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AULA 1

FISICA QUÂNTICA
E CONSCIÊNCIA

Prof. Paulo Roberto Dantas


TEMA 1 – A NOVA FÍSICA

1.1 Introdução

A física é uma ciência que trata dos fenômenos da natureza, até por isso o
nome tem origem no grego que é physis, que quer dizer natureza.
É difícil dizer a origem da física, pois ela surge quando o homem passa a
questionar e buscar explicações dos fenômenos da natureza sem uma causa
mística. Inicialmente era uma ciência de causa e efeito, ou seja, o estudo de como
se comporta a natureza, como está organizada e quais leis a regem.
A física objetiva compreende as relações da matéria na sua maior
intimidade, no comportamento das partículas elementares como a resultante no
todo.
No último século, surgiram muitos estudos que revolucionaram a física, por
isso fazemos uma divisão bastante direta sobre o que se estudava na física até
final do século XIX, costumeiramente chamada de física clássica, período que
revelou grandes nomes, sendo o maior deles o físico, astrônomo e matemático
(entre outras habilidades) inglês Isaac Newton.
O físico e professor português Dr. Augusto José dos Santos Fitas, professor
de física, história e filosofia da ciência na Universidade de Évora, fez o seguinte
comentário sobre as ideias de espaço e tempo apresentadas no Principia de
Newton: a hipótese do espaço e tempo absoluto constituiu uma necessidade
teórica sobre a qual se construiu toda a física clássica (Fitas, 1996, p. 13).

Saiba mais

O livro Principia, de Newton, reflete esse pensamento na obra a seguir:

VERLET, L. La Malle de Newton, Paris: Editions Gallimard, 1993, p. 35

1.2 Física clássica

A física desenvolvida antes do advento da teoria quântica e da relatividade


é muitas vezes chamada de física newtoniana e se desenvolveu até o fim do
século XIX, englobando a mecânica clássica, Leis de Newton, eletromagnetismo
e termodinâmica clássica. Na chamada física newtoniana (praticamente a física
que aprendemos no ensino médio), espaço e tempo eram tidos como absolutos e
tudo obedecia à tridimensionalidade espacial (altura, largura, comprimento).
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Nesse período chamado clássico foram desenvolvidos os estudos que
analisam o movimento de um corpo, as forças que nele atuam e as variações de
energia.
Galileu Galilei (1564-1642) foi uma das personagens mais importantes
(além de Newton) no desenvolvimento de estudos sobre movimento. Aliás, foi ele
quem deu início à lei dos corpos e ao princípio da inércia. Esses estudos
culminaram com Isaac Newton (1643-1727), que, além de físico, era também
excelente matemático e praticamente fecha a física clássica na sua obra
Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, livro em que descreve princípios
fundamentais da física como a lei da gravitação e as três leis que levam o seu
nome as três leis de Newton.
É bom lembrar que a física clássica tem resultados previsíveis e funcionais
para objetos que se movimentam muito abaixo da velocidade da luz.

1.3 Física moderna

Chamamos de moderna a física desenvolvida no século XX, tendo como


ícones principais os estudos da mecânica quântica e a teoria da relatividade. Os
desdobramentos dessas teorias levaram a um novo pensamento sobre espaço e
tempo, a uma nova concepção de tempo e comportamento da matéria quando
observada em sua pedra fundamental, ou seja, nas partículas.
A física moderna fez uma revolução no entendimento da construção da
realidade, já que colocou em questionamento as noções de espaço, tempo, efeito
observador, quantidade, simultaneidade, localização e outros.
Os principais atores desse novo cenário na ciência foram Max Planck e
Albert Einstein. A física moderna não invalidou a física clássica, obviamente,
apenas muitas das leis utilizadas necessitam de complemento quando lidamos
com o comportamento das partículas muito pequenas ou velocidades muito altas.
A teoria da relatividade de Einstein não somente desconfiou do absolutismo do
tempo como apresentou uma adequação matemática para distintos observadores
de um mesmo evento quando em altíssimas velocidades.
O físico teórico britânico Paul Adrien Maurice Dirac (1902-1984) afirmou
assertivamente que “a noção intuitiva do mundo clássico não faz nenhum sentido
neste mundo quântico” (Botelho, 2012). Realmente, analisando pela recíproca,
levar os efeitos do mundo quântico para nossa realidade clássica ainda está longe
de ser totalmente relacionada.

