Você está na página 1de 36

Educação Infantil com

Ênfase em TGD

SUMÁRIO

Transtorno global do desenvolvimento: Asperger, TDAH, Rett e Autismo .................. 3

Características comuns nos diferentes Transtornos Globais do Desenvolvimento ou do


Espectro Autista .......................................................................................................... 5

Como lidar com crianças com transtornos globais do desenvolvimento na escola ... 12

Desenvolvendo a educação inclusiva no cotidiano o autismo na


educação infantil ....................................................................................................... 13

O papel do professor na inclusão escolar de alunos autistas ................................... 16

Pessoa autista e família: inclusão começa em casa ................................................. 20

O atendimento educacional especializado (aee) na educação


Infantil ....................................................................................................................... 22

A Educação Infantil e o seu Professor ...................................................................... 23

Mediação escolar na Educação Infantil .................................................................... 26

Atendimento Educacional Especializado .................................................................. 27

A Sala de Recursos Multifuncionais ......................................................................... 30

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 33

2
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Transtorno global do desenvolvimento: Asperger, TDAH, Rett e Autismo

Fonte: https://prolu.wordpress.com/2012/09/05/transtornos-globais-do-desenvolvimento-tgd/

Embora algumas características sejam comuns para designar pessoas que

possuem algum tipo de Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), cada síndrome

tem suas especificidad es. Graças a alguns diagnósticos precisos e profissionais

capacitados, é possível identificar as diferentes síndromes e tratá-las para reduzir sua

evolução, uma vez que não há cura para elas.

Oficialmente, há duas formas de se classificar os diferentes ti pos

de Transtornos Globais do Desenvolviment o. Uma maneira é através do Manual


Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Ele é um guia para

profissionais da área da saúde que lista diferentes categorias de transtornos mentais

e critérios para diagnósticos, segundo a Associação Americana de Psiquiatria

(American Psychiatric Association - APA). Ele é usado em todo o mundo por clínicos,

pesquisadores, psicólogos, psiquiatras, educadores, indústria farmacêutica, entre

3
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

outros. Existem cinco atualizações do DSM, sendo a maior delas a sua quarta versão

(DSM-IV), de 1994. Mas a edição mais atual é a DSM-V, de maio de 2013

Outra forma de classificação é a da seção de desordens mentais da

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a

Saúde - CID (International Statistical Classification of Diseases and Related Health

Problems – ICD), atualmente em sua décima versão, outro guia usado com frequência.

Porém, em termos de pesquisa em saúde mental, o DSM continua sendo a maior

referência.

Enquanto no DSM-IV o conjunto de desordens intelectuais era chamado de

"Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), dividindo-os entre Transtorno

Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância (também Síndrome

de Heller, demência infantil ou psicose desintegrativa), Transtorno de Asperger e

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TID-SOE), no

DSM-V tudo se tornou parte dos Transtornos do Espectro Autista (TEA), divididos

apenas entre os graus leve, moderado e severo.

Já na CID-10, as classificações para os chamados "Transtornos Globais do

Desenvolvimento (F84)" são Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Rett, Outro

Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno com Hipercinesia Associada a

Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger, outros

Transtornos Globais do Desenvolvimento e Transtornos Globais não Especificados do

Desenvolvimento (TID-SOE). A CID-10 define o Transtornos Globais de

Desenvolvimento como "um grupo de transtornos caracterizados por alterações

qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um

repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas

4
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento em

todas as ocasiões."

Características comuns nos diferentes Transtornos Globais


do Desenvolvimento ou do Espectro Autista

Apesar de que um diagnóstico preciso só pode ser obtido por meio de consultas

clínicas com um especialista ou um conjunto deles, envolvendo

psicólogos, neuropsicólogos, psiquiatras e psicopedagogos, os pais, familiares e

educadores devem se atentar a algumas características comuns já na pré-infância,

mesmo que o diagnóstico correto só possa ser dado a partir dos cinco anos de idade.

É que cada criança tem um grau diferente de desenvolvimento e eventuais atrasos de

linguagem, interação social e aprendizado podem ser tolerados.

Porém, a partir do momento em que se nota que o desenvolvimento da criança

ou seu comportamento está muito diferente das demais crianças, é hora de pedir ajuda

profissional e não ser invasivo. É preciso respeitá-las. Entre as principais

características estão a dificuldade que a criança tem em fazer contato visual. Ela olha

para o vazio e evita ao máximo olhar nos olhos de seu interlocutor. A falta de

comunicação também é notória. A criança fica constantemente em um "mundo

particular", com pouca ou nenhuma interação verbal. Por vezes, repete palavras de

seu interlocutor, o que é chamado de "ecolalia". Essas características levam a criança

a um certo isolamento social. A falta de comunicação verbal pode vir associada à

dificuldade de alimentação, com a criança muitas vezes exigindo somente poucos

alimentos aos quais já está habituada.

5
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Mesmo nas brincadeiras solitárias, a criança demonstra possuir algum

transtorno quando não interage com o brinquedo de forma convencional ou se adpta

melhor com uma sala especial, com recursos diferenciados nas escolas. Ao invés, por

exemplo, de pegar um carrinho e colocá-lo no chão, imitando um carro de verdade, ela

prefere virá-lo com as rodas para cima e ficar rodando-as por vários minutos, apenas

observando seus movimentos.

