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Geologia Estrutural CURSOS: Engenharia de Minas e de Processamento Mineral - ISPT

CAPÍTULO V

5. Estruturas Geológicas - Dobras

5.1 Introdução - Dobras Geológicas

Uma dobra é uma estrutura produzida quando superfícies originalmente planares se


tornam curvas como resultado da deformação (figura abaixo). Ou seja, quando se
ultrapassa o limite de elasticidade dos materiais rochosos, estes deformam-se
permanentemente resultando no encurvamento de superfícies originalmente planas.
Estas deformações podem ser macro ou microscópicas.As dobras formam-se no
interior da crusta ou do manto de forma lenta e gradual, emergindo à superfície
devido aos movimentos tectónicos e à erosão.

Fig. 1 – Exemplo de camadas dobradas.

Em mapas geológicos a repetição de determinado tipo litológico em forma de V,


associados a informações sobre a idade das e atitude das camadas, podem
caracterizarestruturas dobradas.As dobras podem ser formadas a partir de dois
mecanismos básicos: flambagem e cisalhamento.
Flamblagem é o mecanismo de dobra que promove o encurtamento das camadas
perpendiculares à superfície axial das dobras, preservando porém a espessura e o
comprimento das mesmas (figura a).

Cisalhamento: neste processo os planos de deslizamentos são ortogonais ou


oblíquos às camadas (Figura b) ocasionando deformações na espessura e
comprimento das mesmas.

Fig. 2 – Mecanismos de Dobramentos: a – Flambagem e b - Cisalhamento

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5.2 Elementos Geométricos de uma Dobra

Os elementos de dobra que caracterizam a geometria das dobras são: flanco da


dobra, charneira, núcleo, plano axial, eixo da dobra e crista.

Flancos da dobra: superfícies que se estendem por ambos os lados da charneira, ou


seja, que são separadas pelo plano axial.

Charneira: que é a linha que une os pontos de curvatura máxima da superfície


dobrada, ou corresponde à zona de convergência das camadas de cada flanco.

Esta linha pode ser recta ou curva dependendo da geometria da superfície dobrada.
Quando esta linha é recta é conhecida como geratriz ou eixo da dobra. De acordo
com sua orientação é possível definir a posição espacial da dobra, horizontal, vertical
ou inclinada.

Núcleo –conjunto por um conjunto de camadas mais internas da dobra.

Plano Axial –é o plano que tenta dividir a dobra em duas partes iguais. É o plano de
simetria da dobra que a divide em dois flancos aproximadamente iguais,
cominclinações opostas.

Eixo da dobra: que corresponde ao ponto de interseção do plano axial com a


charneira.

Crista: é a linha resultante da ligação dos pontos mais elevados de uma dobra,
podendo ou não coincidir com o eixo da mesma. É a região mais alta da dobra.

Figs. 3 e 4: Elementos Geométricos de uma Dobra

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5.3 Classificação Geométricas das Dobras

A classificação da geometria das dobras depende da arquitetura inerente à própria


dobra. A classificação de uma dobra pode ser feita a partir da posição espacial de
seus elementos geométricos (linha de charneira e superfície axial), na combinação
entre estes elementos, na variação da superfície dobrada e combinando estas
classificações com critérios geométricos ou estratigráficos.

5.3.1 Classificação com base na linha de charneira

Classificação levando-se em conta a posição da linha de charneira em relação ao


plano horizontal superficial.Essa classificação permite dividir as dobras em três tipos
principais: horizontais, verticais e inclinadas. São consideradas dobras horizontais
quando a inclinação do eixo situa-se entre o intervalo de 0° a 10° (fig. 5a);Dobra
vertical quando a inclinação doeixo varia de 80º a 90º(fig. 5b) e inclinadas quando a
inclinação do eixo varia de 10° a 80° (fig. 5c).

Fig.5 – a: horizontal; b: vertical; e c: inclinada.

5.3.2 Classificação com base na superfície axial

Classificação das dobras com base na superfície axial:normais, inversas e


recumbentes.As dobras normais possuem o eixo entre 0 e 10º / plano axial entre 80
e 90º (fig. 6a). As dobras recumbentes ou sub-horizontais possuem o eixo entre 0 e
10º / plano axial entre 0 e 10º (fig. 6b);As dobras inversas possuem suas superfícies

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axiais com ângulo entre 10° e 80° (Fig. 6c).

Fig.6 – a: normal; b: recumbente; e c: inversa.

5.3.3Classificação das dobras com base no Ângulo Interflancos

O tamanho do ângulo entre os flancos mede quão apertada a dobra está e reflecte a
quantidade de compressão do estrato. A figura 7 mostra um esquema desta
classificação que subdivide as dobras em 5 classes: Suaves ângulo de (180° a 120°);
Abertas (120° a 70°); Fechadas (70° a 30°); Apertadas ( 30° a 0o) e Isoclinal (0o).

