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PROJETO
2019
Copyright © 2019 - CEPI PROFESSOR PEDRO GOMES
Título:
DiverCIDADE: Contos de uma Juventude em Movimento
Autores:
Estudantes do CEPI Professor Pedro Gomes
Responsáveis pelo Projeto Jovens Escritores 2019
Profª Elisângela Alves (Língua Portuguesa)
Profª. Ludmyla Rayanne (Língua Portuguesa)
Prof. João Antônio (História)
Profª Wanessa Ribeiro (Geografia)
Projeto Gráfico e Compasição da Capa
Prof. José Joaquim G. Neto
Ilustração da Capa
Lucas P. Maia da Costa - 1ª Série D
Ilustrações
Estudantes do CEPI Professor Pedro Gomes
Revisão dos Textos
Profª Elisângela Alves
Profª Ludmyla Rayanne
Direção:
Prof. José Joaquim Gomes Neto
Secretária:
Profª Lara Cíntia Gomes da Trindade
Coordenadora Pedagógica:
Profª Maria Alice da Silva Gomes
José Neto
Danielly Cardoso de Oliveira – 1ª A
Maria
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ela estava ótimo. Ela era uma boa amiga. Foi aí que chegou no co-
légio um novo professor de Arte, que se interessava bastante em
criar espetáculos. Ele montou uma sala de teatro e queria volun-
tários para montar uma peça. Maria se inscreveu contente e ficou
ansiosa: no dia seguinte seria sua primeira aula.
No dia tão esperado, ela vai à sala de teatro com sua única
amiga. No caminho, tinham vários alunos preconceituosos, que
a chamavam de “Preta”, “Carvão”, “Escrava” e outros apelidos
constrangedores e bastante maldosos. Ela abaixa a cabeça, enver-
gonhada. Nesse momento, sua amiga joga ovos e papéis em sua
cabeça, diz que já estava esperando por esse dia, e que nunca seria
amiga de uma garota feia e mulata. No rosto da Maria, escorrem
lágrimas frias, a dor em seu peito era enorme. Ela se abaixa e, de
repente, sente dois toques em seu ombro. Não houve mais as vozes
de zombaria. Ela levanta a cabeça e vê o professor de teatro pedin-
do para que entrasse na sala. Maria levanta e vai.
Na chegada da sala, se limpa com ajuda de outros alunos,
ela ainda está com ovos e papéis por algumas partes, contudo o
professor pede para que ela o escutasse. Ao se sentar, ele lhe dá
conselhos, diz que irá ajudá-la: quando terminar a aula, vai à coor-
denação contar o ocorrido para que aqueles garotos não zombas-
sem mais dela. Mas o melhor ainda ocorreu durante a aula: Maria
interpretou a fala de uma personagem que o professor lhe deu e ele
descobriu que ela tinha um talento notável.
Com o decorrer do tempo, aquele professor acabou inscre-
vendo Maria em vários testes para elencos de novelas. Ela passou
em um deles e conseguiu entrar nas telinhas. Na escola, descobriu
vários bons amigos no grupo de teatro, todos eles “diferentes”
como ela.
Hoje, Maria se encontra nas novelas e no cinema. Ela agora
virou motivo de inspiração para muitas pessoas, e inveja para quem
dela debochou. Ela realizou não só o seu sonho, mas de todos que
acreditavam. Amigos? Ela fez vários, não por fama, mas pela bela
amiga que era Maria.
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Fernanda Gonçalves da Silva – 1ª A
À primeira vista
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desejo era ir para o paraíso. Disse para aguardá-la no dia seguinte
no colégio, pois eu era uma pessoa especial para ela.
No fim, fui embora para minha casa, pensando no que ela
tinha me dito. Fiquei muito feliz com o que ela me disse: eu era es-
pecial para ela.
No outro dia, fui para o colégio e fiquei na porta esperando.
Ela não apareceu. Dias se passaram e nenhuma notícia, até que
fui em sua casa e seus tios estavam chorando muito, me disseram
que, assim que completou dezoito anos, ela pegou suas roupas e
foi para “o paraíso”. Ela estava com um cartão contendo todas as
heranças que seus pais tinham deixado para ela. Deixou apenas um
bilhete agradecendo os cuidados dos tios e pedindo para que não
se preocupassem, pois estaria feliz no paraíso. \
Namoro Adolescente
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Jessica Delmondes dos Santos – 1ª A
A guerra do amor
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corpo ensanguentado no meu colo, despertou em mim sentimen-
tos que eu jamais havia me permitido conhecer, tristeza e raiva, que
evoluiu ao ódio.
As pessoas não podiam parar sua luta para nos ajudar, solda-
dos são feridos na guerra todos os dias, estávamos sozinhos com
nossas dores particulares. Levantei-me com cuidado para não pio-
rar a situação dele. Enchi-me de determinação, vingaria Fernando
e já não me importava mais com o cargo de “monge divino”, ali eu
era apenas um homem apaixonado.
Sozinho, eu acabaria com a guerra, sozinho eu mostraria ao
mundo o quanto um homem pode amar alguém.
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João Vitor Pereira Carmo 1ª A
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Juliana de Oliveira Borba – 1ª A
Recomeço
A senzala
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Nayelly Rodrigues Cardoso – 1ª A
Amélia
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sa. De repente, cada boato ou comentário absurdo sobre aquela
velhinha se esvaíram da minha mente. Ao fim, ela era apenas isso,
uma velha senhora comum e normal como eu mesma constatei ao
chegar em casa. E seus hábitos noturnos tinham uma explicação:
Amélia, como descobri ser seu nome quando conversei com ela,
trabalhava o dia inteiro recolhendo latas para conseguir se susten-
tar e, durante a noite, vagava em busca de seu cão perdido, um vi-
ra-lata, já bem velhinho, que havia sido sua única companhia desde
que havia sido deixada pelo marido.
