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Arte Indígena no Brasil

Povos indígenas, ameríndios ou


simplesmente índio, é o nome dado aos
habitantes da América e a seus
descendentes, antes da chegada dos
europeus, no século 16. Os habitantes
do Continente Americano descendem de
populações advindas da Ásia, sendo que
os vestígios mais antigos de sua
presença na América, obtidos por meio
de estudos arqueológicos, datam de 11
a 12,5 mil anos. Todavia ainda não se
chegou a um consenso acerca do
período em que teria havido a primeira
leva migratória.
Mas você sabia que a população
indígena antes da chegada dos
europeus no Brasil, no século 16, era
enorme e, hoje, ela não é, nem de perto,
o que foi?

Fotografia do alemão Paul Ehrenreich, 1917.

Há 500 anos, é provável que existissem de 1 a 10 milhões de habitantes


nativos e cerca 1.300 línguas indígenas diferentes. Com a colonização, com a
utilização de armas de fogo e com as doenças trazidas pelos europeus, muitos
povos foram extintos, trazendo, assim, o risco do desparecimento, por completo,
dessas sociedades tradicionais. De acordo com o último Censo Demográfico,
realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os
resultados apontam 274 línguas indígenas faladas por indivíduos pertencentes a
305 etnias diferentes. Houve crescimento da população, em relação ao Censo
2000, quando 294 mil pessoas declararam-se indígenas.
No dia 19 de abril, comemora-se, no Brasil, o “Dia do Índio”. Isso porque os
índios fazem parte da formação do povo brasileiro e sua cultura, seus costumes e
tradições são muito importantes para se entender o nosso país e nossa
ancestralidade.
A Arte indígena é muito rica e variada. Cada povo indígena possui tradições
culturais próprias, isto é, tem uma história particular, além de possuir práticas e
conhecimentos únicos que se refletem na sua arte. Apesar das semelhanças
observadas entre vários povos indígenas, quando comparados entre si, é possível
se reconhecer suas diferenças. Abaixo serão apresentados os aspectos gerais da
arte indígena brasileira.
Pintura Corporal

Grupo indígena da tribo Kaiapós

A pintura corporal é um dos elementos que mais caracterizam a cultura


indígena. Ela também é comum em outras culturas, como a dos hindus, a dos
africanos e a da sociedade ocidental por meio da maquiagem e da tatuagem. Para
que se entenda a arte indígena, é preciso que se compreenda qual o sentido da sua
arte - uma arte utilitária que não só deveria ser bela, mas também cumprir uma
função prática. A beleza é algo que varia, de acordo com vários fatores, como a
cultura e o tempo histórico. Aquilo que é belo para uma pessoa, pode não ser belo
para um índio e vice-versa. Não se pode avaliar outras culturas, se a gente pensa
que a nossa é sempre melhor ou a única que é “correta”.
A pintura corporal indígena é utilizada com fins cerimoniais. Cada tipo de
pintura está ligado a um evento, como casamento, luta, caça e morte. Todo ritual
indígena é retratado nos corpos dos índios, sendo uma expressão bem marcante
dessas culturas.

A tinta é obtida através de


pigmentos vegetais, na maioria das
vezes, como o urucum, o jenipapo ou o
babaçu. Os desenhos são abstratos,
conhecidos genericamente como
“Grafismo Indígena”. É interessante
observar que a tinta não sai sem que se
passe, no mínimo, uma semana.

Grupo Indígena Munduruku, 2013


Arte Plumária

A Arte Plumária é uma


expressão muito conhecida dos
índios brasileiros.
Ela se refere aos objetos
produzidos com penas e plumas
de aves, muitas vezes associadas
a outros materiais. Na maioria das
vezes, são usados como um
ornamento corpóreo, seja de uso
cotidiano ou em funções solenes e
rituais importantes. A fixação de
penas também pode ocorrer
diretamente sobre o corpo. Objetos
confeccionados com plumas e
penas também são comuns na
cultura indígena.

Cacique da Tribo dos Xikrin, 2008.

