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IMPERIAL
Thiago Bernardi (thiagob2004@gmail.com)
Erik Makiak (erikmakiak@gmail.com )
Matheus Malheiros Pinto (matheusymail@gmail.com)
Geografia - Joyce Meri Sera Marques
Resumo
A presente pesquisa busca elucidar perguntas sobre as principais relações entre o Império do
Brasil e o Império Britânico; mais especificamente três: a Questão Christie, a Guerra do
Paraguai e o Tráfico de Escravos. Tal entendimento é muito importante, pois esses casos
constituem a base das políticas externas de nosso país. A conclusão que se chega com esse
estudo; que foi feito com pesquisa bibliográfica e análise de autores; é que os ingleses
tiveram considerável participação na vida nacional brasileira do século XIX, direta ou
indiretamente, assim como houve em muitos outros países.
Introdução
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Após a criação da lei Eusébio de Queirós, as relações diplomáticas entre o Brasil e a
Inglaterra permaneceram agitadas; de um lado o Brasil reclamando direitos desrespeitados
pela Bill Aberdeen e pedindo indenizações, a fim de restabelecer sua soberania; e do outro
lado a Inglaterra, com a intenção de continuar atuando em águas brasileiras para garantir a
efetiva abolição do tráfico de escravos; gerando assim inúmeras negociações durante anos.
Enfim a década de 1850 termina, com diversas negociações fracassadas dos dois lados
e uma tensão diplomática ainda viva entre os países, que agiram por interesses próprios: o
Brasil principalmente para manter a soberania e seu sistema, e os britânicos para tentar fazer
valer suas vontades. “O impasse, ao fim e ao cabo, residia na recusa do governo brasileiro em
oferecer aos ingleses qualquer contrapartida que fosse além do fim do comércio de africanos”
(YOUSSEF, 2018). Para o historiador entrevistado pela equipe, Paulo Rezzutti, após o
efetivo fim do tráfico negreiro, as ações inglesas perdem seu sentido e deixam de ocorrer:
“Qualquer outra teorização a respeito de influência inglesa em relação a escravidão no Brasil
depois de 1850 é meramente especulativa” (REZZUTTI, em entrevista, 2020).
2 Questão Christie
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Os casos de estopim foram dois: O naufrágio do navio inglês Prince of Wales, em
1861; e a prisão de três marinheiros ingleses no Rio de Janeiro, em 1862. O naufrágio do
Prince of Wales foi um incidente ocorrido em junho de 1861, no extremo sul do Brasil,
próximo a fronteira do Uruguai. Lá, o navio foi encontrado com fortes vestígios de roubo
pela polícia local, e o caso gerou diversas escaramuças entre os dois países. Houve diversas
acusações, interrogatórios, investigações, fugas, querelas político-diplomáticas e muitas
cartas pouco amistosas (VEREKER, 1861-62; RELATÓRIO, 1863). Christie e Vereker
(cônsul inglês) não confiavam na Justiça brasileira, faziam acusações sem provas e
amedrontavam os brasileiros com barcos de guerra; enquanto oficiais da região cometiam
deslizes judiciais que dificultavam mais a situação.
As exigências não foram atendidas, e uma intensa troca de cartas entre Christie e o
ministro Abrantes começou. O Brasil concordou em ceder apenas parcialmente, o que levou
ao bloqueio do porto do Rio do Janeiro, no último dia do ano de 1862 (CHRISTIE A
ABRANTES, 1862). O porto ficaria fechado por uma semana, até chegar-se a um acordo, que
foi o seguinte: o Brasil pagaria, sob protesto, as exigências do caso do naufrágio; e o caso dos
marinheiros seria enviado para arbítrio internacional (MEMORANDUM, 1863). Porém,
agora o Brasil tomaria a ofensiva. Durante dois meses, o embaixador brasileiro em Londres
trocaria diversas cartas com Russel, reivindicando seu direito de protesto e uma retratação
oficial britânica, mas sem sucesso. As relações foram cortadas em março, e a última ligação
entre os países caiu em junho (MOREIRA, 1863).
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O relacionamento amistoso entre os dois Impérios só seria reatado em 1865, com
cenário favorável ao Brasil. O arbítrio do Rei Leopoldo I julgou favoravelmente ao nosso
país, e o Império Britânico se retratou formalmente por suas atitudes equivocadas.
Já para o intelectual britânico do século XIX, Lord Acton, o “terceiro ponto” seria o
nacionalismo brasileiro, que para Acton era apenas uma “desculpa nacionalista para defesa da
escravidão” (MIRANDA, 2014). Acton viu o movimento nacionalista como um grande mal
da década de 1860, por conta de várias guerras e processos de expansão ocorridos; sendo
também favorável as políticas liberais inglesas da época, taxando o nacionalismo como anti-
civilizatório.
3 Guerra do Paraguai
5 Referências Bibliográficas
AMAYO, Enrique. A Guerra do Paraguai em perspectiva histórica. Estud. av., São Paulo , v. 9, n. 24,
p. 255-268, Agosto, 1995.
Câmara dos Comuns. British Sessional Papers, LXXIII (1863), Readex Microprint, ed. Edgar L.
Erickson. Grã-Bretanha. Parlamento. Hansard's Parliamentary Debates, 3rd series, CLXIX (fevereiro-
março de 1863). Londres, 1863.
CHRISTIE, William Dougal, "Introduction", The Brazil Correspondence in the Cases of The "Prince
of Wales" and Officers of the "Forte" with an Introduction Telling Some Truth about Brazil. Londres,
1863.
COSTA, Rafael. Os contenciosos entre o Império do Brasil e o Império Britânico no segundo reinado,
Núcleo do Conhecimento, 2019.
Inventário do Arquivo Histórico do Itamaraty no Rio de Janeiro, documentação entre 1882 a 1889.
Lord Aberdeen's Act of 1845, por Leslie Bethell em Cambridge University, 1970.
MIRANDA, José Augusto Ribas. O nacionalismo e a experiência britânica no século XIX: Lord
Acton, Foreign Office e a Questão Christie. PUC-RS, 2014.
Repartição dos Negócios Estrangeiros. Relatório, 1863. Rio de Janeiro, 1863, anexo I.
Sinopsis das indagações, 1-8 de julho de 1862. Relatório, 1863, Anexo I, p. 43; e Epítome da
indagação, 26 de abril-3 de maio de 1862.