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Saiba mais

O físico quântico inglês Paul Adrien Maurice Dirac foi considerado por
alguns críticos como o maior de todos os físicos quânticos. Acesse o link a seguir
e leia a reportagem:
BOTELHO, L. C. Albert Einstein foi o Isaac Newton da física moderna.
Jornal GGN, 27 dez. 2012. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/fora-
pauta/albert-einstein-foi-o-isaac-newton-da-fisica-moderna/>. Acesso em: 27 fev.
2020.

1.3.1 Física quântica

No final do século XIX, os físicos tinham a impressão de que toda física já


tinha sido estudada, ou seja, que a física havia acabado. Contudo em 1899 um
físico alemão chamado Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) apresentou
estudos sobre uma nova constante universal utilizada para calcular a energia do
fóton, cujo nome é constante de Planck. Um ano depois, esse mesmo cientista
descobria a lei da radiação térmica. Com esses estudos, concluía-se então que a
energia não era linear, ela pulsava, ou seja, era quantizada e nascia assim a física
quântica.
Muitas vezes encontramos estudos com o tema física quântica e noutras
vezes como mecânica quântica. Para melhor compreensão, a física quântica é o
estudo que discorre sobre as interações entre matéria e energia em escalas muito
pequenas – podemos usar alegoricamente o termo mundo micro, ou seja,
dimensões atômicas.
Já a mecânica quântica discorre seus estudos sobre o movimento das
pequenas partículas. Ocorre que, nesse mundo das partículas e subpartículas, o
mundo do muito pequeno começam a surgir efeitos (chamados de efeitos
quânticos) de difícil compreensão no nosso mundo macro, por exemplo, a
dificuldade de determinar a posição e a velocidade da partícula ao mesmo tempo.
Esse estudo chama-se Princípio da Incerteza de Heisenberg.
Enfim, a mecânica quântica estuda os sistemas físicos de dimensões
extremamente pequenas, próximas ou abaixo das dimensões atômicas, e
compreende as partículas e subpartículas dos átomos.

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TEMA 2 – O MUNDO DAS PARTÍCULAS

Para entender a mecânica quântica, é necessário penetrar no mundo das


partículas e compreender alguns de seus comportamentos.
Partícula é uma porção determinada de massa e, como o próprio nome diz,
ela é particular, não um conjunto. Todavia, dependendo do referencial, podemos
tratar um objeto grande como uma pedra de partícula ou apenas um próton.
Partícula fundamental é uma partícula que não possui uma subestrutura.
Nesse caso, também chamamos de partículas elementares, que são constituídas
além e aquém das leis da física clássica.
Não estão necessariamente expostas às condições espaço-temporais que
percebemos e podem não obedecer a regras espaço-temporais. As leis de espaço
e tempo que conhecemos somente surgem quando as partículas se juntam.
Somente está sujeita ao espaço-tempo a matéria (que é uma soma de partículas),
depois de um determinado conjunto de subpartículas e partículas. Antes disso,
elas não estão sujeitas ao tempo que percebemos.

2.1 Subpartículas

Embora o termo partícula profira algo fundamental, ao aprofundar na sua


essência, percebemos que elas não são indivisíveis e nem tão fundamentais,
assim as três partículas tidas como singulares já não são expressas somente
como prótons, nêutrons e elétrons, mas sim em três grupos: hádrons, léptons e
bósons.