A partir daquele episódio, pesarosa, passei a me arrepen-
der de julgar alguém antes de qualquer outra coisa. Nunca se sabe
quando, na verdade, são pessoas que, apesar de serem diferentes
em algum aspecto, precisam de ajuda. Assim como, naquele dia es-
pecial em que firmei uma nova amizade, ajudei Amélia a encontrar
seu cachorrinho.
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Vitória Karla Viana de Morais – 1ª A
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Desenhos produzidos pelos estudantes do 1ª A
Desirê B. de Oliveira
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Eduardo Barbosa Castilho
Elias Oliveria
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Kaiky Kitamura
Juliana de Oliveira
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Ana Laura Couto Teixeira – 1ªB
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Beatriz Torres da Costa – 1ª B
Férias de Verão
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Camilly de Souza Mamede – 1ªB
A Carta
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Eduardo Sousa Oliveira – 1°B
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Eliélvis Rodrigues da Rocha – 1ª B
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bate, disse:
- Poderia eu permitir que o bem comum da Ilha Abismo se
despedace!? Digo que, essa mistura de tantas etnias, tradições e
culturas se choquem? Tudo dever ter um limite, e imagino que essa
mistura barulhenta e desorganizada já passou deste limite! - Marye
ouvindo o rei logo respondeu:
- Não, meu soberano! Não é nesse caminho que devemos se-
guir. Ouça-me, esta junção de culturas é um fruto de anos da histó-
ria do nosso povo. E só pode ter fim se assim permitirmos. Temos
a escolha e possibilidade de intermediarmos e acharmos uma solu-
ção para estes incidentes culturais para ‘’consertá-los’’
Rafiel tomou vez na discussão e disse:
- Concordo totalmente com Marye, meu rei. Não se pode ge-
neralizar estes escândalos como regra geral – Rafiel pediu para o
monarca que fossem até o grande pátio real. O rei concordou.
Enquanto se dirigiam até o local, Marye conversou com o rei
tentando convencê-lo da importância que a miscigenação cultu-
ral tinha para a ‘’edificação’’ e consolidação da diversidade na Ilha
Abismo, acrescentando que esta diversidade contribuía para a for-
mação educacional e social da nação. Rafiel, Marye e o rei chega-
ram ao grande pátio do castelo e lá estavam os mais diversos povos
da Ilha Abismo reunidos. Era maravilhosa a cena que Andrio II e os
dois jovens presenciavam. Magos, ali mesmo, faziam magia e, o
ambiente ficava colorido. Elfos, com seus instrumentos, tocavam
músicas muito animadas, típicas de tabernas. Fadas voavam sobre
o céu estrelado da já noite. Gnomos conversavam com humanos.
Atérios e aventureiros dançavam ao que se poderia chamar de uma
pequena festa improvisada no pátio ‘’nu’’ do castelo. A visão que
Andrio II tinha falava por si só: mesmo com tantas diferenças em
tantos aspectos da vida dos povos da ilha, sobressaia-se o respeito,
a tolerância e a felicidade. O monarca virou-se para Marye e Rafiel
gritando
- Viva a diversidade! Viva o amor.
O rei Andrio II se dirigiu para uma parte alta da entrada do
castelo e disse que não mais proibiria a comemoração da Feira
Anual de Cultura. Declarou ainda que, agora, seriam duas feiras
por ano, e promoveria a acentuação da diversidade na Ilha Abismo.
Quando o soberano fez estas declarações, um brado de muita feli-
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cidade espalhou-se pelo pátio. Todos, ali presentes, continuaram a
festejar, de uma maneira ainda mais bela.
Assim, o que poderia ser o fim da celebração da diversidade,
transformou-se em um marco Histórico para a expansão cultural
da ilha. Vejam que loucura: a Ilha Abismo, conhecida por ter várias
crateras em seu centro, onde se perdiam muitos aventureiros, ‘’en-
golindo-os’’, não foi capaz de ‘’engolir’’ a exuberante e magnífica
diversidade.
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Flavia Moreira da Silva – 1ªB
O desabafo
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Kaiky Batista Kitamura – 1ª B
A grande atuação
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voso, mas a confiança e o apoio de Andréia o ajudaram a superar e
conquistar uma vaga na Companhia.
Assim, Afonso passou a frequentar as aulas três vezes por se-
mana, com a autorização do lar onde morava. Aos poucos, o garoto
ia se destacando no meio artístico.
Logo que Afonso completou 18 anos, ele foi chamado para
fazer uma novela chamada Malhação, na Rede Globo, e foi o maior
sucesso. Com seu salário, conseguiu comprar um apartamento, já
que precisou deixar a casa onde morava. Ele se sentiu mais alegre
e mais livre para fazer o que mais gostava. Toda vez que atuava em
algum lugar, passava um filme pela sua cabeça, o esforço da sua
mãe para tentar ajudá-lo na sua carreira e sua cuidadora no orfa-
nato, a Andréia, porque se não fosse por ela, Afonso nunca entraria
para companhia de teatro.
E até hoje ele leva vários sentimentos para as pessoas que
o assistem em suas casas. Além disso, contribui financeiramente
para alguns projetos sociais, na tentativa de ajudar outras crianças,
como ele próprio havia precisado um dia. Afinal, quando ele achou
que estava tudo perdido, a vida lhe deu novas oportunidades.
