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Sumário

DIREITO PENAL ............................................................................................... 2

I. Fato Típico .................................................................................................... 2


I.1 Dolo e Culpa .................................................................................................................... 3
1.2 Crime Comissivo e Omissivo........................................................................................... 3

II. Crime Consumado e Crime Tentado .............................................................. 3


II.1 Tentativa ........................................................................................................................ 4

III. Concurso de Crimes....................................................................................... 5


III.1 Concurso Material de Crimes ........................................................................................ 5
III.2 Concurso Formal de Crimes .......................................................................................... 5

IV. Crimes Contra Pessoa .................................................................................... 6


IV.1 Crimes contra a vida ..................................................................................................... 6
IV.2 Lesão Corporal ............................................................................................................ 12
IV.3 CRIMES CONTRA A HONRA ......................................................................................... 13

V. Crimes Contra o Patrimônio ............................................................................ 14


V.1 Furto............................................................................................................................. 14
V.2 Roubo ........................................................................................................................... 17
V.3 Extorsão ....................................................................................................................... 20
V.4 Estelionato ................................................................................................................... 22

VI. Crime contra a Adm. Pública .......................................................................... 23


VI.1 Peculato ...................................................................................................................... 23
VI.2 Corrupção Passiva ....................................................................................................... 24
Vi.3 Prevaricação ................................................................................................................ 24
VI.4 Corrupção Ativa .......................................................................................................... 24
VI.5 Descaminho ................................................................................................................ 24
VI.6 Contrabando ............................................................................................................... 24

Maria Cristina de Jesus Noroha - crisnoronha2003@yahoo.com.br - CPF: 087.127.938-09


DIREITO PENAL

I. Fato Típico
Crime será a junção entre fato típico, ilicitude e culpabilidade. E são justamente
esses os três elementos (substratos) do crime.

FATO TÍPICO: é o primeiro substrato do delito. É a conduta humana indesejada


causadora de um resultado e que se subsume a um tipo penal.
ILICITUDE: é o segundo substrato do delito. É a contrariedade entre o fato típico
e o ordenamento jurídico.
CULPABILIDADE: é o terceiro substrato do delito. É o juízo de reprovação social
que recai sobre o agente do fato, o qual podia agir conforme o Direito, mas optou
livremente por agir em desconformidade com ele.

Ao analisar os três elementos do crime podemos perceber que os dois primeiros


estão ligados com o fato praticado, enquanto o último elemento está ligado ao agente
que praticou o crime.

O fato típico é o primeiro substrato do delito e pode ser conceituado como a


conduta humana indesejada causadora de um resultado e que se subsume a um tipo
penal.

O fato típico é composto por quatro elementos, vejamos:


• Conduta (conduta humana indesejada);
• Resultado (causadora de um resultado);
• Nexo causal (causadora de um resultado);
• Tipicidade (que se subsume a um tipo penal).

A conduta pode ser analisada quanto à sua voluntariedade (dolosa ou culposa) e


quanto à sua forma de exteriorização (comissiva ou omissiva).

Maria Cristina de Jesus Noroha - crisnoronha2003@yahoo.com.br - CPF: 087.127.938-09


I.1 Dolo e Culpa
DOLO: É a vontade consciente de praticar (ou aceitar praticar) a conduta
delituosa.
CULPA: Ocorre quando a pessoa pratica uma conduta voluntária, contudo
resultado atingido é involuntário porém previsível, e que podia ser evitado se a pessoa
tivesse tomado as cautelas devidas. Na conduta culposa, ao contrário da dolosa, o
agente não pretende produzir o resultado criminoso. Seu comportamento, em regra, se
dirige a um fim lícito (permitido pelo Direito), mas acaba, por acidente, produzindo um
resultado ilícito.

1.2 Crime Comissivo e Omissivo


CRIME COMISSIVO: É o delito praticado mediante ação. O agente viola um tipo
proibitivo, ou seja, aquele que descreve uma conduta que não pode ser realizada
(conduta desvaliosa prevista em lei).
CRIME OMISSIVO: É o delito praticado mediante omissão. O agente viola um tipo
mandamental (tipo preceptivo), ou seja, aquele que descreve uma conduta que é
exigida pelo direito penal, cuja não realização deve ser punida. Lembrando que os crimes
omissivos podem ser próprios (pode ser praticado por qualquer pessoa) ou impróprios
(somente pode ser praticado pelas pessoas previstas no art. 13 do CP).

