqui-
sa e desenvolvimento tecnológico associado. Ampliar a Essa experiência destina-se (adaptada a suas condi-
visão do mundo científico – tecnológico de quem partici- ções) à Escola Agropecuária Provincial N°1, Governa-
pa e aproximá-los da realidade nacional. Deixar o cará- dor Gregores, Santa Cruz, Argentina, aplicada pelo
ter inter e transdisciplinar do conhecimento visível. Professor Juan Beltramino.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 123
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Estudo independente e por equipes – Jornada Estudantil e Oficina final
124 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Atividades de Extensão Universitária
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 125
Bibliografia
De Varona Rodríguez, E. (2010). Capacitar y producir en un ambiente seguro. Memorias. III Congreso PAT
(Producción Animal Tropical) (15 al 19 de noviembre), La Habana, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Núñez Moronte, O. (2011). Cartas martianas sobre protección y bienestar de los
animales. AGROCIENCIAS Memorias Agrociencias (19 al 21 de octubre), Mayabeque, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Soto Senra, S. (2011). Consideraciones a tener en cuenta para medir el bienestar en
bovinos lecheros. Memorias Agrociencias (19 al 21 de octubre), Mayabeque, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Daniel Ortega, Y; Soto Senra, S. (2012). Estudio del uso de un protocolo para eva-
luar el bienestar en bovinos lecheros. Memorias Agrocentro (16 al 19 de abril) Universidad Central “Martha
Abreu”, Las Villas, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Águila Carralero, A. (2012). El Bienestar Animal desde la legislación Jurídica cubana.
IV Conferencia Internacional sobre Derecho y sus nuevos retos en el Siglo XXI. (23 al 30 de noviembre), Cama-
güey, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Soto Senra, S. (2013). Evaluación de factores de bienestar bovino en unidades pro-
ductoras de leche de la Empresa Agropecuaria Jimaguayú, en Camagüey, Cuba CYTDES. Universidad Ignacio
Agramonte y Loynaz, Camagüey, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Terraza Gastelúm, T. (2013). Bienestar de las abejas, CYTDES. Universidad Ignacio
Agramonte y Loynaz (3 al 5 de junio), Camagüey, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Núñez Moronte, O. (2013). Introducción al bienestar animal en la Cátedra Honori-
fica “Antonio Núñez Jiménez” de la Naturaleza y el Hombre” II Taller de Cátedras Honorificas. (31 octubre)
Dirección de Extensión Universitaria, Universidad de Camagüey, Cuba.
De Varona Rodríguez, E.; Soto Senra, S. (2013). Evaluación de factores de bienestar bovino en UPL de la Em-
presa Agropecuaria Jimaguayú, XXIII Reunión ALPA y IV Congreso Internacional PAT. (18 al 22 de noviembre)
Palacio de las Convenciones, La Habana, Cuba.
De Varona Rodríguez, E. (2013). El BA desde la Cátedra Honorifica Antonio Núñez Jiménez de la Naturaleza
y el Hombre Taller Docente Educativo de Valores. (6 de diciembre). Universidad de Camagüey.
Martí, J. (2010). Obras Completas. 28 Tomos. CEM, La Habana, Cuba (Soporte Digital).
Soto, S. (2011). Curso postgrado de bienestar y salud bovina. Maestría. Universidad “Ignacio Agramonte”,
Camagüey, Cuba.
126 Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 127
www.worldanimalprotection.org.br