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Introdução à teoria

das probabilidades
 Introdução
 Conceitos fundamentais
 Conceitos de probabilidade
 Teoremas para o cálculo de probabilidades
 Probabilidade condicional e independência
 Teorema de Bayes

Profª Lisiane Selau 1


 O termo PROBABILIDADE é utilizado todos os dias de forma
intuitiva, pois nos mais variados aspectos da nossa vida está
presente a incerteza:
dizemos que existe uma pequena probabilidade de ganhar a Mega
Sena;
dizemos que existe uma grande probabilidade de chover num dia
carregado de nuvens;
o político quer saber qual a probabilidade de ganhar as próximas
eleições;
o aluno interroga-se sobre qual a probabilidade de obter resultado
positivo num teste múltipla escolha, para o qual não estudou e
responde aleatoriamente.
Todos estes exemplos têm uma característica comum, que é o
fato de não conseguirmos prever com exatidão e de antemão
qual o resultado. No entanto os métodos probabilísticos vão nos
permitir quantificar essa incerteza.
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Divisão da Estatística

 Descritiva
 Inferência

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Matemática Criação de modelos

Estudo dos fenômenos da natureza

Probabilidade Modelos Modelos


Probabilísticos Determinísticos

Experimentos Experimentos
Probabilísticos Determinísticos

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Modelo determinístico: é aquele em que ao conhecermos as
variáveis de entrada é possível determinar as variáveis de saída
(os seus resultados).
 Em experimentos determinísticos existe a certeza do
resultado que ocorrerá
 Física clássica → fenômenos determinísticos
Exemplo: Distância percorrida no tempo em função da velocidade

Modelo aleatório, probabilístico ou estocástico: é aquele em


que, mesmo conhecendo as condições do experimento, não é
possível determinar o seu resultado final.
 Em experimentos aleatórios só é possível determinar a
chance de ocorrência de um resultado.

 Biologia → fenômenos probabilísticos


Exemplo: Sexo de uma criança ao nascer.
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A modelagem de um experimento aleatório implica
em responder três questões fundamentais:

 Quais as suas possíveis formas de ocorrência?

 Quais são as chances de cada ocorrência?

 De que forma se pode calcular essas chances?

Descrição do experimento → ação e observação

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Exemplos:

E1: Ação: jogar um dado de seis faces


observação: face voltada para cima

E2: Ação: selecionar uma carta do baralho


observação: valor e naipe da carta

E3: Ação: lançar uma moeda até que apareça cara


observação: número de lançamentos

E4: Ação: acender uma lâmpada


observação: tempo decorrido até que ela se apague

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Espaço amostral (S)
É o conjunto de todos os possíveis resultados
de um experimento aleatório.

 É o conjunto universo relativo aos resultados


de um experimento.

A cada experimento aleatório está


associado um conjunto de resultados
possíveis ou espaço amostral.

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Exemplos:

E1: Jogar um dado e observar a face voltada para cima.

S1={1,2,3,4,5,6} ← enumerável e finito

E2: Selecionar uma carta do baralho e observar o seu valor


e naipe.

S2={ás de ouro,..., rei de ouro, ás de paus,...,


rei de paus,..., ás de espada,..., rei de espada,
ás de copas,..., rei de copas} ← enumerável e finito
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E3: Lançar uma moeda até que apareça cara e observar o
número de lançamentos.
Cara Coroa Cara Coroa Coroa Cara

1 1 2 1 2 3 ← lançamentos

S3={1,2,3,4,5,...} ← enumerável e infinito

E4: Acender uma lâmpada e observar o tempo


decorrido até que ela se apague.

S4={t; t>0} ← contínuo e infinito

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Evento ou ocorrência: é todo conjunto particular de
resultados de S ou ainda todo subconjunto de S.
 É designado por uma letra maiúscula (A, B, C).
 A todo evento será possível associar uma probabilidade.