O desenvolvimento psicomotor por vezes também fica prejudicado. Embora

tenham muita energia com brincadeiras explosivas, crianças com TEA por vezes

podem ter movimentos estereotipados ou repetitivos, como balançar o tronco, pescoço

ou braços. Explosões de agressividade também são comuns, principalmente quando

são contrariadas, saem da rotina ou são expostas a barulho ou toque físico, ou seja, é

importante não ser invasivo. Com relação aos sentimentos, dificilmente possuem

empatia e, quando a demonstram, é de forma mecânica. Um abraço, por exemplo, soa

como uma obrigação ou mera formalidade e não como demonstração de sentimento.

Já na fase pré-juvenil, uma criança com Transtorno do Espectro Autista pode se

interessar por assuntos específicos e pessoas próximas podem se perguntar o que é

isso ou pensar que faz parte do desenvolvimento do jovem. Se ela passa a se

interessar por Chaves & Chapolin, por exemplo, poderá estudar todas as informações

possíveis sobre esses seriados e desenvolver certo fanatismo por eles. Nessa fase é

importante que pais e educadores contribuam para desenvolver na criança o gosto

pela leitura, pesquisa e estudo, incluindo outros temas.

Mas se as características são tão comuns a todas as síndromes associadas ao

Transtorno do Espectro Autista, como, então, diferenciá-las? Não se trata

simplesmente de ser ou não ser autista. Não é preto ou branco. Assim como entre as

6
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

duas cores há uma variada gama de semitons de cinza, dentro do Espectro Autista

também existem não apenas diferentes níveis (graus leve, moderado e grave) como

também outras características associadas que ajudam na diferenciação entre as

síndromes. Vamos a elas:

O que é Autismo?

http://www.valordoconhecimento.com.br/blog/como-realizar -o-diagnostico-precoce-do-transtorno-do-espectro-
autista/

O Autismo (também chamado de Síndrome de Kanner) é uma alteração

neurológica que compromete a interação social, a comunicação verbal e não -verbal e

está associada a comportamentos restritivos e repetitivos. São extremamente

metódicos. Atinge geralmente mais os meninos do que as meninas, na proporção de

quatro para uma, mas nas meninas costuma ser mais severo. É fortemente hereditário,

mas também possui outras causas ambientais (ainda em estudos). Algumas hipóteses

7
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

apontam para danos causados por defeitos congênitos e pouca interação e afeto dos

pais na fase inicial do desenvolvimento.

Segundo a CID-10, o autismo se constitui em transtorno global do

desenvolvimento caracterizado por "um desenvolvimento anormal ou alterado,

manifestado antes da idade de três anos, apresentando uma perturbação

característica do funcionamento nas interações sociais, comunicação, comportamento

focalizado e repetitivo, acompanhado normalmente de outras manifestações

inespecíficas como fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou

8
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

agressividade (auto agressividade)". Segundo a Secretaria de Educação Especial do

MEC, o autismo pode ser compreendido co mo "um transtorno do desenvolvimento

caracterizado, de maneira geral, por problemas nas áreas de comunicação e interação,

bem como por padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento,

interesses e atividades".

O que é a Síndrome de Asperger

https://www.tuasaude.com/sindrome-de-asperger/

A Síndrome de Asperger ou Transtorno de Asperger leva o sobrenome do pediatra

austríaco Hans Asperger, que estudou e descreveu crianças com características

semelhantes às de autistas, porém, com alta funcionalidade. Por isso a síndrome faz

parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades. Entre as

principais habilidades estão a capacidade de raciocínio e memória muito acima da

média. Pessoas com Asperger são capazes de decorar horários e linhas de ônibus,

9
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

listas telefônicas, datas históricas ou informações que julguem importantes, enfim, uma

série de informações que outras pessoas não conseguem.

Ainda assim, trata-se de uma condição neurológica do espectro autista caracterizada

por dificuldades significativas na interação social e comunicação nãoverbal, além de

padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. As principais diferenças

ficam no desenvolvimento típico da linguagem e cognição. Apesar de não ser uma

característica padrão, possuir um andar desajeitado e uma linguagem excêntrica

também caracterizam quem tem a síndrome. Com a nova atualização da DSM-5 de

2013, a nomenclatura de Síndrome de Asperger foi eliminada e passou a ser

incorporada aos demais Transtornos do Espectro Autista (TEA), porém, de grau leve.

O que é a Síndrome de Rett

A Síndrome de Rett é um dos tipos mais graves de autismo. Enquanto o autismo

atinge mais meninos do que meninas, na Síndrome de Rett é o contrário. Quase que

exclusivamente apenas meninas desenvolvem a síndrome. Isso porque os meninos

não resistem e morrem precocemente. Trata-se de uma condição que causa bastante

sofrimento nos pais, pois o desenvolvimento do bebê parece normal até cerca de um

ano e meio. Depois disso, há uma regressão mental, levando à uma grave deficiência

intelectual e psicomotora, comprometendo também os movimentos. Inclusive o crânio

pode parar de crescer. A criança aos poucos deixa de andar e engatinhar, não

consegue mais segurar objetos e passa a adotar movimentos repetitivos e

estereotipados.

10
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Assim como a Síndrome de Rett, também se

caracteriza por um desenvolvimento

neuropsicomotor normal até os dois anos de idade.

A regressão começa depois desta fase indo até os

dez anos de idade, porém, de forma bem mais

branda. As habilidades que começam a ser perdidas

são a de comunicação verbal e não-verbal,

relacionamento interpessoal, linguagem, controle

esfincteriano e outras habilidades motoras. Os padrões, estereotipias e movimentos

repetitivos também são outras características comuns.

Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento sem outra

especificação

Sabe quando vamos ao médico e ele, quando não consegue diagnosticar o que

temos, diz que é uma virose? Aqui se enquadram outros casos dentro dos Transtornos

Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades em que as características não se

enquadram em nenhuma outra síndrome. Essas características costumam ser bem

mais brandas do que as apresentadas pelo autismo, além de serem quantitativamente

menores (soma de algumas poucas características, mas não várias o suficiente para

se diagnosticar o autismo).

11
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Embora não faça parte do Transtorno do Espectro Autista, pessoas com TDAH
possuem traços autistas, assim como muitos deles, elas apresentam traços de déficit
de atenção e hiperatividade. Transtornos de déficit de atenção e hiperatividade são
transtornos neurobiológicos, ou seja, uma disfunção do cérebro e, geralmente,
aparecem ainda nas fases iniciais da vida. A região que seria responsável por controlar
os impulsos, por realizar planejamentos ou prestar atenção e ter uma memória boa,
por exemplo, é comprometida.

Como lidar com crianças com transtornos globais do desenvolvimento na


escola

Desde que vários países do mundo - inclusive o Brasil - passaram a adotar a


Educação Especial Inclusiva, cada vez mais crianças com Transtornos Globais do
Desenvolvimento passam a ser incluídas no ensino regular, levando as escolas a
reformularem as formas de ensino, passando a contar com:

Tecnologia Assistiva,

sala especial, com RecursosMultifuncionais,

arteterapia,

acompanhamento psicopedagógico infantil especializado,


Entre outras mudanças tanto metodológicas, de infraestrutura quanto

culturais.

A educação especial permite que, em um ambiente, todas as crianças possam

conviver de forma amigável. No entanto, é fato que estas crianças merecem atenção

especial quanto a sua interação social, comunicação e comportamento por parte dos

12
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

profissionais. Montar uma sala especial ou realizar atividades lúdicas é sempre uma

boa maneira de promover a interação. O principal desafio das instituições de ensino é

capacitar seu corpo de professores, deixando-os aptos à trabalhar a inclusão de alunos

com TGD. Há diversas intervenções pedagógica s possíveis de serem feitas com

crianças nessas condições.

DESENVOLVENDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO COTIDIANO O AUTISMO

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

https://www.dunavmost.com/novini/zadalzhitelno-preduchilishtno-obrazovanie-za-4-godishnite-detsa

Nos últimos tempos o autismo vem sendo falado principalmente na educação

infantil. Uma criança autista apresenta dificuldades na interação social,

comportamental e na comunicação, prejudicando o seu desenvolvimento.

13
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Alguns hábitos como manter os objetos nos mesmos lugares, seguir a rotina da

mesma forma todos os dias, não ter contato visual direto com os olhos, não usar o

dedo para apontar um objeto e não reagir quando chamadas pelo nome, podem vim

prejudicar na aprendizagem da criança. Durante observações com o aluno autista,

percebemos a admiração dele pelo ventilador da sala de aula, no qual se a professora

não interferisse o aluno passava a tarde olhando o ventilador. Outros hábitos como

rodar na sala, ficar pulando e utilizar apenas o lápis azul para elaboração das

atividades também foram detectadas no mesmo aluno.

[...] a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem

anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui os

alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica ser capaz de expressar, dos

mais variados modos, o que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas

origens de nossos valores e sentimentos. (MANTOAN, 2003, p. 12)

Assim, percebemos que a escola apresenta na sala de aula as diferenças

existentes nos grupos sociais, porém não demostram novos conhecimentos, ou seja,

o aluno apenas terá conhecimento a partir das suas experiências vivenciadas.35

Dessa maneira, a escola deixa de lado o conhecimento que a mesma valoriza,

assim percebe-se que a democratização e massificação do ensino, não expande a

possibilidade de diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não se abre a novos

conhecimentos. Por decorrência disso, as escolas acabam dividindo os alunos em

normais e anormais, dividindo também os alunos em escolas regulares e especiais e

formando professores para serem especialistas apenas naquela diferença, mas o

professor deve estar preparado para qualquer dificuldade que apareça em sala de

aula.

14
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Contudo, o professor não vai apenas inserir o aluno na sala de aula, mas buscar

maneiras para melhorar o aprendizado da criança. Dessa forma, com a chegada de

um aluno autista, a sala da educação infantil deve estar totalmente programada para

recebê-lo, para que assim o professor identifique quais dificuldades e qual o nível de

aprendizado.

Se caso o aluno ainda não for diagnosticado como uma criança autista, o

professor pode perceber alguns sintomas e algumas características, como no ritmo de

atividades físicas, sociais, afetivas e linguísticas, mas cabe ao professor orientar os

pais a procurar um psicólogo e não tentar detectar o transtorno da criança,

principalmente o autismo que é bastante complexo.

O diagnóstico deve ser cauteloso, e é necessário observar, avaliar fisicamente

e neurologicamente a criança, conversando com os familiares e fazer exames

necessários para detectar o autismo. Há alguns critérios utilizados para diagnosticar

se a criança é autista, mas apresentam controvérsia, assim como a sua definição.

Porém, o CID-10 (Código Nacional de Doenças), e o DSM-IV (Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais), são considerados como adequados, lembrando

que o diagnóstico só é obtido através de observação clínica e pela história referida

pelos pais ou responsáveis.