2.1.1 Hádrons

Hadrons em grego quer dizer pesados e são partículas formadas por


quarks, como os prótons e os nêutrons.
O quark é uma partícula elementar que podemos chamar de o primeiro
tijolinho constituinte da matéria. Cada próton e cada nêutron são compostos por
três quarks. Eles não são observados separadamente, ou seja, isolados,
fenômeno chamado de confinamento.
Há seis tipos de quarks conhecidos (possivelmente só existam estes),
chamados de up, down (esses dois possuem as menores massas dos seis)
strange, charm, bottom e top.

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Acontece que os quarks up e down são mais estáveis, por isso são mais
facilmente encontrados no universo (mais comuns). Já os quarks strange, charm,
bottom e top têm vida curta, são mais pesados e sofrem um processo chamado
de decaimento, processo de mudança de um estado de maior massa para um
estado de menor massa.

2.1.2 Léptons

Já os léptons, termo também proveniente do grego, que quer dizer leve,


são partículas que contrariam aos hádrons. São partículas que interagem com
força fraca comparada aos hádrons. Temos como léptons o elétron, o múon e o
tau.
O elétron já é bem conhecido por nós, pois, juntamente com o próton e o
nêutron, faz parte do clã de partículas que normalmente conhecemos no início dos
estudos de física clássica. Além disso, o elétron está muito presente em nosso
cotidiano, pois ele é primordial em fenômenos físicos como a eletricidade e o
magnetismo. Sabemos também que os elétrons são essenciais em muitas
aplicações tecnológicas, tais como a eletrônica, a soldagem, os tubos de raios
catódicos, a microscopia eletrônica, a radioterapia, os lasers, os detectores de
radiação ionizante e os aceleradores de partículas. Os elétrons são atores muito
presentes na natureza. Das quatro forças fundamentais da natureza, eles estão
presente no relacionamento com as três, que são a força eletromagnética, a força
fraca e a gravitacional.

2.1.3 Bósons

Bósons são uma família ou classe de partículas. O nome bósons é em


homenagem ao grande físico e matemático indiano Satyendra Nath Bose (1894-
1974), são partículas que possuem spin inteiro. Entre os bósons famosos estão
os fótons e glúons. Os bósons são muitas vezes conhecidos como partículas de
relacionamento, pois transportam forças, por isso estão sempre associados a
elas.
Os glúons, por exemplo, são bósons que unem os quarks que se juntam
para formar prótons e os nêutrons. Cada um é formado por três quarks.
Os bósons são os responsáveis pela produção da massa das partículas.
Essa foi, a partir do século passado, uma das grandes buscas dos físicos, como

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as massas dos átomos (prótons e nêutrons) são formadas. Este é o elo perseguido
pela física moderna, a passagem da energia para matéria. Inicialmente
conhecemos bem uma formula E = mc 2, em que está descrito que energia é a
massa multiplicada pelo quadrado da constante da velocidade da luz. Isso foi um
grande salto elaborado por Albert Einstein, todavia, quando se mergulha nesta
transformação e sobretudo no inverso (energia para massa), há de se considerar
os estágios de transformação da energia até se tornar matéria e os agentes que
fazem essa metamorfose. É aí que entra o papel fundamental do bóson.
Não podemos deixar de falar no mais famoso dos bósons, que é o bóson
de Higgs, o qual, teoricamente, surgiu com o advento do Big Bang. Ele é a
explicação que faltava para responder à origem da massa de todas as partículas.
Em 2013, em função de experimentos em aceleradores de partículas, foi
detectada e confirmada a existência desse bóson.