Exemplo: Lançamento de um dado

Espaço
S={1,2,3,4,5,6} amostral

A = Ocorrência de face ímpar = {1, 3, 5}


Eventos
B = Ocorrência de face maior que 4 = {5, 6}

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Ponto amostral: é qualquer resultado particular de um
experimento aleatório
 Todo espaço amostral e todo evento são constituídos
por pontos amostrais.

Exemplo: S={1,2,3,4,5,6} ← seis pontos amostrais


A = {1,3,5} ← três pontos amostrais
B = {5,6} ← dois pontos amostrais

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Álgebra de Eventos
Como o espaço amostral S e os eventos são conjuntos, as
mesmas operações realizadas com conjuntos são válidas
para os eventos.

Exemplo: A e B são eventos de S

S
A
S={1,2,3,4,5,6}
B
A={1,3,5}
B={5,6}

Os diagramas de Venn são úteis para dar intuição


geométrica sobre a relação entre conjuntos.
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 Intersecção: Ocorre A∩
∩B, se ocorrer A e B.

S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A = {1, 3, 5}
B = {5, 6}
A∩
∩B = {5}

 União: Ocorre A∪
∪B, se ocorrer A ou B (ou ambos).
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A = {1,3,5}
B = {5,6}
A∪
∪B = {1, 3, 5, 6}
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 Complemento: Ocorre A, se ocorrer S, mas não ocorrer A.

S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A = {1, 3, 5}

A = Ac = {2, 4, 6}

 Diferença: Ocorre A-B, se ocorrer A, mas não ocorrer B.


S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A = {1, 3, 5}
B = {5, 6}
A-B = {1, 3}
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Eventos Especiais
Evento Impossível: é aquele evento que nunca irá ocorrer,
é também conhecido como o conjunto vazio (∅
∅).
 É um evento porque é subconjunto de qualquer conjunto,
portanto é subconjunto de S (∅⊂S).

Exemplo: A1 = {(x, y); x2 + y2 < 0}

Evento Certo: é aquele evento que ocorre toda vez que se


realiza o experimento, portanto, esse evento é o próprio S.
 É um evento porque todo conjunto é subconjunto de si
mesmo (S⊂S).

Exemplo: A2 = {(x, y); x2 + y2 ≥ 0}

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Eventos mutuamente exclusivos
Dois eventos A e B associados a um mesmo espaço
amostral S, são mutuamente exclusivos quando a ocorrência
de um impede a ocorrência do outro (A∩
∩B=∅∅).

Exemplos:
Exp.1. Lançamento de uma moeda e observação do resultado
S={K,C}

A = Ocorrência de cara A = {K}


B = Ocorrência de coroa B = {C}

A e B são mutuamente exclusivos

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Exp.2. Lançamento de um dado e observação da face
voltada para cima

S={1,2,3,4,5,6}

A = ocorrência de um nº ímpar = {1, 3, 5}

B = ocorrência de um nº maior que 4 = {5, 6}

A∩B={5} → A e B não são mutuamente exclusivos

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Exercício: No lançamento de um dado, sejam:
A: saída de uma face par A = {2, 4, 6}

B: saída de uma face menor que 4 B = {1, 2, 3}


S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Determine:

A ∪ B = { 1,2,3,4,6 }
B - A = { 1,3 }
A ∩ B={2}
B ∩ A = { 1,3 }
A ∩ B={5}
A - B = { 4,6 }
A ∪ B={5}
A ∩ B = { 4,6 }
A ∪ B = { 1,3,4,5,6 }
A ∩ A= ∅
A ∩ B = { 1,3,4,5,6 }
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Análise combinatória
Técnicas de contagem → determinar o número de elementos
de um conjunto ou o número de resultados possíveis de um
experimento.

Seja A um conjunto com n elementos distintos entre si.

A = { a, b, c, d }

Se são retirados x elementos do conjunto A é possível


formar grupos de três tipos:

 Permutações
 Arranjos
 Combinações
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(b, c) e (c, b)
ordem A = { a, b, c, d }
(a, b, c) e (a, c, b)

(b, c) e (b, d)
natureza
(a, b, c) e (a, b, d)

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Permutações: grupos que se distinguem apenas pela ordem
dos seus elementos. Todos os grupos têm os mesmos elementos.

n: número de elementos distintos


n x x: número de elementos retirados
x=n

Exemplo: A = { a, b, c, d } n=4 e x=4

Quantas permutações de quatro elementos é possível formar?


