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CULTURA MIDIÁTICA
Comitê Editorial
φ
Diagramação e capa: Lucas Fontella Margoni
Arte da capa: Lightwave 3 - Daniel Clark
http://www.abecbrasil.org.br
373 p.
ISBN - 978-85-5696-161-4
CDD-906
Índices para catálogo sistemático:
1. História da sociedade 906
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 9
O NO TEMPO CINEMATOGRÁFICO 95
Tatiana Brandão de Araujo
BASEADO EM FATOS REAIS: O OUTRO LADO DA VEICULAÇÃO MIDIÁTICA ACERCA DA CANNABIS 361
Paulo Vargas Junior
DESENVOLVIMENTO
- Construção de Cenário
A concepção dos cenários vinculados a Hannibal
proporcionam um meio de compôr o personagem de forma
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 13
- O colorido da série
Dentro da narrativa a divisão entre luz e trevas,
representada pelos momentos claros, utilizando a luz natural, e os
momentos escuros, trazendo reflexões sobre o medo e o
desconhecido, ficam bem evidentes. Conforme Ellen Lupton e
Jeniffer Phillips, “[...] a cor pode exprimir uma atmosfera,
16 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
CONCLUSÃO
Figura 06.O fim do Dragão Vermelho, Episódio 13, Temporada 3 - “The Wrath
of the Lamb”. Fonte: captura de tela
REFERÊNCIAS
<http://www.contracampo.uff.br/index.php/revista/article/view/308
>. Acesso em: 19 abr. 2016.
“ELAS ESTÃO VIVAS, DIABOS! É UM MILAGRE!”:
UMA REFLEXÃO SOBRE O FEMINISMO
CONTEMPORÂNEO, A REPRESENTAÇÃO
FEMININA NA MÍDIA E A SOCIALIZAÇÃO NA
SÉRIE UNBREAKABLE KIMMY SCHMIDT
Ana Paula Penkala
INTRODUÇÃO
1 Michel Foucault (2007), para quem o discurso existe/é construído na razão das
relações de poder – e o gênero, entendido aqui como um discurso hierárquico, é
evidentemente uma relação de poder -, compreende o discurso como mais que um
conjunto de signos, definindo-o também a partir das práticas. Cultura e discurso são
conceitos que se tangenciam, portanto. Neste sentido, pode-se dizer que o discurso de algo
é aquilo que esse algo (ou alguém, representante de uma classe, um sistema, uma
instituição) diz para além do texto – e, também, para além do verbalizado.
2 O texto, para Mikhail Bakhtin (2003), é a materialização do discurso, a forma concreta
que o discurso toma. Um filme pode ser um texto, assim como um de seus frames o é, ou
uma música, uma poesia, um romance ou uma performance de dança.
3 Sobre a construção social da realidade, apoio-me aqui, evidentemente, em Simone de
Beauvoir (2009), mas também em Antony Giddens (1991) e Peter Berger e Thomas
Luckmann (2008).
22 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
9 Sobre O perigo da história única, ver a palestra da ativista e escritora feminista nigeriana
Chimamanda Ngozi Adichie no TED Talks, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=EC-bh1YARsc>. Último acesso em 30 de
outubro de 2016.
10 Representation in the fictional world signifies social existence; absence means symbolic annihilation.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 25
11 É evidente que a opressão misógina não nasce com ou a partir do sistema capitalista.
O que se quer abordar aqui é a relação de manutenção que o capitalismo tem com a
misoginia e a forma como o faz a partir de um sistema patriarcal.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 27
aos 15 anos de modo que não vivesse uma das partes mais violentas
da socialização feminina? Kimmy, aos 30 anos, tem a ingenuidade
de uma jovem de 15, especialmente por não ter experienciado uma
série de coisas que se impõe sobre a vida de uma mulher a partir
da adolescência, porém é o exemplo vivo de uma violência tão
grande quanto o seria sua socialização.
