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1.Introdução
Esse aspecto é observado por Araken de Assis (2016:380), para quem o patrimônio da
pessoa, no exato ângulo entrevisto, sempre in feri, modificando-se por acréscimo ou
diminuição de bens e frutos, e a ordem jurídica não inibe as atividades econômicas de
quem assume obrigações, ao contrário, é essencial à economia de mercado.
Daí decorrerá a responsabilidade patrimonial, em que serão atingidos bens que não
pertencem ao executado, mas sim a terceiro, a quem foi transferido em fraude,
notadamente nas hipóteses previstas no art. 790, V e VI, do CPC (LGL\2015\1656),
situação em que o bem não mais integra o patrimônio do devedor, razão pela qual se
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buscará tornar ineficaz a transferência, sujeitando-o a constrição na execução.
do crédito, bem como manter hígida a dignidade da justiça, que se vê afrontada com a
conduta do devedor, incidindo a contrição judicial em bens que não mais pertençam ao
devedor.
Grande questão não é o conceito de fraude à execução. Isso é claro e definido em linhas
anteriores, isto é, atos praticados pelo devedor que o torne insolvente, ou praticados já
insolvente, impedindo o cumprimento da obrigação em um processo. A vexatio quaestio
é o momento em que se caracteriza. Como se verá em linhas seguintes, tratando-se de
execução cível, trabalhista ou tributária, a fraude à execução será caracterizada em
momentos processuais diversos.
Não obstante a fraude atacar e afrontar os interesses do credor, o ato praticado agride
ainda sobremaneira o Poder Judiciário, pois visa enganar e ludibriar as decisões judiciais,
comprometendo a prestação jurisdicional.
Por essa razão, seu reconhecimento pode ser de ofício, pois a efetividade e cumprimento
do emanado jurisdicional transcendem aos interesses das partes, tratando-se de matéria
de ordem pública, reconhecida nos próprios autos da execução. Tamanha gravidade que
o CPC (LGL\2015\1656), em consonância com essa importância, caracteriza a fraude
como ato atentatório à dignidade da Justiça, previsto no art. 774, I, do CPC
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(LGL\2015\1656) .
A primeira ocorrerá quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com
pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver. Nesse caso, não se trata de execução de pagar
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quantia, e sim de entrega de coisa, o que não é objeto do presente trabalho.
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retirar a alegação de boa-fé do terceiro, o CPC (LGL\2015\1656), no art. 828 , prevê
que o exequente poderá requer a expedição de certidão comprobatória do ajuizamento
de execução admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para
fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade, como a finalidade de se presumir-se em fraude à
execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
Neste caso, explica Humberto Theodoro Júnior (2016:325), não se cogita de insolvência
do executado nem de má-fé do terceiro adquirente. A fraude é presumida ex lege. O
problema situa-se na eventualidade de não ter sido averbada a execução, mas de ser
comprovada a ciência que tinha o adquirente da existência da penhora, do arresto ou da
indisponibilidade que incidia sobre o bem negociado.
A averbação torna pública a execução, com efeitos erga omnes, por consequência
oponível a terceiros, retirando-lhes sua boa-fé e, por conseguinte, seu desconhecimento
da demanda, invertendo-se a lógica da presunção, pois presume-se conhecedor da
execução movida pelo credor.
A terceira hipótese ocorrerá quando tiver sido averbada, no registro do bem, hipoteca
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude. Neste caso pouco importa a insolvência, pois refere-se à constrição de bens
específicos decorrente de qualquer gravame judicial, com efeito erga omnes, presumindo
em fraude a alienação realizada após a averbação.
Nesse caso, não se busca tornar ineficaz a alienação ou oneração de determinado bem, e
sim de qualquer bem do devedor, ocorrida desde a citação na fase de conhecimento, em
face da insolvência, diante da inexistência de bens passíveis de penhora.
De qualquer forma, mister se faz que seja formalizada a relação processual, por meio da
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citação válida do devedor , à exceção da averbação da certidão premonitória, prevista
no art. 828 do CPC (LGL\2015\1656), mencionado anteriormente.