2.2 Classificação das partículas atômicas mais conhecidas

Já sabemos que átomo não é uma partícula indivisível, mas, pelo contrário,
ele é bastante divisível, sendo suas partículas, com as quais estamos já bem
acostumados, o próton, o nêutron e o elétron e que estes também são formados
por outras subpartículas e a cada dia podem surgir mais. Prefiro dar aqui o nome
de entes, já que muitas podem ser virtuais ou ter tempo de duração muito
pequeno, transformando-se em outra, devido a um decaimento de energia nela.
Resumindo, vamos apresentar as três subpartículas tidas como
fundamentais na formação da composição das partículas do átomo.
 Quarks: são divididos em: positivos como o up, charm e top, e negativos
como o down, stange e bottom.
 Léptons: eles podem ser divididos em elétrons, múons, taus e neutrinos.
 Bósons: o bóson W, bóson Z, fóton e glúon
Lembramos que todas as partículas possuem suas antipartículas, as quais
são exatamente iguais, porém com carga oposta.

A seguir, uma relação um pouco mais completa das subpartículas mais


conhecidas:
 Baryons – Hádrons que consistem de 3 quarks;
 Bósons – Partículas que suportam as forças físicas básicas;

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 Férmions – Todas as partículas com spin 1/2 ou 3/2. Exemplos incluem
léptons e baryons;
 Glúons – Bósons que suportam intensas forças entre dos quarks;
 Grávitons – Bósons que se supõe suportar as forças gravitacionais. Essas
partículas já vêm sendo observadas;
 Hádrons – Todas as partículas que são compostas pelos quarks;
 Léptons – Partículas que foram encontradas fora do núcleo. Existem seis
tipos de léptons: elétrons, múons, taus e os respectivos neutrinos;
 Mésons – Hádrons formados por um quark e antiquarks;
 Múons – Léptons que são menos pesados que os elétrons. Embora essas
partículas existam desde os primeiros instantes da formação do universo,
elas agora existem apenas em partículas aceleradas e raios cósmicos;
 Neutrinos – Partículas sem carga elétrica e com nenhuma ou pouca massa;
 Photons – Bósons que carregam força eletromagnética. São as partículas
que compõem a luz;
 Quarks – Partículas que compõem os nêutrons e os prótons;
 Taus – São léptons mais pesados. Hoje essas partículas podem apenas
ser encontradas em partículas aceleradas e em raios cósmicos, embora
fossem abundantes no início da formação do universo;
 Vector mésons (Também chamados de W+, W- e Z bósons) – Bósons que
carregam fracas forças, responsáveis por alguns tipos de decaimentos
radioativos (Wikipedia, 2020).

É importante lembrar que a relação de subpartículas muda a cada nova


descoberta.

2.3 Spin

O spin é uma característica das partículas; é praticamente o momento


angular do elétron, o movimento que o elétron realiza em torno de seu próprio
eixo. O nome spin, que, traduzido do inglês, é giro, se aplica não somente ao
elétron, mas também às possíveis orientações que partículas subatômicas
carregadas apresentam quando submetidas a campos magnéticos.

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Saiba mais

Spin em inglês traduz como giro e refere-se à orientação de subpartículas


subatômicas carregadas – no caso, nos referimos ao elétron

No caso do elétron, o spin está ligado com um campo magnético, como o


produzido por um imã, e esse campo está alinhado ao seu eixo de rotação.
Então um elétron age como se tivesse polaridade (polo sul e polo norte) e
assim como a Terra gira em torno do eixo que liga seus polos, um elétron também
o faz, tendo uma orientação magnética que chamamos de spin.
Quando a rotação é de oeste para leste, dizemos que ele aponta para cima;
quando é de leste para oeste, dizemos que o spin aponta para baixo.
Os elétrons podem ter seus spins orientados para direções diferentes. Num
campo magnético, elétrons com spins para cima e para baixo têm energias
diferentes.
O spin é chamado de o quarto número quântico de um átomo e muitas
vezes ilustramos como um pião que gira sobre se próprio eixo.

Figura 1 – Ilustração do spin do elétron

Fonte: Zef Art/Shutterstock.