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Layanne Rodrigues da Silva – 1ª B
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impune o que ocorreu na outra escola. Racismo não é brincadeira,
é crime.
O sonho (im)possível
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vesse com algum defeito, eles riam de mim pelas costas, comen-
tavam baixinho que eu nunca seria como eles e diziam para eu de-
sistir do meu sonho. Fiquei muito triste. Com o tempo, comecei a
faltar muito na escola, tinha medo de chegar lá e ser atingido por
essas mesmas pessoas, logo descobri que estava com depressão.
A única possível solução para minha deficiência era uma ci-
rurgia, porém minha família não tinha condições, ou talvez não se
importavam, assim como todos a minha volta. Quem se importaria
com um inútil? Pelo menos era assim que eu pensava.
Certo dia, entrou um novato na minha sala. Ele era normal
como todos e diferente de todos, pois não via minha deficiência
como motivo de chacota, e sim como algo normal.
Ao longo do tempo, fui conversando com ele e descobri que
tinha uma irmã, com a mesma deficiência que eu tenho. Logo após
ele ter dito isso, perguntei se ela sofria por ser como eu, mas ele
disse que ela era muito feliz, mesmo com as suas dificuldades. Fi-
quei espantado, como alguém poderia ser feliz mesmo com tantas
dificuldades , com tantas pessoas julgando? Como isso poderia ser
possível? Ele contou-me ainda que a irmã participava de um pro-
jeto social de uma ONG, voltado para deficientes físicos, e lá eles
realizavam várias atividades.
Perguntei logo onde ficava esse lugar, pois desejava muito
acabar com essa tristeza que tanto me machuca. Ele prometeu
que me levaria até lá. Fiquei muito feliz, pois vi que ele estava real-
mente tentando me ajudar. No dia seguinte, ao chegar no local, fui
recebido por um homem que me pareceu bem amigável. Fui logo
olhando à minha volta e percebi que tinha muitas crianças que, as-
sim como eu, eram deficientes físicos; porém, diferente de mim,
todos aparentavam estar felizes.
Comecei a participar das atividades. Descobri então que eles
tinham um time profissional de basquete para deficientes e que
participavam de campeonatos até nacionais. Comecei a treinar to-
dos os dias arduamente, pois o time iria participar de um campeo-
nato regional. Esse foi meu primeiro jogo e minha primeira vitória.
E assim descobri como podiam ser tão felizes, pois comparti-
lhava da mesma felicidade. Treino após treino, jogo após jogo, de-
cidi que era isso que queria para minha vida. Naquele lugar descobri
que a felicidade existe e cada um precisa encontrar a sua.
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Pâmela Xavier Viana – 1ª B
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- Kaiky, tem muito tempo que estou guardando isso comigo,
mas hoje resolvi falar. Eu te amo e quero viver a vida inteira ao seu
lado. Casa comigo?
- Sim, lógico que caso!
E eles aproveitaram o resto da noite.
Passou -se quase um mês. Kaiky estava muito feliz e o pai es-
tava se acostumando com Paloma. No dia do casamento, foi tudo
lindo. Eles se casaram no Japão, mas com uma decoração brasileira
e vários tipos de comidas japonesas. Os dois marcaram o amor en-
tre os continentes.
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Paula Vitória da Conceição Souza – 1ª B
Um dia diferente!
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Pedro Otávio Sales da Silva – 1ª B
Um sonho possível
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Ryan Silva Souza – 1ª B
Emanuela Alves
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Emilly V.
Wellyton Lucas
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Caio Mendes
Angelica Belchior
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Felipe Augusto Marcio Pereira
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Ana Júlia Marques Ferreira- 1°C
As batidas
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Gabriel Silva Fontes - 1°C
O Destino
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E então os dois foram crescendo, a mãe vivia ocupada com
o trabalho de doméstica, não prestava atenção nos garotos. Logo,
não viu que seus filhos estavam cada vez mais perto de serem aqui-
lo que queriam: Vitor, com 17 anos, já fazia parte do crime organi-
zado, havia inclusive trocado tiros com policiais, o que resultou na
morte de um deles; e João, com seus 18 anos, fazia aulas de dança
e teatro em uma escola de artes da região. Por conta de seu talen-
to, havia ganhado uma bolsa e não precisava pagar. Quando tinha
apresentações, até recebia um cachê, que colocava todo para aju-
dar em casa.
Foi então que aconteceu o dia inesquecível para os garotos.
João fora chamado para um concurso de escolas de dança, pode-
ria ir para São Paulo com tudo pago, viver o que sonhou. Vitor fora
chamado para se tornar por fim dono da boca da favela onde mo-
rava, viver o que também sonhou. As pernas tremiam ao ver os ju-
rados no palco, esperando o garoto começar sua dança. O coração
palpitava ao se ver à frente do tráfico do morro. Tudo corria bem
para os dois. Foi então que houve uma operação surpresa da polí-
cia, com vários homens subindo a favela para realizar seu trabalho.
Vitor ordena que todos começassem a disparar, o tiroteio começa.
A apresentação fluida do rapaz impressiona os jurados, que o assis-
tem maravilhados com a desenvoltura do garoto. Vitor se vê encur-
ralado, cercado por policiais. João termina sua apresentação, olha
para os jurados. Vitor olha para os policiais. Uma salva de palmas e
uma salva de tiros são ouvidas no mesmo instante. Após um tempo
de silêncio, João agradece aos jurados e se retira do palco. O corpo
de Vitor, cheio de sangue e tiros, é remexido, para que a cena fosse
mais favorável à polícia. Assim, se inicia uma vida e se finaliza uma
vida.