Os dois critérios apresentados acima, buscam organizar o entendimento do

autismo. Ambas apresentam definições semelhantes e são utilizadas no Brasil como o

critério oficial, para maior eficiência e confiabilidade diagnóstica.

Após a criança ser diagnosticada muitas escolas ainda têm certa dificuldade de

aceitar crianças com algum tipo de deficiência, como observado em algumas escolas

que afirmam que as crianças da educação infantil davam “trabalho” e com outra criança

15
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

com alguma deficiência dificultaria na aprendizagem das demais. A preparação dos

professores é algo também destacado, que não são capacitadas para trabalharem com

crianças autistas ou outra deficiência.

A Declaração de Salamanca afirma: As competências necessárias para

satisfazer as necessidades educativas especiais devem ser tidas em consideração na

avaliação dos estudos e na certificação dos professores [...] A formação em serviço

deverá realizar-se, sempre que possível, ao nível da escola, através da interação com

os orientadores e apoiados pela formação à distância e outras formas de auto

formação (1994, pp. 27-28)

Algumas escolas buscam professores que já tenham experiência com crianças

autistas e em outras realizam capacitações dos

educadores para manter a continuação da criança na escola regular. É

importante que as professores sempre estejam buscando aprender novos métodos

para serem trabalhadas na sala de aula, assim as crianças autistas estarão se

desenvolvendo cada vez mais.

O PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS AUTISTAS

A educação é ato que proporciona para as crianças o desenvolvimento de suas

capacidades, transmitindo valores e práticas culturais, que serão usados durante toda

vida. Após a constituição de 1988 a educação passou a ser um direito de todas as

crianças, tendo o acesso à educação e exercendo a sua cidadania. Sendo assim, outra

norma nacional a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) vem

assegurando que a educação infantil, segundo os artigos 29 e 30 da referida lei, é a

16
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

“primeira etapa da educação básica”, sendo oferecida em creches para as crianças de

zero a três anos e em pré-escolas para as de quatro a seis anos de idade.

Mostramos que a educação é um direito de todos, no entanto, para que esse

processo ocorra depende de uma política educacional que inclua realmente todos os

alunos no âmbito escolar, seja o aluno com qualquer tipo de deficiência ou transtorno.

A Lei nº 10.172/01 que instituiu o Plano Nacional de Educação frisa que a inclusão das

pessoas com deficiência deve acontecer no sistema regular de ensino “[...] a educação

especial, como modalidade de educação escolar, terá que ser promovida

sistematicamente nos diferentes níveis de ensino”(BRASIL, 2001, p.126).

De fato, é lei que os professores incluam os alunos, mas é evidente que

encontrará desafios para inserir o aluno autista na sala de aula, pois muitos

profissionais não têm uma formação adequada para se trabalhar com crianças autistas.

As dificuldades que podem ser encontradas pelo professor é a linguagem do aluno, a

compreensão, agressividade partindo da criança, o medo por parte do professor,

dúvidas em relação às práticas pedagógicas, a adequação do espaço, falta de recursos

ou insuficientes e inadequados para proporcionar um melhor ensino.

Apesar das dificuldades o professor necessita incluir os alunos, de forma que

proporcione oportunidades da mesma maneira dos demais, para que as crianças com

autismo sejam aceitas pela a turma e por toda a sociedade. Entretanto, não é apenas

a inserção nas escolas regulares, mas a busca da valorização desses alunos mesmo

com suas limitações e respeitando suas diferenças. Por sua vez é importante que as

escolas desenvolvam atividades pedagógicas adequadas as necessidades dos

alunos.

17
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Nos dias de hoje, temos a plena consciência que para uma criança autista

desenvolver suas habilidades e aprendizagem na sociedade, é indispensável que

esteja inserida na escola e alcançando a educação inclusiva. Mas devido à formação

do professor como já foi discutido acima, não sendo uma formação específica, este

deixa a desejar ao ser trabalhado com um autista.

De acordo com Mantoan: A escola para se tornar inclusiva, deve acolher todos

os seus alunos, independente de suas condições sociais, emocionais, físicas,

intelectuais, linguísticas, entre outras. Ela deve ter como princípio básico desenvolver

uma pedagogia capaz de educar e incluir todos aqueles com necessidades

educacionais especiais e também os que apresentam dificuldades temporárias ou

permanentes, pois alunos que apresentam algum tipo de deficiência. (2008, p. 143).

A inclusão deve ser praticada no currículo escolar não somente por alunos com

alguma deficiência ou com algum transtorno, mas é dever da escola buscar criar um

currículo adequado para qualquer aluno que apresente dificuldades particulares, ou

seja, todos tem o direito à inclusão.

Atualmente, ouvimos as escolas afirmarem que incluem todos os alunos, por

tanto, esquecem que para existir a inclusão é necessárias mudanças. Mudar na

prática, na linguagem, assumir que as diferenças são positivas para a aprendizagem

de todos e introduzir recursos capazes de apoiar a aprendizagem. Mas a verdade é

que muitas escolas não estão capacitadas para receber esses alunos, principalmente

os com autismo, que é um estudo atual e muitos não tem o conhecimento sobre o

tema, assim os professores se sentem mal preparados para lidar com essas situações.

É necessário que o professor esteja disposto para trabalhar com quaisquer

dificuldades que lhe apareça. Sua prática educacional deve esta adequada e

18
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

preparada para receber os alunos e suas necessidades. O professor precisa sempre

estar se atualizando, não apenas se acomodar nos conteúdos estudados na

graduação, mas buscar através de leituras e de especializações novos conhecimentos

para trabalharem com as crianças e não se surpreenderem quando tiver que ensinar

uma criança com autismo.