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civil, trabalhista e tributário
Por outro lado, se a alienação correr após o registro da penhora, arresto ou da certidão
de distribuição e ajuizamento, haverá a presunção de fraude, pois presumir-se-á que o
terceiro adquirente não está de boa-fé, pois a averbação torna público a situação do
devedor.
Inovando quanto ao tema, o art. 792, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656), estabelece que,
no caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de
provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das
certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o
bem, o que de certa forma, atribui ao terceiro certa responsabilidade pela busca da real
situação do devedor, não sendo mais suficiente o simples argumento desconhecimento.
Dessa forma, questão relevante é verificar se e como o terceiro adquirente deveria ter
ciência da existência da ação ou das condições financeiras do devedor.
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Para o STJ , não havendo averbação, mister se faz a prova de má-fé do adquirente, isto
é, o conhecimento da situação do devedor e o conluio em prejudicar o credor.
Contudo, sejam os bens sujeitos ou não a registro, o ônus da prova de que a aquisição
não ocorreu em fraude à execução deve ser do adquirente.
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Porém, não se defende que esta regra seja absoluta, ou que não comporte flexibilização
diante do caso concreto, notadamente quando a eventual demanda tramitar em comarca
diversa ou distante de onde corre a ação ou onde reside o devedor.
No mesmo sentido, Araken de Assis (2016:398), afirmando que é uma questão de fato,
portanto, e cujo ônus toca ao exequente, presumindo-se a boa-fé do adquirente. Em
contrapartida, a má-fé do adquirente implica a do executado. Não basta a circunstância
objetiva de a alienação ocorrer no curso do processo. Dependerá das circunstâncias do
caso concreto. Por exemplo, a aquisição de imóvel situado na mesma comarca em que
tramita a execução, dispensando o comprador na escritura, contra os usos do comércio
jurídico, as certidões negativas, principalmente a do distribuidor, constitui indício seguro
da má-fé. Abstendo-se de observar as cautelas usuais para não prejudicar terceiros, o
adquirente há de arcar com as consequências da sua omissão. É bem de ver que essa
orientação excessivamente protetora do adquirente, exigindo a má-fé, decorrente da
efetiva ciência da pendência da demanda, leva soluções iníquas. Do terceiro de boa-fé
espera-se que tome as providências usuais das pessoas honestas e cautelosas, ou seja,
providencie a certidão de registo da distribuição no lugar da situação do imóvel. É
diligência corriqueira e adequada nos negócios imobiliários. O art. 792, § 2º, dispôs
nesse sentido: atribui ao terceiro adquirente o ônus de exibir as certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem, demonstrando que
adotou “as cautelas necessárias para a aquisição”. Dessa forma, caberá ao adquirente o
ônus de comprovar que diligenciou quanto as condições financeiras do alienante, porque
há a impossibilidade de o credor provar que o adquirente agiu de boa-fé ou que estava
em conluio com o devedor, como previsto no art. 373, § 1º, do CPC (LGL\2015\1656).
Não se defende a presunção de má-fé do adquirente, mas sim, uma postura, um dever
de conduta proativo, em que se busque conhecer a situação econômica do alienante,
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civil, trabalhista e tributário
como prevê o CPC (LGL\2015\1656), não só para bens móveis, como para imóveis.
Entende Humberto Theodoro Júnior (2016:330) que não se trata de impor-lhe prova
negativa em caráter absoluto, mas é de exigir comprovação de quadro fático dentro da
qual se possa deduzir, com razoabilidade, que não teve conhecimento da insolvência do
alienante, e nem tido condições de conhecer a ação ou as ações pendentes contra ele. É
o que ocorre, por exemplo, quando as ações tenham sido aforadas em comarca diversa
daquela em que ocorreu o negócio averbado de fraudulento, ou quando protesto tenham
sido registrados em cartório fora da localidade em que o transmitente mantem seu
domicilio ou a sede de seus negócios habituas.
No mesmo sentido, Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (2015:1146), para quem, diante
do NCPC (LGL\2015\1656), o entendimento jurisprudencial que impõe ao exequente
provar a má-fé do adquirente deve necessariamente ser alterado, havendo, por força de
lei, inversão do ônus dessa prova, cabendo ao terceiro-adquirente fazer prova da sua
boa-fé e não o contrário. A Súmula 375 do STJ deve ser, na sua segunda parte,
revogada, só se justificando a sua manutenção quanto à exigência da citação.