II. Crime Consumado e Crime Tentado


Será consumado o crime quando nele se reunirem todos os elementos de sua
definição legal. Será tentado, por outro lado, quando iniciada a execução não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
A tentativa é uma causa obrigatória de diminuição de pena nos crimes que a comporta.

Espécies de tentativa:
➢ Vermelha/cruenta/com sangue: a vítima é atingida pelo agente, mas o crime
não se consuma por circunstâncias alheias a sua vontade.
➢ Branca/incruenta/sem sangue: o agente tenta praticar o crime, mas não acerta
a vítima.

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II.1 Tentativa
De acordo com o artigo 14, inciso II c/c parágrafo único do, Código Penal, a
tentativa consiste no fato do agente, que, ao iniciar a execução do crime, o resultado
não é alcançado por circunstâncias alheias à sua vontade.
Como consequência jurídica, o agente responde pelo crime na forma consumada,
porém esta pena será reduzida de um a dois terços.
No mais, importante sabermos que quando há golpe, mas o agente não lesiona
a vítima, temos a tentativa branca (incruenta). Agora, quando o agente consegue
lesionar, temos a tentativa vermelha (cruenta).

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: É muito comum ouvir o termo TENTATIVA


ABANDONADA. Tal instituto consiste no fato do agente ao iniciar os atos executórios,
voluntariamente, desistir de prosseguir na execução do crime. Assim, nos termos do
artigo 15, primeira parte, do Código Penal, a desistência voluntária, também chamada
de tentativa abandonada, consiste no fato do agente, voluntariamente, desistir de
prosseguir na execução do crime. Como consequência jurídica temos que ele só
responderá pelos atos praticados.

ARREPENDIMENTO EFICAZ: De acordo com o artigo 15, segunda parte, do


Código Penal, o instituto do arrependimento posterior consiste no fato do agente
impedir que o resultado se produza, ou seja, ele pratica o crime, no entanto, se
arrepende e evita que o resultado se produza. Como consequência jurídica temos que
ele só responderá pelos atos praticados.

ARREPENDIMENTO SUPERIOR: De acordo com o artigo 16 do Código Penal, o


instituto do arrependimento posterior ocorre depois da consumação do crime. Consiste
no fato do agente ter praticado crime sem violência ou grave ameaça à pessoa, e, após
a consumação, voluntariamente, repara o dano ou restituí a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa. Como consequência jurídica temos a redução da pena de um a
dois terços.

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CRIME IMPOSSÍVEL: O crime impossível ocorre quando estamos diante de
absoluta ineficácia do meio OU impropriedade do objeto.
Nos termos do artigo 17, do Código Penal, o instituto do crime impossível
consiste no fato de não se punir a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou
por absoluta impropriedade do objeto, sendo impossível consumar o crime.

III. Concurso de Crimes


III.1 Concurso Material de Crimes
O agente mais de uma ação ou omissão almeja dois ou mais resultados. Os
desígnios são autônomos. As penas serão somadas.

III.2 Concurso Formal de Crimes


PRÓPRIO: O agente pratica uma ação ou omissão, mas alcança dois ou mais
resultados. Perceba que o agente quer um resultado, mas excede o resultado e acaba
alcançando mais de um resultado. Se os crimes alcançados forem idênticos
(homogêneos), pega-se um deles e, se os crimes alcançados forem diferentes
(heterogêneos), pega-se o mais grave deles e aplica a regra da exasperação, de 1/6 até
a metade.

IMPRÓPRIO: O agente quer ter mais de um resultado, mas pratica uma única
ação para isso. Neste caso, a regra será a mesma do concurso material de crimes, ou
seja, soma-se as penas. Lembrando que, de acordo com o artigo 70, parágrafo único do
Código Penal aplica-se o cúmulo material benéfico, ainda que estejamos diante de
concurso formal próprio de crimes.

CRIME CONTINUADO: O crime continuado ocorre quando estamos diante de:


➢ Mais de uma ação ou omissão;

➢ Mesma espécie;
➢ Mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução.

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ERRO NA EXECUÇÃO: Individuo por erro ou acidente nos meios de execução, em
vez de acertar a pessoa que pretendia, atinge pessoa diversa responde como no caso de
erro sobre a pessoa; se acertar os dois indivíduos, aplica-se a regra do concurso formal.
Em síntese, quando por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente
atinge pessoa diversa da pretendia.
Consequência jurídica: se atingir pessoa diversa da pretendida, responde como
se tivesse praticado o crime contra aquela. Se atingir também a pessoa pretendida,
aplica-se a regra do concurso formal próprio.

RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO: Se há erro ou acidente na execução e


sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a
regra do concurso formal próprio.
Erro no resultado.
Consequência jurídica: o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do concurso
formal.

IV. Crimes Contra Pessoa


IV.1 Crimes contra a vida
HOMICÍDIO SIMPLES:
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
É um crime comum, em que o sujeito ativo desse delito é qualquer pessoa capaz.
E sujeito passivo também será qualquer pessoa capaz. É um crime de forma livre,
podendo ser realizado de qualquer maneira.
É um delito que pode ser tanto cometido na forma comissiva (regra), como na
forma omissiva imprópria (exceção).

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: Casos de diminuição de pena de 1/6 a 1/3,


analisados na terceira fase do cálculo da pena.

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É uma causa de redução de pena de natureza obrigatória, o juiz obrigatoriamente
diante desses fatos reduz a pena. Porém, possui natureza subjetiva, significa que é
próprio do agente, assim não se comunica com coautores.
O agente comete o crime:
• Impelido por relevante valor moral;
• Impelido por relevante valor social;
• Sob domínio de violenta emoção

HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Qualificadora de índole subjetiva – condição que não se comunica com os
coautores.
• Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
• Por motivo fútil;
• Traição;
• Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime.
Qualificadora de índole objetiva – com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum,
emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido.
• Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
ATENÇÃO: Não é necessário que receba a recompensa, sua mera presença basta.
• Com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, Asfixia, Tortura ou Outro Meio
Insidioso ou Cruel, ou de Que Possa Resultar Perigo Comum
• Tortura
• À Traição, de Emboscada, ou Mediante Dissimulação ou Outro Recurso
que Dificulte ou Torne Impossível a Defesa do Ofendido
• Para Assegurar a Execução, a Ocultação, a Impunidade ou Vantagem de
Outro Crime

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HOMICÍDIO QUALIFICADO – PRIVILEGIADO: Possui relevante valor moral. A sua
natureza é subjetiva.
ATENÇÃO: o homicídio qualificado – privilegiado não é crime hediondo!
Causas de privilégio: relevante valor moral; relevante valor social e sob domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: O aumento de pena (1/3) acontece quando é


doloso o homicídio, e quando a vítima é menor de 14 anos e maior de 60 anos.
Outra possibilidade de aumento é por meio da milícia privada, art. 121 § 6o. A
pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.

HOMICÍDIO CULPOSO: A conduta do agente é voluntária, porém, o resultado é


indesejado (negligência, imprudência, imperícia). A pena de detenção de 1 a 3 anos.
Aumento de 1/3: inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício e
quando o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.

PERDÃO JUDICIAL: Apenas pode ocorrer no caso de homicídio culposo. “O juiz


poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”.

FEMINICIDIO: Nem sempre que a vítima do homicídio for uma mulher (femicídio),
estaremos diante do feminicídio (homicídio qualificado). Para que isso ocorra, é
necessário que a motivação tenha sido a “condição do sexo feminino”.
ATENÇÃO: A vítima é aquela em condição de vulnerabilidade, independente de
quem seja o autor do delito, podendo ser, inclusive, outra mulher.
Considera-se que há razões de condição do sexo feminino quando o crime
envolve:
• Violência doméstica e familiar;
• Menosprezo ou discriminação à condição de mulher

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Casos de aumento de pena no feminicidio:
Aumento de 1/3 a 1⁄2:
• durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
• contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante
ou de vulnerabilidade física ou mental;
• na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; • em
descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos
seguintes casos:
I–suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao

orgão competente
II–afastamento do lar, domicílio oul ocal de convivência com a ofendida;

II – proibição de determinadas condutas, entre as quais:


a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o
limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de


comunicação;
c)frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física

e psicológica da ofendida;

HOMICÍDIO FUNCIONAL: O homicídio deve acontecer contra o agente que esteja


no exercício de sua função ou em razão dela, podendo ser, ainda, contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até o 3o grau.
O homicídio praticado contra o cônjuge, companheiro ou parentes
consanguíneos de até terceiro grau dos agentes acima também será qualificado quando
praticado em razão dessa condição.

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO:


Temos dois crimes dentro de um só: um contra a vida e de lesões corporais:
• Induzir: cria a ideia;
• Instigar: a pessoa já tem a ideia.