Talvez por esse motivo a confusão da crítica ao fazer
análises superficiais da série, chamando-a de “comédia ingênua”
(DA PAZ, 2016). A “ressocialização” de Kimmy e sua tentativa de
não ser rotulada como a vítima, a “mulher toupeira”, é, nesta
narrativa cheia de denúncias, contada a partir do equilíbrio entre o
estranhamento infantil da personagem frente a situações que uma
mulher adulta já aprendeu a transpor (o que desnaturaliza uma série
de opressões que já tornamos transparentes pela sua banalização)
e sua experiência de resistência usada para subverter a instituição
tradicional de um patriarcado pós-moderno. A análise a seguir se
debruça sobre a forma como a série, em especial a socialização da
personagem principal e as temáticas levantadas na primeira
temporada, constrói simbolicamente sua crítica.
17 Esta definição de cultura pop é aqui utilizada pois explica de forma sucinta, para os
propósitos deste capítulo.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 35
20 O filme se passa na época do auge do movimento das mulheres pelo direito ao voto,
em Londres. A Sra. Winifred Banks, da família que contrata Mary Poppins, é uma
sufragette.
21 Branca de Neve e os sete anões (Snow White and the seven dwarfs), David Hand,
William Cottrell, Wilfred Jackson, Larry Morey, Perce Pearce e Ben Sharpsteen, 1937;
Cinderella, Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske, 1950; A bela adormecida
(Sleeping beauty), Clyde Geronimi, 1959.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GREY, Alicen. You’ve heard of rape culture, but have you heard of
pedophile culture? Disponível em:
<http://www.feministcurrent.com/2015/09/28/youve-heard-
of-rape-culture-but-have-you-heard-of-pedophile-culture/>.
Último acesso em 29 de outubro de 2016.
PENKALA, Ana Paula. Ora, ora, ora: notas sobre uma maleficência pós-
feminista. Orson, Pelotas, v. 2, n. 6, 2014, pp. 48-70. Disponível
em:
<http://orson.ufpel.edu.br/content/06/artigos/primeiro_olhar
_especial/04_anapaulapenkala.pdf>. Último acesso em 25 de
outubro de 2016.
suas funções, seria apenas uma nova forma de expor uma arte,
novas funções surgiriam anos após sua consolidação, pois passou
por incorporações de novas funções, sendo uma delas o caráter de
propaganda ideológica de regimes políticos seja qual for a sua
natureza, ditatorialoudemocrática, uns com mais atuação direta,
outros com atuações mais indiretas.
Durante a guerra dos Bôeres já havia uma introdução de
propaganda no cinema, na Primeira Guerra Mundial observam-se
alguns filmes de caráter propagandístico, principalmente na
Inglaterra, mas não existia uma forte intenção na utilização desse
meio para propaganda. Isso pois,
Embora tenha sido utilizado, pela primeira vez, para fins
políticos pelos ingleses, em 1901, durante a Guerra dos
Bôeres (1899-1902), foi somente a partir da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) que teve início, de forma
generalizada, a sua utilização como instrumento de
propaganda política e de controle da opinião pública. Os
filmes de propaganda desse período não possuíam ainda o
aperfeiçoamento técnico, o fascínio e a eficácia que teriam
os produzidos a partir da ascensão dos regimes nazifascistas
e da Segunda Guerra Mundial. (PEREIRA, 2004, p. 2)
1Lewis Milestone e Frank Borzage ganharam o Oscar de melhor diretor em 1927 com o
filme TwoArabianKnights.
68 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
aproximação.
Quando a música vai chegando ao final,surge o elemento
que afetará todo o equilíbrio, ou seja, a paz, pois bombardeiros
alemães começam a atacar e uma das crianças é atingida por
estilhaços, ficando gravemente ferida.Posteriormente a criança
atingida morre e as demaiscrianças passam por uma transformação,
ganhando um espirito patriótico, não temendo mais a guerra.