A proposta inclusiva da Educação (um direito assegurado) tem por fim

conscientizar os (as) professores (as) sobre as bases filosóficas, politicas

educacionais, jurídicas, éticas responsáveis pela formação de competências do

profissional que participa ativamente dos processos de integração, desenvolvimento e

inserção da pessoa deficiente na vida produtiva em sociedade, evidenciar o direito

legal mediante dever do Estado com a educação; e garantir, conforme determina a

Constituição da República Federativa do Brasil no seu artigo 208, inciso III, o

atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências,

preferencialmente na rede regular de ensino. (RODRIGUES, 2010, pp.72-73).

A partir desse pensamento, percebemos que a educação é para todos, mas que

a inclusão ainda não é uma realidade para as escolas, ou seja, não estão qualificadas

para trabalharem com as diferenças existentes. Portanto, para se incluir é necessário

mudanças e união entre a escola e a sociedade.

Há na educação inclusiva a introdução de outro olhar. Uma maneira nova de se

ver, ver os outros e ver a educação. Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve

ser modificada com base no entendimento de que é ela que precisa ser capaz de

atender às necessidades de seus membros. Assim sendo, inclusão significa a

modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades

19
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania. (RODRIGUES, 2006,

p. 167)

Assim, concluímos que a sociedade deve contribuir para ser implantada a

inclusão em qualquer ambiente e estar sempre buscando novas formas de incluir as

crianças, de maneira que coopere para um mundo melhor e com respeito.

PESSOA AUTISTA E FAMÍLIA: INCLUSÃO COMEÇA EM CASA

Nos últimos anos, no Brasil, a temática do autismo tem ganhado cada vez mais

relevância através das mobilizações feitas por ativistas, pessoas autistas, familiares

nas redes sociais, na mídia e em suas comunidades. Como resultado, o autismo tem

sido mais e mais visibilizado na Legislação e nas Políticas Públicas de Saúde,

Educação, Assistência Social, Direitos Humanos, dentre outras.

Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência (CDPD) com Status de emenda constitucional. Em 2012, as pessoas

autistas foram legalmente reconhecidas como pessoas com deficiência através da

sanção da Lei 12.764/2012 – a Lei dos Autistas – que foi regulamentada pelo Decreto

Presidencial 8.368/2014, garantindo por lei a qualificação e o acesso aos serviços

públicos de saúde do SUS, à Educação e à Proteção Social para pessoas com

Transtorno do Espectro do Autismo, bem como a proteção contra toda forma de

discriminação baseada na deficiência.

Os desafios, no entanto, ainda são muitos. A exclusão, o preconceito e o

abandono persistem como realidade na vida de muitos autistas e suas famílias. A

20
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

despeito dos avanços na legislação e no reconhecimento dos direitos, persistem

situações como:

• Escolas particulares que negam matrícula e cobram taxa adicionais,

apesar de ser crime previsto em Lei;

• Irregularidade na oferta de apoios e a falta de planejamento nas escolas

públicas o que, apesar dos avanços que precisam ser reconhecidos, são um problema

no processo de inclusão;

• Centros Especializados de Reabilitação (CER) em número insuficientes

e baixa cobertura da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para atender à demanda;

• Muitos autistas em situação que perderam os laços familiares vão parar

em instituições similares a asilos, o que é ilegal e fere a dignidade humana;

• Os municípios contam com poucas residências inclusivas em

conformidade com a lei;

Não existe ainda uma Política Nacional de Cuidadores e Assistentes Pessoais

para garantir esse apoio em domicílio quando necessário, conforme determina o artigo

19 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A inclusão social das pessoas com autismo deve começar em casa. Todo autista

tem direito de ser acolhido por sua família que deve ser fortalecida, instruída e

instrumentalizada para defender os direitos humanos das pessoas com autismo,

possibilitando seu pleno desenvolvimento e a inclusão nas sociedades.

Não se perde direitos por ser autista. Crianças, jovens e adultos com autismo

gozam dos mesmo direitos e dignidade que as demais pessoas. Sendo que, se

21
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

necessário, devem ser garantidos os apoios e adaptações razoáveis para o exercício

desses direitos.

A CDPD reconhece papel crucial da família para o desenvolvimento das

pessoas autistas e que isso pode ser determinante no enfrentamento das barreiras

impostas pela sociedade.

Mesmo assim, é frequente que lhes falte apoio e orientação. É comum ainda

que as famílias assimilem preconceitos e concepções equivocadas acerca do autismo

e da deficiência que permeiam o meio social, o que pode se constituir num componente

reforçador de estigmas e das barreiras que levam à exclusão e segregação.

Apoio e orientação aos familiares, portanto, é fundamental para que elas

possam bem desempenhar o papel de defender os direitos e promover o

desenvolvimento das pessoas com autismo de maneira inclusiva. As famílias, quando

conscientes do seu papel, apoiam a inclusão e empoderam as pessoas com autismo

22
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

em todos os aspectos da vida para que participem cada vez mais na sociedade.

O dia 2 de abril foi decretado pela organização das Nações Unidas (ONU) o Dia

Mundial de Consciência sobre o Autismo com intuito de fomentar que Governo e

Sociedade discutam e repensem a situação das pessoas com autismo sob a ótica dos

direitos humanos. A Família, o Estado e a Sociedade dev em caminhar juntas

combatendo todas as formas de preconceitos e discriminação, construindo um mundo

mais inclusivo que permita às pessoas autistas mostrar todo seu potencial.