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Geovana Antoniele Cândido Cardoso – 1ª C
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- Estou lhe desenhando.
- Huuumm... Qual é o seu nome?
- Não digo. – Eu realmente não sei dizer o motivo de eu não
ter dito meu nome naquela hora, mas ele também não disse o dele.
Os dias foram se passando e nos encontrávamos naquele lu-
gar só nosso, todos os dias, em todos os intervalos. Com o passar
do tempo, fui me apegando a ele, era um sentimento bom e re-
confortante e, por mais que eu fosse incapaz de demonstrar, que-
ria ficar cada vez mais próximo daquele garoto. Mesmo que, por
vezes,eu não mostrasse muito interesse, ele não se distanciou ou
ficou irritado comigo. Eu sentia... Era como se ele visse através de
mim, e isso me confortava. Passamos meses sem nem saber os no-
mes um do outro.
- Ei. O que você sempre toca?
- Hum...
Eu não me dei conta se isso seria inconveniente ou não, mas
permaneci esperando a resposta durante algum tempo.
- Eu estou em uma banda, sabe. E resolvi escrever uma mú-
sica... Mas não consigo pensar em uma letra, então compus apenas
a melodia.
Eu senti um imenso desejo de ajudá-lo, mas também acredi-
tei que ele deveria fazer aquilo por si mesmo.
No verão de 1885, eu consegui pela primeira vez demonstrar
vestígios do meu sentimento. Um sentimento quente e satisfató-
rio, sufocante, agradável e principalmente irritante, por eu ser in-
capaz de controlá-lo, mas eu queria mais e mais que ele fosse recí-
proco. Nesse ano, no meu aniversário, descobri algo simplesmente
inexplicável, no momento em que senti aquela maciez nos meus
lábios. A respiração quente, as batidas desesperadas, eu não sabia
identificar se eram as minhas ou as dele. Finalmente soube que eu
havia encontrado aquela pessoa. Podia não parecer, mas meus dias
estavam cada vez mais bonitos e, cada vez que íamos ao nosso lu-
gar secreto, fazendo coisas que só nós podíamos saber, era como
se o êxtase nos deixasse cada vez mais confortáveis um com o ou-
tro. Já sabíamos de muitas coisas, inclusive os nossos nomes.
Foi no verão do ano seguinte, quando eu planejava sair da-
quele lugar e pensar em um futuro só nosso... Eu estava bastante
animado, esperando encontrá-lo no lugar de sempre para dar a no-
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tícia, mas...
- Ele deve ter se atrasado... – falei para as paredes.
Naquele dia, eu passei toda a tarde o esperando, agoniado
por não receber nenhum tipo de notícia, até que resolvi voltar para
casa, cheio de preocupação. No dia seguinte, ele também não apa-
receu, senti que algo estava errado e comecei a achar que tinha cul-
pa também. Imediatamente, corri até a sua casa. Ambos moráva-
mos sozinhos e ele também não tinha muita ligação com a família.
Chegando lá, me surpreendi ao notar que a porta estava entreaber-
ta, o que me impulsionou a apenas entrar sem dizer nada.
A mancha vermelha cobria o pavimento, pintado com o san-
gue de alguém que você ama... Eu ainda gostaria de uma chance
para nos despedirmos de novo. No mesmo instante, a melancolia
se espalhava ao vento, lançando uma sombra onde tudo se acumu-
la. Pela primeira vez, uma tormenta de sentimentos me tomou por
completo, como as lágrimas que transbordaram naquele momen-
to. Sentia que o brilho da vida apenas havia desaparecido.
Eu não conseguia me perdoar... Eu não conseguia te perdoar.
Não ter a certeza do porquê você havia tirado o que era de mais pre-
cioso para mim. Você fez com que a tortura incessante prosseguis-
se. Todos os dias ficando naquele lugar eu esperava te encontrar. Eu
posso escutar sua respiração, parece tão real. Eu posso ouvi-lo. As
batidas do seu coração ainda são tão reais... O desejo, que eu pedi
naquela noite de dor, eu vou secretamente trancá-lo em mim.
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Jordana Xavier Dias - 1°C.
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Lucas Pereira Maia da Costa
Charlotte
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estacionamento do prédio, guardei minha bolsa no porta luvas e
olhei para o encosto do banco do passageiro onde tinha uma man-
cha grande e vermelha.
- Droga! Deveria ter tomado mais cuidado, agora preciso dar
um jeito de limpar isso.
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cisasse de mais tempo para me adaptar à minha “nova família”, ao
meu novo dia a dia. Afinal, minha vida que era toda organizada, ti-
nha virado uma bagunça em um piscar de olhos.
Quando cheguei na sala, atrasada como nunca aconteceu,
todo mundo me olhou e eu senti vergonha de mim mesma. Quan-
do olhei pro lado, eu paralisei. Sabe aquelas cenas de filmes que
passam devagar, em câmera lenta? Eu tive a visão mais linda que eu
poderia ter na minha vida. Era a Lígia, a novata da turma. Ela tinha
cabelos enroladinhos, a pele negra e os olhos marcantes. Lígia era
uma visão privilegiada no meio de tanta gente estranha e louca.