2.3.1 Comportamento curioso dos spins

Quando dois elétrons compartilham uma camada quântica, os spins terão


sentidos contrários e isso se dará além do espaço e tempo, ou seja,

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independentemente de onde estejam, um spin saberá sempre o sentido do outro,
para dessa forma definir qual o sentido que ele assumirá.
Exemplificando, ao chegar a um átomo, ou melhor, a uma camada
energética (que são as órbitas eletrônicas divididas por níveis de energia em torno
do núcleo atômico, também chamada de eletrosfera), o elétron ocupará uma órbita
que fica em uma das camadas quânticas secundárias (subníveis de energia: s, p,
d, f), obviamente pertencente a uma das camadas quânticas principais (K, L, M,
N, O, P e Q). Cada órbita comporta somente dois elétrons. Esses dois elétrons
sempre terão spins contrários, ou seja, não há como fazer diferente, pois os dois
elétrons sempre terão sentido contrário. É como se eles se comunicassem além
do espaço e tempo. Quando um elétron ocupa uma órbita, ele jamais assume uma
rotação igual ao seu par (é claro, desde que haja um elétron nessa órbita). É como
se eles tivessem uma comunicação subliminar. Ainda não temos uma matemática
ou uma explicação de senso comum que possa responder a isso, mas
especulações não faltam. As partículas têm uma forma de comunicação
atemporal, podem efetivamente estar em dois lugares ao mesmo tempo e, mesmo
que separadas, mantêm uma comunicação intima com as outras. Por exemplo, os
fótons, se criarmos por meio de um prisma uma duplicação de fótons, o que às
vezes chamam de fótons gêmeos (são divididos quando incidem em um prisma),
eles mudam sua rotação se o seu par mudar. Pode parecer estranho isso, mas é
a natureza quântica. Talvez ela tenha uma outra concepção onde espaço e tempo
são irrelevantes.

TEMA 3 – AS PARTÍCULAS E O TODO

Como estamos começando a ver, as partículas têm um estranho


comportamento, e pouco ainda entendemos como isso se reflete em nossa vida,
em nosso comportamento. Por isso, ao conhecer o mundo das partículas,
estamos buscando o autoconhecimento, pois somos feitos de partículas e
subpartículas que têm comportamento curioso.
É importante esse aprofundamento. Somos compostos dessa matéria que
acima iniciamos a introduzir, com suas partículas, subpartículas, energia e forças.
Entender esses comportamentos é entender como funcionamos amiúde, ou seja,
é entender nosso comportamento, pois são essas estranhas partículas com suas
estranhas reações que utilizamos para construir o que chamamos de real, ou seja:

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 Nosso meio;
 Nossos comportamentos;
 Nossos relacionamentos.

3.1 Ondas

Um conceito fundamental a introduzir quando falamos de realidade e dos


construtos da mecânica quântica é o conceito de onda, que é a forma como se
propaga a energia, como ela é transportada. Mas o que é uma onda:

 É uma versão da partícula;


 É um estado da matéria;
 É um estado não particular da matéria;
 É mais um conceito do que uma entidade;
 Ondas são efeitos e não causas.

3.1.1 Tipos de ondas

Temos a onda mecânica: são ondas que necessitam de um meio material


para se propagar como a água, o ar, uma corda. O som é uma onda mecânica
A onda eletromagnética não precisa necessariamente de um meio, pois
pode se propagar até no ar, na água, num condutor metálico e até no vácuo etc.
As ondas de rádio e a luz solar são ondas eletromagnéticas.

3.2 Formas de ondas

As ondas podem ser: longitudinais, quando a onda se propaga na mesma


direção à do movimento, como uma mola que vibra na mesma direção do seu
movimento. Ou ainda transversais, quando a onda se propaga
perpendicularmente ao movimento que a causa, como uma pedra quando cai na
água.

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Figura 2 – Ondas longitudinais e transversais

Fonte: Vector Meine/Shutterstock.

