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P E R F I L I N S T I T U C I O N A L
Este artigo descreve a atuação institucional This paper describes the Centro Nacional
do Centro Nacional de Folclore desde sua de Folclore ’s performance since its
criação, na década de 1950. Suas linhas de creation in the 1950s. Its line of action
atuação são voltadas para a pesquisa, focuses on the research, documentation,
documentação, difusão e fomento das preservation and support of the popular
expressões das culturas populares e dos culture expressions as well as the people
indivíduos que as criam, recriam e mantêm vivas. who create and keep them alive.
Palavras-chave: folclore, cultura popular, Keywords: folklore, popular culture, anthropology,
antropologia, museu, biblioteca, pesquisa . museum, library, research .
L
ogo após a Segunda Guerra, na Nacional de Folclore, vinculada ao Insti-
década de 1940, a Unesco re- tuto Brasileiro de Educação, Ciência e
comendou aos países membros Cultura (Ibecc), do Ministério das Rela-
um esforço no sentido de criar organis- ções Exteriores.
mos voltados para o conhecimento das
culturas populares. Foi nesse contexto A partir dos trabalhos desta Comissão e
que, em 1947, estruturou-se a Comissão de comissões estaduais, bem como da
A cultura é entendida pelo CNFCP como Cabe chamar a atenção para a diversi-
um processo global que reúne as condi- dade de agentes envolvidos no âmbito
ções do meio ambiente àquelas do fazer da cultura popular e, conseqüentemen-
do homem. O agente social e seu produ- te, para a inscrição diferenciada do cha-
to – habitação, templo, artefato, dança, mado produto cultural e seus respecti-
canto, palavra, entre outros – estão ne- vos produtores na sociedade –
cessariamente inseridos num quadro so- cantadores, artesãos, foliões, grupos
cial e ecológico no qual a atividade hu- religiosos, entre outros, são categori-
mana ganha significação. O CNFCP com- as diferenciadas não só entre si como
preende o folclore como os modos de internamente. Entender e documentar
agir, pensar e sentir de um povo, ou seja, suas visões de mundo, formas de or-
S
eu nome é homenagem ao Em 1983, tendo em vista sua expansão,
folclorista que dirigiu a institui- pois já contava com um acervo de mais
ção, então Campanha de Defesa de 10 mil objetos, foi adquirido o imóvel
do Folclore Brasileiro, de 1961 a 1964. de número 181, situado à rua do Catete,
Foi criado em 1968, na gestão do pro- que, depois de amplas reformas, passou
fessor Renato Almeida, a partir de um a abrigar as galerias permanentes de ex-
convênio entre a Campanha e o Museu posição do Museu. Este sobrado, contíguo
Histórico Nacional. ao de número 179, foi construído em
1880, e integra o conjunto arqui-tetônico
Instalado inicialmente nas dependências
do entorno do Palácio do Catete, tomba-
do Museu da República, transferiu-se
do pelo Instituto do Patrimônio Histórico
para a rua do Catete, número 179. Em
e Artístico Nacional (IPHAN) em 1937.
decorrência do crescimento das coleções,
o Departamento de Assuntos Culturais do A antiga sede, na garagem do Palácio,
Ministério da Educação, dirigido na épo- transformou-se em anexo, e hoje, após
ca pelo antropólogo Manuel Diégues algumas reformas, abriga um auditório, a
Júnior, cedeu o prédio da garagem do Galeria Mestre Vitalino de exposições tem-
Palácio do Catete, de propriedade do Mi- porárias, um laboratório de conservação
Percorrendo o módulo Técnica , além de No exercício de sua fé, não é raro o bra-
ambientações de tecnologias tradicio- sileiro superpor santos católicos, orixás
nais relativas à alimentação, o visitante do candomblé e entidades de devoção
E
São Jorge que tem à frente uma bandei-
specializada em folclore e antro-
ra de São Benedito. A música, relevante
pologia social, a Biblioteca
marca cultural que permeia os diversos
Amadeu Amaral (BAA) reúne
espaços, é aqui simbolizada por
hoje importantes acervos, respondendo
atabaques rituais com suas
por um conjunto global de mais de du-
especificidades afrobrasileiras.
zentos mil documentos, entre livros, re-
Na linguagem das danças, cantos, fanta- vistas, periódicos, folhetos de cordel,
sias e comidas, o brasileiro fala sobre a recortes de jornal, fotografias, vídeos,
sociedade em que vive, sobre seus valo- filmes e registro sonoros.