Aguardar-se-á eventual reinterpretação do STJ sobre o tema, o que, de certa forma, foi
iniciado e tentado com o voto vencido da Ministra Nancy Andrighi, no REsp 956.943/PR,
em que propunha a revisão da Súmula 375, dando novos contornos à fraude à execução,
nos seguintes termos:
Por outro lado, a fraude pode ser reconhecida a qualquer momento do processo de
execução, desde que o credor comprove a má-fé do terceiro adquirente, seja de plano,
ou mediante dilação probatória nos próprios autos da execução ou em apartados,
dependendo da complexidade do processo.
Quanto ao terceiro, não sendo parte no processo de execução, terá sua esfera jurídica
atacada por decisão judicial. Nesse cenário, prevê o art. 674 que quem, não sendo parte
no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre
os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. Considerar-se-á como
terceiro o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução.
Quanto às hipóteses previstas no art. 792 do CPC (LGL\2015\1656), que norteia o tema,
à exceção do inciso I, da qual a Justiça do Trabalho não detém competência para julgar,
todas as demais são suscetíveis de incidência no âmbito trabalhista, mais comum e
notadamente a prevista no inciso IV, em que se caracteriza quando, ao tempo da
alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à
insolvência, in casu a reclamatória trabalhista, ainda na fase de conhecimento.
Dessa forma, conclui-se que na fraude à execução em matéria trabalhista não se deve
aplicar a Súmula 375 do STJ, pois não se cogita a boa ou má-fé do adquirente, pois sua
caracterização e circunstâncias são definidas objetivamente pelo legislador.
Não se defende como absoluta a regra, como alertado na fraude no processo civil, pois
dependerá do caso concreto a análise da conduta do adquirente, caso em que se
demonstrar que tomou todas as medidas ou as diligências comuns do homem médio
para a realização do negócio, como certidão de distribuição de feitos, desconfigurará a
fraude à execução, pois demonstrou de forma objetiva sua boa-fé.
Como defendido anteriormente, o que não se pode admitir é a inércia dolosa, ingênua,
do adquirente em não tomar o mínimo cuidado em verificar a situação econômica do
alienante, o que é possível realizar sem maior burocracia.
Assim, é suficiente que, ao tempo da disposição de bens do devedor, haja ação contra o
devedor capaz de levá-lo insolvência, que no caso concreto, se configura com qualquer
reclamatória trabalhista, independente do conhecimento ação pelo terceiro adquirente.
Aliás, exige-se que o terceiro tome as devidas providências necessárias para conhecer a
situação econômica do devedor, como já defendido.
Soma-se a isso o fato de que o art. 792, § 4º, não impor como requisito de
reconhecimento da fraude a boa ou má-fé do adquirente do bem, delimitando,
restritivamente, as circunstâncias que a caracterizam, o que de certa forma ganha maior
envergadura e se harmoniza com os preceitos de proteção do crédito trabalhista.
Denota-se, então, que é suficiente que, ao tempo da disposição de bens, haja contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência, sem necessidade de comprovação da
ciência do terceiro adquirente
Dessa forma, a alienação ou oneração de bens ou rendas pelo devedor, após inscrita a
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dívida ativa, sem reserva de bens para assegurar o pagamento do crédito tributário,
gera presunção absoluta de fraude à execução, não se admitindo prova em contrário,
mesmo diante da boa-fé do terceiro adquirente, mesmo que não haja registro de
penhora do bem alienado.
Para sua caracterização mister se faz somente que a alienação tenha ocorrido após a
inscrição em dívida ativa do débito e que o devedor não tenha bens suficiente para
solver a dívida, isto é, na prática, a frustração da execução.
Com o advento da LC 118/05, que alterou o art. 185 do CTN (LGL\1966\26), o STJ
firmou o entendimento de que, se o negócio jurídico foi praticado após 09.06.2005, a
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caraterização da fraude ocorrerá após a efetivação da inscrição em dívida ativa.