{(a, b, c, d) , (a, b, d, c) , (a, c, b, d), (a, c, d, b), ...

Pn = n! P4 = 4! = 24 grupos
{(a, b, c, d), (a, b, d, c), (a, c, b, d), (a, c, d, b), (a, d, b, c), (a, d, c, b),
(b, a, c, d), (b, a, d, c), (b, c, a, d), (b, c, d, a), (b, d, a, c), (b, d, c, a),
(c, a, b, d), (c, a, d, b), (c, b, a, d), (c, b, d, a), (c, d, a, b), (c, d, b, a),
(d, a, b, c), (d, a, c, b), (d, b, a, c), (d, b, c, a), (d, c, a, d), (d, c, d, a)}
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Arranjos: grupos que se distinguem pela ordem e pela
natureza dos seus elementos.

n: número de elementos distintos


n x x: número de elementos retirados
x<n

Exemplo: A = { a, b, c, d } n=4 e x=2

Quantos arranjos de dois elementos é possível formar?


{(a, b) , (b, a) , (a, c) , (c, a), ...

x n! 2 4! 4 × 3 × 2!
A =n A = 4 = = 12 grupos
(n − x)! (4 − 2)! 2!
{(a, b), (b, a), (a, c), (c, a), (a, d), (d, a), (b, c), (c, b), (b, d), (d, b), (c, d), (d, c)}
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Combinações: grupos que se distinguem apenas pela
natureza dos seus elementos.

n: número de elementos distintos


n x x: número de elementos retirados
x<n

Exemplo: A = { a, b, c, d } n=4 e x=2

Quantas combinações de dois elementos é possível formar?

{(a, b) , (a, c) , (a, d), ...

x n! 2 4! 4 × 3 × 2!
C =
n C =
4 = =6 grupos
x! (n − x)! 2! (4 − 2)! 2! 2!
{(a, b), (a, c), (a, d), (b, c), (b, d), (c, d)}
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Permutações → ordem → (x = n)

Pn = n! grupos

Arranjos → ordem e natureza → (x < n)


x n!
A =
n
grupos
(n − x)!

Combinações → natureza → (x < n)

x n!
C =
n
grupos
x! (n − x)!

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Permutação com repetição: entre os n elementos de
um conjunto existem elementos repetidos.

Exemplo: se o conjunto de elementos for composto


pelas letras da palavra ARARA, então as permutações
possíveis serão {ARARA, ARRAA, ARAAR, AARRA,
AARAR, AAARR, RAAAR, RAARA, RARAA, RRAAA}

Como calcular?

Os elementos repetidos precisam ser identificados


por a, b e assim sucessivamente

a,b,c,... n! 5!
P n = grupos
3,2
P
5 = = 10
a! b! c! ... 3! 2!
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Conceitos de probabilidade

Jogos de azar
Conceito clássico ou
probabilidade a priori
Teoria das probabilidades

Laplace (1812) → Teoria Analítica das probabilidades


→ sistematizou os conhecimentos da época
sobre probabilidades

Pierre-Simon Laplace
(1749-1827)
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Conceitos de probabilidade
1.Conceito clássico ou probabilidade a priori
Definição: Seja E um experimento aleatório e S o espaço
amostral a ele associado, com n pontos amostrais, todos
equiprováveis.
Se existe, em S, m pontos favoráveis à realização de um
evento A, então a probabilidade de A, indicada por P(A),
será:
pontos favoráveis
m #A ← número de elementos de A
P(A) = =
n #S ← número de elementos de S
pontos possíveis

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Pressuposições básicas:
1. O espaço amostral S é enumerável e finito.
2. Os resultados do espaço amostral S são todos
equiprováveis.
Exemplo:
Experimento: Lançar uma moeda não viciada duas vezes
e observar a face voltada para cima em cada lançamento.

