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RESUMO
O presente trabalho aborda o grave problema epidemiológico da infecção pelo vírus da Hepatite B
(HBV) a nível do Mundo e de Portugal, reforçando a ideia expressa pela OMS de que se trata de um
problema de Saúde Mundial. Portugal é considerado uma RegiiTo Perigosa, no que diz respeito à
infecção por HBV, com cerca de 30% de seropositivos e 1-5% de portadores crónicos (100 a 150000
indivíduos). A deficiente higiene, educação e informação sanitária agravam o panorama nacional,
tornando-se urgente medidas oficiais que, a prazo, nos coloquem a nível dos países com Infecção Con
trolada (<0.1% de portadores crónicos). Propomos que seja legalmente exigido um rigoroso cumpri
mento das normas sanitárias bem como uma campanha visando a informação e educação da
população, aliados à implementação da vacinação contra o vírus HBV a nível oficial. Propõem-se
algumas das principais bases para um documento legal que se institucionalize um programa nacional de
luta contra a Hepatite B. O Custo benefício é favorável nas actuais condições epidemiológicas (> 1%)
mas é indispensável uma planificação adequada dos pontos de vista científico e técnico, sem o que o
investimento não se adequará ao benefício em termos de Saúde Pública. Referem-se como preferenciais
as vacinas obtidas por engenharia genética.
SUMMARY
Eradication of hepatitis B in Portugal. A chailenge within reach of the National Health Service
The aim of this work is to evaluate a major epidemiological problem human hepatitis B virus
(HBV) infection in the world and in Portugal reinforcing WHO’s view that it is a worldwide health
problem. Portugal is considered a risk area for HBV infection, with 30% of the population having had
contact with the virus and 1 to 5% of chronic carriers (100 to 150000 persons). Deficient information,
education and sanitary conditions aggravate the national situation, urging for official measures that
may, in future, lead to a status of controlled infection (less than 0.1% chronic carriers). We propose an
educative and informative campaign, the fullfilment of sanitary measures legaly controlled as well as the
central support for vaccination against HBV. Some of the fundamental points for a legal document that
institute a national program for HBV infection control are proposed. At present, cost-benefit relation
seems to be favourable but an adequate plan considering scientific and technical criteria is needed
and essential to guarentee that benefits will outweight investment in terms of Public Health. Recombi
nant vaccins, obtaineda by genetic engeneering, are refered as the preferential type of vaccin to choose.
• 122 Milhões de crianças nascem anualmente em risco Em resumo, pode dizer-se que a elevada prevalência do
(mães portadoras). HBV na população portuguesa, aliada à sua morbilidade e
• Existem zonas de endemia no Mundo, onde cerca de mortalidade, representa um grave problema de Saúde
95% da população já foi infectada pelo HBV. Pública.
• Calcula-se que em 1985, cerca de 1,3 Milhões de crian Se atendermos às precárias noções de higiene do povo
ças nascidas de mães portadoras crónicas morreram por português, aliadas a uma educação e informação sanitária,
doença hepática. escolar e pública, deficientes a que se acrescenta o não cum
• O HBV é cancerígeno e responsável por 80% dos casos primento das medidas de prevenção pelos próprios trabalha
de carcinoma hepato-celular. dores da Saúde, o panorama da endemia da Hepatite B em
Portugal é deveras sombrio.
O mapa Mundial relativamente à endemia HJ3V é o
seguinte:
72
ERRADICAÇÃO DA HEPATITE B EM PORTUGAL
11 Trabalhadores de serviços de ambulâncias ou de ins Nos últimos anos, após o aparecimento de vacinas obtidas
tituições que pratiquem primeiros socorros. por engenharia genética, muitas instituições hospitalares ini
12—Alunos de Medicina e de Enfermagem no ano em ciaram programas de vacinação a alguns dos seus
que iniciem contacto com doentes. funcionários-só que, de modo isolado, sem regras homogé
Ë aconselhável ainda que seja incluído no documento neas, e em muitos casos sem dados precisos que permitam
legal: avaliar a efectividade e os benefícios desta medida. Que
vacina? Que doses? Que via? Que calendário? Que controlos
— A obrigatoriedade de pesquisa do HBs Ag em todas as antes e depois? Que resultados?
grávidas, no terceiro trimestre da gravidez, de molde a selec Referem-se como hospitais que já iniciaram vacinação
cionar para vacinar os filhos de mãe portadora do HBs Ag. contra a Hepatite B, os de Agueda, Angra do Heroísmo,
2—O controle pós-vacinação do anticorpo anti HBs Ag, e Cascais, Chaves, Civis de Lisboa, Covões, Lage do Pico, Ins
nos negativos pesquisa do HBs Ag, não sendo necessária a tituto Português de Oncologia (Lisboa, Porto e Coimbra),
pesquisa de outros marcadores. Joaquim Urbano, Matosinhos, Ponta Delgada, Portalegre,
3—Caso não haja seroconversão protectora nos indiví Prelada, Pulido Valente, Torres Novas, 5. Bernardo, S.
duos vacinados um mês após a terceira dose, deverá ser feito Francisco Xavier, 5. João de Deus, S. Marcos, Sta. Maria,
um novo ciclo de vacinação. Sto. António, Universidade de Coimbra e Vila Nova de
4—Nos indivíduos em hemodiálise ou imunodeprimidos a Gaia.
dose da vacinação deverá ser dupla. Torna-se imperioso estabelecer normas nacionais, sem pre
5—Nos recém nascidos deverá ser realizada uma adminis juízo do louvável sentido de responsabilidade que levaram
tração de vacina aos meses 0, 1 e 6, devendo a primeira dose certas administrações hospitalares a iniciar a vacinação dos
ser realizada até ao 7° dia de vida. seus funcionáris contra a Hepatite B.
