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ESPECIAL Agronegocio EM FASE DE che peal os empreendedores na pecuaria fase rr) pil ph Pee ENT} iz um velho ditado popular que 0 olho do dono engorda a boiada. O pecuarista Marcelo Brunelli, de 47 anos, parece levara sé- rio esse ensinamento. Ele passa boa parte do tempo acompanhando o desenvolvi- mento de 18 000 cabecas de ga- do criadas em trés fazendas na regido oeste de Goias. Diariamente, Brunelli avalia uma série de informacées sobre a alimentagao dos bois, além de dados a respeito do aumento de peso do re- banho e relatérios apontando quantos animais estao prontos para 0 abate. Apesar de todo 0 desvelo dedicado a criacao, Brunelli pouco pée o pé no pasto — raramente sai de seu es- critorio em Bebedouro, municipio do interior paulista, a mais de 700 quilémetros de suas terras. Dali ele administra a fazen- da pela internet. “Vou a Goids no maximo uma vez por més, ¢ PPV TH al ie nunca fico mais do que dois ou trés dias por ki diz ele Para acompanhar 0 rebanho a distincia, Brunelli usa um software desenvolvido pela Prodap, de Belo Horizonte. Produtorescomo ele tm feito 0 faturamento da empresa mi neira crescernosiltimos anos. Em 2011, as reccitasda Prodap chegarama 47 milhibes de reais, trésvezes mais que em 2009, Naépoca, seu newécio se resumia a revender progr mas de computador simples, usados para auniliarcriadores de gado a controlar ocaixa da fazenda, alem de ragoes especiais. Foi quando o veterinério Leonardo Si socio da Prodap, percebeu uma oportunidade. “Vi rios de nossos clientes tinham difculdade para. administrar a. produgic’ afirma ee. "Muitosainda controlavam dados essenciais, ‘como o faturamento com a venda de ani ‘mais, em cadernos que pareciam saidos de um filme do Jeca Tata? Brunel fiz parte de uma geragio de pro dlutores ruras que procura aplicar em suas propriedades boas prticas de gestio presen- {es hi muito tempo no cotidiano dos negs- ios urbanos. Os 30 funcionarios que le em- \pregaem suas fazendas tém metasa cumprit, (Os responsiveis pela nutricio dos animais, to cobrados, por exemplo, por manter 0 custo da racao sob controle. Quem cuida da py ve Prd ts aco Ain mace ry ts sobre inde de go de psa en tho medio pel vkame de cae dete Inet prdd por cds bo "No fal do ‘nds ends di rh 1H stores impulsorando of meno Ga rfl dos poco ro Noose anon o Bras stor db planta o pat 60 pencil predator deaves oto desis O sot hee orcs) Maly Sos ccmpls dene {Seon qu despontaram nana dead Nous casos fsb tara, gndes Sole Pig unaran-se em 2010 pra formar BR Foods na | peur sleeve 240 ies dees 0% tis qc em 199, segundo estima Go Sings enc rads por empress do stor de nig arial © red € toda prod ds peuarisas"Hof of to para ater nego vied sé Vente Fea, dcr tic da Infra Economics FNP, consulta peta Oportnkades para prmenos¢ més ne Ese tip de det Exite dean por Precio e srs par ergo 0 pedo Inasrapiamentmeborarcnndo poe its needles do md. 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A maioria das novas bocas a ser alimentadas estar’ em paises asiticose aft canos — as duas regides devem contribuit com 60% do crescimento da classe média no ‘mundo nos préximos anos. Com mais di nheiro, esses consumidores emergentes po- demelevaroconsumode carne para cerca de 500 milhdes de toneladas por ano, 65% mais do queo patamaratual, segundos projegdes ‘da FAO, Nao sera ici sacié-los.Além de exi- {gir muito espago paraacriacio dos animais, a produgio de came necessita de recursos naturais como terra e agua para cultivar os ‘vegetais usados como ingredientes na fabri- cacao de