Fig. 7 – classificação das dobras com base no ângulo inter-flancos (Fleuty, 1964).

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5.3.4Classificação das dobras com base na natureza do perfil


Isoclinal: os dois flancos mergulham a ângulos iguais e na mesma direção (fig. 8a).

Em leque:são dois flancos invertidos e com mergulhos convergentes. Há polaridade


estratigráfica normal somente na zona de crista (fig. 8b).

Monoclinal ou flexão: é uma dobra em que se dá o encurvamento de apenas uma


parte das camadas, permanecendo as demais na sua posição original. Corresponde a
uma flexão em forma de degraus, passando de suaves mergulhos a mergulhos
fortes (fig. 8c).

Fig.8: a) Dobra Isoclinal; b) Em leque; c) Monoclinal

Dobras paralelas (ou Isopaca): são aquelas onde as superfícies de dobra adjacentes
que limitam a camada dobrada são paralelas, isto é, a espessura da camada medida
perpendicularmente à superfície da dobra (espessura ortogonal) é constante. Um
caso especial da dobra paralela é a dobra concêntrica onde as superfícies adjacentes
da dobra são são arcos dum círculo com um centro comum conhecido por centro de
curvatura da dobra. A extensão destas dobras é limitada pelo centro de
curvatura.Quando a espessura varia ao longo da dobra, esta é denominada de
Anisopaca.

Dobras similares: onde a espessura ortogonal varia, decrescendo à medida que se


afasta da charneira.

Dobras "Chevron": os flancos planares com curvaturas ou formando ângulos agudos


(flancosmantém a mesma espessura). Tais dobras exibem a curiosa propriedade de
serem aparentemente similares e paralelas - no sentido de que muitas das camadas
individuais dobradas devem ser paralelas enquanto a dobra como um todo é similar.

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5.3.5 Sistema de dobras

Um grupo de dobras espacial e geneticamente relacionadas, é denominado de


sistema de dobras.A maneira na qual as dobras se encontram organizadas em
sistemas, e como elas se relacionam umas as outras, é tão importante na descrição
dos seus processos de formação quanto a forma das dobras individuais. De acordo
com Machado e Silva (2009), a com base na simetria dos flancos em relação ao
plano axial, as dobras podem ser: simétricas e assimétricas.

Simétrica: é a dobra em que os dois flancos iguais entre si (distância dos pontos de
inflexão) possuem o mesmo ângulo de mergulho. Caracteriza-se por possuir o plano
axial vertical (fig. 9a). Quando os flancos tiverem igual comprimento.

Assimétrica: ocorre quando os flancos mergulham formando ângulos diferentes (Fig.


9b). Quando os flancos são de comprimento desigual.

Dobras de arrasto e/ou parasitas: dobras que ocorrem nos flancos e nas charneiras
de uma dobra maior. Ou são pequenas dobras que se desenvolvem nos flancos de
uma dobra maior. Correspondem à orientação da dobra maior e são denominadas
de dobras parasitas na forma de Z (no flanco I), M (curvatura máxima) e S (no
flanco II), ou seja, possuem similar orientação dos eixos e dos planos axiais das
dobras maiores. Também podem ser geradas em regimes de cisalhamento simples.

Fig. 9: a) dobras simétricas, b) dobras assimétricas e c) dobra parasiticas.

5.3.6Classificação das dobras com base na estratigrafia e disposição


espacial

De acordo com a estratigrafia das camadas (idade relativa dos estratos) as dobras
classificam-se em: dobra anticlinal e sinclinal.

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Anticlinal: dobra com convexidade para cima, quando conhecidas suas relações
estratigráficas, ou seja, rochas mais antigas encontram-se no seu núcleo.

Anticlinal simétrica Anticlinal assimétrica inclinada

Anticlinal assimétrica deitada

Sinclinal: dobra com convexidade para baixo, quando conhecidas suas relações
estratigráficas, ou seja, rochas mais novas encontram-se no seu núcleo.

Sinclinal simétrica Sinclinal assimétrica inclinada

Sinclinal assimétrica deitada

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De acordo com a disposição espacialdas dobras, estas podem ser denominadas


dobras antiformes, sinformes e neutras.

Sinformes: dobra cuja concavidade ou abertura está voltada para baixo (fig. a).

Antiformes: dobra cuja concavidade ou abertura está voltada para cima (fig. b).

Neutras: dobra cujos flancos não convergem nem para cima e nem para baixo,
convergem então para o “lado”.

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