Você está na página 1de 7

Circuitos combinacionais e sequenciais

Professor Dr. Ricardo Ferreira de Oliveira

Passamos agora, neste roteiro, ao estudo introdutório aos circuitos


combinacionais. Um circuito combinacional é aquele no qual a saída depende
apenas da variação de combinações dos valores em sua entrada (IDOETA e
CAPUANO, 2012, p.176). Os circuitos combinacionais incluem somadores,
codificadores, decodificadores entre outros. Os circuitos sequenciais são
aqueles que dependem não só da combinação de valores da entrada, mas
também do estado anterior do circuito (IDOETA e CAPUANO, 2012, p.176).
Estes incluem os flip-flops entre outros.

No escopo desta unidade iremos estudar os codificadores,


decodificadores e somadores além do flip-flop básicos. Estes componentes são
de grande importância para o nosso entendimento dos processadores.

Circuitos combinacionais
Os circuitos combinacionais são circuitos feitos a partir da combinação das
portas lógicas vistas anteriormente nos quais o nível lógico da saída depende
exclusivamente dos níveis lógicos apresentados nas entradas em um dado
instante de tempo (NEAL; MOSS; TOCCI, 2018, p. 140). Os circuitos que
estudaremos neste texto incluem os codificadores, os decodificadores, os
meio-somadores e os somadores.

Codificadores
Um codificador é aquele que traduz um código conhecido para um
código desconhecido (IDOETA e CAPUANO, 2012, p.176). Este tipo de circuito
se apresenta normalmente com um conjunto maior de entradas do que de
saídas como, por exemplo, quando se codifica as 104 teclas de um teclado
padrão para os oito bits de seu código ASCII (GONICK, 1984, p.129).

A Figura 1 ilustra um codificador que tem dez entradas representando os


10 algarismos e quatro saídas representando a codificação binária destes
quatro algarismos em um nibble (meio byte). As entradas consistem de chaves
onde, a um dado momento, no máximo uma está acionada. Observe que, caso
a chave 5 seja acionada, as saídas B e D ficarão com “1” e as saídas A e C
ficarão com “0” compondo a codificação binária “0101” que é justamente o
número 5 em sua forma binária: 01012!

Figura 1 – Esquema de um codificador decimal para BCD

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)

Decodificadores
Um decodificador é aquele que traduz um código desconhecido para um
código conhecido, ou seja, faz o inverso do que o codificador faz (IDOETA e
CAPUANO, 2012, p.176). Um decodificador tem a capacidade de selecionar
uma dentre várias linhas de saída. Os decodificadores usualmente vêm com
uma entrada de habilitação “h” de modo que se a habilitação estiver desligada
nenhuma saída é selecionada (BIANCHI; BEZERRA, 1983, p.32). Os
decodificadores podem ser usados para decodificar sinais binários em
decimais, transformar um endereço de memória para um impulso nesta célula
de memória entre outras aplicações (GONICK, 1984, p.129). Uma aplicação
importante dos decodificadores é selecionar uma saída ou entrada de um
determinado registrador na CPU (BIANCHI; BEZERRA, 1983, p.43). A Figura 2
ilustra o esquema de um decodificador de duas entradas para a seleção de
uma saída entre quatro possíveis. Atente para observar que este decodificador
dispõe de uma entrada de habilitação de modo que quando a habilitação está
desligada todas as saídas ficam com “0”.

Figura 2 – Esquema de um decodificador para quatro saídas

Fonte: Adaptado de Bianchi e Bezerra (1983)

Meio somador
Um meio somador possibilita a efetuação da soma de dois números
binários de um algarismo. Para que se possa efetuar a soma de números
binários com mais de um algarismo precisamos de um circuito mais potente
denominado somador completo. Um meio somador dispõe de duas entradas (A
e B), para os bits que serão somados, e duas saídas. A primeira saída (S)
contém o resultado da soma. A segunda saída (Ts) contém o valor do
transporte (carry out), ou “vai um” (IDOETA e CAPUANO, 2012, p.230). A
Figura 3 ilustra um meio somador com sua respectiva tabela verdade. Repare
que quando somamos “1 + 1”, a saída se torna “0” porque a porta XOR retorna
“0” quando ambas as entradas estão com o valor “1”. O valor de TS neste caso
é “1” porque houve uma situação de transporte.
Figura 3 – Um meio somador