S = {KK,KC,CK,CC}

P(KK) = P(KC) = P(CK) = P(CC) = 1/4

A = ocorrência de uma cara


A = {KC,CK}
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S = {KK,KC,CK,CC}

A = {KC,CK}

n = número de pontos possíveis = #S=4

m = número de pontos favoráveis à ocorrência de A = #A=2

m #A 2 1
P(A) = = = =
n #S 4 2

A probabilidade de ocorrer uma cara em dois lançamentos


1
de uma moeda não viciada é .
2
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Outra situação:

O espaço amostral se refere ao número de caras que pode


ocorrer em dois lançamentos de uma moeda não viciada.
A = ocorrer uma cara #S=3 S={0,1,2}
A = {1} #A=1 Não é possível usar
o conceito clássico
m #A 1 para calcular a
P(A) = = =
n #S 3 probabilidade de A
As pressuposições foram atendidas?
1
P(0) = P(CC) =
4 Espaço
1
P(1) = P(KC) + P(CK) = amostral não
2 equiprovável
1
P(2) = P(KK) =
4
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Exercício proposto:
Dez estudantes de um colégio são selecionados para formar
a equipe de basquete para a competição.
a) de quantas maneiras diferentes pode ser escolhida
a equipe para entrar no primeiro jogo?
b) quantas dessas combinações incluem um estudante
cujo nome é Afonso?
c) se a escolha é feita por sorteio, qual é a probabilidade
de Afonso fazer parte da equipe neste primeiro jogo?

a) C10,5 = 252

b) C9,4 = 126

c) P(A) = 126 / 252 = 0,5

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Exercício extra:
Retira-se ao acaso duas cartas (sem reposição) de um
baralho completo de 52 cartas. Qual a probabilidade de
obtermos um par de damas?

52!
# S = C52,2 = =1326
50! 2!
4!
A = retirada de duas damas e #A = C4,2 = =6
2! 2!

P(A) = 6/1326 = 0,0045

R: A probabilidade de se obter um par de damas é 0,45%.

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2.Frequência relativa ou probabilidade a posteriori
O conceito de frequência relativa
como estimativa de probabilidade
surgiu através do físico alemão

Richard Von Mises


(1883-1953)

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2.Frequência relativa ou probabilidade a posteriori

Definição: Seja E um experimento aleatório e A um evento.


Se após n repetições do experimento E (sendo n
suficientemente grande), forem observados m resultados
favoráveis ao evento A, então uma estimativa da
probabilidade P(A) é dada pela frequência relativa

m ← ocorrências de A
fr =
n ← repetições de E

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Exemplo: Lançamento de uma moeda honesta.
A = ocorrência de cara
P(A) = 0,5

Repetições do exper. Resultado Ocorrências de A Frequência relativa fr


1 K 1 1
2 C 1 1/2
3 C 1 1/3
4 K 2 2/4
5 C 2 2/5
6 K 3 3/6
7 K 4 4/7
8 K 5 5/8
… … … …
n - m m/n

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f 1

0,5 P(A)

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 n

Estabilização da frequência relativa fr quando n cresce.

Pressuposição: n deve ser suficientemente grande para que se possa


obter um resultado com margem de erro razoável.
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Exercício proposto:

Se os registros indicam que 504, dentre 813 lavadoras


automáticas de pratos vendidas por uma grande loja de
varejo, exigiram reparos dentro da garantia de um ano,
qual é a probabilidade de uma lavadora dessa loja não
exigir reparo dentro da garantia?

m 309 103
f= = = = 0,3801
n 813 271

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3. Conceito moderno ou axiomático

No século XX, Andrei Kolmogorov


conceituou probabilidade através de
axiomas rigorosos, tendo por base a
teoria da medida.