Maria Cristina de Jesus Noroha - crisnoronha2003@yahoo.com.br - CPF: 087.127.938-09


Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

ATENÇÃO: ANTES, para que tivéssemos a configuração do induzimento ou auxílio


ao suicídio, o sujeito passivo deveria ter sofrido lesões graves. HOJE, a lesão
grave/gravíssima é tratada como qualificadora!
Duelo Americano: duas pessoas, duas armas, apenas uma delas carregada.
Aquele que sobrevive responde pelo art. 122 do Código Penal, a mesma regra é seguida
no caso da roleta russa.
Pacto de Morte (Ambicídio): exemplo – um casal (Tício e Mévia) decide se matar
e, para tal, se trancam em um quarto e decidem abrir uma torneira de gás. Se apenas
um sobreviver? Se foi quem abriu a torneira, responde por homicídio doloso. Caso não
tenha sido o sobrevivente o que abriu a torneira, responde pelo artigo 122 do Código
Penal.

INFANTICÍDIO: Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,


durante o parto ou logo após.
A lei não define o prazo que caracteriza a expressão “logo após”, entendendo a
maioria da doutrina que esse período deve coincidir com o período do estado puerperal,
cabendo aos peritos médicos definir em cada caso concreto sobre a presença do
puerpério.
Somente pode ser praticado pela mãe, sendo assim, classificado como um crime
próprio. Embora o sujeito ativo deva ser a mãe, trata-se de um delito que admite a
coautoria e a participação.

ABORTO: É a interrupção da vida intrauterina, com a destruição do produto da


concepção.
Aborto Provocado pela Gestante ou com o Consentimento: São os
comportamentos puníveis nesse dispositivo e ambos somente podem ter a própria
gestante como autora da conduta (embora admitam a participação como veremos).

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• Primeiro comportamento: a própria gestante realiza manobras abortivas em si
mesma, objetivando interromper a sua própria gestação.
• Segundo comportamento: a gestante permite voluntariamente que um
terceiro pratique as manobras abortivas para interrupção de sua gestação.
Aborto Provocado por Terceiro sem Consentimento da Gestante: Pune o
comportamento de terceira pessoa que pratica manobras abortivas, interrompendo a
gestação na vítima sem o seu consentimento.
Aborto Provocado por Terceiro com Consentimento: Há algumas hipóteses em
que o consentimento da gestante para o aborto não é válido (art. 126, Parágrafo Único,
CP):
- Vítima que não é maior de 14 anos;
- Vítima alienada ou débil mental;
- Consentimento obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Em qualquer uma das três hipóteses anteriormente citadas, a conduta do
terceiro que provocar o aborto irá configurar o crime de aborto sem o consentimento
da gestante, previsto no art. 125 do CP.
Aborto Legal: Não se exige o consentimento da gestante para a interrupção da
gestação nessa hipótese.
• Aborto praticado por médico: não é necessário que o médico seja um
especialista. Entretanto, caso seja necessário que outro profissional realize, o agente
estará amparado pelo estado de necessidade, aplica-se a mesma regra se for a própria
agente realizar o aborto.
• Perigo de morte para a gestante: o mero perigo para a saúde da gestante não
é causa suficiente para a interrupção da gestação.
• Impossibilidade do uso de outro meio para salvá-la: entende-se que não se faz
necessária a autorização da gestante, basta o profissional entender a indispensabilidade.
Aborto No Caso de Gravidez Resultante de Estupro: Nessa hipótese é
imprescindível o consentimento da gestante ou de seu representante legal para que a
ilicitude seja afastada.
Aborto de Feto Anencéfalo: É o feto não possui uma parte do sistema nervoso
central – faltam-lhe os hemisférios cerebrais e tem uma parcela do tronco encefálico.

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No caso de diagnóstico de anencefálica, o laudo deverá ser assinado,
obrigatoriamente, por dois médicos. A gestante poderá optar por antecipar o parto ou
manter a gravidez. E a interrupção poderá ser feita em hospital público ou particular,
desde que com estrutura adequada.

IV.2 Lesão Corporal


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Infere-se que o caput do artigo 129 do Código Penal está tratando da lesão
corporal leve, pois o §1o e §2o tratam-se da lesão corporal de natureza grave e
gravíssima.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: Incapacidade para ocupações


habituais, por mais de 30 dias. A expressão “ocupação habitual” compreende qualquer
atividade, física ou mental, do cotidiano da vítima.
Perigo de vida da vítima. É um delito de perigo concreto comprovado por meio
de exame pericial. Apenas excepcionalmente suprido por prova testemunhal.
Debilidade é a diminuição ou o enfraquecimento da capacidade funcional. Deve
ser permanente, isto é, duradoura e de recuperação incerta.
Aceleração do parto é o nascimento da criança com vida e manter-se viva.