Temos ainda a dimensionalidade das ondas:

 Unidimensional é quando se movimentam numa única direção;


 Bidimensional é quando se movimentam num plano;
 Tridimensional é quando se propagam em todas as direções espaciais.

TEMA 4 – REALIDADE

O que é a realidade? De um modo simplista, é o que está à nossa volta,


sob os alicerces das dimensões espaço (três dimensões) e temporal (uma
dimensão). Ao depararmos com as coisas reais à nossa volta, fazemos de
imediato um processo de reconhecimento de fatos. Entramos em choque (ou
colisão) com objetos, comportamentos, pessoas etc. E significamos cada coisa
que observamos. Ou seja, entramos em choque. A física quântica aponta que o
observador muda a função de onda (muda a função da frequência que se propaga
e que está em todas as coisas), por isso se introduziu a palavra colapso, que é o
encontro do observador modificando a função da onda. Então a realidade é a
resultante daquilo que possivelmente existiria sem nós, mas agora modificado já
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que o observador mudou a função de onda, modificou a função da frequência de
tudo que existe a sua volta.
Voltando à realidade. A formação da nossa realidade então é edificada por
meio da resultante do colapso (encontro) de nossas percepções como observador
com tudo que carregamos na nossa consciência. Podemos sugerir então que:

 Ondas: estão no mundo das percepções;


 Partículas: quando colapsamos, quando entramos em contato, quando é
palpável, quando já tomamos consciência.

4.1 Pedra fundamental

Diante do que vimos do mundo das partículas, subpartículas e ondas, a


física quântica vai tomando corpo nessa discussão e nessa caminhada que
objetiva penetrar na mecânica da consciência instrumentalizados pelos estudos
desenvolvidos na formação do todo, ou melhor, com os estudos da nossa própria
essência, da energia a matéria e seus mediadores. Para melhor ter uma ideia,
nossa interferência é extremamente efetiva e decisiva no comportamento da
matéria e de toda realidade, sobretudo por meio dos quanta (plural de quantum),
que nada mais é que uma quantidade discreta de energia que emitimos e
recebemos quando em contato com algo. Trocamos quanta com tudo o que
observamos e a todo momento.
Complementando o que já falamos, um elétron, ao ganhar ou perder
energia (por exemplo, quando aquecemos um material, quando incidimos luz etc.
ou até quando tocamos), estamos transferindo/trocando energia com os átomos
dessa matéria. Aliás, há diversas formas de trocar energia. Essa troca é feita com
base nos quanta (pacotes de energia) que trocamos com os elétrons do átomo.
Esses elétrons estando com mais energia (quando recebem) mudam de camada
na eletrosfera dos átomos. Se ganham energia, vão para camadas onde o nível
de energia é maior, mas quando perdem, ou melhor, quando doam energia, saltam
para uma camada onde o nível de energia é menor. Vamos nos acostumando a
entender que as camadas ou orbitais em torno do núcleo atômico são, na verdade,
degraus de energia. Os degraus ou camadas mais energéticas são aquelas mais
distantes do núcleo, consequentemente a recíproca é verdadeira, isto é, quando
perdem energia (doam), aproximam-se mais do núcleo atômico.

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É importante observar que esse é um processo fundamental da física
quântica e retornaremos a esse tema sempre que necessário, para fixação e
entendimento. Veja:

 Um quantum de luz chama-se fóton, que é uma quantidade discreta e


indivisível de energia;
 É a quantidade de energia emitida ou absorvida;
 É igual a um múltiplo inteiro de uma quantidade mínima de energia que
denominou quantum elementar.

Para entender melhor, tem-se que o quantum = h.f; e o plural, ou seja,


vários quantum é dado por: quanta = n.h.f

 O valor h é uma constante descoberta pelo físico Ernst Planck, então o


quanta é h multiplicado pela frequência f;
 O h vale 6,626 bilionésimos de bilionésimos de bilionésimos de potência
em watts (um número muito pequenino);
 O n é um número inteiro positivo.