Andrei N. Kolmogorov
(1903–1987)

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3. Conceito moderno ou axiomático

Definição: Se A é um evento do espaço amostral S, então o


número real P(A) será denominado probabilidade da
ocorrência de A, se satisfizer os seguintes axiomas:

Axioma 1. 0 ≤ P(A) ≤ 1

Axioma 2. P(S)=1

Axioma 3. Se A e B são eventos de S


mutuamente exclusivos, então,
P(A∪
∪B) = P(A)+P(B)
A∩
∩B=∅

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 O conceito axiomático não fornece formas e sim
condições para o cálculo das probabilidades.
Os conceitos a priori e a posteriori se enquadram
no conceito axiomático.

Exemplo:
Lançamento de um dado e observação da face
voltada para cima
Primeiro axioma Terceiro axioma
S={1,2,3,4,5,6}
A={2} #A 1
P(A) = = P(A∪
∪B)=P(A)+P(B)
B={1,3,5} #S 6
P(A∪B)=1/6 + 3/6
#B 3
P(A∪
∪B)=? P(B) = =
#S 6 P(A∪B)=4/6

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Exercício: Três cavalos (A, B, C) estão numa corrida. O
cavalo A é duas vezes mais provável de ganhar que B, e o
cavalo B é duas vezes mais provável que C. Qual a
probabilidade de que B ou C ganhe?

S = { A ganha, B ganha, C ganha } ¿ mutuamente exclusivos

P(A) = 2.P(B) e P(B) = 2.P(C)

P(A) + P(B) + P(C) = 1 ⇒ 4p + 2p + p = 1 ⇒ p = 1/7

P(A) = 4/7 e P(B) = 2/7 e P(C) = 1/7

Então P(B∪C) = P(B) + P(C) = 2/7 + 1/7 = 3/7 = 0,4285

R: A probabilidade de que o cavalo B ou o C ganhe a corrida é


42,85%.
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Teoremas para o cálculo de probabilidades

Teorema 1. Se ∅ é um evento impossível, então P(∅


∅)=0.

Teorema 2. Se A é o complemento de A, então P(A)=1-P(A).

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Teorema 3. Se A e B são dois eventos quaisquer, então
P(A-B) = P(A)-P(A∩
∩B).

Demonstração:

P(A) − P(A∩
∩B) = P(A−
−B)

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Teorema 4. Soma das Probabilidades
Se A e B são dois eventos quaisquer, então
P(A∪
∪B) = P(A)+P(B)-P(A∩
∩B).

Demonstração:

P(A)+P(B) − P(A∩
∩B) = P(A∪
∪B)

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Exercício proposto:
A probabilidade de ocorrer um acidente em uma
competição de carros é 0,18; a probabilidade de
chover em um dia de competição é 0,28; e a
probabilidade de ocorrer acidente e chuva em um dia
de competição é 0,08.
Determine a probabilidade de:
0,82 a) não ocorrer acidente na próxima competição;
0,38 b) chover ou ocorrer um acidente na próxima
competição;
0,62 c) não chover e não ocorrer acidente na próxima
competição;
0,20 d) chover, mas não ocorrer acidente na próxima
competição
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Solução: Sejam os eventos
A: ocorrer um acidente em uma competição
B: ocorrer chuva no dia da próxima corrida
∩B: ocorrer acidente e chuva em um dia de competição
A∩

P(A) = 0,18
P(B) = 0,28
P(A∩B) = 0,08

a) P(não ocorrer acidente na próxima competição)

P(A) = 1 – P(A) = 1 – 0,18 = 0,82

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b) P(chover ou ocorrer um acidente)

P(A∪B) = P(A) + P(B) – P(A∩B)


= 0,18 + 0,28 – 0,08
= 0,38

c) P(não chover e não ocorrer acidente)

∩ =

P(A∩B) = P(A∪B) = 1 – P(A∪B) = 1 – 0,38 = 0,62


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d) P(chover, mas não ocorrer acidente )

P(B-A) = P(B) – P(A∩B) = 0,28 – 0,08 = 0,20

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Exercício: Retira-se ao acaso uma carta de um baralho
completo de 52 cartas. Qual a probabilidade de sair um rei
ou uma carta de espadas?