O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

As crianças tem cada vez mais acesso as escola em idade de creche e

préescolar, e ao longo do tempo vem se ampliando as vagas para esta faixa etária, e

assim, tem chegado cada vez mais cedo as escolas as crianças com deficiências,

mesmo que as mesmas, ainda, não tenham laudo, e outras que as famílias nem

suspeitam que a sua criança possui uma necessidade especial. É muito comum ser a

escola a chamar a atenção da família para características diferenciadas das crianças,

em especial, com Transtorno Global do Desenvolvimento(TGD).

23
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

O natural do ser humano é aprender, com os outros, com o meio, com os seus

sentidos. A criança com TGD funciona de forma diferente, não busca essa interação

com o outro, ou mesmo quando o faz não é de forma direta e essa características

chama atenção no meio escolar.

A Educação Infantil e o seu Professor

A educação infantil tem por objetivo principal facilitar o desenvolvimento pleno

do indivíduo, e isso significa crescer nos aspectos social, afetivo, físico e mental, para

todas as crianças.

A construção da identidade e autonomia das crianças, o Referencial Curricular

Nacional para educação infantil veio para direcionar e definir parâmetros para a

educação infantil e dentre as áreas de conhecimento apresentada destaca-se o

movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e

conhecimento de mundo.

A criança com TGD tem o direito de vivenciar a educação infantil, e em muitos

casos, é justamente na escola que se apresentam muitas das características do TGD

que no ambiente familiar não eram percebidas.

Os princípios para a educação infantil são o respeito a dignidade das crianças,

o direito ao brincar, o acesso aos conhecimentos socioculturais construídos ampliando

assim a comunicação, a interação social, à expressão que são basilares para todas as

pessoas. Todas as crianças com deficiências tem garantido o acesso a matrícula e

permanência na escola. É muito importante o acesso a uma educação infantil de

qualidade.

24
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

A formação do professor é extremamente necessário para garantir uma

educação de qualidade para todas as crianças, e em especial as com TGD, pois

conhecer as características gerais, ter apoio oferecido pela coordenação da instituição

quanto pelo professor do Atendimento Educacional Especializado para auxiliá-lo neste

trabalho, nas adaptações necessárias, a fim de que possibilitar o pleno

desenvolvimento das crianças com TGD.

Toda criança é singular, é um sujeito social e histórico que provém de uma

família e possui a sua cultura, a sua história, sendo assim, necessita do trabalho

comprometido com a aprendizagem e o respeito a singularidade de cada um, e este,

é o grande desafio da Educação Infantil, e sendo esta criança deficiente, maior se

torna o desafio, já que as formações regulares não são ainda suficientes para

instrumentalizar o professor minimamente nesta jornada. O professor e /ou mediador

necessitam de formação para que aprendam a aprender a como dar acesso a cultura

e ao desenvolvimento pleno e a sua inserção social que é um dos maiores desafios

das crianças com o Transtorno Global do Desenvolvimento.

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e

aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com

os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas

crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste

processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de

apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais,

25
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e

saudáveis. (BRASIL,

1998)

As ações são tanto do professor, quanto o mediador precisam compreender

que o cuidar e o educar andam de mãos dadas. O compromisso antes de tudo é com

a pessoa humana, com um olhar voltado as necessidades de cada uma delas, mas

crendo acima de tudo nas suas potencialidades. Isso assegura a construção do vinculo

tão importante na educação infantil e possibilita a derrubada das barreiras que

impedem o pleno desenvolvimento.

Considerar que as crianças são diferentes entre si, implica propiciar uma

educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas necessidades

e ritmos individuais, visando a ampliar e a enriquecer as capacidades de cada criança,

considerando as como pessoas singulares e com características próprias.

Individualizar a educação infantil, ao contrário do que se poderia supor, não é marcar

e estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas levar em conta suas singularidades,

respeitando-as e valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural.

(BRASIL, 1998)

As ações são tanto do professor, quanto o mediador precisam compreender

que o cuidar e o educar andam de mãos dadas. O compromisso antes de tudo é com

a pessoa humana, com um olhar voltado as necessidades de cada uma delas, mas

26
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

crendo, acima de tudo, nas suas potencialidades. Isso assegura a construção do

vinculo, tão importante na educação infantil, e que possibilita a aprendizagem e o

desenvolvimento da criança, pois sabemos que quando há o vinculo, e este é positivo,

mais facilmente a criança se desenvolve e aprende.

Mediação escolar na Educação Infantil

Durante muito tempo esta criança com TGD foi isolada nos espaços clínicos

para tratamentos médicos apenas. Com a Constituição de 1988 no artigo 206 traz o

princípio de igualdade de condições para acesso e permanecia na escola, tal condição

traz em si a noção de equidade, que traduz a noção de dar condições específicas as

condições de cada um para que todos possam ter acesso a aprendizagem e ao seu

desenvolvimento pleno diante das condições particulares.

Na Educação Infantil não há um trabalho específico descrito no MEC quanto ao

mediador, entretanto o principal objetivo do mediador é minimizar as dificuldades para

facilitar o desenvolvimento do indivíduo proporcionando métodos para que todas as

crianças que cheguem a escola se desenvolvam plenamente diante das suas

possibilidades. O mediador é aquele que irá intermediar as situações vivenciadas pelo

indivíduo, onde ela tenha dificuldades, que podem ser de ordem comportamental, de

comunicação, de linguagem, nas atividades ou brincadeiras escolares.

