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15/11/2020 EA2020BEX: 2.

1 Fundamentos básicos para a sustentabilidade

Educação Ambiental - Turma 2020B * Extra

2.1 Fundamentos básicos para a sustentabilidade


Nesta aula, analisaremos a função da Educação Ambiental no momento de transição de paradigmas, apresentando
distintas concepções filosóficas e educacionais que permeiam a Educação como um todo, para em seguida discutirmos o
processo de conscientização ambiental como suporte ao desenvolvimento sustentável.

A função da educação ambiental na transição de paradigmas 


Muito se fala em paradigma: “Está surgindo um novo paradigma...”; “Vivemos num momento de transição de paradigmas...”,
etc.

Você sabe o que é um paradigma?

Por paradigma podemos entender o conjunto de ideias, crenças e valores que constroem a percepção e a compreensão
sobre o mundo como um todo.

Quando falamos em surgimento de um novo paradigma ou transição de paradigmas estamos nos referindo à mudança nas
ideias, crenças e valores seguidos por uma sociedade.

O atual momento do desenvolvimento social tem como marco histórico a adoção de um novo paradigma. Esse, em processo
de delineamento, caracteriza-se como indutor de um novo modo de vida que substitua os valores pautados no intenso
consumo e na prioridade dos interesses do indivíduo.

Neste contexto, a Educação Ambiental assumiu um caráter inovador na promoção de mudanças nos hábitos consumistas e
atitudes individualistas, tidos como corretos pela maioria da sociedade contemporânea. Considerada um processo educativo
contínuo que deve atingir o indivíduo e a coletividade, a Educação Ambiental conduz não apenas os governantes,
empresários, educadores, estudantes, cientistas, mas todos nós a revermos nossa relação com a natureza para que seja
possível alcançar a sustentabilidade planetária.
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Atingir a sustentabilidade implica, primeiramente, na adoção de uma nova postura ética em relação ao meio ambiente, pois
a questão ambiental não é apenas um problema de ordem técnica, mas, principalmente, um problema de caráter ético.

Ética ambiental
Diversos estudos científicos no campo da Ética Ambiental, como os de Capra (1982, 2000) por exemplo, identificaram o
Antropocentrismo (postura ética que coloca o homem no centro de tudo) como um dos elementos responsáveis pela
problemática ambiental.

Para compreendermos como o Antropocentrismo se firmou no mundo moderno precisamos recorrer a filosofia de René
Descartes (1596–1650).

Segundo a concepção filosófica de Descartes, Sujeito e Objeto são partes distintas, ocorrendo o mesmo entre Natureza e
Cultura. As ideias também chamadas de cartesianismo ou reducionismo orientaram as pesquisas científicas e as ações
humanas a partir do século XVI, e ainda estão, em parte, presentes na ciência moderna. A separação dos elementos (sujeito
e objeto; natureza e cultura) foi apontada como um dos principais motivos da degradação ambiental, pois o homem assumiu
uma posição de superioridade em relação meio natural, entendendo que estava separado dele.

Neste sentido, a mente (res cogitans) e a matéria (res extensa) são completamente distintas. De acordo com Descartes “a
mente que indaga é o local da verdade sobre o mundo natural. Paradoxalmente, a res cogitans de Descartes era uma mente
sem corpo, que estava fora da natureza” (Oelschlaeger, 1991).

Segundo a concepção cartesiana, o homem era considerado externo à natureza. Firmava-se, dessa maneira, o
antropocentrismo que deu suporte à ideia da superioridade humana sobre o meio natural.

A ideia antropocêntrica, presente no cartesianismo, permaneceu nas ciências pós-cartesianas dando continuidade ao
processo de apropriação do meio natural, pois a partir dessa visão a Natureza se tornou um simples objeto à disposição da
razão humana (GRÜN, 2003).

Enquanto o Meio Ambiente for concebido de maneira cartesiana, ou seja, vigorar o paradigma reducionista, certamente a
Educação Ambiental proveniente dessa visão também será antropocêntrica.

Portanto, “a ética ambiental não se sustenta em uma ética antropocêntrica decorrente de uma concepção dissociativa de
sujeito e objeto, de natureza e cultura e outras tantas dualidades que impregnam os campos do sentido do pensamento
moderno.” (TRISTÃO, 2008).

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Resumo

Nesta aula, percebemos que Educação Ambiental assumiu um caráter inovador na promoção de mudanças nos hábitos
consumistas e atitudes individualistas, tidos como corretos pela maioria da sociedade contemporânea.
Vimos também que para atingir a sustentabilidade é necessário que, primeiramente, seja adotada uma nova postura ética
em relação ao meio ambiente, pois a questão ambiental não é apenas um problema de ordem técnica, mas,
principalmente, um problema de caráter ético.

Referências
WATANABE, Carmem Ballão. Fundamentos Teóricos e Prática da Educação Ambiental. Rede e-TEC Brasil. Curitiba: Instituto
Federal do Paraná, 2011.

Última atualização: terça, 25 ago 2020, 10:23

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