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Palestra sobre o tópico:

"Trilhar o caminho / o caminho do coração",


Para os professores do Training Institute, Domingo, 14 de fevereiro, 10hs (via zoom)

1 Pensar com o coração, (expressar a sabedoria do coração)


“Aprenda a amar – aprenda a compreender – aprenda a servir” (caminho da iniciação celta)

Pensar com o coração é uma habilidade que as pessoas em tempos antigos possuíam de forma
inconsciente e estava conectada com um certo senso de verdade. Até mesmo Aristóteles
considerava o coração como o órgão central do pensamento. Ao mesmo tempo, entretanto, ele
também estabeleceu a base segura para o pensamento intelectual com a lógica, que deixou de ser
centrada no coração e passou a ser centrada na mente. Este tipo de pensamento está no alge hoje
com nosso intelecto, mas inicialmente, entretanto, ele é capaz de compreender somente os fatos e
ver através de sua ordem lógica.

No futuro, assim espero, uma nova maneira de pensar sobre o coração se desenvolverá. O novo
pensar com o coração se baseia no meio da pessoa, na região do coração. Theodor Fontane
expressou isso da seguinte forma: “Pense com o coração e sinta com a mente.” – Nesse contexto,
podemos perceber que na língua alemã isto significa: 'aprender de cor(ação)' e na língua inglesa,
'saber de cor'. Assim: o pensar com o coração não é uma forma discursiva, dedutiva de pensar, mas
sim uma forma de pensar que vai além e reconhece a verdade de imediato. Como eu disse: Este
novo pensar com base no coração não se desenvolve através de uma cadeia de conceitos lógicos que
ligamos, mas sim internamente, por meio de símbolos mentais experienciados que revelam as
conexões espirituais, formando um todo.

No meu livro "Dance and Sound and Deep Silence" escrevi o seguinte:

Eichendorff nos adverte em um de seus poemas mais profundos:

não queira se apegar


às imagens maravilhosas que imaginas!
Seu efeito está morto,
Entregue-as ao mundo.

Como essas afirmações são válidas com relação a uma grande quantidade de danças e
coreografias! Quão radiante é encontrar almas gêmeas, pessoas que acessam o simbolismo
intuitivamente! Por outro lado, é muito difícil quando os dançarinos abordam as coisas
exclusivamente com pura lógica, pois a consciência diária tende a congelar, a estreitar a visão.
Muitas vezes, depois de tentar explicar, me parece que tudo escorrega pelas minhas mãos, como se
eu estivesse apagando as cores cintilantes das asas de uma borboleta.

Em uma palestra em Findhorn em 1984, Bernhard Wosien afirmou o seguinte: “Na visão de mundo
das ciências naturais, os humanos construíram um mundo mensurável, logicamente racional. Muito
embora os feitos desses ensinamentos sejam grandiosos, eles são unilaterais! O mensurável e o
funcional têm um polo oposto: o imensurável. Ambos pertencem às pessoas. A nossa crise

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existencial resulta de um sistema de pensamento que tenta redimir as pessoas através de um
conhecimento racional e unilateral, rodeado pela funcionalidade de processos perfeitos.” B. Wosien

No dia-a-dia, as pessoas têm um sentimento de que pensam com suas mentes. Claro, essa é só uma
expressão figurativa. Você tem um sentimento completamente diferente com relação ao pensar que
ocorre quando já progrediu um pouquinho no caminho (espiritual) do desenvolvimento: você
realmente sente que aquilo que estava localizado na mente agora se encontra no coração.
Entretanto, não é o coração físico que pensa, mas aquele órgão que se desenvolve como um órgão
espiritual perto do coração, conhecido como a flor de lótus de doze pétalas. Ela se torna uma
espécie de órgão pensante e este pensar é bem diferente do pensar normal.

No pensar normal, todos sabemos que precisamos utilizar o raciocínio a fim de chegar a uma
verdade. Você começa em um ponto, logicamente se move e alcança outros pontos e o que você
ganha com o passar do tempo ao fazer considerações lógicas é chamado de conhecimento. Esse é o
conhecimento alcançado através do pensar normal.

As pessoas aprendem conceitos e ideias na juventude. Esse é o conhecimento da mente. –


Entretanto: nesse contexto, percebemos que na língua alemã dizemos ‘memorizar’ e na língua
inglesa 'saber de cor(ação)'. Uma pessoa pode adquirir conhecimento da mente bem rápido e saber
inúmeras coisas, mas esse conteúdo não é normalmente convertido em conhecimento do coração,
pois muitas pessoas não mantêm sua vivacidade interior, e seus corações esfriam. É nossa tarefa
transformar o conhecimento da mente em conhecimento do coração ao longo da vida, um
conhecimento que envolve a pessoa como um todo – transformando a pessoa mental em uma
pessoa do coração.

Se alguém quer reconhecer a verdade em termos de símbolos reais, o pensar sobre esses símbolos
não pode ser confundido com o pensar normal da mente. Isso porque se algo é verdadeiro ou falso,
se alguém tem algo a dizer sobre alguma coisa ou fato, decisão nenhuma é necessária.

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