São registrados, no Brasil, pelo


menos trinta grupos étnicos indígenas que
possuem marcantes tradições culturais,
expressas através da arte plumária, uma
prática que remonta à Antiguidade.
Existem registros de Arte Rupestre que
indicam a utilização de penas e plumas
por índios.
A Arte Plumária está relacionada a
ritos de passagem, relações hierárquicas
de prestígio e poder, imagens de
identidade da pessoa, da família, do clã e
da nação; essa arte até mesmo pode
indicar o estado de espírito de quem a
usa.
O Cocar é um dos tipos de Arte
Plumária mais conhecidos. Sua função
varia de tribo para tribo, podendo servir
desde adorno até símbolo de status na
tribo. No Brasil, geralmente são os
caciques que o utilizam. Mais do que um
simples objeto, a Arte Plumária é forma de
comunicação, que transmite diversas
mensagens, de diversas formas.
Cerâmica Indígena

A Cerâmica indígena possui um alto


requinte de decoração e uma qualidade
técnica muito grande. Baseada também na
funcionalidade, essa expressão artística
possui características estéticas muito
marcantes. É preciso observar que, nas
sociedades tradicionais, não existe
separação entre arte e artesanato, e entre
artista e pessoa comum. Todos são
responsáveis por produzir objetos
chamados de arte.
Cerâmica Tupi-guarani da era Pré-cabralina

A cerâmica, nas tribos indígenas,


geralmente é responsabilidade das
mulheres, que utilizam o barro, matéria
abundante na natureza. Essas peças de
cerâmica produzidas se dividem em
objetos utilitários, do tipo de cuias, pratos
e panelas, ou em objetos de rituais, como
os cachimbos, utilizados em cerimônias
religiosas, e urnas funerárias.
A cerâmica Marajoara, das tribos
indígenas que habitavam a ilha brasileira
de Marajó (Estado do Pará), durante o
período pré-colonial, de 400 a 1400 d.C.,
é considerada uma das mais bonitas e
sofisticadas das Américas.

Urna Funerária Marajoara, cerca de 1000 a1250 d.C.

Alguns povos indígenas ainda possuem a tradição da cerâmica e


produzem objetos diversos que, muitas vezes, servem ao turismo. Os Carajás,
que vivem atualmente às margens do rio Araguaia, produzem as “bonecas
Carajás”, figuras que representam o cotidiano da aldeia. O processo de
confecção dessas bonecas é reconhecido como patrimônio imaterial pelo IPHAN
e o trabalho ajuda a preservar a cultura e a identidade Carajá no Brasil.
A maioria dos povos indígenas produz cerâmica e, ainda hoje, existem
cerca de 200 tribos indígenas no Brasil que utilizam as técnicas de cerâmicas
ensinadas pelos seus antepassados para produzir seus utensílios.
Cestaria e Trançados

O trançado está presente em


praticamente todas as tribos indígenas
e é utilizado principalmente para criar
cestos, transportar objetos ou para
armazenagens de alimentos. Com a
comercialização e o turismo, os
indígenas passaram a fabricar
pulseiras, colares e armadilhas de
pescas, por exemplo. Vestimentas,
objetos de adorno, abanos, redes e
máscaras também fazem parte do
trabalho indígena com o trançado.
Índia Yanomami em sua rede tecendo uma cesta, 1999.

Em uma tribo indígena, cada


objeto é feito como único. No
entanto, como a noção de
coletividade dos povos indígenas é
muito maior e mais significativa do
que a que conhecemos em nossa
sociedade, os objetos vêm
impregnados da essência daquela
cultura. Uma obra de arte indígena,
que normalmente tem seu uso
utilitário, nem sempre é feita
inteiramente por uma pessoa, mas
em nome da tribo e geralmente por
um grupo. Cestaria dos povos Wayana-Aparai

Os índios utilizam uma grande variedade de fibras vegetais para realizarem


os trabalhos, como o bambu, a taquara e a flecha de ubá. Após o corte e o destalar
dessas fibras, são feitas tiras de diferentes espessuras e delas é feito um trançado
de acordo com o formato que se queira dar a uma peça.
Os padrões gráficos do trançado brasileiro foram criados pelos índios,
explorando as formas geométricas das diferentes talas de fibras vegetais,
misturando outros materiais e corantes.
Em algumas sociedades indígenas, a confecção dos cestos é tarefa
exclusivamente masculina e sua utilização, essencialmente, feminina. Em outras,
sua execução e utilização são tarefas de ambos os sexos, como entre os índios
Guarani, que vivem em Bracuí, município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Você sabia?

Você sabia que existe um evento de competição esportiva chamado “Jogos


dos Povos Indígenas”? O torneio foi criado em 1996, através de uma iniciativa
indígena brasileira do Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena (ITC), com
o apoio do Ministério do Esporte do Brasil. O primeiro foi realizado em Goiânia,
capital do Estado de Goiás. Hoje a competição está indo para a sua 13ª edição.
Algumas das modalidades da competição são arco e flecha, corrida de toras,
cabo de guerra, canoagem e Xikunahity, mais conhecido como “Futebol de
cabeça”.
Você sabia também que a peteca é um jogo inventado pelos índios?
Proponha aos seus colegas criar uma peteca com material natural e realize um
torneio.

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