TEMA 5 – NOSSA HISTÓRIA

Em 14 de dezembro de 1900, Max Planck apresenta um trabalho que


consiste no estudo das trocas de energia e emissão de radiações térmicas do
corpo negro. Tem-se essa data como o nascimento da física quântica.
Um corpo negro é qualquer pedaço de matéria que seja oca e tenha um
pequeno furo em sua superfície. Exemplo: um quarto escuro visto através de uma
fenda ou pequena fresta é um corpo negro, faltando-lhe apenas observar o
comportamento da radiação, ou, se preferir, luz, por ele emitida quando aquecido.

5.1 Radiação

Aquecer um corpo significa, basicamente, aumentar a agitação dos átomos


em seu meio. Quanto maior a temperatura, maior a movimentação dos átomos,
como se você doasse uma quantidade excessiva de energia e eles se
embriagassem com tanta abundância de energia, rebelando-se freneticamente.
Quando a temperatura chega a próximo de 600 graus Celsius, os materiais
aquecidos começam a emitir radiação, ou seja, a propagar a energia que vem
também na forma de luz visível. Isso não significa que não há emissão de luz

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quando a temperatura é menor, apenas significa que existe luz invisível, e
provavelmente você já tomou muitos banhos de radiação sem ter a percepção
visual, já que não havia cor. O sol, por exemplo, é um grande emissor de radiação
que interage com nosso corpo, alocando nele uma quantidade de energia.
Existem vários tipos de radiação e podemos classificá-las de várias
maneiras, por exemplo, pelo elemento condutor, fonte, efeitos, tipo etc.

5.2 Quantum

A palavra quantum tem sido muito utilizada hoje em dia, o que ocorre
também em função da popularização da quântica. Há uma miscelânea de
produtos e serviços hoje que carregam a palavra quantum, quanta e quântica.
Bem, quantum é a menor unidade de uma medida. Então na física um quantum
representa a menor quantidade de energia possível. Essa palavra foi
fundamentada (embora ela já existisse antes do advento da física quântica).
Desde o início do século passado, essa palavra tem sido utilizada como o tijolo
fundamental de tudo que existe. Ela está representada na constante de Planck,
aliás, essa constante é, além de tudo, fundamental na física quântica e é
denominada com a letra h. Ela representa a energia e a frequência das radiações
eletromagnéticas
O valor da constante de Planck é h = 6,63.10-34 J.s (J: Joule é uma unidade
para medir energia mecânica e térmica; s: medida de tempo em segundo).
Assim, quanta, que é o plural da palavra quantum, trata da quantidade de
energia emitida ou absorvida nos elétrons. Dessa forma, quantum = h.ⱱ e quanta
= n.h.ⱱ, em que h é a constante de Planck, ⱱ é a frequência e n é um número
inteiro

5.3 Conclusão de Planck

O anúncio das descobertas de Planck causou uma mudança espetacular


no que se pensava sobre matéria e energia, ou seja, em tudo que é construído no
universo, já que todas as coisas não existiam de forma linear. Considerando que
a energia é emitida e absorvida em pacotes chamados quantum, podemos dizer
que a energia pulsa e se ela pulsa a matéria pulsa e a realidade então pulsa.

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Figura 3 – Matéria pulsante

existenãoexisteexistenãoexisteexistenãoexiste

FINALIZANDO

A mecânica quântica é a teoria que descreve o comportamento da matéria


na escala do muito pequeno. Analisando os fenômenos que acontecem nesse
submundo atômico, temos:

 Menor porção de matéria (supõe-se um centímetro cúbico de matéria


cortado ao meio aproximadamente 120 vezes);
 Menor porção de tempo (supõe-se um segundo dividido na metade,
aproximadamente 150 vezes).