A Corte Superior entendeu que o CTN (LGL\1966\26), por ser lei especial, sobrepõe-se
às normas processuais civis comuns, lex specialis derrogat lex generalis, bem como a
súmula do STJ. Por consequência, sedimentou o entendimento de que a Súmula 375 do
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STJ não se aplica as execuções fiscais, somando-se a esses argumentos o evidente
interesse público sobre o particular, o que requer disciplina e estrutura própria no
reconhecimento da fraude fiscal, antecipando a presunção para o momento da inscrição
em dívida ativa, operando-se in re ipsa, dispensando o concilium fraudis.
6.Conclusão
7.Bibliografia
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
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civil, trabalhista e tributário
ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa; MELLO, Rogério Licastro Torres de; RIBEIRO,
Leonardo Ferres da Silva. Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil
(LGL\2015\1656): artigo por artigo. São Paulo: Ed. RT, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 18. ed. São Paulo: RT, 2016.
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
BRITO, Cristiano Gomes de. Sociedade limitada & cessão de quotas. Curitiba: Juruá,
2007.
BRITO, Cristiano Gomes de. Dissolução parcial de sociedade anônima. Revista de Direito
Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, v. 123, p. 147-159, jul.-set.
2001.
Cahali, Yussef Said. Fraudes contra credores. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 1989.
DINAMARCO, Candido Rangel. Execução civil. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
GARCIA, Gustavo Felipe Barbosa. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 37. ed. São Paulo:
Malheiros, 2016.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 38. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 57. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016. v. 3.
1 Interessante destacar que, não obstante tratar-se de fraude a credores, o art. 164 do
CC, quanto à realização regular de negócio jurídico, prevê que presumem de boa-fé e
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8 Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz,
com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de
imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao
juízo as averbações efetivadas. § 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para
cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. § 3º O juiz determinará
o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o
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9 O art. 312 do CPC dispõe: “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for
protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos
mencionados no art. 240 depois que for validamente citado”. Já o art. 240 estabelece: A
citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397
e 398 do CC: § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da
ação. § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências
necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º. § 3º
A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário. § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos
demais prazos extintivos previstos em lei.
11 Entre eles Yussef Said Cahali, que considera “irrelevante o fato de a citação ainda não
ter sido realizada para que se caracterize a alienação em fraude de execução”
(1989:465).
15 Quanto a regra de distribuição do ônus da prova, prevê o art. 373 do CPC: Art. 373.
O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II –
ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput
ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3º A
distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes,
salvo quando: I – recair sobre direito indisponível da parte; II – tornar excessivamente
difícil a uma parte o exercício do direito. § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser
celebrada antes ou durante o processo.
17 Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
20 Nesses casos, acolhendo a tese de que não configuraria fraude à execução, o TST
decidiu: Agravo de instrumento. Execução. Embargos de terceiros. Fraude à execução.
Penhora de bem de sócio. Alienação antes da desconsideração da personalidade jurídica
da empresa. Provimento. Merece provimento o recurso por aparente violação ao artigo
5º, XXII, da Constituição Federal. Agravo de instrumento provido. Recurso de revista.
Execução. Embargos de terceiros. Fraude àexecução. Penhora de bem de sócio.
Alienação antes da desconsideração da personalidade jurídica da empresa. Esta Corte
Superior, no enfrentamento de casos semelhantes, firmou tese de que a transferência de
imóvel pertence ao sócio após o ajuizamento de reclamação trabalhista e antes da
desconsideração da personalidade jurídica da empresa não configura hipótese de fraude
à execução, a teor do artigo 792, IV, do CPC/15, que pressupõe a existência de
demanda capaz de reduzir o devedor à insolvência ao tempo da alienação. Recurso de
revista conhecido e provido (TRT, Recurso de Revista RR 3131-94.2015.5.12.0002, 6ª
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22 O art. 10 da CLT dispõe que qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não
afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Já o art. 448 estabelece que a
mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos
de trabalho dos respectivos empregados.
24 O art. 201 do CTN estabelece que “constitui dívida ativa tributária a proveniente de
crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente,
depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular”. Já o art. 204, fixa que “a dívida regularmente inscrita
goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída”. O
parágrafo único prevê que a presunção é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca,
a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
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