Nesse exato momento é que o filme demonstra a real perturbação
seguindo os padrões de Hollywood.
Outrasequência importantese passa no vilarejo
(MILESTONE, 1943, 39’ 47” a 47’ 50”), na qual os cidadãos são
alertados sobre a invasão alemã.No final das palavras, de uma
mulher, que avistara os nazistas e retorna cavalgando rapidamente
para alertar os seus companheiros, aviões nazistas alvejam a cidade
matando um bom número de pessoas.Após o ataque, um líder local
faz um discurso patriótico chamando as pessoas a reagirem mesmo
que custe suas vidas.
A próximasequência a ser analisada transporta uma
responsabilidade as crianças (MILESTONE, 1943,51’ 34” a 54’
34”).Quando as crianças retornavam à estrada, um caminhão vem
na direção oposta até ser atingido por um avião nazista; nele havia
um carregamento de armas para o vilarejo das crianças, elas ficam
encarregadas de levar as armas atéseu vilarejo, o rapaz mais velho
decide ir para Stalingrado onde acredita ser mais útil para ajudar a
mãe Rússia que agora passava por dificuldades.Uma das referências
do filme mais marcante para exaltar a bravura do povo soviético é
o fato desses indivíduos sacrificarem tudo que possuem na
tentativa de deixar seu inimigo sem recurso: quando o vilarejo é
avisado por uma mulher da chegada de tropas nazistas, os aldeões
que sobreviveram ao ataque anterior dos aviões, ateiam fogo as
suas próprias casa e começam a fugir.Infelizmente seus planos são
frustrados pela rápida atuação alemã.Logo, são obrigados a ficar
como prisioneiros. As crianças servem, nesse momento da
narrativa fílmica,como bolsas de sangue vivas para os soldados
nazistas feridos, uma imagem que busca demonstrar a crueldade
nazista, mas também que se propõem a informar que os
estadunidenses também sofrem com a cena e, por isso, a
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 73
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS FÍLMICAS
REFERÊNCIAS
1 O livro “50 Years of Queer Cinema: 500 of the Best Gay, Lesbian, Bisexual,
Transgendered, and Queer Questioning Films Ever Made” de Darwin Porter e Danforth
Prince, é um guia dos 500 melhores filmes produzidos com a temática gay, lésbica,
bissexual, e trans.
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2 Maroh lançou mais duas graphic novel após Le Bleu est une couleur chaude, Skandalon
(2014) e City and Gender (2015)
3 A versão em inglês foi utilizado para o trabalho
4Em 2013 a graphic novel recebeu uma adaptação para o cinema, dirigido por Abdellatif
Kechiche, e estrelado por Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 81
Figura 1 MAROH, 2013, p.11 – Visual Clementine, nos seus 15 anos. Figura 2 idem, p.15 –
Visual de Emma, primeiro encontro das duas personagens
5Filósofa americana, seu trabalho tem forte presença na teoria de gênero, principalmente
nos estudos queer, trabalha também no campo da filosofia política, de ética e do
feminismo. Publicou Gender Trouble (1990) que a deixou conhecida por seus estudos
da performatividade. E também Bodies that matter (1993), Undoing Dender (2004), entre
outros. Seu trabalho é muito influenciado por Simone de Beauvoir, Jacques Derrida e
Michel Focault. Leciona desde 1993 na Universidade de Berkeley, na Califórnia.
6 Cartoonista, escritor e empreendedor estadunidense. Começou cedo na indústria dos
comics, sua primeira série foi The Spirit. Um dos principais nomes no estudo de graphic
novel ou histórias em quadrinho, cunhou o termo sequential art em 1985, com o livro
Comics and Sequential Art, escreveu também Graphic Storytelling and Visual Narrative
(1996), The Dreamer (1986) e A Contract with God (1978), entre outros.