Quando a vi, o meu coração batia tão rápido que quase saía pela
boca e eu suava frio. Minha cabeça acabava de ficar mais bagunça-
da que a minha vida! Eu não entendia o que estava acontecendo. Eu
sabia que era bom, mas nunca tinha sentido isso antes e, pra mim,
isso era pecado. Neguei-me a sentir isso, mas era muito difícil. Tal-
vez fosse só coisa da minha cabeça. Na hora do intervalo, Lígia sen-
tou ao lado e começou a contar de onde vinha e o que fazia. Mas eu
só conseguia prestar atenção naqueles olhos grandes e no cheiro
de rosas que ela tinha. Logo ela falou - Está me deixando sem gra-
ça, por que me olha assim? E eu disse - Não consigo explicar, senti
algo diferente quando te vi, ela sorriu e deitou com o rostinho na
mesa olhando para mim.
Depois de uns dias, virou rotina fazer tudo juntas e, cada dia
que passava, eu prestava menos atenção no que ela falava e mais
atenção no jeito que falava que olhava e que mexia os cabelos en-
roladinhos. Então, comecei a aceitar o que estava acontecendo,
pois, por mais diferente que fosse, de alguma forma, parecia que
ela trouxera total sentido pra minha vida. Eu não sabia como contar
isso pra alguém. Na verdade, eu acho que não deveria contar isso
pra ninguém.
Certo dia, tomei coragem, porém com muito medo, mas to-
mei coragem. Eu levantei decidida em falar pra Lígia tudo o que eu
sentia por ela. Chamei-a pra conversar a sós, ela estava com um
olhar muito triste. Falei tudo que sentia, desde o primeiro dia e ela
olhou chorando pra mim e disse “Amanda, eu te amo. Mas estou
indo para a África, vou me dedicar a ajudar os refugiados de guerra.
Ser voluntária lá sempre foi meu sonho”. Eu me desmanchei em
lágrimas, o amor da minha vida iria embora. Contudo, Lígia tornou-
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-se parte de quem eu me tornei. Graças a ela, eu me redescobri.
Eu esperava um dia reencontrá-la e viver tudo que tinha planejado.
Mas, depois de alguns anos, fiquei sabendo que ela saiu da África,
mudou-se para o Afeganistão, para ser voluntária lá também e, du-
rante um ataque no acampamento em que ela estava, levou um tiro
e morreu.
Nós nunca viveríamos juntas, eu nunca mais sentiria aquele
cheiro de rosas ou veria aqueles olhos marcantes, mas eu sei que
ela morreu fazendo o que mais amava, ajudar as pessoas.
Hoje eu estou aqui na sacada no vigésimo andar, pensando
que ainda busco outra pessoa para tentar, ao menos, tapar o vazio
no meu peito. Mas sei que seria superficial, meu sentimento. No
fundo eu não amarei outra pessoa tanto quanto a amei. Eu sei que
nunca a esquecerei.
Buraco Linguístico
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Ela também integrava o complexo que nos rodeava, uma espécie
de contingência, que dividia as coisas de Dentro e Fora.
O meu Dentro era regido por uma normalidade e aceitação
que eu não conseguia entender, as pessoas pareciam gostar da in-
constância e de sempre estarem sozinhas, todas fechadas em seus
universos particulares. Não havia nenhum tipo de comunicação, e
nos era estabelecido, pelo Consagrado, que devíamos ser comple-
tos individualmente, não sendo necessária à inclusão de outros se-
res.
Mas certa vez, voltando para casa, surpreendentemente per-
cebi que estava sendo observado, olhei para trás e avistei um garo-
to. O olhar dele era fixo, e notei que usava uma máscara, cobrindo
parte de seu rosto. Acompanhava cada movimento meu, como se
estivesse decifrando-me.
E realmente estava, mal eu sabia que aquele seria o início
do grande desespero da linguagem.
Continuei o meu caminho, mas com o passar dos dias, sentia
sempre uma presença bisbilhoteira nos lugares que participavam
de meu roteiro. Isso me fez ficar estranhamente pensativo: como
alguém, como nós, estaríamos interessados em abstrair gestos ir-
regulares e próprios de cada um, mesmo que fosse contra a ordem
regente?
Consegui obter certa resposta ao entrar no edifício TxT,
quando me deparei com o garoto. Ele olhou para mim e fez um mo-
vimento que eu pensava ser apenas meu: tilintou o dedo polegar
com o anelar, sinal de cumprimento ao meu início de dia.
Após segundo paralisado, respondi à sinalização, e aquele
foi apenas o início de nossas subversivas trocas de interações.
O tempo nos deixou familiarizados, se posso afirmar assim,
e isso causou a nossa revolução limitada.
Mesmo que muitas vezes não fosse possível a total com-
preensão dos movimentos, o instinto de desvendar um ao outro
acabou sendo maior do que a preocupação com a discrição, o que
chamou a atenção dos Olhos do Consagrado.
A partir daquele instante, éramos alvos premiados. E, certa
vez, como resultante previsível, os caçadores nos surpreenderam,
agindo de forma rápida e cautelosa.
Recordo-me exatamente do período: era noite, apenas a
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lua no céu, e o garoto me ensinava a apreciar o meu próprio refle-
xo na água do Lago da Inconstância. De repente, ouvimos ruídos e
logo depois veio uma dor repentina, e tudo ficou escuro.
Quando acordamos, estávamos em um lugar bastante
apertado, somente uma luz acima de nós.
Não tinham a real consciência do que haviam feito, mas
não os culpo, pois não estavam acostumados com a rebeldia. O seu
erro fatal, unificar dois incessantes exploradores dos sinais, acabou
gerando o início do imenso e diversificado universo linguístico.
E foi exatamente assim que consegui compartilhar a mi-
nha história esburacada. O provável primeiro, de vários, modelo de
contato.
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Vanessa Iguma Menna – 1°C
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curando pelo senhor, mas ele já não estava mais na poltrona. “Tal-
vez deve ter ido atender outra pessoa”, pensei. Escutei um barulho
e, por reflexo, me viro e me deparo com uma bela, rústica, porém
encantadora máquina de escrever. Ela já estava com uma folha en-
caixada. A tentação de escrever nela foi muito grande. Quase que
em um impulso fui atraída por ela, com dedos já preparados para
escreve.
Ao lado da máquina, encontrava-se uma lâmpada e um re-
lógio despertador. Resolvi, então, escrever umas duas sentenças
sobre eles: “Aqui, ao lado desta máquina, um objeto de luz quebra,
pois já não pertencia mais a essa era. O relógio, assustado, toca de-
sesperado”.
Termino a frase com um leve sorriso no rosto. De repente:
CLACK! A lâmpada havia estourado. Por instinto, me afasto da má-
quina, enquanto vejo cacos dela caírem no chão. Ainda atordoada
com o que acabara de acontecer, ouço o relógio despertar. Eu esta-
va totalmente estática. Fico encarando a máquina, não acreditan-
do no que estava vendo. Não. Não é possível que tenha sido ela.
Onde está aquele velho pra dizer uma explicação lógica para isso?
Deve ter sido coincidência, devo me acalmar.
Já estava por sair da sala, mas olho para a máquina novamen-
te. Era quase como se estivesse me chamando para usá-la. Afinal,
pode ter sido uma mera coincidência. Aproximo devagar, e meus
dedos tremem. Observo em volta, percebendo um lustre pequeno
deixado no chão. Será meu tema. “Lustres são tão belos, me en-
tristeço de não vê-los brilhar. Se eu tivesse o poder o faria piscar;
assim como as estrelas do luar”.
Hesitante, fico encarando o lustre. Uma parte de mim queria
que ele piscasse, mas a outra parte não fazia ideia do que fazer se
isso realmente acontecesse. Uma leve luz começa a aparecer, vou
dando passos para trás. Ela vai ficando mais forte e piscando com
mais intensidade...
Ainda pasmada com aquilo, acabo por bater as costas na pa-
rede. Ela pisca e, então, pára, sem retornar a brilhar. Com a respi-
ração ofegante, estava confiante de que aquilo era real, mas o que
fazer com tal artefato? Aviso o dono da loja? Vou embora e finjo
que nada aconteceu? Ou tento escrever algo que desejo muito? Vou
andando até ela, decidida do que escrever. Talvez dessa vez não dê
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certo, mas eu queria tentar. “Todos aqueles que fogem por suas vi-
das, tenham suas esperanças renovadas”.
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Desenhos produzidos pelos estudantes do 1ª C
Yasmin Kayllane
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Samara Lustosa
Isabella Ianny
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Arthur Tavares - 1º D
Xenofobia
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sicamente André com vários socos e chutes, ele sangrou muito até
desmaiar. As primeiras pessoas a socorrê-lo foram Arthur e Archie,-
que o levaram para o hospital. Desde aquele dia, André odiou tudo
na sua vida. O desempenho dele caiu no colégio, já não falava com
seus pais e se distanciou bastante de seus amigos. Ele estava com
muito medo de se relacionar socialmente com as pessoas, pois ain-
da tinha medo de que elas fossem grosseiras.
No hospital, que André descrevia como um tédio todos os
dias, ele recebeu a visita do seu avô, o mesmo que lhe deu o vio-
lão. Seu avô falou que a raiva e o ódio sobre ele mesmo e sua vida
não levariam a nada. E, logo em seguida, André pegou o violão que
tinha trago do Brasil e tocou a mesma música que ouvia na sua in-
fância. Ele refletiu muito sobre a atitude de seu avô, chorou, sor-
riu e pensou muito. Lembrava de cada momento de sua infância,
enquanto tocava a música. Resolveu ,então, que iria se reinventar
e que queria fazer as coisas diferentes, que agora não se deixaria
levar pelas opiniões e ideias que o fizera sentir-se inferior e insigni-
ficante.
Agora ele só se importa com aquilo que realmente é impor-
tante, com as pessoas boas que o cercam. Ele deixou tudo para
trás, e passou a agir assim dali para frente, nunca abaixando sua
cabeça de novo para as coisas fúteis.
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Gustavo Henrique de Jesus. - 1°C
Cortesia da Casa
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lábios, esta é sua função afinal. Adiantava-me a servir o agora des-
crito chá de camomila, puro, casto e suave. Com uma proximidade
um pouco mais íntima e outro simpático sorriso, dessa vez mais sin-
cero, e com uma nuance perversa, digo: “Cortesia da casa”.
Assim, sucede um longo dia servindo clientes, um após o
outro, e todos diferentes à sua maneira. E isso, claro, refletia em
cada cortesia que eu servia: para cada pessoa existe uma bebida
ideal. Cada colher de açúcar, cada dosagem de água, tempo de
aquecimento e essências usadas, por minimamente diferentes que
sejam, são capazes de tornar cada chá, café, expresso ou qualquer
bebida, única. Afinal, quem prova uma bebida quente em certo
momento, a provará fria outrora, e, naquele instante específico, a
bebida será única, diferente até de si mesma de tempos em tem-
pos. Assim são as pessoas. Essa é a graça do meu trabalho, servir
bebidas tão ricas e distintas às pessoas, ainda mais características,
uma após a outra. Fato é: não gosto de alguns pontos que tamanha
diversidade é capaz de alcançar. Não gosto, por exemplo, de café.