res e crenças. Nas festas e por meio de- Desenvolve projetos especiais de docu-
las, são permanentemente construídas mentação, tais como a Hemeroteca
maneiras de viver e de ver o mundo. digitalizada, que teve patrocínio da Fun-
Enfatizando o processo que culmina no dação Vitae e está disponível na internet,
grande evento, o módulo Festa destaca, com mais de sessenta mil artigos classi-
entre outras, o maracatu pernambucano, ficados e catalogados em base de dados,
a folia-de-reis, a escola de samba e os com busca por palavra; a Cordelteca, com
clóvis de carnaval do Rio de Janeiro, a seis mil folhetos de cordel também clas-
cavalhada de Pirenópolis/GO e o bumba- sificados, catalogados e digitalizados em
meu-boi maranhense. base de dados disponibilizada na
internet; o Tesauro da Cultura Popular,
Encerrando com o módulo Arte , o visi-
com um mil e seiscentos termos levanta-
tante entra no universo de indivíduos
dos, com apoio da Unesco.
que, provenientes de extratos popula-
res, sofreram o impacto da civilização Atualmente, com o patrocínio da Caixa
industrial, incorporando-o a sua arte. Econômica Federal, estão em processo
Sua obra é, ao mesmo tempo, expres- de digitalização 15 vídeos produzidos
são das experiências individuais e da pelo Centro, 14 mil diapositivos, 47 nú-
coletividade em que se originaram e se meros da coleção Documentário Sonoro
inserem. São esculturas em barro ou do Folclore Brasileiro e 41 números da
madeira, gravuras e pinturas de auto- Revista Brasileira de Folclore , esta últi-
ria de grandes artistas, como Vitalino, ma a ser disponibilizada na internet. A
sobre o valor de seu trabalho e, por cio das baianas de acarajé, a viola-de-
parte da sociedade em geral, sobre o cocho pantaneira e o jongo da região
valor da arte popular e dos objetos Sudeste.
artesanais como marcas da identidade
São também priorizadas ações voltadas
e da expressão popular.
para a formação de público, entenden-
do-se, nessa perspectiva, que exposi-
Na linha de trabalho do Programa Nacio-
ções, seminários e concursos são ativi-
nal de Patrimônio Imaterial, o CNFCP, em
dades propícias ao maior estreitamento
convênio com o Ministério da Cultura,
da relação do público com a cultura po-
iniciou em 2001 o projeto Celebrações
pular e, conseqüentemente, do próprio
e Saberes da Cultura Popular, realizan-
CNFCP com seus usuários.
do atividades de inventário e registro so-
bre os seguintes temas: o bumba-meu- A instituição acredita que as pesquisas que
cultural do boi no Brasil, além da viola- ções sonoras e visuais que realiza sobre
deste, também vistos como formas de ao logo destes mais de 45 anos de traba-
ram também visando os diferentes mo- o público os conhece, toca, faz uso deles
De mala e cuia . Biblioteca itinerante que Fazendo fita . Coleção de fitas cassete e
reúne acervos de livros, discos, folhetos, de vídeo, com registros sonoros e de ima-
fotografias e recortes de jornal para pes- gens sobre temas da cultura popular
quisa escolar. Foi criado em 1994 e, ao selecionadas com base na exposição per-
mesmo tempo em que oferece fontes ade- manente do Museu, tem por objetivo
quadas para consulta estudantil, tem como apoiar as pesquisas sobre expressões
proposta abrir, de forma mais explícita, um culturais do homem brasileiro e seus con-
debate na escola sobre o significado da textos. Há três séries disponíveis para
pesquisa escolar em geral e, mais especi- empréstimo à rede escolar.
ficamente, na área que nos diz respeito, o
Desse modo, o CNFCP, instituição nacio-
campo do folclore e da cultura popular.
nal de pesquisa e difusão do conhecimen-
Com cinco séries – uma disponível perma-
to das culturas populares que até o ano
nentemente para consultas na Biblioteca
de 2003 integrava a Fundação Nacional
Amadeu Amaral e quatro itinerantes pela
de Arte (Funarte) e hoje está abrigada
rede de ensino –, o projeto atende men-
no IPHAN, do Ministério da Cultura, es-
salmente a quatro escolas. Podemos afir-
pera poder cumprir os objetivos para os
mar que o material é manuseado, mensal-
quais foi criado, atendendo às necessi-
mente, por um público médio de trezentos
dades contemporâneas de ampla parce-
estudantes em cada escola.
la da sociedade nacional, os produtores
Olhando em volta. Criado em 1993, cons- da chamada cultura popular, e aos brasi-
titui-se em uma exposição itinerante ide- leiros como um todo, por entender que o
alizada para possibilitar à criança/ado- universo com que lida constitui patri-
lescente vivenciar o processo de monta- mônio de toda a nação brasileira.