racio. "Para atender & demanda, os produtores ruras terdo de ser muito mais produtivos, firma oconsultor Roberto Cris- tiano Duarte, da RC Consultoria, especial zada no agronegscio. CAMPO PROFISSIONAL ‘O empreendedor Lanes Migliavacca, de 60 ‘anos, encontrou uma boa oportunidade de crescimento ao ajudar os pequenos produ: tores a aumentar a produtividade de suas fazendas. Ele édono da Mig-Pla,fabrican- te de suplementos para ragao de animais com sede no municipio gaticho de Casca, a 230 quilometros de Porto Alegre. A empre- safaturou 66 milhdes de reaisem 2011, 70% mais do que em 2009. Seus principais pro dlutos servem para alimentar leitoezinhos ‘com pouco mais de um més de vida — 0 cequivalente, para os filhotes dos porcos, a ‘uma papinha para bebés. ‘Antigamente, 03, suinocultores tinham muitos. problemas com a alimentagio dos eitées; diz Miglia- vacca, "Os porquinhos passavam mal a0 comer a racio e muitos morriam logo de- pois de desmamados' produto desenvolvido pela Mig-Plus ajudoua diminuiramortalidade dosleitoes, ‘A ragéo também permitiu aos criadores desmamar os porquinhos mais cedo, em toro de um més apés 0 nascimento — an- tes, os animais comegavam a desmamar, em Roses asiecercaler prea dei tee Dae NA FAZENDA Osntmeroe da pecusria Sastre as (7 EvolucSo da producto Bees Saito ESPECIAL Agronegicio ‘miuigio do prazo, as matrizes dos suinos podem dar até mais de duas ninhadas por ano, mais que o dobro do que era comum até o comego dos anos 90, quando o produ: to foi langado no mercado, Desde enti, Mig-Phis ampliou a linha de produtos para outrasfases de vida dos suinosecriou suplementos para colocar na ragiodeaves,ovelhas, bois peixeseanimais ddomésticos. Agora, Migliavaccaesté inves tindo 27 milhoes de délares na construcio cde uma nova fbrica de ragoes — a prevision € que as obras fiquem prontas em novem- bro de 2013. A unidade vai produzir nu trientes para aumentar a produgio de lite ddasvacas. “Ha muitoslaticinios com capac dade ociosa por falta de lete no mercado, afirma Migliavacea. “Nosso produto pode ajudar 0s criadores a aumentara produgao sem ter de ampliar orebanho! ‘Gragas ao emprego da tecnologia nas fa endas, os ctiadores estio. conseguindo produzir mais com menos, Segundo o Ins tituto Brasileiro de Geografiae Estatistica, desde 1996 as eas de pasagens encolhe ram 10% no pais — boa parte do terreno perdido deu higaralavouras de milho eso ja. No mesmo periodo, orebanho brasilei- ro cresceu 12%, A produtividade também aumentoa. Hoje, um boi criado em confi- rnamento pode ser abatido com dois anos € meio de idade —antigamente o gado nha de ruminar cinco anos no pasio até chegar a0 peso adequado para ir a0 matadouto, Hi trés décadas um frango demorava 50 dias para atingir 1,8 quilo, peso minimo para o abate. Atualmente, um frango ¢ en- viado para o figorfico com I dias de vi da, quando em média pesa 2,5 quilos,se- ‘gundo estatisticas da Uniao Brasileira de Avicultura (Ubabef) MAIS EFICIENCIA ‘A busca por mais produtividade abriu oportunidades na cadeia da pecura para empresas que tradcionalmente atuavam motos etores. Foi o que aconteceu com 4 fabricante de produtos quimicos MCM Industrial sediada em Cesirio Lange, no interior paulista. A empresa recolhe fios de cobre descartados plas compankiastlefd- nicas os tritura para formar um pé. A MCM surgiu na década de 80, quando seu fundador 0 economista Marcelo Scaléa I, de 66 anos, acreditava haver mercado para esse tip de prod entre extaleirosemeta- irgicas. “Esse pé de cobre é usado para re- (99) eame PRE Dezembro 20:2 ‘estir metas que procisam ser resistentes