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA: Gera incapacidade permanente para o trabalho,


que compreende toda e qualquer incapacidade longa e duradoura, isto é, que não
permita fixar seu limite temporal.
Também pode gerar uma enfermidade incurável, que é a lteração prejudicial da
saúde por processo patológico, físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente
combatida com os recursos da medicina à época do crime.
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Ou também pode gerar
uma deformidade permanente.
É o dano duradouro, não necessariamente perpétuo. É suficiente a
irreparabilidade por relevante intervalo de tempo – o tipo penal não nos exige fator
temporal.

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A morte do feto deve ser culposa, ou seja, trata-se de um crime preterdoloso.
Não sendo assim, o agente responde por concurso formal impróprio: aborto provocado
sem consentimento + lesão corporal leve ou grave.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: Se resulta morte e as circunstâncias


evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.
Diminuição da pena: Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

LESÃO CORPORAL CULPOSA: A lesão culposa nada mais é do que a lesão corporal
cometida contra alguém em decorrência de um comportamento imprudente,
negligente ou imperito.
Ao contrário do que se dá nas lesões corporais dolosas, na lesão culposa não há
distinção com base na gravidade dos ferimentos. A lesão culposa é única e
exclusivamente lesão culposa, ou seja, não se fala em lesão culposa “leve”, “grave” ou
“gravíssima”.

IV.3 CRIMES CONTRA A HONRA


CALÚNIA: Afeta a honra objetiva. Caluniar alguém (impondo falsamente fato tido
como crime). Quando se fala em caluniar, alguém tem que definir o crime que a pessoa
supostamente cometeu (deve o autor saber que o fato é falso). A consumação ocorre
quando terceiro toma conhecimento do fato.

DIFAMAÇÃO: Imputa fato ofensivo (diferente da calúnia, que imputa crime).


Afeta a honra objetiva da pessoa.
O fato não precisa ser falso. O fato pode ser verdadeiro, porém deve ser ofensivo
a pessoa.

INJÚRIA: A injúria atinge a honra subjetiva do sujeito passivo. Tendo a


consumação: quando a vítima toma conhecimento sobre o delito. É um crime
instantâneo.

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RETRATAÇÃO: O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou difamação, fica isento de pena.

DIREITO DE REPOSTA: Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia


ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

V. Crimes Contra o Patrimônio


V.1 Furto
FURTO SIMPLES: São elementos objetivos do crime o ato de subtrair, ou seja,
retirar algo de alguém. E “coisa alheia”, ou seja, coisa que é de propriedade de outra
pessoa.
ATENÇÃO: A pessoa que toma para si coisa de outrem acreditando que é sua não
comete crime de furto, pois não possui o dolo de subtrair coisa alheia.
Para a conduta ser considerada como furto, o agente deve agir com ânimo de
assenhoramento definitivo (vontade de ser o dono da coisa). É o “animus rem sibi
habendi”.
No furto de uso, o agente não possui a vontade de se apoderar definitivamente
da coisa, mas sim a de usar e depois restituir ao dono. É fato atípico.
No arrependimento posterior, o agente subtrai coisa alheia móvel com o intuito
de se apoderar dela, mas se arrepende-se e voluntariamente restitui a coisa até o
recebimento da denúncia. É causa de diminuição da pena.
Trata-se de um crime comum, ou seja, o tipo penal não exigiu uma qualificação
especial do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode praticá-lo.
A consumação ocorre com a inversão da posse da coisa, ou seja, quando a coisa
sai da esfera de disponibilidade do agente, independentemente de posse mansa e
pacífica (não é necessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima).
É possível a tentativa quando, iniciada a execução, o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

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ATENÇÃO: A vigilância constante em supermercado (seguranças ou câmeras)
não caracteriza o crime impossível, respondendo o autor pelo furto ali praticado, ainda
que na modalidade tentada (Súmula 567 do STJ).

FURTO PRATICADO DURANTE REPOUSO NOTURNO: possui a natureza jurídica


de causa de aumento de pena, ou seja, uma majorante.
Repouso noturno é o período da noite em que, de acordo com os costumes do
local do delito, é comum descansar das atividades diárias.

FURTO PRIVILEGIADO: são requisitos para a redução da pena:


• Agente primário;
• Pequeno valor da coisa furtada (até um salário mínimo)
O juiz pode:
1) substituir a pena de reclusão pela de detenção;
2) diminuir a pena de um a dois terços; ou
3) aplicar somente a pena de multa.