O advento da física quântica provocou uma grande mudança de


pensamento e não só foi brutal nos estudos da física como foi também uma
revolução na forma, como se observa em tudo que compõe o universo.
Desestabilizava completamente um universo mecânico que se compreendia até
então. Proliferaram questões que foram sendo respondidas ao longo do século
XX e até agora e outras tantas mais que estão por responder.
Em seu artigo intitulado “Consciência quântica ou consciência crítica?”, o
físico brasileiro Covolan, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da
Unicamp, descreve assim o surgimento desta nova física:

O advento da física quântica causou e tem causado enormes


transformações na vida de todos nós. Nem sempre e nem todos estamos
conscientes dos modos pelos quais uma revolução científica iniciada há
cem anos pode nos afetar ainda hoje, mas provavelmente já ouvimos falar
de seu impacto na evolução da própria Física e de toda controvérsia
gerada pelas dificuldades conceituais de interpretação dos fenômenos
quânticos. Seus efeitos, porém, se estenderam para além da Física, com
desdobramentos importantes na Química, com a teoria de orbitais
quânticos e suas implicações para as ligações químicas, e na Biologia,
com a descoberta da estrutura do DNA e a inauguração da genética
molecular, apenas para citar dois exemplos. Mesmo conscientes disso
tudo, estaríamos preparados para mais essa: para a possibilidade de que
a própria consciência possa operar com base em princípios ou efeitos
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quânticos? Pois é o que andam conjecturando algumas das mentes mais
brilhantes de nosso tempo... e alguns franco-atiradores também. A
descoberta do mundo quântico, que tanto impacto teve nas ciências e
tecnologias, ameaça agora envolver o “etéreo” universo da psique.
(Colovan, 2001)

Saiba mais

O físico-químico Gerald Maurice Edelman (1929-2014), em 1978,


apresentou um trabalho sobre redes neurais em resposta ao ambiente exterior, o
que também pode ser verificado no artigo “Consciência quântica ou consciência
crítica? ”, disponível acessando o link a seguir:
COLOVAN, R. J. M. Consciência quântica ou consciência crítica?
Comciência, 10 maio 2001. Disponível em: <http://www.comciencia.br/dossies-1-
72/reportagens/fisica/fisica14.htm>. Acesso em: 27 fev. 2020.
Assim, a física quântica não pode mais ficar aprisionada em
superlaboratórios de ciência, aceleradores de partículas ou em universidades
desenvolvimentos de novas equações que respondam ao comportamento
quântico, mas talvez o grande desafio seja trazê-la ao nosso cotidiano, permear
livros e escolas numa linguagem acessível e que seu produto de conhecimento
contamine com uma nova forma de pensar a natureza e a consciência.
Num artigo da Physics World, intitulado “Física e pintura”, de 13 de
dezembro de 2012, o professor Robert Crease, presidente do Departamento de
Filosofia da Stony Brook University, Nova York, analisa a influência da física nos
movimentos artísticos, e destaca: “As descobertas na ciência não apenas
revolucionam a ciência, mas também podem exercer um impacto profundo e
duradouro nas artes visuais e na literatura” (Crease, 2012).

Saiba mais

A Physics World é uma das principais revistas de física do mundo. É


publicada mensalmente da forma impressa e digital. Para receber essa revista, é
necessário que o assinante seja um membro do Instituto de Física

Sempre quando havia um abismo entre ciência e cultura, religião, enfim,


sociedade, ela pouco se desenvolveu. A física quântica não é algo pertencente
somente a um mundo paralelo, mas é do mesmo mundo de seus descobridores.

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REFERÊNCIAS

BOTELHO, L. C. Albert Einstein foi o Isaac Newton da física moderna. Jornal


GGN, 27 dez. 2012. Disponível em: <https://jornalggn.com.br/fora-pauta/albert-
einstein-foi-o-isaac-newton-da-fisica-moderna/>. Acesso em: 27 fev. 2020.

COLOVAN, R. J. M. Consciência quântica ou consciência crítica? Comciência,


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