Negro, pobre. Sou elegante demais para misturar-me à bebida tão
simples.
Já ao cair da noite, preparo um chá para mim mesmo, quase
que como uma autopromoção recompensadora por trabalhar mais
um dia. Lentamente aprecio seu sabor, até que se torna adstringen-
te. Parece até fechar minha garganta. O ar já não entra em meus
pulmões. A xícara cai no chão, partindo-se em cacos de porcelana.
O único pensamento que me vem à cabeça é a revolta por ter pro-
vavelmente sido envenenado. Minha última memória é ter deixado
uma de minhas freguesas mais frequentes visitar os fundos, mas já
não lembro qual desculpa ela havia usado. Maldita, eu deveria des-
confiar. Ela me enojava. Já com os olhos pesados, preparando-me
para meus últimos suspiros, saboreio minha última e nobre bebida.
Apesar de ser tão única, tão venenosa, ela não era muito diferente
de outras bebidas que provei. Todas eram tão diversas, mas isso as
tornava iguais. Assim como as pessoas. E foi isso que não percebi.
Talvez por isso aquela cliente me odiasse.
O chá tinha um sabor até então desconhecido... hipocrisia,
esse era o sabor de seu veneno.
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Isabela Soares dos Santos - 1º D
Especial
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Maria Eduarda Borges - 1°D
Um passeio no parque
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entendemos tratava-se de um homossexual. Minha filha, boquia-
berta, me perguntava o porquê daquilo estar acontecendo. Bus-
quei palavras para explicar que seria pelo fato dele namorar uma
pessoa do mesmo sexo que o seu. Ela logo me perguntou:
- Mamãe, essas pessoas irão te bater?
- Por que essa pergunta filha?
- Uai, mamãe, a senhora também namora uma pessoa do
mesmo sexo que o seu.
Segurando o choro, acabamos mudando de assunto e saí-
mos daquele lugar.
Aquele dia passou rápido, mas a resposta da minha filha não
saía da minha cabeça. Eu, que sou emocionalmente fraca, passei à
noite me perguntando coisas do tipo: “Será que algum dia apanha-
rei na rua por namorar outra mulher?”
“Será que andarei sempre com essa insegurança devido a mi-
nha opção sexual?”
Indignada com aquela situação, criei uma campanha nas re-
des sociais com o intuito de publicar e ajudar as pessoas com frases
de incentivo. Com o tempo, passei a fazer vídeos para o YouTube
e fui ficando cada vez mais conhecida . Com a grande repercussão
dos meus vídeos, fui convidada para participar de vários programas
famosos. Fui convidada para fazer um discurso em uma manifesta-
ção nacional, era um evento muito grande.
Chegou o grande dia da manifestação, estava tudo organi-
zado. Preparei um discurso, estava ansiosa e emocionada. A hora
chegou. Estava indo tudo bem e todos me aplaudiram. Até que es-
cutei um disparo e, em segundos, tudo ficou escuro. Minha pers-
pectiva desse mundo mudou totalmente. Meu corpo imóvel e en-
sanguentado.
Findara, naquele momento, todo meu esforço para a cam-
panha. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Uns acharam que
foi o governo que mandou me matar, por ser um país extremamen-
te homofóbico. Outros acharam que foi simplesmente um grupo
de homofóbicos; mas uma coisa é certa, morri lutando pela nação
LGBTQI+.
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Sahmuel kali - 1°D
A Família Hattaway
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esposa e foram para casa, mas todos os noticiários e autoridades
pediam para que evacuassem o local. George chorava e a mãe não
conseguia mantê-lo calmo, Joana notava o desespero dos pais,
Thomas olhava pela janela, a cidade que ele morava se tornando
um caos. Sr. Hattaway disse que permaneceria lá até o fim de sua
vida, para ele era uma questão de princípios, afinal tinha amor por
aquele lugar.
Foram 10 dias com nuvens embaçadas carregadas de par-
tículas de radiação, a cidade aos poucos se esvaziava e o cenário
era de silêncio e terror. A família foi obrigada a se mudar, pois seu
prédio ficava próximo a usina de Chernobyl. Eles não gostaram da
ideia e, mesmo sabendo dos riscos da radiação, voltaram para a ci-
dade. Mesmo tendo conhecimento dos problemas de saúde e do
risco que a contaminação do local trazia, não ficaram intimidados.
Sra. Hattaway equipou todos com máscaras de gás e voltaram an-
dando para o prédio onde moravam, sem nenhuma outra proteção.
Anos se passaram, mas na cidade ainda existem zonas de ex-
clusão, esses locais viraram ponto turístico. Alguns turistas relatam
ter visto pessoas com rostos deformados próximos à usina. A cida-
de, que foi abandonada pelos seres humanos, foi tomada por ani-
mais, virou um verdadeiro paraíso para pássaros, lobos, mamíferos
que logicamente sofreram mutações. Em meio a tanta tristeza,
morte e vazio, a vida se estabeleceu naquele lugar. A diversidade
de animais e a família Hattaway conseguiram sobreviver naquela
situação e a radiação se tornou uma condição de vida.
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Maria Eduarda De Souza Duarte - 1º D
O Indiozinho Guerreiro
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gada impetuosa e fria caía na aldeia. Kaic acordou com os sussur-
ros do seu pai, pedindo-o que o seguisse. Ele não sabia para onde
estava indo e isso começou a deixá-lo preocupado. Então, Kaic fez
uma pergunta, cortando aquele silêncio, mas não obteve resposta
nenhuma do pai.
