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Os filmes surrealistas tem mesmo o que podemos classificar como uma estrutura de
sonho.
“O construto ideológico do que chamam crise da masculinidade, prega ter havido uma
‘era de ouro’ onde os homens poderiam ser homens de verdade, mas tal era foi ceifada
pela pós-modernidade globalista. No entanto, o que se observa, na clínica e na política,
desde sempre homens são assombrados por esse passado viril que, mesmo não tendo
existido de fato, produz subjetividades dispostas a sustentar esse ideal vazio na tentativa
de não ter de se haver com seus próprios limites e seu futuro incerto”.
Neste sentido, tanto Narcissus quanto o sonhador de firework, parecem estar a procura
de homem, mas não qualquer homem, contato que seja viril.
Gozo fálico: lógica da série, aborda-se o outro como objeto, um mais um mais um mais
um...
Gozo não-todo: lógica da singularidade, aborda-se a outra pessoa como sujeito, uma
por uma, em sua singularidade.
A título de exemplo:
Gays do GRINDR ou os ditos heterossexuais curiosos...
(partes do corpo em uma vitrine, o órgão – pode ser o falo – quase deslocado de seu
portador)
- O homem não goza do corpo de outro homem, mas de sua fantasia.
- A sexualidade masculina é fetichista (perversão polimorfa do macho) na medida que
não aborda o outro por si, mas o aborda enquanto objeto.
- Há uma procura compulsiva de um falo e mais um por parte de alguns sujeitos.
É disso que se trata nos encontros fortuitos e apressados em parques, banheiros
públicos, inferninhos e boates.
Mesmo que tenhamos tido avanço no que diz respeito à normalização da
homoafetiviade, certos sujeitos preferem não se identificar sob este nome, ou mesmo
que se identifiquem, somente o conseguem viver de forma acuada ou clandestina.
Uma distinção entre amor e sexo pode ser um tanto démodée, por isso proponho a
distinção entre falta e excesso.
Trago essa distinção à luz da descrição feita pelo próprio Kenneth sobre seu curta: “um
sonhador insatisfeito desperta, sai na noite procurando uma ‘luz’ e mergulha no buraco
de uma agulha. Num sonho dentro do sonho, ele retorna à sua cama ainda mais vazio
do que antes”. Há algo de lesivo da fantasia do sujeito, o corte da garrafa no peito.
Trata-se do vazio suscitado pelo excesso, que não movimenta, mas paralisa. Pois está
mais próximo do fastio e do tédio que do vazio do desejo que nos movimenta em busca
de um objeto que se deseja.
Temos por exemplo os dois últimos que concorrem ao Oscar, os escolho por uma
questão de visibilidade. Moonlight e Me chame pelo seu nome. Pontos geográficos
distintos, realidades sociais e culturais opostas, a homossexualidade é abordada de
maneira mais “normal”, ainda que com pesos, contradições e enfrentamentos distintos
para cada filme.
- Psicanálise:
Narcisismo (Senso comum) X Narcisismo (psicanálise)
O narcisismo não constitui por si só uma patologia, ele é um integrador e protetor da
personalidade e do psiquismo.
É estrutural, todos passam por essas fases no desenvolvimento infantil:
1ª fase: Auto-erotismo (prazer que o órgão retira de si mesmo);
2ª fase: Narcisimo (Todos “tem” narcisismo);
- caminho que a libido (energia pulsional) no processo de constituição do eu.
- narcisismo primário: investimento libidinal no eu. O eu é um dos primeiros objetos de
amor da criança.
- narcisismo secundário: investimento libidinal também no objeto
Para todo término é preciso uma boa dose de narcisismo (tanto no âmbito estético
quanto no que se refere à saúde: cuidados com o próprio corpo, alimentação, higiene...
só é possível fazer isso ao se investir energia no Eu).
“A partir daí, só é possível experimentar-se através do outro.”
Resposta:
- Por mais que ele tome outro por objeto de amor ele o faz de forma narcísica. Freud
justamente dirá que amamos sempre é de forma narcísica.
- Ama-se sempre no outro, o que se é, o que se foi, ou o que se gostaria de ser.
- A criança perde este objeto que foi (eu idealizado) e é na tentativa de recuperá-lo que
ela investirá a libido em objetos esternos.
ENTRAR NO FILME:
- O personagem do filme deseja um objeto que corresponde ao ideal estético
homoerótico de uma época (homens mais novos e sem pelos, por exemplo). Seus
devaneios fazem alusão à um tipo específico.
- Dessa maneira ele não vai ao encontro de outra pessoa, ele vai encontro do objeto de
sua própria fantasia. E este objeto é o que ele foi para Outro no momento de
constituição do seu eu. É assim, que ao ir ao encontro do objeto perdido ele vai ao
encontro, na verdade, desse pedaço de si. Desejamos quem, traz algum traço que nos
remeta a este nosso objeto perdido, ainda que não saibamos qual exatamente é ele,
justamente por ser inconsciente.
- O espelho não é tanto uma experiência que nos mostra a imagem que nós somos, ele
aponta mais para a imagem que nós temos de nós. A anorexia está aí para testificar isso.
Ou o simples fato de no curto espaço de alguns dias nos vermos no espelho e nos
amarmos ora mais ora menos.
- No entanto o objeto não está apenas perdido, ele está para sempre perdido. Por isso
não há a satisfação plena e o que move a vida é mesmo a falta, que podemos também
chamar de desejo. Alguns consentem com essa falta e elegem um objeto específico
como objeto de amor, outros, ao não consentirem com essa falta, podem se lançar
em uma busca sem fim pelo tal objeto. É assim que, por exemplo, na vida de um
determinado sujeito desfilam diversos e diferentes homens, mas é sempre o mesmo
cabelo cacheado.