O desenvolvimento se dá em dois planos o biológico e o cultural, e o

desenvolvimento infantil se dá com a apropriação da cultura, que ocorre de forma

ampla com os alunos com TGD em escolas regulares com as crianças junto aos seus

pares e com profissionais capacitados para mediar o processo de desenvolvimento.

27
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

Atendimento Educacional Especializado

O ponto principal da educação é o processo de aprendizagem, pois incluir é

aprender junto. A Constituição Brasileira de 1988, traz no Artigo 208, inc. III o

Atendimento Educacional Especializado que traz:

Art.208 O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia

de:

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino;

O Artigo 58 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional conceitua a


Educação Especial como aquela oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e

altas habilidades ou superdotação.

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola

regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for

possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início

na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

28
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

O artigo acrescenta que quando necessário, haverá serviço de apoio

especializado, compreendido como Atendimento Educacional Especializado para

atender a estes alunos, que necessitam deste trabalho, para de fato ter acesso a uma

educação de qualidade, e que, o atendimento educacional será feito em classes,

escolas ou serviços especializados sempre que não for possível a integração destes

alunos nas classes comuns.

Destaca-se que já se pensa a inclusão a partir da criança de 0 ano, pois desde

a Declaração de Salamanca se compreende a estimulação precoce como

fundamental para o melhor desenvolvimento de todas as criança, e em especial

daqueles que possuem algum tipo de comprometimento.

O Decreto 7.611/2011 considera público-alvo da educação especial as pessoas

com Deficiências, Transtornos globais do desenvolvimento e Altas habilidades ou

superdotação.Para os estudantes surdos e com deficiência auditiva deve ser

observado o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. O Decreto em seu artigo

2º traz o termo Atendimento Educacional Especializado e que tem por propósito dar

acesso ao conhecimento adaptando os materiais e conteúdos para que possa dar

acesso ao conhecimento, a aprendizagem garantindo a inclusão de fato. É

interessante que preferencialmente a rede regular de escolas ofereça este trabalho

para os seus alunos, pois este pode facilitar o desenvolvimento, trazendo para a escola

a equidade de condições para dar acesso a todos os alunos , em especial, do ensinos

Fundamental e Médio a aprendizagem e o desenvolvimento.

Artigo 2º § 1º - O Decreto estabelece as seguintes atividades, recursos de

acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente como AEE:

29
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

I. complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na

frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais;

II. Suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou

superdotação.

§ 2º - AEE integrado a proposta pedagógica da escola com envolvimento da

família.

O Atendimento Educacional Especializado(AEE) tem por propósito prover as

condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular, pois o direito a

aprendizagem deve ser garantido a todo educando; garantir a transversalidade das

ações da educação especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de

recursos didáticos e pedagógicos que eliminem barreiras no processo de

ensinoaprendizagem, não somente para o atendimento especializado, mas também

preparando material para este aluno na sala de aula e assegurar condições para a

continuidade de estudos, pois é importante garantir a estes alunos a continuidade com

equidade.

É muito importante perceber que a forma como a escola e sua metodologia de

trabalho estão muito aquém da que seria interessante e efetiva para esta criança , as

formas de trabalho, a mediação para esses alunos farão toda a diferença na real

inclusão, pois não basta colocar a criança numa classe comum. É importante garantir

a todas as crianças, de fato, o seu desenvolvimento pleno, dentro das potencialidades

individuais.

30
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

O Poder Público deverá estimular o acesso ao AEE de maneira ampla,

assegurando a dupla matrícula destes alunos, tendo por base a garantia de acesso a

educação de qualidade e acesso a uma educação para todos de qualidade.

O AEE voltado para a Educação Infantil as crianças com o TGD deve ser algo

simples, sem muitos estímulos, pois as pessoas com TGD são muito sensíveis a

estímulos, com um atendimento individualizado, o aluno só deve ver os objetos que

ele vai trabalhar. Observar o que mais chama a atenção do aluno para ser utilizado a

principio nas atividades para ele.

Não há legislação para uma AEE voltado para a educação Infantil e suas

modalidades, mas o processo de aprendizagem também precisa ser garantido e as

possibilidades do desenvolvimento da criança.

A Sala de Recursos Multifuncionais

As salas de recurso multifuncionais são espaços físicos nas escolas onde se

realiza o Atendimento Educacional Especializado - AEE, de acordo ao público alvo

definido pelas políticas públicas.

As salas de recursos Multifuncionais possuem mobiliário, materiais didáticos e

pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o

atendimento dos alunos que são público alvo da Educação Especial e que necessitam

do AEE no contra turno escolar, estando estes preferencialmente matriculados na rede

regular de ensino, o professor desta sala deve ser um profissional especializado para

desenvolver as adaptações necessárias para que o aluno aprenda e seja avaliado de

31
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

forma a preservar a equidade de condições entre estes alunos e todos os demais da

sua classe regular. A NOTA TÉCNICA – SEESP/GAB/Nº 11/2010, traz o

direcionamento para o AEE, sua organização e a montagem da Sala de Recursos

Multifuncionais e o público alvo: Com relação aos alunos público alvo da

educação especial, informar a organização da prática pedagógica do AEE na Sala de