De repente, Kauã se virou, vendou os olhos do filho e lhe
entregou uma lança para se defender. Ali, naquele instante, Kaic
se deu por vencido, sozinho e com medo. Apesar da insegurança
que sentia, começou a andar vendado pela mata, usando a lança
e ouvindo o som dos animais. Sentiu a presença do pai, a todo o
momento, talvez ele estivesse lá. A força dos deuses era realmente
algo inexplicável, Kaic cantou e conseguiu o caminho de volta para
a aldeia. Era preciso bem mais do que coragem para enfrentar os
meus medos.
- Naquela noite, encontrei a força dos deuses, que só conhe-
cemos quando nos tornamos um índio guerreiro. – contava Kaic,
em volta da fogueira, sua história para toda a tribo Yanomani em
uma noite de estrelas, ou preferindo por assim dizer, Kaic, a história
do indiozinho guerreiro.
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Maria Fernanda - 1°C
O Vermelho é mais forte
Era uma vez uma linda jovem, dona de uma beleza peculiar.
Sua pele macia, coberta por pequenas sardas alaranjadas e olhos
azuis vibrantes, tão vibrantes quanto o mar. Contudo, o que mais
chamava a atenção de todos eram seus cabelos, esses que eram
vermelhos como fogo e aqueciam os olhos daqueles que o vissem.
Essa jovem donzela se chamava Catherine.
A moça morava com seus pais e seus três irmãos mais ve-
lhos em um pequeno povoado no sul da França. Mesmo sendo mui-
to bela, Catherine era considerada uma aberração por ser a única
em sua família dotada de tal complicação. As pessoas do vilarejo
a rejeitavam, o que dificultava o contato dela com os demais, ex-
cluindo-a do convívio social.
Certo dia, sua mãe pediu para que ela fosse ao poço buscar
água. Chegando lá, a garota avistou um grupo de jovens que, logo
que a viram, começaram a caçoar dela. Um deles a encarou e disse-
-lhe:
-Olha quem está aqui, a filha da Bruxa!
Catherine pensou por um breve momento e respondeu:
-Eu não sou bruxa e não tenho culpa de ter nascido assim.
A moça, então, correu aos prantos para sua casa, logo após
a sua resposta, com receio de que aqueles jovens a fizessem mal.
Ao chegar em sua casa, sua mãe veio, assim que escutou
seus gritos:
-O que foi agora, Catherine? - Disse-lhe com raiva.
A jovem sempre sentiu o ódio que sua mãe sentia por ela,
com o tratamento carinhoso dedicado aos seus irmãos. Sentia ser
um peso ali. O único que sempre a apoiava era seu pai, Barnabás.
Catherine era a menina dos olhos dele, seu carinho era voltado in-
teiro e exclusivamente para sua ruivinha.
Em uma casa não muito afastada do povoado, morava uma
mulher de meia idade que ,por coincidência, tinha os mesmos tons
de cabelos e olhos de Catherine. Pela cidade, circulavam murmú-
rios dos moradores de que ela praticava rituais satânicos, tachan-
do-a de bruxa.
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Um dia, enquanto cuidava dos afazeres de casa, Catherine
esbarrou em um dos quadros de sua mãe e o quebrou. Segundos
depois, ela estava sendo ferida pelas palavras de sua mãe:
-Você é uma completa inútil, Catherine! Não sabe fazer
nada direito! Maldito foi o dia que você chegou! - Dizia a mãe da
jovem, com os olhos dilatados de fúria.
Com todo clamor e os olhos marejados, a jovem respondeu:
-Mamãe, por favor, não diga isso. Eu sou sua única filha! -
As lágrimas lavavam seu rosto.
-Escute: você não é minha filha!
-Mãe, que história é essa? Como assim?
-Pare de me chamar de mãe, garota. Aquela bruxa deixou
você aqui na porta e, como Barnabás sempre quis uma menina, ti-
vemos que ficar com você.
-Toda a minha vida é uma mentira! - Disse-lhe a jovem, en-
quanto corria.
Ao anoitecer, enquanto todos jantavam, Catherine apareceu
com uma trouxa de roupas, assustando a todos, exceto sua mãe,
cujo desprezo e indiferença eram nítidos através do seu olhar.
-Aonde vai tão tarde minha filha? - Disse Barnabás, com lá-
grimas nos olhos, prevendo o que viria depois.
-Irei atrás de tudo o que perdi enquanto vivia aqui, cercada
de mentiras. - Disse Catherine decidia.
-Não vá, minha filha. Eu te amo muito! - Agora as lágrimas
rolavam em seu rosto, sem parar.
-Estou decidida, não tem mais volta! - E essas foram suas
últimas palavras para aqueles que ela pensou, durante toda sua
vida, ser sua família.
Depois disso, a jovem nunca mais foi vista pelo povoado.
Surgiram muitos boatos sobre o que poderia ter acontecido com
ela. Alguns diziam que estava vivendo com a bruxa e praticando ri-
tuais. Sempre haverá muitas especulações e questionamentos sem
nenhuma resposta. Uma coisa é certa, cedo ou tarde, ela vai voltar
e todos se arrependerão por terem-na desprezado, humilhado, ca-
luniado e odiado.
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Desenhos produzidos pelos estudantes do 1ª D
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Lucas P. Maia
Jovana Pursley
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João Pedro Gabriel - 1º c Raíssa Viana
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