S = { 52 cartas }
A = tirar um rei = { K♣,K♦,K♥,K♠ } e
B = tirar uma carta de espadas = { A♠,2♠, ..., K♠}

P(A∪B) = P(A) + P(B) – P(A∩B)

P(A) = 4/52 e P(B) = 13/52 e P(A∩B) = 1/52

Então P(A∪B) = 4/52 + 13/52 – 1/52 = 16/52 = 0,3076

R: A probabilidade de se retirar um rei ou uma carta de espadas é


30,76%.
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Probabilidade condicional e independência
Sejam A e B dois eventos associados a um mesmo espaço
amostral S. Se A e B não são eventos mutuamente
exclusivos (A∩
∩B ≠ ∅), então A e B poderão ser eventos
independentes ou condicionados.

Exemplo:
Experimento: Uma caixa contém cinco bolas equiprováveis,
sendo três azuis e duas brancas. Duas bolas são retiradas,
uma a uma, e suas cores são observadas.
duas bolas

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Definimos, então, dois eventos:
A1: a primeira bola é azul
B2: a segunda bola é branca
As probabilidades dos eventos A1 e B2 serão calculadas em duas
situações: retiradas sem e com reposição da primeira bola.

Situação 1. Consideremos que a primeira bola retirada não é


reposta → retirada sem reposição

S = {B, B, A, A, A} ← enumerável, finito e equiprovável

A1 = {A, A, A }
# A1 3
P(A 1 ) = =
#S 5
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A probabilidade do B2 depende da ocorrência ou não do A1?

 Se ocorreu A1, então temos P(B2/A1)

S = {B, B, A, A} # B 2 /A 1 2
P(B 2 /A 1 ) = =
B2/A1 = {B, B} #S 4

 Se não ocorreu A1, então temos P(B2)

S = {B, A, A, A } # B2 1
P(B 2 ) = =
B2 = {B} #S 4

Se a bola não for reposta, a probabilidade de ocorrência do


B2 fica alterada pela ocorrência ou não do A1
P(B2/A1) ≠ P(B2)
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Eventos condicionados
Definição: dois eventos quaisquer, A e B, são condicionados
quando a ocorrência de um altera a probabilidade de
ocorrência do outro.

A probabilidade condicional de A é denotada por

P(A/B)

(lê-se probabilidade de A dado que ocorreu B)

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A1: a primeira bola é azul
B2: a segunda bola é branca

Situação 2. Consideremos que a primeira bola retirada é


reposta antes de tirar a segunda → retirada com reposição.

S = {B, B, A, A, A}
# A1 3
P(A 1 ) = =
A1 = {A, A, A } #S 5

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A probabilidade do B2 depende da ocorrência do A1?

 Se ocorreu A1, então temos P(B2/A1)


S = {B, B, A, A, A } # B 2 /A 1 2
P(B 2 /A 1 ) = =
B2/A1 = {B, B} #S 5

 Se não ocorreu A1, então temos P(B2)


S = {B, B, A, A, A }
# B2 2
B2 = {B, B} P(B 2 ) = =
#S 5

Se a bola for reposta, a probabilidade de ocorrência do B2


não é alterada pela ocorrência ou não do A1
P(B2/A1) = P(B2)
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Eventos independentes

Definição: Dois eventos quaisquer, A e B, são independentes


quando a ocorrência de um não altera a probabilidade de
ocorrência do outro.