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)

Somador completo
O somador possibilita a efetuação da soma de números binários com
mais de um algarismo porque tem a capacidade de tratar o “vai um” que veio
de uma soma anterior. A Figura 4 ilustra um somador completo. Além das
entradas A e B, o somador tem uma terceira entrada TE que pode receber o
“vai um” de um somador anterior.

Figura 4 – Um somador completo

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)


Se quisermos construir um somador de quatro bits basta ligar um meio
somador e três somadores completos em série como mostra a figura 5.
Observe que para a soma do bit mais à direita usamos um meio somador uma
vez que não vem nenhum sinal de transporte. Os demais circuitos são
somadores completos.

Figura 5 – Um somador de 4 bits

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)

Flip-Flops
O Flip-Flop é um circuito sequêncial que tem a capacidade de
armazenar um bit. Existem vários tipos de flip-flops: RS, JK, T e D. No escopo
deste material se vai estudar o flip-flop RS (IDOETA e CAPUANO, 2012, p.254-
70). O circuito do flip-flop RS pode ser observado na Figura 6. Ele é construído
com portas NOT e NAND. Observe que a saída de cada porta NAND serve de
retroalimentação para a outra.

Vamos agora analisar o comportamento do circuito. Precisamos tomar


cuidado e prestar atenção porque este é um circuito sequencial que depende
não só da combinação de valores da entrada, mas também do estado anterior
do mesmo. O flip-flop tem duas entradas denominadas S (SET) e R (RESET) e
daí vem o nome do flip-flop RS. Existem também duas saídas: Q e Q barrado
(Um Q com uma barra em cima. Seu valor é o complementar a Q. Se Q tem 0
Q barrado tem 1 e vice-versa).
Figura 6 – Um Flip-Flop RS Básico

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)

Estabeleçamos Qa como sendo o estado anterior da saída Q e Qf o


estado futuro da saída Q. Oito casos são possíveis estão ilustrados na Figura
6. Analisando a Figura 6 podemos verificar pela figura que se nas entradas S e
R colocamos “0”, o valor de Qf é o mesmo que Qa. Ou seja, o valor
armazenado na “memória” do flip-flop não muda. Se colocarmos “0” em S e “1”
em R forçamos o valor de Qf para “0”. Ou seja, armazenamos na “memória” o
valor “0”. Se colocarmos “1” em S e “0” em R forçamos o valor de Qf para “1.
Ou seja, armazenamos na “memória” o valor “0”. Não é permitido colocar “1”
simultaneamente em R e S.

Caso se queira estabelecer controle por uma sequência de pulsos de


clock substitui-se as portas inversoras por portas NAND e se liga as outras
entradas das novas portas NAND a um clock. O esquema deste circuito está
ilustrado na Figura 7.
Figura 7 – Um Flip-Flop RS Básico controlado por clock

Fonte: Adaptado de Idoeta e Capuano (2012)

Referências

BIANCHI, Paulo; BEZERRA, Milton. Microcomputadores: arquitetura, projeto,


programação. Rio de Janeiro: LTC, 1983.

GONICK, Larry. Introdução ilustrada à computação: com muito humor! São


Paulo: Harbra, 1984.

IDOETA, Ivan Valeije; CAPUANO, Francisco Gabriel. Elementos de eletrônica


digital. 41. São Paulo: Erica, 2012. [Recurso Eletrônico/Biblioteca Virtual
Universitária].

NEAL, Widmer; MOSS, Gregory L.; TOCCI, Ronald J. Sistemas digitais:


princípios e aplicações, 12ª ed. São Paulo: Pearson, 2018. [Recurso
Eletrônico/Biblioteca Virtual Universitária].

Você também pode gostar