6—Aos recém nascidos de mãe HBs Ag positiva deverá Só que, somos um País e temos (?) um Serviço Nacional
administrar-se, nas primeiras 24 horas, uma dose de imuno de Saúde.
globulina específica anti HBV. Ë imperioso actuar cientificamente e de modo progra
7—Nas crianças de 1 aos 10 anos pode o esquema de mado, evitando a improvisação e exercendo de modo demo
vacinaçãp constar só de duas inoculações-ao 3.° e 5.° mês, crático e humano uma acção de protecção a todos os
quando da realização de outras vacinas do esquema oficial. portugueses em risco.
8— Nas crianças, ao 5.° ano de vida, deverá ser repetida
uma dose de vacina.
9— Existindo comercializadas vacinas para Hepatite B -
derivadas do plasma humano e outras obtidas por engenha CONCLUSõES
ria genética - sugerem-se estas últimas por razões de
inocuidade, pureza, estandartização e economia. A infecção pelo vírus da Hepatite B é endémica no Mundo
10—Em caso de exposição acidental de risco evidente, e em Portugal, a sua prevalência elevada coloca-nos no
deverá sistematicamente ser administrada imunoglobulina grupo dos países europeus de maior risco.
específica anti HBV em dose adequada à idade e peso, inde A morbilidade e mortalidade da infecção por HBV é ele
pendentemente do esquema de vacinação. vada e traduz-se por custos humanos e económicos
A vacina deverá ser aplicada gratuitamente nos indivíduos inaceitáveis.
em risco, a ser suportada a 100% pelo Serviço Nacional de Ê possível evitar a infecção por HBV através de medidas
Saúde. Para os vários indivíduos não abrangidos na catego de prevenção geral e particularmente pela vacinação, que é
ria anterior o Estado deveria comparticipar em 60%. eficaz.
Para o pessoal de Saúde trabalhando em empresas priva Ë urgente implementar na lei portuguesa a obrigatorie
das, a vacinação deverá estar a cargo das respectivas dade de vacinação gratuita dos indivíduos pertencentes a
empresas. grupos de risco.
A análise custo-benefício valida a vacinação anti HBV na
nossa população, onde a prevalência de HBs Ag é superior a
CUSTO — BENEFICIO DA VACINAÇÃO ANTI HBV 1%.
Sugerem-se preferencialmente as vacinas obtidas por enge
A infecção pelo HBV acompanha-se de elevada morbili nharia genética, em virtude das suas vantagens.
dade e mortalidade.
Para além dos beneficios na Saúde individual e pública, a
vacinação contra a Hepatite B é justificável por razões eco
nómicas. Existem vários modelos analisados entre os quais BIBLIOGRAFIA
se refere como exemplo o efectuado para a população belga,
que aponta para um evidente benefício económico da vacina 1. Highlights of the International Conference on Prospects for Era
dication of Hepatitis B Virus, 1989. ADIS Press lntern. L.d~,
ção geral quando a prevalência de HBs Ag numa população Manchester, England.
é superior a 1% °. 2. MACHADO CAETANO. J.A., MATTHIOLI MATEUS,
Em Portugal já referimos que a percentagem de portado FILIPE VAZ e BARBARA CANT.: Pesquisa do antigénio Aus
res é de 1,5%. trália em 2040 dadores de ;angue. O Médico, 1972; XXIII, 858.
Num trabalho português em que se analisa a vantagem 3. PETRONY PRATES, O. e LOPES GOMES, M.L.: O antigénio
económica desta vacina nos hemodialisados 18, apontam-se Austrália e a dádiva de sangue. Estudo de alguns aspectos. Boi.
poupanças da ordem dos 1800 contos por 100 doentes ano Clínico H.C.L., 1974; 35, 1.
ou seja 54000 contos ano, a nível nacional. 4. PETRONY PRATES e LOPES GOMES, M.L.: O antigénio de
superfície da Hepatite B e a dádiva de sangue. Continuação do
estudo de alguns aspectos. BoI. Clínico dos H.C.L., 1976; 36, 31.
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A NECESSIDADE DE PLANIFICAÇÃO M.A.: Prevalência do antigénio de superfície da Hepatite B na
população portuguesa. O Médico, 1981; 98. 1.
Desde que surgiu comercializada em Portugal a primeira 6. LECOUR, 1-1., RIBEIRO, A.T., AMARAL, 1. e RODRIGUES,
vacina para Hepatite B, muitos indivíduos vacinaram-se M.A.: Prevalência do anticorpo de superfície da Hepatite B na
incluindo alguns profissionais da área da Saúde. população portuguesa. O Médico, 1981; 99, 645.
73
J. A. MACHADO CAETANO
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13. MOTA, A.O., FERRAO, J., VELEZ, J. e GARÇÃO, F.: Mar Faculdade Ciências Médicas
cadores da Hepatite B em funcionários hospitalares. J. Médico, Campo de Santana, 130
1989; CXXVI, 22. 1100 Lisboa
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de anula çdo temporária da protecção do habitáculo através — - i’
do telecomando; Circuito de ultra sons
com cristal de quartzo; 2 telecomandos m,nixturlzados t~
(tecnologia SME); possibilidade de utilIzação mesmo
sem telecomando;
aviso de utilização ,nde vida do telecomando; etc.
E ainda cert,tiuado de seguro automático e
gratuito (Garantia Seguros).
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Comércio de Equipamentos de Electrónica, Lda.
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