82 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
O CORPO LÉSBICO
7 Termo usado para descrever uma identidade individual, muito utilizado pela
comunidade lésbica, butch se referindo a menina mais masculina e femme mais feminina,
o termo surgiu no século XX, dentro das comunidades LGBTs, para ser uma
característica dada às mulheres
88 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
Figura 6 MAROH, 2013, p.49 – Corpo de Emma é construído por noções construídas no imaginário
lésbico
Figura 10 MAROH, 2013, p.65 – Momento em que a amiga a repreende por ter ido ao bar gay,
primeira reação negativa dos amigos que Clementine recebe
Figura 11 MAROH, 2013, p.29 – O pai de Clementine briga com Emma em um jantar
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MAROH, Julie. Blue is the warmest color. Bleu est une couleur
chaude. Vancouver, Canadá. Pulp Press, 2013.
aplicada na leitura dos meus objetos que, neste caso, são filmes.
Porém, seu entendimento será relevante para as análises de
produções artísticas que pretendem utilizar a teoria queer como
suporte. Seu texto aponta para a necessidade de enxergar além do
roteiro de um filme, assim como, considerar além da questão
sexual, independente de os sujeitos representados serem
heterossexuais, bissexuais ou homossexuais. Sendo assim,
primeiramente, faz-se necessário definir o que compreendo por
teoria queer para em outro momento poder pensá-la nos filmes que
me proponho a discutir neste espaço, assim como as discussões
pertinentes às temporalidades.
3As queer is unaligned with any specific identity category, it has potential to be annexed profitably to
any number of discussions.
4gender norms operate by requiring the embodiment of certain ideals of femininity and masculinity, ones
which are almost always related to the idealization of the heterossexual bond.
98 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
5 Queer uses of time and space develop, at least in part, in opposition to the institutions of family,
heterosexuality, and reproduction.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 99
6The New Queer Cinema quickly grew – embryonically at first, with its first steps in the years of 1985-
1991, then bursting into full view in 1992-1997 with formidable force.
7 Mala Noche. Direção: Gus Van Sant. 1985, 78 min., black and white.
8 Parting Glances. Direção: Bill Sherwood. 1986, 90, color.
9 Poison. Direção: Todd Haynes. 1991, 85 min., black and white/color.
10 The Living End. Direção: Gregg Araki. 1992, 92 min, color.
11 queer time, even as it emerges from the AIDS crisis, is not only about compression and annihilation,
it is also about the potentiality of a life unscripted by the conventions of family, inheritance, and chid
rearing.
100 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
14Desejo Proibido. Direção: Jane Anderson, Martha Colidge, Anne Heche. Top Tape,
2000. 96 min, color, Tĩtulo original: If These Walls Could Talk 2.
15Segredos e Confissões. Direção: Donna Deitch. CIC Video, 2000. 105 min, color,
Tĩtulo original: Common Ground.
102 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
16the consolidation of lesbian and gay civil rights has tended to benefit some more than others. Those
who have gained the most are people living in committed couple relationships with good incomes and jobs,
most often white and especially men.
17 the language of rights and freedoms is itself highly racialised.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 105
18the erasure of difference produces the image of a universal individual, who is always imagined as white
and male.
19 Rights are all too theoretical to all too many people. Without a lawyer to argue them on one’s behalf,
without an education that effectively makes one aware of them, without the health care that makes it
possible to enjoy them, rights alone may be cold comfort.
20 Racialized kids, queer kids, are not the sovereign princes of futurity.
106 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
CONCLUSÃO
21Hollywood’s take on new and diverse household forms still privileges the nuclear triangle of mommy,
daddy, and baby makes three over all other forms of alliance and relation.
22 gains in cultural visibility or civil rights can situate queers more deeply inside systems of power.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
23 And as gay men and lesbians are differently raced, gendered, classed, aged, abled, and even
“sexualized,” so gay liberation, were it to come, would still leave many gay men and lesbians unfree and
unequal.