cortasio, como cascos de navios e tubal bes de dgua’ firma cle ‘Como tempo, Scala comegou a ser pro- ccurado por outros tipos de cliente — eram fabricantes de ragdes interessadasem usar 0 6 de cobre como ingrediente de seus pro- duos "Como todos os mamiferos, 0 gado precisa ter uma deta rca em sais mineras, eo cobre & um dele, firma Scaléa, Para atender anova client, a MCM diversi coualinha de produtosepassoua produzit pos de outras substincias usadas na com- posicio das ragbes, como zinco,cobalto € ‘manganés. Hoje, grandes indiistrias den ttigdo animal — como Purina e Tortuga — respondem por 70% do faturamento da empresa. Em 2011, as recetas da MCM chegaram a 73 milhoes de reais, duas wezes mais que em 2009. "Com o aumento dade- manda, tivemos de comecar a importar mi nériode fornecedores chinese, diz Scala, Em 2011, as exportagdes brasileiras de came somaram 4.4 bilhoes de dolares — fem menos de 12anos.asreceitas do setorno ‘mercado externo foram mulkplicadas por 8. Para manter o crescimento nas vendas para ‘exterior, as empresas do setorenfrentam 0 desafo de superar ascrescentesbarrerasco- ‘merciais em mercados importantes, como (0s Estados Unidos e os pases da Unio Eu- ropeia. Os consumidores desses locals tim pressionado seus governos para aumentaras, restrigdes sanitérias & came comprada no ‘mercado internacional. Em alguns merc: dos, por exemplo, ha proibigbes a venda de came com residuos de medicaments api cados aos animais durante seu desenvolv mento, “Empresas capazes de desenvolver vacinas ¢ remédlos que nio deixam tragos na came industralizada trio mas chances cde competir na cadeia da pecusiia diz Ro- ‘semeire Cristina dos Santos, superintenden- te téenica da Confederagio Nacional da Agricultura (CNA). PARA O MUNDO TODO O veterinirio Marcelo Huber, de 46 anos, esti aproveitando essa oportunidade. No comego da década passada, ele comegou a desenvolver,em parceria com 0s laboraté rios da Universidade Federal do Parané uma série de vitaminas outros nutrentes que poderiam ser usados para melhorar a dligestio dos animais Seu objetivo era criar produtos para fortalecer o organismo de aves suinos — mais fortes, os animais fica mee ar para os rebanhos Peed f PORTEIRA DE OPORTUNIDADES Trés dreas em que hd chances PAE UT TUE PRODAP eet riam mais resistentes a doengas, diminuin do a necessidade de aplicar antibisticos € ‘outros ipos de medicamento. Huber teve a ideia de investir nese neg «io depois de passar 20 anos trbalhando co mo representante das agroindlstrias — seu trabalho era revender insumose da asssten cia técnicaaos produtor tas preocupados em se s,"Nomeudiaacdia, ce via muitos pec adaptar as exigéncias do mercado interna ional afirma ele. "Nao hava, no entanto, ‘muitas alternatives aos medicamentos que fossem acessives 0s produtores rurais Eixame PME Dezervo 2012 As pesquisas de Huber deram origem SSanex No comeso, cle encomendava.apro- sio veterinario do inte tes foram, dugioa uml rior paulista Seus primeiros frandes frigorficos especializados em car ne de frango e suinos, como Seara e Big Frango, Em 2006, Huber construiu uma brica em Curitiba. Hoje 0 catalogo da er sa inclu vitaminas e alimentos func: nais,cuja fungio €auxiliar no tratamento de ddoengas animais causadas por virus ¢ fun gos. Em 2011, a Sanex faturou 17 milhoes de reais, quaseotrplo de 2009 RASTRO DA EXPANSAO laboratério veterinario Biovet, de Var gem Grande Paulista, no interior de Sio Paulo, é um bom e cresceu na esteira das profundas transfor: mages da pecuiria brasileira nas ultimas

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