Recursos Multifuncionais:

a) Atividades e recursos pedagógicos e de acessibilidade, prestados de

forma complementar à formação dos alunos público alvo da educação especial,

matriculados no ensino regular;

b) Articulação e interface entre os professores das salas de recursos

multifuncionais e os demais professores das classes comuns de ensino regular;

c) Plano de AEE: identificação das habilidades e necessidades

educacionais específicas do aluno; planejamento das atividades a serem realizada

avaliação do desenvolvimento e acompanhamento dos alunos; oferta de forma

individual ou em pequenos grupos; periodicidade e carga horária; e outras informações

da organização do atendimento conforme as necessidades de cada aluno;

d) Existência de espaço físico adequado para a sala de recursos

multifuncionais; de mobiliários, equipamentos, materiais didático-pedagógicos e outros

recursos específicos para o AEE, atendendo as condições de acessibilidade; Brasil

(2010)

A organização e a administração deste espaço são de responsabilidade da

gestão escolar e do professor especialista preferencialmente. O atendimento

educacional especializado (AEE) é responsável pela organização pedagógica,

32
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

identificação e elaboração de planejamentos e adaptações necessárias para garantir

a acessibilidade ao conhecimento dos alunos e a funcionalidade dos currículos

propostos.

As salas de recurso deverão proporcionar a possibilidade de refletir as atitudes

de crianças da sua idade, a partir de um currículo funcional e prático, proporcionando

desafios a criança com TGD, possibilitando a ela fazer da sua rotina a penas um

trampolim para a aprendizagem, gerando oportunidades. Incentivando a percepção, o

desenvolvimento de conceitos.

O AEE não é um serviço de reforço escolar e nem de complementação

pedagógica. São exemplos de atendimento educacional especializado:

desenvolvimento de educação bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência

auditiva e do ensino de Braile para estudantes cegos ou baixa visão, o acesso a

tecnologia Assistiva, introdução do TECCCH(Tratamento e Educação de Crianças com

Autismo e Dificuldades de Comunicação) para as crianças com TGD, a orientação e

mobilidade, a preparação e disponibilização ao aluno de material pedagógico

acessível, dentre outros.

A aprendizagem da cultura não ocorre de maneira natural com a imitação dos

adultos, então é muito importante construir atividades que proporcionem esses fins,

trabalhar a partir das áreas de interesse, e por um tempo curto e todo organizado em

etapas também curtas, mesmo que se faça necessário repetir a mesma atividade

diversas vezes.

33
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

REFERÊNCIAS

ASSUMPÇÃO, F. B. Psicose: crítica dos conceitos. Revista de


Neuropsiquiatria da Infância e Adolescência, v.1, n. 2, p.13-18, 1993.
BRASIL. Decreto n.º 8368, de 02 de dezembro de 2014. Dispõe sobre a
regulamentação da Lei n.º 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. ______.
Ministério da Educação. Transtornos Globais do Desenvolvimento. Brasília, 2010.
BATISTA, Cristina Abranches Mota; MANTOAN, Maria Teresa Egler.
Educação Inclusiva:Atendimento Educacional Especializado para Deficiência Mental.
Brasília: Mec, 2006.
BELISÁRIO FILHO, José Ferreira; CUNHA, Patrícia (Ed.). A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão escolar:Transtornos Globais do Desenvolvimento. Brasília:
Ministério da Educação, Secretária de Educação Especial, 2010. 40 p.
BOETTGER, Andréa Rizzo dos Santos; LOURENÇO, Ana Carla; CAPELLINI, Vera
Lucia Messias Fialho. O professor da educação Especial e o processo de
ensinoaprendizagem de alunos com autismo. Revista Educação Especial, Santa
Maria, v. 26, n. 46, p.385-400, maio 2013. Trimestral.
Disponível em: <www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial>. Acesso em: 20 maio 2016.
BRASIL, Conferencia Nacional dos Bispos do. Campanha da Fraternidade 2006:
Manual/ Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil. São Paulo: CNBB, 2005. 376 p.
BRASIL. DENISE DE SOUZA FLEITH. . Educação infantil: saberes e práticas da
inclusão : altas habilidade/superdotação. 4. ed. Brasília: Secretaria de Educação
Especial. MEC, 2006. 30 p.
BRASIL. Martinha Clarete Dutra dos Santos. Diretora de Políticas da Educação
Especial. NOTA TÉCNICA – SEESP/GAB/Nº 11/2010. Brasília: Ministério da
Educação, Secretária de Educação Especial, 2010. 10 p.
BRASIL. Referência Curricular Nacional: Introdução. Brasília: MEC, 1998. 101 p.

34
www.soeducador.com.br
Educação Infantil com
Ênfase em TGD

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998.
CHIOTE, Fernanda de Araujo Binatti. Inclusão da criança com autismo na educação
infantil: trabalhando a mediação pedagógica. Rio de Janeiro: Wak, 2015. 147 p.
GOMES, Adriana L Limaverde et al. Atendimento Educacional Especializado:
Deficiência Mental. Brasília: MEC, 2007.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer?.
Rio de Janeiro: Moderna, 2003. 95 p.
ORRÙ, Silvia Ester. Autismo: O que os pais devem saber?. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak,
2011. 108 p.
VYGOTSKY, 1991, REP - Revista Espaço Pedagógico, v. 16, n. 2, Passo Fundo, p.
34-47, jul./dez. 2009 43 p. 94.
VYGOTSKY, L.S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE. São Paulo: Martins Fontes,
1994/1998.

35
www.soeducador.com.br

Você também pode gostar