108 | COMUNICAÇÃO E CULTURA MIDIÁTICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
Figura 01
Figura 02
Nessa capa, temos o personagem The FightingYank sentado sobre
um avião de guerra japonês, o qual ostenta em sua lateral a frase Japan –
U.S.A Suicide Squadron, que significa, em uma livre tradução, Esquadrão
Suicida Japão – EUA. A ameaça presente no avião japonês perpetua o
medo, pois perpetua a ideia de que os EUA é alvo dos japoneses. O
detalhe a ressaltar é maneira com que a informação é apresentada, Japan
– U.S.A, como sendo a investida belicista uma ato de uma nação sobre
a outra, em outras palavras, a informação nos induz ao entendimento que
a totalidade das intenções da nação japonesa estão voltadas a destruição
de tudo o que representa a totalidade da nação estadunidense. Com a
ameaça apresentada, o herói entra em ação, ainda que atingido pelos
disparos dos demais aviões inimigos, ele é apresentado como o próprio
espírito da nação a qual representa: impenetrável, inabalável, apto a reagir
e alcançar a vitória. Apresentado o herói, o inimigo é atingido, humilhado
e a figura outrora ameaçadora se curva diante da ação do personagem
salvador. A rápida leitura da capa dessa edição é consolidada com o selo
(comum em muitas revistas da época) presente no canto esquerdo
inferior, onde um convite formal para adquirir selos de guerra e auxiliar
os soldados estadunidenses no conflito distante é feito, dando
fechamento a difusão ideológica pretendida ou não.
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 119
Figura 03
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
produzem. Assim, temos leitores que não querem sair de suas zona
de comforto e preferem ler histórias que continuem apresentando
os mesmos posicionamentos do que histórias que tentam se
prosicionar de maneira diferentes. E, por outro lado, temos “o
produtor da indústria cultural capaz de estabelecer regras/normas
de homogeneização das histórias dos quadrinhos para ter uma
maior aceitação do produto em diferentes mercados”
(BARCELLOS, 1995, s/p).
Para Melo e Ribeiro, as mulheres dos quadrinhos
normalmente têm três papeis que podem preencher, elas
3 No original: “All these stories about superheroes represent a desire for secular saviors,
for men whose powers do not come from god, but are nonetheless sufficient to the task
of saving the world from some kind of apocalypse.”
4 No original: “[i]n addition, our inability to imagine femininity as anything but a
condition of vulnerability - in popular culture and educational, political, and social life
alike - undermines women’s ability to protect themselves, while at the same time
encouraging sexist violence by emphasizing female vulnerability”
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 127
sobre o “que acontece quando você luta contra os rótulos que lhe
são impostos e como isso forma seu senso de identidade”
(AMATA, 2013)5.
QUEBRA DE EXPECTATIVAS
5As três citações foram retiradas de uma intrevista com G. Willow Wilson e Sana Amata
para divulgação das histórias em quadrinhos de Kamala Khan e pode ser lida na íntegra
em <http://marvel.com/news/comics/21466/all-new_marvel_now_qa_ms_marvel>.
No original, as citações são:
“It's an origin story in every sense of the word.”
“ (..) she feels the need to defend her family and their beliefs.”
“It’s about what happens when you struggle with the labels imposed on you, and how
that forms your sense of self.”
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 131
CONTESTAÇÃO
7No original: “Consider that there is a segmentation of gender norms that produces the
peculiar phenomenon of a natural sex, or a real woman, or any number of prevalent and
compelling social fictions, and that this is a segmentation that over time has produced a
set of corporeal styles which, in reified form, appear as the natural configuration of
bodies into sexes which exist in a binary relation to one another.”
ARISTEU E. M. LOPES, DANIELE GALLINDO G. SILVA, MÔNICA L. DE FARIA (ORGS.) | 139
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS