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Práticas

ancestrais com as
ervas e plantas
medicinais

(Introdução aos rituais, raspagem da


língua, bochecho de ervas, banhos
de ervas, banhos de assento e
escalda pés)
Pequisas
O objetivo desse material é compartilhar práticas e rituais que tenho
estudado, pesquisado e praticado há muitos anos. Além de resgatar
os saberes dos nossos ancestrais, que a ciência vem comprovando
nos dias atuais. Muitos desses antigos saberes foram se perdendo de
acordo com o crescimento da medicina moderna. A síntese química,
que teve início no fim do século XIX, iniciou uma fase de crescimento
dos fármacos sintéticos. A medicina tradicional foi vista como atraso
tecnológico e foi sendo substituída pelo uso dos medicamentos
industrializados. Com os progressos tecnológicos da medicina alopata
e da indústria farmacêutica nos últimos anos, as plantas medicinais e
as práticas ancestrais foram colocadas em segundo plano, sendo
vistos como algo aliado à crença popular e sem bases científicas.
Entretanto, devido aos efeitos colaterais e ao alto custo dos
medicamentos, todas essas práticas vêm novamente sendo colocada
em destaque e os estudos científicos com plantas medicinais e
práticas ancestrais sendo retomados.
Plantas medicinais
Todas as plantas medicinais de uso corriqueiro hoje já
eram empregadas na Antiguidade. O alho (Allium
sativum), o Panax ginseng, a erva doce (Pimpinella
anisum) e muitas outras faziam parte das prescrições
encontradas pelos arqueólogos na China, no Egito e no
Oriente Médio. Ao avaliar suas receitas, os antigos
conheciam profundamente as substâncias que
utilizavam: as propriedades terapêuticas, as doses a
prescrever, considerando eficácia e segurança, e as
associações possíveis para aumentar o efeito e/ou
diminuir a toxicidade.
Medicina xamânica

Todos esses antigos tratados registram, na realidade,


conhecimentos aplicados e transmitidos muito tempo antes
de serem escritos. Todos os cientistas concordam em dizer
que os livros deixados por tradições ancestrais seriam
cópias de textos muito mais antigos. Para o Egito, por
exemplo, tem-se quase certeza de que os mais remotos
livros foram redigidos por volta de 4000 a.C (antes de
Cristo).
Tudo que sabemos da medicina xamânica praticada no
Oriente (China e Tibete) fala-nos de um passado de mais
de 5000 anos. Meu objetivo aqui não é descrever todo o
contexto histórico das práticas e usos das plantas
medicinais, mas registrar, antes de percorrermos os
caminhos do passado,
Algumas observações:

A medicina do Oriente médio não se perdeu por completo, mas foi a que mais se
transformou, certamente devido a sua entrada na Europa. Espalhando-se ao redor do
Mediterrâneo, chegou à Grécia, depois a Roma, e, por fim, mesclou-se a outras práticas,
inclusive às trazidas pelos árabes. Tornou-se, portanto, uma das raízes da medicina
europeia, base da medicina ocidental de hoje.

A medicina chinesa perdeu sua faceta religiosa, mas conservou todos os seus conceitos de
fisiologia energética, suas práticas terapêuticas (acupuntura, ervas, dietética, exercícios
etc) e, obviamente, toda sua farmacopeia. Está amplamente disseminada em todo o
mundo.

A medicina tibetana é a única medicina antiga que permanece fiel à origem religiosa das
doenças. Ela tem a base nos ensinamentos de Buda, no xamanismo local Bon (uma antiga
religião do Tibete que alega preceder o próprio Budismo) e na medicina ayurvédica.
Relação do homem com as plantas
medicinais e práticas ancestrais

Para compreendermos melhor a criação e a relação do homem


com as plantas medicinais e práticas ancestrais devemos passar
pela mitologia.
Os mitos de criação do mundo inteiro falam-nos da origem divina
do homem e de toda a natureza. Seres humanos, animais,
vegetais e minerais possuem caráter sagrado e as doenças
seriam criadas pelo desequilíbrio dessa relação. Por essa razão,
os sacerdotes foram os primeiros médicos, os templos os
primeiros hospitais e as primeiras escolas de medicina.
Acredita-se que, no Egito, já havia escolas de médicos herbalistas
(estudo das ervas e plantas medicinais) em 3000 a.C. Na
Mesopotâmia, os templos serviam também para o cultivo das
ervas. Os famosos “Jardins da Babilônia” são os primeiros hortos
medicinais dos quais se tem registro. Os doentes recolhidos nos
templos eram submetidos a diversas práticas terapêuticas
Banho
O tratamento começava, sistematicamente, pelo banho ou lavagem do enfermo
com água, pois esta tinha o poder de purificar tanto o corpo quanto a alma. Podia
ser aquecida (o calor-fogo reforçando o seu poder de purificação), utilizada em
banhos de imersão ou de vapor. No Tibete, fazia-se uso das águas termais, que
ali existem em abundância. Com frequência, adicionavam-se ervas que
aumentavam o poder terapêutico da água, como a Lavanda (Lavandula
officinalis), que possui propriedades antissépticas (entre outras), e deve seu
nome ao latim lavare, que significa lavar. No Egito, banhos de assento com
ervas maceradas em água eram recomendados para problemas ginecológicos
(segundo as prescrições do Papiro Ginecológico de Kahun).

Dava-se atenção especial à pele, que era cuidadosamente massageada com


ungentos e óleos. Os tibetanos usam a Ghee, manteiga clarificada, acrescida ou
não de ervas, como por exemplo a assa-fétida, considerada muito eficaz para os
distúrbios nervosos. Acreditava-se que a pele estava intimamente ligada à mente
(sistema nervoso central).
Ensinamentos do passado
Hoje em dia já se sabe, por meio de publicações científicas e aprovações de novos
medicamentos, que as plantas medicinais vão muito além da magia ou do conhecimento
popular. Atualmente, as plantas medicinais e os fitoterápicos não são mais considerados
apenas terapia alternativa, mas uma forma sistêmica e racional de compreender e abordar os
fenômenos envolvidos nas questões da saúde e da qualidade de vida.
Precisamos ter a mente aberta para aceitar o inusitado, o diferente, o que muitas vezes
olhamos com desprezo. Necessitamos também, como seres humanos, harmonizar dentro de
nós o lado científico e racional com o lado não racional, simbólico, transcendente e religioso no
sentido de “religar-se” com o mundo espiritual, o que traz a saúde com a tua integralidade e
totalidade.
Precisamos ainda aceitar e reconhecer que não somos os “donos da verdade”. Por que não
aproveitar os ensinamentos do passado, que vem dos nossos antepassados e adaptar ao que
faz sentido nos dias de hoje? Todos sabemos que qualquer civilização, que negue ou ignore o
seu passado, não tem um futuro consistente a ser construído. No caso do Brasil, este fato é
particularmente dramático, porque temos tendência a valorizar o que vem de fora. O que
também não significa ignorar as práticas e tradições milenares ao redor do mundo.
Nosso proprio resgate
O resgate da história do uso das ervas e plantas medicinais é também o nosso próprio resgate. Quanto
maior o leque de possibilidades de estratégias terapêuticas e de prevenção (seja da fitoterapia ocidental,
medicina tradicional chinesa ou ayurvédica ou até mesmo da medicina convencional), maior será também
a possibilidade de entender o que melhor convém a cada pessoa, conforme suas características físicas,
emocionais, energéticas, e seu momento de vida. Nosso corpo já possui uma sabedoria e pode nos ajudar
a escolher a prática e a estratégia que estamos necessitando para nosso bem estar, mas para isto
precisamos do conhecimento, de um estudo das estratégias e práticas mais básicas e suas indicações.

Comecei a me aprofundar em todas essas práticas durante o meu processo de transformação e cura
pessoal. A intenção aqui não é te fazer seguir exatamente o mesmo caminho que o meu ou seguir uma
receita pronta, mas sim te capacitar a fazer algo diferente, experimentar algo novo, embarcar em um novo
caminho autodescoberta e, com isso, circular mais energia em sua vida. Boa parte desse caminho foi
trilhado por reconexão com as raízes da nossa história e práticas que colocam em um estado de presença
e atenção plena, sendo elas, os rituais e os diversos usos das plantas medicinais nesse contexto.
Ritual
Quando nos afastamos da sabedoria natural das plantas, nos afastamos da nossa própria natureza. Os
apreciadores do chá têm essa experiência. Há a escolha da erva, a espera do tempo da infusão, o aroma
do vapor que carrega os óleos essenciais da planta, o prazer confortante do sabor… Não existe exemplo
maior de um ritual de autocuidado e busca de harmonia do que a “hora do chá”. Os rituais,
independentemente de crenças, fazem parte da nossa humanidade, inegavelmente.
O nosso dia a dia está cheio de rituais, mas muitas vezes não nos damos conta ou não aproveitamos da
melhor maneira cada momento. Tudo o que você precisa fazer é dar um toque sagrado a algumas rotinas.
Você já tem um ritual quando acorda? Há o despertar consciente, o banho, um tipo de refeição, uma
bebida que conforta.
Um ritual é tudo aquilo nos coloca estado de presença, que nos ajuda a sair do fluxo intenso da mente e
permite um estado de consciência profundo, em conexão com nós mesmos, sem nos perdermos nos
afazeres e correria do dia a dia, que nos faz desconectar da nossa própria essência. Entretanto, mais do
que intensificar o sagrado, os rituais dão significado ao cotidiano, concretizam propósitos, dão
profundidade aos sentimentos, põe em relevo a nossa conexão com os outros.
Suas escolhas
Acima de tudo, eles abrem portas para o futuro, constroem, protegem relacionamentos. Olhe para a sua
vida e faça as suas escolhas, mas faça também os rituais para acompanhá-las. Os rituais podem ser
realizados em grupo, com a força e a importância do coletivo em nossas vidas. Mas também pode ser feito
isoladamente, em que você pode criar seus próprios rituais com você mesmo. Conecte-se com o que é
sagrado para você, faça pequenos gestos com grande força interior, com coração e presença plenas.
Não há nada de extraordinário a ser feito para tornar o seu ritual sagrado, minha sugestão é encontrar
dentro de você, por inspiração da sua história e contexto, a instrução de como celebrar cada momento.
Acredito de todo o coração que cultivar um ritual diário, que nos ajude a passar de nossas cabeças para
nossos corações e nos conectar com a sabedoria interior, tem efeitos positivos profundos em nossa saúde
mental, emocional, física, espiritual e mais ampla. Aprecio profundamente a capacidade das plantas
medicinais de nos ajudar a nos abrir para nos tornarmos mais autenticamente, de despertar as sementes
do amor e da alegria em nós, e o verdadeiro fundamento que ocorre quando nos conectamos com o
espírito das plantas.
Clube da Rita
Quais são essas práticas ancestrais que reuni e faço
uso?
Raspagem da língua

Com raspador de língua de aço inox


Indicações: auxílio do controle microbiano, função digestiva e hepática
(detoxificação) por reduzir a ingestão de toxinas acumuladas na língua.
Frequência: diariamente (pela manhã. É a primeira coisa que faço ao acordar), às
vezes à noite, antes de dormir.
Bochecho

Com óleo de coco ou óleo de gergelim + acréscimo de óleos essenciais ou


tintura com plantas com ação antibacteriana e antifúngica.

Indicações: auxilia na higiene bucal e, consequentemente, da microbiota oral e


do microbioma geral. A disbiose pode ter início de uma microbiota oral
desequilibrada.
Frequência: diariamente (pela manhã. É a primeira coisa que faço ao acordar),
às vezes à noite, antes de dormir.

Sugestão de Receita: 200 ml de óleo de coco (ou óleo de gergelim) + 2 gotas de


óleo essencial de tea tree (melaleuca) + 3 a 5 gotas de óleo essencial de Mentha
piperita (deixa o hálito bastante agradável) + 5 gotas de óleo de copaíba
(opcional). Outras combinações podem ser possíveis de acordo com os óleos
essenciais disponíveis em sua casa. Ou se for mais acessível para você,
acrescente 20 gotas de tintura (Mentha piperita ou Cravo ou Melaleuca, ou até
mesmo a associação entre eles).
Com bacia de ágata ou inox
Indicações: equilíbrio da microbiota vaginal, auxílio no tratamento de
corrimentos por infecções bacterianas, candidíase, infecção urinária,
regulação do ciclo menstrual, redução de cólicas, hemorroidas, pós parto
vaginal, acelera o processo de cicatrização, aumentando o fluxo sanguíneo.
Fissura anal ou pequeno rasgo na pele que reveste a abertura do ânus, o
banho de assento pode aliviar dores, queimação e inflamação.

Banhos de Frequência: a depender do objetivo. Eu faço em média 1 vez por semana


para prevenção e manutenção do equilíbrio do microbioma vaginal. A
depender de algumas variações, faço diariamente próximo ao período
menstrual (1 semana antes de menstruar), já que a mudança do pH vaginal

assento pode ser um ambiente para a proliferação de fungos e surgimento de


candidíase.

Preparo: A forma de preparo é semelhante ao do chá: infusão ou decocção


dependendo da parte da planta utilizada, sendo que a quantidade da erva é
maior por causa da quantidade de água. Para cada litro de água, colocar
duas colheres de sopa da erva. Coar, colocar na bacia e acrescentar água
fria para amornar. A quantidade de água vai depender do tamanho da bacia.
É necessário apenas que ao sentar-se na bacia a água cubra a região da
vulva. Ficar até a água esfriar ou o quanto sentir-se bem,pelo menos de 15-
10 minutos.
Com bacia de ágata ou inox ou de material apropriado que não
acumule sujeira e não libere toxinas para a água.
Indicações: equilíbrio microbiano dos pés e unhas, relaxamento,
melhora a qualidade do sono quando feito à noite (especialmente
quando acrescenta óleo essencial de lavanda), melhorar circulação.
Frequência: a depender do objetivo. Eu faço até 3 vezes por semana,
especialmente quando tenho dias de excesso de trabalho e faço um
ritual de relaxamento para reduzir o estresse.

Escalda Preparo: Ferver a água, colocar na bacia, colocar um pouco de cada


erva e acrescentar umas gotinhas de óleos essenciais (lavanda ou

pés
outra de sua preferencia para relaxamento ou de acordo com seu
objetivo).
O ideal é que a água cubra até as panturrilhas e que seja água bem
quente, mas sem se queimar. Não precisa botar os pés na água
fervendo, pode jogar um pouco de água fria, mas não também não é
para ser água morninha.

Não há uma quantidade de ervas exata indicada, nesse caso como


não será ingerido, não faz mal ser a gosto de quem vai usufruir no
tratamento. Pequenas quantidades são suficientes e óleos essenciais
são sempre poucas gotas. Pode-se usar sal grosso e pedrinhas lisas
ou bolinhas de gude no fundo para massagear os pés. Duração: entre
15-20 minutos.
Imersão (idealmente em banheira para que consiga
ficar entre 15-20 minutos) ou apenas jogar a água
(após coar as ervas que você deixou em infusão) do
pescoço para baixo.
Indicações: equilíbrio microbiano da pele, efeito anti-
inflamatório, reduz dores no corpo, relaxamento,
Banho de melhorar circulação.
Frequência: a depender do objetivo. Eu faço uma vez

ervas por semana, mas pode ser a cada 15 dias.

Preparo: A forma de preparo é semelhante ao do


chá: infusão ou decocção dependendo da parte da
planta utilizada, sendo que a quantidade da erva é
maior por causa da quantidade de água. Para cada
litro de água, colocar duas colheres de sopa da erva.
Pode acrescentar óleos essenciais (2 a 3 gotas,
dependendo do seu objetivo).
Para começar, aqui estão algumas das minhas
maneiras favoritas de começar o dia:
- Escovar a língua (com escovador de haste de metal
ou de cobre)
- Bochecho bucal por 5-10 minutos, com óleo de coco e
adição de óleos essenciais com ação antimicrobiana
O Ritual (para modulação da microbiota oral), que
consequentemente irá modular a microbiota intestinal.
- Escovar os dentes
matinal - Uso dos suplementos em jejum (especialmente os
hidrossolúveis ou que são mais bem aproveitados em
estômago vazio. Veja o material sobre suplementação e
horários de uso).
- Opções de estratégias que sempre faço rodízio entre
eles: Shot matinal ou Ritual do Chá ou Ritual do Cacau
Sagrado/Cerimonial.
Receita do Ritual do Cacau Sagrado/Cerimonial

Normalmente inclui ele no Ritual da Manhã ou no fim da tarde caso seja algum dia de final
de semana que eu queira aprovei- meu tônico de cacau favorito (serve 1 porção). Você
pode adaptar e usar outros ingredientes de acordo com seus objetivos e individualidade.
• 1 col de sopa de cacau orgânico em pó ou Cacau puro 100% em barra
• 1/2 colher de chá de canela
• Pitada de pimenta de Caiena
• 1/2 xícara de água quente (sem ferver)
• 1/2 xícara de leite vegetal (castanha ou amêndoa ou de coco ou apenas água mesmo)
(ou tente chá de tulsi de rosa ou de jasmine para um sabor divino de abrir o coração)
(dica: use a caneca em que você planeja servir a bebida para medir o líquido, pois é a
quantidade perfeita e a aquece pronta para você.)
Adoro adicionar outras ervas adaptógenas, apenas entre 1 a ½ colher de chá de cada.
Algumas ideias: Shatavari, Reishi, Cordyceps, Lions Mane, Ashwagandha, Maca. No
máximo 2.
Bata por 30 segundos até formar espuma e sirva.
Cacau Tônico Gelado - para dias quentes
Como começar: sentar e respirar
Agradecer pelo momento
Intenção
Espaço de fechamento

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