P(A/B)=P(A) e P(B/A)=P(B)

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Teorema do Produto das Probabilidades
Se A e B são dois eventos quaisquer, então

P( A ∩ B ) P( A ∩ B )
P(B/A ) = P( A / B ) =
P( A ) P(B )

P(A∩
∩B) = P(A) P(B/A) P(A∩
∩B) = P(B) P(A/B)
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Caso particular:
P(B/A)=P(B) e P(A/B)=P(A)
A e B são independentes ⇔
P(A∩B)=P(A) P(B)

mutuamente Grau máximo de dependência


exclusivos entre dois eventos: a
ocorrência de um impede a
A∩
∩B=∅
∅ ocorrência do outro

Condicionados: a ocorrência de
não um altera a probabilidade de
mutuamente ocorrência do outro
exclusivos
Independentes: a ocorrência de
A∩
∩B ≠ ∅ um não altera a probabilidade
de ocorrência do outro
Profª Lisiane Selau 59
Exercício: Dois dígitos são selecionados aleatoriamente de
1 a 9 sem repeti-los. Se a soma é par encontre a
probabilidade de ambos os números serem ímpares.

# S = C9,2 = 36

A = ambos são ímpares ⇒ #A = C5,2 = 10


B = soma é par ⇒ #B = C5,2 + C4,2 = 10 + 6 = 16

A∩B = ambos ímpares com soma par


⇒ # A∩B = C5,2 = 10
P(A ∩ B) 10/36 10
P(A/B) = P(B) = 16/36 = 16 =0,625

Profª Lisiane Selau


Teorema da Probabilidade Total e
Teorema de Bayes
Seja S um espaço amostral, com n partições, onde está
definido o evento A.

B2

B1 Evento de interesse
A

B3
n=3
B1∪ B2∪ B3 = S
B1∩ B2 = ∅
Thomas Bayes B1∩ B3 = ∅ B i∩ B j = ∅
(1702 –1761)
B2∩ B3 = ∅
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Exemplo: Em uma fábrica de parafusos, as máquinas 1, 2
e 3 produzem 25%, 35% e 40% do total produzido. Da
produção de cada máquina, 5%, 4% e 2%, respectivamente,
são defeituosos.
S = produção total da fábrica
B1 = produção da máquina 1
B2 = produção da máquina 2
B3 = produção da máquina 3
A = produção defeituosa

Se escolhemos ao acaso um
parafuso desta fábrica, qual é a
probabilidade de que este parafuso
seja defeituoso?
P(A) ?
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B1∩ A B2∩ A B3∩ A

A = (B1∩A) ∪ (B2∩A) ∪ (B3∩A) P(A) = ?

P(A) = P[(B1∩A) ∪ (B2∩A) ∪ (B3∩A)] = P(B1∩A) + P(B2∩A) + P(B3∩A)

P( A ∩ B) P(B1∩A) = P(B1) . P(A/B1)


P( A/B) =
P(B)
P(B2∩A) = P(B2) . P(A/B2)
P( A ∩ B) = P(B) . P( A/B) P(B3∩A) = P(B3) . P(A/B3)

P(A) = P(B1) . P(A/B1) + P(B2) . P(A/B2) + P(B3) . P(A/B3)


Profª Lisiane Selau 63
P(A) = P(B1) . P(A/B1) + P(B2) . P(A/B2) + P(B3) . P(A/B3)
Exemplo: Em uma fábrica de parafusos, as máquinas 1, 2 e 3
produzem 25%, 35% e 40% do total produzido. Da produção de cada
máquina, 5%, 4% e 2%, respectivamente, são defeituosos.

P(B1)=0,25
P(B2)= 0,35
P(B3)= 0,40

Probabilidade de ser defeituoso dado que foi fabricado pela máquina 1


→ P(A/B1) = 0,05
Probabilidade de ser defeituoso dado que foi fabricado pela máquina 2
→ P(A/B2) = 0,04
Probabilidade de ser defeituoso dado que foi fabricado pela máquina 3
→ P(A/B3) = 0,02
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P(B1)=0,25 P(A/B1) = 0,05

P(B2)= 0,35 P(A/B2) = 0,04

P(B3)= 0,40 P(A/B3) = 0,02

P(A) = P(B1) . P(A/B1) + P(B2) . P(A/B2) + P(B3) . P(A/B3)


P(A) = 0,25 . 0,05 + 0,35 . 0,04 + 0,40 . 0,02

P(A) = 0,0345 3,45% da produção de parafusos da fábrica é defeituosa

Teorema da Probabilidade Total:


P(A) = P(B1) . P(A/B1) + P(B2) . P(A/B2) +...+ P(Bn) . P(A/Bn)
n
P(A) = ∑ P(B i ).P(A/B i )
i =1
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B1 = máquina 1
B2 = máquina 2
B3 = máquina 3

Escolhe-se ao acaso um parafuso e verifica-se que ele é


defeituoso. Qual é a probabilidade de que seja da
máquina 1, da máquina 2 e da máquina 3?