FURTO DE ENERGIA: Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer


outra que tenha valor econômico.

FURTO QUALIFICADO: No furto simples, em razão da pena mínima igual a 1 ano,


é cabível o benefício da suspensão condicional do processo previsto na Lei no
9.099/1995. Entretanto, no furto qualificado, não é cabível a suspensão condicional do
processo, já que a pena mínima é elevada para 2 anos.
Princípio da insignificância: de acordo com os tribunais superiores, a existência
de circunstâncias qualificadoras não impede, por si só, a aplicação do princípio da
insignificância
• com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Nessa primeira qualificadora, o furto é praticado por meio do emprego de
violência contra obstáculo à subtração da coisa, causando destruição ou rompimento.
• com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

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A relação de confiança deve ser efetiva e comprovada: não se pode presumir a
relação de confiança com base em um laço sanguíneo ou vínculo empregatício.
• com emprego de chave falsa;
Chave falsa é qualquer instrumento utilizado para abrir uma fechadura trancada,
com ou sem o formato de uma chave (gazua, micha, grampos etc.).
• mediante concurso de duas ou mais pessoas;
A menoridade de um dos agentes não afasta a incidência da qualificadora. Nesse
caso, haverá concurso formal entre o furto qualificado e a corrupção de menores – art.
244-B do ECA.

FURTO COM EMPREGO DE SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS: também é uma


qualificadora do crime de furto, logo será um furto qualificado.
ATENÇÃO: tivemos uma alteração legislativa nesse dispositivo e é uma lei mais
benéfica! Isso por que antes as penas do furto qualificado e da explosão majorada eram
somadas, resultando em uma pena mínima de 6 anos de reclusão. Agora a nova lei
comina à qualificadora pena mínima de 4 anos, sendo mais benéfica.

FURTO INTERESTADUAL OU INTERNACIONAL DE VEÍCULO AUTOMOTOR: A


pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Possui natureza jurídica de qualificadora do crime de furto.
Não basta que o agente tenha a intenção de levar o veículo para outro estado ou
para o exterior. Para a incidência da qualificadora, o veículo deve efetivamente ser
levado para o exterior ou para outro estado. Trata-se de crime condicionado ao
resultado, o que impede sua ocorrência na modalidade tentada.

FURTO DE ANIMAIS DOMESTICÁVEIS DE PRODUÇÃO: A pena é de reclusão de 2


(dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda
que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
A qualificadora descreve o abigeato. Trata-se do furto de gado. Considera- se
gado todo animal domesticável pelo homem utilizado para produção, consumo e

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serviços domésticos. Abrange, por exemplo, o gado bovino, caprino, ovino, o gado de
bico (aves domésticas) etc.

FURTO DE SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS: A Lei no 13.654/2018 inseriu também no


art. 155 o § 7o, que pune com reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez anos) – além da multa –
a subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Trata-se, portanto, de punir com
mais gravidade a subtração do próprio explosivo e de acessórios, independentemente
de sua utilização.

FURTO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO: É perfeitamente possível, desde que haja


a presença de uma circunstância qualificadora de natureza objetiva do furto
concomitantemente com as condições do furto privilegiado.

FURTO DE COISA COMUM: Subtrair o condômino, coherdeiro ou sócio, para si


ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum.

V.2 Roubo
O roubo é sempre um crime complexo, pois consiste na fusão de mais de uma
figura típica (furto + lesão corporal ou ameaça ou constrangimento ilegal).
O crime de roubo só é hediondo na hipótese do roubo com resultado de morte,
também chamado de latrocínio (art. 157, §3o, in fine). Em nenhuma outra hipótese o
roubo será crime hediondo!

ROUBO PRÓPRIO: A violência a pessoa, a grave ameaça ou a utilização de meio


que reduza a vítima à impossibilidade de resistência são anteriores à subtração da coisa.
Consuma-se com a inversão da posse da coisa pelo agente, ou seja, com a retirada da
coisa da disponibilidade da vítima. Dispensando-se posse mansa e pacífica da coisa
(teoria da apprehensio ou amotio). O roubo próprio admite tentativa!

ROUBO IMPRÓPRIO: A violência ou a grave ameaça é posterior à subtração da


coisa e tem como finalidade assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa.

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Consuma-se com o emprego de violência ou grave ameaça após a subtração da coisa. O
roubo impróprio não admite tentativa.

SUJEITO ATIVO: Trata-se de um crime comum, ou seja, o tipo penal não exigiu
uma qualificação especial do sujeito ativo. Logo, qualquer pessoa pode praticá-lo.
SUJEITO PASSIVO: É o proprietário, o possuidor ou o detentor do objeto
subtraído. Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de um crime de roubo (crime
bicomum).

