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AO JUÍZO DA VARA FEDERAL DE JUIZ DE FORA MG

VALDECI PACHECO DE AGUIAR, brasileiro, solteiro, motorista, RG MG 8823784 PC, CPF


905 786 356 15, filho de Reni Pacheco de Aguiar, nascido a 24/10/1971, residente e
domiciliado à Rua Acácio Paulino Pinto, 170, Bonsucesso, Juiz de Fora/MG, CEP 36061-
300, vem, perante Vossa Excelência, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA
COM PEDIDO LIMINAR visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como
coator o Sr. Gerente-Executivo da Agência da Previdência Social a ser encontrado na
Agência Riachuelo da Previdência Social, Rua Santo Antônio, 115 - Centro, Juiz de Fora -
MG, 36015-000, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

I – DOS FATOS

O demandante requereu em 02 de novembro de 2020 a apreciação de pedido de


Revisão Administrativa de Benefício por Incapacidade, pelo sítio eletrônico do MEU INSS,
gerando o protocolo de requerimento nº 1401489550, referente ao NB 7065893228

Sucede que até o presente momento não houve análise do pedido da Impetrante.

Desta forma, considerando o decurso do prazo legal para conclusão do processo


administrativo, nos termos do art. 49 da Lei 9.784/99, enseja-se o ajuizamento do writ.

II – DO DIREITO

DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Conforme o artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,


conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
“habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da Lei 12.016 de 2009 ao assegurar que
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

No caso em tela, o direito liquido e certo está sendo violado por ato ilegal do INSS – na
figura do Gerente da APS de – eis que até o presente momento não foi analisado o pedido para
concessão de benefício previdenciário, estando o direito do segurado à razoável duração do
processo e à celeridade de sua tramitação violado.

DO INTERESSE DE AGIR
No presente caso, o interesse processual da Impetrante assenta-se na omissão do
Gerente da APS que até o momento não analisou o pedido para concessão de
aposentadoria, tendo extrapolado o prazo de 30 dias para conclusão do processo
administrativo, sem prestar qualquer justificativa para tanto.

Nessa esteira, evidente a presença do trinômio necessidade-utilidade-adequação que


caracteriza o interesse de agir, na medida em que o ato ilegal emanado pelo Administrador
somente poderá ser reparado pela atuação do Poder Judiciário, por meio do processo,
instrumento útil e adequado para persecução deste fim.

Pelo exposto, denota-se que a omissão e a inércia administrativa, implica grave prejuízo
ao seu direito, e assim configura o interesse de agir.

DO MÉRITO

Vislumbra-se que o processo administrativo decorre do poder do INSS de administrar e


manter benefícios previdenciários, bem como da garantia de petição constitucionalmente
prevista, assegurada aos segurados e dependentes[1].

Nesse contexto, a Lei 9.784/99 regulamenta o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal, de modo que estabelece, em seu art. 49, o prazo de trinta dias
para decisão dos requerimentos efetuados pelos administrados, prazo esse prorrogável por igual
período mediante motivação expressa:

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a


Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
prorrogação por igual período expressamente motivada.

Aliado a isso, uma das garantias constitucionais aplicáveis ao processo administrativo


previdenciário é o princípio da celeridade ou da duração razoável do processo, previsto no art.
5º, inciso LXXVIII, da CF/88:

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados


a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

Outro preceito a ser observado é o princípio da eficiência administrativa, constante no art.


37, caput, da CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Nesse contexto, o TRF da 4ª Região é uníssono ao conceder a segurança pretendida em


casos análogos:

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE


CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DEMORA NA DECISÃO. 1. A razoável
duração do processo, judicial ou administrativo, é garantia constitucional
(art. 5º, LXXVIII). 2. A Lei n. 9.784/99, que regula o processo
administrativo no âmbito federal, dispôs, em seu art. 49, um prazo
de trinta dias para a decisão dos requerimentos veiculados pelos
administrados, prazo esse prorrogável por igual período mediante
motivação expressa, o que não ocorreu no caso. (TRF4 5031488-
12.2019.4.04.7100, SEXTA TURMA, Relator JULIO GUILHERME
BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, juntado aos autos em 27/11/2019)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RAZOÁVEL


DURAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. EXCESSO DE PRAZO.
CONCESSÃO DE ORDEM. LEGALIDADE. 1. A Administração Pública
direta e indireta deve obediência aos princípios estabelecidos na
Constituição Federal, art. 37, dentre os quais o da eficiência. 2. A prática
de atos processuais administrativos e respectiva decisão encontram
limites nas disposições da Lei 9.784/99, sendo de cinco dias o prazo para
a prática de atos e de trinta dias para a decisão. Aqueles prazos poderão
ser prorrogados até o dobro, desde que justificadamente. 3. Não se
desconhece o acúmulo de serviço a que são submetidos os
servidores do INSS, impossibilitando, muitas vezes, o atendimento dos
prazos determinados pelas Leis 9.784/99 e 8.213/91. Ressalte-se,
porém, que "independentemente dos motivos, o exercício dos direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social não pode
sofrer prejuízo decorrente de demora excessiva na prestação do
serviço público, devendo a questão ser analisada com base nos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade" (TRF4, 6ª Turma,
Remessa Necessária n. 5023894-74.2015.4.04.7200, Relatora
Desembargadora Federal Salise Monteiro Sanchotene). 4. Ultrapassado,
sem justificativa plausível, o prazo para a decisão, deve ser concedida a
ordem. (TRF4 5036441-28.2019.4.04.7000, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DO PR, Relator LUIZ FERNANDO WOWK
PENTEADO, juntado aos autos em 28/11/2019)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO


ADMINISTRATIVO. PRAZO RAZOÁVEL. DESCUMPRIMENTO. 1. A
Administração Pública tem o dever de obediência aos princípios da
legalidade e da eficiência, previstos no artigo 37, caput, da Constituição
Federal, devendo ainda observar o postulado do due process of law
estabelecido no inciso LV do artigo 5º da Carta Política. Por outro lado,
desde o advento da EC nº 45/04 são assegurados a todos pelo inciso
LXXVIII do artigo 5º a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. 2. A prática de atos processuais
administrativos e respectiva decisão em matéria previdenciária
encontram limites nas disposições dos artigos 1º, 2º, 24, 48 e 49 da Lei
nº 9.784/99, e 41, § 6º, da Lei nº 8.213/91. 3. Postergada, pela
Administração, manifestação sobre pretensão do segurado, resta
caracterizada ilegalidade, ainda que a inércia não decorra de voluntária
omissão dos agentes públicos competentes, mas de problemas
estruturais ou mesmo conjunturais da máquina estatal. 4. Não é possível
considerar-se inadmissível o mandado de segurança e trancar seu
processamento com base em prazo que foi definido em deliberação
não vinculante pelo Fórum Interinstitucional Previdenciário,
especialmente diante da existência de previsão legal de prazo
menor. 5. Hipótese em que, para não se incorrer em supressão de
instância, anula-se a sentença para o regular processamento do
mandado de segurança. (TRF4, AC 5050041-10.2019.4.04.7100, SEXTA
TURMA, Relatora TAÍS SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em
20/11/2019)

Diante da ausência de análise do requerimento protocolado pela Impetrante, resta


caracterizada a ilegalidade da Autoridade Administrativa, ainda que a inércia não decorra de
voluntária omissão dos agentes públicos competentes.

Com efeito, a Demandante está sendo prejudicada pela demora na análise de seu
pedido. Ademais, não é razoável exigir do segurado a espera indefinida, sem qualquer
justificativa.

Logo, requer seja concedida a segurança, para determinar que a Autoridade Impetrada
decida o requerimento administrativo em prazo não superior a 30 (trinta) dias, sobretudo
tratando-se de direito líquido e certo, que não demanda dilação probatória e que teve o prazo
legal violado.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

No presente caso, o direito está manifestamente comprovado, uma vez que o pedido
administrativo foi feito há mais de 30 (trinta) dias.

No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do processo, há que se atentar


que nos benefícios previdenciários e assistenciais traduz-se um quadro de urgência que exige
pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que o risco de ineficácia do provimento jurisdicional
final. A esse respeito:

O princípio constitucional da imediatidade tem a ver com a própria finalidade da


segurança social: remediar ou ajudar a superar situações que ao serem produzidas por
contingências sociais criam problemas ao indivíduo. Para que o socorro seja
verdadeiramente efetivo, é preciso que a ajuda se realize em tempo oportuno, pois
do contrário perderia muito do seu valor. Se a resposta não for imediata, a missão da
Seguridade será cumprida de forma deficiente.[2]

Portanto, requer seja determinada, liminarmente, a conclusão do requerimento


administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo não superior a 30 dias, sobretudo
tratando-se de direito líquido e certo, que não demanda dilação probatória e que teve o prazo
legal violado.

IV – DO PEDIDO

ISSO POSTO, REQUER:


1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;

2. A concessão tutela de urgência em caráter liminar, para determinar a conclusão do


requerimento administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo não
superior a 30 dias;

3. A notificação da autoridade coatora, Sr. Gerente-Executivo da Agência da Previdência


Social de , a ser encontrado no endereço informado no preâmbulo da exordial.

4. A CONCESSÃO DA SEGURANÇA, a fim de confirmar a tutela de urgência, mediante


a determinação para conclusão do requerimento administrativo pela Autoridade
Administrativa, em prazo não superior a 30 dias.

Nestes termos, pede deferimento.

Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para fins fiscais.

JUIZ DE FORA, 08 de março de 2021.

ARTHUR SILVA MENDONÇA


158915MG

[1] LAZZARI, J.; CASTRO, C.; KRAVCHYCHYN, G. Guia de Prática Previdenciária


Administrativa. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 239.

[2] Ruprecht apud Savaris. Direito Processual Previdenciário. Curitiba: Alteridade,


2018. p. 465/466.

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