Máquina 2

Máquina 1 Máquina 3

P(B1/A) = ? P(B2/A) = ? P(B3/A) = ?


Profª Lisiane Selau 66
Qual é a probabilidade de ocorrer B1,
P(B1/A)
sabendo-se que ocorreu A?

Probabilidade condicionada:
P(B1/A) = ?

P(B 1 ∩ A) P(B1 ∩ A) = P(B1) . P(A/B1)


P(B1/A) = 3
P(A) P(A) = ∑ P(B i ).P(A/B i )
i=1

Teorema de Bayes
P(B i ).P(A/B i )
P(Bi /A) = n

∑ P(B ).P(A/B )
i=1
i i

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Exemplo: Em uma fábrica de parafusos, as máquinas 1, 2
e 3 produzem 25%, 35% e 40% do total produzido. Da
produção de cada máquina, 5%, 4% e 2%, respectivamente,
são defeituosos.
B1 = produção da máquina 1
B2 = produção da máquina 2
B3 = produção da máquina 3
A = produção defeituosa
Escolhe-se ao acaso um parafuso e verifica-se que ele é
defeituoso. Qual é a probabilidade de que seja da
máquina 1, da máquina 2 e da máquina 3?
P(B2/A)

P(B3/A)
P(B1/A)

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Solução: P(B1)=0,25 P(B2)= 0,35 P(B3)= 0,40
P(A/B1) = 0,05 P(A/B2) = 0,04 P(A/B3) = 0,02

P(B1 ).P(A/B1 ) 0,25.0,05


P(B1/A) = = = 0,3623
P(A) 0,0345

P(B2 ).P(A/B 2 ) 0,35.0,04


P(B2 /A) = = = 0,4058
P(A) 0,0345

P(B3 ).P(A/B3 ) 0,40.0,02


P(B3 /A) = = = 0,2319
P(A) 0,0345

Se o parafuso é defeituoso, a
probabilidade de ter sido fabricado pela
Máquina 1 é 0,3623; pela Máquina 2 é
0,4058 e pela Máquina 3 é 0,2319
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Exercício:
Em uma certa comunidade, 6 % de todos os adultos com mais
de 45 anos têm diabetes. Um novo teste diagnostica
corretamente 84% das pessoas que têm diabetes e 98% das
que não tem a doença.
a) Qual é a probabilidade de uma pessoa diagnosticada como
diabética no teste, ter de fato a doença? 0,7283
b) Qual é a probabilidade de uma pessoa que faça o teste seja
diagnosticada como não diabética? 0,9308

DD – 0,84
D – 0,06
DND – 0,16

DD – 0,02
ND – 0,94
DND – 0,98

Profª Lisiane Selau 70


DD – 0,84
D – 0,06
DND – 0,16

DD – 0,02
ND – 0,94
DND – 0,98
a) Qual é a probabilidade de uma pessoa diagnosticada
como diabética no teste, ter de fato a doença?
P(D).P(DD/D)
P(D/DD) =
P(D).P(DD/D) + P(ND).P(DD/ND)
0,06 × 0,84 0,0504 0,0504
= = = = 0,7283 = 72,83%
(0,06 × 0,84) + (0,94 × 0,02) 0,0504 + 0,0188 0,0692

b) Qual é a probabilidade de uma pessoa que faça o


teste seja diagnosticada como não diabética?

P(DND) = P(D).P(DND/D) + P(ND).P(DND/ND)


= 0,06 × 0,16 + 0,94 × 0,98 = 0,0096+0,9212 = 0,9308 = 93,08%
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