ROUBO MAJORADO: Havendo a presença de mais de uma causa de aumento de


pena, o juiz somente pode aplicar uma delas, sem prejuízo de utilizar as outras causas
de aumento de pena como agravantes ou como circunstâncias judiciais desfavoráveis
ao agente.
• Concurso de duas ou mais pessoas;
A menoridade de um dos agentes não afasta a incidência da causa de aumento
de pena.
Súmula no 442 do STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso
de agentes, a majorante do roubo.
• se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece
tal circunstância.
Caso o assaltado seja o próprio empresário, não incide a majorante, pois se
entende que ele não está em serviço.
• se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior;
Não basta que o agente tenha a intenção de levar o veículo para outro Estado ou
para o exterior. Para a incidência da qualificadora o veículo deve efetivamente ser
levado para o exterior ou para outro estado.
• se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
Lembrando que nessa modalidade a colaboração da vítima é dispensável. Se
diferencia da extorsão mediante privação de liberdade, porque nesse caso a
colaboração da vítima é indispensável.

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• se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego.
Este inciso foi inserido pela Lei no 13.654/2018. Aplica-se a este dispositivo as
mesmas considerações feitas acerca da qualificadora do delito de furto diante da
subtração dos mesmos objetos, com a óbvia distinção de que no roubo emprega-se
violência ou grave ameaça na subtração.
• se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca.
Esse inciso foi inserido pelo Pacote Anticrime (Lei no 13.964/2019). É
importante observar a questão da intertemporalidade da norma penal que foi criada em
razão das sucessivas alterações promovidas pelas Leis no 13.654/2018 e no 13.964/2019.

ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO OU USO DE


EXPLOSIVOS: Trata-se de causa de aumento inserida pela recente Lei no 13.654/2018.
FIQUE ATENTO, porque nessas hipóteses, diferentemente do que ocorre no § 2o, o
aumento de pena será de 2/3.
ATENÇÃO: o roubo não será majorado quando houver a utilização de:
• arma de brinquedo;
• arma de fogo inapta a realizar disparo;
Não é necessária a apreensão e a perícia da arma para a incidência da
majorante pelo emprego de arma, desde que haja a comprovação da sua
potencialidade lesiva através de qualquer meio de prova admitido no Direito.

ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO: Se a violência ou grave


ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se
em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Mais uma alteração promovida pela Lei no 13.964/2019 (Pacote Anticrime). Se a
arma de fogo empregada para a prática do roubo for de uso restrito ou proibido, a pena
deverá ser dobrada.

ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO: referido dispositivo foi reformulado


pela Lei no 13.654/2018, que dividiu as duas hipóteses de qualificadora antes previstas

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no mesmo dispositivo, agora em dois incisos distintos, aumentando a sanção cominada
à hipótese em que há o resultado qualificador lesão corporal de natureza grave.
• lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos,
e multa
• morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Latrocínio é o roubo qualificado pelo resultado morte que adveio da violência
empregada no delito.
Súmula n° 603, STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é
do juiz singular e não do tribunal do júri

V.3 Extorsão
EXTORSÃO SIMPLES: A extorsão é um crime autônomo que resulta do
constrangimento ilegal com um elemento especializante (princípio da especialidade).
• Constranger alguém a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa;
• Mediante violência ou grave ameaça;

A consumação ocorre no momento em que a vítima, em razão do


constrangimento praticado pelo agente, realiza o comportamento por ele pretendido.
Súmula n° 96 do STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da
obtenção da vantagem indevida.

É possível a tentativa (crime plurissubsistente). Sempre que o agente emprega


violência constrangendo a vítima, mas não consegue fazer com que esta realize o
comportamento por ele pretendido.

O crime de extorsão será julgado pela justiça do local onde a vítima recebe o
constrangimento.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA:

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• Emprego de arma (aplicam-se as disposições estudadas no roubo majorado
pelo emprego de arma).
• Extorsão cometida por duas ou mais pessoas (aplicam- se as disposições
estudadas no roubo majorado, com uma ressalva: apenas a coautoria faz incidir a
majorante, a mera participação não faz).

EXTORSÃO MEDIANTE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA (SEQUESTRO-


RELÂMPAGO): Esse dispositivo foi inserido no art. 158 do Código Penal pela Lei n°
11.923/2009 e qualifica o crime de extorsão quando cometida mediante privação da
liberdade da vítima.
Se a extorsão é cometida mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, incide uma
qualificadora na extorsão: a pena será de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa.

EXTORSÃO MEDIANRE SEQUESTRO SIMPLES: Sequestrar pessoa com o fim de


obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
Configura-se o crime ainda que a vítima da privação da liberdade não seja
transportada para outro lugar. Exemplo: impedir dono de fazenda de deixar a casa até
que um filho realize transferência bancária.
Trata-se de um crime formal (STF, Informativo no 27). A extorsão mediante
sequestro se consuma no momento da privação da liberdade da vítima, não
interessando se a vantagem almejada é ou não obtida.
Trata-se de um crime permanente, cujo início da conduta se dá com a restrição
de liberdade da vítima e somente se encerra com a libertação da vítima ou com sua
morte.

QUALIFICADORAS:
• Sequestro que dura mais de 24 horas (12 a 20 anos)
• Sequestro de menor de 18 anos ou maior de 60 anos (12 a 20 anos)
• Crime cometido por bando ou quadrilha (12 a 20 anos)
• Se resulta em lesão grave (16 a 24 anos)

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• Se resulta em morte (24 a 30 anos)

COLABORAÇÃO PREMIADA NA EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO: Se o crime


é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

EXTORSÃO INDIRETA: o tipo penal da Extorsão Indireta destina-se a coibir os


torpes e opressivos expedientes a que recorrem, por vezes, os agentes de usura, para
garantir- se contra o risco do dinheiro mutuado.

V.4 Estelionato
• Obter vantagem ilícita;
• Em prejuízo alheio;
• Induzindo a vítima em erro;
• Mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento;

ESTELIONATO E FALSIFICAÇÃO DE MOEDA: A falsificação de moeda (metálica ou


papel) caracteriza crime próprio previsto no art. 289 do Código Penal. Entretanto,
quando a falsificação é grosseira, o agente não responde pela falsificação de moeda,
mas tão somente pelo estelionato.
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.

O estelionato é um crime de DUPLO RESULTADO! Se consuma no momento em


que o agente aufere a indevida vantagem e a vítima suporta o prejuízo correspondente
a tal vantagem (são necessários os dois resultados).

ESTELIONATO PRIVILEGIADO: Trata-se de um benefício estabelecido ao autor do


delito de estelionato que seja réu primário e cause prejuízo de pequeno valor para a
vítima.

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ATENÇÃO: O crime de estelionato, em regra, admite a suspensão condicional do
processo, tendo em vista que sua pena mínima é igual a 1 ano. Entretanto, nos casos de
aumento de pena (§§ 3o e 4o), é impossível a concessão de tal benefício.

Recentemente alterada pela Lei no 13.964/2019 (Pacote Anticrime), a ação penal


no delito de estelionato passou a ser, em regra, pública condicionada à representação
da vítima.
Excepcionalmente, a ação penal ainda permanece sendo pública incondicionada.
É o que ocorre nos casos em que a vítima for:
I – a Administração Pública, direta ou indireta;
II – criança ou adolescente
III – pessoa com deficiência mental; ou
IV – maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

VI. Crime contra a Adm. Pública


Os crimes contra a Administração Pública estão descritos na parte especial do
Código Penal Brasileiro e começam a partir do título XI, art. 312.

Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora


transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Segundo entendimento jurisprudencial, agentes políticos também são
considerados funcionários públicos para fins de aplicação da lei penal.

VI.1 Peculato
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá- lo, em
proveito próprio ou alheio.
Peculato e peculato próprio são os nomes dados especificamente para o art. 312.
Peculato-apropriação: apropriação, por parte de um funcionário público, de um
bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa.

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Peculato-desvio: acontece por conta do desvio de um bem, seja em benefício
próprio ou de outras pessoas.

VI.2 Corrupção Passiva


Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem.
Corrupção passiva própria: o funcionário público negocia um ato ilícito.
Corrupção passiva imprópria: o funcionário público negocia um ato lícito.

Vi.3 Prevaricação
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

VI.4 Corrupção Ativa


Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-
lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

VI.5 Descaminho
Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Princípio da insignificância: como regra, não é aplicado em crimes que ocorrem
contra a Administração Pública, por exemplo, crime de peculato. Exceção: quando a
mercadoria ultrapassar R$20.000,00.
SÚMULA 151 – a competência para o processo e julgamento por crime de
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da
apreensão dos bens.

VI.6 Contrabando
Importar ou exportar mercadoria proibida. O contrabando não admite o
princípio da insignificância.

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